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LESÕES TRAUMÁTICAS NA DENTIÇÃO DECÍDUA O traumatismo facial que resulta em dentes fraturados, deslocados ou perdidos, pode apresentar efeitos negativos consideráveis sobre o aspecto funcional, estético e psicológico da criança. Os dentes decíduos têm uma relação direta com os germes dos dentes permanentes, então um trauma nessa época pode gerar consequências na dentição permanente. Essa aula usa as diretrizes do IADT como base, que por sua vez desenvolveu esses protocolos baseada em: (1) circunstâncias clínicas específicas; (2) julgamento do profissional; (3) características individuais do paciente (capacidade de colaboração e custos); (4) entendimento claro do prognóstico imediato e a longo prazo das várias opções de tratamento para cada caso. EPIDEMIOLOGIA (PREVALÊNCIA): - Quanto à idade: crianças de 12 a 36 meses de idade (importante relação dos decíduos com os dentes permanentes); - Quanto ao gênero: não há diferença; - Quanto ao tipo de lesão: lesões em tecido periodontal (luxações); - Quanto à localização da lesão: incisivos centrais superiores (mais expostos). A frequência das injúrias traumáticas na dentição decídua pode variar até 30% dos indivíduos. Prevalência de 35% das crianças em idade escolar. Fator predisponente: mordida aberta anterior (não só maior risco de trauma, mas também de sofrerem com uma lesão mais severa) FATORES ETIOLÓGICOS: As causas dos traumas são variadas, mas destacam-se quedas (68,15%), colisão, acidentes domésticos, acidentes automobilísticos, outros (espancamento, convulsões): - Dentro das quedas, as mais frequentes são: da própria altura ao andar/correr, de lugares altos, contra objetos, de objetos móveis e outros. ABORDAGEM INICIAL Condicionamento e abordagem psicológica e definição se o atendimento vai ser de urgência ou emergência (atendimento imediato) e ainda estabelecer o acompanhamento do paciente (atendimento mediato). Para isso, precisamos de uma boa anamnese, exame clínico e exame radiográfico. Anamnese: história médica, como/onde/quando ocorreu o trauma (muda muito o prognóstico e o plano de tratamento do paciente), se já teve um traumatismo anterior (se alguma injúria encontrada foi de antes), se tem sintomatologia dolorosa, a experiência odontológica do paciente e sua idade. Exame clínico: exame físico corporal; exame extrabucal: tecidos moles, ossos e ATM; exame intrabucal: tecidos moles, dentes, tecido ósseo. Podemos fazer uma limpeza da boca com clorexidina, o toque no local para averiguar mobilidade e algum teste. Testes: testes de vitalidade/sensibilidade e percussão vão causar mais sensibilidade e dor e podem resultar em diagnósticos falso positivos ou falso negativos. Um teste adequado é o de transiluminação (com o fotopolimerizador pela palatina, ilumina-se o dente, fazendo ser capaz de enxergar hemorragias pulpares que causam alterações de cor e trincas no esmalte). DIAGNÓSTICO – EXAME RADIOGRÁFICO Observar nos dentes decíduos: - Presença, grau e direção de deslocamento - Presença e localização de fratura radicular -Presença de espessamento do espaço periodontal - Grau de rizólise do dente decíduo - Fraturas radiculares ou processo alveolar - Extensão das fraturas coronárias - Exposição pulpar e tamanho da câmara pulpar - Radioluscências periapicais -Reabsorções radiculares - Grau de deslocamento dentário - Espaço do ligamento periodontal - Posição do germe em relação daos dentes adjacentes - Grau de rizogênese - Alterações decorrentes de traumatismos anteriores: hipoplasias, dilacerações coronárias e radiculares e outras. TRAUMATISMOS EM TECIDOS DUROS Tem baixa prevalência se comparado aos traumas de tecido mole e tem baixo índice de sequela nos dentes permanentes. TRINCA OU FRATURA INCOMPLETA DE ESMALTE Características clínicas: Mucosa íntegra, sem sangramento. Não há perda de estrutura dentária, observado pelo teste de transiluminação. Tratamento: observação e controle (sempre em casos de trauma) e polimento da trinca e aplicação de flúor no dente acometido. Complicações: são incomuns, sem sangramento, sem sequela e sem mobilidade. Não necessita de radiografia, mas pode ser feita porque o dente pode sofrer com alteração de cor. FRATURA DE ESMALTE Definição: Perda da estrutura dentária envolvendo apenas o esmalte. Tratamento: alisamento das bordas afiadas em esmalte, polimento e aplicação de flúor e em lesão mais extensa → restauração em RC (fins estéticos). Realizar instruções de higiene e observação. Prognóstico: bom prognóstico, muitas vezes melhor do que o da trinca, uma vez que a força do impacto foi atenuada na fratura, resultando em um menor dano possível ao tecido periodontal e pulpar. Controle clínico e radiográfico FRATURA DE ESMALTE E DENTINA SEM EXPOSIÇÃO PULPAR Perda da estrutura dentária, mas sem comprometimento pulpar; dentina (túbulos) expostos → maior chance de sensibilidade; Tratamento: restauração com resina composta ou até com CIV (como é uma fratura maior, já tem espaço para sua acomodação). Caso seja viável, a colagem do fragmento pode ser uma opção. Prognóstico: bom prognóstico, porém, há probabilidade de contaminação da polpa via canalículos dentinários, por isso, acompanhar qualquer prognóstico desfavorável (infecção, necrose, coloração coronária, interrupção da rizogênese) ou de resposta (reação inflamatória transitória localizada ou formação de dentina reacionária) clínica e radiograficamente. Acompanhamento: 30, 60, 90 e 120 dias, e depois semestralmente. FRATURA DE ESMALTE E DENTINA COM EXPOSIÇÃO PULPAR: Definição: Perda da estrutura dentária com comprometimento pulpar. Tratamento: - Imediato: ▪ Proteção pulpar direta ▪ Pulpotomia: • Fatores: condição pulpar, tempo decorrido, idade da criança, reconstrução estética: RC, pinos intracanal ou colagem de fragmentos. - Tardio: ▪ Pulpectomia – 4h decorridas do trauma (contaminação da polpa) • Prognóstico: contaminação direta da polpa com os microrganismos da saliva, reação inflamatória, necrose pulpar e prognóstico depende do tratamento realizado. Acompanhar clínica e radiograficamente em 1 semana, 6-8 semanas e até um ano. Qualquer prognóstico ruim deve ser reportado e tratado imediatamente. FRATURA CORONORADICULAR: Definição: Fratura envolvendo esmalte, dentina e cemento; Características radiográficas: Deve ser realizada uma radiografia para tentar visualizar a extensão da lesão, podendo ter ou não envolvimento pulpar (fratura complicada da coroa, quando há exposição). Quando não há exposição pulpar e a coroa está restaurável, podemos fazer uma gengivectomia se necessário e restaurar o dente com CIV e/ou RC. - Quando há exposição pulpar e o dente está restaurável, podemos fazer a gengivectomia + terapia pulpar (pulpectomia ou pulpotomia) + colagem do fragmento ou restauração (pino e/ou resina composta) Dentes com fraturas longitudinais, não restauráveis e principalmente se houver exposição pulpar, devem ser extraídos (remover todos os fragmentos para evitar o dano no permanente) – sutura Casos mais simples (sem mobilidade, sem fístula, pólipo não inflamado) – observação e controle. Instruções de higiene e observação em casa. Acompanhar clínica e radiograficamente em 1 semana, 6-8 semanas e até um ano. Qualquer prognóstico ruim deve ser reportado e tratado imediatamente. O controle da infecção deve ser muito intenso nesses casos. FRATURA RADICULAR Pode ser no terço apical, médio ou apical e ainda oblíqua, horizontal ou longitudinal. Geralmente se trata de uma fratura transversal ou levemente oblíqua no terço médio ou apical da raiz. Quando ocorre uma longitudinal, o procedimento indicado é extração. As informações a seguir são para asfraturas transversais. O dente pode estar com mobilidade alterada e estar com o fragmento coronário deslocado e uma radiografia periapical por paralelismo e uma oclusal devem ser realizadas para tentar verificar a localização da fratura. - Se o fragmento coronário não estiver deslocado, nenhum tratamento é necessário - Se o fragmento coronário estiver deslocado, mas sem grande mobilidade, deixe o fragmento coronário para reposicionamento espontâneo, mesmo se tiver alguma interferência oclusal - Se o fragmento coronário estiver deslocado e com grande mobilidade e interferindo na oclusão, existem duas possibilidades: a) extrair somente o fragmento coronário e o fragmento apical deve ser deixado no local para ser reabsorvido pelo germe do permanente (comum quando a fratura é no terço cervical). b) reposicionar com cuidado o fragmento coronário e se ainda estiver instável colocar contenção flexível por 4 semanas (mais indicado quando a fratura é no terço médio/apical). A reparação da fratura quando os fragmentos são reposicionados e faz a contenção depende da polpa e do periodonto, podendo haver: deposição de tecido calcificado, interposição de tecido conjuntivo, interposição de tecido ósseo ou formação de tecido de granulação. Instruções de higiene e observação em casa. Acompanhar clínica e radiograficamente em 1 semana, 6-8 semanas e até um ano. Qualquer prognóstico ruim deve ser reportado e tratado imediatamente. Uma consulta na semana 4 é necessária se houve colocação de contenção e se o fragmento coronário foi extraído somente o acompanhamento de 1 ano é necessário. Controle da infecção deve ser muito intenso nesses casos. Fratura na região radicular: transversal ou longitudinal; Fratura cervical: maior mobilidade, prognóstico mais desfavorável; Fratura terço apical ou médio: - Pode ser com ou sem mobilidade, e com ou sem deslocamento - Tratamento: ▪ Fazer reposicionamento para facilitar a cicatrização da polpa e do ligamento ▪ Aproximação dos fragmentos e contenção por 21 dias/ 3 a 4 semanas ▪ Acompanhamento clínico e radiográfico ▪ Tratamento ideal é o imediato - Localização: 1/3 apical, médio ou cervical - Classificação: obliqua, horizontal, vertical ou longitudinal Tratamento geral: - Fratura longitudinal – exodontia - Fratura radicular do 1/3 cervical – exodontia - Reparação depende da polpa e do periodonto - Deposição de tecido calcificado - Interposição de tecido conjuntivo - Interposição de tecido ósseo - Formação de tecido de granulação. FRATURA ALVEOLAR: Definição: Fratura que envolve o processo alveolar Características clínicas: Não é muito comum na dentição decídua, mas pode acontecer. Frequentemente se observa mobilidade e deslocamento de um segmento com diversos dentes em movimento ao mesmo tempo. Características radiográficas: Várias angulações radiográficas podem ser necessárias para localização e determinação da extensão da fratura óssea Tratamento: sutura e consolidação ou remoção do fragmento e exodontia do dente associado, irrigação sanguínea do fragmento ósseo e prescrição de ATB (apenas para envolvimento com osso) Deve-se reposicionar qualquer segmento deslocado que esteja com mobilidade e/ou causando interferência oclusal e suturar o tecido mole. Estabilizar com contenção flexível por 4 semanas ou em muitos casos remover os fragmentos ósseos e os dentes decíduos envolvidos. O tratamento deve ser realizado pela equipe de especialistas. É importante a prescrição de antibióticos nesses casos (a escolha é amoxicilina). Instruções de higiene e observação em casa. Acompanhar clínica e radiograficamente em 1 semana, 4 semanas (remoção da contenção), 8 semanas e até um ano. Acompanhar a erupção do dente permanente. Qualquer prognóstico ruim deve ser reportado e tratado imediatamente (ficar atento a fraturas perto do ápice do decíduo podem desenvolver abscessos). OBS.: sobre prescrição de medicamentos – pode analgésico caso paciente relate dor; após cirurgia de extração. TRAUMATISMOS EM TECIDOS MOLES São os mais frequentes em dentes decíduos e são os que mais resultam em injúrias no permanente. Também são os que causam mais dor e analgésicos ou anti-inflamatórios são mais prescritos. Protocolo de orientação para reparação do tecido periodontal em casos de traumatismo com lesão de tecido mole (7 a 10 dias): - Higiene da área (clorexidina 0,1% ou 0,2% 2x ao dia por 1 semana) - Repouso do dente – sem chupeta e mamadeira - Prescrição medicamentosa (analgésico, anti- inflamatório e antibióticos quando necessário, vacina antitetânica) - Acompanhamento clínico e radiográfico - Observação da sequela nos dentes decíduos - Acompanhamento da formação dos germes dos dentes permanentes. CONCUSSÃO: Definição: Lesão das estruturas de sustentação dos dentes Características clínicas: Na concussão o dente está sensível ao toque e sem mobilidade e sem sangramento (pode haver edema e hematoma nos tecidos adjacentes decorrentes do impacto). Diagnóstico: o Clínico: hemorragia e edema do ligamento periodontal devido ao rompimento de pequeno numero de fibras o Sem mobilidade, deslocamento ou sangramento no sulco o Radiografia normal o Edema na região o Lesão de tecido mole associado (rompimento de freio: sutura ou laserterapia) Tratamento: observação e controle, pois dente pode sofrer alteração de cor (hemorragia interna – impacto não rompeu/causou fratura e quem sofreu foi a polpa) e 30, 60, 90, 120 dias, e depois semestralmente. SUBLUXAÇÃO: Definição: Lesão traumática de pequena e moderada intensidade nas estruturas de sustentação dos dentes. Características clínicas: dente está sensível ao toque, mas tem mobilidade e pode apresentar sangramento no sulco gengival (por conta de poucos rompimentos de fibras do ligamento periodontal). Características radiográficas: Uma radiografia pode ser realizada para confirmar se não há outra lesão associada, pois nessas lesões não há alterações radiográficas (na subluxação pode ter leve aumento do espaço pericementário). Diagnóstico: o Não há perda de estrutura dental o Rompimento das fibras do ligamento periodontal o Sangramento ao nível da gengiva marginal o Maior grau de mobilidade o Radiografia: leve aumento do espaço pericementário Tratamento: contenção (dependendo da mobilidade) o Mobilidade muito intensa – contenção fixa (fio twist-flex) ▪ 15 a 21 dias/4 semanas ▪ Flexível ou semi-rígida – fio 4 a 5 mm o Reparar fibras do ligamento periodontal (que podem ter sido rompidas ou afrouxadas) TRATAMENTO PARA CONCUSSÃO E SUBLUXAÇÃO: Não é necessário nenhum tratamento, somente instrução de higiene e observação em casa. Acompanhar clínica e radiograficamente em 1 semana, 30/60/90/120 dias e acompanhamento semestral. Qualquer prognóstico ruim deve ser reportado e tratado imediatamente. O controle da necrose deve ser muito intenso e nisso o acompanhamento é importante, porque o impacto pode ter causado uma injúria intra-pulpar que só se manifesta com algum tempo. Pode necrosar, mas pode só haver uma hemorragia interna ou uma calcificação que escurece o dente, mas que com algum tempo volta ao normal (importante acompanhar). Sequelas nos dentes permanentes são raras, geralmente quando ocorrem são devido a necrose pulpar não tratada. Se a mobilidade na subluxação for muito intensa, pode-se realizar contenção flexível ou semirrígida por 15 a 21 dias. Orientações específicas: evitar alimentos muito duros, não usar chupeta e mamadeira para não agravar a subluxação, deixar o dente descansar, gelo, procurar sinais de necrose. LUXAÇÃO LATERAL: Definição: O dente está deslocado no sentido vestibulolinguale é uma lesão das estruturas de sustentação do dente com rompimento das fibras do ligamento periodontal Características clínicas: geralmente há alguma mobilidade, mas não há deslocamento do dente (travamento no osso alveolar) e pode haver interferência oclusal. Características radiográficas: Radiografias devem ser feitas e pode-se verificar o espaço do ligamento periodontal aumentado apicalmente (melhor visualizado em radiografias oclusais e se o dente tiver deslocado para vestibular). Pode haver ou não fratura óssea e geralmente há laceração dos tecidos adjacentes. Diagnóstico → Aspecto clínico: - Mobilidade - Com ou sem deslocamento associado ou não a mobilidade dentária (travamento no osso alveolar – pode levar a fratura óssea) - Com ou sem fratura óssea - Laceração de tecidos adjacentes - Radiografia: aumento do espaço alveolar Tratamento: - Se o dente não estiver interferindo na oclusão ou houver interferência mínima, deixe que o dente se reposicione espontaneamente (ocorre geralmente dentro de 6 meses). - Em situações de deslocamento severo, duas opções de tratamento são indicadas: a) extração quando houver risco de aspiração ou ingestão do dente. b) reposicione o dente com cuidado e se após reposicionado estiver instável, realize uma contenção flexível ligada aos dentes adjacente não lesionados por 4 semanas. Instrução de higiene e observação em casa. O acompanhamento é 1 semana, 4 semanas (se colocou contenção), 8 semanas, 6 meses e 1 ano. Quando houver preocupações clinicas de provável prognóstico desfavorável, manter acompanhando anualmente até a erupção do permanente. O prognóstico é mais favorável se essa luxação resultar no deslocamento da raiz para vestibular, mas devemos ficar atentos em todos os casos, principalmente se há risco de necrose do decíduo. Tratamento (aula): o Reposicionamento – pressão digital e encaixar o dente na posição mais adequada dentro do alvéolo → dor ao paciente (pode anestesiar) & o Contenção – reparação das fibras periodontais (flexível ou semi-rígida); 21 dias/4 semanas. LUXAÇÃO EXTRUSIVA: Definição: Deslocamento parcial do dente para fora do seu alvéolo. Características clínicas: dente aparentemente alongado e mobilidade excessiva. Características radiográficas: Radiografias podem ser realizadas e um leve aumento do espaço do ligamento periodontal na região apical. Diagnóstico: o Aspecto clínico: dente de forma alongada e com mobilidade o Radiografia: aumento do espaço do ligamento periodontal na região apical Tratamento: A decisão do tratamento é baseada no grau de deslocamento, mobilidade, interferência oclusal, formação radicular e na cooperação da criança: - Se o dente não estiver interferindo na oclusão, deixe que o dente reposicione espontaneamente. - Se a intervenção é imediata após o trauma, podemos reposicionar com MUITO cuidado e fazer uma contenção (flexível por 4 semanas) - Se o dente estiver com mobilidade excessiva ou extruido mais que 3mm, fazer extração. Principalmente se já tiver passado algum tempo, pois se já formou um coágulo na região apical, o reposicionamento e colocação de contenção pode lesar o germe do permanente. Perigoso fazer o reposicionamento e contenção. Instrução de higiene e observação em casa. Acompanhar clínica e radiograficamente em 1 semana e 6-8 semanas e até um ano. Qualquer prognóstico ruim deve ser reportado e tratado imediatamente. O controle de necrose deve ser muito intenso nesses casos. Lesa o germe do permanente em 35% dos casos, sendo que 70% das vezes há calcificação e 30% necrose do dente decíduo. Prognóstico ruim. Tratamento: orientações básicas (aula) o Atendimento imediato até 4 horas – reposicionamento e contenção o Atendimento tardio 1/2 dias depois – já formou coágulo e a própria presença do germe permanente → exodontia. LUXAÇÃO INTRUSIVA: Definição: O dente se desloca para o interior do osso alveolar; Características clínicas: o dente comprime o ligamento periodontal e pode causar fratura do alvéolo, pode estar associado a lesões na mucosa e rompimento da tábua óssea vestibular. O dente está geralmente deslocado através da tábua óssea vestibular ou colidindo com o dente permanente sucessor por palatino. O dente pode ter aparentado ser avulsionado ou se aparece na boca, parece encurtado. Características radiográficas: quando o ápice está deslocado para vestibular, a extremidade apical pode ser visualizada e o dente parece mais curto em relação ao contralateral. Quando o ápice está deslocado em direção ao permanente, a extremidade apical não pode ser visualizada e o dente aparenta estar alongado em relação ao contralateral. É a lesão em que há maior risco de repercussão no permanente. Diagnóstico: o Aspecto clínico: dente encurtado em suas dimensões; casos severos – ausente o RG: maior risco de repercussão para o dente permanente Tratamento (aula): - Aguardar início da reerupção espontânea em 15 a 30 dias e reerupção total da coroa de 3 a 6 meses. Retorno da erupção pode acontecer anquilose → exodontia - Protocolo de orientações básicas Tratamento: Deve-se aguardar o reposicionamento espontâneo do dente, independente da direção de deslocamento, evitando lesionar ainda mais o permanente. Essa melhora geralmente ocorre por volta de 6 meses e em alguns casos, 1 ano. Isso depende do grau de intrusão. Ficar atento aos sinais de necrose, caso necessário e dependendo do grau de reabsorção da raiz, realizar o TE par evitar danos no permanente. Caso o dente tenha anquilosado, ele vai impedir a erupção do permanente e deve ser extraído com o auxílio de um profissional muito habilitado e a criança deve cooperar, pois há muito risco de lesionar o dente permanente. Instrução de higiene e observação em casa. O acompanhamento é 1 semana, 6-8 semanas, 6 meses e 1 ano. Quando houver preocupações clinicas de provável prognóstico desfavorável, manter acompanhando anualmente até a erupção do permanente. AVULSÃO DENTÁRIA, EXARTICULAÇÃO OU LUXAÇÃO TOTAL: Definição: Dente completamente fora do alvéolo. Características clínicas: fratura do alvéolo pode ocorrer; lesões no tecido gengival Características radiográficas: sua localização é importante para saber se não estar dentro dos tecidos moles ou foi deglutido ou inspirado. Uma radiografia pode ajudar nisso e também vai servir para avaliação do permanente. O ligamento periodontal é totalmente rompido e uma fratura do alvéolo pode ocorrer. Diagnóstico: achados clínicos e radiográficos revelam que o dente não se encontra no alvéolo - Radiografia: importante para determinar a localização: se não está dentro dos tecidos moles ou foi deglutido ou inspirado; e também avaliar o permanente Comum em IC, IL Obs.: • 3 a 5 anos – mantenedor de espaço Dentes decíduos avulsionados não devem ser reimplantados, pois geralmente evolvem uma sobrecarga significativa de tratamentos (incluindo o reimplante, a colocação e remoção da contenção, o tratamento do canal radicular) para uma criança pequena, bem como o potencial de causar mais danos ao dente reposicionamento ou por necrose futura, que seria um evento frequente). Um reimplante só seria indicado (de acordo com a aula da professora) em condições muito favoráveis que raramente são encontradas: criança com menos de 3 anos e meio, acidente ocorrido a menos de 30 minutos, transporte adequado do dente avulsionado, região do dente afetado sem contaminação e osso alveolar intacto (quase impossível). Instrução de higiene e observação em casa. O acompanhamento é em 6-8 semanas e quando houver preocupações clinicas de provável prognóstico desfavorável, manter acompanhando anualmente até a erupção do permanente.CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES DE TECIDO MOLE Contusão Laceração: comum em quedas de altura Abrasão: lesão com aspecto “raspada” ACOMPANHAMENTO CLÍNICO: objetivo de verificar sintomas, grau de mobilidade, alteração de cor e presença de fístula EXAME RADIOGRÁFICO: objetivo de detectar: reabsorções radiculares, calcificações pulpares, área RL na região periapical, complicações do germe do dente permanente SEQUELAS NOS DENTES DECÍDUOS: Estudos: crianças maiores de 2 anos apresentaram mais lesões ao periodonto: o Principal sequela clinica – descoloração do esmalte o Principal sequela RG – reabsorção inflamatória radicular Hiperemia pulpar: reversível e irreversível Hemorragia pulpar: calcificação progressiva, reabsorção interna e necrose Concussão: Alteração de cor: ▪ Imediata 1 semana – prognóstico mais favorável; volta a cor normal conforme hemorragia vai dissipando; dente com tom amarelado/azulado por conta de uma hemorragia interna mais intensa, mas RG não tem alteração, não tem mobilidade; colapso dos vasos → necrose → TE ▪ Tardia 30 dias Obs.: cor amarelada – RG com diminuição da luz da câmara – calcificação pulpar interna Azulada – quando volta a cor do dente Amarronzada – necrose, associada a fistula. Injúrias ao periodonto e reabsorção radicular: - Fatores que afetam a resposta periodontal ▪ Extensão da lesão no ligamento periodontal e cemento ▪ Condições pulpares ▪ Idade do paciente - Alveólise: expulsão do dente do seu alvéolo, reabsorção da tábua óssea, exposição da raiz na cavidade bucal SEQUELAS NOS DENTES PERMANENTES A ocorrência e severidade da sequela depende de 2 fatores importantes: - Tipo de traumatismo: força do impacto, direção e estágio de formação do dente permanente sucessor - Diretamente relacionado à idade do paciente Mudança na posição do germe dentário, dilaceração coronária e radicular, manchas de hipocalcificação e/ou hipoplasia Sequelas nos dentes em desenvolvimento • Opacidade branca ou amarela marrom do esmalte Hipomineralização • Opacidade branca ou amarelo marrom do esmalte com perda estrutural • Dilaceração da coroa • Suspensão parcial da formação da raiz • Dilaceração da raiz • Angulação da raiz e malformação semelhante a um odontoma Danos a porção radicular: dilaceração radicular (luxação intrusiva e avulsão – 2 a 7 anos) e suspensão da rizogênese (avulsão 5 a 7 anos) Danos ao germe dentário: • Distúrbios da erupção - tipo de trauma e idade inespecífica • Malformações semelhantes a odontoma (rara) – luxação intrusiva e avulsão de 0 a 3 anos • Sequestro do germe dentário (rara) – luxação intrusiva MEDIDAS PREVENTIVAS: cinto de segurança, cuidado nas brincadeiras
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