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Antigamente esse problema era conhecido como DST (doença sexualmente transmissível) porque as infecções podem cursar com sintomas, mas a maior parte dessas infecções são assintomáticas (>80%). Por isso, atualmente são denominadas IST 's (infecções sexualmente transmissíveis) - nas quais os pacientes são portadores da bactéria ou vírus mas não manifestam sintomas, e geralmente tem a capacidade de transmitir a infecção gerando um problema de saúde pública. INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS ABORDAGEM SINDRÔMICA LAYANE SILVA A IST é uma pandemia, houveram 200 milhões de casos novos/ano, sendo: 131 milhões de clamídia, 78 milhões de gonorréia e 5,6 milhões de casos de sífilis. EPIDEMIOLOGIA 59% dos entrevistados não usaram preservativo em nenhuma relação sexual; 17,1% usaram de vez em quando; apenas, 22,8% usaram em todas as relações. Em 2019, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), elaborada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em parceria com o Ministério da Saúde, constatou que: No entanto, são escassos os dados epidemiológicos relativos às DST, pois apenas AIDS, sífilis congênita e sífilis na gestação são de notificação compulsória. interromper a cadeia de transmissão; prevenir novas ocorrências. Os princípios básicos para atenção às DST, como em qualquer processo de controle de epidemias, são: Atuando objetivamente nos “elos” que formam essa corrente, ou seja, detectando precocemente, tratando infectados, e seus parceiros, adequada e oportunamente. Por meio de aconselhamento específico, durante o qual as orientações sejam discutidas conjuntamente, favorecendo a compreensão e o seguimento das prescrições, contribuindo, assim, de forma mais efetiva, para a adoção de práticas sexuais mais seguras. PRÍNCIPIOS BÁSICOS PARA ATENÇÃO ÀS DST classificar os principais agentes etiológicos, segundo as síndromes clínicas por eles causados; utilizar fluxogramas que ajudam o profissional a identificar as causas de uma determinada síndrome; indicar o tratamento para os agentes etiológicos mais freqüentes na síndrome; incluir a atenção dos parceiros, o aconselhamento e a educação sobre redução de risco, a adesão ao tratamento e o fornecimento e orientação para utilização adequada de preservativos; incluir oferta da sorologia para sífilis, hepatites e HIV. As principais características da abordagem sindrômica são: ABORDAGEM SINDRÔMICA Caso 1: M.A.S, sexo ♂, 22 anos. Refere ter feito sexo oral e vaginal com uma amiga há 3 dias. Relata que a URETRITES/SÍNDROME DO CORRIMENTO URETERAL camisinha rompeu durante a relação. Informa que sempre usa preservativos que guarda no porta-luvas do carro. Há 5 dias cursa com prurido uretral, dor uretral espontânea e disúria intensa. Há 2 dias passou a apresentar corrimento uretral espesso, abundante, semelhante a leite condensado (SIC), mais forte pela manhã. Nega DST prévias comorbidades e alergias. Importante! Pacientes que referem que usam camisinhas que foram deixadas no porta-luvas, no bolso da calça ou camisinhas antigas, deve-se atentar pois camisinhas que ficam expostas ao calor tendem a romper pelo ressecamento da borracha. Assim, vale orientar o paciente para não usar camisinhas antigas para garantir a proteção. Iniciar tratamento antibiótico na primeira consulta baseado numa série de sinais e sintomas (abordagem sindrômica). Desse modo, poderá descobrir qual a bactéria e pedir um antibiograma para tratar exatamente o patógeno causador. Uretrite gonocócica: o diagnóstico pode ser feito por cultura da secreção, colhida com alça de platina ou swab, e enviar para coloração de Gram para identificar diplococos gram-negativos. Uretrites não gonocócicas: o diagnóstico pode ser feito por esfregaço uretral, imunofluorescência direta, e teste de amplificação de ácidos nucleicos (PCR e captura híbrida). Como a primeira opção leva mais tempo, tem-se como objetivo frente a um paciente com IST realizar o tratamento imediato para interromper a cadeia de transmissão, ou seja, tratar o paciente na primeira oportunidade para que ele não transmita para outras pessoas. Assim, será iniciado o tratamento com antibiótico imediatamente através da abordagem sindrômica. No caso clínico acima pode-se inferir que: (1) a dor intensa ao urinar (disúria) pode ser denominada estrangúria, e (2) esse corrimento uretral espesso é bem típico de um patógeno específico que é o Gococo, que causa a gonorreia. No entanto, boa parte dos pacientes que apresentam essa bactéria não manifestam esse quadro clínico, em geral, pode haver apenas disúria, prurido na uretra ou até mesmo sem qualquer sintoma. Se um paciente com esse quadro clínico tiver relações sexuais com uma parceira, ela pode ser contaminada pela bactéria e não ter sintomas, apenas ser portadora e transmitir a doença - visto que a maior parte das infecções por gonococo em mulheres não causam sintomas. Assim, não é necessário que o paciente tenha esse quadro clínico completo para confirmar a infecção por gonococo, deve-se suspeitar o quanto antes, principalmente se o quadro for arrastado ou o paciente tiver feito tratamento com antibiótico inadequado, pois os sintomas podem mudar ou reduzir sua intensidade. A uretrite é uma inflamação uretral causada por múltiplos organismos (origem infecciosa), geralmente é transmitida por contato sexual. Seu quadro clínico típico caracteriza-se: disúria com corrimento uretral espesso, geralmente QUADRO CLÍNICO LAYANE SILVA No caso de um paciente com síndrome do corrimento uretral, sabe-se que as principais bactérias responsáveis são Chlamydia trachomatis (70% dos casos) e Neisseria gonorrhoeae (15-20% dos casos). Por isso, deve-se prescrever antibiótico para tratar as 2 bactérias simultaneamente e resolver a patologia do paciente. TRATAMENTO Sintomas: corrimento uretral, prurido, polaciúria, disúria, odor fétido. Sinais: edema glande, corrimento uretral purulento abundante ou escasso e claro. causado pelo gonococo. Etiologia: gonococo, clamídia, tricomonas, micoplasma, ureaplasma, bactérias. Os agentes etiológicos mais frequentes são Chlamydia trachomatis e Neisseria gonorrhoeae. Uretrites gonocócicas: uretrites causadas pela Neisseria gonorrhoeae (diplococo Gram negativo intracelular), sendo de transmissão sexual, com incubação de 2-5 dias e incidência maior em jovens de 15-30 anos, sem parceiro fixo. Uretrites não gonocócicas: uretrites causadas por outros agentes como Chlamydia trachomatis, Ureaplasma hominis, Trichomonas vaginalis, Candida albicans, Staphylococcus sp. e herpes simplex vírus. ETIOLOGIA Realizar o diagnóstico etiológico (identificação do agente causador) + Tratamento antibiótico específico após identificação do agente causador; Frente a um quadro similar ao caso clínico descrito, a conduta inclui 2 opções: Nesse caso, para realizar a identificação do agente será necessário colher material e solicitar a cultura da secreção. CONDUTA Questão de prova! No caso de um paciente com esse quadro, é necessário aplicar as sorologias para as demais IST’s, são elas: HIV, hepatite B, hepatite C, HTLV 1 e 2, herpes e sífilis - alguns autores não solicitam o exame para herpes porque é mais fácil perceber se o paciente tem herpes. Importante! Deve-se rastrear parcerias sexuais para tratamento, evitando que o paciente seja reinfectado. No caso de um paciente com síndrome do corrimento uretral serão utilizados 2 tratamentos de forma simultânea com Ceftriaxone, 500mg, IM, dose única (última droga eficiente para tratar gonococos) + Azitromicina, 1g, VO, dose única (por ser dose única, há maior adesão) OU Doxiciclina (Vibramicina), 100mg, VO, 12/12h, 07 dias (mais eficiente para tratar clamídia e outras bactérias); Importante! A Doxiciclina tende a irritar o estômago, por isso o paciente deve ser orientado a tomar Omeprazol ou tomar a medicação após refeições para evitar vômitos e não prejudicar a absorção do medicamento. 2a escolha: Azitromicina, 2g, VO, dose única - será usado em pacientes alérgicos a cefalosporinas, sendo eficiente para tratartanto gonococo quanto clamídia Nos EUA, para evitar resistência bacteriana do gonococo e clamídia a antibióticos, é preconizado uso de Gentamicina em 7-10 dias após a dose única de Azitromicina. Corrimento uretral semelhante a leite condensado; Quadro típico da uretrite clamidiana ou não gonocócica, caracterizado por corrimento escasso, quase ausente, ralo, transparente e mucoso. Ocorre quando o paciente com uretrite gonocócica fez uso de antibiótico de forma inadequada. Uretrite causada por herpes. OUTRAS APRESENTAÇÕES LAYANE SILVA Azitromicina – 2g, VO, em dose única; Doxiciclina - 100mg, VO, de 12/12 h, por 14 dias; Tetraciclina - 500mg, VO, DE 6/6 h, por 10 dias; Secnidazol – 2g, VO, dose única; Metronidazol – 2g, VO, dose única; Fluconazol 150mg, VO, dose única; Ciprofloxacina 500mg, VO, 12/12h por 07 dias; Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum: Tricomonas vaginalis: Candida albicans: Escherichia coli: muito comum em pacientes que fazem sexo anal sem preservativo, geralmente causa pouco corrimento e muita irritação. PATÓGENOS MENOS FREQUENTES Importante! Nesses pacientes deve-se orientar que evitem TRAUMA, ou seja, não devem esfregar o canal uretral para tentar expelir o pus, pois esse hábito perpetua o corrimento causando uma uretrite traumática. Importante! Deve-se orientar o paciente a não ter relações sexuais até que esteja completamente curado, mesmo que não haja o corrimento. Bacterioscopia do 1º jato com contagem de Polimorfonucleares e pesquisa para Gonococos, Trichomonas, fungos (Candida) NAAT para Gonococos e Clamídia Swab uretral com pesquisa para Clamídia (IFI ou PCR) Cultura do 1º Jato para Micoplasma, Ureaplasma, E. coli Existem casos em que o paciente deve ser tratado de forma guiada, por exemplo pacientes que já trataram mas não ficaram curados, assim é necessário solicitar exames para identificar qual a bactéria causadora e qual o padrão de sensibilidade dessa bactéria. EXAMES LABORATORIAIS Balanopostite causada por gonococos: inflamação simultânea na glande e no prepúcio Orquiepididimite causada por clamídia: inflamação dolorosa tanto do epidídimo quanto do testículo COMPLICAÇÕES Questão de prova! Lembrar que a orquiepididimite é causada por CLAMÍDIA em paciente jovem. Faringite causada por gonococo: transmitida através do sexo oral sem preservativo, que contamina a garganta Importante! Clamídia também pode causar faringite, mas é muito mais comum por gonococos. Piodermite causada por gonococos. Proctite causada por gonococos: inflamação do revestimento interno do reto (mucosa retal) Artrite séptica causada por gonococos: infecção no líquido e tecidos de uma articulação, é uma situação gravíssima, na qual há saída de pus pelas articulações Oftalmia causada por gonococo: inflamação do olho acompanhada de vermelhidão e dor, ocorre quando o paciente toca na secreção uretral e toca nos olhos. Gonococcemia generalizada: ocorre quando o paciente está com gonococos espalhados por todo o corpo, é uma doença gravíssima, rara e geralmente irreversível - era uma situação comum na era pré-antibiótico Uretra em contas de colar: ocorre em paciente com uretrite por muito tempo provocando múltiplos estreitamentos na uretra, não tem cura (intratável). HERPES GENITAL – Herpesvirus hominis tipo 2 SÍFILIS – Treponema pallidum CANCRO MOLE – Haemophilus ducreyi DONOVANOSE – Calymmatobacterium granulomatis LINFOGRANULOMA VENÉREO – Chlamydia trachomatis (sorotipos L1, L2, L3) Os principais agentes etiológicos são: SÍNDROME DA ÚLCERA GENITAL Sintomas: ulceração genital única ou múltipla. Sinais: úlcera, edema, secreção, odor fétido, adenomegalia inguinal Etiologia: sífilis, cancro mole, herpes genital, donovanose. A síndrome da úlcera genital é uma síndrome clínica secundária a agentes infecciosos sexualmente transmissíveis e que se manifestam por meio de lesões ulcerativas erosivas, precedidas ou não por pústulas e/ou vesículas, podendo estar acompanhadas de dor, ardor, prurido, drenagem de material mucopurulento, sangramento e linfadenopatia regional. ABORDAGEM SINDRÔMICA LAYANE SILVA Sempre que houver um paciente com úlcera genital é necessário aplicar a seguinte pergunta: “Aparecem bolhas na genital antes de aparecer a ferida?” - existe uma diferença se a paciente teve relação sexual e logo após descobre uma ferida que pode ter sido por atrito ou se a ferida apareceu após alguns dias da relação sexual. A presença ou não de bolhas é o primeiro passo para saber como tratar o paciente em questão - mas, existem algumas condições em que essas bolhas estarão ausentes como no paciente imunossuprimido ou na gestante, e também existem pacientes que não se auto-examinam e não irão saber referir. Se houve bolhas, o paciente será tratado para herpes genital (melhor cenário dentre as úlceras genitais), e se não tiver vesículas, ele será tratado de uma outra forma (lado esquerdo do fluxograma). I. HERPES GENITAL Caso 2: M.A.S, sexo ♂, 19 anos. Refere astenia, mialgia, febre e queda do estado geral há 5 dias. Surgiram vesículas no prepúcio e ínguas muito dolorosas nas regiões inguinais. As vesículas se romperam espontaneamente formando úlceras dolorosas e confluentes. Informa que fez sexo oral desprotegido há 7 dias. Nega DST prévias comorbidades e alergias. No quadro acima, essas lesões são típicas de herpes genital, que geralmente são poucas bolhas (2-3 vesículas) - a presença de bolhas numerosas é mais comum no herpes zóster, que acomete dermátomos como o tórax e a face. Sem tratamento, as vesículas evoluem para úlceras genitais, bastante dolorosas (ardem no banho), posteriormente formam uma crosta que recobre as úlceras, e por fim, cicatrizam. No entanto, o paciente não fica curado pois 3-4 meses as lesões retornam fazendo o ciclo (vesícula seguida de úlcera), mas na recidiva não há astenia, mialgia e linfadenomegalia, pois só ocorrem na primoinfecção. Importante! Quanto melhor estiver a imunidade do paciente, menos frequentemente ele terá essas lesões, em geral, um paciente imunocompetente tem 2-3 recidivas por ano, mas o paciente pode passar anos sem manifestar. Para isso deve-se tratar a doença e orientar o paciente a se manter imunocompetente (evitar cigarro, bebida alcoólica e radiação solar em excesso, estresse e atividade física extenuante, manter alimentação balanceada). O paciente tem síndrome da úlcera genital precedida de vesículas (primoinfecção), em geral, a primoinfecção herpética tem incubação de 6 dias, e é uma manifestação mais severa, caracterizada pelo surgimento de lesões eritemato papulosas (1-3 mm de diâmetro). Estas para vesículas sobre base eritematosa, muito dolorosas e de localização variável na região genital, podem cursar com febre, mal-estar, mialgia, disúria e linfonodomegalia inguinal dolorosa bilateral. DIAGNÓSTICO O agente etiológico é o Herpes Simplex 1 ou 2, que são vírus DNA com dupla fita, em geral, o HSV-1 provoca principalmente infecções orais e o HSV-2 causa herpes genital e é transmitido por contato sexual. ETIOLOGIA Aciclovir (Zovirax): 200mg, VO, 5x/dia, por 7 a 10 dias. Aciclovir (Zovirax): 400mg, VO, 8/8h, por 7 a 10 dias. Valaciclovir (Valtrex, Herpestal): 500mg, VO, 12/12h, por 7 a 10 dias. Famciclovir (Penvir, Famvir): 250mg, VO, 8/8h, por 5 dias. O tratamento em geral é feito com derivados do Aciclovir, mas a grande vantagem do Aciclovir é o baixo custo, além de ser distribuído pelo SUS, e a desvantagem é ter que usar o medicamento 5 vezes por dia, o que prejudica a adesão ao tratamento. O Valaciclovir e Famciclovir tem como vantagem serem usados com uma frequência menor (menos comprimidos por dia). Além disso, o Valaciclovir dá menos neuropatia pós-herpética no tratamento da herpes zóster, que é uma condição que provoca dor por semanas - pode ser necessário o uso de neuromodulador para reduzir a dor. TRATAMENTO Importante! A pomada de Aciclovir não encurta o ciclo da doença, por outro lado, se o paciente que tem herpes genital iniciar o tratamento com medicamento oral no primeiro dia pode-seencurtar o ciclo da doença e reduzir a viremia. No entanto, a pomada pode ser usada no caso de mulheres com herpes genital para evitar que a roupa íntima entre em contato com a ferida, apesar de não ajudar no tratamento da doença. Aciclovir (Zovirax): 200 mg, VO, 5x/dia, por 05 dias. Aciclovir (Zovirax): 400 mg, VO, 8/8h, por 05 dias. Valaciclovir (Valtrex, Herpstal): 500 mg, VO, 12/12h, por 05 dias. Fanciclovir (Penvir, Famvir): 125 mg, VO, 12/12h, por 05 dias. Geralmente, nas recidivas são usadas as mesmas drogas, mas por um período mais curto (5 dias). TRATAMENTO DAS RECIDIVAS Importante! No herpes não é tão essencial tratar o parceiro, mas o rastreio pode ser feito para realizar sorologias. É importante orientar o paciente de que enquanto estiver com a crosta na ferida ele pode transmitir a doença, pois a ferida é altamente rica em vírus do herpes. No quadro acima, é importante destacar que as úlceras são indolores e são lesões típicas de cancro duro ou sífilis denominadas protossifiloma, que consiste em uma lesão com bordas elevadas, indolor, que pode aparecer nos genitais (prepúcio, glande) ou em outros locais do corpo quando há contato como genital contaminado (língua). LAYANE SILVA II. CANCRO DURO Caso 3: A.S.M., sexo ♂, 23 anos. Refere surgimento de úlcera genital indolor, cerca de 20 dias após a última relação sexual. Informa que usa camisinha apenas no momento da ejaculação para evitar gravidez. Notou a presença de gânglios aumentados não dolorosos nas regiões inguinais. Nega DST prévias, comorbidades e alergias. Treponema pallidum: cancro duro Haemophilus ducreyi: cancro mole O agente etiológico será: ETIOLOGIA O paciente do caso tem, portanto, uma síndrome da úlcera genital não precedida de vesículas (∆t< 4 semanas). DIAGNÓSTICO Para realizar o diagnóstico laboratorial na fase aguda, pode- se retirar um esfregaço da lesão e, se for sífilis, a microscopia de campo escuro irá mostrar espiroquetas do Treponema e, se for cancro mole, na bacterioscopia, visualiza o H. ducreyi. EXAMES COMPLEMENTARES Microscopia com campo escuro Imunofluorescência direta; Bacterioscopia da secreção da lesão (estreptobacilos Gram (-) em paliçada ou cardume ou trilho de trem) – H. ducreyi Na prática esses exames não são realizados, visto que são pouco acessíveis, em geral é feito diretamente o tratamento da doença. Testes treponêmicos (muito específicos): FTA-ABS (IgM e IgG), ELISA (IgM e IgG), HTPA Testes não treponêmicos (menos específicos): VDRL Detectam anticorpos específicos contra os antígenos de T. pallidum, positivam-se na 3a semana de infecção, têm positividade perene - IgG (não servem para controle de cura) - e são exames qualitativos (+ ou -). Detectam anticorpos anticardiolipina não específicos para os antígenos do T. pallidum, positivam-se na 4a ou 5a semana, servem pouco para diagnóstico e mais para controle de cura. EXAMES COMPLEMENTARES DE CONTROLE Questão de prova! Existem 2 exames complementares, um que positiva rápido que é o teste treponêmico (FTA-ABS), no qual o IgM tem resultado rápido e IgG fica positivo para sempre, por isso quem já teve sífilis não pode doar sangue. O outro é o teste não treponêmico (VDRL) que serve para controle de cura pois há medida que é feito o tratamento o título do VDRL diminui, em geral, na fase aguda o paciente está com 1/256 ou 1/128 e depois reduz para ⅛, ¼ ou ½ (cicatriz sorológica) - assim quanto menor o denominador, menor a infecção. Primária Secundária Manifesta o cancro duro, que surge entre 10 e 90 dias após a contaminação (média de 21 dias), associada a adenopatia regional não supurativa, mas o cancro duro desaparece espontaneamente após 2 meses. Ademais, pode haver casos de sífilis decapitada (transfusão sanguínea) e são possíveis inoculações em outras áreas (raras). Lesões cutâneo-mucosas, não ulceradas que aparecem 6 a 8 semanas após o contágio, associada a micropoliadenopatia generalizada, artralgias, febrícula, cefaléia, adinamia, alopécia e condilomas planos. CLASSIFICAÇÃO Lesões cutâneo-mucosas indolores (tubérculos ou gomas), lesões neurológicas - neurossífilis (tabes dorsalis ou demência), lesões cardiovasculares (aneurisma aórtico) e lesões articulares (artropatia de Charcot) - em geral, aparecem de 2-40 anos após o contágio. Terciária LAYANE SILVA Quanto ao tratamento do cancro mole que pode estar coexistindo com a sífilis, o Ministério da Saúde preconiza qualquer uma das drogas listadas, mas na prática é mais utilizada a Doxiciclina. Assim, o tratamento completo é feito com Penicilina G Benzatina 2,4 milhões UI, via IM, em dose única (1,2 milhão UI em cada nádega) + Doxiciclina 100 mg, VO, de 12/12 horas, por 10 dias ou até a cura clínica. Assim, o paciente sem tratamento pode ter esses “furos” no seio frontal, ossos, palato e seios da face. Frente a um caso de síndrome da úlcera genital, deve-se sempre tratar tanto cancro duro quanto cancro mole, pois ambos podem coexistir na mesma lesão - assim, mesmo que a lesão seja muito específica de uma das patologias, tratar as 2 reduz a chance de erro. PRIMÁRIA TRATAMENTO Importante! A ampola de penicilina G Benzatina devem ser aplicadas 1 em cada nádega para garantir a eficácia, ou seja, não pode aplicar ambas em um mesmo lado, aplicar no braço ou em outro membro - ambas tem que ser aplicadas no mesmo dia, sendo altamente eficaz para tratar sífilis. Importante! Apesar de ter a vantagem de ser em dose única, a Azitromicina não é tão eficiente no tratamento do cancro mole em relação à Doxiciclina. Se a lesão ou lesões tiverem > 4 semanas, deve-se suspeitar de donovanose, linfogranuloma venéreo ou neoplasias. Penicilina Benzatina 1.200.000 U – 01 ampola , IM profundo em cada nádega, 1x/semana, por 02 semanas (04 ampolas). SECUNDÁRIA Penicilina Benzatina 1.200.000 U – 01 ampola , IM profundo em cada nádega, 1x/semana, por 03 semanas (06 ampolas). TERCIÁRIA III. CANCRO MOLE Caso 04: A.S.S., sexo ♂, 23 anos. Refere surgimento de úlcera genital dolorosa, cerca de 5 dias após a última relação sexual desprotegida. Comenta que a lesão é recoberta de secreção amarelo-acinzentada, que está aumentando de tamanho e que surgiram outras lesões menores próximas à inicial. Nega queixas sistêmicas e ínguas. Nega DST prévias comorbidades e alergias. No quadro acima observa-se que o paciente teve lesões ulceradas dolorosas com gânglios aumentados mas não tão dolorosos quanto os do herpes, que caracteriza a lesão típica do cancro mole, que em geral são múltiplas, doloridas e “em espelho” - ou seja, as lesões ocorrem em ambos os lados ou na parte de cima e abaixo do prepúcio. LAYANE SILVA A infecção gera uma reação sorológica fraca e transitória, por isso não é necessário pedir sorologia. O tratamento é o mesmo pois, quando o paciente tiver lesões ulceradas não precedidas de bolhas, ele será tratado para sífilis e cancro mole simultaneamente. TRATAMENTO SÍNDROME VERRUCOSA Sintomas: ausente ou prurido, sangramento uretral, sangramento e dor ao toque. Sinais: pápulas/verrugas. Etiologia: molusco contagioso e HPV São causados pelos vírus HPV (DNA-vírus) da família Papovaviridae, que é responsável pelas papilomatoses humanas ou verrugas anogenitais. I. CONDILOMAS ACUMINADOS Verrugas genitais: HPV 6 e 11 Câncer de colo uterino e ânus: 16 , 18, 31, 33, 35, 39, 45 e 51 (>84%) Há mais de 140 tipos de HPV – mais de 30 tipos infectam os genitais. Importante! Por isso, a vacina tetraviral para HPV é contra os tipos 6, 11, 16 e 18, e está indicada para homens de 9 a 26 anos e meninas e mulheres de 9 a 45 anos. O HPV é transmitido pelo contato pele-a-pele, ou seja, se a pessoa tem uma verruga e encosta na pele do parceiro que não tem HPV, o vírus será transmitido - é questionável se secreções como esperma ou secreção vaginal possuem essa capacidade de transmissão, principalmente se a pele do parceiro estiver ferida ou machucada. TRANSMISSÃO Importante! O hábito de raspar os pelos no dia que irá ter relação sexual pode aumentar as chances de contaminaçãoporque abre a pele para a entrada do patógeno. Assim, vários fatores estão associados à contaminação como: carga viral, condições imunológicas do hospedeiro e frequência das relações, mas o principal é o comportamento sexual. Atenção! Evitar auto-inoculação, assim, quando o paciente raspa os pelos com lâmina de barbear e usa em outras regiões do corpo e acaba contaminando. A infecção tem cronologia indefinida, dura em média 8 meses – 9% infecção tem duração > 2 anos - e a maior parte dos portadores são assintomáticos. QUADRO CLÍNICO O quadro clínico variável (cronologia, número e local das lesões, recorrência), apresenta-se como lesões condilomatosas, macias, sésseis ou pedunculadas, que podem evoluir para fase clínica ou subclínica. A ordem de maior acometimento é: prepúcio e sulco balanoprepucial, glande, uretra e escroto. HPV GLÂNDULAS DE TYSON LAYANE SILVA Importante! Deve-se diferenciar as glândulas de Tyson, que são fisiológicas, localizadas na parte inferior da glande, das lesões do HPV, visto que existem pacientes que tem essas glândulas proeminentes. Biópsia: necessária se suspeita de câncer de pênis - pode também estar relacionado com câncer de vulva, colo uterino e canal anal. O diagnóstico é clínico com a visualização das lesões condilomatosas ou verrucosas - a OMS não indica a captura híbrida em ♂. DIAGNÓSTICO No caso, houve uma lesão uretral única que, após biópsia e cauterização, foi diagnosticado como carcinoma escamocelular de pênis, que tem indicação de realizar amputação parcial de pênis. Procedimentos citodestrutivos: excisão cirúrgica, laser, ácido salicílico, eletrocoagulação, criocauterização, ácido bi/tricloroacético. Antivirais imunomoduladores: interferon, oligonucleotídeos, dinitroclorobenzeno, cidofovir, imiquimode. Quimioterapia: bleomicina, 5-fluorouracil, podofilina, podofilotoxina. Consistem em destruir a lesão usando alguma substância química como ácido tricloroacético (ATA) ou podofilotoxina; ou aplicando Imiquimod que é uma substância que estimula o organismo a destruir as lesões; ou destruir diretamente as lesões com laser, eletrocauterização ou nitrogênio líquido. Qualquer um dos tratamentos tem capacidade de destruir a lesão, mas é importante frisar para o paciente que, no futuro, podem aparecer outras lesões em outros locais. TRATAMENTO