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Aula 03

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DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/
AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e
AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 
1 
Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br 
AULA 03: Ato Ilícito. Abuso de Direito. 
Responsabilidade Civil 
Ato Ilícito. Abuso de Direito. 
Você aprendeu que o ato jurídico em sentido estrito é uma
declaração de vontade, vontade esta em consonância com a lei. 
A lei incide sobre a declaração de vontade produzindo efeitos
juridicos. 
Ao contrário do ato lícito, o ilícito é o ato praticado contrariamente a
lei, sem direito, causando, ainda dano (prejuízo) a outrem. 
Em sentido restrito, ato ilícito é todo fato praticado ao menos
culposamente que, não estando fundado na lei (em desacordo com
a norma juridica, em desconformidade com a ordem juridica), cause
prejuizo a outrem. O ato ilícito viola direito subjetivo individual de
outra pessoa. 
Em outras palavras, é a ação (ato comissivo) ou omissão (ato
omissivo ou abstenção) culposa pela qual se infringe um preceito
jurídico, causando dano material (patrimonial) e /ou moral a
outrem. 
O ato ilícito está estampado nos arts. 186 e 187 do Código Civil: 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito
que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes. 
DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/
AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e
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O perfil do ato ilícito é exatamente o caráter antijurídico da conduta
e o seu resultado de prejuízo (dano). 
A consequência da prática do ato ilícito é a responsabilidade
civil (dentre outras): a obrigação de indenizar, indenização
por perdas e danos. 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
O agente causador do ato ilícito responde com seus bens perante o
dano (prejuízo) causado: 
Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do
direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano
causado. Se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão
solidariamente pela reparação. 
O artigo decreta o efeito (reparação) sobre os bens do responsável
por decorrer este quer da ofensa (dano material) quer da violação
do direito (dano imaterial) por ele promovido 
Toda vítima de um ato ilícito tem o direito de buscar a protação
jurisdicional tendo como objetivo o ressarcimento de seu prejuízo. 
O dever de indenizar surge da necessidade de se devolver à vítima
as mesmas condições em que se encontrava antes de sofre o
prejuizo (dano), buscando restabelecer o status quo ante (estado
anterior), de modo a minimizar o resultado do dano causado sobre
a vítima. 
Novamente revemos os arts. 186 e 187: 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
ATO ILICITO RESPONSABILIDADE 
DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/
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Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito
que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes. 
O ato ilícito pressupõe sempre uma conduta por parte de uma
pessoa. Conduta é todo e qualquer comportamento humano. Essa
conduta pode ser comissiva (ação) ou omissiva (omissão,
abstenção). 
O ato ilícito comissivo é o praticado através de uma ação
humana (força física e/ou intellectual) à realização de uma
conduta. Não se deve confundir prática comissiva com prática
dolosa, pois a configuração do dolo exige a caracterização da
intenção do agente. 
Ocorre ato ilícito omissivo quando o agente, embora tendo o
dever legal de agir para evitar o resultado, deixa de praticá-
lo. No ato ilícito omissivo ha uma omissão: a pessoa assume (por
vontade) a responsabilidade de evitar um resultado, ou tem,
por lei, obrigação de cuidado ou vigilância, ou com seu
comportamento anterior criou o risco da ocorrência do
resultado. 
Da dicção do art. 186 do CC podemos extrair os elementos ou
requisitos para a caracterização do ato ilícito. 
A responsabilidade civil decorrente de um ato ilícito depende, em
regra, da reunião de três elementos: 
(I) Conduta culposa do agente; 
(II) Nexo causal entre a conduta do agente e o dano
causado; e 
(III) Ocorrência de dano (prejuízo). 
ELEMENTOS DO ATO ILICITO 
DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/
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PRIMEIRO ELEMENTO: CULPA 
Para a caracterização da responsabilidade civil, o Código Civil exige
tão somente a culpa. Como assim? O dolo, no popular, é muito mais
do que a culpa, no sentido em que neste o agente age com a
intenção de produzir o dano. 
Na culpa não há a intenção; o dano ou prejuízo é causado por
simples culpa: alguém não tendo a intenção de causar dano a
outrem vem a causá-lo em decorrência de uma determinada ação
que praticou. 
Pois bem! O Código Civil exige somente a culpa para caracterizar. O
ato ilícito pode ser causado pelo dolo? Sim, claro. Mas exige-se,
apenas, a culpa para sua ocorrência. 
O conceito de culpa aqui é amplo abrangendo todo comportamento
contrário ao Direito. 
A culpa é em sentido amplo, abrangendo tanto o dolo (conduta
intencional, voluntária), ou a culpa (conduta involuntária) em
sentido estrito (negligência, imprudência ou imperícia). 
O Direito Penal trata dos crimes (condutas) doloso e culposo no art.
18: 
Art. 18. Diz-se crime: 
I – doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de
produzi-lo; 
II – culposo, quando o agente deu causa ao resultado por
imprudência, negligência ou imperícia. 
A conduta culposa do agente que contribui para o ato ilícito poderá
ser voluntária, o resultado ilícito (dano, prejuízo) do seu ato era 
CULPA (sentido amplo) 
CULPA (sentido
estrito): 
 Negligência 
 Imprudência
 Imperícia 
DOLO (intenção) 
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voluntário, desejado (dolo), ou involuntária (culpa), resultado não
desejado, que culminou no prejuizo a alguem por ter agido com
imprudência, negligência ou imperícia do agente. 
NEGLIGÊNCIA: falta de cuidado; é deixar de cumprir com o cuidado
razoável exigido para aquela ação atividade; erro não proposital. É
a omissão da conduta esperada e recomendável, omissão do dever
de cautela. É o desleixo em relação ao ato praticado. Alguém dirige
em alta velocidade em rua movimentada, subindo a calçada, vindo
a atropelar alguém. 
IMPRUDÊNCIA: prática de ato perigoso; é caracterizado por uma
conduta comissiva; ausência do dever de cuidado, materializado na
realização de uma ação, um ato, sem as providências e cautelas
necessárias. Eletricista sobe no poste sem equipamento de
segurança necessário vindo o fio elétrico a atingir outrem causando
dano. 
IMPERÍCIA: falta de aptidão técnica, teórica ou prática; é o atuar na
prática profissional sem observar as normas existentes para o
desempenho da atividade. É o despreparo ou o desconhecimento
técnico da profissão. Alguém aplica injeção em outrem sem ser 
enfermeira, causando uma lesão. 
Em resumo: imprudente é aquele que faz quando não deveria fazer,
negligente é aquele que não faz quando tem que fazer e imperito é 
aquele que não sabe fazer. 
São necessárias duas espécies de condições para que se dê o ato
ilícito: objetivas e subjetivas. 
Ascondições objetivas são: uma ação ou omissão do agente; ação
ou omissão essas que sejam causadoras diretas da violação do
direito alheio, ou de prejuízo a outrem; que sejam ofensivas ao
patrimônio alheio, isto é, danosas a este patrimônio. 
As condições subjetivas são: que a ação ilícita seja determinada
pelo dolo, isto é, pela intenção de ofender o direito, ou prejudicar a
alguém; ou pela culpa, isto é, pela imprudência ou negligência, de
que resulta o prejuízo. 
A culpa, seguindo o raciocínio, divide-se em duas espécies: ou é
contratual, se o dever violado funda-se em contrato; ou é
extracontratual, também chamada aquiliana, se esse dever se
funda no princípio geral de ordem social que obriga a respeitar o
alheio. 
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Além da distinção entre culpa contratual e aquiliana, a doutrina
reconhece ainda outras modalidades de culpa, tais como: 
a) Culpa in eligendo, é aquela proveniente da má escolha de um
representante ou preposto, como por exemplo, a pessoa admitir ou
manter a seu serviço um empregado sem as aptidões necessárias
ao trabalho que lhe é confiado; 
b) Culpa in vigilando, é a oriunda de falta de fiscalização por parte
do empregador, quer com respeito aos empregados, quer com
respeito à própria coisa, como, por exemplo, o proprietário de uma
empresa de transporte que não fiscaliza convenientemente a
atuação de seus motoristas, ou permite o tráfego de veículos
imprestáveis e que, por isso, ocasiona acidentes. A culpa in
vigilando é que justifica, também a responsabilidade dos pais por
danos causados por filhos menores; 
c) Culpa in committendo caracteriza-se quando o agente pratica ato
positivo ( imprudência ); 
d) In omittendo é a culpa decorrente de abstenção, como, por 
exemplo, o agente deixa de praticar ato necessário ( negligência ); 
e) Culpa in custodiendo é a falta de atenção ou de cuidados sobre
alguma pessoa, coisa ou animal que esteja sob a guarda ou
cuidados do agente; 
f) Culpa in concreto dá-se quando o agente deixa de atender a
certas diligências necessárias às próprias coisas; 
g) Culpa in abstrato quando o agente falta com a atenção que
natural e comumente deve dispensar na administração de seus
negócios. 
A consequência jurídica do ato ilícito é obrigar o seu autor a reparar
o dano causado. 
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SEGUNDO ELEMENTO: O NEXO CAUSAL ENTRE A CONDUTA 
DO AGENTE E O RESULTADO (DOLO, PREJUIZO) 
O nexo causal ou nexo de causalidade e a relacao de causa/efeito: 
relação de causa e efeito existente entre a conduta do agente e o
resultado danoso (prejuizo) obtido. 
Consequência: RESPONSABILIDADE CIVIL 
O nexo de causalidade e a relação entre a ação do agente (autor do
ilícito) e o dano, prejuizo. Sem o nexo causal não se pode falar em
responsabilidade. 
TERCEIRO ELEMENTO: DANO, PREJUIZO (MORAL E /OU
MATERIAL – PATRIMONIAL) 
A ocorrência do dano ou prejuízo gera a responsabilidade do agente
do ato ilícito. 
O dano material (patrimonial) é o prejuízo passível ou suscetivel de
mensuração econômica direta ao lesado. 
O dano material pode atingir além do patrimônio atual, o patrimônio
futuro da vítima, o que dá ensejo à reparação por danos
emergentes, no primeiro caso e lucros cessantes, no Segundo. 
O dano moral é a dor, a angústia, o sofrimento, a lesão aos direitos
da personalidade, violação da dignidade da pessoa humana. 
ACAO ---------- NEXO ---------- DANO (PREJUIZO) 
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DO DANO E SUA REPARAÇÃO 
dano: sem a prova do dano, ninguém pode ser responsabilizado
civilmente. A inexistência de dano torna sem objeto a pretensão à
sua reparação. 
Às vezes a lei presume o dano, como acontece na Lei de Imprensa,
que presume haver dano moral em casos de calúnia, injúria e
difamação praticados pela imprensa. Acontece o mesmo em ofensas
aos direitos da personalidade. 
Pode ser lembrado, como exceção ao princípio de que nenhuma
indenização será devida se não tiver ocorrido prejuízo, a
regra que obriga a pagar em dobro ao devedor quem demanda
divida já paga, como uma espécie de pena privada pelo
comportamento ilícito do credor, mesmo sem prova de prejuízo. 
O dano pode ser: 
I) patrimonial, material – os prejuízos econômicos sofridos pelo
ofendido. A indenização deve abranger não só o prejuízo imediato
(danos emergentes), mas também o que o prejudicado deixou de
ganhar (lucros cessantes) 
II) extrapatrimonial, moral – é o oposto de dano econômico, é
dano pessoal. A expressão tem duplo significado: (veja que a
expressão não é adequada mas, é assim consagrada) 
O abuso de direito é tema importantíssimo para a prova, devido
constar expressamente no edital para AFRF e AFT. Ou seja, dentro
do tema ato ilícito, o edital traz expressamente o art. 187 do CC. 
O abuso de direito está estampado no art. 187 do Código Civil: 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito
que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites 
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes. 
ABUSO DE DIREITO 
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Vamos estudar em detalhes o abuso de direito. Seus requisitos: 
 Titular de um direito: alguém possui um direito. Note que 
não se trata de situação que alguém não possui direito algum.
Ele realmente tem um direito e pode exercê-lo. 
 No momento em que vai seu exercer um direito que é seu, ele
o extrapola. E extrapola manifestamente. Manifestamente
quer dizer: à olhos vistos. Todas as pessoas podem
livremente exercer seus direitos, desde que o faça dentro de
limites que não causem dano ou prejuízo a outrem. 
 Ao exercer seu direito, o sujeito causa prejuízo, dano a
outrem. 
Note que a ilicitude do art. 187 consagra a RESPONSABILIDADE 
OBJETIVA por não exigir a culpa ou dolo. Ainda vou detalhar as
espécies de responsabilidade civil, mas adianto que a aqui se trata
de responsabilidade objetiva por não necessitar da culpa na conduta
do agente para caracterizar o ilícito. 
O abuso do direito ocorre quando uma pessoa possui o direito,
porém, ao exercer o seu direito, excede os limites. 
Exemplo: “A” proprietário de um terreno, ao cavar um poço no seu
terreno, por cavar muito próximo do muro do vizinho “B”, vem a
derrubar a parede desse vizinho. 
O proprietário do referido terreno está no seu direito ao cavar o
poço dentro dos limites do seu imóvel; porém, ao exercer o seu
direito, excede-o causando dano, prejuízo a outrem. 
Nesse caso a responsabilidade é objetiva porque independe de
culpa. Gera o dever de indenizar. 
Toda a problemática do abuso de direito se passa no momento em
que alguém vai exercer seu direito: extrapola os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes. 
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O Código Civil elenca determinadas situações que excluem a
ilicitude. Se exclui a ilicitude, o ato não é ilícito, não é contrário a
lei, ao Direito. 
Veja que normalmente essas condutas causam dano, prejuízo, mas
por expressa disposição não são considerados ilícitos. É o que
dispõe o art. 188 do CC: 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de
um direito reconhecido; 
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia,ou a lesão a
pessoa, a fim de remover perigo iminente. Por exemplo: uma
senhora quebra a janela de sua vizinha ao ver que o fogão está
“pegando” fogo. Evita, assim, que a casa inteira seja atingida. 
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente
quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário,
não excedendo os limites do indispensável para a remoção do
perigo. 
As excludentes de ilicitude sao formas de defesa do autor do dano.
Em regra atuam no nexo de causalidade, interrompem o nexo
causal dirigido à produção do dano. 
Sao excludentes de responsabilidade: 
a) Estado de necessidade e Legítima defesa; 
b) Culpa exclusiva da vítima; 
c) Fato exclusivo de terceiro; 
d) Caso fortuito ou Força maior; e 
e) Cláusula de não indenizar. 
Estado de Necessidade e Legítima Defesa 
A legítima defesa ocorre quando o agente, usando
moderadamente dos meios necessários, repele injusta
agressão (de outrem), atual ou iminente, a direito seu ou de 
EXCLUDENTES DA ILICITUDE 
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outrem. 
Trata-se de uma hipótese de autotutela. Nesse caso, a lei autoriza o
próprio individuo a se defender por si proprio. 
O estado de necessidade ocorre quando alguém deteriora ou
destrói coisa alheia ou causa lesão em pessoa, a fim de
remover perigo iminente. 
Porém o ato só será legítimo quando as circunstâncias o tornarem
absolutamente necessário, sendo vedado o excesso ao
indispensável para a remoção do perigo. 
Se a legítima defesa e o estado de necessidade são excludentes de
ilicitude, fica excluída, também, o dever de indenizar? 
Não! Embora a lei declare que o ato praticado em estado de
necessidade ou legítima defesa não é ato ilícito, não fica excluída a
responsabilidade de reparar o prejuízo. 
No caso de estado de necessidade, o autor do dano responde 
perante o lesado, se este não criou a situação de perigo. 
Caso a situação de perigo tenha sido criada por um terceiro,
aquele que respondeu pelas perdas e danos terá ação
regressiva em face do terceiro. É o que esta expresso nos arts.
929 e 930 do Código Civil: 
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do
inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-
lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram. 
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer
por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação
regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao
lesado. 
Na hipótese de legítima defesa, aplica-se o art. 930: Se o ato
foi praticado contra o próprio agressor, e em legítima defesa,
entao não pode o agente ser civilmente responsabilizado
pelos danos causados. 
Porém, se o dano foi causado à terceiro, então aquele que
atuou em legítima defesa será obrigado ressarcir o lesado,
cabendo, ação regressiva contra o agressor. 
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Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer
por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação
regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao
lesado. 
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa
de quem se causou o dano (art. 188, inciso I). 
Culpa exclusiva da vítima e Culpa concorrente 
Se só se responde perante o dano a que tenha dado causa, está
claro também que ninguém pode ser obrigado a indenizar por um
resultado a que não tenha causado. 
Culpa exclusiva da vítima: A conduta da vítima poderá importar
ou na exclusão da responsabilidade ou na atenuação no dever de
indenizar. 
O problema aqui apresentado não se trata da culpa, mas do nexo
causal. 
A responsabilidade será excluída em razão da conduta danosa ser
originada da própria vítima e não da sua culpa. 
Não é o grau de culpa, mas a efetiva participação da vítima na
produção do evento danoso que deve determinar o dever de
indenizar. 
Quando ocorrer fato exclusivo da vítima, fica eliminada a
responsabilidade do agente em razão da interrupção do nexo de
causalidade. 
Nesse caso, deixa de existir a relação de causa e efeito entre o ato
do agente e o prejuízo experimentado pela vítima. 
Culpa concorrente da vítima: Porém, o ato da vítima pode não
ser suficiente para a produção do dano, somente passando a ser
suficiente para causar o prejuízo, quando aliada à conduta do
agente. 
Nesses casos, estar-se diante da culpa concorrente: a conduta do
agente e da vítima concorrem para o resultado em grau de
importância e intensidade de modo que o agente não produziria o 
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resultado sozinho, contando com o efetivo auxílio da vítima. 
Autor e vítima contribuem para a produção de um mesmo fato
danoso. 
Na culpa concorrente a consequência jurídica não será
excluída a responsabilidade, mas apenas tera sua
responsabilidade atenuada, nos termos do art. 945 do Código
Civil: 
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o
evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em
conta a gravidade de sua culpa em confronto com a do autor
do dano. 
Fato exclusivo de terceiro 
E possível também que o dano seja produzido não em razão da
conduta do agente ou da vítima, mas da conduta de um terceiro. 
Ou seja, o fato de terceiro também pode servir como fator de
isenção de responsabilidade. 
Terceiro é qualquer pessoa além da vítima e o responsável,
alguém que não tem nenhuma ligação com o causador
aparente do dano e nem com o lesado. 
Nem todo fato de terceiro é suficiente para elidir (excluir) a
responsabilidade do agente. 
A regra que predomina é a do Princípio da obrigatoriedade do
causador direto em reparar o dano. 
O fato de terceiro não exonera o dever de indenizar, mas
permite a ação de regresso em face do terceiro. 
Porém o fato de terceiro irá exonerar o dever de indenizar
quando constitua causa estranha ao causador aparente do
dano, isto é, quando elimine totalmente a relação de
causalidade entre o dano e o desempenho do agente. 
Se houver culpa concorrente do terceiro e do agente
causador direto do dano, será solidária a responsabilidade, a
vítima poderá acionar qualquer um deles pela totalidade do 
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prejuízo. 
Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do
direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano
causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos
responderão solidariamente pela reparação. 
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os
autores os coautores e as pessoas designadas no art. 932. 
Caso Fortuito ou Força Maior 
O caso fortuito e a força maior são causas de exoneração
(liberação) do agente, tendo, portanto igual efeito. 
Os conceitos de caso fortuito e força maior não são unânimes. Por
esse motivo, os conceitos não costumam ser cobrados em
concursos. A doutrina estabelece diferenças entre eles. 
O caso fortuito (para alguns) é o evento imprevisível e inevitável; a
força maior, o evento inevitável, porém previsível, como por
exemplo, os decorrentes das forças da natureza. 
Outros definem o caso fortuito como o acontecimento natural ou o
evento derivado da força da natureza (terremotos, inundações);
enquanto a força maior seria o dano originado do fato de outrem
(guerra, greves). 
Quando se trata do ato ilícito e da responsabilidade civil, essa 
distinção se torna totalmente irrelevante porque o Código Civil no 
art. 393, sem diferenciá-las, estabelece a mesmaconsequência
para ambas as excludentes: exoneração ou liberação do dever de
indenizar. 
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes
de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se
houver por eles responsabilizado. 
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se
no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou
impedir. 
Assim, sempre que ocorra um fato necessário, cujos efeitos não era 
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possível evitar ou impedir, estaremos diante de uma hipótese de 
caso fortuito ou força maior apta a exonerar o agente. 
Não obstante o artigo se refira à responsabilidade contratual, a
jurisprudência já se firmou no sentido de que ele tem aplicação,
também, à responsabilidade extracontratual. 
A doutrina coloca, geralmente, dois requisitos para caracterizar a 
força maior e o caso fortuito: 
a) necessariedade; 
b) inevitabilidade; e 
c) imprevisibilidade.
NECESSIDADE: diz respeito ao fato necessário e causador do
dano, ou seja, o caso fortuito ou força maior tem que ser
suficientes para gerar o dano por si só. 
INEVITABILIDADE: é preciso que o dano seja inevitável, isto
é, não existam meios hábeis de evitar ou impedir os seus
efeitos. 
IMPREVISIBILIDADE: é preciso que o dano seja imprevisível.
Cláusula de não indenizar 
Apesar de não ser uma causa legal de exclusão da
responsabilidade, a cláusula de não indenizar consiste numa
estipulação prévia pela qual a parte que viria a obrigar-se
civilmente perante outra, afasta, de acordo com esta, a
aplicação da lei comum ao seu caso. 
A cláusula de não indenizar ou irresponsabilidade não exclui
o cumprimento da obrigação, mas apenas a sanção pelo 
descumprimento.
A cláusula de não indenizar consiste em afastar, previamente
e bilateralmente, a aplicação de uma obrigação ao seu caso. 
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É cláusula pela qual uma das partes contratantes declara que não
será responsável por danos emergentes do contrato, seu
inadimplemento total ou parcial. Trata-se da exoneração
convencional de reparar o dano. 
A cláusula de não indenizar é um acordo de vontades pelo qual se
convenciona que determinada parte não será responsável por
eventuais danos decorrentes de inexecução ou execução
inadequada do contrato. Não exclui a responsabilidade, mas apenas
o dever de indenizar. 
A cláusula de não indenizar só será admitida quando não ferir a
ordem pública, visto que essa matéria não se encontra no âmbito 
de disposição das partes. 
É imprescindível, também, a igualdade das partes e a bilateralidade 
quanto ao consentimento de estipulação da cláusula. 
A cláusula é vista com extrema cautela no Direito brasileiro e
aplicada com bastante restrição. Para saber da validade da cláusula
de irresponsabilidade, deve-se indagar qual a sua abrangência. Há 
de se verificar quando ela não é admissível. 
A cláusula não é aceita quando o seu conteúdo é destinado a
exonerar o devedor da responsabilidade em que incorreria em caso 
de dolo ou culpa grave. 
É preciso, ainda, que o agente não tenha a intenção de dispensar o
dolo ou a culpa e que não pretenda afastar obrigação atrelada à 
função. 
Nesse caso, a cláusula não pode afastar obrigações essenciais do 
contratante, pois assim o próprio contrato perderia seu objeto. 
É o caso, por exemplo, dos estacionamentos que colocam avisos se
excluindo da responsabilidade por furtos no veículo; essa cláusula é
nula pelo motivo de que se o local dispõe de estacionamento para 
os clientes, deve por consequência, manter a segurança do veículo. 
Requisitos para a validade da cláusula de irresponsabilidade: 
a) bilateralidade do consentimento; 
b) não-colisão com preceito de ordem pública; 
c) igualdade de posição das partes; 
d) inexistência do escopo de eximir o dolo ou a culpa grave do 
estipulante; e 
e) ausência da intenção de afastar obrigação inerente à função.
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Responsabilidade Civil no novo Código Civil e seu 
impacto no Direito do Trabalho 
CONCEITO: responsabilidade civil é o conjunto de regras e
princípios que objetivam a reparação do dano patrimonial e/ou moral; visam a
compensação do dano extrapatrimonial causados diretamente por agente que
agiu de forma ilícita ou assumiu o risco da atividade causadora da lesão.
Consiste na obrigação de reparar o dano quando injustamente
causado a outrem. Responsabilidade Civil é a obrigação que uma pessoa tem
de reparar à outra, a qual tenha causado algum dano. 
Resulta da ofensa ou violação de direito, derivada de uma conduta
dolosa ou culposa. 
Revisando o estudo do ato ilícito, a presença do dolo verifica-se
quando o indivíduo tem pleno conhecimento do mal e direto
propósito de praticá-lo. 
A culpa ocorre quando o indivíduo não tem a intenção de causar o dano, porém
por age com imprudência, negligência ou imperícia acaba por cometer o dano. É
o caso do motorista que ao dirigir o veículo em alta velocidade atropela o
indivíduo que estava no ponto do ônibus na calcada. 
OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR 
Responsabilidade Civil: é a obrigação de indenizar o dano
causado a outrem, tanto por dolo como por culpa, sendo que a
responsabilidade civil independe da responsabilidade criminal, pois
mesmo que o ato ilícito não seja um crime, não deixará de
existir a obrigação de indenizar as perdas e os danos. 
O interesse diretamente lesado é o privado. O prejudicado
poderá pleitear ou não de reparação. Esta responsabilidade é
patrimonial, é o patrimônio do devedor que responde por suas
obrigações. 
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ESPECIES DE RESPONSABILIDADE 
RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E EXTRA-CONTRATUAL 
Responsabilidade Contratual: quando uma das partes
contratantes descumpre o contrato (NEGOCIO JURIDICO) ou se
torna inadimplente. É quando uma pessoa causa prejuízo a
outrem por descumprir uma obrigação contratual, um dever
contratual. Viola diretamente o contrato e indiretamente a lei. O
inadimplemento contratual acarreta a responsabilidade de
indenizar as perdas e danos. 
Responsabilidade Extracontratual ou Aquiliana: quando a
responsabilidade não deriva de contrato, mas de infração ao
dever de conduta, um dever legal, imposto genericamente do art.
186 do CC. É quando o agente pratica ato ilícito, violando deveres e
lesando direitos. NÃO decorre de descumprimento de contrato. A
própria norma jurídica é diretamente violada (arts. 186.187, 927). 
DIFERENÇAS: 
a) na responsabilidade contratual, o inadimplemento
presume-se culposo, o credor lesado encontra-se em posição
mais favorável, pois só está obrigado a demonstrar que a prestação
foi descumprida sendo presumida a culpa do inadimplente. Na
extracontratual, ao lesado incumbe o ônus de provar a culpa
ou dolo do causador do dano; 
b) a contratual tem origem na convenção (acordo), enquanto a
extracontratual a tem na inobservância de dever genérico de não
lesar outrem (neminem laedere); 
c) a capacidade sofre limitações no terreno da
responsabilidade contratual, sendo mais ampla no campo
extracontratual. 
PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL 
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a) ação ou omissão: a responsabilidade por derivar de ato próprio,
de ato de terceiro que esteja sob a guarda doagente e, ainda, de
danos causados por coisas e animais que lhe pertençam. 
Para que se configure a responsabilidade por omissão é
necessário que exista o dever jurídico de praticar
determinado dano (de não se omitir) e que demonstre que, com
a sua prática, o dano poderia ter sido evitado. 
O dever jurídico de não se omitir pode ser imposto por lei ou
resultar de convenção (dever de guarda, de vigilância, de
custódia) e até da criação de alguma situação especial de risco. 
b) culpa ou dolo do agente: para que a vítima obtenha a
reparação do dano, exige o referido dispositivo legal que prove
dolo (é a violação deliberada, intencional, do dever jurídico) ou
culpa stricto sensu (aquiliana) do agente (imprudência,
negligência ou imperícia). 
c) relação de causalidade: é a relação de causalidade (nexo
causal ou etiológico) entre a ação ou omissão do agente e o
dano verificado. Se houver o dano, mas sua causa não está
relacionada com o comportamento do agente, inexiste a relação de
causalidade e, também, a obrigação de indenizar. 
As excludentes da responsabilidade civil, como a culpa da vítima e
o caso fortuito e a força maior, rompem o nexo de causalidade,
afastando a responsabilidade do agente. 
ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL 
1º) Conduta humana; 
2º) Nexo de causalidade; 
3º) Dano ou prejuízo. 
A culpa, não é um elemento obrigatório da responsabilidade civil,
uma vez que existe responsabilidade civil sem análise da culpa. 
Existem situações de responsabilidade civil sem culpa. 
1º ELEMENTO: CONDUTA HUMANA: 
A conduta humana, primeiro elemento da responsabilidade civil, 
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traduz o comportamento humano positivo ou negativo, voluntário e
consciente, causador do resultado danoso. 
2º ELEMENTO: NEXO DE CAUSALIDADE 
Há três teorias explicativas do nexo de causalidade: 
a) Teoria da equivalência de condições ou conditios
si nequanon; 
b) Teoria da causalidade adequada; 
c) Teoria da Causalidade Direta e Imediata. 
Teoria da equivalência de condições ou condition sinequanon: 
não há diferença entre os antecedentes de um resultado danoso:
tudo aquilo que concorresse para o resultado seria considerado
causa (todos os antecedente que concorram para o resultado são
considerados causa (nesse sentido haveria uma espiral infinita,
onde o marceneiro que fez a cama seria culpado pelo adultério). 
Teoria da causalidade adequada: Para esta segunda teoria,
causa é apenas o antecedente que , segundo um juízo abstrato de
probabilidade, seja apto ou idôneo a determinar o resultado danoso
(para esta teoria causa não é qualquer condição anterior, é somente
aquela adequada a produção de um resultado apenas aquela
que for mais apropriada a determinar o resultado o intérprete 
teria que abstratamente analisar qual seria aquela mais
adequada a determinar o evento danoso). É o exemplo 
Teoria da Causalidade Direta e Imediata: Para esta terceira
teoria, mais objetiva do que as anteriores, causa é o antecedente
que determina o resultado danoso, como consequência sua, direta e
imediata. 
Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as
perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros
cessantes por efeito dela direto e imediato, sem prejuízo do
disposto na lei processual. 
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3º ELEMENTO: O DANO 
Nem todo dano é indenizável, ou seja, nem todo dano gera
responsabilidade civil. 
CONCEITO: Dano traduz a lesão a um interesse jurídico tutelado,
patrimonial ou moral. 
Dano reflexo ou em ricochete: Dano reflexo é aquele que atinge
a vítima indireta, ligada à vítima direta da atuação ilícita (como se
fosse um dano que ricocheteia para vítima indireta). É a indenização
aos familiares da vítima de acidente de trânsito. José matou Pedro.
Mas Pedro tem um filho Matias que reflexamente sofreu um dano 
Dano In re ipsa: Esta expressão remete-nos à ideia do dano que
pela sua gravidade ou reiteração, dispensa prova em juízo. 
É o exemplo da inscrição devida em cadastro de inadimplentes, que
não depende de prova; ninguém precisa provar nada em juízo, não
precisa provar que existe uma dor. 
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA E OBJETIVA 
Teoria sobre a reparação do dano (Direito Civil): 
RESPONSABILIDADE SUBJETIVA: há obrigação de indenizar 
sempre que se prova a culpa do agente. 
A regra no direito Civil é a responsabilidade subjetiva estampara no
art. 186 do CC. A regra no Direito Administrativo é a
responsabilidade objetiva – art. 37, parágrafo sexto da CF. 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Do art. 186 se estrai seus elementos ou requisitos: 
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CAUSA EFEITO 
Teoria Subjetiva (Aquiliana): 
Requisitos ou ELEMENTOS: 
a) ação ou omissão (negligência); 
b) dano ou prejuízo; 
c) Nexo de Causalidade; 
d) Dolo ou Culpa (necessária comprovação); 
Dolo - comete o Dolo quem pratica um ato ou assume o risco de
praticar tal ato. É realizado por vontade própria e consciente de
praticar um ato ilícito; 
Conduta Dolosa - Ex.: uma pessoa inabilitada p/ prática de
medicina (estudante de medicina) realiza uma cirurgia sem Ter
condições para tal. 
Culpa - ausência do dever de cuidado objetivo, caracterizado pela
imprudência, negligência ou imperícia. É o desvio padrão do Homem
Médio. 
Ex.: O dito “Homem Médio” procura, ao dirigir um automóvel, não 
atropelar os pedestres e respeitar os sinais de trânsito. 
Imprudência: (conduta ativa) – quando ele trafega em alta
velocidade em uma via pública; 
Negligência: (conduta passiva) – quando ele não toma cuidados 
AÇÃO/OMISSÃO 
NEXO DE
CAUSALIDADE 
DANO 
RESPONSABILIDADE
CIVIL 
CULPA ou DOLO 
RESPONSABILIDADE
CIVIL: INDENIZAÇÃO 
POR PERDAS E
DANOS 
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de manutenção com seu veículo; 
Imperícia: Falta de habilidade técnica. 
A responsabilidade subjetiva está atrelada à noção de conduta
culposa do agente causador do dano, no que se aplicam todas as
considerações acima sobre os elementos que devem ser reunidos
para a configuração da responsabilidade. Assim, no regime da
responsabilidade subjetiva, a vítima deverá provar que o agente do
dano agiu com culpa, o nexo causal existente entre a conduta do
agente e o dano causado, e, finalmente, o dano efetivamente
ocorrido. 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA: há obrigação de indenizar, 
independentemente da prova de culpa do responsável. Na 
responsabilidade objetiva NÃO SE EXIGE A PROVA DA CULPA
PORQUE A RESPONSABILIDADE, O DEVER DE INDENIZAR DECORRE
DE LEI. 
Ex.: a responsabilidade da empresa pelos danos causados à
clientela, em atos praticados por empregado no exercício da função
ou em razão do serviço. Nesse caso, a empresa é responsável pelo
dano, mas poderá ter direito de regresso contra o empregado se
este for culpado. 
Também como exemplo clássico da responsabilidade objetiva é o
abuso de direito art. 187. No abuso de direito a lei atribui a
responsabilidade e, portanto, o dever de indenizar, àquele que ao
exercer seu direito, extrapola-o e causa dano a outrem. Aqui não se
exige que pratique a ação com culpa; ao contrário, independe de
culpa. 
Outro exemplo é a responsabilidade da administração pública que é
objetiva, independente de culpa:CF, art, 37, § 6º. As pessoas
jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. 
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REQUISITOS OU ELEMENTOS DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA: 
CAUSA EFEITO 
Requisitos ou ELEMENTOS: 
a) ação ou omissão; 
b) dano ou prejuízo; 
c) Nexo Causal; 
Fundamento Jurídico: As pessoas jurídicas de direito público e as
de direito privado prestadoras de serviços públicos RESPONDERÃO
pelos DANOS que seus AGENTES (funcionários), em trabalho,
causarem a terceiros, assegurado o DIREITO DE REGRESSO
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa. 
A responsabilidade civil objetiva prescinde da prova da conduta
culposa do agente. Para gerar o direito à indenização, basta à
vítima provar o nexo causal e o dano sofrido. Se fosse compelida a
vítima a provar a culpa do agente em numerosas situações,
terminar-se-ia por gerar verdadeiras injustiças, dada a dificuldade
que a produção dessa prova poderia acarretar. 
Teoria do Risco Administrativo: quando presente os três 
requisitos (imprudência, negligência ou imperícia), o Estado tem
que indenizar a vítima; contudo pode demonstrar caso fortuito (ou
força maior) o culpa exclusiva da vítima. 
Teoria do Risco Integral: quando presente os três requisitos 
AÇÃO/OMISSÃO 
NEXO DE
CAUSALIDADE 
DANO 
RESPONSABILIDADE
CIVIL 
Independe
de CULPA 
RESPONSABILIDADE
CIVIL: INDENIZAÇÃO 
POR PERDAS E
DANOS 
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(imprudência, negligência ou imperícia), a vítima deve ser
indenizada pelo causador . Nesse caso, o risco é o fator
preponderante da existência do lucro. Ex.: as atividades
seguradoras. 
Da Responsabilidade Civil 
Da Obrigação de Indenizar 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Responsabilidade Objetiva decorre de: Parágrafo único.
Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de
culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por 
sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
Responsabilidade do INCAPAZ: Art. 928. O incapaz responde
pelos prejuízos que causar, (SOMENTE) se as pessoas por ele
responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não
dispuserem de meios suficientes. 
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá
ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz
ou as pessoas que dele dependem. 
Art. 929. Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do inciso
II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito 
Responsabilidade
Objetiva Atividade normalmente
desenvolvida pelo autor
do dano implicar, por
sua natureza, risco para
os direitos de outrem. 
Lei (dispõe que no caso
“X” a responsabilidade é 
objetiva). 
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à indenização do prejuízo que sofreram. 
Art. 930. No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por
culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva
para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado. 
Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em
defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I). 
Responsabilidade dos Empresários e Empresas = OBJETIVA:
Art. 931. Ressalvados outros casos previstos em lei especial, os
empresários individuais e as empresas respondem
independentemente de culpa pelos danos causados pelos
produtos postos em circulação. 
Responsabilidade Objetiva e Solidária: Art. 932. São também 
responsáveis pela reparação civil: 
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e
em sua companhia; 
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem
nas mesmas condições; 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, 
serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes 
competir, ou em razão dele; 
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos
onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos
seus hóspedes, moradores e educandos; 
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do
crime, até a concorrente quantia. 
RESPONSABILIDADE OBJETIVA: Art. 933. As pessoas 
indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que 
não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos 
praticados pelos terceiros ali referidos. 
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode
reaver o que houver pago daquele por quem pagou, salvo se o
causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente
incapaz. 
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Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal,
não se podendo questionar mais sobre a existência do fato,
ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se
acharem decididas no juízo criminal. 
Responsabilidade do Dono de Animal: Art. 936. O dono, ou
detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não
provar culpa da vítima ou força maior. 
Responsabilidade do dono de edifício ou construção: Art.
937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que
resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja
necessidade fosse manifesta. 
Responsabilidade por coisas lançadas: Art. 938. Aquele que
habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das
coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido. 
Responsabilidade do Credor: Art. 939. O credor que
demandar o devedor antes de vencida a dívida, fora dos casos
em que a lei o permita, ficará obrigado a esperar o tempo que
faltava para o vencimento, a descontar os juros
correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas
em dobro. 
Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou
em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do
que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no
primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo,
o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição. 
Art. 941. As penas previstas nos arts. 939 e 940 não se
aplicarão quando o autor desistir da ação antes de
contestada a lide, salvo ao réu o direito de haver indenização por
algum prejuízo que prove ter sofrido. 
Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do
direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano
causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos
responderão solidariamente pela reparação. 
Parágrafo único. São solidariamente responsáveis com os
autores os coautores e as pessoas designadas no art. 932. 
Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de
prestá-la transmitem-se com a herança. 
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DA INDENIZAÇÃO 
Art. 944. A indenização mede-se pela extensão do dano. 
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a
gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente,
a indenização. 
Art. 945. Se a vítima tiver concorrido culposamente para o evento
danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a
gravidade de sua culpa em confronto com a do autordo dano. 
Art. 946. Se a obrigação for indeterminada, e não houver na lei ou
no contrato disposição fixando a indenização devida pelo
inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas e danos na forma que
a lei processual determinar. 
Art. 947. Se o devedor não puder cumprir a prestação na espécie
ajustada, substituir-se-á pelo seu valor, em moeda corrente. 
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir
outras reparações: 
I - no pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu
funeral e o luto da família; 
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia,
levando-se em conta a duração provável da vida da vítima. 
Art. 949. No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor
indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros
cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro
prejuízo que o ofendido prove haver sofrido. 
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não
possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a
capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do
tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá
pensão correspondente à importância do trabalho para que se
inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. 
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a
indenização seja arbitrada e paga de uma só vez. 
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Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no
caso de indenização devida por aquele que, no exercício de
atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia,
causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou
inabilitá-lo para o trabalho. 
Art. 952. Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além da
restituição da coisa, a indenização consistirá em pagar o valor das
suas deteriorações e o devido a título de lucros cessantes; faltando
a coisa, dever-se-á reembolsar o seu equivalente ao prejudicado. 
Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando não
exista a própria coisa, estimar-se-á ela pelo seu preço ordinário e
pelo de afeição, contanto que este não se avantaje àquele. 
Art. 953. A indenização por injúria, difamação ou calúnia consistirá
na reparação do dano que delas resulte ao ofendido. 
Parágrafo único. Se o ofendido não puder provar prejuízo
material, caberá ao juiz fixar, equitativamente, o valor da
indenização, na conformidade das circunstâncias do caso. 
Art. 954. A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá
no pagamento das perdas e danos que sobrevierem ao ofendido, e
se este não puder provar prejuízo, tem aplicação o disposto no
parágrafo único do artigo antecedente. 
Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade pessoal:
I - o cárcere privado; 
II - a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé; 
III - a prisão ilegal. 
QUESTÕES 
Questão 01. (ESAF/2010/AFT) Assinale a única opção falsa. 
a) Como consequência econômica da adoção da teoria do risco
profissional, deve ser observado que o ressarcimento dos danos
deve ser tão amplo como no caso da indenização pelo direito
comum, pois o risco cobre todo o dano causado pelo acidente. 
b) A teoria do risco profissional reflete a evolução da teoria do risco,
consistindo na responsabilidade fundada nas circunstâncias que
cercam determinada atividade e nas obrigações oriundas do
contrato de trabalho, sem levar-se em conta a culpa do empregador
ou a do empregado. 
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c) A teoria do risco consiste na consagração da responsabilidade do
empregador, no caso de acidente do trabalho, baseada não na
culpa, mas no contrato de locação de serviços; ao contratar, o
empregador assume a responsabilidade contratual. 
d) As indenizações relativas ao risco profissional são pagas
mediante tabelas previamente determinadas, catalogadas pelos
institutos oficiais de Previdência Social e seus valores são fixados
em patamares mais módicos, segundo o tipo de infortúnio. 
e) A teoria do dano objetivo consagra a tese de que o dano deve
ser reparado, independentemente da comprovação da culpa. 
Comentários: a responsabilidade profissional do empregador e
comitente perante terceiros por danos causados pelos empregados
é objetiva, independe de culpa do empregado. 
Gabarito: c 
Questões 02. (ESAF/2006/AFT) O empregador ou comitente, por
ato lesivo de seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício
de trabalho que lhes competir ou em razão dele, 
a) responsabiliza-se objetivamente pela reparação civil, pouco
importando que se demonstre que não concorreu para o prejuízo
por culpa ou negligência de sua parte. 
b) responde subjetivamente pelo dano moral e patrimonial. 
c) tem responsabilidade civil objetiva por não existir presunção juris
tantum de culpa, mas não poderá reaver o que pagou
reembolsando-se da soma indenizatória despendida. 
d) tem responsabilidade civil subjetiva por haver presunção juris
tantum de culpa in eligendo e in vigilando. 
e) não tem qualquer obrigação de reparar dano por eles causado a
terceiro. 
Comentários: a responsabilidade do empregador ou comitente é
OBJETIVA. Decorre do art. 933 - RESPONSABILIDADE
OBJETIVA: Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V 
(empregador e comitente) do artigo antecedente, ainda que 
não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos 
praticados pelos terceiros ali referidos. 
Gabarito: a 
Questão 03. (ESAF/2003/AFT) Aquele que, em sua propriedade, usa
cerca eletrificada que possa causar a morte do invasor: 
a) age em legítima defesa. 
b) atua no exercício normal de um direito reconhecido. 
c) atende a um estado de necessidade, ante a violência urbana. 
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d) pratica ato emulativo. 
e) age ilicitamente, por haver abuso de direito ou exercício irregular
de um direito. 
Comentários: instalar a cerca no muro de sua casa é um direito,
mas se ao exercê-lo vier a extrapolar os limites causando dano ao
outrem comete abuso de direito. 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito
que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou
pelos bons costumes. 
Gabarito: e 
Questão 04. (ESAF/2003/AFT) A responsabilidade civil do
empregador por ato lesivo de seu empregado, no exercício do
trabalho, é: 
a) subjetiva, quanto ao fundamento, e indireta, quanto ao agente. 
b) objetiva, quanto ao fundamento, e indireta, quanto ao agente. 
c) complexa, quanto ao fundamento, e objetiva quanto ao agente. 
d) subjetiva, quanto ao fundamento, e direta quanto ao agente. 
e) objetiva, quanto ao fundamento, e direta quanto ao agente.
Gabarito: b 
Questão 05. (ESAF/2003/AFT) Assinale a opção falsa. 
a) O empregador tem ação regressiva contra empregado 
para reaver o que pagou ao lesado, por ato lesivo culposo praticado
durante o exercício do trabalho. 
b) Os empresários e as pessoas jurídicas respondem pelos danos 
causados pelos produtos postos em circulação. 
c) O empregador responde, por exemplo, por incêndio provocado
por empregado ao consertar canalização de água, enquanto atendia
a cliente seu. 
d) Comitente só responde perante o lesado por ato do preposto se
conseguir comprovar que este agiu com culpa. 
e) Há responsabilidade objetiva e solidária do empregador pelos
erros e enganos de seus prepostos para evitar que ele possa
exonerar-se dela, provando que não houve culpa in eligendo ou in
vigilando. 
Gabarito: d 
Questão 06. (ESAF/2006/CGU/AFC) A falta de cautela ou atenção
em relação a uma pessoa, animal ou objeto sobos cuidados do
agente, que provoca dano a alguém, é considerada quanto ao
conteúdo da conduta culposa 
a) culpa in committendo. 
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b) culpa in abstrato. 
c) culpa in custodiendo. 
d) culpa in concreto. 
e) culpa in omittendo. 
Comentários: 
a) Culpa in eligendo, é aquela proveniente da má escolha de um
representante ou preposto, como por exemplo, a pessoa admitir ou
manter a seu serviço um empregado sem as aptidões necessárias
ao trabalho que lhe é confiado; 
b) Culpa in vigilando, é a oriunda de falta de fiscalização por parte
do empregador, quer com respeito aos empregados, quer com
respeito à própria coisa, como, por exemplo, o proprietário de uma
empresa de transporte que não fiscaliza convenientemente a
atuação de seus motoristas, ou permite o tráfego de veículos
imprestáveis e que, por isso, ocasiona acidentes. A culpa in
vigilando é que justifica, também a responsabilidade dos pais por
danos causados por filhos menores; 
c) Culpa in committendo caracteriza-se quando o agente pratica ato
positivo ( imprudência ); 
d) In omittendo é a culpa decorrente de abstenção, como, por 
exemplo, o agente deixa de praticar ato necessário ( negligência ); 
e) Culpa in custodiendo é a falta de atenção ou de cuidados sobre
alguma pessoa, coisa ou animal que esteja sob a guarda ou
cuidados do agente; 
f) Culpa in concreto dá-se quando o agente deixa de atender a
certas diligências necessárias às próprias coisas; 
g) Culpa in abstrato quando o agente falta com a atenção que
natural e comumente deve dispensar na administração de seus
negócios. 
A consequência jurídica do ato ilícito é obrigar o seu autor a reparar
o dano causado. 
Gabarito: c 
Questão 07. (Analista de Controle – área jurídica – TCE/PR-
dez/2011) No tocante à responsabilidade civil: 
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I. Há responsabilidade civil objetiva quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem. 
II. O patrão não será responsabilizado pelos danos causados a
terceiros por seus empregados no exercício do trabalho, se provar
que não teve culpa na escolha ou na vigilância deles. 
III. O direito de exigir reparação de dano e a obrigação de prestá-la
transmitem-se com a herança. 
IV. O incapaz não responde, em nenhuma hipótese, pelos prejuízos
que causar a terceiros, mas seus responsáveis terão ação
regressiva contra ele, depois de cessada a causa da incapacidade. 
V. A absolvição do réu, por sentença criminal transitada em julgado,
que reconhecer ter sido o ato praticado no exercício regular de
direito, isenta-o da responsabilidade civil. 
Está correto o que se afirma APENAS em 
(A) I, III e V. 
(B) II, III e V. 
(C) III, IV e V. 
(D) I, IV e V.
(E) I, II e IV. 
Comentários: Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem,
ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um
direito reconhecido; 
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a
pessoa, a fim de remover perigo iminente. 
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente
quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário,
não excedendo os limites do indispensável para a remoção do
perigo. 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo. 
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. 
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Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as
pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou
não dispuserem de meios suficientes. 
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser
equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as
pessoas que dele dependem. 
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: 
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e
em sua companhia; 
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se
acharem nas mesmas condições; 
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e
prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão
dele; 
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos
onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos
seus hóspedes, moradores e educandos; 
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do
crime, até a concorrente quantia. 
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo
antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão
pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos. 
Art. 943. O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la 
transmitem-se com a herança. 
Gabarito: a 
Questão 08. (ESAF/AGU/98) A responsabilidade civil, classificada
quanto ao seu fato gerador, resultante da violação de um dever
geral de abstenção pertinente aos direitos reais ou de
personalidade, é a: 
a) direta 
b) subjetiva 
c) objetiva 
d) extracontratual 
e) indireta 
Comentários: 
Responsabilidade Contratual: quando uma das partes
contratantes descumpre o contrato (NEGOCIO JURIDICO) ou se
torna inadimplente. É quando uma pessoa causa prejuízo a 
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outrem por descumprir uma obrigação contratual, um dever
contratual. Viola diretamente o contrato e indiretamente a lei. O
inadimplemento contratual acarreta a responsabilidade de
indenizar as perdas e danos. 
Responsabilidade Extracontratual ou Aquiliana: quando a
responsabilidade não deriva de contrato, mas de infração ao
dever de conduta, um dever legal, imposto genericamente do art.
186 do CC. É quando o agente pratica ato ilícito, violando deveres e
lesando direitos. NÃO decorre de descumprimento de contrato. A
própria norma jurídica é diretamente violada (arts. 186.187, 927).
Gabarito: d 
QUESTÃO 09. (ESAF/FISCAL TRABALHO/98) Em relação aos modos
de apreciação da culpa do agente, no caso em julgamento, ter-se-á
culpa in abstrato, quando 
a) se atém ao exame da imprudência do agente 
b) se percebe que o ato lesivo só seria evitável por uma atenção
extraordinária 
c) se leva em conta a questão da negligência do agente 
d) se faz uma análise comparativa da conduta do agente com a do
homem normal. 
d) se verifica que a lesão de direito adveio de uma abstenção 
Comentários: no apreciar da culpa se leva em consideração a 
conduta do agente comparada a conduta do homem normal.
Gabarito: d 
Questão 10. (MPT/2012/MPT/Procurador) À luz do Código Civil,
assinale a assertiva CORRETA: 
a) No caso de indenização por danos, se da ofensa resultar
defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou
profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a
indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes
até o fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à
importância do trabalhopara que se inabilitou, ou da depreciação
que ele sofreu; porém, se o ofensor preferir, poderá exigir que a
indenização seja arbitrada para pagamento de uma só vez. 
b) Se a obrigação for indeterminada, e não houver na lei ou no
contrato disposição fixando a indenização devida pelo inadimplente,
apurar-se-á o valor das perdas e danos na forma que a lei
processual determinar. 
c) Em nenhuma circunstância constituirá ato ilícito a
deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a
fim de remover perigo iminente. 
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d) Não comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-
lo, excede manifestamente os limites impostos pelos bons
costumes. 
Comentários: 
A) INCORRETA: O PREJUDICADO e não o OFENSOR pode exigir
que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez! Vejam: 
Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não
possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a
capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do
tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá
pensão correspondente à importância do trabalho para que se
inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu. 
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a
indenização seja arbitrada e paga de uma só vez. 
B) CORRETA: Art. 946. Se a obrigação for indeterminada, e não
houver na lei ou no contrato disposição fixando a indenização
devida pelo inadimplente, apurar-se-á o valor das perdas e danos
na forma que a lei processual determinar. 
C) INCORRETA: Se exceder configura ato ilícito! 
Art. 188. Não constituem atos ilícitos: 
I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um
direito reconhecido; 
II - a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a
pessoa, a fim de remover perigo iminente. 
Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato será legítimo somente
quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário,
não excedendo os limites do indispensável para a remoção do
perigo. 
D) INCORRETA: Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de
um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites
impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes. 
Gabarito: b 
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QUESTÃO 11. (CESPE/ 2011/TRF/5ª REGIÃO/ Juiz) A respeito do 
abuso de direito, assinale a opção correta. 
a) O venire contra factum proprium não se configura ante
comportamento omissivo. 
b) A supressio pode coexistir com os prazos legais da
decadência. 
c) Na surrectio, o exercício continuado de uma situação jurídica
implica nova fonte de direito subjetivo, desde que não contrarie o
ordenamento. 
d) A configuração do abuso de direito exige o elemento
subjetivo. 
e) De acordo com o STJ, a teoria dos atos próprios não se aplica ao
poder público. 
Comentários: 
Nos contratos a boa-fé se materializa nos institutos: 
a) supressio (perda de um direito pelo seu não exercício no
tempo); 
b) surrectio (surgimento do direito pelo costume); 
c) duty to mitigate the loss (credor não pode aumentar seu
próprio prejuízo); 
d) venire contra factum proprium (ninguém pode se benificiar de
sua própria torpeza); 
e) exceptio non adimplente contractus (exceção de contrato não
cumprido). 
A boa-fé objetiva foi consagrada pelo Código Civil de 2002,
prevalecendo modernamente sobre o caráter objetivo do pacta sunt
servanda do Código de 1916. 
Analisando o art. 187 do CC/2002, conclui-se não ser
imprescindível, pois para o reconhecimento da teoria do abuso de
direito, que o agente tenha a intenção de causar prejudicar a
terceiro, bastando que exceda manifestamente os limites impostos
pela finalidade econômica ou social, pela boa-fé ou pelos bons
costumes. 
A teoria do abuso de direito ganhou inegável importância. Sua
relevância, fez com que outros institutos correlatos também
chamassem a atenção dos juristas, a exemplo da supressio,
situação indicativa de abuso que se caracteriza quando o titular de
um direito, não o tendo exercido oportunamente, pretende fazê-lo,
não mais podendo, por quebra da boa-fé objetiva (não confundir
com a surrectio, hipótese em que o exercício continuado de uma 
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dada situação ou a prática de determinado comportamento
contrário à ordem jurídica culmina por constituir um direito em
favor do agente - ex.: utilização da área comum em condomínio. 
De fato, a função social do contrato, afasta o venire contra factum
proprium, evitando a surpresa e valorizando a confiança entre os
contratantes. 
Assim, enquanto a supressio vem de uma omissão reiterada, a
surrectio advém de uma ação usual não contraditada, que podem
gerar uma legítima expectativa na parte, no sentido de que o
contratante continuará agindo como "sempre agiu", embora o pacto
inicial não tenha sido aprioristicamente observado. 
Requisitos para a consumação da prescrição e, no que couber da
decadência: 
1. existência de direito exercitável; 
2. inércia do titular pelo não-exercício; 
3. continuidade da inércia por certo tempo; 
4. ausência de fato ou ato impeditivo, suspensivo ou interruptivo do
curso da prescrição - requisito aplicável à decadência
excepcionalmente, somente por previsão legal específica. 
Tanto a supressio, quanto a decadência são excelentes alegações
de defesa em face da omissão, já que o direito não socorre a quem
dorme. 
A “supressio” refere-se ao fenômeno da supressão de
determinadas relações jurídicas pelo decurso do tempo. 
“surrectio” é o fenômeno inverso, ou seja, o surgimento de uma
prática de usos e costumes locais. Assim, tanto a “supressio” como 
a “surrectio” consagram formas perda e aquisição de direito pelo 
decurso do tempo. 
Encontra-se exemplo de “supressio” e “surrectio” no art. 330 do
Código Civil, ao dispor que se o devedor efetuar, reiteradamente o
pagamento da prestação em lugar diverso do estipulado no negócio
jurídico, há presunção “juris tantum” de que o credor a ele
renunciou, baseado no princípio da boa-fé objetiva e nessas formas
de aquisição e perda de direito pelo decurso do tempo. 
Consequentemente, se o devedor efetuar o pagamento em local
diverso do previsto no contrato, de forma reiterada, surge o direito
subjetivo de assim continuar fazendo-o – “surrectio” – e o credor 
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não poderá contrariá-lo, pois houve a perda do direito –
“supressio”, desde que, com observância do “venire contra factum 
proprium no potest”. 
O “venire contra factum proprium” é uma vedação decorrente
do princípio da confiança. Trata-se de um tipo de ato abusivo de
direito. Referida vedação assegura a manutenção da situação de
confiança legitimamente criada nas relações jurídicas contratuais,
onde não se admite a adoção de condutas contraditórias. 
Trata-se de por meio do qual se veda que se aja em determinado
momento de uma certa maneira e, ulteriormente, adote-se um
comportamento que frustra, vai contra aquela conduta tomada em
primeiro lugar. 
O “venire contra factum proprium no potest” significa a proibição de 
ir contra fatos próprios já praticados. 
Alternativa a - incorreta. O venire contra factum proprium
pode derivar de um comportamento comissivo ou omissivo. 
Diferente da supressio, a surrectio não é considerada um ato ilícito.
É sim, uma fonte de direito subjetivo. Como bem conceitua Nelson
Rosenvald, a surrectio se constituicomo o "exercício continuado de
uma situação jurídica ao arrepio do convencionado, ou do
ordenamento que implica em nova fonte de direito subjetivo,
estabilizando-se tal situação para o futuro" (2007, p. 139). Verifica-
se, portanto, que a surrectio não é vista pelo lado do titular do
direito que o exerce abusivamente, mas sim, pela parte que atuou
de boa-fé e se beneficiou por uma situação continuada, decorrente
do ato ilícito de outrem. 
Letra D – errada: Enquanto o art. 186, do CC/02, ao regular o ato
ilícito strictu sensu, exige, para sua configuração, a presença de
elemento subjetivo(culpa) e mesmo do dano; o art. 187, ao dispor
sobre o ato ilícito na modalidade abuso de direito, pautou-se por 
critérios objetivos, cumprindo ao operador do direito aferir, no caso
concreto, a presença de seuselementos. 
Assim, o abuso de direito, previsto no art. 187, vem a ser espécie
do gênero ato ilícito (latu sensu), este último previsto no art. 186,
ambos do CC/02, porém cada qual dotado de pressupostos e
elementos próprios. 
Gabarito: b 
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LISTA DAS QUESTÕES APRESENTADAS 
Questão 01. (ESAF/2010/AFT) Assinale a única opção falsa. 
a) Como consequência econômica da adoção da teoria do risco
profissional, deve ser observado que o ressarcimento dos danos
deve ser tão amplo como no caso da indenização pelo direito
comum, pois o risco cobre todo o dano causado pelo acidente. 
b) A teoria do risco profissional reflete a evolução da teoria do risco,
consistindo na responsabilidade fundada nas circunstâncias que
cercam determinada atividade e nas obrigações oriundas do
contrato de trabalho, sem levar-se em conta a culpa do empregador
ou a do empregado. 
c) A teoria do risco consiste na consagração da responsabilidade do
empregador, no caso de acidente do trabalho, baseada não na
culpa, mas no contrato de locação de serviços; ao contratar, o
empregador assume a responsabilidade contratual. 
d) As indenizações relativas ao risco profissional são pagas
mediante tabelas previamente determinadas, catalogadas pelos
institutos oficiais de Previdência Social e seus valores são fixados
em patamares mais módicos, segundo o tipo de infortúnio. 
e) A teoria do dano objetivo consagra a tese de que o dano deve
ser reparado, independentemente da comprovação da culpa. 
Questões 02. (ESAF/2006/AFT) O empregador ou comitente, por
ato lesivo de seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício
de trabalho que lhes competir ou em razão dele, 
a) responsabiliza-se objetivamente pela reparação civil, pouco
importando que se demonstre que não concorreu para o prejuízo
por culpa ou negligência de sua parte. 
b) responde subjetivamente pelo dano moral e patrimonial. 
c) tem responsabilidade civil objetiva por não existir presunção juris
tantum de culpa, mas não poderá reaver o que pagou
reembolsando-se da soma indenizatória despendida. 
d) tem responsabilidade civil subjetiva por haver presunção juris
tantum de culpa in eligendo e in vigilando. 
e) não tem qualquer obrigação de reparar dano por eles causado a
terceiro. 
Questão 03. (ESAF/2003/AFT) Aquele que, em sua propriedade, usa
cerca eletrificada que possa causar a morte do invasor: 
a) age em legítima defesa. 
b) atua no exercício normal de um direito reconhecido. 
c) atende a um estado de necessidade, ante a violência urbana. 
d) pratica ato emulativo. 
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e) age ilicitamente, por haver abuso de direito ou exercício irregular
de um direito. 
Questão 04. (ESAF/2003/AFT) A responsabilidade civil do
empregador por ato lesivo de seu empregado, no exercício do
trabalho, é: 
a) subjetiva, quanto ao fundamento, e indireta, quanto ao agente. 
b) objetiva, quanto ao fundamento, e indireta, quanto ao agente. 
c) complexa, quanto ao fundamento, e objetiva quanto ao agente. 
d) subjetiva, quanto ao fundamento, e direta quanto ao agente. 
e) objetiva, quanto ao fundamento, e direta quanto ao agente. 
Questão 05. (ESAF/2003/AFT) Assinale a opção falsa. 
a) O empregador tem ação regressiva contra empregado 
para reaver o que pagou ao lesado, por ato lesivo culposo praticado
durante o exercício do trabalho. 
b) Os empresários e as pessoas jurídicas respondem pelos danos 
causados pelos produtos postos em circulação. 
c) O empregador responde, por exemplo, por incêndio provocado
por empregado ao consertar canalização de água, enquanto atendia
a cliente seu. 
d) Comitente só responde perante o lesado por ato do preposto se
conseguir comprovar que este agiu com culpa. 
e) Há responsabilidade objetiva e solidária do empregador pelos
erros e enganos de seus prepostos para evitar que ele possa
exonerar-se dela, provando que não houve culpa in eligendo ou in
vigilando. 
Questão 06. (ESAF/2006/CGU/AFC) A falta de cautela ou atenção
em relação a uma pessoa, animal ou objeto sob os cuidados do
agente, que provoca dano a alguém, é considerada quanto ao
conteúdo da conduta culposa 
a) culpa in committendo. 
b) culpa in abstrato. 
c) culpa in custodiendo. 
d) culpa in concreto. 
e) culpa in omittendo. 
Questão 07. (Analista de Controle – área jurídica – TCE/PR-
dez/2011) No tocante à responsabilidade civil: 
I. Há responsabilidade civil objetiva quando a atividade
normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, risco para os direitos de outrem. 
II. O patrão não será responsabilizado pelos danos causados a
terceiros por seus empregados no exercício do trabalho, se provar
que não teve culpa na escolha ou na vigilância deles. 
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III. O direito de exigir reparação de dano e a obrigação de prestá-la
transmitem-se com a herança. 
IV. O incapaz não responde, em nenhuma hipótese, pelos prejuízos
que causar a terceiros, mas seus responsáveis terão ação
regressiva contra ele, depois de cessada a causa da incapacidade. 
V. A absolvição do réu, por sentença criminal transitada em julgado,
que reconhecer ter sido o ato praticado no exercício regular de
direito, isenta-o da responsabilidade civil. 
Está correto o que se afirma APENAS em 
(A) I, III e V. 
(B) II, III e V. 
(C) III, IV e V. 
(D) I, IV e V.
(E) I, II e IV. 
Questão 08. (ESAF/AGU/98) A responsabilidade civil, classificada
quanto ao seu fato gerador, resultante da violação de um dever
geral de abstenção pertinente aos direitos reais ou de
personalidade, é a: 
a) direta 
b) subjetiva 
c) objetiva 
d) extracontratual 
e) indireta 
Questão 09. (ESAF/FISCAL TRABALHO/98) Em relação aos modos
de apreciação da culpa do agente, no caso em julgamento, ter-se-á
culpa in abstrato, quando 
a) se atém ao exame da imprudência do agente 
b) se percebe que o ato lesivo só seria evitável por uma atenção
extraordinária 
c) se leva em conta a questão da negligência do agente 
d) se faz uma análise comparativa da conduta do agente com a do
homem normal. 
e) se verifica que a lesão de direito adveio de uma abstenção 
Questão 10. (MPT/2012/MPT/Procurador) À luz do Código Civil,
assinale a assertiva CORRETA: 
a) No caso de indenização por danos, se da ofensa resultar
defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o seu ofício ou
profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a
indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes
até o fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à
importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação 
DIREITO CIVIL (TEORIA E EXERCICIOS) P/
AUDITOR FISCAL DA RECEITA FEDERAL – AFRF e
AUDITOR FISCAL DO TRABALHO - AFT 
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Prof. Márcia Albuquerque www.pontodosconcursos.com.br

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