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sábado, 16 de março de 2019 PATOLOGIA N1 CORAÇÃO: I. Aspectos da normalidade: - O coração situa-se no mediastino anterior, entre os dois pulmões. - É envolto pelo saco pericárdico, cuja função é promover lubrificação, facilitando os movimentos durante a contração. - O coração é formado por três camadas: endocárdico, miocárdio e epicárdio. - O epicárdio ou pericárdio visceral é uma membrana serosa que recobre o miocárdio, continuando-se com o pericárdio parietal para formar a cavidade pericárdica. - O miocárdio, que constitui o músculo cardíaco, é responsável pela contração do órgão. - O endocárdico reveste internamente o miocárdio e forma as valvas cardíacas. - São quatro câmaras cardíacas: um átrio e um ventrículo direitos, e um átrio e um ventrículo esquerdos. - O coração possui 4 valvas: duas átrio- ventriculares, tricúspide e mitral, e duas arteriais, pulmonar e aórtica. - Cada valva cardíaca é formada por válvulas, também chamadas de cúspides e de folhetos semilunares. Elas são finas, semitransparentes e desprovidas de vasos. - O esqueleto fibroso do coração é a porção fibrosa que se interpõe entre os átrios e os ventrículos, onde as valvas aórtica, mitral e tricúspide se inserem. II. Visão geral da doença cardíaca: - As vias fisiopatológicas que deixam o coração avariado podem ser 6: 1. Falência da bomba: a contração do músculo cardíaco é fraca e as câmaras não conseguem se esvaziar de modo adequado — é chamada disfunção sistólica. o músculo não consegue relaxar o suficiente para permitir o enchimento ventricular adequado e, como consequência, ocorre disfunção diastólica. 2. Obstrução do fluxo: as lesões que impedem a abertura das valvas (p. ex., estenose calcificada da valva da aorta) ou que aumentam as pressões nas câmaras ventriculares (p. ex., hipertensão sistêmica o u c o a r c t a ç ã o d a a o r t a ) p o d e m sobrecarregar o miocárdio, que tem de bombear contra a obstrução. 3. Fluxo regurgitante: as lesões valvares que permitem refluxo de sangue fazem com que, a cada contração, seja adicionada uma sobrecarga de volume às câmaras envolvidas. 4. Desvio do fluxo: os defeitos (congênitos ou adquiridos) que desviam inadequadamente o sangue de uma câmara para outra ou de um vaso para outro provocam sobrecarga de pressão e de volume. 5. Distúrbios da condução cardíaca: os impulsos cardíacos descoordenados ou o bloqueio das vias de condução podem causar arritmias que diminuem a frequência da contração ou o débito cardíaco eficaz. 6. Ruptura do coração ou de um grande vaso. A perda da continuidade circulatória (p. ex., ferimento por arma de fogo que atravessa a aorta torácica) leva à exsanguinação, choque hipotensivo e morte. DOENÇAS CARDÍACAS: I. Insuficiência cardíaca: - Normalmente chamada insuficiência cardíaca congestiva (ICC). - É o desfecho comum de muitas formas de doença cardíaca e normalmente é uma 1 Paula Penteado sábado, 16 de março de 2019 condição progressiva com prognóstico extremamente ruim. - A maioria dos casos de insuficiência cardíaca resulta de disfunção sistólica — função cont rá t i l inadequada do miocárd io , caracterist icamente consequência da cardiopatia isquêmica ou da hipertensão. • A ICC também pode resultar de disfunção diastólica — incapacidade do coração de relaxar e se encher de modo adequado, como ocorre na hipertrofia maciça do ventrículo esquerdo, na fibrose do miocárdio, na deposição de amiloide e na pericardite constritiva. • A insuficiência cardíaca também pode resultar de disfunção valvar (p. ex., causada por endocardite) ou ocorrer em coração normal subitamente exposto a uma sobrecarga (p. ex., sobrecarga líquida ou pressórica). - Surge quando o coração não consegue produzir débito suficiente para satisfazer as demandas metabólicas dos tecidos ou apenas consegue satisfazê-las sob pressões de enchimento superiores às normais. - O início da ICC pode ser abrupto, como nos casos de infarto grande do miocárdio ou disfunção valvar aguda. - Em muitos pacientes, a ICC desenvolve-se gradual e insidiosamente como resultado dos efeitos cumulativos da sobrecarga crônica de trabalho ou da perda progressiva de miocárdio. - Na ICC, o coração em falência não consegue mais bombear de modo eficiente o sangue levado até ele pela circulação venosa. O resultado é o aumento do volume ventricular diastólico final, que provoca elevação das pressões diastólicas finais e, por fim, das pressões venosas também. • Portanto, o débito cardíaco inadequado é q u a s e s e m p re a c o m p a n h a d o d e congestão da circulação venosa. - O sistema vascular tenta compensar a redução da contratilidade miocárdica ou o aumento da carga hemodinâmica com vários mecanismos: • Mecanismo de Frank-Starling: o aumento do volume de enchimento diastólico final dilata o coração e alonga as fibras musculares cardíacas. Essa dilatação ventricular ocorre às custas de aumento na tensão das paredes e intensifica as necessidades de oxigênio do miocárdio. Com o tempo o músculo não consegue propelir sangue suficiente. • Ativação dos sistemas neuro-humorais: liberação de norepinefrina eleva a FC e aumenta a contratilidade do miocárdio e a resistência vascular. Ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona estimula a retenção de sal e o aumento da PA. Liberação de peptídeo natridiurético equilibra o sistema renina-angiotensina- aldosterona e o relaxamento do músculo vascular. • Alterações na estrutura do miocárdio, que incluem aumento da massa muscular: - Nos estados de sobrecarga de pressão (hipertensão arterial, estenose valvar): espessura da parede ventricular aumenta sem que ocorra o aumento do tamanho da câmara — hipertrofia concêntrica. - Nos estados de sobrecarga de volume (regurgitação valvar, shunts): os ventrículos se dilatam, porém a espessura resultante das paredes pode estar aumentada, normal ou diminuída. 2 Mostram a hipertrofia do ventrículo esquerdo com e sem dilatação. Comparado com o coração normal (centro), o coração com sobrecarga de pressão (à esquerda) tem massa aumentada, paredes espessas e lúmen menor. O coração com sobrecarga de volume (à direita) tem massa aumentada, lúmen maior e tamanho aumentado, mas a espessura das paredes é normal. sábado, 16 de março de 2019 - A hipertrofia compensatória ocorre às custas dos miócitos. As necessidades de oxigênio do miocárdio hipertrófico estão intensificadas em consequência do aumento de sua massa celular. Como o leito do capilar não se expande no mesmo ritmo das demandas de oxigênio das células, o miocárdio se tona vulnerável à lesão isquêmica. • Está relacionada com a mortalidade maior. II. Insuficiência cardíaca esquerda: - A insuficiência cardíaca pode afetar predominantemente o lado direito ou esquerdo, ou pode envolver os dois lados co coração. - As causas mais comuns da insuficiência cardíaca esquerda são a cardiopatia isquêmica (CI), hipertensão sistêmica, doença da valva aorta ou da valva atrioventricular esquerda (mitral) e das doenças primárias do miocárdio. - Os efeitos morfológicos e clínicos da ICC esquerda provêm da diminuição da perfusão sistêmica e da elevação das pressões de retorno dentre da circulação pulmonar. - Características clínicas: • Dispneia aos esforços, que se evolui à uma ortopnéia, podendo ter dispneia paroxística noturna. • Tosse. • Coração de tamanho aumentado. • Taquicardia. • Presença de terceira bulha. • Estertores finos na base dos pulmões. • Regurgitação da valva mitral e sopro sistólico. • Fibri lação atrial: essas contrações descontroladas reduzem o volume sistólico ventricular e podem causar estase. O sangue estagnado tende a formar trombos que podem liberar ê m b o l o s q u e c a u s a m a c i d e n t e s vasculares cerebrais e manifestações de infarto em outros órgãos. III. Cardiopatia isquêmica:- O funcionamento do coração depende estritamente do fluxo contínuo de sangue oxigenado através das artérias coronárias. - Cardiopatia isquêmica (CI) é um nome amplo que engloba várias síndromes intimamente relacionadas e causadas pela isquemia do miocárdio. • Isquemia do miocárdio: desequilíbrio entre o supr imento sanguíneo card íaco (perfusão) e as necessidades de oxigênio e nutrientes do miocárdio. - Na maioria dos casos, a cardiopatia isquêmica é consequência da redução do fluxo sanguíneo coronariano resultante de doença vascular aterosclerótica obstrutiva. • Portanto, a CI é sinônimo de doença arterial coronariana (DAC). • Na maioria dos casos, as síndromes da CI são manifestações tardias de uma aterosclerose coronar iana que se desenvolveu gradualmente durante décadas (normalmente ainda na infância ou na adolescência). - Com menor frequência, pode resultar do aumento da demanda (aumento da FC ou hipertensão), da diminuição do volume sangüíneo (hipotensão ou choque), da diminuição da oxigenação (pneumonia ou ICC), ou da redução da capacidade de t r a n s p o r t a r o x i g ê n i o ( a n e m i a o u envenenamento por monóxido de carbono). - A apresentação clínica pode incluir uma ou mais das seguintes síndromes: • Angina pectoris: a isquemia provoca dor, mas não a morte dos miócitos. • Infarto agudo do miocárdio (IAM): causa a morte dos miócitos. 3 sábado, 16 de março de 2019 • CI crônica com ICC: descompensação progressiva do coração após IAM ou como resultado de lesões isquêmicas pequenas que com o tempo levam à falência do mecânica da bomba. • Morte súbita: pode ocorrer como consequência da lesão tecidual deixado por IM, mas normalmente resulta de arritmia fatal, sem necrose dos miócitos. A. Infarto do miocárdio: - Também conhecido como ataque cardíaco, consiste na necrose do músculo que resulta em isquemia. - A principal causa da cardiopatia isquêmica é a aterosclerose. - A freqüência dos IM sobe progressivamente com o aumento da idade e dos fatores de risco ateroscleróticos. - Os homens correm mais risco do que as mulheres, porem a diferença entre os sexos diminui progressivamente com o aumento da idade. • Em geral, as mulheres são protegidas contra o IM durante a vida reprodutiva. Na menopausa, e o declínio da produção de estrógeno, está associada à exacerbação da doença arterial coronariana, e a cardiopatia isquêmica é a causa mais comum de morte entre as mulheres idosas. 1. Patogenia: - A maior parte dos IM é causada pela trombose aguda de uma artéria coronariana. - Na maioria dos casos, a ruptura de uma placa aterosclerótica preexistente atua como um núcleo para a formação de um trombo, seguido da obstrução vascular e do subsequente infarto transmural do miocárdio a jusante. • O infarto transmural ocorre na ausência de doença vascular aterosclerótica oclusiva; e s s e s i n f a r t o s s ã o a t r i b u í d o s principalmente ao vasoespasmo de uma artéria coronária ou a êmbolos que se desprenderam de trombos murais. • Nos infartos limitados ao miocárdio mais interno, os trombos ou êmbolos podem estar ausentes. - Nesses casos , a a te rosc le rose coronariana difusa grave resulta na perfusão marginal do coração. - N e s s e c o n t e x t o , u m p e r í o d o prolongado de demanda aumentada (p. ex., na vigência de taquicardia ou hipertensão) pode levar à necrose is- quêmica do miocárdio mais distal aos vasos epicárdicos. - Por fim, a isquemia sem aterosclerose ou doença tromboembólica detectáveis pode ser causada por distúrbios que a fe tam as pequenas a r te r ío l as intramiocárdicas, entre eles a vasculite, a deposição de amiloide ou a estase, como ocorre na doença falciforme. - O oclusão de uma artéria coronária em IM ocorre a seguinte sequencia de eventos: • Uma placa ateromatosa se rompe como resultado da hemorragia intra-placa ou de forças mecânicas. Como consequência, o colágeno e o conteúdo necrosado entram em contato com o sangue. • As plaquetas se aderem à placa rompida, agregam-se e são ativadas liberando substancias que causam mais agregação plaquetária e também vasoespasmo. • A ativação da coagulação pelo fator tecidual, causa aumento do crescimento do trombo. • Em minutos, o trombo pode evoluir e obstruir totalmente o lúmen de uma artéria coronária. - Resposta do miocárdio à isquemia: 4 sábado, 16 de março de 2019 • Consequência funcional: rápida perda da contratilidade e alterações ultraestruturais, são reversíveis. • Somente a isquemia grave que dura pelo menos 20-40 minutos causa dano irreversível e morte de mióciotos, levando a necrose por coagulação. • Quando os períodos de isquemia são mais longos, ocorre lesão vascular e, como c o n s e q u ê n c i a , t r o m b o s e n a microvasculatura. • Se o fluxo sangüíneo do miocárdio for restaurado antes que ocorra lesão irreversível, a viabilidade das células poderá ser preservada. • A isquemia do miocárdio contribui para o aparecimento de arritmias, provavelmente por causar instabilidade elétrica nas regiões isquêmicas do coração. • O infarto pode desenvolver-se em toda a espessura da parede, e denomina-se infarto transmural. - Padrões do infarto: • A l o c a l i z a ç ã o , o t a m a n h o e a s características morfológicas de um IAM dependem de vários fatores: - Do tamanho e da distruibuição dos vasos envolvidos. - Da velocidade de desenvolvimento e da duração da oclusão. - Das demandas metabó l icas do miocárdio afetado. - Da extensão da irrigação colateral. - Embora as três principais artérias coronárias sejam artérias terminais, esses vasos estão i n t e r c o n e c t a d o s p o r n u m e r o s a s anastomoses intercoronarianas (circulação colateral). • O estreitamento gradual de uma artéria permite que o sangue flua das áreas de alta pressão para as artérias de baixa pressão por meio dos canais colaterais. • portanto, a dilatação progressiva dos vasos colaterais pode tornar possível a irrigação adequada de áreas do miocárdio. - Com base no tamanho do vaso envolvido e no grau da circulação colateral, os infartos podem apresentar os seguintes padrões: • Infartos transmurais: envolvem toda a espessura do ventrículo e são causados pela oclusão de vasos epicárdicos, a qual resulta da combinação de aterosclerose crônica com trombose aguda. • Infartos subendocárdicos: são limitados ao terço interno do miocárdio. É mais vulnerável à hipoperfusão e à hipóxia. Ocorre quando um trombo oclusivo sofre lise antes que ocorra um infarto de espessura total. • Infartos microscópicos: ocorre quando há oclusão de pequenos vasos. Podem ocorrer no caso de vasculite, formação de êmbolos ou trombos murais, ou de espasmo vascular decorrente da elevação de catecolaminas. 2. Morfologia: - 15-30% dos IM afetam a parede posterior e também se estendem até o ventrículo direito. - Os infartos isolados do ventrículo direito ocorrem em apenas 1-3%. - Nos infartos transmurais, observa-se uma margem estreita de miocárdio subendocárdio viável que é preservada pela difusão de oxigênio e nutrientes no lúmen ventricular. - Os aspectos macroscópicos e microscópicos de um IM dependem da idade da lesão. - As áreas de lesão passam por uma sequencia progressiva de alterações morfológicas que englobam necrose por coagulação, inflamação aguda, inflamação crônica e fibrose. 5 sábado, 16 de março de 2019 3. Modificação de um infarto pela reperfusão: - Nos casos de IAM, o objetivo terapêutico é salvar a maior quantidade de miocárdio isquêmico. - Isso é realizado por meio da restauração da perfusão tecidual o mais rápido possível. - A reperfusão é obtida por trombólise (dissolução do trombo), angioplastia ou cirurgia de revascularização do miocárdio. - A restauração do fluxo sangüíneo nos tecidos isquêmicos pode provocar umdano local maior do que o já ocorrido, chamado de lesão por reperfusão. - Os fatores que contribuem para o surgimento da lesão por reperfusão englobam: • Disfunção mitocondrial: a isquemia altera a permeabilidade da membrana das mitocôndrias, o que permite a entrada de proteínas nessas organelas • Hipercontratura dos miócitos: durante os períodos de isquemia há aumento dos níveis de cálcio intracelulares; depois da reperfusão, a contração fica aumentada e descontrolada, o que causa danos ao citoesqueleto e morte celular. • Radicais livres são produzidos minutos após o início da reperfusão e danificam os miócitos ao alterarem as proteínas e os fosfolipídeos de membrana. • Agregação de leucócitos, que pode obstruir a microvasculatura. Além disso, os leucócitos produzem proteases e elastases que provocam a morte celular. • Ativação de plaquetas e do complemento. - E s s e s i n f a r t o s n o r m a l m e n t e s ã o hemorrágicos como consequência da lesão e do extravasamento vasculares. - A reperfusão pode salvar as células com lesão reversível, ela também altera a morfologia das células com lesão irreversível. a. Características clínicas: - Dor ou pressão torácica subesternal intensa e em aperto que pode irradiar para o pescoço, mandíbula, epigástrio ou braço esquerdo. - Infartos silenciosos podem ocorrer em pessoas diabéticas e nos idosos. - O pulso normalmente é rápido e fraco. - Pacientes apresentam sudorese intensa e náuseas. - Dispneia. - Nos infartos maciços, os pacientes podem desenvolver choque cardiogênico. - O d i a g n ó s t i c o p o d e s e r f e i t o p o r e l e t r o c a r d i o g r a m a , c o m s u p r a desnivelamento do segmento ST, e também pode ser por teste laboratorial baseado na presença plasmática de proteínas que extravasam dos miócitos necrosados (são específicas do coração - CKMB e troponinas – detectáveis após 2 a 4 h) 4. Consequências e complicações do infarto do miocárdio: 6 IAM da parte posterolateral do ventrículo esquerdo revelado nas áreas de necrose (seta). A cabeça da seta corresponde a uma cicatriz de um infarto antigo. O asterisco corresponde a hemorragia no miocárdio e se deve à ruptura do ventrículo, que foi a causa aguda da morte deste paciente. sábado, 16 de março de 2019 - Disfunção contrátil: em geral os IM afetam a função de bombeamento do ventrículo esquerdo de modo proporcional ao volume da lesão. - Disfunção dos músculos papilares: ruptura dos músculos papilares é pouco comum, causa regurgitação mitral pós-infarto. Posteriormente, a fibrose e o encurtamento dos músculos papilares ou a dilatação ventricular também pode causar insuficiência da valva atrioventricular esquerda. - Infarto do ventrículo direito: o infarto do septo ou do ventrículo esquerdo muitas vezes é acompanhado pela lesão do ventrículo direito. - Ruptura do miocárdio: ocorrer de 3-7 dias após o infarto. Causa hemopericárdio e t a m b é m t a m p o n a m e n t o c a r d í a c o rapidamente fatais. - Arritmias: os IM causam irritabilidade miocárdica e distúrbios da condução que provocam morte súbita. - Pericardite: causada pelos IM transmurais. Essa pericardite é uma manifestação epicárdica da inflamação miocárdica subjacente. - Dilatação das câmaras: por causa do enfraquecimento do músculo necrosado, pode haver estiramento, finalmente e dilatação da região infartada. - Trombo mural: combinação de contratilidade miocárdica reduzida com lesão endocárdica pode favorecer a formação de trombos murais e conduz ao tromboembolismo do lado esquerdo. - Aneurisma ventricular: resultam do infarto transmural anterosseptal grande que, ao cicatrizar, forma uma parede fina de tecido cicatricial. - Insuficiencia cardíaca progressiva. - O risco de complicações e o prognóstico após o IM dependem do tamanho, do local e do tipo do infarto (subendocárdico versus transmural). • Os infartos transmurais grandes estão associados a uma probabilidade maior de choque cardiogênico, arritmias e ICC tardia. • Os pacientes com IMs transmurais anteriores correm risco maior de ruptura da parede livre, expansão do infarto e f o r m a ç ã o d e t r o m b o s m u r a i s e aneurismas. • Já os infartos transmurais posteriores têm maior propensão a apresentar como complicações bloqueios de condução graves, envolvimento do ventrículo direito ou ambos. • Nos infartos subendocárdicos, os trombos podem se formar na superfície do endocárdio, mas raramente ocorre pericardite, ruptura e aneurismas. - O miocárdio viável restante tenta compensar a perda de massa contrátil. As regiões não infartadas sofrem hipertrofia e dilatação; juntamente com a c icatr ização e o adelgaçamento das zonas infartadas, as alterações são coletivamente denominadas remodelamento ventricular. B. Morte súbita cardíaca: - É definida como morte inesperada que n o r m a l m e n t e r e s u l t a d e a r r i t m i a s ventriculares sustentadas em indivíduos com cardiopatia estrutural subjacente que pode ou não ter sido sintomática no passado. - A MSC é, com frequência a primeira manifestação da cardiopatia isquêmica. - Entre indivíduos mais jovens, as causas não relacionadas à doença aterosclerótica são as mais comuns e compreendem: • Anomalias hereditárias ou adquiridas do sistema de condução cardíaco. • Anomalias congênitas das artérias coronárias. 7 sábado, 16 de março de 2019 • Prolapso da valva atr ioventr icular esquerda. • Miocardite ou sarcoidose. • Miocardiopatia dilatada ou hipertrófica. • Hipertensão pulmonar. • Hipertrofia do miocárdio. - O mecanismo fundamental da MSC é com freqüência uma arritmia fatal. IV. Cardiopatia hipertensiva: - A hipertensão é um distúrbio comum associado à morbidade considerável e que afeta muitos órgãos, inclusive o coração, o encéfalo e os rins. - Resultam da sobrecarga de pressão e da hipertrofia ventricular. • A hipertrofia dos miócitos é uma resposta adaptativa à sobrecarga de pressão; no entanto, existem limites para a capacidade adaptativa do miocárdio, e a hipertensão persistente pode, com o tempo, levar à disfunção miocárdica, à di latação cardíaca, à ICC e até mesmo à morte súbita. - Embora a cardiopatia hipertensiva afete com mais frequência o lado esquerdo do coração como consequência da h iper tensão sistêmica, a hipertensão pulmonar também pode acarretar alterações hipertensivas no lado direito do coração — é o chamado cor pulmonale. A. Cor pulmonale: - Consiste na hipertrofia e na dilatação do v e n t r í c u l o d i re i t o , f r e q u e n t e m e n t e acompanhadas de insuficiência cardíaca direita. - São causadas por hipertensão pulmonar resultante de distúrbios primários do parênquima pulmonar ou da vasculatura pulmonar. - Pode apresentar início súbito ou se desenvolver lenta e insidiosamente quando resulta da sobrecarga de pressão prolongada na presença de doença pulmonar crônica ou doença vascular pulmonar. B. Cardiopatia hipertensiva sistêmica (esquerda): - Os critérios para o diagnóstico da cardiopatia hipertensiva sistêmica são: • Hipertrofia do ventrículo esquerdo na a u s ê n c i a d e o u t r a p a t o l o g i a cardiovascular. • História ou evidências patológicas de hipertensão. * Até mesmo uma hipertensão leve que se prolonga por tempo suficiente, leva à hipertrofia do ventrículo esquerdo. 1. Morfologia: - A característica básica da cardiopatia hipertensiva sistêmica é a hipertrofia do ventrículo esquerdo, normalmente sem dilatação ventricular até uma fase avançada do processo. - Com o tempo, o aumento da espessura da parede do ventrículo esquerdo confere a essa câmara uma rigidez que prejudica o enchimento diastólico e pode levar à dilatação do átrio esquerdo. 8 Cor pulmonale crônico. O v e n t r í c u l o d i re i t o e s t á b a s t a n t e d i l a t a d oe hipertrofiado, com a parede l i v r e e s p e s s a d a e a s trabéculas hipertrofiadas. A f o r m a e o v o l u m e d o ventrículo esquerdo estão distorcidos por causa do aumento de tamanho do ventrículo direito. sábado, 16 de março de 2019 - Na cardiopatia hipertensiva sistêmica de longa duração que leva à insuficiência congestiva, o ventrículo normalmente está dilatado. 2. Características clínicas: - Normalmente é assintomática. - É diagnosticada quando surge fibrilação atrial e/ou ICC. - Dependendo da gravidade e da duração da cond ição , da causa sub jacente da hipertensão e da adequação do controle terapêutico, os pacientes podem: • Ter vida longa e morrer de causas não relacionadas. • Desenvolver cardiopatia isquêmica progressiva em decorrência dos efeitos potencializadores da hipertensão sobre a aterosclerose coronariana. • Sofrer lesão renal progressiva ou acidente vascular encefálico. • Desenvolver insuficiência cardíaca progressiva. - O risco de morte súbita cardíaca também está aumentado. V. Hipertensão: - A pressão arterial depende de duas variáveis: débito cardíaco e resistência vascular periférica. - A HA aumenta o risco de acidente vascular c e r e b r a l e d o e n ç a c o r o n a r i a n a aterosclerótica. - A HA pode levar à hipertrofia cardíaca, insuficiência cardíaca, dissecção aórtica, demência por multi-infarto e insuficiência renal. - Ela pode ser classificada segundo: • Suas causas. • Aspectos hemodinâmicos. • Características clínicas e prognósticas. - Quando a hipertensão arterial é causada por doenças conhecidas, fala-se em hipertensão secundária. - Quando não existe uma causa evidente, ela é chamada de hipertensão primária ou essencial. 1. Hipertensão primária: - Surge geralmente em indivíduos entre 20 e 45 anos. - Compreende a maioria dos casos. - É mais comum em mulheres do que em homens. Porém a taxa de mortalidade é maior no sexo masculino. - É resultante da interação entre fatores ambientais e genéticos. - Vários componentes da dieta podem influenciar a pressão arterial: • Sódio e outros eletrólitos. • Lipídeos. • Fibras. • Álcool. • Cafeína. 9 Cardiopatia hipertensiva sistêmica. A parede do ventrículo esquerdo exibe espessamento concêntrico acentuado que reduz o lúmen dessa câmara. sábado, 16 de março de 2019 2. Hipertensão secundária: - Associa-se a doenças variadas, sobretudo renais, endócrinas, cardíacas e neurológicas. - Hipertensão renal: doenças renais são a causa mais comum da doença. - Hipertensão endócrina: caracteriza-se pela produção exacerbada de hormônios regulatórios da pressão arterial. - Hipertensão neurogênica: ocorre em d e c o r r ê n c i a d e a l t e r a ç õ e s n o s barorreceptores e hipertensão intracraniana. - Outras formas: medicamentosa, síndrome da apnéia do sono, e gestacional. 3. Complicações cardiovasculares: - Hipertensão maligna - AVC hemorrágico - Insuficiência renal: nefrosclerose - Insuficiência cardíaca: hipertrofia ventricular (isquemia e fibrose = ARRITMIA) - Dissecção aórtica: a HA provoca distúrbios na nutrição da média por compressão dos vaso vasorum, o que causa transformação mixóide e substituição das fibras elásticas por co lágeno. Como a parede fica enfraquecida, resiste menos às ondas pulsáteis do sangue e pode sofrer dissecção. VI. Doença cardíaca valvar — cardiopatia valvar: - A doença valvar acarreta estenose ou insuficiência (regurgitação ou incompetência) ou ambas. • A estenose é a falha de uma valva em se abrir totalmente, obstruindo o fluxo para a frente. • A insuficiência resulta da falha de uma valva em se fechar totalmente, permitindo assim a regurgitação (refluxo) de sangue. - A doença valva pode envolver apenas uma valva ou mais de uma. - O fluxo anormal através das valvas doentes normalmente produz sons cardíacos anormais denominados sopros. - A natureza e a gravidade da doença valvar determinam a qualidade e o momento em que o sopro ocorre. - O desfecho da doença valvar depende da valva afetada, do grau da lesão, da velocidade de desenvolvimento e da eficácia dos mecanismos compensatórios. - As anomalias valvares podem ser congênitas ou adquiridas. - A lesão valvar congênita mais comum é a valva aórtica bicúspide, que contem apenas duas válvulas funcionais em vez de três normais. - Causas da estenose: • Cicatrização pós-inflamatória (mitral e aórtica). • Calcificação senil (aórtica). - Causas da insuficiencia (regurgitação): • Cicatrização pós-inflamatória (mitral e aórtica). • Endocardite infecciosa (mitral e aórtica). • Prolapso valvar (mitral). • Ruptura ou fibrose do músculo papilar (mitral). • Ruptura das cordoalhas tendíneas (mitral). • Dilatação aórtica (HAS e envelhecimento). • Alargamento do ventrículo esquerdo o Calcificação do anel mitral. A. Doença valvar degenerativa: - É o nome utilizado para descrever as alterações que afetam a integridade da matriz extracelular das valvas. - As alterações degenerativas incluem: 10 sábado, 16 de março de 2019 • Calcificações: podem ser valvulares (na valva da aorta) ou anulares (valva atrioventricular esquerda). A anular normalmente é assintomática. • Diminuição do número de fibroblastos e miofibroblastos valvares. • Alterações na matriz extracelular. Aumento de proteoglicanas e na diminuição de elastina e colágeno fibrilar (degeneração mixomatosa); em outros casos, a valva torna-se fibrótica e cicatrizada. • A l t e r a ç õ e s n a p r o d u ç ã o d a s metaloproteinases da matriz ou de seus inibidores. 1. Estenose aórtica calcificada: - É a causa mais comum de estenose aórtica. - A fibrose e a calcificação das válvulas são as principais causas. - A lesão crônica causada por hiperlipidemia, hipertensão, inflamação e por outros fatores implicados da aterosclerose desempenham papel significativo na patogênese. - Normalmente é assintomática. Em outros pacientes, a esclerose e/ou a calcificação das valvas podem ser graves o bastante para causar estenose e exigir intervenção cirúrgica. - A doença começa a se manifestar quando o paciente tem entre 70-80 anos. - Morfologia: • A característica distintiva da estenose aórtica calcificada é a presença de massas calcificadas amontoadas sobre o lado das válvulas voltado para o fluxo de saída. Essas massa se projetam para o interior e impedem mecanicamente a abertura da valva. 2. Valva atrioventricular esquerda (mitral) mixomatosa: - Na degeneração mixomatosa da valva atrioventricular esquerda, uma ou ambas as válvulas estão frouxas e sobrem prolapso (projetam-se de modo abaulado para dentro do átrio esquerdo durante a sístole). - É uma forma primária de degeneração mixomatosa da valva atrioventricular esquerda, assim, essa condição degenerativa é uma das formas mais comuns de cardiopatia valvar. • Homens e mulheres são afetados igualmente. - A degeneração mixomatosa secundária pode ocorrer em qualquer condição na qual a regurgitação mitral resulta de outra etiologia (ex. cardiopatia isquêmica). - Patogenia: • A base de degeneração mixomatosa primária é desconhecida. É provável que haja um defeito intrínseco na síntese ou no remodelamento do tecido conjuntivo. - É uma característica da síndrome de Marfan. • A alteração mixomatosa secundária resulta de lesão nos miofibroblastos v a l v a r e s , i n fl i g i d a p o r f o r ç a s hemodinâmicas cronicamente anormais. - Morfologia: • É caracterizada pelo abaulamento das válvulas desta valva. 11 Observar as várias massas nodulares de cálcio. sábado, 16 de março de 2019 • As válvulas tem tamanho aumentado e excesso de tecido, e são espessas e elásticas. • As cordas tendíneas podem estar alongadas, adelgaçadas e, as vezes, rompida. • Ao exame histológico, a alteraçãobásica consiste no adelgaçamento de uma camada valvar conhecida como camada fibrosa, da qual depende da integridade estrutural das válvulas, além do aumento da camada esponjosa como resultado da maior deposição de material mixomatoso (mucoide). - Características clínicas: • A maioria dos pacientes é assintomática, e a anomalia valvar é descoberta somente durante exercício físico. • Alguns podem ter palpitações, dispneia ou dor torácica atípica. • O s p a c i e n t e s c o m d e g e n e r a ç ã o mixomatosa primária também correm risco maior de desenvolver endocardite infecciosa, assim como morte súbita card íaca decor rente de a r r i tm ias ventriculares. • Em casos raros, pode ocorrer acidente vascular encefálico ou outro infarto sistêmico por embolia resultante da l ibração de êmbolos dos trombos formados no interior do átrio esquerdo. B. Doença reumática valvar: - A febre reumática é uma doença inflamatória aguda, multissistêmica, mediada pelos sistema imunológico, que ocorre após infecção por estreptococos ß-hemolítico do grupo A. - A cardiopatia reumática é a manifestação cardíaca da febre reumática. - A febre reumática está associada a inflamações de todas as partes do coração, mas a inflamação e a cicatrização das valvas produzem as características clínicas mais importantes. - A doença valvar manifesta-se na forma de estenose fibrótica deformante da valva atrioventricular esquerda (mitral). - A cardiopatia reumática é basicamente a única causa de estenose adquirida da valva atrioventricular esquerda. - Morfologia: • A febre reumática aguda é caracterizada por focos inflamatórios isolados em diferentes tecidos. • As lesões encontradas no miocárdio são chamadas de nódulos de Aschoff (PATOGNOMÔNICO). • Os nódulos consistem em acúmulos de linfócitos, plasmócitos e macrófagos. • Durante a febre reumática aguda, os n ó d u l o s d e A s c h o ff p o d e m s e r encontrados em qualquer uma das três camadas do coração: per icárd io , miocárdio ou endocárdio. • A cardiopatia reumática crônica é caracterizada pela cicatrização. Os nódulos de Aschoff são substituídos por 12 Há um abaulamento acentuado com prolapso da válvula posterior da valva (seta) para dentro do átrio esquerdo. O átrio também está dilatado, o que reflete a insuficiência valvar de longa duração e sobrecarga de volume. sábado, 16 de março de 2019 cicatrizes fibrosas. As válvulas das valvas tornam-se espessadas e retraídas de modo permanente. • A consequência funciona mais importante da cardiopatia reumática é a estenose e a regurgitação valvares. A estenose tende a predominar. • Na estenose mitral intensa, o átrio esquerdo dilata-se progressivamente por causa da sobrecarga de pressão, o que precipita a fibrilação atrial. - Características clínicas: • A febre reumática aguda ocorre quase sempre em crianças. • A principal manifestação clínica é a cardite. • Em todos os grupos etários, os sintomas normalmente começam 2-3 semanas após a in fecção es t reptocóc ica e são anunciados por febre e pol iartr i te migratória. • A miocardite pode ser agressiva o suficiente para provocar di latação cardíaca, que leva à insuficiência funcional da valva atrioventricular esquerda e à ICC. • Quando se manifesta, os sinais e sintomas da doença valvar dependem da(s) valva(s) cardíaca(s) afetada(s). • Além dos diferentes sopros cardíacos, da hipertrofia e dilatação cardíacas e da ICC, os pacientes com cardiopatia reumática crônica têm com frequência arritmias e c o m p l i c a ç õ e s t r o m b o e m b ó l i c a s resultantes de trombos murais atriais. • As valvas cicatrizadas e deformadas são mais suscetíveis a endocardite infecciosa. C. Endocardite infecciosa: - É uma infecção grave que exige diagnóstico e intervenção imediatos. - A invasão microbiana das valvas cardíacas o u d o e n d o c á r d i o m u r a l p r o d u z caracteristicamente vegetações volumosas e f r i á v e i s c o m p o s t a s d e f r a g m e n t o s necrosados, trombo e microrganismo. - Pode ser causada por fungos, riquétsias e clamídias, porém as bactérias extracelulares são a maioria dos casos. - Pode ser classificada como aguda ou subaguda, com base na velocidade e na gravidade da evolução clínica. - As diferenças são atribuídas à virulência do micróbio responsável e à presença ou não de doença cardíaca subjacente. - Endocardite aguda: infecção destrutiva e turbulenta causada com freqüência por um microrganismo altamente virulento que ataca uma valva previamente normal. É capaz de causar morbidade e mortalidade. - Endocardite subaguda: infecção causada por microrganismos de baixa virulência que atacam um coração previamente doente, principalmente as valvas cicatrizadas e deformadas. A maioria dos pacientes se recupera. - Patogenia: 13 Estenose mitral com espessamento fibroso difuso e deformação das válvulas da valva, f u s ã o d a s c o m i s s u r a s ( s e t a s ) e espessamento e encurtamento das cordas tendíneas. Há dilatação acentuada do átrio esquerdo. sábado, 16 de março de 2019 • Esta doença pode se desenvolver em valvas previamente normais. • As anormalidades cardíacas, como cardiopatia reumática, prolapso da valva atrioventricular esquerda, as valvas aórticas bicúspides e a estenose valvar calcificada, são substratos comuns e predispõem essa infecção. • Cerca de 50-60% dos casos de endocardite que afeta valvas lesadas ou d e f o r m a d a s s ã o c a u s a d o s p e l o Streptococcus v i r idans , um grupo relativamente comum da flora oral normal. S. aureus pode atacar valvas saudáveis e deformadas e é responsável por 10-20% dos casos. - Morfologia: • Nas formas aguda e subaguda da doença, as valvas cardíacas exibem vegetações friáveis, volumosas e potencial- mente destrutivas. • A valva atrioventricular direita é um alvo frequente nos casos de abuso de drogas intravenosas. - Características clínicas: • Febre. • Fadiga. • Perda de peso. • Esplenomegalia. • Calafrios. • Fraqueza. • Cansaço. • Sopros. • O prognóstico depende do microrganismo infeccioso e do desenvolvimento ou não de complicações. D. Endocardite trombótica não bacteriana: - É caracterizada pela deposição nas valvas cardíacas de pequenas massas trombóticas compostas principalmente de fibrina e plaquetas. - As lesões valvares são estéreis e não destrutivas. - Embora o efeito local sobre a valva geralmente seja insignifi- cante, as lesões da ETNB podem passar a ter importância clínica se originarem êmbolos que podem causar infartos no encéfalo, no coração e em outros órgãos. - Esta doença também pode agir como um ninho para a colonização bacteriana e o c o n s e q u e n t e d e s e n v o l v i m e n t o d e endocardite infecciosa. 14 Causada por S. viridans. As vegetações grandes e friáveis estão indicadas por setas. Causada por S. aureus. Afetou a valva aorta. Há extensa destruição valvar e um abscesso anular (seta). Pequenas vegetações trombóticas ao longo da linha de fechamento das válvulas da valva atrioventricular esquerda (setas). sábado, 16 de março de 2019 VII. Miocardiopatias: - São doenças cardíacas atribuídas a uma disfunção intrínseca do miocárdio. - Elas podem ser primárias ( l imitadas principalmente ao miocárdio) ou secundárias (aquelas que representam a manifestação cardíaca de um distúrbio sistêmico). - São um grupo que engloba distúrbios inflamatórios, doenças imunológicas, distúrbios metabólicos sistêmicos, distrofias musculares e distúrbios genéticos das fibras do miocárdio. - Podem ser classificadas de acordo com vários critérios, que incluem a base genética da disfunção. Utilizam-se três padrões clínicos: • Miocardiopatia dilatada. • Miocardiopatia hipertrófica. • Miocardiopatia restritiva. - Dos três padrões principais, a dilatada é amais comum, e a restritiva é a menos frequente. A. Miocardiopatia dilatada: - É caracterizada pela dilatação cardíaca e disfunção contrátil progressivas, geralmente acompanhada de hipertrofia. - Patogenia: na época em que é diagnosticada já progrediu para o seu estágio final. • Causas genéticas. • Infecção. • Exposição ao álcool ou outras substâncias tóxicas: diretamente relacionada. • Miocardiopatia periparto: surge no final da gestação. • Sobrecarga de ferro. - Morfologia: • O coração está aumentado e flácido, e todas as câmaras estão dilatadas. • Por conta do adelgaçamento das paredes que acompanha a dilatação, a espessura ventricular pode estar menor, igual ou maior do que o normal. • Trombos murais também são frequentes e podem ser uma fonte de tromboêmbolos. - Características clínicas: • Pode ocorrer em qualquer idade, porem é é diagnosticada com mais freqüência nos 20-50 anos. • Se manifesta por meio de sinais de ICC lentamente progressiva. • Os sintomas incluem dispnéia, cansaço fácil e baixa capacidade de realizar esforços físicos. • O problema principal da miocardiopatia dilatada é a contração ineficaz. • No estágio final da doença, a fração de injeção é inferior a 25%. • Regurgitação mitral secundária, ritmos cardíacos anormais são comuns, e pode ocorrer o desprendimento de êmbolos de trombos intracardíacos (murais). 15 A dilatação e a hipertrofia das quatro câmaras são evidentes. Um pequeno trombo mural pode ser visto no ápice do ventrículo esquerdo (seta). sábado, 16 de março de 2019 • Metade dos pacientes morre dentro de 2 anos e apenas 25% sobrevivem mais de 5 anos. • A morte geralmente é causada devido à insuficiência cardíaca progressiva ou a uma arritmia. B. Miocardiopatia hipertrófica: - É caracterizada por hipertrofia do miocárdio, enchimento diastól ico insuficiente e obstrução do fluxo de saída ventricular. - O coração está pesado e hipercontrátil, e suas paredes estão espessadas. - A função sistólica está preservada, mas o miocárdio não relaxa, portanto, apresenta disfunção diastólica primária. - Patogenia: • A maioria dos casos é por conta genética, onde a miocardiopatia hipertrofia é basicamente um distúrbio de proteínas do sarcômero. - Morfologia: • Caracterizada por hipertrofia maciça do miocárdio sem dilatação ventricular. • Essas alterações se correlacionam com a obstrução funcional da via de saída do ventrículo esquerdo. - Características clínicas: • Pode surgir em qualquer idade, mas normalmente se manifesta durante o estirão de crescimento pós-puberal. • Ela é caracterizada pela hipertrofia maciça d o v e n t r í c u l o e s q u e r d o q u e paradoxalmente fornece volume sistólico acentuadamente reduzido. • Dispneia aos esforços e sopro sistólico de ejeção áspero. • Os principais problemas clínicos incluem fibr i lações atr ia is e ventr icu lares, acompanhadas de formação de trombos murais, endocardite infecciosa da valva atrioventricular esquerda, ICC e morte súbita. C. Miocardiopatia restritiva: - É caracterizada por diminuição primária da complacência ventr icular, que causa enchimento ventricular deficiente durante a diástole (resumindo, a parede está mais dura). - A miocardiopatia restr it iva pode ser idiopática ou estar associada a doenças sistêmicas que também afetam o miocárdio como, por exemplo, a fibrose por radiação, a amiloidose, a sarcoidose ou os produtos de erros inatos do metabolismo. - As três formas de miocardiopatia restritiva: • Amiloidose: é causada pela deposição de proteínas extracelulares com tendência a formar folhas ß-pregueadas insolúveis. • Fibrose endomiocárdica: é caracterizada por fibrose difusa densa do endocárdio e subendocárdio ventriculares que com f r e q u ê n c i a e n v o l v e a s v a l v a s atrioventriculares direita e esquerda. O tecido fibroso diminui acentuadamente o volume e a complacência das câmaras afetadas e, como consequência, produz uma fisiologia restritiva. 16 O músculo septal projeta-se para dentro da via de saída do ventrículo e s q u e r d o d e i x a n d o o l ú m e n ventricular com forma de banana. O átrio esquerdo está aumentado. sábado, 16 de março de 2019 • Endomiocardite de Loeffer: também exibe fibrose endocárdica, normalmente associada à formação de grandes trombos murais, mas sem preferência geográfica. - Morfologia: • Os ventrículos tem tamanho normal ou estão ligeiramente aumentados. • As cavidades não estão dilatadas e o miocárdio está enrijecido. D. Miocardite: - Os agentes infecciosos e/ou os processos inflamatórios têm como alvo principalmente o miocárdio. - Patogenia: • As infecções virais são a causa mais comum de miocardite, e os coxsackievírus A e B e ou t ros en te rov í r us são responsáveis pela maioria dos casos. O citomegalovírus (CMV), o vírus da imunodeficiência humana (HIV), o vírus da influenza e outros vírus são patógenos menos comuns. • As causas infecciosas não virais de miocardite percorrem todo o espectro do mundo microbiano. O protozoár io Trypanosoma cruzi é o agente da doença de Chagas. • As causas não infecciosas de miocardite incluem lesões associadas a doenças sistêmicas de origem imunológica, como o lúpus e r i t ematoso s i s têmico e a polimiosite. - Morfologia: • O coração pode aparecer normal ou dilatado. • Nos estágios avançados o miocárdio no rma lmente es tá flác ido e com freqüência mosqueado de áreas pálidas e hemorrágicas. • Trombos murais podem estar presentes. - Características clínicas: • A doença é assintomática, e os pacientes recuperam-se sem apresentar sequelas. • Pode apresentar início repentino de insuficiência cardíaca ou arritmia, as vezes acompanhada de morte súbita. - Entre estes extremos, encontram-se quadros de febre, dor, palpitações, dispneia e fadiga. VIII. Doença pericárdica: - E n g l o b a m d e r r a m e s e c o n d i ç õ e s inflamatórias, que as vezes resultam em constrição fibrosa. - Normalmente estão associadas a um processo patológico localizado em outra parte do coração ou nas estruturas circunjacentes, ou são secundárias a um distúrbio sistêmico. A. Pericardite: - A pericardite primária é incomum e quase s e m p r e r e s u l t a d e i n f e c ç ã o v i r a l (normalmente acompanhada de miocardite), embora bactérias, fungos ou parasitas também possam estar envolvidos. - Na maioria dos casos, a pericardite é secundária a IAM, cirurgia cardíaca, radiação do mediastino ou doenças que envolvem outras estruturas torácicas. - A uremia é o distúrbio sistêmico mais comum associado à pericardite. - As causas secundárias menos comuns incluem a febre reumática, o lúpus eritematoso sistêmico e os tumores malignos metastáticos. - A pericardite pode: • Causar complicações hemodinâmicas imediatas, se produzir um derrame grande. • Desaparecer sem deixar sequelas importantes. 17 sábado, 16 de março de 2019 • Progredir para um processo fibrosante crônico. - Morfologia: • Nos pacientes com pericardite aguda viral ou uremia, o exsudato normalmente é fibrinoso e confere um aspecto irregular, felpudo, à superfície do pericárdio (“pão com manteiga”). • Na pericardite aguda bacteriana, o exsudato é fibrinopurulento (supurativo) e, com frequência, há áreas de pus evidente. A pericardite tuberculosa pode exibir áreas de caseificação. - Na maioria dos casos, a pericardite fibrinosa ou fibrinopurulenta aguda desaparece sem deixar sequelas. Contudo, quando há caseificação ou supuração extensa, a cicatrização pode levar à fibrose (pericardite crônica). • A pericardite crônica pode estar associada a aderências delicadas ou a cicatrizes fibróticas densas que obliteram o espaço pericárdico. - Em casos extremos, o coração fica totalmente envolvido por fibrose densa e n ã o c o n s e g u e s e e x pa n d i r normalmente durante a diástole, o que c a u s a a c h a m a d a p e r i c a r d i t e constritiva. - Características clínicas: • Manifesta-se classicamente como dor torácica atípica e atrito intenso. • Q u a n d o a s s o c i a d a a o a c ú m u l o significativo de líquido, a pericardite aguda pode causar tamponamento cardíaco, acompanhado de redução do débito cardíaco e choque. B. Derrames pericárdicos: - O saco pericárdico contém, no máximo, 30-50 mL de um l íqu ido se roso e transparente. - Os derrames serosos e/ou fibrinosos que ultrapassam esses valores geralmente são vistos nos casos de inflamação pericárdica. - Os outros tipos de derrame pericárdico e suas causas são: • Seroso: insuficiência cardíaca congestiva e hipoalbuminemia. • Serossanguíneo: trauma fechado de tórax, tumor maligno, IM com ruptura e dissecção da aorta com ruptura. • Quiloso: obstrução linfática mediastinal. - As consequências do acúmulo de líquido pericárdico dependem do volume do líquido e da capacidade do pericárdio parietal de se expandir. - As coleções de líquido com apenas 250 mL que surgem rapidamente podem restringir o enchimento cardíaco diastólico a ponto de produzir um tamponamento cardíaco potencialmente fatal. IX. Tumores cardíacos: A. Neoplasias metastáticas: - As metástases tumorais constituem o principal tipo de tumor maligno do coração. 1. Neoplasias primárias: - Os tumores primários do coração são incomuns. 18 Pericardite supurativa aguda, causada pela propagação de uma pneumonia. sábado, 16 de março de 2019 - A maioria é benigna. - Esses 5 tumores são apresentam potencial maligno: mixomas, os fibromas, os lipomas, o s fi b r o e l a s t o m a s p a p i l a r e s e o s rabdomiomas. - O angiossarcoma é o tumor maligno primário mais comum. - Os mixomas são os tumores primários do coração mais comuns nos adul tos. Aproximadamente 90% desses tumores são atriais, e 80% deles afetam o átrio esquerdo. - Os rabdomiomas são os tumores primários do coração mais frequentes em bebês e crianças; geralmente são descobertos por causa da obstrução de uma valva ou do fluxo de saída. VASOS SANGUÍNEOS: - Originalmente os vasos sangüíneos são constituídos por um tubo central com células endoteliais revestindo o lúmen e rodeado por quantidades variáveis de células musculares lisas e MEC. - A estrutura de cada um desses componentes varia em diferentes partes da vasculatura de acordo com a necessidade funcional. - Para suportar o fluxo pulsátil e as altas pressões arteriais, as paredes das artérias são mais espessas do que as veias, sendo reforçadas por camadas de célu las musculares lisas. - Veias são vasos de paredes finas distensíveis e com alta capacitância. - As paredes dos vasos são organizadas em três camadas: íntima, média e adventícia. PATOLOGIAS VASCULARES: - As doenças vasculares são de extrema importância pois causam os maiores índices de morbidade e mortalidade na humanidade. - As doenças vasculares se desenvolvem através de dois mecanismos principais: • Estreitamento ou obstrução completa da l u z d o s v a s o s , o c o r r e n d o progressivamente ou de forma aguda. • Enfraquecimento da parede dos vasos, causando dilatação e/ou ruptura. I. Arteriosclerose: - Endurecimento das artérias. Reflete ao espessamento e perda da elasticidade da parede arterial. - Há três padrões distintos: • Arteriolosclerose: afeta pequenas artérias e ar ter ío las e pode causar lesão isquêmica. Possui duas variantes, hialina e hiperplásica. • Esclerose medial de Mönckeberg. • Aterosclerose: padrão mais frequente. A. Aterosclerose: - É caracterizada por lesões na íntima chamadas ateromas (placas ateromatosas). - Essas placas ateromatosas são lesões elevadas compostas por centro mole e grumoso de lipídeos, recobertas por uma cápsula fibrosa. - Elas enfraquecem a camada média e levam a formação de aneurisma. - Fatores de risco constitucionais (não modificáveis): • Genéticos: antecedentes familiares são o principal fator de risco independente. • Idade: as lesões permanecem silenciosas até que o individuo alcance a meia idade. • Gênero: as mulheres no período pré- menopausa são mais protegidas. Após a menopausa, a incidência da doença aumenta com o avanço da idade, e o risco de infarto é maior do que em homens. 19 sábado, 16 de março de 2019 - Principais fatores de risco modificáveis: • Hiperlipidemia: e mais especificamente, a hipercolesterolemia, é o fator de risco essencial para o desenvolvimento da doença. • Hipertensão. • Tabagismo. • Diabetes. - Patogenia: • Resposta inflamatória crônica da parede arterial à lesão endotelial. • A progressão da lesão envolve a interação de lipoproteínas modificadas, macrófagos, macrófagos derivados de monócitos, linfócitos T e constituintes celulares. • Ela é progredida pelos seguintes eventos patogênicos: - Lesão endo te l i a l : consequen te disfunção endotelial causando aumento da permeabilidade, adesão leucocitária e trombose. - Acúmulo de lipoproteínas. - Adesão plaquetária. - Adesão de monócitos ao endotélio, migração para a íntima e diferenciação em macrófagos e células espumosas. - Acúmulo de lipídeos no interior dos macrófagos, com liberação de citocinas inflamatórias. - Recrutamento de células musculares lisas devido aos fatores liberados pela ativação de plaquetas, macrófagos e células da parede vascular. - Proliferação de células musculares lisas e produção de MEC. • A inflamação contribui para a iniciação, progressão e complicação das lesões a t e ro s c l e r ó t i c a s . N o e s t á g i o d a aterogênese as células endoteliais disfuncionais expressam moléculas de a d e s ã o q u e p r o m o v e m a d e s ã o leucocitária. Após a adesão no endotélio os leucócitos migram para dentro da íntima. - Os monócitos diferenciam-se em m a c r ó f a g o s e e n g l o b a m a s l ipoproteínas. Também produzem espécies tóxicas de oxigênio que levam à oxidação da LDL e à síntese de fatores de crescimento que estimulam a atividade proliferava das células. - Linfócitos T são recrutados para a íntima e interagem com os macrófagos, cont r ibu indo para o estado de inflamação crônica. - Como consequênc ia do estado inflamatório crônico, os leucócitos ativados e a liberação de fatores de crescimento promovem a proliferação das células do músculo liso e a síntese de MEC. • Proliferação das células do músculo liso e síntese de matriz convertem a lesão inicial, ou seja, as estrias gordurosas, em ateroma maduro, contribuindo para a progressão da doença. - As células musculares lisas recrutadas sintetizam MEC que estabilizam as placas ateromatosas. No entanto, células inflamatórias ativadas nos ateromas também podem causar apoptpse das células musculares lisas da íntima e desintegrar a matriz, formando placas instáveis. - Morfologia: • Estr ias gordurosas: surgem como múltiplas máculas amareladas e planas que coalescem em lesões maiores. São compostas por macrófagos espumosos repletos de lipídeos. Podem surgir na aorta d e c r i a n ç a s a c i m a d e 1 0 a n o s , independentemente dos fatores genéticos 20 sábado, 16 de março de 2019 clínicos ou alimentares. Elas podem se evoluir para placas ateroscleróticas. • Placas ateroscleróticas: são lesões elevadas, branco-amareladas que podem coalescer e formar massas maiores. São irregulares, geralmente envolvem uma parte determinada da parede arterial. A sua localização pode estar relacionada com a variabil idade hemodinâmica vascular. Desequilíbrios do fluxo local, como tu rbu lênc ia em pon tos de ramificação, favorecem a sua formação. • As placas ateroscleróticas apresentam três componentes principais: - Células, incluindo células musculares lisas, macrófagos e células T. - MEC, incluindocolágeno, fibras elásticas, proteoglicanos. - Lipídeos intra e extracelulares. • A periferia das lesões apresenta neo- vascularização. - Consequências clínicas: • As artérias elásticas (aorta, carótidas e ilíacas) são as mais comumente afetadas pela aterosclerose. • Apresenta sinais e sintomas relacionado com a isquemia do coração, cérebro, rins e membros inferiores. • Os resultados dos principais aspectos fisiopatológicos dependem do tamanho dos vasos acometidos, do tamanho e estabilidade das placas e do grau de oclusão na parede dos vasos. • Estenose aterosclerótica: devido aos l imi tes de remodelação da p laca ateromatosa na circunferência do vaso, a expansão ao ateroma pode apresentar consequências sobre o fluxo sanguíneo. - Apresentam dor no peito, isquemia intestinal, morte cardíaca súbita, DCI crônica, encefalopatia isquêmica e claudicação intermitente. • Alteração aguda da placa: erosão ou r u p t u r a d a p l a c a , n o r m a l m e n t e desencadeia um quadro de trombose, evoluindo para a obstrução vascular parcial ou total e, muitas vezes, para o infarto tecidual. Se dividem em três categorias: - Ruptura/fissura: expõe os constituintes da placa altamente trombogênicos. 21 Aorta com aterosclerose leve composta por placas fibrosas. Estrias gordurosas, principalmente próximas ao óstio de ramificação do vaso. Aorta com lesões graves e difusas, incluindo placa ulcerada e trombo sobreposto sábado, 16 de março de 2019 - Erosão/ulceração: expondo ao sangue a membrana basal subendotelial trombogênica. - Hemorragia no interior do ateroma: expande o seu volume. • As placas com alto risco de ruptura são denominadas placas vulneráveis. A sua ruptura com produção de trombos ou embol ização leva à compl icações isquêmicas potencialmente fatais. • Placas com pouco risco de ruptura são chamadas placas estáveis, que causam o estreitamento da luz vascular causando isquemia crônica. - Morfologia: • As placas são suscetíveis a diversas alterações clínicas: - Ruptura, ulceração ou erosão da s u p e r f í c i e l u m i n a l d e p l a c a s ateromatosas expõe substancias altamente trombogênicas e induz a formação de trombos. Esses trombos p o d e m o c l u i r p a rc i a l m e n t e o u completamente o lúmen vascular, promovendo isquemia tecidual. - Hemorragia no interior da placa: a ruptura da cápsula fibrosa sobrejacente ou da parede fina dos vasos em áreas de neovascularização pode causar hemorragia no interior da placa. O hematoma resultante pode evoluir para rápida expansão ou ruptura da placa. - Ateroembolismo: a ruptura da placa pode liberar resíduos ateroscleróticos na corrente sanguínea, produzindo m i c r o ê m b o l o s c o m p o s t o s p o r conteúdos da placa. - Formação de aneurisma: a pressão induzida pela aterosclerose ou atrofia isquêmica subjacente da média com perda de tecido elást ico causa enfraquecimento da estrutura dos vasos, que pode resultar em dilatação aneurismática e ruptura. B. Ateriolosclerose: - A hipertensão se associa a duas formas de d o e n ç a s d e p e q u e n o s v a s o s : arteriolosclerose hialina e hiperplástica. - Arteriolosclerose hialina: está associada à hipertensão benigna. É caracterizada por apresentar espessamento hialino homogêneo da parede arteriolar, com perda de detalhes estruturais subjacentes e estreitamento luminal associado. • E s s a s a ç õ e s o r i g i n a m - s e d o extravasamento dos componentes do plasma através das células endoteliais lesadas e do aumento da produção de MEC pelas células musculares lisas em resposta ao estresse hemodinâmico crônico. - Arteriolosclerose hiperplásica: é mais comum na hipertensão grave. Os vasos exibem “lesões em casca de cebola”, representadas por espessamentos laminares e concêntricos nas paredes arteriais, e estreitamento luminal. II. Aneurismas: - Os aneurismas são dilatações dos vasos sanguíneos ou do coração, podendo ser congênitos ou adquiridos. 22 As capsulas estáveis possuem cápsula fibrosa fina, densamente colagenizada, com inflamação mínima e centro aterosclerótico discreto, enquanto as placas vulneráveis têm capsula fibrosa fixa, grande núcleo lipídico e inflamação aumentada. sábado, 16 de março de 2019 - Os aneurismas ”verdadeiros“ acometem as três camadas da artéria (íntima, média e adventícia) ou uma parede frágil do coração. • Elas incluem os aneurismas vasculares ateroscleróticos e congênitos, bem como os ventriculares resultantes do infarto do miocárdio transmural. - O aneurisma falso (pseudoaneurisma) é um defeito na parede vascular que resulta na formação de um hematoma extravascular com comunicação para o espaço in- travascular (“hematoma pulsante”). • Exemplos incluem rupturas ventriculares contendo adesões per icárd icas e vazamentos na junção de um enxerto vascular com uma artéria natural. - Na dissecção arterial, o sangue pressurizado entra na parede arterial através de um defeito na superfície da íntima e invade as cama- das subjacentes. - São impotentes causas de estase com formação de trombose subsequente. Possuem maior propensão à ruptura. - Podem ser classificados quanto a sua forma: • Aneurismas saculares: são distintos divertículos que frequentemente contem trombos. • Aneur ismas fusi formes: di latações circunferenciais. Eles envolvem mais comumente o arco aórtico, a aorta abdominal e as artérias ilíacas. - Patogenia: • Os aneurismas ocorrem quando a estrutura ou a função do tecido conjuntivo é comprometida por qualquer um dos seguintes fatores: - Síntese inadequada ou anormal de tecido conjuntivo. - Degradação excessiva do tecido conjuntivo. - Perda das células musculares lisas ou alteração fenotípica na síntese das células musculares lisas. • As duas principais causas de aneurisma aórtico são aterosclerose e hipertensão. - A aterosclerose é o principal fator de aneurismas da aorta abdominal. - A hipertensão está associada ao aneurisma de aorta ascendente. • Outras condições que enfraquecem a parede dos vasos e favorecem a formação dos aneurismas incluem trauma, vasculite, d e f e i t o s c o n g ê n i t o s e i n f e c ç ã o , denominada aneurisma micótico. A. Aneurisma da aorta abdominal: - O aneurisma da aorta abdominal (AAA) ocorre mais frequentemente em homens tabagistas e raramente se desenvolve antes dos 50 anos de idade. - Aterosclerose é a sua principal causa. - É resultante da degradação excessiva de MEC, mediada pelo infiltrado inflamatório local em artérias ateroscleróticas, e da p rodução de enz imas p ro teo l í t i cas 23 sábado, 16 de março de 2019 destrutivas. As placas ateroscleróticas comprometem a difusão de nutrientes e resíduos entre o lúmen vascular e a parede arterial, e comprimem diretamente os vasos subjacentes da média. Consequentemente, a média sofre degeneração e necrose, ocasionando o enfraquecimento da parede arterial. - Morfologia: • Podem ser saculares ou fusiformes. • Na maioria dos casos, a aterosclerose extensa está presente, produzindo enfraquecimento e destruição focal da média subjacente. • A n e u r i s m a d a a o r t a a b d o m i n a l inflamatórios: caracterizados por densa fibrose periaórtica. • Aneurisma da aorta abdominal micóticos: ocorrem quando microrganismos se alojam na parede do aneurisma ou se associam ao trombo. Nesses casos, a supuração resultante acelera a destruição da média e pode conduzia rápida dilatação e ruptura. - Consequências clínicas: • Isquemia distal dos rins, pernas, medula espinhal ou trato gastrointestinal. • Embolismo do ateroma ou trombo mural. • C o m p ro m e t i m e n t o d e e s t r u t u r a s adjacentes. • Massa abdominal que simula tumor. • Ruptura dentro da cavidade peritoneal ou nos tecidos retro-peritoneais, com hemorragia maciça potencialmente fatal. •O risco de ruptura é determinado pelo tamanho do aneurisma. B. Aneurisma da aorta torácica: - Os aneurismas da aorta torácica são comumente associados à hipertensão e síndrome de Marfan. - Esses aneurismas se manifestam por sinais e sintomas como: • Compressão de estruturas mediastinais: dificuldades respiratórias ou alimentares devidas à compressão das vias aéreas e do esôfago, respectivamente. • Tosse de irritação persistente dos nervos laríngeos recorrentes. • Dor causada pela erosão do osso. • Doença cardíaca devida à insuficiência valvular ou estreitamento dos óstios coronários. • Ruptura da aorta. C. Dissecção da aorta: - A dissecção aórtica ocorre quando o sangue se espalha nos planos laminares da média, formando um canal repleto de sangue dentro da parede aórtica. - Pode ser catastrófico se houver rompimento da dissecção através da adventícia e hemorragia nos espaços adjacentes. 24 Aneurisma de aorta abdominal. Vista externa de um aneurisma que se rompeu no local da seta (A). Vista aberta, com localização da ruptura no trato indicado pela sonda (B). A parede do aneurisma é enfraquecida, e o lúmen é preenchido por grande trombo extenso sábado, 16 de março de 2019 - Ocorre principalmente em homens entre 40-60 anos com histórico familiar de hipertensão e em pacientes jovens com anormalidades no tecido conjuntivo que afetam a aorta. - São incomuns em casos de aterosclerose. - Patogenia: • A hipertensão é o principal fato de risco. • A aorta de pacientes hipertensos apresenta hipertrofia dos vasa vasorum associada a distúrbios degenerativos da MEC e perda variável das células musculares lisas. - Morfologia: • As rupturas externas causam hemorragias intensas ou resultam em tamponamentos cardíacos caso ocorram no interior do saco pericárdico. - Consequências clínicas: • Dependem da porção afetada. As complicações mais graves ocorrem nas porções proximais. • Lesões proximais: acometem a aorta ascendente, com ou sem envolvimento da aorta descendente. • Lesões distais: usualmente se iniciam distalmente à artéria subclávia. • Os sintomas são: - Dor lancinante com irradiação para o dorso entre as escápulas e descendo à med ida que há p rog ressão da dissecção. • A causa mais comum de óbito é a ruptura da dissecção nas cavidades pericárdica, pleural ou peritoneal. III. Veias varicosas: - São anormalmente dilatadas e tortuosas, produzidas por aumento crônico da pressão intraluminal e enfraquecimento da parede dos vasos. - As veias superficiais superiores e inferiores da perna estão tipicamente envolvidas. - A obesidade aumenta o risco, entretanto, a maior incidência em mulheres é reflexo da elevação prolongada da pressão venosa causada pela compres- são da veia cava inferior pelo útero durante a gravidez. - Características clínicas: • A dilatação varicosa torna as válvulas venosas incompetentes e promove a estase na extremidade inferior, congestão, edema, dor e trombose. - Veias varicosas em outros sítios: • Varizes esofágicas: a cirrose hepática causa hipertensão da veia porta. Essa hipertensão promove a abertura dos shunts portossistêmicos, que aumenta o fluxo sanguíneo no interior das veias na junção gastroesofágica, no reto e nas veias periumbil icais da parede do abdomen. As varizes esofágicas são as mais importantes, visto que sua ruptura pode evoluir para maciça hemorragia gastrointestinal alta. • As hemorroidas são dilatações varicosas do plexo venoso na junção anorretal, que resultam de prolongada congestão vascular pélvica associada à gravidez ou constipação crônica. 25 Aorta aberta com dissecção proximal originada de pequena laceração oblíqua da íntima associada a hematoma intramural. sábado, 16 de março de 2019 IV. Vasculites: - É um termo para caracterizar a inflamação da parede dos casos sanguíneos. - O quadro clínico das várias vasculares é diverso e depende muito do leito vascular afetado. • A l é m d o s a c h a d o s d o s t e c i d o s acometidos, há também sinais e sintomas de inflamação sistêmica, como febre, mialgia, artralgia e mal-estar. • Estruturas nervosas adjacentes podem ser acometidas e o paciente sentir dor. • Pode causar claudicação intermitente por conta da extensão para as estruturas nervosas adjacentes. - Apesar das vasculites terem predileção por grandes vasos, a maioria afeta pequenos vasos. - São classificadas quanto ao tamanho do vaso, papel dos imunocomplexos, presença de anticorpos específicos, formulação de granuloma, tropismo tecidual e outros critérios. - Os dois mecanismos patogênicos principais da vasculite são inflamação imunomediada e invasão vascular direta por agentes infecciosos. • As infecções também podem causar i n d i r e t a m e n t e u m a v a s c u l i t e imunomediada. - O d iagnós t ico pode se r fe i to com embasamento clínico, porém, o padrão ouro é a biópsia. • Muitas vezes a biópsia é inconclusiva devido à área dissecada que não foi correta, portanto, se a biópsia for negativa ou inconclusiva, isso não exclui a possibilidade do paciente ter a doença. - Em pacientes com vasculite ocorre ataque à parede vascular de células de defesa, ocasionando um processo inflamatório que causa espessamento da parede vascular. • Consequentemente, poderia causar neste vaso isquemia, trombos, hemorragia, aneurisma. • Caso a obstrução do lúmen for muito importante, pode ocasionar isquemia e até infartos da região. A. Vasculites não infecciosas: - Os principais mecanismos imunológicos que iniciam a vasculite são: • Deposição dos imunocomplexos. • Anticorpos anticitoplasma de neutrófilos (ANCA). • Anticorpos anticélulas endoteliais. • Células T autorreativas. - Classificação: segundo a CONFERÊNCIA DE CHAPEL HILL. Leva em conta critérios morfológicos como: - Tamanho do vaso. - Local anatômico. - Características histológicas. - Manifestações clínicas. • De acordo com as estruturas envolvidas, é necessário se pensar em possibilidades diagnósticas. - Por exemplo: existem vasculites que tem preferencia por vasos: • De grande calibre que podem ocorrer na aorta: arterite de células gigantes ou arterite de Takayasu. • De médio calibre: poliarterite nodosa e doença de Kawasaki. • De pequenos calibres: - Vasculites por imunocomplexos: LES , c r iog lobu l i nemia , I gA (púrpura de Henoch-Schonlein). 26 sábado, 16 de março de 2019 - Vasculites associadas à ANCA: poliangiites (granulomatose de Wegener ) , e Churg-St rauss (granulomatosa eosinofílica). - Vasculite associada a imunocomplexos: • Está presente em distúrbios imunológicos, como LES, que associam à produção de autoanticorpos. • A deposição dos imunocomplexos está implicada nas seguintes vasculites: vasculite associada à hipersensibilidade medicamentosa ou vasculite secundária a infecções. - Anticorpos anticitoplasma dos neutrófilos (ANCA): • Pacientes possuem anticorpos circulantes q u e r e a g e m c o m a n t í g e n o s citoplasmáticos dos neutrófilos. • São um tipo de autoanticorpo dirigidos contra os constituintes dos grânulos primários dos neutrófilos, monócitos e células endoteliais. • Os autoanticorpos ANCAs são dirigidos contra os constituintes celulares e não formam imunocomplexos circulantes. - Anticorpos anticélulas endoteliais: • Anticorpos contra as células endoteliais formam as vasculites, como na doença de Kawasaki. 1. Arterite de células gigantes (temporais): - É a forma mais comum de vasculite em idosos. - É caracterizada por inflamação crônica, tipicamente granulomatosa, que acomete artérias de pequeno calibre a grande calibre, principalmente na região da cabeça, em especial nas artérias temporais. - As artérias vertebrais e oftálmicas, bem como a aorta, também podem ser afetadas. • Se ocorrer na artéria oftalmica,pode o c a s i o n a r e m c e g u e i r a s ú b i t a e permanente. - Patogenia: • Sugere-se que a resposta imune inicial seja mediada por células T contra um anticorpo desconhecido, possivelmente a parede de um vaso. • A etiologia imune é apoiada pela inflamação granulomatosa característica. • Há predileção pela artéria temporal, deixando-a muito espessada, sendo possível a sua visualização a olho nú (se a pessoa apresentar cefaléia de início súbito, prestar atenção à essa artéria). - Morfologia: • Os segmentos arteriais acometidos apresentam espessamento nodular da íntima (e tromboses ocasionais) que reduzem o diâmetro do lúmen vascular, favorecendo a isquemia distal. • As lesões clássicas exibem inflamação granulomatosa na parte inferior da média em torno da membrana elástica interna. • Há infiltração de linfócitos e macrófagos, células gigantes e fragmentação da lâmina elástica interna. • A cicatrização é marcada por presença de fibrose, na média e na adventícia, e espessamento da camada da íntima. 27 Artéria temporal exibindo células gigantes próximas à membrana e lás t ica interna, juntamente com inflamação da adventícia e na média. sábado, 16 de março de 2019 - Características clínicas: • É rara antes dos 50 anos. • Sinais e sintomas podem ser vagos, mas incluem: febre, fadiga e perda de peso, ainda, dor fácil ou cefaléia. Os sintomas ocu la res apa recem em 50% dos pacientes, variando de diplopia e perda da visão completa. • O diagnóstico completo depende de biópsia e exame histológico adequado. 2. Poliarterite nodosa: - É uma vasculite sistêmica das artérias musculares de pequeno ou médio calibre que normalmente envolve os vasos renais e viscerais, não afetando a circulação pulmonar. - Essa vasculite não tem relação com os ANCAs. - Um terço dos pacientes acometidos possui hepatite B crônica, que favorece a formação e deposição de imunocomplexos contendo antígenos da hepatite B nos vasos, causando a lesão. - Morfologia: • É uma inflamação necrosante transmural segmentar das artérias de pequeno a médio calibre, muitas vezes com trombose associada. • Pode acometer os rins, coração, fígado e trato gastrointestinal. • As lesão, usualmente, acometem apenas uma parte da circunferência dos vasos e possu i pred i leção por pontos de ramificações. • O comprometimento da perfusão dos tecidos pode ocasionar a formação de úlcera, infarto, atrofia isquêmica ou hemorragia na distribuição dos vasos afetados. • O processo inflamatória enfraquece a parede das artérias favorecendo a ruptura ou desenvolvimento de aneurisma. - Características clínicas: • Acomete principalmente adultos jovens, mas pode ocorrer em qualquer faixa etária, • O curso clínico pode variar desde agudo a crônico, mas é frequentemente episódico, com longos intervalos sem sintomatologia. • Os sintomas podem incluir mal estar, febre e perda de peso. • O sinal c lássico pode envolver a combinação do aumento brusco de 28 Evidenciando a presença de destruição focal da membrana elástica interna em associação com a média atenuada e cicatriz. PAN associada à necrose fibrinoide segmental e oclusão trombótica da pequena artéria. Seta: evidenciando que a parte do vaso não está envolvida. sábado, 16 de março de 2019 hipertensão (devido ao acometimento da artéria renal) e melena (devido a lesões vasculares gastrointestinais), dores musculares difusas e neurite periférica que afeta principalmente os nervos periféricos. • O envolvimento da artéria renal constitui uma das principais causas de morte nesses pacientes. Sem o tratamento, a doença é fatal. 3. Granulomatose de Wegener: - É uma vasculite necrosante caracterizada por uma tríade específica de achados: • Granulomas no pulmão e/ou trato respiratório superior (ouvido, nariz, seios da face e garganta). • Vasculite afetando os vasos de pequeno e médio calibre, sendo mais proeminente no pulmão e trato respiratório superior. • Glomerulonefrite. - A forma “limitada” da doença pode estar restrita ao trato respiratório. Por outro lado, a forma generalizada pode afetar olhos, pele e outros órgãos, e o coração. - Clinicamente, essa entidade se assemelha à poliarterite nodosa, com a característica adicional de comprometimento do trato respiratório. - A granulomatose de Wegener é iniciada como resposta de hipersensibil idade mediada por células contra antígenos ambientais inalados ou infecciosos. - Tem associação com a ANCA antiproteinase 3 (c-ANCA). - É um processo inflamatór io crônico granulomatose (pesquisar possíveis causas de tuberculose e infecções fúngicas). A p a t o g e n i a é d e v i d o a r e a ç ã o d e hipersensibilidade mediada por células T e c o m o r e s p o s t a a m i c r o rg a n i s m o s supracitados. - Morfologia: • As lesões do trato respiratório superior variam de sinusites granulomatosas a lesões ulcerativas no nariz, palato ou faringe. • Lesões pulmonares também podem apresentar extensão variada de infiltrado inflamatório difuso no parênquima a nódulos granulomatosos. • A vasculite granulomatosa necrosante multifocal com proliferação fibroblástica circundante está presente. • A hemorragia e a hemoptise resultam da destruição dos vasos. - Características clínicas: • Normalmente do sexo masculino e com 40 anos de idade, embora mulheres e indivíduos de outras faixas etárias possam ser atingidos. • As apresentações clínicas clássicas incluem pneumonite bilateral com nódulos e lesões cavitárias, sinusite crônica, ulcerações na mucosa da nasofaringe e doença renal. • A m a i o r i a d o s p a c i e n t e s c o m granulomatose de Wegener sobrevive, entretanto, continuam sujeitos a um risco 29 Pulmão de paciente com granulomatose de Wegener, demonstrando grandes lesões modulares cavitárias no centro. sábado, 16 de março de 2019 elevado de sofrer recidiva, que pode evoluir para insuficiência renal. 4. Síndrome de Churg-Strauss: - A síndrome de Churg-Strauss (também conhecida como granulomatose ou angiite alérgica) é uma vasculite necrosante dos pequenos vasos, classicamente associada à asma, rinite alérgica, infiltrado pulmonar, eosinofilia periférica, granulomas necrosantes vasculares e à marcante infiltração dos vasos e tecido perivascular por eosinofilia. - Acometimento cutâneo (com púrpuras palpáveis), hemorragia gastrointestinal e doença renal são as principais manifestações dessa síndrome. - A síndrome de Churg-Strauss pode resultar da ”hiperresponsividade“ a um estímulo alérgico inócuo. 5. Doença de Behçet: - É uma vasculite neutrofílica, onde há predominância de neutrófilos. - A doença não possui causas conhecidas, mas há fatores que podem contribuir, como certos haplótipos de HLA e resposta imunológica cruzada a microrganismos. - Ela cursa com uma tríade clínica: • Ulceras aftosas orais. • Ulceras aftosas genitais. • Uveíte. - Pode acometer o TGI e o sistema nervoso. 6. Doença de Buerger (tromboangiite obliterante): - É um distúrbio distinto que frequentemente resulta em severa insuficiência vascular e grangrena das extremidades. - Caracteriza-se por inflamação aguda e crônica focal das pequenas e médias artérias, especialmente a tibial e a radial, associadas à trombose, e, ocasionalmente, extensão secundária para as veias e nervos adjacentes. - Essa doença ocorre quase exclusivamente em tabagista inveterado e se desenvolve antes dos 35 anos de idade. - Acredita-se que a lesão endotelial seja causada por toxicidade direta ou pelo composto reativo do tabaco, podendo modificar os constituintes da parede do vaso e induzir uma resposta imune. - Morfologia: • Caracteriza-se por acentuada vasculite transmural segmentar aguda e crônica de p e q u e n a s e m é d i a s a r t é r i a s , predominantemente nas extremidades. - Manifestações:
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