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DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 1 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br AULA 03: Ato Ilícito. Abuso de Direito. Responsabilidade Civil Ato Ilícito. Abuso de Direito. Você aprendeu que o ato jurídico em sentido estrito é uma declaração de vontade, vontade esta em consonância com a lei. A lei incide sobre a declaração de vontade produzindo efeitos juridicos. Ao contrário do ato lícito, o ilícito é o ato praticado contrariamente a lei, sem direito, causando, ainda dano (prejuízo) a outrem. Em sentido restrito, ato ilícito é todo fato praticado ao menos culposamente que, não estando fundado na lei (em desacordo com a norma juridica, em desconformidade com a ordem juridica), cause prejuizo a outrem. O ato ilícito viola direito subjetivo individual de outra pessoa. Em outras palavras, é a ação (ato comissivo) ou omissão (ato omissivo ou abstenção) culposa pela qual se infringe um preceito jurídico, causando dano material (patrimonial) e /ou moral a outrem. O ato ilícito está estampado nos arts. 186 e 187 do Código Civil: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 2 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br O perfil do ato ilícito é exatamente o caráter antijurídico da conduta e o seu resultado de prejuízo (dano). A consequência da prática do ato ilícito é a responsabilidade civil (dentre outras): a obrigação de indenizar, indenização por perdas e danos. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. O agente causador do ato ilícito responde com seus bens perante o dano (prejuízo) causado: Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado. Se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. O artigo decreta o efeito (reparação) sobre os bens do responsável por decorrer este quer da ofensa (dano material) quer da violação do direito (dano imaterial) por ele promovido Toda vítima de um ato ilícito tem o direito de buscar a protação jurisdicional tendo como objetivo o ressarcimento de seu prejuízo. O dever de indenizar surge da necessidade de se devolver à vítima as mesmas condições em que se encontrava antes de sofre o prejuizo (dano), buscando restabelecer o status quo ante (estado anterior), de modo a minimizar o resultado do dano causado sobre a vítima. Novamente revemos os arts. 186 e 187: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. ATO ILICITO RESPONSABILIDADE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 3 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. O ato ilícito pressupõe sempre uma conduta por parte de uma pessoa. Conduta é todo e qualquer comportamento humano. Essa conduta pode ser comissiva (ação) ou omissiva (omissão, abstenção). O ato ilícito comissivo é o praticado através de uma ação humana (força física e/ou intellectual) à realização de uma conduta. Não se deve confundir prática comissiva com prática dolosa, pois a configuração do dolo exige a caracterização da intenção do agente. Ocorre ato ilícito omissivo quando o agente, embora tendo o dever legal de agir para evitar o resultado, deixa de praticá- lo. No ato ilícito omissivo ha uma omissão: a pessoa assume (por vontade) a responsabilidade de evitar um resultado, ou tem, por lei, obrigação de cuidado ou vigilância, ou com seu comportamento anterior criou o risco da ocorrência do resultado. Da dicção do art. 186 do CC podemos extrair os elementos ou requisitos para a caracterização do ato ilícito. A responsabilidade civil decorrente de um ato ilícito depende, em regra, da reunião de três elementos: (I) Conduta culposa do agente; (II) Nexo causal entre a conduta do agente e o dano causado; e (III) Ocorrência de dano (prejuízo). ELEMENTOS DO ATO ILICITO DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 4 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br PRIMEIRO ELEMENTO: CULPA Para a caracterização da responsabilidade civil, o Código Civil exige tão somente a culpa. Como assim? O dolo, no popular, é muito mais do que a culpa, no sentido em que neste o agente age com a intenção de produzir o dano. Na culpa não há a intenção; o dano ou prejuízo é causado por simples culpa: alguém não tendo a intenção de causar dano a outrem vem a causá-lo em decorrência de uma determinada ação que praticou. Pois bem! O Código Civil exige somente a culpa para caracterizar. O ato ilícito pode ser causado pelo dolo? Sim, claro. Mas exige-se, apenas, a culpa para sua ocorrência. O conceito de culpa aqui é amplo abrangendo todo comportamento contrário ao Direito. A culpa é em sentido amplo, abrangendo tanto o dolo (conduta intencional, voluntária), ou a culpa (conduta involuntária) em sentido estrito (negligência, imprudência ou imperícia). O Direito Penal trata dos crimes (condutas) doloso e culposo no art. 18: Art. 18. Diz-se crime: I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. A conduta culposa do agente que contribui para o ato ilícito poderá ser voluntária, o resultado ilícito (dano, prejuízo) do seu ato era CULPA (sentido amplo) CULPA (sentido estrito): Negligência Imprudência Imperícia DOLO (intenção) DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 5 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br voluntário, desejado (dolo), ou involuntária (culpa), resultado não desejado, que culminou no prejuizo a alguem por ter agido com imprudência, negligência ou imperícia do agente. NEGLIGÊNCIA: falta de cuidado; é deixar de cumprir com o cuidado razoável exigido para aquela ação atividade; erro não proposital. É a omissão da conduta esperada e recomendável, omissão do dever de cautela. É o desleixo em relação ao ato praticado. Alguém dirige em alta velocidade em rua movimentada, subindo a calçada, vindo a atropelar alguém. IMPRUDÊNCIA: prática de ato perigoso; é caracterizado por uma conduta comissiva; ausência do dever de cuidado, materializado na realização de uma ação, um ato, sem as providências e cautelas necessárias. Eletricista sobe no poste sem equipamento de segurança necessário vindo o fio elétrico a atingir outrem causando dano. IMPERÍCIA: falta de aptidão técnica, teórica ou prática; é o atuar na prática profissional sem observar as normas existentes para o desempenho da atividade. É o despreparo ou o desconhecimento técnico da profissão. Alguém aplica injeção em outrem sem ser enfermeira, causando uma lesão. Em resumo: imprudente é aquele que faz quando não deveria fazer, negligente é aquele que não faz quando tem que fazer e imperito é aquele que não sabe fazer. São necessárias duas espécies de condições para que se dê o ato ilícito: objetivas e subjetivas. Ascondições objetivas são: uma ação ou omissão do agente; ação ou omissão essas que sejam causadoras diretas da violação do direito alheio, ou de prejuízo a outrem; que sejam ofensivas ao patrimônio alheio, isto é, danosas a este patrimônio. As condições subjetivas são: que a ação ilícita seja determinada pelo dolo, isto é, pela intenção de ofender o direito, ou prejudicar a alguém; ou pela culpa, isto é, pela imprudência ou negligência, de que resulta o prejuízo. A culpa, seguindo o raciocínio, divide-se em duas espécies: ou é contratual, se o dever violado funda-se em contrato; ou é extracontratual, também chamada aquiliana, se esse dever se funda no princípio geral de ordem social que obriga a respeitar o alheio. DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 6 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Além da distinção entre culpa contratual e aquiliana, a doutrina reconhece ainda outras modalidades de culpa, tais como: a) Culpa in eligendo, é aquela proveniente da má escolha de um representante ou preposto, como por exemplo, a pessoa admitir ou manter a seu serviço um empregado sem as aptidões necessárias ao trabalho que lhe é confiado; b) Culpa in vigilando, é a oriunda de falta de fiscalização por parte do empregador, quer com respeito aos empregados, quer com respeito à própria coisa, como, por exemplo, o proprietário de uma empresa de transporte que não fiscaliza convenientemente a atuação de seus motoristas, ou permite o tráfego de veículos imprestáveis e que, por isso, ocasiona acidentes. A culpa in vigilando é que justifica, também a responsabilidade dos pais por danos causados por filhos menores; c) Culpa in committendo caracteriza-se quando o agente pratica ato positivo ( imprudência ); d) In omittendo é a culpa decorrente de abstenção, como, por exemplo, o agente deixa de praticar ato necessário ( negligência ); e) Culpa in custodiendo é a falta de atenção ou de cuidados sobre alguma pessoa, coisa ou animal que esteja sob a guarda ou cuidados do agente; f) Culpa in concreto dá-se quando o agente deixa de atender a certas diligências necessárias às próprias coisas; g) Culpa in abstrato quando o agente falta com a atenção que natural e comumente deve dispensar na administração de seus negócios. A consequência jurídica do ato ilícito é obrigar o seu autor a reparar o dano causado. DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 7 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br SEGUNDO ELEMENTO: O NEXO CAUSAL ENTRE A CONDUTA DO AGENTE E O RESULTADO (DOLO, PREJUIZO) O nexo causal ou nexo de causalidade e a relacao de causa/efeito: relação de causa e efeito existente entre a conduta do agente e o resultado danoso (prejuizo) obtido. Consequência: RESPONSABILIDADE CIVIL O nexo de causalidade e a relação entre a ação do agente (autor do ilícito) e o dano, prejuizo. Sem o nexo causal não se pode falar em responsabilidade. TERCEIRO ELEMENTO: DANO, PREJUIZO (MORAL E /OU MATERIAL – PATRIMONIAL) A ocorrência do dano ou prejuízo gera a responsabilidade do agente do ato ilícito. O dano material (patrimonial) é o prejuízo passível ou suscetivel de mensuração econômica direta ao lesado. O dano material pode atingir além do patrimônio atual, o patrimônio futuro da vítima, o que dá ensejo à reparação por danos emergentes, no primeiro caso e lucros cessantes, no Segundo. O dano moral é a dor, a angústia, o sofrimento, a lesão aos direitos da personalidade, violação da dignidade da pessoa humana. ACAO ---------- NEXO ---------- DANO (PREJUIZO) DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 8 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br DO DANO E SUA REPARAÇÃO dano: sem a prova do dano, ninguém pode ser responsabilizado civilmente. A inexistência de dano torna sem objeto a pretensão à sua reparação. Às vezes a lei presume o dano, como acontece na Lei de Imprensa, que presume haver dano moral em casos de calúnia, injúria e difamação praticados pela imprensa. Acontece o mesmo em ofensas aos direitos da personalidade. Pode ser lembrado, como exceção ao princípio de que nenhuma indenização será devida se não tiver ocorrido prejuízo, a regra que obriga a pagar em dobro ao devedor quem demanda divida já paga, como uma espécie de pena privada pelo comportamento ilícito do credor, mesmo sem prova de prejuízo. O dano pode ser: I) patrimonial, material – os prejuízos econômicos sofridos pelo ofendido. A indenização deve abranger não só o prejuízo imediato (danos emergentes), mas também o que o prejudicado deixou de ganhar (lucros cessantes) II) extrapatrimonial, moral – é o oposto de dano econômico, é dano pessoal. A expressão tem duplo significado: (veja que a expressão não é adequada mas, é assim consagrada) O abuso de direito é tema importantíssimo para a prova, devido constar expressamente no edital para AFRF e AFT. Ou seja, dentro do tema ato ilícito, o edital traz expressamente o art. 187 do CC. O abuso de direito está estampado no art. 187 do Código Civil: Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. ABUSO DE DIREITO DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 9 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Vamos estudar em detalhes o abuso de direito. Seus requisitos: Titular de um direito: alguém possui um direito. Note que não se trata de situação que alguém não possui direito algum. Ele realmente tem um direito e pode exercê-lo. No momento em que vai seu exercer um direito que é seu, ele o extrapola. E extrapola manifestamente. Manifestamente quer dizer: à olhos vistos. Todas as pessoas podem livremente exercer seus direitos, desde que o faça dentro de limites que não causem dano ou prejuízo a outrem. Ao exercer seu direito, o sujeito causa prejuízo, dano a outrem. Note que a ilicitude do art. 187 consagra a RESPONSABILIDADE OBJETIVA por não exigir a culpa ou dolo. Ainda vou detalhar as espécies de responsabilidade civil, mas adianto que a aqui se trata de responsabilidade objetiva por não necessitar da culpa na conduta do agente para caracterizar o ilícito. O abuso do direito ocorre quando uma pessoa possui o direito, porém, ao exercer o seu direito, excede os limites. Exemplo: “A” proprietário de um terreno, ao cavar um poço no seu terreno, por cavar muito próximo do muro do vizinho “B”, vem a derrubar a parede desse vizinho. O proprietário do referido terreno está no seu direito ao cavar o poço dentro dos limites do seu imóvel; porém, ao exercer o seu direito, excede-o causando dano, prejuízo a outrem. Nesse caso a responsabilidade é objetiva porque independe de culpa. Gera o dever de indenizar. Toda a problemática do abuso de direito se passa no momento em que alguém vai exercer seu direito: extrapola os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 10 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br O Código Civil elenca determinadas situações que excluem a ilicitude. Se exclui a ilicitude, o ato não é ilícito, não é contrário a lei, ao Direito. Veja que normalmente essas condutas causam dano, prejuízo, mas por expressa disposição não são considerados ilícitos. É o que dispõe o art. 188 do CC: Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia,ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Por exemplo: uma senhora quebra a janela de sua vizinha ao ver que o fogão está “pegando” fogo. Evita, assim, que a casa inteira seja atingida. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. As excludentes de ilicitude sao formas de defesa do autor do dano. Em regra atuam no nexo de causalidade, interrompem o nexo causal dirigido à produção do dano. Sao excludentes de responsabilidade: a) Estado de necessidade e Legítima defesa; b) Culpa exclusiva da vítima; c) Fato exclusivo de terceiro; d) Caso fortuito ou Força maior; e e) Cláusula de não indenizar. Estado de Necessidade e Legítima Defesa A legítima defesa ocorre quando o agente, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão (de outrem), atual ou iminente, a direito seu ou de EXCLUDENTES DA ILICITUDE DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 11 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br outrem. Trata-se de uma hipótese de autotutela. Nesse caso, a lei autoriza o próprio individuo a se defender por si proprio. O estado de necessidade ocorre quando alguém deteriora ou destrói coisa alheia ou causa lesão em pessoa, a fim de remover perigo iminente. Porém o ato só será legítimo quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, sendo vedado o excesso ao indispensável para a remoção do perigo. Se a legítima defesa e o estado de necessidade são excludentes de ilicitude, fica excluída, também, o dever de indenizar? Não! Embora a lei declare que o ato praticado em estado de necessidade ou legítima defesa não é ato ilícito, não fica excluída a responsabilidade de reparar o prejuízo. No caso de estado de necessidade, o autor do dano responde perante o lesado, se este não criou a situação de perigo. Caso a situação de perigo tenha sido criada por um terceiro, aquele que respondeu pelas perdas e danos terá ação regressiva em face do terceiro. É o que esta expresso nos arts. 929 e 930 do Código Civil: Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir- lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram. Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado. Na hipótese de legítima defesa, aplica-se o art. 930: Se o ato foi praticado contra o próprio agressor, e em legítima defesa, entao não pode o agente ser civilmente responsabilizado pelos danos causados. Porém, se o dano foi causado à terceiro, então aquele que atuou em legítima defesa será obrigado ressarcir o lesado, cabendo, ação regressiva contra o agressor. DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 12 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado. Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I). Culpa exclusiva da vítima e Culpa concorrente Se só se responde perante o dano a que tenha dado causa, está claro também que ninguém pode ser obrigado a indenizar por um resultado a que não tenha causado. Culpa exclusiva da vítima: A conduta da vítima poderá importar ou na exclusão da responsabilidade ou na atenuação no dever de indenizar. O problema aqui apresentado não se trata da culpa, mas do nexo causal. A responsabilidade será excluída em razão da conduta danosa ser originada da própria vítima e não da sua culpa. Não é o grau de culpa, mas a efetiva participação da vítima na produção do evento danoso que deve determinar o dever de indenizar. Quando ocorrer fato exclusivo da vítima, fica eliminada a responsabilidade do agente em razão da interrupção do nexo de causalidade. Nesse caso, deixa de existir a relação de causa e efeito entre o ato do agente e o prejuízo experimentado pela vítima. Culpa concorrente da vítima: Porém, o ato da vítima pode não ser suficiente para a produção do dano, somente passando a ser suficiente para causar o prejuízo, quando aliada à conduta do agente. Nesses casos, estar-se diante da culpa concorrente: a conduta do agente e da vítima concorrem para o resultado em grau de importância e intensidade de modo que o agente não produziria o DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 13 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br resultado sozinho, contando com o efetivo auxílio da vítima. Autor e vítima contribuem para a produção de um mesmo fato danoso. Na culpa concorrente a consequência jurídica não será excluída a responsabilidade, mas apenas tera sua responsabilidade atenuada, nos termos do art. 945 do Código Civil: Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor do dano. Fato exclusivo de terceiro E possível também que o dano seja produzido não em razão da conduta do agente ou da vítima, mas da conduta de um terceiro. Ou seja, o fato de terceiro também pode servir como fator de isenção de responsabilidade. Terceiro é qualquer pessoa além da vítima e o responsável, alguém que não tem nenhuma ligação com o causador aparente do dano e nem com o lesado. Nem todo fato de terceiro é suficiente para elidir (excluir) a responsabilidade do agente. A regra que predomina é a do Princípio da obrigatoriedade do causador direto em reparar o dano. O fato de terceiro não exonera o dever de indenizar, mas permite a ação de regresso em face do terceiro. Porém o fato de terceiro irá exonerar o dever de indenizar quando constitua causa estranha ao causador aparente do dano, isto é, quando elimine totalmente a relação de causalidade entre o dano e o desempenho do agente. Se houver culpa concorrente do terceiro e do agente causador direto do dano, será solidária a responsabilidade, a vítima poderá acionar qualquer um deles pela totalidade do DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 14 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br prejuízo. Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os coautores e as pessoas designadas no art. 932. Caso Fortuito ou Força Maior O caso fortuito e a força maior são causas de exoneração (liberação) do agente, tendo, portanto igual efeito. Os conceitos de caso fortuito e força maior não são unânimes. Por esse motivo, os conceitos não costumam ser cobrados em concursos. A doutrina estabelece diferenças entre eles. O caso fortuito (para alguns) é o evento imprevisível e inevitável; a força maior, o evento inevitável, porém previsível, como por exemplo, os decorrentes das forças da natureza. Outros definem o caso fortuito como o acontecimento natural ou o evento derivado da força da natureza (terremotos, inundações); enquanto a força maior seria o dano originado do fato de outrem (guerra, greves). Quando se trata do ato ilícito e da responsabilidade civil, essa distinção se torna totalmente irrelevante porque o Código Civil no art. 393, sem diferenciá-las, estabelece a mesmaconsequência para ambas as excludentes: exoneração ou liberação do dever de indenizar. Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir. Assim, sempre que ocorra um fato necessário, cujos efeitos não era DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 15 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br possível evitar ou impedir, estaremos diante de uma hipótese de caso fortuito ou força maior apta a exonerar o agente. Não obstante o artigo se refira à responsabilidade contratual, a jurisprudência já se firmou no sentido de que ele tem aplicação, também, à responsabilidade extracontratual. A doutrina coloca, geralmente, dois requisitos para caracterizar a força maior e o caso fortuito: a) necessariedade; b) inevitabilidade; e c) imprevisibilidade. NECESSIDADE: diz respeito ao fato necessário e causador do dano, ou seja, o caso fortuito ou força maior tem que ser suficientes para gerar o dano por si só. INEVITABILIDADE: é preciso que o dano seja inevitável, isto é, não existam meios hábeis de evitar ou impedir os seus efeitos. IMPREVISIBILIDADE: é preciso que o dano seja imprevisível. Cláusula de não indenizar Apesar de não ser uma causa legal de exclusão da responsabilidade, a cláusula de não indenizar consiste numa estipulação prévia pela qual a parte que viria a obrigar-se civilmente perante outra, afasta, de acordo com esta, a aplicação da lei comum ao seu caso. A cláusula de não indenizar ou irresponsabilidade não exclui o cumprimento da obrigação, mas apenas a sanção pelo descumprimento. A cláusula de não indenizar consiste em afastar, previamente e bilateralmente, a aplicação de uma obrigação ao seu caso. DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 16 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br É cláusula pela qual uma das partes contratantes declara que não será responsável por danos emergentes do contrato, seu inadimplemento total ou parcial. Trata-se da exoneração convencional de reparar o dano. A cláusula de não indenizar é um acordo de vontades pelo qual se convenciona que determinada parte não será responsável por eventuais danos decorrentes de inexecução ou execução inadequada do contrato. Não exclui a responsabilidade, mas apenas o dever de indenizar. A cláusula de não indenizar só será admitida quando não ferir a ordem pública, visto que essa matéria não se encontra no âmbito de disposição das partes. É imprescindível, também, a igualdade das partes e a bilateralidade quanto ao consentimento de estipulação da cláusula. A cláusula é vista com extrema cautela no Direito brasileiro e aplicada com bastante restrição. Para saber da validade da cláusula de irresponsabilidade, deve-se indagar qual a sua abrangência. Há de se verificar quando ela não é admissível. A cláusula não é aceita quando o seu conteúdo é destinado a exonerar o devedor da responsabilidade em que incorreria em caso de dolo ou culpa grave. É preciso, ainda, que o agente não tenha a intenção de dispensar o dolo ou a culpa e que não pretenda afastar obrigação atrelada à função. Nesse caso, a cláusula não pode afastar obrigações essenciais do contratante, pois assim o próprio contrato perderia seu objeto. É o caso, por exemplo, dos estacionamentos que colocam avisos se excluindo da responsabilidade por furtos no veículo; essa cláusula é nula pelo motivo de que se o local dispõe de estacionamento para os clientes, deve por consequência, manter a segurança do veículo. Requisitos para a validade da cláusula de irresponsabilidade: a) bilateralidade do consentimento; b) não-colisão com preceito de ordem pública; c) igualdade de posição das partes; d) inexistência do escopo de eximir o dolo ou a culpa grave do estipulante; e e) ausência da intenção de afastar obrigação inerente à função. DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 17 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Responsabilidade Civil no novo Código Civil e seu impacto no Direito do Trabalho CONCEITO: responsabilidade civil é o conjunto de regras e princípios que objetivam a reparação do dano patrimonial e/ou moral; visam a compensação do dano extrapatrimonial causados diretamente por agente que agiu de forma ilícita ou assumiu o risco da atividade causadora da lesão. Consiste na obrigação de reparar o dano quando injustamente causado a outrem. Responsabilidade Civil é a obrigação que uma pessoa tem de reparar à outra, a qual tenha causado algum dano. Resulta da ofensa ou violação de direito, derivada de uma conduta dolosa ou culposa. Revisando o estudo do ato ilícito, a presença do dolo verifica-se quando o indivíduo tem pleno conhecimento do mal e direto propósito de praticá-lo. A culpa ocorre quando o indivíduo não tem a intenção de causar o dano, porém por age com imprudência, negligência ou imperícia acaba por cometer o dano. É o caso do motorista que ao dirigir o veículo em alta velocidade atropela o indivíduo que estava no ponto do ônibus na calcada. OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR Responsabilidade Civil: é a obrigação de indenizar o dano causado a outrem, tanto por dolo como por culpa, sendo que a responsabilidade civil independe da responsabilidade criminal, pois mesmo que o ato ilícito não seja um crime, não deixará de existir a obrigação de indenizar as perdas e os danos. O interesse diretamente lesado é o privado. O prejudicado poderá pleitear ou não de reparação. Esta responsabilidade é patrimonial, é o patrimônio do devedor que responde por suas obrigações. DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 18 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br ESPECIES DE RESPONSABILIDADE RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E EXTRA-CONTRATUAL Responsabilidade Contratual: quando uma das partes contratantes descumpre o contrato (NEGOCIO JURIDICO) ou se torna inadimplente. É quando uma pessoa causa prejuízo a outrem por descumprir uma obrigação contratual, um dever contratual. Viola diretamente o contrato e indiretamente a lei. O inadimplemento contratual acarreta a responsabilidade de indenizar as perdas e danos. Responsabilidade Extracontratual ou Aquiliana: quando a responsabilidade não deriva de contrato, mas de infração ao dever de conduta, um dever legal, imposto genericamente do art. 186 do CC. É quando o agente pratica ato ilícito, violando deveres e lesando direitos. NÃO decorre de descumprimento de contrato. A própria norma jurídica é diretamente violada (arts. 186.187, 927). DIFERENÇAS: a) na responsabilidade contratual, o inadimplemento presume-se culposo, o credor lesado encontra-se em posição mais favorável, pois só está obrigado a demonstrar que a prestação foi descumprida sendo presumida a culpa do inadimplente. Na extracontratual, ao lesado incumbe o ônus de provar a culpa ou dolo do causador do dano; b) a contratual tem origem na convenção (acordo), enquanto a extracontratual a tem na inobservância de dever genérico de não lesar outrem (neminem laedere); c) a capacidade sofre limitações no terreno da responsabilidade contratual, sendo mais ampla no campo extracontratual. PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 19 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br a) ação ou omissão: a responsabilidade por derivar de ato próprio, de ato de terceiro que esteja sob a guarda doagente e, ainda, de danos causados por coisas e animais que lhe pertençam. Para que se configure a responsabilidade por omissão é necessário que exista o dever jurídico de praticar determinado dano (de não se omitir) e que demonstre que, com a sua prática, o dano poderia ter sido evitado. O dever jurídico de não se omitir pode ser imposto por lei ou resultar de convenção (dever de guarda, de vigilância, de custódia) e até da criação de alguma situação especial de risco. b) culpa ou dolo do agente: para que a vítima obtenha a reparação do dano, exige o referido dispositivo legal que prove dolo (é a violação deliberada, intencional, do dever jurídico) ou culpa stricto sensu (aquiliana) do agente (imprudência, negligência ou imperícia). c) relação de causalidade: é a relação de causalidade (nexo causal ou etiológico) entre a ação ou omissão do agente e o dano verificado. Se houver o dano, mas sua causa não está relacionada com o comportamento do agente, inexiste a relação de causalidade e, também, a obrigação de indenizar. As excludentes da responsabilidade civil, como a culpa da vítima e o caso fortuito e a força maior, rompem o nexo de causalidade, afastando a responsabilidade do agente. ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL 1º) Conduta humana; 2º) Nexo de causalidade; 3º) Dano ou prejuízo. A culpa, não é um elemento obrigatório da responsabilidade civil, uma vez que existe responsabilidade civil sem análise da culpa. Existem situações de responsabilidade civil sem culpa. 1º ELEMENTO: CONDUTA HUMANA: A conduta humana, primeiro elemento da responsabilidade civil, DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 20 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br traduz o comportamento humano positivo ou negativo, voluntário e consciente, causador do resultado danoso. 2º ELEMENTO: NEXO DE CAUSALIDADE Há três teorias explicativas do nexo de causalidade: a) Teoria da equivalência de condições ou conditios si nequanon; b) Teoria da causalidade adequada; c) Teoria da Causalidade Direta e Imediata. Teoria da equivalência de condições ou condition sinequanon: não há diferença entre os antecedentes de um resultado danoso: tudo aquilo que concorresse para o resultado seria considerado causa (todos os antecedente que concorram para o resultado são considerados causa (nesse sentido haveria uma espiral infinita, onde o marceneiro que fez a cama seria culpado pelo adultério). Teoria da causalidade adequada: Para esta segunda teoria, causa é apenas o antecedente que , segundo um juízo abstrato de probabilidade, seja apto ou idôneo a determinar o resultado danoso (para esta teoria causa não é qualquer condição anterior, é somente aquela adequada a produção de um resultado apenas aquela que for mais apropriada a determinar o resultado o intérprete teria que abstratamente analisar qual seria aquela mais adequada a determinar o evento danoso). É o exemplo Teoria da Causalidade Direta e Imediata: Para esta terceira teoria, mais objetiva do que as anteriores, causa é o antecedente que determina o resultado danoso, como consequência sua, direta e imediata. Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do disposto na lei processual. DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 21 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br 3º ELEMENTO: O DANO Nem todo dano é indenizável, ou seja, nem todo dano gera responsabilidade civil. CONCEITO: Dano traduz a lesão a um interesse jurídico tutelado, patrimonial ou moral. Dano reflexo ou em ricochete: Dano reflexo é aquele que atinge a vítima indireta, ligada à vítima direta da atuação ilícita (como se fosse um dano que ricocheteia para vítima indireta). É a indenização aos familiares da vítima de acidente de trânsito. José matou Pedro. Mas Pedro tem um filho Matias que reflexamente sofreu um dano Dano In re ipsa: Esta expressão remete-nos à ideia do dano que pela sua gravidade ou reiteração, dispensa prova em juízo. É o exemplo da inscrição devida em cadastro de inadimplentes, que não depende de prova; ninguém precisa provar nada em juízo, não precisa provar que existe uma dor. RESPONSABILIDADE SUBJETIVA E OBJETIVA Teoria sobre a reparação do dano (Direito Civil): RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: há obrigação de indenizar sempre que se prova a culpa do agente. A regra no direito Civil é a responsabilidade subjetiva estampara no art. 186 do CC. A regra no Direito Administrativo é a responsabilidade objetiva – art. 37, parágrafo sexto da CF. Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Do art. 186 se estrai seus elementos ou requisitos: DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 22 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br CAUSA EFEITO Teoria Subjetiva (Aquiliana): Requisitos ou ELEMENTOS: a) ação ou omissão (negligência); b) dano ou prejuízo; c) Nexo de Causalidade; d) Dolo ou Culpa (necessária comprovação); Dolo - comete o Dolo quem pratica um ato ou assume o risco de praticar tal ato. É realizado por vontade própria e consciente de praticar um ato ilícito; Conduta Dolosa - Ex.: uma pessoa inabilitada p/ prática de medicina (estudante de medicina) realiza uma cirurgia sem Ter condições para tal. Culpa - ausência do dever de cuidado objetivo, caracterizado pela imprudência, negligência ou imperícia. É o desvio padrão do Homem Médio. Ex.: O dito “Homem Médio” procura, ao dirigir um automóvel, não atropelar os pedestres e respeitar os sinais de trânsito. Imprudência: (conduta ativa) – quando ele trafega em alta velocidade em uma via pública; Negligência: (conduta passiva) – quando ele não toma cuidados AÇÃO/OMISSÃO NEXO DE CAUSALIDADE DANO RESPONSABILIDADE CIVIL CULPA ou DOLO RESPONSABILIDADE CIVIL: INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 23 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br de manutenção com seu veículo; Imperícia: Falta de habilidade técnica. A responsabilidade subjetiva está atrelada à noção de conduta culposa do agente causador do dano, no que se aplicam todas as considerações acima sobre os elementos que devem ser reunidos para a configuração da responsabilidade. Assim, no regime da responsabilidade subjetiva, a vítima deverá provar que o agente do dano agiu com culpa, o nexo causal existente entre a conduta do agente e o dano causado, e, finalmente, o dano efetivamente ocorrido. RESPONSABILIDADE OBJETIVA: há obrigação de indenizar, independentemente da prova de culpa do responsável. Na responsabilidade objetiva NÃO SE EXIGE A PROVA DA CULPA PORQUE A RESPONSABILIDADE, O DEVER DE INDENIZAR DECORRE DE LEI. Ex.: a responsabilidade da empresa pelos danos causados à clientela, em atos praticados por empregado no exercício da função ou em razão do serviço. Nesse caso, a empresa é responsável pelo dano, mas poderá ter direito de regresso contra o empregado se este for culpado. Também como exemplo clássico da responsabilidade objetiva é o abuso de direito art. 187. No abuso de direito a lei atribui a responsabilidade e, portanto, o dever de indenizar, àquele que ao exercer seu direito, extrapola-o e causa dano a outrem. Aqui não se exige que pratique a ação com culpa; ao contrário, independe de culpa. Outro exemplo é a responsabilidade da administração pública que é objetiva, independente de culpa:CF, art, 37, § 6º. As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 24 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br REQUISITOS OU ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA: CAUSA EFEITO Requisitos ou ELEMENTOS: a) ação ou omissão; b) dano ou prejuízo; c) Nexo Causal; Fundamento Jurídico: As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos RESPONDERÃO pelos DANOS que seus AGENTES (funcionários), em trabalho, causarem a terceiros, assegurado o DIREITO DE REGRESSO contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. A responsabilidade civil objetiva prescinde da prova da conduta culposa do agente. Para gerar o direito à indenização, basta à vítima provar o nexo causal e o dano sofrido. Se fosse compelida a vítima a provar a culpa do agente em numerosas situações, terminar-se-ia por gerar verdadeiras injustiças, dada a dificuldade que a produção dessa prova poderia acarretar. Teoria do Risco Administrativo: quando presente os três requisitos (imprudência, negligência ou imperícia), o Estado tem que indenizar a vítima; contudo pode demonstrar caso fortuito (ou força maior) o culpa exclusiva da vítima. Teoria do Risco Integral: quando presente os três requisitos AÇÃO/OMISSÃO NEXO DE CAUSALIDADE DANO RESPONSABILIDADE CIVIL Independe de CULPA RESPONSABILIDADE CIVIL: INDENIZAÇÃO POR PERDAS E DANOS DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 25 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br (imprudência, negligência ou imperícia), a vítima deve ser indenizada pelo causador . Nesse caso, o risco é o fator preponderante da existência do lucro. Ex.: as atividades seguradoras. Da Responsabilidade Civil Da Obrigação de Indenizar Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Responsabilidade Objetiva decorre de: Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Responsabilidade do INCAPAZ: Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, (SOMENTE) se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem. Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito Responsabilidade Objetiva Atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Lei (dispõe que no caso “X” a responsabilidade é objetiva). DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 26 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br à indenização do prejuízo que sofreram. Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado. Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I). Responsabilidade dos Empresários e Empresas = OBJETIVA: Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os empresários individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação. Responsabilidade Objetiva e Solidária: Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia. RESPONSABILIDADE OBJETIVA: Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz. DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 27 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal. Responsabilidade do Dono de Animal: Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior. Responsabilidade do dono de edifício ou construção: Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta. Responsabilidade por coisas lançadas: Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido. Responsabilidade do Credor: Art. 939. O credor que demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos em que a lei o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar os juros correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro. Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição. Art. 941. As penas previstas nos arts. 939 e 940 não se aplicarão quando o autor desistir da ação antes de contestada a lide, salvo ao réu o direito de haver indenização por algum prejuízo que prove ter sofrido. Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão solidariamente pela reparação. Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os autores os coautores e as pessoas designadas no art. 932. Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança. DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 28 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br DA INDENIZAÇÃO Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização. Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autordo dano. Art. 946. Se a obrigação for indeterminada, e não houver na lei ou no contrato disposição fixando a indenização devida pelo inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas e danos na forma que a lei processual determinar. Art. 947. Se o devedor não puder cumprir a prestação na espécie ajustada, substituir-se-á pelo seu valor, em moeda corrente. Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações: I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família; II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima. Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido. Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez. DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 29 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho. Art. 952. Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além da restituição da coisa, a indenização consistirá em pagar o valor das suas deteriorações e o devido a título de lucros cessantes; faltando a coisa, dever-se-á reembolsar o seu equivalente ao prejudicado. Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa, estimar-se-á ela pelo seu preço ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se avantaje àquele. Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá na reparação do dano que delas resulte ao ofendido. Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo material, caberá ao juiz fixar, equitativamente, o valor da indenização, na conformidade das circunstâncias do caso. Art. 954. A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no pagamento das perdas e danos que sobrevierem ao ofendido, e se este não puder provar prejuízo, tem aplicação o disposto no parágrafo único do artigo antecedente. Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade pessoal: I - o cárcere privado; II - a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé; III - a prisão ilegal. QUESTÕES Questão 01. (ESAF/2010/AFT) Assinale a única opção falsa. a) Como consequência econômica da adoção da teoria do risco profissional, deve ser observado que o ressarcimento dos danos deve ser tão amplo como no caso da indenização pelo direito comum, pois o risco cobre todo o dano causado pelo acidente. b) A teoria do risco profissional reflete a evolução da teoria do risco, consistindo na responsabilidade fundada nas circunstâncias que cercam determinada atividade e nas obrigações oriundas do contrato de trabalho, sem levar-se em conta a culpa do empregador ou a do empregado. DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 30 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br c) A teoria do risco consiste na consagração da responsabilidade do empregador, no caso de acidente do trabalho, baseada não na culpa, mas no contrato de locação de serviços; ao contratar, o empregador assume a responsabilidade contratual. d) As indenizações relativas ao risco profissional são pagas mediante tabelas previamente determinadas, catalogadas pelos institutos oficiais de Previdência Social e seus valores são fixados em patamares mais módicos, segundo o tipo de infortúnio. e) A teoria do dano objetivo consagra a tese de que o dano deve ser reparado, independentemente da comprovação da culpa. Comentários: a responsabilidade profissional do empregador e comitente perante terceiros por danos causados pelos empregados é objetiva, independe de culpa do empregado. Gabarito: c Questões 02. (ESAF/2006/AFT) O empregador ou comitente, por ato lesivo de seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício de trabalho que lhes competir ou em razão dele, a) responsabiliza-se objetivamente pela reparação civil, pouco importando que se demonstre que não concorreu para o prejuízo por culpa ou negligência de sua parte. b) responde subjetivamente pelo dano moral e patrimonial. c) tem responsabilidade civil objetiva por não existir presunção juris tantum de culpa, mas não poderá reaver o que pagou reembolsando-se da soma indenizatória despendida. d) tem responsabilidade civil subjetiva por haver presunção juris tantum de culpa in eligendo e in vigilando. e) não tem qualquer obrigação de reparar dano por eles causado a terceiro. Comentários: a responsabilidade do empregador ou comitente é OBJETIVA. Decorre do art. 933 - RESPONSABILIDADE OBJETIVA: Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V (empregador e comitente) do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. Gabarito: a Questão 03. (ESAF/2003/AFT) Aquele que, em sua propriedade, usa cerca eletrificada que possa causar a morte do invasor: a) age em legítima defesa. b) atua no exercício normal de um direito reconhecido. c) atende a um estado de necessidade, ante a violência urbana. DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 31 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br d) pratica ato emulativo. e) age ilicitamente, por haver abuso de direito ou exercício irregular de um direito. Comentários: instalar a cerca no muro de sua casa é um direito, mas se ao exercê-lo vier a extrapolar os limites causando dano ao outrem comete abuso de direito. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Gabarito: e Questão 04. (ESAF/2003/AFT) A responsabilidade civil do empregador por ato lesivo de seu empregado, no exercício do trabalho, é: a) subjetiva, quanto ao fundamento, e indireta, quanto ao agente. b) objetiva, quanto ao fundamento, e indireta, quanto ao agente. c) complexa, quanto ao fundamento, e objetiva quanto ao agente. d) subjetiva, quanto ao fundamento, e direta quanto ao agente. e) objetiva, quanto ao fundamento, e direta quanto ao agente. Gabarito: b Questão 05. (ESAF/2003/AFT) Assinale a opção falsa. a) O empregador tem ação regressiva contra empregado para reaver o que pagou ao lesado, por ato lesivo culposo praticado durante o exercício do trabalho. b) Os empresários e as pessoas jurídicas respondem pelos danos causados pelos produtos postos em circulação. c) O empregador responde, por exemplo, por incêndio provocado por empregado ao consertar canalização de água, enquanto atendia a cliente seu. d) Comitente só responde perante o lesado por ato do preposto se conseguir comprovar que este agiu com culpa. e) Há responsabilidade objetiva e solidária do empregador pelos erros e enganos de seus prepostos para evitar que ele possa exonerar-se dela, provando que não houve culpa in eligendo ou in vigilando. Gabarito: d Questão 06. (ESAF/2006/CGU/AFC) A falta de cautela ou atenção em relação a uma pessoa, animal ou objeto sobos cuidados do agente, que provoca dano a alguém, é considerada quanto ao conteúdo da conduta culposa a) culpa in committendo. DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 32 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br b) culpa in abstrato. c) culpa in custodiendo. d) culpa in concreto. e) culpa in omittendo. Comentários: a) Culpa in eligendo, é aquela proveniente da má escolha de um representante ou preposto, como por exemplo, a pessoa admitir ou manter a seu serviço um empregado sem as aptidões necessárias ao trabalho que lhe é confiado; b) Culpa in vigilando, é a oriunda de falta de fiscalização por parte do empregador, quer com respeito aos empregados, quer com respeito à própria coisa, como, por exemplo, o proprietário de uma empresa de transporte que não fiscaliza convenientemente a atuação de seus motoristas, ou permite o tráfego de veículos imprestáveis e que, por isso, ocasiona acidentes. A culpa in vigilando é que justifica, também a responsabilidade dos pais por danos causados por filhos menores; c) Culpa in committendo caracteriza-se quando o agente pratica ato positivo ( imprudência ); d) In omittendo é a culpa decorrente de abstenção, como, por exemplo, o agente deixa de praticar ato necessário ( negligência ); e) Culpa in custodiendo é a falta de atenção ou de cuidados sobre alguma pessoa, coisa ou animal que esteja sob a guarda ou cuidados do agente; f) Culpa in concreto dá-se quando o agente deixa de atender a certas diligências necessárias às próprias coisas; g) Culpa in abstrato quando o agente falta com a atenção que natural e comumente deve dispensar na administração de seus negócios. A consequência jurídica do ato ilícito é obrigar o seu autor a reparar o dano causado. Gabarito: c Questão 07. (Analista de Controle – área jurídica – TCE/PR- dez/2011) No tocante à responsabilidade civil: DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 33 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br I. Há responsabilidade civil objetiva quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. II. O patrão não será responsabilizado pelos danos causados a terceiros por seus empregados no exercício do trabalho, se provar que não teve culpa na escolha ou na vigilância deles. III. O direito de exigir reparação de dano e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança. IV. O incapaz não responde, em nenhuma hipótese, pelos prejuízos que causar a terceiros, mas seus responsáveis terão ação regressiva contra ele, depois de cessada a causa da incapacidade. V. A absolvição do réu, por sentença criminal transitada em julgado, que reconhecer ter sido o ato praticado no exercício regular de direito, isenta-o da responsabilidade civil. Está correto o que se afirma APENAS em (A) I, III e V. (B) II, III e V. (C) III, IV e V. (D) I, IV e V. (E) I, II e IV. Comentários: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 34 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes. Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem. Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia. Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança. Gabarito: a Questão 08. (ESAF/AGU/98) A responsabilidade civil, classificada quanto ao seu fato gerador, resultante da violação de um dever geral de abstenção pertinente aos direitos reais ou de personalidade, é a: a) direta b) subjetiva c) objetiva d) extracontratual e) indireta Comentários: Responsabilidade Contratual: quando uma das partes contratantes descumpre o contrato (NEGOCIO JURIDICO) ou se torna inadimplente. É quando uma pessoa causa prejuízo a DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 35 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br outrem por descumprir uma obrigação contratual, um dever contratual. Viola diretamente o contrato e indiretamente a lei. O inadimplemento contratual acarreta a responsabilidade de indenizar as perdas e danos. Responsabilidade Extracontratual ou Aquiliana: quando a responsabilidade não deriva de contrato, mas de infração ao dever de conduta, um dever legal, imposto genericamente do art. 186 do CC. É quando o agente pratica ato ilícito, violando deveres e lesando direitos. NÃO decorre de descumprimento de contrato. A própria norma jurídica é diretamente violada (arts. 186.187, 927). Gabarito: d QUESTÃO 09. (ESAF/FISCAL TRABALHO/98) Em relação aos modos de apreciação da culpa do agente, no caso em julgamento, ter-se-á culpa in abstrato, quando a) se atém ao exame da imprudência do agente b) se percebe que o ato lesivo só seria evitável por uma atenção extraordinária c) se leva em conta a questão da negligência do agente d) se faz uma análise comparativa da conduta do agente com a do homem normal. d) se verifica que a lesão de direito adveio de uma abstenção Comentários: no apreciar da culpa se leva em consideração a conduta do agente comparada a conduta do homem normal. Gabarito: d Questão 10. (MPT/2012/MPT/Procurador) À luz do Código Civil, assinale a assertiva CORRETA: a) No caso de indenização por danos, se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até o fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalhopara que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu; porém, se o ofensor preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada para pagamento de uma só vez. b) Se a obrigação for indeterminada, e não houver na lei ou no contrato disposição fixando a indenização devida pelo inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas e danos na forma que a lei processual determinar. c) Em nenhuma circunstância constituirá ato ilícito a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 36 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br d) Não comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê- lo, excede manifestamente os limites impostos pelos bons costumes. Comentários: A) INCORRETA: O PREJUDICADO e não o OFENSOR pode exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez! Vejam: Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez. B) CORRETA: Art. 946. Se a obrigação for indeterminada, e não houver na lei ou no contrato disposição fixando a indenização devida pelo inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas e danos na forma que a lei processual determinar. C) INCORRETA: Se exceder configura ato ilícito! Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo. D) INCORRETA: Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. Gabarito: b DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 37 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br QUESTÃO 11. (CESPE/ 2011/TRF/5ª REGIÃO/ Juiz) A respeito do abuso de direito, assinale a opção correta. a) O venire contra factum proprium não se configura ante comportamento omissivo. b) A supressio pode coexistir com os prazos legais da decadência. c) Na surrectio, o exercício continuado de uma situação jurídica implica nova fonte de direito subjetivo, desde que não contrarie o ordenamento. d) A configuração do abuso de direito exige o elemento subjetivo. e) De acordo com o STJ, a teoria dos atos próprios não se aplica ao poder público. Comentários: Nos contratos a boa-fé se materializa nos institutos: a) supressio (perda de um direito pelo seu não exercício no tempo); b) surrectio (surgimento do direito pelo costume); c) duty to mitigate the loss (credor não pode aumentar seu próprio prejuízo); d) venire contra factum proprium (ninguém pode se benificiar de sua própria torpeza); e) exceptio non adimplente contractus (exceção de contrato não cumprido). A boa-fé objetiva foi consagrada pelo Código Civil de 2002, prevalecendo modernamente sobre o caráter objetivo do pacta sunt servanda do Código de 1916. Analisando o art. 187 do CC/2002, conclui-se não ser imprescindível, pois para o reconhecimento da teoria do abuso de direito, que o agente tenha a intenção de causar prejudicar a terceiro, bastando que exceda manifestamente os limites impostos pela finalidade econômica ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. A teoria do abuso de direito ganhou inegável importância. Sua relevância, fez com que outros institutos correlatos também chamassem a atenção dos juristas, a exemplo da supressio, situação indicativa de abuso que se caracteriza quando o titular de um direito, não o tendo exercido oportunamente, pretende fazê-lo, não mais podendo, por quebra da boa-fé objetiva (não confundir com a surrectio, hipótese em que o exercício continuado de uma DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 38 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br dada situação ou a prática de determinado comportamento contrário à ordem jurídica culmina por constituir um direito em favor do agente - ex.: utilização da área comum em condomínio. De fato, a função social do contrato, afasta o venire contra factum proprium, evitando a surpresa e valorizando a confiança entre os contratantes. Assim, enquanto a supressio vem de uma omissão reiterada, a surrectio advém de uma ação usual não contraditada, que podem gerar uma legítima expectativa na parte, no sentido de que o contratante continuará agindo como "sempre agiu", embora o pacto inicial não tenha sido aprioristicamente observado. Requisitos para a consumação da prescrição e, no que couber da decadência: 1. existência de direito exercitável; 2. inércia do titular pelo não-exercício; 3. continuidade da inércia por certo tempo; 4. ausência de fato ou ato impeditivo, suspensivo ou interruptivo do curso da prescrição - requisito aplicável à decadência excepcionalmente, somente por previsão legal específica. Tanto a supressio, quanto a decadência são excelentes alegações de defesa em face da omissão, já que o direito não socorre a quem dorme. A “supressio” refere-se ao fenômeno da supressão de determinadas relações jurídicas pelo decurso do tempo. “surrectio” é o fenômeno inverso, ou seja, o surgimento de uma prática de usos e costumes locais. Assim, tanto a “supressio” como a “surrectio” consagram formas perda e aquisição de direito pelo decurso do tempo. Encontra-se exemplo de “supressio” e “surrectio” no art. 330 do Código Civil, ao dispor que se o devedor efetuar, reiteradamente o pagamento da prestação em lugar diverso do estipulado no negócio jurídico, há presunção “juris tantum” de que o credor a ele renunciou, baseado no princípio da boa-fé objetiva e nessas formas de aquisição e perda de direito pelo decurso do tempo. Consequentemente, se o devedor efetuar o pagamento em local diverso do previsto no contrato, de forma reiterada, surge o direito subjetivo de assim continuar fazendo-o – “surrectio” – e o credor DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 39 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br não poderá contrariá-lo, pois houve a perda do direito – “supressio”, desde que, com observância do “venire contra factum proprium no potest”. O “venire contra factum proprium” é uma vedação decorrente do princípio da confiança. Trata-se de um tipo de ato abusivo de direito. Referida vedação assegura a manutenção da situação de confiança legitimamente criada nas relações jurídicas contratuais, onde não se admite a adoção de condutas contraditórias. Trata-se de por meio do qual se veda que se aja em determinado momento de uma certa maneira e, ulteriormente, adote-se um comportamento que frustra, vai contra aquela conduta tomada em primeiro lugar. O “venire contra factum proprium no potest” significa a proibição de ir contra fatos próprios já praticados. Alternativa a - incorreta. O venire contra factum proprium pode derivar de um comportamento comissivo ou omissivo. Diferente da supressio, a surrectio não é considerada um ato ilícito. É sim, uma fonte de direito subjetivo. Como bem conceitua Nelson Rosenvald, a surrectio se constituicomo o "exercício continuado de uma situação jurídica ao arrepio do convencionado, ou do ordenamento que implica em nova fonte de direito subjetivo, estabilizando-se tal situação para o futuro" (2007, p. 139). Verifica- se, portanto, que a surrectio não é vista pelo lado do titular do direito que o exerce abusivamente, mas sim, pela parte que atuou de boa-fé e se beneficiou por uma situação continuada, decorrente do ato ilícito de outrem. Letra D – errada: Enquanto o art. 186, do CC/02, ao regular o ato ilícito strictu sensu, exige, para sua configuração, a presença de elemento subjetivo(culpa) e mesmo do dano; o art. 187, ao dispor sobre o ato ilícito na modalidade abuso de direito, pautou-se por critérios objetivos, cumprindo ao operador do direito aferir, no caso concreto, a presença de seuselementos. Assim, o abuso de direito, previsto no art. 187, vem a ser espécie do gênero ato ilícito (latu sensu), este último previsto no art. 186, ambos do CC/02, porém cada qual dotado de pressupostos e elementos próprios. Gabarito: b DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 40 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br LISTA DAS QUESTÕES APRESENTADAS Questão 01. (ESAF/2010/AFT) Assinale a única opção falsa. a) Como consequência econômica da adoção da teoria do risco profissional, deve ser observado que o ressarcimento dos danos deve ser tão amplo como no caso da indenização pelo direito comum, pois o risco cobre todo o dano causado pelo acidente. b) A teoria do risco profissional reflete a evolução da teoria do risco, consistindo na responsabilidade fundada nas circunstâncias que cercam determinada atividade e nas obrigações oriundas do contrato de trabalho, sem levar-se em conta a culpa do empregador ou a do empregado. c) A teoria do risco consiste na consagração da responsabilidade do empregador, no caso de acidente do trabalho, baseada não na culpa, mas no contrato de locação de serviços; ao contratar, o empregador assume a responsabilidade contratual. d) As indenizações relativas ao risco profissional são pagas mediante tabelas previamente determinadas, catalogadas pelos institutos oficiais de Previdência Social e seus valores são fixados em patamares mais módicos, segundo o tipo de infortúnio. e) A teoria do dano objetivo consagra a tese de que o dano deve ser reparado, independentemente da comprovação da culpa. Questões 02. (ESAF/2006/AFT) O empregador ou comitente, por ato lesivo de seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício de trabalho que lhes competir ou em razão dele, a) responsabiliza-se objetivamente pela reparação civil, pouco importando que se demonstre que não concorreu para o prejuízo por culpa ou negligência de sua parte. b) responde subjetivamente pelo dano moral e patrimonial. c) tem responsabilidade civil objetiva por não existir presunção juris tantum de culpa, mas não poderá reaver o que pagou reembolsando-se da soma indenizatória despendida. d) tem responsabilidade civil subjetiva por haver presunção juris tantum de culpa in eligendo e in vigilando. e) não tem qualquer obrigação de reparar dano por eles causado a terceiro. Questão 03. (ESAF/2003/AFT) Aquele que, em sua propriedade, usa cerca eletrificada que possa causar a morte do invasor: a) age em legítima defesa. b) atua no exercício normal de um direito reconhecido. c) atende a um estado de necessidade, ante a violência urbana. d) pratica ato emulativo. DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 41 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br e) age ilicitamente, por haver abuso de direito ou exercício irregular de um direito. Questão 04. (ESAF/2003/AFT) A responsabilidade civil do empregador por ato lesivo de seu empregado, no exercício do trabalho, é: a) subjetiva, quanto ao fundamento, e indireta, quanto ao agente. b) objetiva, quanto ao fundamento, e indireta, quanto ao agente. c) complexa, quanto ao fundamento, e objetiva quanto ao agente. d) subjetiva, quanto ao fundamento, e direta quanto ao agente. e) objetiva, quanto ao fundamento, e direta quanto ao agente. Questão 05. (ESAF/2003/AFT) Assinale a opção falsa. a) O empregador tem ação regressiva contra empregado para reaver o que pagou ao lesado, por ato lesivo culposo praticado durante o exercício do trabalho. b) Os empresários e as pessoas jurídicas respondem pelos danos causados pelos produtos postos em circulação. c) O empregador responde, por exemplo, por incêndio provocado por empregado ao consertar canalização de água, enquanto atendia a cliente seu. d) Comitente só responde perante o lesado por ato do preposto se conseguir comprovar que este agiu com culpa. e) Há responsabilidade objetiva e solidária do empregador pelos erros e enganos de seus prepostos para evitar que ele possa exonerar-se dela, provando que não houve culpa in eligendo ou in vigilando. Questão 06. (ESAF/2006/CGU/AFC) A falta de cautela ou atenção em relação a uma pessoa, animal ou objeto sob os cuidados do agente, que provoca dano a alguém, é considerada quanto ao conteúdo da conduta culposa a) culpa in committendo. b) culpa in abstrato. c) culpa in custodiendo. d) culpa in concreto. e) culpa in omittendo. Questão 07. (Analista de Controle – área jurídica – TCE/PR- dez/2011) No tocante à responsabilidade civil: I. Há responsabilidade civil objetiva quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. II. O patrão não será responsabilizado pelos danos causados a terceiros por seus empregados no exercício do trabalho, se provar que não teve culpa na escolha ou na vigilância deles. DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 42 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br III. O direito de exigir reparação de dano e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança. IV. O incapaz não responde, em nenhuma hipótese, pelos prejuízos que causar a terceiros, mas seus responsáveis terão ação regressiva contra ele, depois de cessada a causa da incapacidade. V. A absolvição do réu, por sentença criminal transitada em julgado, que reconhecer ter sido o ato praticado no exercício regular de direito, isenta-o da responsabilidade civil. Está correto o que se afirma APENAS em (A) I, III e V. (B) II, III e V. (C) III, IV e V. (D) I, IV e V. (E) I, II e IV. Questão 08. (ESAF/AGU/98) A responsabilidade civil, classificada quanto ao seu fato gerador, resultante da violação de um dever geral de abstenção pertinente aos direitos reais ou de personalidade, é a: a) direta b) subjetiva c) objetiva d) extracontratual e) indireta Questão 09. (ESAF/FISCAL TRABALHO/98) Em relação aos modos de apreciação da culpa do agente, no caso em julgamento, ter-se-á culpa in abstrato, quando a) se atém ao exame da imprudência do agente b) se percebe que o ato lesivo só seria evitável por uma atenção extraordinária c) se leva em conta a questão da negligência do agente d) se faz uma análise comparativa da conduta do agente com a do homem normal. e) se verifica que a lesão de direito adveio de uma abstenção Questão 10. (MPT/2012/MPT/Procurador) À luz do Código Civil, assinale a assertiva CORRETA: a) No caso de indenização por danos, se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até o fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/ AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 43 Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br
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