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Página 1 de 50 NEUROSES & PSICOSES A palavra "neurótico", da maneira como costuma ser usada hoje, tem sentido impróprio e pode ser ofensivo ou pejorativo. Pessoas que não entendem nada dessa parte da medicina podem usar a palavra "neurose" como sinônimo de "loucura". Mas isso não é verdade, de forma alguma. Trata-se de uma reação exagerada do sistema psíquico em relação a uma experiência vivida (Reação Vivencial). Neurose é uma maneira da pessoa SER e de reagir à vida. A pessoa É neurótica e não ESTÁ neurótica . Essa maneira de ser neurótica significa que a pessoa reage à vida através de reações vivenciais não normais; seja no sentido dessas reações serem desproporcionais, seja pelo fato de serem muito duradouras, seja pelo fato delas existirem mesmo que não exista uma causa vivencial aparente. Essa maneira exagerada de reagir leva a pessoa neurótica a adotar uma serie de comportamentos (evita lugares, faz atitudes para alívio da ansiedade... etc). O neurótico, tem plena consciência do seu problema e, muitas vezes, sente-se impotente para modificá-lo. Para Freud, a neurose resultaria de um conflito entre duas forças antagônicas, um desejo de prazer (pulsão) e o medo de punição (moral e social). O Dicionário de Psiquiatria, editado no site do Hospital das Clínicas da USP e organizado pelo Dr. Hélio Elkis diz o seguinte: "A palavra neurose foi criada pelo médico escocês Wiliam Cullen no fim do século 18, para designar distúrbios das sensações e movimentação corporal, sem uma lesão anatômica correspondente na rede nervosa. No início do século 20 o termo popularizou-se graças à difusão das idéias de Freud e da Psicanálise, significando conjuntos de sintomas resultantes principalmente de conflitos psicológicos e recalques inconscientes. Este conceito prevaleceu na Psiquiatria até a década de 60, em que os transtornos mentais eram distribuídos em dois grandes grupos: psicoses e neuroses. Às psicoses, consideradas doenças mentais mais graves, atribuíam-se causas orgânicas ou funcionais; as neuroses, tidas como menos graves, teriam origem nos conflitos emocionais e traumas psicológicos. Página 2 de 50 As pesquisas das últimas décadas mostraram que esta distinção não se sustenta; nas neuroses, embora os eventos vitais tenham capital importância, mecanismos químicos de neurotransmissão participam, também, da produção e manutenção dos sintomas, e os fatores genéticos são igualmente significativos. Considera-se que, nas neuroses, a autodeterminação e capacidade de discernimento não são afetadas seriamente. Em muitos casos, o tratamento apenas psicológico não é suficiente, sendo necessário o suporte medicamentoso, até para possibilitar maior aproveitamento da psicoterapia e conforto do paciente ao longo da resolução de seus conflitos. Na atual classificação oficial de doenças (CID – 10), são registrados os seguintes transtornos neuróticos: fóbico-ansiosos, transtornos de ansiedade, obssessivo- compulsivo, reações de estresse e transtornos de ajustamento, transtornos dissociativos, somatoformes e outros, onde se incluem neurastenia e despersonalização. Cada um desses quadros apresenta subdivisões e formas com sintomas diferentes, que só o psiquiatra pode distinguir e tratar adequadamente Entendendo as Neuroses É muito difícil explicar ou discorrer didaticamente sobre neuroses, já que se necessita, antes, da perfeita formulação do conceito sobre o que é a neurose. Para começo, é bom falarmos em Transtornos Neuróticos, denominação mais corrente e, mais conceitualmente, Reação Neurótica. Reação Neurótica é mais didático. Primeiramente vamos entender que qualquer que seja um fato ou acontecimento introduzido em nossa consciência, receberá sempre uma maquiagem pessoal oferecida por nossa afetividade, dando à ele um significado muito pessoal. Portanto, os fatos de nossa vida, sejam presentes, passados ou perspectivas futuras, serão sempre coloridos pela afetividade (veja Afetividade no menu da esquerda). Para entender a Reação Neurótica devemos, então, entender a Reação (vivencial) Normal. Os fatos e acontecimentos apreendidos por nossa consciência e coloridos por nossa Afetividade serão chamados de Vivências, portanto, essas Vivências terão sempre caráter individual e particular em cada um de nós, de acordo com as particularidades de nossos traços afetivos. Os fatos podem ser os mesmos para várias pessoas, as Vivências desses fatos, porém, serão sempre diferentes. Tais Vivências são sempre capazes de determinar uma resposta emocional na pessoa sob a forma de sentimento e aos sentimentos produzidos pelas vivências podemos chamar de Reações Vivenciais, tal como chamaríamos de reação alérgica as manifestações determinadas pela imunidade diante de um objeto Página 3 de 50 Pr. Flávio Nunes. Instituto Teológico Gamaliel instgamaliel@gmail.com www.institutogamaliel.com alérgeno. Para que uma Reação Vivencial possa ser considerada normal, Jaspers recomenda ter 3 elementos 1- uma relação causal; 2- uma relação proporcional; 3- uma relação temporal. Devido à complexidade do ser humano, nem sempre uma ação determina uma reação previsível e pré-estabelecida. Cada pessoa pode manifestar uma sensibilidade bastante individual aos fatos vividos, portanto a valorização de sua vida será sempre concordante com sua sensibilidade afetiva. Como a afetividade é um atributo da personalidade, então os fatos e seus valores dependerão sempre da personalidade de cada um, mais que dos fatos em si. Para compreendermos bem nossas reações, bem como as reações de nossos semelhantes diante da vida e dos fatos vividos, é indispensável termos a idéia segundo a qual cada um reage exclusivamente à sua maneira diante da realidade dos fatos. Capítulo I Sentimentos e Emoções Muito provavelmente há, no córtex cerebral, um local responsável pela tomada de consciência das emoções que sentimos e, simultaneamente com a consciência dessas emoções, nosso organismo manifesta alterações orgânicas compatíveis. São respostas do sistema nervoso autônomo (SNA) ou vegetativo, por isso, chamadas de respostas autonômicas. Para a ocorrência dessas respostas autonômicas (do SNA), sejam elas endócrinas, vegetativas (palpitação, sudorese, etc) ou motoras, há necessidade de um comando neurológico. Para tal, quem entra em ação são as porções subcorticais (abaixo do córtex) do sistema nervoso, tais como a Amígdala, o Hipotálamo e o tronco cerebral. Essas respostas são importantes, pois preparam o organismo para a ação necessária e comunica nossos estados emocionais ao ambiente e às outras pessoas. mailto:instgamaliel@gmail.com http://www.institutogamaliel.com/ Página 4 de 50 Pr. Flávio Nunes. Instituto Teológico Gamaliel instgamaliel@gmail.com www.institutogamaliel.com Em meados do Século XX, os neurofisiologistas Walter Cannon e Philip Bard formularam teorias sobre a importância das estruturas subcorticais na mediação entre as emoções e o resto do organismo. Pesquisando em gatos, eles observaram respostas emocionais integradas mesmo quando o córtex cerebral desses animais era removido, entretanto, não ocorriam respostas quando o Hipotálamo, que é uma estrutura subcortical, era removido. Finalmente, Cannon e Bard propuseram a idéia, até hoje aceita, da dupla função das estruturas subcorticais Hipotálamo e tálamo; eram eles quem fornecia os comandos orgânicos das respostas emocionais e, mais que isso, forneciam ao córtex as informações necessárias para a consciência dessas emoções. Figura 1 Portanto, mais recentemente, com Antônio Damasio e Stanley Schachter, completando as pesquisas de Cannon, Bard, James e Lange, se acredita que o comportamento emocional seja a interação entre o córtex cerebral, as estruturas subcorticais e a periferia orgânica. Entende-se que o córtex cria uma resposta cognitiva (consciente)à informação periférica (dos sentidos), resposta esta compatível com as expectativas do indivíduo e de seu contexto social. Essas estruturas subcorticais assim envolvidas na emoção foram denominadas de Sistema Límbico. 1- Sistema Límbico Sabe-se hoje que as áreas relacionadas com os processos emocionais ocupam distintos territórios do cérebro, destacando-se entre elas o Hipotálamo, a área Pré- Frontal e o Sistema Límbico. Os mecanismos que controlam os níveis de atividade nas diferentes partes do encéfalo e as bases dos impulsos da motivação, principalmente a motivação para o processo de aprendizagem, bem como as sensações de prazer ou punição, são realizadas em grande parte pelas regiões basais do cérebro, as quais, em conjunto, são derivadas do Sistema Límbico. Em 1878, o neurologista francês Paul Broca observou que, na superfície medial do cérebro dos mamíferos, logo abaixo do contes, existe uma região constituída por mailto:instgamaliel@gmail.com http://www.institutogamaliel.com/ Página 5 de 50 Pr. Flávio Nunes. Instituto Teológico Gamaliel instgamaliel@gmail.com www.institutogamaliel.com núcleos de células cinzentas (neurônios), a qual ele deu o nome de lobo límbico (do latim limbus, que traduz a idéia de círculo, anel, em torno de, etc), uma vez que ela forma uma espécie de borda ao redor do tronco encefálico (em outra parte desse texto escreveremos mais sobre esses núcleos). Esse conjunto de estruturas, denominado mais tarde de Sistema Límbico, aparece na escala filogenética a partir dos mamíferos inferiores (mais antigos). É esse Sistema Límbico, o qual comanda certos comportamentos necessários à sobrevivência de todos os mamíferos, cria e modula funções mais específicas, as quais permitem ao animal distinguir entre o que lhe agrada ou desagrada. Aqui se desenvolvem funções afetivas, como aquela que induz as fêmeas a cuidarem atentamente de suas crias, ou a que promove a tendência desses animais a desenvolverem comportamentos lúdicos (gostar de brincar). Emoções e sentimentos, como ira, pavor, paixão, amor, ódio, alegria e tristeza, são criações mamíferas, originadas no Sistema Límbico. Este Sistema Límbico é também responsável por alguns aspectos da identidade pessoal e por importantes funções ligadas à memória. A parte do Sistema Límbico relacionada às emoções e seus estereótipos comportamentais denomina-se circuito de Papez. Na década de 30, refletindo sobre os trabalhos de Cannon e Bard, o neurofisiologista Papez propôs que os diversos componentes do Sistema Límbico mantinham numerosas e complexas conexões entre si. Assim, o neocórtex se comunica com o Hipotálamo através de conexões do Giro do Cíngulo, formando uma região chamada de Hipocampo (veja hypothalamus e cingulate gyrus na figura). Pois bem. Essa região, o Hipocampo, processa as informações recebidas do córtex e as projeta para os corpos mamilares do Hipotálamo através de uma estrutura chamada Fórnix. Mais precisamente, as emoções e memórias fluem da Amígdala e Hipocampo para os corpos mamilares através de fórnix (veja figura). Do fórnix seguem para o núcleo anterior do Tálamo, via fascículo mamilotalâmico, e do Tálamo para o Giro Cingulado, irradiando-se para o neocórtex, colorindo emocionalmente a experiência cognitiva. Do neocórtex esses estímulos voltam novamente para o Giro Cingulado, retornando à Amígdala e Hipocampo. Deste modo é modulada a resposta emocional. Este circuito também está envolvido na formação dos sonhos e da experiência inconsciente. De fato, a mente inconsciente não é nenhuma realidade abstrata ou conceitual, mas fisiologicamente, é a elaboração da vida ou dos estímulos que ela oferece organizados no sistema Límbico-Hipotalâmico. mailto:instgamaliel@gmail.com http://www.institutogamaliel.com/ Página 6 de 50 Figura 2 Com a chegada dos mamíferos superiores na escala evolutiva, desenvolveu-se, finalmente, a terceira unidade cerebral: o neopálio ou cérebro racional, uma rede complexa de células nervosas altamente diferenciadas, capazes de produzirem uma linguagem simbólica, assim permitindo ao homem desempenhar tarefas intelectuais como leitura, escrita e cálculo matemático. O neopálio é o gerador de idéias ou, como diz Paul MacLean - "ele é a mãe da invenção e o pai do pensamento abstrato". (Fonte: Júlio Rocha do Amaral, Jorge Martins de Oliveira) Assim sendo, o Hipocampo funciona como um grande banco de dados. Nele, são armazenados registros de todos os fatos e eventos, e essas informações ali guardadas servem para regular a atividade de várias outras áreas do cérebro. A região conhecida como Amígdala também trabalha na seleção de dados e ainda dispara sinais de alerta quando reconhece um perigo ou situação de ameaça. O Hipotálamo informa ao Giro do Cíngulo através de uma via dos corpos mamilares para os núcleos talâmicos anteriores (trato Mamilo Talâmico) e dos Núcleos Talâmicos anteriores para o giro cingulado. Papez acreditava, como hoje já se sabe, que o córtex na região límbica está seriamente envolvido nas emoções. É por isso que as lesões ou tumores nessas áreas corticais límbicas podem gerar distúrbios emocionais. Concluindo, no circuito de Papez, o Hipotálamo governa a expressão das emoções. 2 - O Hipotálamo Um importante centro coordenador das funções cerebrais é o chamado Diencéfalo, Página 7 de 50 uma região formada pelo Tálamo e pelo Hipotálamo. O primeiro consiste em uma massa cinzenta que processa a maior parte das informações destinadas aos hemisférios cerebrais. É uma grande estação de elaboração dos sentidos. O Hipotálamo, por sua vez, regula a função de abastecimento do sistema endócrino e processa inúmeras informações necessárias à constância do meio-interno corporal (homeostasia). Coordena, por exemplo, a pressão arterial, a sensação de fome e o desejo sexual. A importância do Hipotálamo, pode-se dizer, é inversamente proporcional ao seu tamanho. Ocupando menos de 1% do volume total do cérebro humano, o Hipotálamo contém muitos circuitos neuronais que regulam aquelas funções vitais que variam com os estados emocionais, como por exemplo a temperatura, os batimentos cardíacos, a pressão sanguínea, a sensação de sede e de fome, etc. O Hipotálamo controla também todo sistema endócrino através de uma glândula localizada em seu assoalho, a Hipófise. Desse modo, o Hipotálamo é um dos grandes responsáveis pelo equilíbrio orgânico interno (a homeostasia). O Hipotálamo está, pois, intimamente relacionado ao Sistema Nervoso Autônomo (SNA) e o SNA é, primariamente, o sistema de controle de todas as vísceras (músculo cardíaco, sistema digestivo, glândulas endócrinas, etc). Esse SNA possui duas divisões principais: o sistema simpático e o sistema parassimpático. Por causa dessa múltipla função, Cannon propôs que o Hipotálamo determinava não só a regulação da homeostasia do organismo, como a regulação do comportamento emocional. O SNA sofre influencia de diversas regiões do cérebro, em particular do córtex, da Amígdala e da formação reticular. Mas, todas essas estruturas exercem suas ações sobre o SNA através do Hipotálamo, o qual integra as informações em uma resposta coerente. O Hipotálamo controla a atividade das vísceras ou seja, controla o SNA, através do Tronco Cerebral. Isso é realizado de duas formas: Primeiramente, ele se projeta para três importantes regiões do Tronco Cerebral e da Medula Espinhal. 1 - projeta-se para o núcleo do trato solitário, o principal recipiente dos influxos sensoriais provenientes das vísceras; 2- projeta-se para regiões do Tronco Cerebral no Bulbo Ventral Rostral, que controla a saída (pré-glangionar) importante do SNA simpático e 3- projeta-se diretamente para o fluxo de saída autonômica da medula espinhal (Fonte). Página 8 de 50 Sobre o Sistema Endócrino o Hipotálamo exerce sua influência direta e indiretamente. Diretamenteessa influência se dá através da secreção de produtos neuroendócrinos direto na circulação sanguínea a partir da porção posterior da glândula Hipófise. Indiretamente a influência se dá pela secreção dos chamados hormônios reguladores, os quais atuam liberando ou inibindo outras glândulas do organismo, tais como as supra-renais, tireóide, para-tireóides e sexuais. 3 - A Área Pré-Frontal(CÓRTEX) O Córtex Cerebral é a camada mais alta e externa do encéfalo, ou seja, dos dois hemisférios. Trata-se de uma capa de substância cinzenta de mais ou manos 0,3 centímetros de espessura. Os sulcos e fissuras do Córtex Cerebral é que definem suas regiões em, por exemplo, Lobo Frontal, Lobo Temporal, Parietal e Occipital. O Lobo Frontal é um lugar onde se concentra ali enorme variedade de importantes funções, incluindo o controle de movimentos e de comportamentos necessários à vida social, como a compreensão dos padrões éticos e morais e a capacidade de prever as conseqüências de uma atitude. O Lobo Parietal recebe e se processam as informações dos sentidos, enviadas pelo lado oposto do corpo. O Lobo Temporal está permanentemente envolvido em processos ligados a audição e memorização, enquanto o Lobo Occipital é o centro que analisa as informações captadas pelos olhos e as interpreta mediante um intrincado processo de comparação, seleção e integração. O Córtex Pré-Frontal, considerado uma formação recente na evolução das espécies e a sede da personalidade e da vida intelectiva, modula a energia límbica e tem a possibilidade de criar comportamentos adaptativos adequados ao tomar consciência das emoções. Na ausência desta parte do Córtex, as emoções ficam fora de controle, são exageradas e persistem após cessar o estímulo que as provocou, até que se esgote a energia nervosa. Por outro lado, o Sistema Límbico através do Hipotálamo, pode exercer um efeito supressor ou inibidor sobre o neocórtex, inibindo momentaneamente a cognição e até o tônus muscular tônico, como se observa nas fortes excitações emocionais. O relacionamento concreto entre regiões corticais e as emoções ocorreu em 1939. Nesse ano os pesquisadores Heinrich Klüver e Paul Bucy observaram uma síndrome comportamental dramática em macacos depois de submeterem os animais a uma lobotomia temporal bilateral. Os macacos, apesar de muito selvagens e agressivos, tornaram-se mansos e demonstravam um apagamento das emoções. Esse embotamento de emoções se manifestava, inclusive, como uma espécie de cegueira emocional; os animais não se mobilizavam com objetos familiares nem com Página 9 de 50 os próprios familiares. Ao mesmo tempo eles apresentaram uma contundente tendência oral, levando à boca todos objetos. A Área Pré-Frontal se desenvolveu bastante, na escala filogenética, com o aparecimento dos mamíferos, sendo particularmente desenvolvida no ser humano e, curiosamente, em algumas espécies de golfinhos. Entre os seres humanos essa região do cérebro começa a adquiri maturidade suficiente entre os 4 e 6 anos de idade (veja abaixo o Estágio Operacional Concreto). Mas a Área Pré-Frontal não faz parte do Sistema Límbico. Entretanto, as intensas conexões que mantém com o Tálamo, Amígdala e outras estruturas subcorticais límbicas, justificam seu importante papel na expressão dos estados emocionais. Assim como ocorreu na experiência de Heinrich Klüver e Paul Bucy em relação ao Lobo Temporal, quando o Córtex Pré-Frontal é lesado, há severo prejuízo das responsabilidades sociais, bem como da capacidade de concentração e de abstração, apesar de se manterem intactas a consciência e a linguagem. Em 1935, foi realizada a primeira Lobotomia Pré-Frontal em seres humanos. Foram seccionadas as conexões límbicas, isolando o Córtex Pré-Frontal, em sua área orbitofrontal, na tentativa de tratar alterações emocionais graves decorrentes de doença mental. A principio, houve redução da ansiedade desses pacientes, mas complicações como o desenvolvimento de epilepsia e alterações anormais da personalidade, como a falta de inibição ou de iniciativa ou de motivação impediram a continuidade desse tipo de tratamento. Da mesma forma como os macacos de Heinrich Klüver e Paul Bucy tinham prejuízo emocional após retirada do Lobo Temporal, a Lobotomia Pré-Frontal realizada em seres humanos para tratamento de certos distúrbios psiquiátricos, resultava igualmente num certo empobrecimento afetivo. Nessas pessoas não aparecia mais quaisquer sinais de alegria, tristeza, esperança ou desesperança. A Área Pré-Frontal do córtex corresponde a parte anterior não motora do lobo frontal. Ela mantém conexões com o Sistema Límbico (visto acima) e com o Núcleo Dorsomedial do Tálamo. Ela é responsável pela escolha das opções e estratégias comportamentais, pela manutenção da atenção e pelo controle do comportamento emocional. A mais importante função associativa do Lobo Pré-Frontal parece ser, efetivamente, integrar informações sensitivas externas e internas, pesar as conseqüências de ações futuras para efetuar o planejamento motor de acordo com as conclusões. Características do Córtex Cerebral A localização das diversas funções em áreas específicas do córtex não implica que uma determinada função seja mediada exclusivamente por uma única região cerebral, mas sim que Página 10 de 50 As áreas de associação cortical, que são as áreas Pré-Frontal, Parieto-Têmporo- Occipital e Límbicas, integram as informações somáticas com o planejamento do movimento. Suas funções prioritárias são: Córtex Pré-Frontal: planejamento e execução das ações motoras complexas Córtex Parieto-Têmporo-Occipital: integração das funções sensoriais com a linguagem Área Límbica: integração da memória com aspectos comportamentais relacionados a memória e motivação Córtex Pré-Motor: início da ação - Áreas corticais superiores sensitivas conectadas diretamente a áreas primárias sensitivas projetam para o córtex pré-motor, que projeta para o córtex motor primário. - Áreas corticais superiores sensitivas não conectadas diretamente a áreas primárias sensitivas projetam para o Córtex Pré-Frontal, que projeta para o Córtex Pré-Motor O Córtex Parieto-Têmporo-Occipital recebe projeções de áreas somáticas superiores visuais e auditivas, processando a informação sensitiva envolvida com a percepção e a linguagem O Córtex Límbico recebe projeções de áreas ssensitivas superiores e projeta para outras regiões corticais, dentre elas o córtex pré-frontal. No cérebro normal, dotado de inúmeras e quase infinitas interconexões, a interação entre os dois hemisférios é tão integrada que não se pode dissociar claramente suas funções específicas. Ambos se auxiliam na efetuação de tarefas várias. Nenhuma parte do sistema nervoso funciona isoladamente, de tal forma que o cérebro pode fazer com que as funções das áreas lesadas sejam assumidas por outras áreas sadias. É importante sabermos com que idade se desenvolve, mais satisfatoriamente na pessoa, seus lobos frontais e pré-frontais (depois dos 12 anos, veja adiante). O Córtex Pré-Frontal do hemisfério esquerdo é muito mais relacionado à cognição e consciência, ou seja, intelectual, que o seu homólogo do lado direito. Os argumentos racionais das terapias cognitivas procuram fazer a pessoa reaprenderem a lidar com suas emoções através da cognição, como uma alternativa racional das exigências da angústia detonada, seja pelo córtex frontal direito ou Sistema Límbico. Página 11 de 50 Entendendo as Neuroses É muito difícil explicar ou discorrer didaticamente sobre neuroses, já que se necessita, antes, da perfeita formulação do conceito sobre o que é a nedurose. Para começo, é bom falarmos em Transtornos Neuróticos, denominação mais corrente e, mais conceitualmente, Reação Neurótica. Reação Neurótica é mais didático. Primeiramente vamos entender que qualquer que seja um fato ou acontecimento introduzidoem nossa consciência, receberá sempre uma maquiagem pessoal oferecida por nossa afetividade, dando à ele um significado muito pessoal. Portanto, os fatos de nossa vida, sejam presentes, passados ou perspectivas futuras, serão sempre coloridos pela afetividade (veja Afetividade no menu da esquerda). Para entender a Reação Neurótica devemos, então, entender a Reação (vivencial) Normal. Os fatos e acontecimentos apreendidos por nossa consciência e coloridos por nossa Afetividade serão chamados de Vivências, portanto, essas Vivências terão sempre caráter individual e particular em cada um de nós, de acordo com as particularidades de nossos traços afetivos. Os fatos podem ser os mesmos para várias pessoas, as Vivências desses fatos, porém, serão sempre diferentes. Tais Vivências são sempre capazes de determinar uma resposta emocional na pessoa sob a forma de sentimento e aos sentimentos produzidos pelas vivências podemos chamar de Reações Vivenciais, tal como chamaríamos de reação alérgica as manifestações determinadas pela imunidade diante de um objeto alérgeno. Para que uma Reação Vivencial possa ser considerada normal, Jaspers recomenda ter 3 elementos 1- uma relação causal; 2- uma relação proporcional; 3- uma relação temporal. Devido à complexidade do ser humano, nem sempre uma ação determina uma reação previsível e pré-estabelecida. Cada pessoa pode manifestar uma sensibilidade bastante individual aos fatos vividos, portanto a valorização de sua vida será sempre concordante com sua sensibilidade afetiva. Como a afetividade é um atributo da personalidade, então os fatos e seus valores dependerão sempre da personalidade de cada um, mais que dos fatos em si. Para compreendermos bem nossas reações, bem como as reações de nossos semelhantes diante da vida e dos fatos vividos, é indispensável termos a idéia segundo a qual cada um reage exclusivamente à sua maneira diante da realidade dos fatos. Página 12 de 50 Pr. Flávio Nunes. Instituto Teológico Gamaliel instgamaliel@gmail.com www.institutogamaliel.com No estudo das neuroses esse aspecto individual de reagir à realidade chama-se Reações Vivenciais, estudadas juntamente com a Afetividade em PsiqWeb. A - Reação Neurótica Aguda Fosse permitido construir uma analogia didática para compreender a Reação Neurótica Aguda e diferenciá-la da Personalidade Neurótica citaria, por exemplo, o caso da alergia. Há indivíduos que, em contacto com um determinado alérgeno, como por exemplo o mofo, reagem alergicamente espirrando, com coriza e lacrimejando. Depois de algum tempo e distante do alérgeno, tudo volta ao normal. Isto é o que acontece com quase todas as pessoas mas, por outro lado, há indivíduos que vivem cronicamente com alergia e de maneira inespecífica. Estão sempre com coriza, espirrando ou lacrimejando, nas mais variadas situações e diante dos mais insuspeitados alérgenos. No primeiro caso temos um exemplo da Reação Aguda e no segundo de uma configuração da Personalidade. No primeiro caso da analogia descrita acima, podemos dizer que o indivíduo teve uma alergia e, no segundo, que ele é alérgico. Pois bem. Tendo em vista a conceituação tradicional de Neurose, como vimos atrás, a qual fala em doenças da personalidade como um estado permanente e duradouro, será fácil deduzir que apenas a Personalidade Neurótica representa, realmente, aquilo que queremos dizer como Neurose. Já a denominação de Reação Neurótica Aguda poderia ser entendida como, digamos, um tropeço emocional na vida do indivíduo. De fato, tanto o DSM-IV quanto a CID-10 não utilizam o termo Neurótico com a mesma assiduidade que seus antecessores DSM-III e CID-9. O DSM-IV refere-se às nossas Reações Neuróticas Agudas como TRANSTORNOS DE AJUSTAMENTO, a CID-10 classifica o mesmo estado como REAÇÃO À ESTRESSE e TRANSTORNO DE AJUSTAMENTO. Kaplan, baseando-se no DSM-IV fala em TRANSTORNOS de ADAPTAÇÃO. Insistimos na denominação de Reações Neuróticas Agudas devido, apenas, à similaridade sintomática e etiológica com as neuroses em geral, assim como em benefício da compreensão sobre o psicofisiologismo das reações emocionais às vivências. Entretanto, deve ficar claro que o neurótico, propriamente dito, é aquele portador da Personalidade Neurótica. Existem três situações clínicas englobadas pelo quadro de Reação a Estresse Grave e Transtorno de Ajustamento segundo a CID-10: Reação Aguda a Estresse (F43.0); Transtorno de Estresse Pós-Traumático (F43.1); e mailto:instgamaliel@gmail.com http://www.institutogamaliel.com/ Página 13 de 50 Transtornos de Ajustamento (F43.2). Na REAÇÃO AGUDA A ESTRESSE os sintomas emocionais aparecem dentro de minutos ou horas após a vivência causadora e desaparecem, também, em questão de alguns dias ou mesmo horas. Há como uma espécie de atordoamento, diminuição da atenção, incapacidade para integrar todos os estímulos e até um estado de desorientação. Para que se caracterize uma Reação Aguda ao Estresse, é indispensável haver uma conexão temporal entre os sintomas emocionais e o impacto do estressor psicossocial. Nesta espécie de choque psíquico pode haver, concomitante ao atordoamento e desorientação, um quadro de depressão, angústia, ansiedade, raiva e desespero. Quanto ao TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO, a resposta é mais tardia ou protraída a um evento ou situação estressante. Poderá ser de longa ou curta duração. Há, aqui, um certo embotamento emocional, afastamento social, sonhos freqüentes com a situação causadora, diminuição do interesse para com o ambiente, diminuição do prazer ou sua abolição total (anedonia) e evitação de situações recordativas do trauma. Com freqüência há também uma hiperexitação, hipervigilância e insônia, ansiedade e depressão. Como complicação podemos encontrar, nestes casos, um abuso excessivo de bebidas alcoólicas. Para o diagnóstico do Transtorno de Estresse pós-Traumático há necessidade de que o quadro tenha surgido dentro de até 6 meses após um evento traumático de excepcional gravidade. O curso deste transtorno é flutuante, porém, seu prognóstico costuma ser favorável para a grande maioria dos casos. O TRANSTORNO DE AJUSTAMENTO é cogitado quando existe uma angústia ou perturbação emocional interferindo com o funcionamento e desempenho sociais, a qual tenha surgido como conseqüência aos esforços adaptativos a uma mudança significativa na vida da pessoa. A característica essencial de um Transtorno de Ajustamento é o desenvolvimento de um quadro psico-emocional significativo em resposta a um ou mais estressores psicossociais identificáveis. No Transtorno de Ajustamento os sintomas desenvolvem-se, normalmente, dentro de um período de 3 meses após o início do estressor ou estressores. A Reação Vivencial no Transtorno de Ajustamento é caracterizada por um acentuado sofrimento, o qual excede o que seria estatisticamente esperado pela natureza do estressor e resulta em prejuízo significativo no funcionamento social ou profissional. Os sintomas principais são: humor deprimido, ansiedade, preocupação, sentimentos de incapacidade em adaptar-se, sensação de perspectivas sombrias do futuro, dificuldade no desempenho da rotina diária. Em crianças podemos observar comportamentos regressivos. Os sintomas podem persistir por um período de até mais de 6 meses, principalmente se são em resposta a um estressor crônico, como por exemplo, uma doença crônica ou a um estressor breve mas de conseqüências prolongadas, como por exemplo as dificuldades sociais, financeiras, separações conjugais, etc. Página 14 de 50 O estressor pode ainda ser um evento isolado (por ex., fim de um relacionamento romântico) ou pode haver múltiplos estressores (por ex., dificuldades acentuadas nos negócios e problemas conjugais). Os estressores podem ser recorrentes (por ex., associados com crises profissionais cíclicas) ou contínuos (por ex., viver em umaárea de alta criminalidade). Os estressores podem afetar um único indivíduo, toda uma família, um grupo maior ou uma comunidade (por ex., em um desastre natural). Alguns estressores podem acompanhar eventos evolutivos específicos (por ex., ingresso na escola, deixar a casa paterna, casar-se, tornar-se pai/mãe, fracasso em atingir objetivos profissionais, aposentadoria). A resposta no Transtorno de Ajustamento é mal adaptativa porque existe um prejuízo no funcionamento social e ocupacional, ou porque os sintomas e comportamentos excedem a resposta normal esperada para tal estressor. São tão comuns estes Transtornos de Adaptação que Kaplan refere uma incidência de 5% em todas admissões hospitalares estudadas num período de três anos. A organização da Personalidade e os valores culturais do grupo contribuem para estas respostas desproporcionais, assim como também podem advir de uma somatória de pequenos estressores menos importantes. Como exemplo disso citamos um relacionamento familiar conflitivo, o qual, depois de algum tempo, poderá comprometer progressivamente o limiar de tolerância da pessoa tornando-a mais vulnerável às solicitações existenciais, ou seja, reagindo neuroticamente às vivências. Finalizando esta questão das Reações Neuróticas, é bom saber que sua fisiopatologia segue os conceitos daquilo que vimos em Reações Vivenciais Anormais e que a classificações propostas, tanto pelo DSM-IV quanto pela CID-10, podem parecer-nos um pouco pedantes. Se na REAÇÃO AGUDA A ESTRESSE os sintomas emocionais aparecem dentro de minutos ou horas após a vivência causadora e desaparecem, também, em questão de alguns dias, se no TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO a resposta é mais tardia e o quadro tenha surgido dentro de até 6 meses após um evento traumático ou se no TRANSTORNO DE AJUSTAMENTO tudo acontece dentro de um período de 3 meses após o início do estressor, isso tudo só terá valor prático quanto à duração do tratamento. Na realidade, o fenômeno psicopatológico pode muito bem ser o mesmo em todas essas situações. B - Personalidade Neurótica O entendimento da Personalidade Neurótica ou, conforme termo de Henri Ey, do Caráter Neurótico, implica antes no entendimento global do que foi dito até agora sobre a Personalidade; das Disposições Pessoais, do arranjo peculiar dos Traços no interior do eu, da modelagem afetiva no desenvolvimento da Personalidade, da história biológica e existencial do indivíduo e das exigências adaptativas que a vida solicita. Página 15 de 50 O indivíduo, aqui e agora, do jeito em que ele se encontra e com esta determinada disposição para com a sua vida, só pode ser compreendido como uma resultância daquilo que ele trouxe para a vida, através de sua natureza constitucional, com aquilo que a vida trouxe para ele, através de seu destino existencial. Entender a Personalidade Neurótica implica, antes, no entendimento da Personalidade como um todo, normal ou alterada, apta a responder harmonicamente à vida ou claudicar por dificuldades imanentes ao seu modo de ser. Podemos dizer que o indivíduo possui uma Personalidade Neurótica quando ele reage neuroticamente diante dos eventos de uma forma habitual e isto passa a caracterizar sua maneira de existir. Podemos dizer ainda que é neurótico quando sucumbe cronicamente diante de seus conflitos, sucumbe não apenas aos conflitos atuais mas, também e sobretudo, aos conflitos remanescentes do passado. Podemos ainda arriscar a considerar neurótico quando suas pulsões inconscientes dominam suas atitudes conscientes, quando constatamos uma falha crônica em seus mecanismos de defesa, enfim, quando sua adaptação emocional à vida é constantemente problemática. Sempre que as Reações Vivenciais Anormais ou os Distúrbios Adaptativos, ou ainda e também sinônimo, as Reações de Ajustamento não são acontecimentos fortuitos e ocasionais, mas constituem uma maneira perene e constante de relacionar-se com a realidade, estamos diante de uma Personalidade Neurótica. É tênue e as vezes impossível, clinicamente, uma delimitação precisa entre aquilo que estudamos como Transtornos da Personalidade e a Personalidade Neurótica. Tanto assim, que o tema é abordado separadamente na atual CID-10 mas era indistintamente tratado no DSM-III-R. A grosso modo poderíamos dizer, se de fato for imprescindível uma distinção, que o Transtorno da Personalidade é um pré- requisito constitucional para a Personalidade Neurótica e que esta aparece apenas como uma evidência clinicamente estabelecida daquela. Arriscamos, sem receio de errar, que a diferença entre uma e outra é a mesma constatada entre uma miopia de meio grau e uma miopia de três graus. Ou seja, com meio grau o indivíduo ainda se conduz na vida sem auxílio de óculos, embora não tenha uma visão tão fiel da realidade, com três, entretanto, apresenta uma dificuldade de adaptação muito maior. Desta forma, o conceito de Personalidade, seja referente à Personalidade Neurótica ou normal, diz respeito à modalidade do relacionamento do sujeito com o objeto. Os critérios de avaliação destas relações objectuais normalmente são estabelecidos pelo conjunto normativo de um sistema cultural, o que corresponde a dizer que, se todos integrantes de um mesmo sistema tiverem meio grau de miopia esta será a norma. A classificação dos Transtornos Neuróticos pela CID.10 (Classificação Internacional de Doenças) é a seguinte: De F40 até F48 - Transtornos Neuróticos, Transtornos Relacionados com o Estresse e Transtornos Somatoformes Página 16 de 50 Exclui: quando associado aos transtornos de conduta classificados em F91.- (F92.8) Este agrupamento contém as seguintes categorias: F40 Transtornos Fóbico-Ansiosos F41 Outros Transtornos Ansiosos F42 Transtorno Obsessivo-Compulsivo F43 Reações ao Estresse Grave e Transtornos de Adaptação F44 Transtornos Dissociativos [de Conversão] F45 Transtornos Somatoformes F48 Outros Transtornos Neuróticos Página 17 de 50 Atenção e Memória Uma maneira importante pela qual a percepção se torna consciente é através da Atenção que, em essência, é a focalização consciente e específica sobre alguns aspectos ou algumas partes da realidade. Assim sendo, nossa consciência pode, voluntariamente ou espontaneamente, privilegiar um determinado conteúdo e determinar a inibição de outros conteúdos vividos simultaneamente. Portanto, reconhece-se a Atenção como um fenômeno de tensão, de esforço, de concentração, de interesse e de focalização da consciência. Atenção pode sofrer alterações em todos os transtornos mentais e emocionais. Mesmo quando não existam alterações psíquicas tão evidentes, como é o caso da ansiedade simples, a Atenção pode apresentar oscilações. Uma série de fatores intra-psíquicos pode modificar a sua eficácia da Atenção mesmo dentro dos limites da normalidade. Vários estados emocionais podem alterar a capacidade de Atenção, ora alterando sua intensidade, ora alterando sua tenacidade ou sua vigilância. Sob a influência de determinados alimentos, de bebidas alcoólicas e de substâncias farmacológicas, a Atenção também pode experimentar alterações em seu rendimento e em sua eficiência. A Memória, no sentido estrito, pode ser entendida como a soma de todas as lembranças existentes na consciência, bem como as aptidões que determinam a extensão e a precisão dessas lembranças . De modo geral a Memória necessita de duas funções neuropsiquícas fundamentais; a capacidade de fixação, que é a função responsável pelo acréscimo de novas impressões à consciência e graças à qual é possível adquirir novo material mnemônico, e a capacidade de evocação, ou reprodução, pela qual os traços mnêmicos são revividos e colocados à disposição livremente da consciência. A Atenção pode ser entendida como uma atitude psicológica através da qual concentramos a nossa atividade psíquica sobre um estímulo específico, seja este estímulouma sensação, uma percepção, representação, afeto ou desejo, a fim de elaborar os conceitos e o raciocínio. Portanto, de modo geral a Atenção parece criar a própria consciência. Alguns autores consideram a Memória em si, um processo puramente fisiológico, enquanto a fixação e a evocação mnêmicas das lembranças seriam atos psíquicos e vividos pelo indivíduo. Para que uma lembrança seja eficaz é indispensável a compreensão do objeto sobre o qual se polariza a Atenção, condição essa que depende da afetividade e do interesse. Kraepelin já afirmava a lembrança poderia persistir por mais tempo quanto mais claramente (mais compreensivamente) se percebia o estímulo original e quanto mais numerosas e intensas fossem suas ligações com o resto do conteúdo da consciência. Portanto, as lembranças perduram por mais tempo quanto mais são reforçadas pela repetição. A Memória como Parte Importante da Consciência Página 18 de 50 Para estudar os mecanismos da memória é didático fazer analogia com o mecanismo dos computadores. Tal como os os computadores, nossa mente está equipada com dois tipos básicos de memória: "a memória imedita" (de trabalho) para tratar a informação do presente momento, e a memória de longo prazo, usada para arquivar durante longo tempo. Ao contrário do que se pode pensar, nosso cérebro não está continuadamente registando tudo que nos acontece para, num segundo momento, selecionar e apagar o que não é importante. A maior parte dos estímulos com os quais estamos lidando permanece por um brevemente tempo na memória, mais precisamente, na memória imediata ou de trabalho. A analogia que se faz com o computador é com a chamada memória RAM, ou seja, com a memória de acesso aleatório da máquina (Random Access Memory). Depois de algum tempo esses estímulos trabalhados pela memória imediata se evaporam dando lugar à outros. A memória imediata nos permite realizar os cálculos de cabeça, permite reter números de telefone durante algum tempo, permite continuar um diálogo baseado no início da conversa, permite saber o nome do interlocutor durante algum tempo (diretamente proporcional à importância deste para nós). Continuando nossa analogia, podemos dizer que a memória de longo prazo seria como o disco rígido do computador, registando fisicamente as experiências passadas na região do cérebro designada córtex cerebral. A córtex, ou a camada exterior do cérebro, contém aproximadamente dez bilhões de células nervosas, as quais se comunicam intensamente trocando impulsos eléctricos e químicos. Sempre que um estímulo atinge nossa consciência, seja uma imagem, som, ideia, sensação, etc., ativa-se um conjunto destes neurônios, modernamente chamado de "assembléia neuronal". A teoria baseada nas assembléias neuronais representa um modelo muito convincente para a formulação de uma hipótese a respeito da construção da consciência. Segundo essa teoria, o pensamento consciente é gerado quando vários neurônios de diversas colunas se unem funcionalmente e, atuando harmonicamente e em conjunto, constroem uma assembléia, iniciando assim a formação de um determinado estado consciente. Depois desse novo estado de consciência esses neurônios do conjunto que participou do estímulo nem sempre retomam o estado original. Eles costumam fortalecer as ligações uns com os outros, tornando-se mais densamente interligados. Quando isso acontece constroi-se uma memória consciente, e o que quer que estimule essa rede ou assembléia trará de volta a percepção inicial sob a forma de recordação. O que entendemos como recordações são, afinal, padrões de ligação entre células nervosas. Uma recordação recém-codificada pode envolver milhares de neurónios abarcando todo o córtex. Segundo a teoria dos conjuntos de células envolvidas na consciência e memória, os neurônios são capazes de se associarem rapidamente, formando grupos (assembléias) funcionais para realizarem uma determinada tarefa ou apreenderem um determinado estímulo. Uma vez que esta tarefa esteja terminada, o grupo se dissolve e os neurônios Página 19 de 50 estão novamente aptos a se engajarem em outras assembléias, para cumprirem uma nova tarefa . Portanto, esse conjunto, rede ou assembléia de neurônios dilue-se, caso não seja reutilizada, mas, se a ativarmos repetidamente, o padrão de ligações incorpora-se cada vez mais nos padrões de nossos tecidos nervosos. É devido a essa organização e dissolução dinâmica das assembléias neuronais que podemos comparar a atividade mnêmica fugaz com a memória RAM do computador. Há, ainda, um aspecto quantitativo acerca dessa assembléia neuronal, segundo a qual, quanto maior o número de neurônios recrutados, maior será o tamanho dessa assembléia e, em conseqüência, maior será a recém criada consciência ou memória, em termos de intensidade e tempo de duração. Contrariamente, se for pequeno o número de neurônios recrutados, a memória resultante será pequena em intensidade e duração. Os estímulos são registrados na memória de longo prazo mediante repetição ou através de sua carga afetiva. Enquanto a decisão de armazenar ou diluir uma informação possa ser voluntária, a eficácia dessa memorização nem sempre depende de nossa vontade. Quem garante a eficácia da memória, indiretamente da consciência que se tem do vivido, é um atributo automático do hipocampo. O hipocampo é uma pequena estrutura bilobular alojada profundamente no centro do cérebro. Tal como o teclado do nosso computador, o hipocampo é como uma espécie de posto de comando. À medida que os neurónios do córtex recebem informação sensorial, transmitem-na ao hipocampo. Somente após a resposta do hipocampo é que os neurónios sensoriais começam a formar uma rede durável (assembléia). Sem o "consentimento" do hipocampo a experiência desvanece-se para sempre. É aqui que entra a carga afetiva necessária para que o estímulo se fixe na memória de longo prazo. A atitude de "consentimento" do hipocampo parece depender de duas questões. Primeiro, a informação tem algum significado emocional, portanto, tem que ter alguma importância afetiva. O nome de uma pessoa muito atraente tem mais probabilidade de conseguir "autorização" do hipocampo para se fixar no "disco rígido" de nosso computador do que o nome do jornalita que escreve o obituário do jornal. É assim que nossa consciência se constrói, sempre em conformidade com nossos próprios interesses emotivos. A segunda atitude do hipocampo é uma imediata analogia, ele avalia é se a informação que está chegando no cérebro tem relação com alguma coisa que já esteve por ai, ou que já sabemos. Ao contrário do computador, que armazena separadamente os factos relacionados, o cérebro procura constantemente fazer associações. Se o estímulo recém chegado tem alguma relação ou correspondência com algum material já armazenado, esse novo fato terá mais facilidade de agregar-se ao dinamismo psíquico. Em suma, usamos as assembléias elaboradas pela experiência passada para captar novas informações. Através da formação continuada de assembléias neuronais os fenômenos conscientes se sucederiam, continuamente, cada um diferindo dos demais em duração e intensidade, de acordo com o tamanho das assembléias. Esse dinamismo faz com que a substituição de uma vivência consciente pela que se segue seja muito rápida, conferindo à consciência seu aspecto de continuidade. Aqui devemos lembrar que, também continuadamente, o Página 20 de 50 hipocampo vai selecionando o que fica na memória de longo prazo e o que pertence apenas à memória imediata. De qualquer forma forma-se uma assembléia neuronal e, numa ínfima fração de tempo, a consciência da vivência se formaria. Essa consciência seria recém formada a partir da mobilização simultânea de umdeterminado número de neurônios por um período de tempo variável e, imediatamente depois de terminada sua função, seria substituída por outra assembléia (consciência), depois por outra e, sucessivamente outras. Esses arranjos neuronais obedecem uma estrutura muito pessoal que, em seu conjunto, acabam por corresponder (ou contribuir para) ao perfil afetivo e sensibilidade de cada um e, quem sabe até, para a vocação de cada um. É por isso que um mesmo quadro pode impressionar diferentemente as várias pessoas que o observam; alguns se sensibilizam com as tonalidades, outros com o tema, outros até com a combinação quadro-moldura, outros só conseguem memorizar o preço e assim por diante. Podemos constatar essa experiência facilmente retirando o quadro da vista das pessoas e pedindo para elas descreverem o que viram: ... cores fortes.... tema triste.... muito grande.... deve valer muito... e assim por diante. Assim sendo, as condições capazes de perturbar o hipocampo acabam por prejudicar a memória e, conseqüentemente, a integração da consciência. A doença de Alzheimer destrói gradualmente esse órgão, portanto, destrói a capacidade para formar novas memórias. O envelhecimento normal também pode causar danos mais sutis. Alguns estudos sugerem que a massa encefálica decresce, a grosso modo e variavelmente, de cinco a dez por cento a cada dez anos. Exceto em casos mais patológicos, como por exemplo na doença de Alzheimer ou nos problemas vasculares, a idade por si só parece não perturbar a nossa memória significativamente. A idade, quando muito, torna as pessoas um pouco mais lentas e menos precisas e, embora as médias apontem para o declínio com a idade, alguns octogenários continuam mais incisivos e rápidos que os adolescentes. Evidentemente existem circunstâncias clínicas capazes de prejudicar o rendimento da memória ao longo dos anos. A pressão sanguínea elevada cronicamente pode prejudicar a função mental. Alguns estudos constatam que ao longo dos anos, as pessoas hipertensas perdem duas vezes mais capacidade cognitiva que aqueles que apresentam tensão sanguínea normal. Também o excesso de álcool ou o funcionamento deficiente da glândula tiróide, assim como a depressão, a ansiedade e a simples falta de estímulo estão associados ao prejuízo da memória. O Estresse e a Memória Atualmente um novo problema parece estar associado ao desgaste da capacidade de fixação. É o excesso ou sobrecarga de informação. As informações dos tempos modernos chegam até nós através dos mais variados meios: jornal, revista, rádio, televisão, cinema, fax, carta, e-mail, internet, escola, cursos, etc... Muitas vezes essa avalanche de informações superam nossa capacidade de apreensão eficaz. Essa dificuldade de apreensão e, conseqüentemente, de memorização tem muito a ver Página 21 de 50 com o estresse por excesso de estimulação e solicitação. Evidentemente que, em curto prazo, o estresse até habilita nosso cérebro a reagir mais prontamente aos estímulos, sendo essa a função primária da ansiedade do estresse. Em longo prazo, entretanto, o desgaste supera a eficiência. Algumas pesquisas na área do estresse calculam que, ao fim de cerca de 30 minutos, os hormônios do estresse (adrenalina e cortizona) começam a desativar as moléculas que transportam glucose para o hipocampo, deixando assim essa parte do cérebro com pouca energia. Depois de períodos mais longos, os hormônios do estresse podem acabar comprometendo seriamente as ligações entre neurónios e fazendo o hipocampo reduzir ao máximo sua ação, tal como uma espécie de atrofia funcional. Esta espécie de atrofia funcional é reversível se o estresse for curto, mas um estado de estresse que demora meses ou anos, pode acabar inutilizando definitivamente neurónios do hipocampo. Como vimos acima, quem garante a eficácia da memória, indiretamente da consciência que se tem do vivido, é um atributo automático do hipocampo, portanto, havendo dano dessa estrutura cerebral a capacidade de fixação mnêmica estará prejudicada. O Estrogênio e a Memória As pesquisas que relacionam o estrogênio (hormônio feminino) com a memória foram estimuladas indiretamente, partindo da observação de que as mulheres que tomavam estrogênio reduziam o risco de contrair a doença de Alzheimer. A a importância do estrogénio em relação à memória verbal foi testado em mulheres jovens, antes e depois de serem submetidas a tratamento para tumores uterinos. Os níveis de estrogênio dessas mulheres decresciam fortemente depois de 12 semanas de quimioterapia, assim como decresciam também os seus resultados nos testes de retenção da leitura. Mas, quando metade dessas mulheres juntou estrogênio ao regime terapêutico, a memória melhorou prontamente. As razões para esse efeito protetor sobre a memória atribuído ao estrogênio ainda não são claras, mas o hormônio parece catalisar o desenvolvimento de neurônios no hipocampo e fomentar a produção de acetilcolina, um composto (neurotransmissor) que ajuda as células cerebrais a se comunicarem. Infelizmente, o uso de estrogênio também tem riscos, em especial para as mulheres com predisposição para o câncer de mama. Foco de Atenção O aspecto para o qual se dirige a Atenção é chamado de alvo (perceptual e motor), por isso e apropriadamente, podemos fazer uma analogia didática do focalizar da consciência com um alvo de tiro. O elemento que, em dado momento, constitui o objeto de nossa Atenção, ocupa sempre o ponto central do campo da consciência. O centro desse alvo perceptual corresponde ao grau máximo de consciência e é denominado foco da Atenção. Aí, tudo o que é focal é percebido com Atenção em seu redor, porém, existem outros objetos ou fenômenos psíquicos, os quais, sem ter abandonado o campo da consciência, deixam de ser objeto de Atenção. Os círculos concêntricos mais próximos exprimem, esquematicamente, a área subconsciente e o círculo mais afastado o inconsciente. O elemento que, em dado momento, constitui o objeto de nossa Atenção, ocupa sempre o ponto central do campo da consciência, portanto, nossa capacidade para concentrar a Página 22 de 50 atividade da consciência em uma só coisa acaba, forçosamente, excluindo total ou parcialmente as demais. Entre as partes deste conjunto composto pela consciência, subconsciente e inconsciente não é possível estabelecer limites de nítidos. Aspecto Temporal da Atenção Geralmente, a duração de um determinado foco de Atenção é breve. Existe constante passagem da Atenção de uma parte da realidade para outra e isso se dá por várias razões. De um lado, existe na Atenção, como em todos os processos psicológicos, uma forma de saciedade. Esta saciedade tende a inibir a continuidade de Atenção em determinada direção, como se a pessoa estivesse continuadamente em busca de novidades perceptivas. A Atenção tender a mudar, espontaneamente, depois de um período de focalização em uma parte da realidade. Outra razão para a passagem da Atenção de uma parte da realidade para outra é obtenção de uma certa organização perceptual. É difícil ou impossível, por exemplo, organizar o todo a ser percebido com um único olhar. É preciso passos sucessivos de exploração para que cada parte ou aspecto seja fixado por sua vez. É importante esses aspectos temporais da organização perceptual e mesmo caso dos padrões estático de certos estímulos, a percepção adequada envolve, invariavelmente, mudanças sucessivas de focos de Atenção. Este é um elemento fundamental para o artista, por exemplo, o qual precisa, construir sua obra de arte de tal forma que o olho do observador seja dirigido numa direção determinada através do quadro ou da estátua. Sem esse elemento organizacional não seria possível a percepção dos detalhes alocados no objeto. Mais uma razão para a passagemda Atenção de uma parte da realidade para outra é a limitação da quantidade de material que pode ser incluída no foco de Atenção, em cada momento considerado. Um hipotético olho cósmico, se existisse, poderia apreender simultaneamente completamente tudo de uma determinada situação mas, o ser humano e os organismos inferiores, entretanto, podem apreender apenas uma proporção limitada da realidade. Uma forma de estudar o problema do alcance máximo do foco de Atenção é através da análise da amplitude da apreensão. Esta Amplitude da Atenção se refere ao número máximo de objetos que podem ser percebidos imediatamente. Espalhando um pequeno número de grãos de feijão numa mesa e olhando de relance, procuramos ver quantos grãos existem. Verificaremos que cometermos poucos erros quando os grão são em número de cinco ou seis mas, a partir desse número, começamos a errar mais. Portanto, nossa Atenção se desloca de tempos em tempos para outras partes da realidade porque é limitada a capacidade de apreendermos simultaneamente muitas coisas. Sob este ponto de vista, a atividade mental consiste num vaivém perpétuo de focalizações da Atenção em acontecimentos interiores, em sensações, em sentimentos, em idéias e em imagens mentais que se associam ou se repelem, segundo as leis do dinamismo psíquico. Serão estes diferentes estados de Atenção que permitem o aspecto dinâmico na atividade da consciência.Em função da atividade predominante, distinguem-se 3 tipos principais de Atenção: sensorial, motora e intelectual. Página 23 de 50 Tipos de Atenção Nossos 5 sentidos podem ser ativados conscientemente para focalizar a Atenção sobre um determinado estímulo. Os condicionamentos, muitas vezes inconscientes, podem proporcionar uma certa atividade de espera, mais ou menos orientada, no sentido de confirmar ou não uma determinada expectativa. Ao acrescentar mais sal na comida, por exemplo, nosso paladar espera, com certa expectativa, constatar determinado gosto, assim como esperamos ver, momentos antes, determinada cena de acidente ao constatar a direção e velocidade de um carro de corridas. Trata-se da espera pré-perceptiva. Outras vezes, entretanto, quando os resultados fogem completamente da expectativa perceptiva, acontece uma espécie de choque sensorial que dá origem a um estado de surpresa. Atenção Motora Na Atenção motora, a consciência está concentrada na execução de uma atividade física e muscular pré-programada. Ao olhar para um objeto, por exemplo, a pessoa se inclina na direção desse objeto, e o mecanismo ocular atua de forma que os olhos se dirijam ao objeto até que este caia na fóvea; os músculos do cristalino se acomodam de forma que a imagem fique no foco mais claro, etc. Ao ouvir um som baixo a pessoa estica o pescoço para a frente, coloca sua mão atrás da orelha, e pode fechar os olhos a fim de eliminar os estímulos visuais concorrentes na tentativa de selecionar um determinado objeto (sonoro) como foco de sua Atenção. Talvez seja por isso que algumas pessoas têm que tirar os óculos de sol para prestarem mais Atenção em sons ou imagens. A Atenção motora se caracteriza também pela tensão estática dos músculos, juntamente com uma hipervigilância da consciência. Esta atividade de espera chamada por Pléron de "atividade imobilizante", e exige um grande consumo de energia. Veja-se, por exemplo, a brincadeira de tapa nas mãos. Neste joguete um dos jogadores, aquele que dará os tapas, fica com as mãos espalmadas para cima, enquanto o outro coloca suas mãos sobre as mãos do primeiro. Repentinamente o primeiro tentará retirar suas mãos e estapear as mãos do segundo. Vence o mais rápido. O segundo deve retirar suas mãos, tão logo perceba que o primeiro iniciou o movimento de estapeá-lo. O papel da eficiência da Atenção, nesses casos, consiste privilegiar os elementos automáticos da psicomotricidade, ao mesmo tempo em que reduz os elementos intelectuais eventualmente atrelados ao movimento. Esta forma de Atenção representa uma espécie de alerta às atividades musculares que devem responder prontamente a determinada situação no sentido de favorecer a adaptação. Atenção Intelectual Representa o ato de reflexão e de atividade racional dirigidos na resolução de qualquer problema conscientemente definido. Apesar da divisão da Atenção em Atenção Sensorial, Atenção Motora e Atenção Intelectual, de certa forma a Atenção implica sempre em alguma atividade intelectual, ora orientando os movimentos, ora dando sentido às percepções. Afeto e Atenção Página 24 de 50 Um dos fatores individuais de maior influência no processo da Atenção destacam-se as condições do estado de ânimo ou de interesse, os quais podem facilitar ou inibir a mobilização da Atenção. Portanto, o elemento afetivo tem significação determinante no processo da Atenção, admitindo-se que a pessoa só dirige a Atenção aos estímulos que lhe despertam interesse. De fato, ao constarmos que nossa Memória tem mais afinidade para as coisas que nos despertam maior interesse, estamos falando antes, que nossa Atenção (indispensável para a Memória) é mobilizada mais prontamente pela nossa afetividade. Nossa Atenção sobre algo é tanto mais intensa quanto mais nos interessa esse algo, quanto mais desejamos conhecê-lo e compreendê-lo, quanto mais isto nos proporcione prazer ou satisfação. É por isso que, durante os episódios depressivos, onde o prazer e o interesse estão significativamente comprometidos, a Atenção e a Memória estarão também severamente prejudicadas; por falta de interesse e prazer. Despertam mais nossa Atenção as coisas com as quais mantemos algum laço de interesse, alguma predileção. Passeando num shopping as pessoas detém-se (prestam Atenção) diante das vitrinas que lhes despertam maior interesse, que mais lhes mobilizam afetivamente. Ao estudarmos a sensopercepção também constatamos o fenômeno de predileção sensorial de acordo com as tendências afetivas, como é o caso do artista, capaz de perceber com mais acuidade a obra de arte. A Atenção seria a principal parte dessa predileção sensorial. De acordo com o papel que determinado estímulo desempenha ou possa eventualmente desempenhar na vida pessoal, ele exercerá uma força maior ou menor de atração sobre a Atenção. A Atenção realiza uma seleção natural de seus objetivos em função da disposição pessoal, a qual tende a iluminar determinados objetos. A Atenção está sempre dirigida para algo conscientemente desejado e esse tipo de disposição da pessoa para com o objeto é chamado interesse. O interesse e a Atenção estão tão intimamente ligados que não é possível existir Atenção completamente desprovida de interesse (Stern). Níveis e Distribuição da Atenção Ao estudar a extensão do campo de Atenção, julga-se muito mais importante a captação de uma totalidade ou captação do todo significativo, que a quantidade de objetos que a serem captados pela Atenção. Para William Stern, a Atenção é a condição imediata para a produção de uma realização pessoal e suas características consistem num esclarecimento consciente, na concentração de uma força psíquica disponível para o esclarecimento da realidade. A Atenção da pessoa, num determinado momento pode estar distribuída de várias maneiras no campo da realidade. Pode estar concentrada num único objeto, dando-se pouca Atenção ao resto, pode estar difusamente espalhada, sem que uma parte específica esteja predominantemente em foco ou, por fim, pode estar dividida entre vários objetos, quando então a pessoa procura prestar Atenção, simultaneamente, a duas ou mais coisas. Quanto maior a divisão da Atenção entre objetos, maior a perda de qualidade da Atenção dada a cada parte. Conforme vimos acima, a amplitude limitada da apreensão, e o fato de que quanto maior a Página 25 de 50 divisão da Atenção menor a sua qualidade, acentuam a necessidade da organização perceptual. Quando algumas partes do campo sãoorganizadas em todos maiores, a Atenção necessária para percebê-las eficientemente será menor do que quando as partes são simplesmente observadas separadamente. Através da organização e do agrupamento de objetos a serem percebidos podemos estender a amplitude da Atenção. Se separarmos nove grãos de feijão em três grupos de três grãos, podemos vê-los mais facilmente. Este é um exemplo simples do princípio segundo o qual a organização tem como função permitir; à pessoa, dirigir a Atenção para maior quantidade de material. Podemos ver a mesma coisa, de maneira mais significativa, no desenvolvimento de habilidades específicas ou do treinamento. Não é necessário prestar Atenção a uma atividade bem treinada, pela simples razão de que o todo integrado está tão reunido que pode ser realizado sem Atenção as suas partes isoladas. A inspeção de qualidade numa fábrica, por exemplo, é uma atividade tão treinada que o funcionário é capaz de ater-se rapidamente à qualquer coisa que estiver estranha àquilo considerado desejável. Este funcionário desenvolve seu trabalho muito mais rapidamente que outra pessoa não treinada. Assim, é possível perceber, com um simples olhar, situações complexas. A organização dos objetos facilita para que os estímulos se encaixem na expectativa a ser percebida, sem necessidade de Atenção cuidadosa a cada uma das partes isoladamente. Isso, naturalmente, permite maior eficiência, embora também possa provocar erros que passam desapercebidos, quando estes eventualmente se encaixem bem na organização. Determinates da Atenção Falamos comumente da Atenção como voluntária ou involuntária. A primeira refere-se a casos onde o indivíduo parece ter liberdade na determinação do foco de sua Atenção, liberdade em escolher intencionalmente aquilo sobre que prestar Atenção. Entretanto, ao estudarmos a influência da motivação, do interesse e da afetividade sobre a Atenção essa simples divisão em voluntária e involuntária ficará mais complicada. De qualquer forma vamos falar sobre essa divisão. A Atenção involuntária ou espontânea refere-se a casos em que a pessoa parece menos o agente de escolha da direção de sua Atenção do que um joguete nas mãos de forças que a obrigam a atentar para isso ou aquilo. Numa narração folclórica e acaboclada de um contador de casos goiano , é cômica a passagem onde diz, diante da censura de sua mulher por ter olhado demais para outra mulher: "- eu não queria olhar, mas os olhos queriam...". Alguns determinantes da Atenção involuntária estão relacionados ao afeto e sentimento dirigidos para o objeto, como é o caso da pessoa faminta dirigir sua Atenção, irresistivelmente, para o alimento da vitrina do restaurante. Outros determinantes se ligam a características duradouras dos objetos estimulantes. Essas características determinantes podem ser tão solicitantes que acabam atraindo tiranicamente a Atenção, apesar parecer que a pessoa atentou voluntariamente. As características dos estímulos, que exigem Atenção, foram muito estudadas por experimentos de laboratório e por técnicas de propaganda. Esses fatores determinantes do Página 26 de 50 estímulo podem ser sumariados da seguinte maneira: DETERMINANTE DE... EXEMPLO intensidade ...................................: o silvo da sirene do carro de bombeiros repetição ......................................: anúncios na televisão isolamento ....................................: uma única palavra, na página da revista movimento e mudança..................: o pisca-pisca no cruzamento da estrada novidade........................................: o desenho exagerado do último modelo de carro incongruência................................. a mulher fumando um charuto Tenacidade e Vigilância Já vimos, no capítulo da sensopercepção, que o ato de perceber consiste na apreensão de uma totalidade e que essa totalidade não representa uma simples soma do elementos isolados captados pelos órgãos sensoriais. O todo sensorial caracteriza uma determinada forma, e esta forma percebida pelos sentidos será qualitativamente diferente daquilo que representa suas partes isoladas. Para a Atenção, também, somente uma parte das excitações sensoriais adquire relevo, dando origem à uma forma sobre a qual se polariza a Atenção, enquanto as partes restantes representam o fundo, menos claro, mais difuso e mais fluido. Aqui, tanto quanto na sensopercepção, não existem quaisquer elementos isolados, mas apenas fins totais e integrado para alguma realização pessoal, e serão "claras" e "nítidas" as percepções contidas no foco da Atenção, "vagas" e "difusas" aquelas que se encontram além desse foco. O nível da Atenção depende de vários fatores. Como vimos acima, o principal desses fatores é a ânimo ou o interesse (em outras palavras, o afeto). Quando nos encontramos diante de uma variedade de objetos, a Atenção está dispersa e os diferentes objetos recebem pequenas quantidades de energia e alcançam um grau médio de Atenção. Mas, ao concentrarmos a Atenção num único objeto, toda a energia se orienta neste sentido e os demais objetos ficam numa zona obscura. No entanto, no objeto em que se concentrou a Atenção se descobre uma infinidade de pormenores que haviam passado desapercebidos quando este se achava imerso nos demais. Neste caso a Atenção foi polarizada no objeto escolhido. Isso significa que dentro do campo da Atenção nem todos os estímulos recebem a mesma conscientização e energia. Vale aqui o alvo inicialmente exemplificado: em torno de uma zona central especialmente iluminada e energicamente acentuada, situam-se zonas de fraca intensidade. Quando estamos dirigindo o foco principal da Atenção deve estar na estrada e no trânsito à nossa volta. Em nível menos profundo de Atenção estão os acostamentos da estrada, o ruído do motor, os instrumentos do painel do veículo, etc. De um modo geral, o campo de visão mais externo, a visão periférica, utiliza a energia psíquica sem propósito de foco da Atenção, mas apenas como possibilidade para um eventual foco futuro. Usando ainda o exemplo de dirigir, há também a Atenção de espera, quando então Página 27 de 50 procuramos, espreitamos, espiamos ou exploramos, sem nenhum objeto específico à se focar a Atenção. Digamos que é uma Atenção para as possibilidades. Nesses casos, o objeto da Atenção ainda não se acha presente, tudo é indeterminado, não se conhece o onde, nem o quando do que vai ser percebido. Pode ser que um cachorro atravesse em nossa frente. Esta expectância e incerteza exige que a Atenção percorra continuamente um campo mais amplo para, no caso do objeto aparecer, não o deixar escapar e colocá-lo imediatamente em foco. Para completar esse exemplo temos que entender o que é tenacidade e o que é vigilância. Bleuler destaca duas qualidades na Atenção: a tenacidade e a vigilância. A tenacidade é a propriedade de manter a Atenção orientada de modo permanente em determinado sentido. A vigilância é a possibilidade de desviar a Atenção para um novo objeto, especialmente para um estímulo do meio exterior. Essas duas qualidades da Atenção se comportam, geralmente, de maneira antagônica, ou seja, quanto mais tenacidade sobre um determinado objeto está se dedicando, menos vigilante estamos em relação à eventuais estímulos a serem apreendidos. Cisão da Atenção É quando os objetos da Atenção opõem-se um ao outro e, por causa disso, não se pode estabelecer uma unidade.Observação das mais significativas para a Psicopatologia consiste na noção de "cisão" da Atenção. Este fato pode ocorrer com relativa freqüência em alguns transtornos psíquicos, criando sérios problemas para a mente que deve atender, simultaneamente, a objetivos múltiplos ou extremamente contraditórios. No caso de "cisão", Nos casos mais acentuados, em que se manifestam outros sintomas concomitantes, a cisão da Atenção pode determinar uma verdadeira desintegraçãoda mente. Bateson propos a hipótese do "duplo-vínculo", aplicável às situações insolúveis em que se encontram muitos indivíduos no contexto familiar. A situação é descrita como aquela em que uma pessoa transmite à outra duas mensagens afins, porém contraditórias e incompreensíveis, contendo exigências de natureza oposta, ao mesmo tempo que trata de impedir que a vítima expresse uma opinião acerca da incoerência. O paciente se encontra numa situação singular e insustentável. Não pode adotar nenhuma atitude sem sofrer pressões e exigências contraditórias vindas, geralmente, de parte de um ou de ambos os pais. O fato de não saber para que lado deva se "voltar", para o lado do pai ou da mãe, ocasiona o desmantelamento no interior de si próprio e, externamente, nas relações interpessoais. Cria-se uma situação sem saída para os que se encontram a ela vinculados. Weakland estabeleceu os princípios da situação de duplo-vínculo criada entre filho-mãe- pai: 1 ) O indivíduo participa de uma relação bastante intensa, isto é, fazem-no sentir que é vitalmente importante que possa distinguir com precisão o tipo de mensagem que lhe está sendo comunicada, a fim de poder responder de forma adequada. 2) O indivíduo está atrapalhado em uma situação em que a outra pessoa que participa da relação expressa duas formas de mensagens contraditórias, nas quais uma é a negação da outra. 3) O indivíduo é incapaz de fazer comentários a respeito das mensagens que se estão Página 28 de 50 expressando, com o fim de corrigir sua discriminação do tipo de mensagem a que deve responder, isto é, não pode realizar uma formulação meta-comunicativa". Esta situação de duplo-vínculo implica, naturalmente, a "cisão" da Atenção de quem se encontra submetido a esta situação anômala e termina operando a desintegração de uma personalidade em evolução e que não alcançou ainda pleno desenvolvimento. O começo de um ato de Atenção consiste não só em dirigir a Atenção para o estímulo sensorial, mas, ao mesmo tempo, interromper o estado psíquico anterior. Assim começa uma nova vivência e, se esse processo proporcionava prazer ou não estava ainda terminado, a interrupção é vivenciada como uma perturbação. Por isso, admite-se que a dupla Atenção que um jovem deve prestar aos pais, quando ambos são muito diferentes e expressam opiniões divergentes, contraditórias e conflitantes, determina, como conseqüência, uma "cisão" no processo de Atenção, que termina comprometendo, sobretudo, a parte afetiva da pessoa implicada. O Ato de Concentrar a Atenção Alonso Fernandez considera dois aspectos no ato de concentrar a Atenção: escolher um tema no campo da consciência, elevando-o à um primeiro plano e; manter esse tema rigorosamente destacado, sem deixar-se desviar por influências excêntricas do campo da consciência, modificando-o com plena liberdade. Assim sendo, o individuo lúcido deve dispor de liberdade diante das vivências, tornando possível o funcionamento normal da capacidade de concentração . A primeira fase da Atenção representa a redução do campo da consciência. A percepção, representação ou conceito que se acham eventualmente no centro da consciência são percebidos, graças à concentração da Atenção, com maior clareza, nitidez e delimitação. Esse processo de concentração pode ser ativo ou passivo, dependendo da situação afetiva do momento. Quanto à intencionalidade da Atenção distinguem-se duas formas: a Atenção espontânea e a Atenção voluntária. A Atenção espontânea, como o próprio nome diz, resulta da tendência natural da atividade psíquica em orientar-se espontaneamente para as solicitações sensoriais e sensitivas necessárias à adaptação com a realidade, sem que para tal haja necessidade imperiosa da consciência. Atenção ao andar, ao mastigar antes de engolir, desviar de obstáculos para não cair, Atenção ao manusear objetos, por exemplo. A Atenção voluntária é aquela que já exige um certo esforço mental para algum determinado fim. Esta atividade psíquica permite que as representações e os conceitos objetos da Atenção permaneçam maior ou menor tempo no campo da consciência. Prestar Atenção à aula, por exemplo. A afetividade, visto em tópico anterior, participa inegavelmente na direção da Atenção voluntária. Distração Sob o rótulo de distração existem dois estados diferentes. Por excesso ou por falta de tenacidade. Primeiro, diz respeito à dificuldade da Atenção em fixar-se, portanto, falta de tenacidade. A dificuldade de tenacidade, por si só, não implica, como vimos, em prejuízo obrigatório da vigilância. Muito pelo contrário. Nos transtornos hipercinéticos das crianças Página 29 de 50 observamos, quase sempre, uma hiper-vigilância acompanhada de hipo-tenacidade. Ela desvia sua Atenção diante de qualquer estímulo ambiental. No segundo caso trata-se do contrário, ou seja, de uma concentração ou tenacidade muito intensa em determinado estímulo, assunto ou representação, que acaba por impedir a apreensão de tudo que não se refere ao motivo principal da Atenção, ou seja, por quase abolição da vigilância. É a distração do preocupado, do sábio ou do estudioso, interessados vivamente e exclusivamente por algum pensamento. Na distraibilidade do primeiro caso, por falta de tenacidade, ocorre a diminuição da Atenção voluntária e a aumento da Atenção espontânea. No segundo caso, ao contrário, por excesso de tenacidade, como por exemplo na ioga, há aumento da Atenção voluntária e diminuição da Atenção espontânea. Afetivamente podemos dizer que nos estados de euforia a distraibilidade é do primeiro tipo e nos casos depressivos é do segundo, porém, em ambos extremos do humor haverá certamente prejuízo da Atenção. Compreendido essas duas maneiras de distraibilidade vamos aos nomes técnicos: Hiperprosexia Apesar do prefixo "hiper", há aqui prejuízo da Atenção. O "hiper" refere-se ao aumento quantitativo da Atenção . Como, em termos de Atenção, a quantidade pode ser tida como contrária à qualidade, esse tipo de alteração da Atenção se caracteriza por uma extrema labilidade da Atenção (voluntária ou tenaz), o que leva o indivíduo a se interessar, simultaneamente, às mais variadas solicitações sensoriais, sem se fixar sobre nenhum objeto determinado. Refere-se, pois, a uma hiperatividade da Atenção espontânea. Esta super-vigilância acompanhada de sub-tenacidade da Atenção é observada em estados patológicos acompanhados de excitação psicomotora, como é o caso do Episódio de Mania (euforia), no Transtorno Hipercinético da Infância, nas intoxicações exógenas por estimulantes como a cocaína ou anfetaminas, na embriaguez, na esquizofrenia ou mesmo em pessoas normais passando por momentos de grande excitação. Hipoprosexia Consiste no enfraquecimento acentuado da Atenção em todos os seus aspectos, isto é, tanto da Atenção voluntária, quanto da Atenção espontânea (tenacidade e vigilância). É observada nos estados onde haja obnubilação da consciência, seja por razões neurológicas ou psiquiátricas. Também na embriaguez alcoólica aguda ou embriaguez patológica, em casos de psicoses tóxicas, na amência, nos quadros de demências, na paralisia geral, na esquizofrenia e em certas reações vivenciais anormais. Os estados depressivos sempre se acompanham de diminuição da capacidade de concentrar a Atenção, particularmente nos quadros de depressão ansiosa, que podem chegar, em casos de estupor melancólico, a uma diminuição acentuada da capacidade de concentrar a Atenção. Em enfermos esquizofrênicos inibidos, a Atenção pode estar polarizada para o mundo interno (introspecção), dando ao examinador a impressão de desinteresse completo ao mundo exterior. Quando isso acontece falamos em postura autista. Nos deficientes mentais também se observa déficit da capacidade de Atenção, tanto mais acentuado quanto maior for o grau de deficiência mental, chegando, em alguns casos,
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