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Estudar a fisiopatologia, etiologia, epidemiologia, fatores de risco, manifestações clinicas, diagnóstico e tratamento da obstrução intestinais (pediatria e adultos). Comparar os tipos de obstruções intestinais (pediátricas e adultos) – quadro comparativo. Obstrução Intestinal Obstrução intestinal é a ausência do trânsito gastrointestinal, ou seja, é qualquer impedimento na passagem do conteúdo intestinal, tanto no delgado quanto no grosso, que impossibilita a sua eliminação do organismo. A obstrução intestinal é uma patologia que está “dentro” das doenças abdominais aguadas mais frequentes, sendo associada, principalmente, por sua taxa elevada de morbidade e mortalidade, em especial, nas formas complicadas em que ocorre sofrimento de alça. Essa patologia é multifatorial, sendo que suas causas podem ser subclassificação em mecânicas ou paraliticas, além disso, pode classifica-la de acordo com o seu local, alta ou baixa. Mecânica: Pode ser causada devido a alguns distúrbios que comprometem a permeabilidade do lúmen intestinal. Dessa maneira, a obstrução mecânica pode ser subdividida de acordo a localização do processo oclusivo. ↪ Intraluminal; ↪ Da parede intestinal; ↪ Extraintestinal. A obstrução mecânica do intestino grosso pode ainda ser fruto de etiologias malignas ou benignas: Maligno: Muito frequentemente causada por neoplasias malignas no colón, pâncreas, ovário e linfomas. Benigno: As etiologias benignas mais comuns da obstrução do intestino grosso incluem: ↪ Vólvulo: O vólvulo sigmoide ocorre quando uma alça cheia de ar do cólon sigmoide se torce em torno de seu mesentério. Obstrução da luz intestinal e comprometimento da perfusão vascular ocorrem quando o grau de torção excede 180 e 360 graus, respectivamente. Em casos de presença de perfuração ou peritonite, realiza-se a retirada da porção comprometida e reconstrução. Na ausência de tais sinais, faz-se a sigmoidoscopia para correção da torção. ↪ Hérnia: A maioria das hérnias adquiridas se forma quando há perda da integridade mecânica dos músculos e tendões da parede abdominal necessários para conter as vísceras e sustentar o tronco. Distúrbios genéticos ou sistêmicos da matriz extracelular podem predispor os pacientes à formação de hérnia primária, enquanto a cicatrização defeituosa de feridas após laparotomia e reparos de hérnia leva a hérnias incisionais. ↪ Adesão: surgem após cirurgias abdominais ou pélvicas em resposta a lesão das paredes viscerais durante a operação, podendo ser desde benéficas até origem de problemas como obstrução intestinal, infertilidade feminina, dor, entre outros. ↪ Estenose: surgem repetidos episódios inflamatórios nos intestinos podem causar estenose. Dentre as etiologias possíveis destacam-se a diverticulite (inflamação dos divertículos devido acúmulo de fezes), colite isquêmica (por trombo ou êmbolo em artérias ou veias) e DII. ↪ Intussuscepção: consiste em uma invaginação de uma parte do intestino em si mesma. A maioria dos casos em crianças é idiopática, e é incomum em adultos. Entre as causas estão divertículo de Meckel, pólipos, linfoma do intestino delgado, cistos de duplicação, malformações vasculares, cotos apendiculares invertidos, parasitas (por exemplo, Ascaris lumbricoides), vasculite por imunoglobulina A (púrpura de Henoch-Schönlein [HSP]), fibrose cística e síndrome hemolítico-urêmica. Cada uma destas causas contribui da sua maneira para a patogênese da intussuscepção. Os pacientes com intussuscepção geralmente apresentam início súbito de dor abdominal intermitente, intensa, em cólica e progressiva, acompanhada de choro inconsolável e estiramento das pernas em direção ao abdome. Os episódios tornam-se mais frequentes e mais graves ao longo do tempo. Vômitos podem seguir episódios de dor abdominal. Inicialmente, a êmese não é biliosa, mas pode tornar-se biliosa à medida que a obstrução progride. Uma massa abdominal em Problema 9 – O que você tem? Imagem 1: Causas da obstrução mecânicas forma de salsicha pode ser sentida no lado direito do abdome. À medida que os sintomas progridem, desenvolve-se uma letargia crescente, que pode ser confundida com meningoencefalite. Em até 70% dos casos, as fezes contêm sangue bruto ou oculto. Em lactentes, a intussuscepção pode se apresentar como letargia com ou sem vômito ou sangramento retal. Paraliticas/Funcional: É a obstrução na ausência de um obstáculo mecânico, causada pela diminuição ou perda da função motora responsável pelo peristaltismo. Causada por um ou mais dos seguintes fatores: ↪ Pós-operatório de cirurgias abdominais de grande porte; ↪ Fármacos anticolinérgicos, opióides, antidepressivos tricíclicos, bloqueadores de canal de cálcio; ↪ Hipocalemia. Alta: É quando o processo obstrutivo acomete o intestino proximal (jejuno e íleo proximal). Baixa: É quando o comprometimento é do íleo terminal e cólons. Fisiopatologia Na interrupção do trânsito intestinal desencadeia uma série de eventos que podem levar à obstrução intestinal. Dessa forma, na obstrução intestinal mecânica ocorre a distensão proximal da alça por conta do acúmulo de secreção gastrointestinais e de gás, ao passo que a região distal ao bloqueio descomprime assim que o conteúdo luminal passa. O ar engolido e o gás proveniente da fermentação bacteriana podem acumular, adicionando-se à distensão da alça. Com a continuidade do processo, o intestino torna-se edematoso, a função de absorção normal é perdida e o fluido é sequestrado para dentro do lúmen. Inicialmente, essa distensão estimula a peristalse reflexa abaixo do ponto de oclusão, a qual diminui progressivamente até a completa estagnação do movimento intestinal. Essa oclusão pode ocasionar edema na parede intestinal, levando a uma perda da barreira mucosa intestinal e comprometimento do suprimento sanguíneo, levando a isquemia, o que favorece o surgimento da perfuração intestinal. Epidemiologia Trata-se de uma patologia mais frequente em adultos e idosos. As causas mais comuns de obstrução intestinal, variam com alguns fatores, como idade, cirurgia prévia e com a localização da obstrução (alta ou baixa). Embora a obstrução do intestino delgado seja mais comum, a obstrução do intestino grosso constitui aproximadamente 25% de todas as obstruções intestinais. Apesar da ampla triagem para câncer colorretal, a obstrução do intestino grosso é o sintoma inicial de até 30% dos cânceres de cólon. A idade média dos pacientes com câncer colorretal obstrutivo é de 73 anos. Mais de 75% das obstruções do intestino grosso ocorrem no cólon transverso ou distal ao cólon, onde o tamanho do lúmen do cólon é menor. A localização mais comum do câncer colorretal obstrutivo é no cólon sigmóide, e os tumores na flexura esplênica são mais propensos a obstruir do que os tumores na flexura hepática. Imagem 2: Tipos de obstrução mecânicas Imagem 3: Fisiopatologia da obstrução intestinal Imagem 5: Causas mais comuns de obstrução intestinal A localização mais comum do câncer colorretal obstrutivo é no cólon sigmoide, e os tumores na flexura esplênica são mais propensos a obstruir do que os tumores na flexura hepática. Fatores de Risco As causas são diversas, incluindo tumores, inflamação, verminoses e efeitos de cirurgias. Em relação as doenças e condições que podem aumentar o risco de obstrução intestinal são: Cirurgia abdominal ou pélvica, que muitas vezes formam adesões intestinais; Doença de Crohn pode fazer as paredes do intestino se engrossarem, estreitando a passagem. Além de outras doenças inflamatórias intestinal; Câncer abdominal, especialmente se você já fez alguma cirurgia para remover um tumor ou terapia com radioterapia no abdômen. Hérnia inguinal ou abdominal; Históriaou risco aumentado para neoplasia; Radioterapia prévia; História de ingestão de corpo estranho. Manifestações Clínicas As obstruções intestinais produzem quadro clínico variável, o qual é dependente de diversos fatores, como: localização, tempo de obstrução, sofrimento ou não de alça, presença ou ausência de perfuração, grau de contaminação e condição clínica do paciente. Os sintomas mais comuns são: dor abdominal em cólica de início súbito, seguida de náuseas, vômitos e parada de eliminação de flatos e fezes, que caracterizam o 1ª estágio da apresentação clínica. Além disso, os ruídos hidroaéreos (RHA) se apresentam com aumento de timbre (metálico) e frequência. O 2 ª estágio ocorre quando há associação entre os vômitos e o edema de alças, levando a um quadro de desidratação e distúrbios eletrolíticos, além de favorecer a translocação bacteriana, podendo culminar em sepse. Além disso, o sofrimento da alça intestinal, como a isquemia, pode causar uma perfuração, fazendo com que o paciente desenvolva peritonite difusa. A classificação das obstruções é dividida em alta e baixa, sendo que as que acometem o delgado são consideradas altas e as que acometem o intestino grosso, são consideradas baixas. Obstrução alta: Os pacientes, frequentemente, se queixam de: vômitos amarelo-esverdeados e precoces associados com a constipação. Esses pacientes, geralmente, têm história de cirurgia abdominal pregressa (bridas e aderências), além de haver uma relação com a presença de hérnias, por isso, elas devem ser pesquisadas durante o exame físico. Obstrução baixa: observam-se vômitos tardios, de coloração amarelada e, posteriormente, de aspecto fecaloide, porém, o sintoma predominante é a distensão abdominal. Ocorre uma dilatação dos segmentos intestinais, o que pode ocasionar isquemia, necrose e perfuração. Diagnóstico O diagnóstico do abdome agudo obstrutivo é feito, muitas vezes, pela história clínica associada ao exame físico. No entanto, em algumas situações, os exames complementares são úteis para auxiliar no diagnóstico diferencial, no melhor preparo pré-operatório do paciente, na localização da obstrução e quando há dúvidas diagnósticas. Os exames que podem auxiliar no diagnóstico, são: Laboratoriais Hemograma: Mostra alteração na vigência de processo infeccioso, como nos quadros que evoluem para o 2º estágio de evolução. Imagem 5: Locais de obstrução do intestino grosso Imagem 6: Manifestações clínicas da obstrução intestinal Acidose Metabólica: É detectada na gasometria intestinal, pode sugerir um quadro vascular intestinal. Dosagem de glicemia Ureia Creatinina Coagulograma Imagem As radiografias do abdome podem mostrar dilatação de alças intestinais com nível liquido dentro de alças (proximais à obstrução), sugerindo o local da obstrução. Os exames mais úteis são a radiografia simples e a TC de abdome. Mede-se o diâmetro das alças intestinais e cada região possui seu valor máximo (regra 3-6-9): 3 cm no intestino delgado, 6 cm no cólon e 9 cm é o diâmetro máximo do ceco. Valores maiores que estes indicam dilatação. As alças de ID tendem a ocupar o centro do abdome, enquanto as alças de IG têm disposição excêntrica. Outra maneira de identificar a localização é a configuração das pregas intestinais: no Intestino Delgado (ID), elas adquirem configuração de “empilhamento de moedas”, com linhas contínuas (coniventes) que atravessam toda o diâmetro das alças; no IG, as haustrações formam linhas que não atravessam seu diâmetro. Além disso, a TC é mais precisa no que se refere à diferenciação entre dilatações nos intestinos grosso e delgado, identificação de tumores e de aspectos de malignidade se presentes, diferenciação entre volvo sigmoide e cecal, entre outros. Tratamento A obstrução aguda do intestino grosso é uma emergência cirúrgica que representa até 4% das admissões cirúrgicas por indicações abdominais urgentes. Os pacientes diagnosticados com obstrução mecânica aguda do intestino grosso devem ser tratados no hospital. No primeiro momento os cuidados de suporte iniciais do paciente com obstrução mecânica do intestino grosso consistem em repouso intestinal, fluidoterapia intravenosa com correção de anormalidades eletrolíticas e descompressão gástrica para aqueles com náuseas ou vômitos. O tratamento subsequente depende da etiologia e localização da obstrução, comorbidades médicas do paciente e recursos locais e experiência dos médicos disponíveis. Ao contrário das obstruções do intestino delgado, a maioria das quais pode ser tratada de forma não cirúrgica, aproximadamente 75% das obstruções do intestino grosso requerem intervenção cirúrgica durante a mesma internação hospitalar. Obstrução Malignas O câncer colorretal é a causa mais comum de obstrução do intestino grosso, compreendendo 60% de todos os casos. No caso dos pacientes que precisam de cirurgia imediata, eles irão apresentar uma perfuração ou perfuração pendente, estiverem clinicamente instáveis (taquicárdicos, hipotensos, acidóticos) ou altamente sintomáticos. Usa-se colostomia em alça transversal e colostomia "blowhole". Já nos casos em que os pacientes não precisam de cirurgia imediata a colocação de stent endoscópico como terapia de primeira linha em vez de cirurgia imediata, desde que a lesão seja acessível endoscopicamente e a experiência adequada esteja disponível. Os pacientes que apresentam volvulus colônico, o tratamento pode ser dividido em: Volvo de sigmóide: A sigmoidoscopia flexível é geralmente sugerida para descomprimir inicialmente o cólon para permitir cirurgia semi- eletiva (em vez de emergência) ou pode ser o único tratamento em pacientes de alto risco. Volvo cecal: O tratamento é tipicamente cirúrgico. As opções incluem ileocecectomia ou colectomia direita com ou sem derivação proximal, dependendo do paciente e dos fatores clínicos. Nos casos de doença diverticular a cirurgia é necessária para descartar o câncer e também para aliviar os sintomas de obstrução. Já nos casos de colite os procedimentos cirúrgicos comumente usados para tratar a colite ulcerativa ou proctite de Crohn incluem colectomia segmentar, Esses 4 ultimos exames são indicados para detectar eventuais distúrbios que devem ser corrigidos antes da realização do procedimento cirúrgico. Imagem 7: Radiografias da obstrução intestinal colectomia total com anastomose ileorretal, proctocolectomia total com ileostomia final e proctectomia. A escolha do procedimento depende da localização da doença e da indicação da cirurgia. Referência Medicina interna de Harrison, 2020. Porth, Fisiopatologia, 2016 Zaterka, Tratado de gastroenterologia, 2016 Obstrução do intestino grosso. - https://www.uptodate.com/contents/large-bowel- obstruction?search=obstru%C3%A7%C3%A3o%20inte stino%20grosso&source=search_result&selectedTitle=1~ 133&usage_type=default&display_rank=1#H194983564 . https://www.uptodate.com/contents/large-bowel-obstruction?search=obstru%C3%A7%C3%A3o%20intestino%20grosso&source=search_result&selectedTitle=1~133&usage_type=default&display_rank=1#H194983564 https://www.uptodate.com/contents/large-bowel-obstruction?search=obstru%C3%A7%C3%A3o%20intestino%20grosso&source=search_result&selectedTitle=1~133&usage_type=default&display_rank=1#H194983564 https://www.uptodate.com/contents/large-bowel-obstruction?search=obstru%C3%A7%C3%A3o%20intestino%20grosso&source=search_result&selectedTitle=1~133&usage_type=default&display_rank=1#H194983564 https://www.uptodate.com/contents/large-bowel-obstruction?search=obstru%C3%A7%C3%A3o%20intestino%20grosso&source=search_result&selectedTitle=1~133&usage_type=default&display_rank=1#H194983564
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