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INTRODUÇÃO AO PENSAMENTO FILOSÓFICO ADAPTAÇÃO de Filosofia, autoria de PROFª DRA. LUCI BONINI A mente que se abre para uma nova ideia, jamais retorna ao seu tamanho original. A. Einstein A disciplina versa sobre a relevância da Filosofia para a sociedade contemporânea e para o exercício da profissão. Examina os fundamentos filosóficos enquanto instrumentos de reflexão e compreensão do universo no qual se inserem as atividades sociais com vistas ao desenvolvimento de uma visão crítica da realidade em sua diversidade cultural. É partícipe do estudo a evolução do pensamento humano ao longo dos tempos, incluindo a reflexão sobre as origens da filosofia, seus objetos e métodos. Referências ARANHA, Maria Lúcia de Arruda,; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. 2. ed., rev. e atual. São Paulo: Moderna, 1993-2001. 395 DUROZOI, Gérard; ROUSSEL, André. Dicionário de filosofia. 2. ed. Campinas: Papirus, 1996 511 SEVERINO, Antonio Joaquim. Filosofia. São Paulo: Cortez, 1994 211 p (Magistério 2. grau ; Formação geral) GHIRALDELLI JR. P. Introdução à Filosofia. Barueri-SP: Manole,2003 ARANHA, Maria Lúcia de Arruda,; MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de filosofia. São Paulo: Moderna, 1992 232 p. ISBN 85-16-00690-5. CHAUÍ, M. Convite à filosofia. São Paulo: Atica, 2005 BURNET, John. O despertar da filosofia grega. São Paulo: Siciliano, 1994 301 p. ISBN 85-267- 0605-5. Filosofia e o simbolismo da sabedoria Algumas reflexões a partir do livro de: BITTAR, Eduardo C. B. & ALMEIDA, Guilherme Assis de. Curso de Filosofia do Direito. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2009 Em muitas línguas (cibou, no francês, owl, no inglês, Eule, no alemão) a coruja é a ave que simboliza a sabedoria. Isso se deve ao fato de, na tradição grega, a coruja (koukoubagía) ter sido vista como a ave de Athena (Minerva, para os romanos), ou seja, como símbolo da racionalidade e da sabedoria (sophia), como a representação da atitude desperta, que procura e que não dorme, que age sob o fluxo lunar e que, portanto, não dorme quando se trata da busca do conhecimento. (p. 1) • A sabedoria realmente evoca experiência e capacidade de absorção reflexiva da experiência mundana • (...) O espanto diante do mundo. • A coruja que plana e que observa à distância, com grandes olhos, retira das alturas sua vantagem na observação. (p.2) • O mosteiro, que para a sociedade medieval é o lugar, por definição, da reclusão, da vida monástica, da oração, da preservação da tradição, da proclamação da fé e da ligação com o divino, da concentração no espiritual e, exatamente por isso, o lugar da busca da ascese espiritual que se faz somente na proximidade do caelum, confere aos monges a condição de mediadores entre o mundo humano (mundo terreno) e o mundo divino (mundo celeste), se situando entre ambos. (p. 2) • Por sua vez, a fortaleza desempenha o papel defensivo contra os ataques sorrateiros do inimigo, especialmente em uma sociedade profundamente dividida, sujeita a invasões permanentes e especialmente descentrada de uma unificação das forças de defesa e proteção. Por isso, a fortaleza se posta sobre a colina, próxima ao despenhadeiro, de onde a sentinela pode tudo observar. Um mundo acossado permanentemente pelo medo é um mundo para o qual é necessário todo tipo de atitude defensiva, e as comunidades procuram o abrigo dos muros fortificados. (p. 2) • O filósofo se distancia para compreender, o monge se distancia para contemplar e o guerreiro se distancia para ter a visão defensiva estrategicamente completa. (...) theorós, a daquele que se posta a observar. (p. 3) Só os filósofos têm ousadia para se lançar nesta jornada rumo aos limites da linguagem e da existência. Alguns deles ... berram para as pessoas que estão lá embaixo... Mas nenhuma das pessoas lá de baixo se interessa pela gritaria dos filósofos. (Gaarder, O Mundo de Sofia) Quem sou? Por que estou aqui? Como o mundo começou? Existe um Deus? Para onde e vou depois de morrer? A racionalidade deu à luz a todas as ciências Física, Química, Biologia e até Matemática já fizeram parte da Filosofia. Mas, com o avanço da tecnologia, a filosofia e a ciência se separaram. Segundo Einstein, o objeto é observado de maneira diferente dependendo do ponto de vista do observador. COMO VOCÊ VÊ O MUNDO Então, para que serve a filosofia hoje em dia? • Os filósofos são muito mais procurados por serem preparados para pensar claramente sobre os problemas. • É comum jornais e outros meios de comunicação perguntarem a opinião de filósofos sobre os temas atuais. • Muitos filósofos trabalham em universidades. • Eles ensinam aos jovens como pensar e argumentar claramente estudando outros filósofos. Conceitos • A palavra filosofia é de origem grega. • É composta por duas outras: philo e sophia. • Philo deriva-se de philia, que significa amizade, amor fraterno, respeito entre os iguais. • Sophia quer dizer sabedoria e dela vem a palavra sophos, sábio. • Filosofia é a arte que busca conhecer racionalmente a natureza, o ser humano, o universo e as transformações que neles ocorrem. • Entende-se por filosofia grega os períodos que existiram antes e depois de Sócrates, sendo eles: - Período pré-socrático, - Período socrático, - Período sistemático - Período helenístico. Filosofia é razão - O Filósofo é a razão em movimento na busca de si mesma. A ideia da Filosofia como razão consolidou- se na afirmação de Aristóteles: "O homem é um animal racional". Filosofia é Paixão - O Filósofo antes de tudo é um amante da sabedoria. O que move o mundo não é a razão, mas a paixão. "O coração tem razões que a própria razão desconhece" Pascal • Filosofia é Mito - O Filósofo é um mítico em busca da verdade velada. • Só pensamos naquilo que cremos, e só cremos naquilo que queremos. • O mito para a Filosofia é vital, pois cria ícones possíveis do mundo das ideias. • "Há mais mistérios entre os céus e a terra do que pressupõe a vossa vã Filosofia". William Shakespeare. Características da Filosofia Aristóteles - espanto, com o reconhecimento da ignorância. ignorância - incapacidade de dar sentido à vida e ao universo. Alegoria da caverna. • Reivindicação de liberdade: o filósofo reconhece a sua razão como a capacidade mais importante do ser humano, conjunto de capacidades de pensar, de explicar os fenômenos, de calcular, de prever, de projetar, de sonhar, de imaginar, de criar e, também, de destruir, pois a racionalidade não está isenta de erro • Errar é uma possibilidade que está aberta ao ser humano • Liberdade, motivação e um quadro valorativo que oriente o uso da liberdade. Busca da verdade OBJETO DA FILOSOFIA • Questões metafísicas: • Meta - além do físico - problemas do ser e da realidade - o Homem como fundamento e suporte de tudo o que existe • Questões lógicas: problemas do pensar. • Questões da teoria do conhecimento: problemas do conhecimento em geral. • Questões epistemológicas, de teoria e filosofia da ciência: problemas do conhecimento científico e da ciência • Enquanto as outras ciências conhecem, a filosofia estuda a possibilidade do próprio conhecimento, os seus pressupostos e os limites do conhecimento possível. • Questões de axiologia, ética, filosofia política, estética, etc.: problemas dos valores e da ação humana - ao contrário das outras ciências que estudam o que é, a filosofia estuda o que deve ser • Questões de filosofia da linguagem: problemas da linguagem - a filosofia estuda a linguagem das outras ciências na perspectiva da sua estrutura. Do mito ao surgimento da Filosofia Mitos Gregos Quando se estuda a origem da civilização, constata-seque as primeiras explicações para os acontecimentos da realidade estavam geralmente ligadas à ideia de que tudo na natureza é controlado por seres sobrenaturais. Há três mil anos, não havia explicações científicas para grande parte dos fenômenos da natureza ou para os acontecimentos históricos. Por isso, para buscar um significado para a existência dos seres da natureza, para os eventos climáticos e para os fatos políticos, econômicos e sociais, as primeiras civilizações criaram uma série de histórias, de origem imaginativa, que eram transmitidas, principalmente, através da tradição oral. Tais histórias são geralmente chamadas de lendas ou mitos. Na formação da nossa própria civilização (ocidental) foi fundamental a influência dos mitos gregos. Grande parte dessas histórias chegou até os dias de hoje e são importantes fontes de informações para entendermos a história e a mentalidade dos gregos antigos. O Mito x A Razão Porque é que chove? O que é o trovão? De onde vem o relâmpago? Por que razão crescem as ervas? Por que razão existem os montes? Por que razão tenho fome? Por que razão morrem os meus semelhantes? Porque é que cai a noite e a seguir vem o dia de novo? O que são as estrelas? Por que razão voam os pássaros?... O Mito • As explicações míticas e religiosas foram antepassados da ciência moderna NARRATIVAS NARRATIVAS NARRATIVAS Uma sociedade racionalizada • A Grécia entre os séculos VII e V a.C era uma sociedade justa, livre de preconceitos e democrata......?????? ERA????? • Na verdade democracia era um equilíbrio entre as diferentes camadas sociais A escrita • Entre os gregos ela é de domínio comum - ideologicamente isso poderia significar que todos tinham acesso ao conhecimento, à ampla difusão das ideias • Não há sacerdotes que tenham monopólio de livros sagrados, por exemplo A religião • É frágil - os deuses têm características humanas e pouco servem para inspirar um pensamento religioso Religião e arte • Na mitologia (o estudo dos mitos) é muito difícil fazer uma separação entre religião e arte. Na Grécia antiga, a arte tratava essencialmente de temas mitológicos. • E foi através da arte que tomamos contato com a mitologia grega: além de uma grande quantidade de templos (arquitetura), de esculturas, baixo-relevo e pinturas, a literatura grega é a principal fonte que temos dessa mitologia. • Em especial, podemos destacar as obras de Homero, a "Ilíada" e a "Odisseia", que datam provavelmente do século 9 a.C., e a de Hesíodo, "Teogonia", escrita possivelmente no século seguinte. Essas três obras podem ser consideradas as fontes básicas para o conhecimento dos mitos gregos. • A "Teogonia" narra a origem dos deuses (Theo, em grego, significa deus). Já a "Ilíada" e a "Odisseia" tratam de aventuras de heróis, respectivamente Aquiles e Odisseu, embora a participação dos deuses em ambas as narrativas seja fundamental. Teogonia: a origem dos deuses • No princípio, existia apenas o Caos, o vazio primordial e escuro que precedeu toda a existência; depois, surgiu Gaia, Tártaro, Eros, Érebo e Nix. • Essas poderosas divindades primordiais começaram a existir, aparentemente, a partir de simples "desdobramentos", sem a ajuda de qualquer união sexual. • Mais tarde, graças ao aparecimento de Eros, tais uniões começaram a ocorrer. • As linhagens de Tártaro e Eros foram pouco produtivas, mas Nix, Érebo e Gaia tiveram muitos filhos e deram origem aos deuses propriamente ditos, seja através de mais "desdobramentos" ou pela união amorosa Gaia, a "terra-mãe", a mãe dos deuses e dos homens, personificava a inesgotável capacidade geradora da terra. • Foi a primeira entidade divina a emergir do Caos primitivo e dela provêm a linhagem divina mais importante, alguns monstros e o ser humano. • A partir de Gaia, “sem o desejável ato de amor”, surgiram primeiro Urano (o céu), as grandes Montanhas e Ponto (o mar). • Posteriormente, Gaia se uniu a Urano e a Ponto, seus próprios filhos, e gerou numerosos descendentes. • Os filhos de Gaia com Urano eram chamados de Titãs ou de “deuses antigos”. • O mais importante deles foi Cronos, que reinou sobre todos os outros. • No entanto, o Destino, um outro deus, previu que Cronos seria destronado por um de seus filhos. Por isso, mal eles saíam do ventre materno, Cronos os devorava. HADES E SEU REINO No limite da terra, onde o sol se põe e o oceano começa, abria-se o império dos mortos, no qual reinava o poderoso Hades. O mundo subterrâneo era rodeado de todos os lados por pântanos e rios. Portanto, as sombras dos defuntos tinham que passar pelas águas lamacentas do Estige e do Aqueronte para entrar nos domínios de Hades. O barqueiro Caronte aguardava na margem e só aceitava a bordo da sua barca os mortos que tivessem sido sepultados. Os outros, os que não foram encontrados ou foram abandonados, eram condenados a errar eternamente na entrada do Inferno, enquanto esperavam que um vivo resolvesse enterrá-los. Aqueles que embarcavam tinham que pagar Caronte. Era por isso, para que o morto pagasse sua passagem, que os gregos punham uma moeda entre os dentes dele durante o funeral. Uma vez na barca, os defuntos deixavam definitivamente o mundo dos vivos. Quem fazia a viagem num sentido, jamais podia retornar nem ver de novo a luz. Cérbero, o cão de três cabeças, tratava de impedir os que tentassem fazê-lo. Postado na entrada do reino, recebia com amabilidade os passageiros de Caronte. Mas se alguém procurasse voltar, mostrava-se um guardião feroz. Ora, mais de um defunto aspirava à luz logo que desembarcava na monótona planície dos Asfódelos. Arvores sombrias varriam tristemente o chão com seus galhos. Que lugar sinistro! Os mortos eram julgados de acordo com sua vida passada e, conforme seus erros, eram postos em diferentes lugares. Minos, Éaco e Radamanto é que examinavam a vida passada dos defuntos e pronunciavam um julgamento. Eles haviam sido designados juízes por sua sabedoria e vida exemplar. Os que não cometeram nenhum crime, mas não se distinguiram por nenhuma ação virtuosa, ficavam na planície dos Asfódelos por toda a eternidade. Aos heróis e aos homens virtuosos, os juízes reservavam os Campos Elísios. Lá se estendiam clareiras floridas das quais se elevava o canto dos pássaros e os acordes melodiosos da lira. Os bem- aventurados se divertiam em banquetes onde o vinho corria à larga. Já os desgraçados que foram culpados de algum erro, recebiam punição eterna. Eram encerrados no soturno Tártaro, cercado pelos meandros do rio Estige, e lá sofriam suplícios proporcionais a suas faltas. Tântalo, rei da Lídia, cometera em vida um crime horrível. Recebendo a visita dos deuses, servira-lhes seu próprio filho Pélope, a fim de ver se eles eram capazes de identificar a carne humana. Um só bocado bastou para que os deuses reconhecessem que o que comiam não era um animal. Indignados, conseguiram trazer Pélope de volta à vida, mas o rapaz guardou para sempre um vestígio desse banquete funesto: o ombro devorado foi substituído por um pedaço de marfim. Quanto a Tântalo, foi atirado nas profundezas do Tártaro para sofrer uma punição terrível. Mergulharam-no até o pescoço num lago, debaixo de uma árvore com galhos carregados de frutas maduras. Apesar disso, ele nunca saciaria sua sede nem mataria sua fome. A água recuava, mal ele aproximava os lábios secos. Quando estendia a mão para colher uma fruta, os galhos se erguiam. Numerosos supliciados povoavam assim essa parte do reino. Hades era o soberano onipotente de lá, porém não demorou para que o poder deixasse de compensar sua profunda solidão. Cansado de reinar sozinho sobre aquele povo de sombras, quis se casar. Infelizmente, as noivas eram muito raras. Nenhuma deusa e nenhuma mortal queriam adotar aquela vida debaixo da terra, privada para todo o sempre daluz do sol. Logo, ele se viu obrigado a raptar uma noiva. Sua escolha recaiu em Perséfone, uma das moças mais bonitas da Sicília. O mito de Eros As lendas gregas foram transmitidas oralmente e por isso sofreram inúmeras modificações, resultando numa variação muito grande de interpretações e sentidos. Às vezes, uma figura mítica aparece em várias versões, sempre ricas de significados. É o caso do amor-desejo, representado pelo deus Eros (e, na mitologia romana pelo deus Cupido). Há várias versões sobre quem (ou o que) ele é e sobre a forma como ele surgiu. Na Teogonia de Hesíodo, as entidades que surgiram do seio de Caos (vazio da desorganização inicial) nasceram por separação (desmembramento). Até que nasceu Eros, o Amor, força de atração que governa a partir daí a coesão e a ordem do universo nascente. No ciclo dos mitos olimpianos, Eros é filho de Afrodite (deusa da fertilidade e da sedução) e de Ares (deus da guerra). Nessa versão, Eros é representado como uma criança travessa, ocupada em flechar os corações para torná-los apaixonados. Mas ele próprio se apaixona por Psiquê (Alma). Afrodite, invejosa da beleza de Psiquê, afasta-a do filho e a submete às mais difíceis provas e sofrimentos, dando-lhe como companheiras a Inquietude e a Tristeza; até que Zeus, atendendo aos apelos de Eros, liberta-a para que o casal se una novamente. Também entre os primeiros filósofos gregos há referências a essa imagem mítica. Parmênides e Empédocles, por exemplo, se referem ao princípio do amor e do ódio que preside a combinação dos elementos entre si para formarem os diversos corpos físicos. Numa das obras de Platão, o diálogo O Banquete, encontra-se a narrativa de um jantar no qual se reuniram diversas personalidades de Atenas. Após comer e beber vinho, alguns dos participantes receberam do dono da casa um desafio: fazer um pequeno discurso sobre o amor. O primeiro a falar foi Aristófanes, um famoso escritor de peças teatrais. Ele então narrou o mito segundo o qual, no início, os seres eram duplos e esféricos, e os sexos eram três: um constituído por duas metades masculinas; outro por duas metades femininas; e o terceiro, andrógino, metade masculino, metade feminino. Mas esses seres desafiaram os deuses e Zeus os cortou ao meio para enfraquecê-los. Cada ser tornou-se dividido e incompleto. Desde então, todos buscam a sua metade. Surge assim o amor recíproco como uma tentativa de restauração da unidade primitiva e o anseio por uma totalidade do ser. Outro participante desse banquete foi o filósofo Sócrates, e ele também foi desafiado a falar sobre o amor. Sócrates também narrou um mito, segundo o qual Eros seria descendente de Poros (Riqueza) e de Penia (Pobreza). Por isso o amor se manifesta como uma ânsia de sair da situação de miséria para a de riqueza; é a oscilação entre o possuir e o não-possuir. "É capaz de desabrochar e de viver, morrer e ressuscitar no mesmo dia. Come e bebe, dá e se derrama, sem nunca estar rico ou pobre. Para Sócrates, Eros representa “um anseio de qualquer coisa que não se tem e se deseja ter” A partir dessas narrativas, Platão chama a atenção para o fato de que o amor não se prende somente à atração física. Platão não reduz a busca apenas à procura da outra metade do nosso ser que nos completa; Eros é ânsia de ajudar o eu próprio autêntico a realizar-se. E a realização se faz na medida em que a vontade humana tende para o Bem e para o Belo: subordina a beleza f ísica à beleza espiritual. E numa segunda etapa, desliga-se da paixão por determinado indivíduo ou atividade, ocupando-se com a pura contemplação da beleza e da perfeição. Este texto no leva a refletir sobre: • O que é o amor e como ele surgiu, de acordo com Hesíodo? • O que é o amor e como ele surgiu, de acordo com os mitos do ciclo olimpiano? • O que é o amor e como ele surgiu, de acordo com Aristófanes? • O que é o amor e como ele surgiu, de acordo com Sócrates? • Qual é o significado filosófico que Platão dá para o amor? A passagem do mito ao logos Na história do pensamento ocidental, a Filosofia nasce na Grécia entre os séculos VII e VI a.C., promovendo a passagem do saber mítico (alegórico) ao pensamento racional (logos). Essa passagem ocorreu durante longo processo histórico, sem um rompimento brusco e imediato com as formas de conhecimentos utilizadas no passado. Durante muito tempo os primeiros filósofos gregos compartilhavam crenças míticas, enquanto desenvolviam o conhecimento racional que caracterizaria a Filosofia. Essa transição do mito à razão significa precisamente que já havia, de um lado, uma lógica do mito e que, de outro lado, na realidade filosófica ainda está incluído o poder do lendário. O mito se opõe ao logos como a fantasia à razão, como a palavra que narra à palavra que demonstra. Logos e mito são as duas metades da linguagem, duas funções igualmente fundamentais da vida do espírito. O logos, sendo uma argumentação, pretende convencer. O logos é verdadeiro, no caso de ser justo e conforme à lógica, é falso quando dissimula alguma burla secreta (sofisma). Mas o mito tem por finalidade apenas a si mesmo. Acredita-se ou não nele, conforme a própria vontade, mediante um ato de fé, caso pareça “belo” ou verossímil, ou simplesmente porque se quer acreditar. O mito, assim, atrai em torno de si toda a parcela do irracional existente no pensamento humano; por sua própria natureza, é aparentado à arte, em todas as suas criações. A força da mensagem dos mitos reside, portanto, na capacidade que têm de sensibilizar estruturas profundas, inconscientes, do psiquismo humano. Os Períodos Principais do Pensamento Grego • 1. Período pré-socrático (séc. VII-V a.C.) - Problemas cosmológicos. 2. Período socrático (séc. IV a.C.) - Problemas metafísicos. Período Sistemático ou Antropológico: o período mais importante da história do pensamento grego (Sócrates,Platão, Aristóteles) 1. Período pós-socrático (séc. IV a.C. - VI p.C.) - Problemas morais. Período Ético 2. Período Religioso: assim chamado pela importância dada à religião, para resolver o problema da vida, que a razão não resolve integralmente
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