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AIN 1- VERTIGEM

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NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 1 
 
 
OBJETIVOS: 
1. DESCREVER A FISIOLOGIA DO SISTEMA CEREBELO, O TRATO VESTIBULO-
ESPINHAL E OS NERVOS CRANIANOS RELACIONADOS COM A MOTRICIDADE 
FISIOLOGIA DO CEREBELO: 
- O cerebelo se localiza na fossa posterior do encéfalo, logo atrás do tronco encefálico, mais propriamente da 
ponte. Apresenta um córtex (substância cinzenta periférica), uma substância branca subcortical, contendo 
fibras aferentes, eferentes e associativas e quatro núcleos cerebelares internos, um de cada lado (substância 
cinzenta interna), sendo o principal o núcleo denteado e os demais chamados emboliforme, globoso e fastidial 
 
- O cerebelo também participa da regulação da função motora, trabalhando em conjunto com os sistemas 
piramidal e extrapiramidal 
- A função do cerebelo é o ajuste fino do movimento, permitindo a harmonia perfeita entre os músculos 
agonistas (que estão contraindo) e antagonistas (que estão relaxando) 
- Para isso o cerebelo precisa de 3 coisas: 
1) Receber sinais da propriocepção inconsciente  informação sobre o tônus muscular e a posição 
segmentar 
 
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2) Interagir com o sistema vestibular do equilíbrio 
3) Integrar-se com o córtex motor e pré-motor (sistema piramidal e extrapiramidal) 
- O córtex cerebelar é dividido em arquicerebelo (flóculo e nódulo), paleocerebelo (porção superior e inferior 
do vérmis; vérmis = porção medial do córtex cerebelar, que liga os dois lobos do cerebelo) e neocerebelo (a 
maior parte do córtex cerebelar) 
 De uma forma geral, o arquicerebelo faz um pequeno circuito com os núcleos vestibulares do tronco 
encefálico, modulando de forma inconsciente e instantânea o controle motor do equilíbrio. Para isso, 
utiliza o núcleo fastidial cerebelar 
 O paleocerebelo está envolvido com a modulação do movimento de acordo com a propriocepção 
inconsciente (tratos espinocerebelares), utilizando para isso os núcleos emboliforme e globoso 
 Por fim, o neocerebelo se encarrega da integração cerebelar com o córtex cerebral motor e pré-motor 
(diretamente com o sistema piramidal e indiretamente com o sistema extrapiramidal). O neocerebelo 
apresenta organização somatotópica dos seguimentos corporais, tal como no córtex motor e pré-motor 
e nos gânglios da base 
- As células principais do córtex cerebelar são as células de Purkinje, que recebem as fibras aferentes 
cerebelares e mandam axônios para os núcleos cerebelares internos. São esses núcleos que originam as 
fibras eferentes do cerebelo 
- A propriocepção é a noção da posição segmentar e do grau de estiramento e tensão muscular. A 
propriocepção CONSCIENTE é a capacidade de mesmo com os olhos fechados, dizer exatamente em que 
posição está o nosso braço, dedo, perna, cabeça e em que posição estamos. A propriocepção 
INCONSCIENTE informa ao cerebelo, a cada instante, a posição segmentar e o estiramento de cada 
músculo, para que ele possa criar as medidas de ajuste necessárias 
- O cerebelo recebe os sinais da propriocepção inconsciente através dos feixes espinocerebelares anterior e 
posterior, provenientes do neurônios sensitivos da medula. Esses feixes passam pela porção dorsolateral do 
bulbo, sendo que o feixe posterior penetra no cerebelo pelo pedúnculo cerebelar inferior (“corpo restiforme”) e 
o feixe anterior sobre pelo tegmento pontinho, chegando ao cerebelo através do pedúnculo cerebelar superior 
(“braço conjuntivo”) 
 Os feixes espinocerebelares não cruzam 
- Seus axônios fazem sinapse com as células de Purkinje do córtex do paleocerebelo que, por sua vez, 
mandam fibras aos núcleos primitivos (emboliforme e globoso). Estes núcleos respondem enviando fibras 
através do pedúnculo cerebelar superior e cruzam para o lado oposto (uma decussação visualizada na 
porção inferior do tegmento mesencefálico), alcançando o núcleo rubro contralateral. 
- O núcleo rubro, como já sabemos, manda o feixe rubroespinhal para controlar os neurônios gama da ponta 
anterior. Você deve pensar então que a resposta cerebelar ao estímulo proprioceptivo é contralateral, que as 
fibras cerebelo-rubrais cruzam 
- Acontece que o feixe rubroespinhal também cruza!! Ora, se o estímulo cerebelo-rubral cruza, mas as fibras 
rubroespinhais também cruzam, é como se cada hemisfério cerebelar comandasse os neurônios gama 
medulares do mesmo lado (ipsilaterais). Isso explica porque as lesões dos feixes espinocerebelares causam 
ataxia cerebelar ipsilateral. 
 
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ARQUICEREBELO – núcleo fastidial – núcleos vestibulares (regulação do equilíbrio) 
PALEOCEREBELO – núcleos emboliforme e globoso – feixes espinocerebelares (propriocepção 
inconsciente) – núcleo rubro (ajuste fino do movimento) 
- A integração do neocerebelo com o córtex cerebral motor (área 4) e pré�motor (área 6) é fundamental para 
ajustar os movimentos voluntários. Logo após decidir executar um movimento, o cerebelo recebe estímulos 
provenientes do cérebro e dá um pronto retorno aos neurônios do córtex motor e pré-motor. Por isso, o 
movimento já se inicia harmonioso 
- Os neurônios piramidais da área 4 mandam axônios que acompanham as fibras piramidais até chegar à 
ponte. Este é o feixe corticopontino, que faz sinapse com neurônios dos núcleos pontinhos ipsilaterais, 
dispostos de forma heterogênea na base da ponte (porção anterior “avantajada” da ponte”). Os axônios dos 
núcleos pontinhos cruzam para o outro lado, no feixe pontocerebelar que, por sua vez, ganha o cerebelo pelo 
pedúnculo cerebelar médio (“braço da ponte”), ativando as células de Purkinje no neocerebelo contralateral. 
As células de Purkinje mandam fibras ao núcleo denteado, que envia axônios que cruzam para o lado oposto, 
chegando ao tálamo (núcleo ventrolateral) que, por sua vez, manda fibras de volta ao córtex cerebral da área 
motora e pré-motora. Completa-se o circuito córtico-ponto-cerebelo-tálamo-cortical. 
- Outro circuito de feedback do neocerebelo é o triângulo de Guillain�Mollaret, utilizando o núcleo rubro 
mesencefálico e o núcleo olivar inferior, localizado no bulbo. O neocerebelo, através das células de Purkinje 
corticais e do núcleo denteado, manda fibras para o núcleo rubro contralateral (pelo pedúnculo cerebelar 
superior) que, por sua vez, envia axônios, por intermédio do feixe tegmentar central, para o núcleo olivar 
inferior. Este último fecha o circuito, ao emitir axônios pelo pedúnculo cerebelar inferior de volta ao 
neocerebelo (como estas fibras cruzam, a devolução é para o hemicerebelo que iniciou o circuito...). Esta é 
mais uma participação do nú- cleo rubro na função cerebelar, agora interagindo com o neocerebelo. Este 
núcleo é a grande via eferente do cerebelo para os neurônios motores da medula espinhal!! 
Neocerebelo – núcleo denteado – circuito córtico-ponto-cerebelo-tálamo-cortical (controle do córtex pelo 
cerebelo e vice-versa); 
 
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Neocerebelo – núcleo denteado – triângulo de Mollaret: circuito cerebelo-rubro-olivo-cerebelar 
Cerebelo = cruza 2x = síndrome ipsilateral 
Cérebro (piramidal ou extrapiramidal) = cruza 1x = síndrome contralateral 
TRATO VESTIBULOESPINHAL 
- É uma via envolvida no equilíbrio 
- Ao receber informações dos canais 
semicirculares do ouvido interno, esse trato ativa 
os músculos extensores e inibe os flexores 
- Origina-se nos núcleos vestibulares do tronco 
encefálico e desce sem cruzar através do 
funículo anterior da medula espinhal, terminando 
no corno anterior 
- São 2 tratos, medial e lateral 
- São feitos, assim, ajustes posturais, permitindo que seja mantido o equilíbrio mesmo após alterações súbitas 
do corpo no espaço. Ex.: durante uma tropeçada, por ação das fibras dos tratos vestibuloespinhais, ocorre 
resposta reflexa extensora dos músculos antigravitacionais para impedir a queda. 
NERVOS CRANIANOS MOTORES: 
- A função de um nervo é transmitir informação sensitiva e/ou motoraentre o corpo e o cérebro. Se a 
informação vai do cérebro para a periferia, o nervo é eferente (motor). Se ela vai da periferia para o cérebro, 
então ele é um nervo aferente (sensitivo). Nervos que carregam informações em ambos os sentidos são 
nervos mistos. 
- Nervos motores: 
 Nervo oculomotor (III)  é um nervo eferente motor tanto somático quanto visceral. Isto quer dizer que 
ele tem 2 núcleos e contém 2 tipos de fibras eferentes. Como seu nome sugere, o nervo oculomotor é 
o principal nervo motor que inerva o olho. Ele se origina do mesencéfalo e deixa o crânio através da 
fissura orbital (orbitária) superior, para entrar na órbita, onde ele vai permitir a movimentação dos 
olhos, a constrição da pupila (miose) e a acomodação do cristalino 
 
 
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 Nervo troclear (IV)  é um nervo motor somático geral. Ele se origina do mesencéfalo e entra na 
órbita através da fissura orbital (orbitária) superior. O troclear inerva um músculo ocular, tendo função, 
portanto, na movimentação ocular. 
 
 Nervo abducente (VI)  é um nervo eferente somático geral, que inerva o músculo reto lateral 
(extraocular). Ele se origina do tronco encefálico e sai do crânio através da fissura orbital (orbitária) 
superior 
 
 Nervo acessório (XI)  é um nervo eferente que se origina do tronco encefálico e da medula espinhal. 
Ele sai do crânio através do forame (buraco) jugular e permite a fonação e movimentos da cabeça e 
dos ombros. Fibras sensoriais do plexo cervical se juntam ao nervo acessório para transmitir as 
sensações dos músculos por ele inervados. 
 
 Nervo hipoglosso (XII)  é um nervo eferente somático geral que se origina no tronco encefálico. Ele 
deixa o crânio através do forame (buraco) hipoglosso. Sua função é permitir os movimentos da língua. 
 
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- Nervos mistos: 
 Nervo trigêmeo (V)  é um nervo misto, que contém tanto fibras viscerais especiais, quanto fibras 
somáticas gerais. Estas fibras se originam do tronco cerebral, formando o gânglio trigeminal, próximo 
ao ápice da parte petrosa do osso temporal. O nervo trigêmeo se divide em 3 ramos: nervo oftálmico 
(NC V1), nervo maxilar (NC V2) e nervo mandibular (NC V3). Cada um deles deixa o crânio por uma 
abertura diferente: o oftálmico sai através da fissura orbital (orbitária) superior, o maxilar através do 
forame (buraco) redondo e o mandibular se exterioriza através do forame (buraco) oval. 
 
 Nervo facial (VII)  é um nervo multimodal, que contém tanto fibras gerais como especiais. Ele se 
origina do tronco encefálico como duas divisões separadas: uma raiz primária maior carregando fibras 
motoras e um nervo intermediário menor carregando fibras sensoriais e parassimpáticas. As duas 
divisões deixam a cavidade craniana através do meato acústico interno e depois seguem pelo canal 
facial. Aqui elas se juntam, formando o nervo facial propriamente dito, e juntas, deixam o crânio 
através do forame (buraco) estilomastóideo. Quando o nervo facial chega até a face, ele tem várias 
funções, como expressão facial, secreção de glândulas e sensação de tato. 
 
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 Nervo glossofaríngeo (IX)  é outro nervo multimodal. Ele se origina do tronco encefálico e deixa o 
crânio através do forame (buraco) jugular. Ele permite a deglutição, salivação e sensação gustativa, 
assim como sensações viscerais e gerais da cavidade oral. 
 
 Nervo vago (X)  também é um nervo multimodal, que se origina de múltiplos nervos no tronco 
encefálico e deixa o crânio através do forame (buraco) jugular. Ele é o nervo craniano mais longo e o 
único a deixar a região da cabeça e do pescoço. Ele vai até as cavidades torácica e abdominal, 
levando inervação parassimpática para os órgãos viscerais. 
 
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- Nervos sensoriais: 
 Nervo olfatório (I) 
 Nervo óptico (II) 
 Nervo vestibulococlear (VIII) 
 
 
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2. DIFERENCIAR A SÍNDROME VERTIGINOSA DE ORIGEM PERIFÉRICA DAQUELA DE 
ORIGEM CENTRAL, COM ÊNFASE NA CARACTERÍSTICA DO NISTAGMO 
- Vertigem é uma ilusão de movimento, seja do ambiente ou da própria pessoa, mais frequentemente de 
natureza rotatória, embora pode ser translacional ou de inclinação 
- A vertigem resulta basicamente de transtornos do sistema vestibular, que inclui o labirinto vestibular, o nervo 
vestibular, os núcleos vestibulares no tronco encefálico, as partes vestibulares do cerebelo, as conexões 
entre essas estruturas e, apenas raramente, em partes mais altas do telencéfalo. 
- O labirinto vestibular, localizado nos ossos temporais, é constituído por 3 canais semicirculares de 
orientação ortogonal (anterior, posterior e lateral) e o vestíbulo, que contém os órgãos otolíticos (utrículo e 
sáculo) dispostos aproximadamente 90° um do outro. O utrículo responde à aceleração angular e o sáculo 
reage à inclinação linear, inclusive translação ou inclinação 
- Quando a pessoa gira a cabeça, o líquido endolinfático nos canais semicirculares apresenta uma defasagem 
no seu movimento, resultando em deflexão da cúpula gelatinosa no canal, que ativa ou inibe a deflagração 
das células ciliadas. A ativação de um lado se acompanha de inibição no canal complementar contralateral 
- A partir do labirinto vestibular, os neurônios transmitem as informações centralmente através da parte 
vestibular do VIII nervo craniano para o tronco encefálico e os núcleos vestibulares, projetando-se a seguir 
para o cerebelo, os núcleos motores oculares, a medula espinal e, por vias menos bem conhecidas, para o 
telencéfalo 
- A integração das combinações de ativações e inibições dos vários componentes do sistema vestibular dos 2 
ouvidos, juntamente com o aporte (input) visual e o aporte proprioceptivo, detecta movimento, rotação, 
translação e inclinação com consequente influência nos movimentos oculares e na postura 
- A vertigem pode resultar de transtornos do sistema vestibular periférico (labirinto ou nervo vestibular) ou do 
sistema vestibular central (tronco encefálico, cerebelo, suas conexões e, raramente, cérebro) e essa 
localização é a etapa seguinte natural na investigação diagnóstica de vertigem 
 
- No paciente que sofre o 1º episódio de vertigem, a principal preocupação consiste na investigação de AVE e 
diferenciação de neurite vestibular. A existência de fatores de risco vasculares e outras manifestações 
neurológicas, cefaleia e queixas relacionadas com o tronco encefálico é extremamente importante 
- No paciente com episódios recorrentes de vertigem, os principais diagnósticos diferenciais incluem vertigem 
paroxística posicional benigna (VPPB), síndrome de Ménière e enxaqueca. 
- A perda da função vestibular influencia os movimentos oculares e a estabilização da imagem. O equilíbrio e 
a orientação espacial. Além da vertigem, os pacientes podem sentir que estão inclinados, que o mundo “está 
 
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sacudindo” enquanto caminham (oscilopsia), apresentam desorientação espacial, desequilíbrio e, raramente, 
apresentam episódios de queda quando sentem estão sendo empurrados ou puxados para o chão. Esses 
episódios de queda, conhecidas como crises otolíticas de Tumarkin, ocorrem mais frequentemente na 
síndrome de Ménière, embora possam ser observados em outras condições vestibulares. 
 
 
3. CITAR OS PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS QUE CURSAM COM 
VERTIGEM PERIFÉRICA 
- Principais causas de vertigem periférica: 
 Vertigem paroxística posicional benigna  nistagmo posicional, breve e recorrente, que ocorre apenas 
em determinadas posições 
 
 Neurite vestibular  vertigem aguda, episódio isolado, pródromo viral 
 
 Síndrome de Ramsay Hunt (herpes-zóster ótico)  vertigem aguda, episódio único, vesículas na 
orelha ou próximo a ela, paralisia do nervo facial, surdez 
 
 Síndrome de Meiére  vertigemrecorrente, duração de minutos a horas, sintomas otológicos 
unilaterais de plenitude, perda auditiva, tinido 
 
 Traumatismo  relato de traumatismo 
 
 Fístula perilinfática  vertigem episódica, associada com a manobra de Valsava, sons altos 
(fenômeno de Tullio), relato de traumatismo 
 
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 Deiscência do canal superior  vertigem episódica, associada com manobra de Valsava, sons altos 
 
 Síndrome de Cogan  síndrome semelhante a síndrome de Meniére com ceratite intersticial 
 
 Neuroma do acústico  raramente vertigem, mais perda de equilíbrio, tinido ou perda auditiva 
unilateral 
 
 Medicamentos  exposição a aminoglicosídeos 
 
 Otite  evidências de otite 
 
 Isquemia do labirinto  existência de fatores de risco vasculares, vertigem súbita e perda auditiva 
 
 Vestibulopatia recorrente  episódios recorrentes, mas sem manifestações otológicas que sugiram 
síndrome de Meniére 
4. DESCREVER A AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA MÍNIMA DO PACIENTE COM VERTIGEM 
- O exame físico do paciente com vertigem inclui todos os elementos do exame neurológico com atenção 
especial a determinados aspectos 
- Os ouvidos tem de ser examinados e a acuidade auditiva tem de ser avaliada 
- O exame oftalmológico é especialmente importante. Primeiro, deve ser observado se existe nistagmo na 
mirada primária e com os movimentos oculares em todas as direções. Tornar a observar após a perda da 
capacidade de fixação pelo uso de lentes de aumento de Frenzel – óculos com lentes de aumento que 
possibilitam a visualização dos movimentos oculares, mas impedem a fixação da mirada. Se não houver 
lentes de Frenzel, a fixação pode ser eliminada durante o exame oftalmológico pela cobertura do olho que 
não está sendo examinado com a mão livre e observando se ocorre nistagmo do disco óptico. É preciso 
lembrar que esse movimento ocorre no sentido oposto do movimento da parte frontal do olho. Verificar o tipo 
de movimento (horizontal, vertical, torsional, misto), o efeito da fixação e o efeito da mirada. O nistagmo 
pendular é sinusoidal, enquanto o nistagmo espasmódico, o nistagmo mais observado, consiste em incursão 
lenta em uma direção e rápida correção. É causado por desequilíbrio do aporte vestibular, seja periférico ou 
central 
- O nistagmo espasmódico é nomeado segundo a direção da fase rápida e pode ser subclassificado segundo 
sua trajetória e as condições nas quais é observado 
 
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- Além do nistagmo, a disfunção vestibular periférica unilateral resulta em assimetria sutil da posição vertical 
dos olhos com o olho homolateral em uma posição mais baixa na órbita que o outro olho e torsão conjugada 
homolateral dos olhos. Além dos achados motores oculares, o paciente geralmente apresenta discreta 
inclinação da cabeça para o lado acometido e tendência para cair para o mesmo lado. Esses indivíduos 
podem perceber vertical como discretamente inclinado. O teste da cadeira giratória revela desvio homolateral. 
Os resultados das manobras de Romberg e marcha tandem revelam comprometimento, mas não são 
específicos. O teste de Fukuda, caminhar no mesmo lugar com os olhos fechados, mostra desvio para o lado 
da lesão vestibular. 
TESTES DE EQUILÍBRIO: 
EQUILÍBRIO ESTÁTICO: 
TESTE DE ROMBERG  O paciente é colocado em posição ortostática, com os calcanhares unidos e pontas 
dos pés separados em 30°, cabeça reta, braços ao longo do corpo na posição anatômica, olhos fechados 
(para inibir a visão) durante um minuto. O exame é considerado alterado se houver queda. 
 Nas afecções centrais, a queda ocorre geralmente para frente ou para trás (Romberg clássico) 
enquanto nos distúrbios do sistema proprioceptivo, não há lado preferencial para a queda 
 Nas cerebelopatias o paciente procura manter a base alargada (abasia), caindo ao aproximar os pés, 
mesmo de olhos abertos. Classicamente quando há queda com lateralização para direita ou esquerda 
pede-se ao paciente para girar a cabeça primeiro para a direita e depois para a esquerda para 
observar se há alteração na direção da queda, dependendo da posição do labirinto posterior. Isto 
caracteriza um Romberg Vestibular. 
APOIO MONOPODAL DE UEMURA  consiste em equilibrar-se sobre um pé com os olhos fechados. 
Classicamente observa-se um indivíduo com déficit vestibular uni ou bilateral não consegue se equilibrar 
sobre um pé com os olhos fechados (após os 55 anos de idade é quase impossível não haver alteração 
nesse teste) 
BRAÇOS ESTENDIDOS  o paciente deverá permanecer com os braços estendidos à sua frente, paralelos 
entre si, com os dedos indicadores apontando para frente. Em seguida solicitamos que feche os olhos, 
observado se o paciente é capaz de manter os braços em posição inicial. 
 
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 É considerado normal se houver ausência de desvio dos braços após 1 a 2 minutos e alterado se 
houver desvio de 2 a 3 cm durante o mesmo período 
 Nas patologias centrais, ocorre queda de um ou de ambos os braços e os desvios não são conjugados 
enquanto nas periféricas observa-se desvio conjugado dos braços para o lado lesado 
EQUILÍBRIO DINÂMICO (MARCHA): 
TESTE DE BABINSKI-WEIL (PROVA DE MARCHA ÀS CEGAS)  o paciente deve caminhar, de olhos 
fechados, para frente e para trás num percurso de aproximadamente 1,5m 
 Espera-se em indivíduos saudáveis que não ocorra desvio da marcha 
 No caso de lesão vestibular unilateral, o tônus muscular será assimétrico, provocando desvio da 
marcha para o lado lesado, descrevendo uma marcha em estrela 
TESTES DE COORDENAÇÃO (FUNÇÃO CEREBELAR): 
PROVA DE ÍNDEX-NARIZ/ÍNDEX-ÍNDEX/ÍNDEX-JOELHO: 
 Índex-índex  paciente realiza movimento de elevação e abaixamento dos braços, com os olhos 
fechados, usando os dedos do médico como referência. Se o paciente tocar o ponto de partida a 
prova é negativa 
 Índex-nariz  de braços estendidos ao lado do corpo, com os olhos fechados, o paciente deve realizar 
manobras com a ponta de seu indicador a ponta de seu nariz 
 Índex-joelho  com o indicador e os olhos fechados o paciente toca várias vezes o joelho 
- Quando a lesão é periférica, o desvio é harmonioso e só se verifica com os movimentos do mesmo lado 
- Nas patologias centrais e cerebelares os erros da manobra são na medida 
DIADOCOCINESIA: 
- O paciente realiza movimentos repetitivos e alternados em pronação e supinação das mãos sobre os joelhos 
- Este teste estará alterado em patologias cerebelares 
- A incoordenação unilateral dos movimentos, nos diversos testes, sugere o comprometimento do hemisfério 
cerebelar homolateral enquanto a incoordenação bilateral pode ocorrer em afecções do vermis cerebelar, 
entretando a frequência de normalidade é maior nestas condições 
MANOBRAS POSICIONAIS: 
TESTE DE IMPULSÃO CEFÁLICA: 
- É realizado na investigação de perda de aporte vestibular do labirinto vestibular ou do nervo vestibular para 
o reflexo vestíbulo-ocular 
- É realizado pedindo ao paciente para olhar fixamente um objeto diretamente a sua frente. A seguir a cabeça 
do paciente é girada rapidamente em cerca de 15° 
- Em circunstâncias normais os olhos permanecem focalizados no objeto. Se houver uma lesão vestibular no 
lado para o qual a cabeça do paciente é girada, há perda da fixação e os olhos se movem com a cabeça e é 
necessário um movimento sacádico para a refixação 
- De modo geral, o teste de impulsão cefálica é normal nos indivíduos com causas centrais de vertigem 
 
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- Nos casos de síndrome vestibular aguda, a combinação do teste de impulsão cefálica com a investigação de 
nistagmo e a existência de assimetria pode ser utilizada para diferenciar uma lesão vestibular periférica aguda 
de uma lesão central aguda com o infarto cerebral com mais acurácia do que a RM 
 
MANOBRA DE DIX-HALLPIKE: 
- Manobrasposicional também precisam ser realizadas para descartar a possibilidade de Vertigem Posicional 
Paroxística Benigna. Na VPPB a vertigem é precipitada por movimentos característicos da cabeça e 
consequente aos “restos de otólitos” nos canais semicirculares, mais frequentemente no canal posterior 
- A manobra consiste em sentar o paciente com a cabeça girada 45° para um lado. A seguir o paciente 
retorna ao decúbito dorsal com a cabeça esticada 30°. Observa-se durante pelo menos 30 segundos se 
ocorre nistagmo. 
- Um resultado positivo consiste na ocorrência de nistagmo após alguns segundos, com duração de até 1 min. 
O examinador verifica se ocorre nistagmo rotatório com oscilação para cima do polo superior do olho para o 
chão. Essa resposta apresentará fadiga se for repetida algumas vezes 
5. ESTABELECER O TRATAMENTO PARA A PACIENTE COM VERTIGEM POSICIONAL 
PAROXÍSTICA BENIGNA 
- A vertigem posicional paroxística benigna é considerada a causa mais comum de vertigem periférica 
- Os pacientes referem sensações de vertigem, que são causadas pela movimentação da cabeça; em geral 
eles referem que a vertigem é agravada quando se levantam ou se deitam na cama, ou quando mudam de 
posição enquanto dormem 
- Esses episódios podem ser graves e provocar quedas 
- Em geral, cada episódio estende-se por menos que 1 minuto 
 
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- Os pacientes com VPPB não tem perda auditiva, tinido ou sensação de plenitude no ouvido 
- A incidência aumenta com a idade e há ligeiro predomínio no sexo feminino 
- Cerca de 50% dos casos começam depois de traumatismo craniano 
- Esse distúrbio parece ser causado pelo deslocamento dos otocônios – cristais de carbonato de cálcio, que 
normalmente estão presentes no utrículo ou no sáculo – para dentro dos canais semicirculares. Esses cristais 
acrescentam inércia ao modelo de torsão-pêndulo de ativação dos canais semicirculares. Quando há uma 
disparidade entre as inercias dos 2 ouvidos, sinais desproporcionais são enviados ao longo dos nervos 
vestibulares direito e esquerdo e provocam nistagmo e sensação de vertigem, até que o movimento dentro do 
ouvido interno seja interrompido 
- É uma doença autolimitada, mas pode persistir por um intervalo longo, antes de regredir 
DIAGNÓSTICO: 
- É estabelecido por manobras posicionais provocativas 
- No caso da VPPB do canal posterior, deve-se realizar a manobra de Dix-Hallpike, com a qual a cabeça do 
paciente é girada na direção do ouvido afetado e ele se deita de costas rapidamente, estendendo o pescoço. 
Quando a manobra é positiva, o paciente apresenta nistagmo vertical-giratório por alguns segundo, com 
latência e fatigabilidade 
- No caso da VPPB do canal semicircular horizontal, o diagnóstico é estabelecido girando-se a cabeça para o 
lado afetado com o paciente deitado em posição supina 
- O diagnóstico da VPPB do canal superior consiste em provocar nistagmo vertical, e nesses casos, é 
necessário excluir lesões centrais 
- Essas manobras não devem ser realizadas a menos que primeiramente tenham sido excluídas lesões 
neurovasculares 
TRATAMENTO: 
- Consiste em manobras de reposicionamento dos canalitos, que parecem deslocar os cristais e permitir que 
caiam dentro de um compartimento seguro do ouvido interno 
- Nos casos de VPPB dos canais semicirculares posteriores, a manobra consiste em 5 fases (MANOBRA DE 
EPLEY) 
1) Manobra de Dix-Hallpike  com o paciente sentado sobre a maca, gire a cabeça do paciente 45º 
para o lado a ser avaliado e em seguida, com ajuda do paciente, assuma posição de decúbito dorsal 
sobre a cabeça pendente na maca mantendo a posição de 45º para o lado a ser avaliado. Então, o 
examinador deve observar os olhos do paciente para análise de nistagmo de posicionamento 
 
 
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2) Rotação da cabeça para o lado oposto 
3) Rotação para o lado oposto com a cabeça abaixada 
4) Posição sentada e depois rotação da cabeça para frente 
5) Flexão do mento 
- A manobra deve ser repetida até que o nistagmo desapareça 
- O paciente é instruído a manter a cabeça nivelada nas próximas 48h 
- Essa manobra é extremamente eficaz, mas em alguns casos precisa ser repetida várias vezes 
- Nos casos graves e resistentes, pode-se oferecer a possibilidade de fazer neurectomia singular, que corta a 
inervação do canal semicircular posterior, porém é tecnicamente difícil e tem um risco maior de perda auditiva 
para o paciente 
 
 
NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 18 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=lKWobehUjMQ

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