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Tradicoes religiosas - Aula9

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Tradições Religiosas
Aula 9: Da intolerância religiosa ao secularismo
Apresentação
Nesta aula, estudaremos como o Cristianismo perdeu uma parte de sua in�uência e como ele se modi�cou, mas
mantendo a tradição, para continuar existindo e in�uenciando a sociedade Ocidental. 
Abordaremos a intolerância religiosa e como ela foi fator preponderante para fazer o �el começar a analisar o papel da
Igreja dentro do ordenamento social. Estudaremos como o ato de não aceitar como o outro vê o mundo pode ser danoso
para a sociedade. 
Re�etiremos como a religião perdeu espaço no meio social, e como deixou de ser o porto seguro para onde os �éis se
dirigiam quando precisavam de auxílio para resolver problemas ou procurar respostas para perguntas que lhes tiravam o
sono. Entenderemos como essas repostas foram buscadas na Ciência moderna, e como as respostas dadas por ela se
sobrepuseram aos dogmas religiosos, fazendo nascer, no século XX, uma sociedade nova, secularizada.
Bons estudos!
Objetivos
• Examinar a intolerância religiosa e suas repercussões no convívio social;
• Descrever o processo de secularização do Ocidente pós-revolução industrial;
• Analisar a reação da religião pós-secularização da sociedade ocidental no século XX.
 Primeiras palavras
Você já percebeu o quanto as pessoas são preconceituosas sem perceber?
Julgar o outro e o comportamento do outro é uma característica cultural de todas as sociedades. Quando uma pessoa se
depara com um comportamento cultural diferente do seu, o normal é o estranhamento, em seguida, a curiosidade e, por �m, a
busca pelo entendimento.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online

O Cristianismo nasceu assim. Ele foi perseguido porque possuía uma interpretação diferente sobre a
experiência religiosa e a religiosidade. Depois do estranhamento, ele passou a ser aceito e algumas pessoas
passaram a ouvir e conviver com os cristãos e sua forma de explicitar a religiosidade. Após o entendimento,
ele passou a ser aceito e sua visão sobre o mundo passou a ser incorporada pela sociedade, a ponto de se
transformar na religião o�cial de um império que antes lhe perseguia.
Entretanto, ao longo dos séculos essa aceitação do credo deixou de ser espontânea e passou a ser imposta. No Ocidente
medieval você deveria ser cristão. Caso não fosse, seria excluído, posto em guetos e/ou perseguido. De um discurso que
pregava o amor e a inclusão, o Cristianismo passou a usar um discurso de exclusão e a perseguir quem lhe fazia oposição ou
discordava de suas ações.
Como você já deve ter lido nos livros de História, essas atitudes tiveram como consequência a morte de milhões de pessoas e
�zeram surgir questionamentos sobre a primazia da visão cristã sobre o ordenamento social e principalmente, sobre a real
importância da religião para a sociedade. 
Todos esses fatos somados �zeram os clérigos cristãos, de todas as vertentes do Cristianismo, repensarem suas ações e
analisarem os atos de seus antepassados. Depois disso, admitiram erros, mudaram comportamentos e ressigni�caram
tradições para não perderem espaço no meio social.
 Intolerância religiosa
De�nir intolerância religiosa é fácil, difícil é entender porque as pessoas, em pleno século XXI, são intolerantes. Não aceitar a
liberdade de culto, não aceitar que certas religiões têm o direito de existir, destruir algum objeto ou monumento só porque ele
representa uma religião, matar pessoas porque ela professa uma religião diferente. São práticas de intolerância religiosa.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
A intolerância ainda acontece talvez por medo.
A resposta para todos esses questionamentos é uma:
Será pela interpretação de livros sagrados ou obediência a alguma seita que leva a pessoa a acreditar em
verdades eternas e que todo o resto deve ser destruído?
Etnocentrismo?
O medo, o dogma e o preconceito são os principais componentes da
intolerância religiosa.
Como surgiu a intolerância religiosa?
Podemos a�rmar que ela apareceu quando as religiões monoteístas começaram a tomar o lugar das religiões politeístas. O
monoteísmo exige a crença no Deus único e tem uma tendência, desde o início, de excluir tudo o mais. No monoteísmo, não
pode haver concorrência entre Deus e outra divindade, mesmo que de menor poder. Entretanto, em sua origem há uma
contradição dogmática, ao mesmo tempo que exclui o diferente, o discurso das religiões monoteístas está ligado a
comportamentos sociais ligados a solidariedade, amor, respeito à diversidade cultural. E surge a pergunta:
Como é possível fazer isso excluindo?
Como a História conta, pregar a tolerância e a intolerância fez e faz parte das religiões. Nunca houve um momento em que as
religiões monoteístas aceitaram placidamente outros credos que não fosse o seu. O máximo que existiu foi respeito à origem
da outra religião, não ao �el. 
Até hoje em dia, as grandes religiões abraâmicas não negam que possuem um ancestral comum e que acreditam no mesmo
Deus criador de tudo, entretanto, são inimigas quando se trata da interpretação das escrituras sagradas. Mais ainda, ao longo
do tempo o Cristianismo, o Judaísmo e o Islamismo foram passando por divisões internas. Os motivos variaram, mas de modo
direto ou indireto estavam ligadas à forma como deveriam ser interpretadas as escrituras, de como deveria ser realizado o
culto ou a luta pelo controle do poder político nascido da in�uência clerical.
Quando nos concentramos no Cristianismo é possível ver
isso de forma mais clara. As cruzadas, a maneira como
foram colonizadas as Américas, a Inquisição, as guerras
travadas na Europa, cuja origem estava ligada a disputas
político-religiosas. Esses são só alguns exemplos, mas o
fato é que a briga pelo controle da palavra de Deus foi e
ainda é uma constante dentro do Cristianismo.
 Tribunal da Inquisição Espanhola. Pintura de Francisco Goya. | Fonte: Infoescola
Você se lembra das últimas aulas?
O comportamento intolerante cristão é incongruente. O Cristianismo surgiu e se expandiu por meio de um discurso includente.
Deus é amor e é misericordioso. Esse foi o discurso usado por Paulo de Tarso e pela Igreja Cristã Primitiva. A fala era clara:
conversão sem imposições.
Para ser cristão, bastava ter fé em Cristo e na salvação para quem
acreditasse no evangelho.
A História tende a mostrar que a intolerância religiosa cristã é obra do Papado. A busca pelo controle político e social da Europa
fez a Igreja Católica Romana usar a fé para controlar as monarquias, mas a Reforma Protestante demonstrou que isso não foi
só uma prerrogativa Católica. A História do monoteísmo protestante também está cheia de episódios de intolerância. No início,
a intolerância religiosa era quase uma regra. 
Quando a Igreja Católica Romana atacava o protestantismo, suas várias vertentes se uniam, mas depois que o ataque papal
passava, havia perseguições sistemáticas aos dissidentes protestantes.
Exemplo
Quando os alemães que viviam no campo se revoltaram contra os nobres que lhes exploravam, Lutero �cou do lado da nobreza e
condenou as revoltas camponesas. Na Suíça, Calvino perseguiu e mandou queimar todos que discordavam da ortodoxia
existentes em suas pregações.
Lutero e Calvino a�rmaram que a Igreja Católica necessitava ser reformada, mas quem discordasse das suas propostas de
Reforma era perseguido. O Cristianismo dominou o Ocidente pela força e pela imposição da fé. A forma como aconteceu a
colonização das Américas e o neocolonialismo no século XIX são outros dois exemplos que corroboram essa a�rmação.
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Você se lembra de como a palavra de Cristo chegou nas Américas?
Veja a seguir.
 Evangelização nas Américas
 Clique no botão acima.
Evangelização nas Américas
A evangelização foi imposta pela força. As civilizações Maia, Inca e Asteca foram destruídas em nome de Deus e dos
metais preciosos. A evangelização aconteceu pela imposição da cultura europeia e do Cristianismoaos americanos
primitivos. Eles deveriam abandonar suas raízes religiosas politeístas e abraçar o monoteísmo cristão.
No século XIX, quando a Europa imperialista controlou a Ásia e a África, a intolerância religiosa também foi sentida. Os
Europeus desrespeitaram e proibiram inúmeras expressões da religiosidade dos povos por eles dominados por
acreditarem que essas expressões religiosas eram erradas. A visão cristã de mundo inferiorizou as religiões locais e
várias pessoas se converteram e abraçaram o Cristianismo para serem aceitas pelos seus dominadores.
A cultura cristã europeia desrespeitou a organização cultural e religiosa de outros povos por acreditar que eles
interpretavam o mundo de forma errada. A verdade estava no Cristianismo e seus dogmas.
A ironia disso tudo é que os povos que foram dominados perderam suas terras, foram escravizados e foram obrigados
a abandonar suas culturas em nome de Deus. A dominação e a exploração socioeconômica aconteceram para
garantir a salvação eterna desses povos.
Para terminar, uma re�exão:
As pessoas nascem inseridas em determinadas culturas que as
moldam socialmente, mas suas raízes culturais não condicionam suas
vidas.
As pessoas são capazes de analisar a realidade e modi�cá-la. Se olharmos por esse prisma, a tolerância e ou a intolerância
religiosa são uma questão de escolha. Boa parte das guerras que existem atualmente na Ásia e na África são frutos da
intolerância religiosa e da visão etnocêntrica ocidental de mundo. Nós criamos vários con�itos por desconsiderarmos a cultura
de outros povos, por acharmos que éramos superiores. Se realmente o Ocidente se propõe a mudar sua postura e seu olhar
sobre os outros povos, o discurso cristão de inclusão e amor ao próximo deve ser posto em prática. Até agora esse é só um
discurso politicamente correto.
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 Atividade
1 - Em março de 2019, o Supremo Tribunal Federal, por unanimidade, decidiu que animais poderiam ser sacri�cados em rituais
religiosos. A base de sustentação dos argumentos de todos os juízes foi a garantia constitucional da liberdade religiosa. Esse
fato repercutiu na sociedade brasileira e várias instituições religiosas cristãs se manifestaram contra essa decisão. A
condenação do sacrifício de animais por entidades cristãs pode ser considerada um ato de intolerância religiosa? Justi�que
sua resposta.
 A secularização do Ocidente: descrença em Deus ou fé da
Ciência?
Imagine a seguinte situação:
Uma pessoa que tem fé em Deus está hospitalizada,
rezando com um clérigo cristão (padre ou pastor),
esperando a hora da morte. Então, chega um médico com
um comprimido e diz para ela tomar o remédio que �cará
boa. A pessoa �ca toda contente e pega o comprimido, mas
quando vai tomá-lo, o clérigo diz que se ela tem realmente fé
em Deus deve abdicar de se medicar porque Deus irá curá-
la.
Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online
Se fosse você nessa situação faria o quê?
Manteria a fé em Deus ou acreditaria da Ciência?
Se respondeu que tomaria o remédio, você chegou à essência da secularização. Nas sociedades pré-industriais, a religião era a
bússola que guiava a vida das pessoas, entretanto, a partir do século XIX, a bússola passou a ser a Ciência.
Essa inversão de valores não foi rápida, passaram-se séculos para que a sociedade ocidental aceitasse ser guiada pela fé na
Razão e na metodologia cientí�ca para explicar a realidade.
Antes de aceitar a Ciência como o meio básico para entender a realidade, o Ocidente era regido social e culturalmente pela
religião cristã. Tudo girava em torno dos valores cristãos. Quando a Razão passou a ser vista também como um meio de
explicar a realidade, a religião entrou em crise.
Por quê?
Porque surgiram a Sociologia, a Antropologia, a Psicologia e outras ciências
que usam a Razão para explicar os costumes, as tradições e os
comportamentos humanos.
Antes da ascensão do pensamento racional no período moderno, a sociedade ocidental via a vida na Terra como um momento
de passagem. A vida real era junto de Deus, no Céu, pois Ele criou e deu vida a tudo. O pensamento racional tirou de Deus esse
poder (pelo menos em parte) e entregou ao homem, a�rmando: use-me, que você será capaz de entender a realidade. O uso da
Razão tornou o homem autônomo.
O culto à religião deu lugar ao culto da Razão. A sociedade ocidental, principalmente a partir da revolução industrial, passou a
crer que nada poderia ser visto como verdade sem antes ter passado pelo crivo do conhecimento cientí�co.
A prova cientí�ca passou a ser o selo de qualidade da verdade. A racionalidade do argumento dava credibilidade às discussões
e análises da realidade. As explicações religiosas perderam espaço político e social, porque não legitimavam mais o
ordenamento sociopolítico. 
Antes que você pergunte, não se está a�rmando que a Ciência acabou com a religião. O que dizemos é que a Ciência tornou a
religião submissa. Ela criou os alicerces para a separação entre estado, sociedade e religião. Foi o pensamento cientí�co que
criou o estado burocrático e tecnicista. Também foi ele que criou o conceito de progresso ao conceber máquinas, remédios,
vacinas e outras descobertas cientí�cas.
O pensamento cientí�co inspirou o Positivismo, por ser
racional. Sem organização social não há progresso. Sob
essa perspectiva, o pensamento religioso mais atrapalha do
que ajuda, por isso, ele �cou em segundo plano depois da
revolução tecnológica que começou no século XIX e
aumentou no século XX.
 O distanciamento entre homem e religião | Fonte: Brasil Escola
Então o homem abandonou a fé?
Veja a seguir.
 Religião e razão
 Clique no botão acima.
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Religião e razão
O homem nunca abandonou a fé, ele só a transferiu da religião para a Razão. A Ciência, a capacidade de produzir bens
materiais e consumi-los, e o desenvolvimento de tecnologias capazes de resolver os problemas cotidianos do homem
�zeram com que abandonasse as explicações teológicas e aceitasse as explicações terrenas. A fé e a esperança na
salvação saem de Deus e vão para o mundo terreno, secularizando-se.
A sociedade ocidental passou a ser antropocêntrica, o homem passou a ser o centro de tudo. Deus e o Sagrado,
ambos tão caros aos indivíduos até a Idade Média, foram racionalizados.
As instituições religiosas, que antes ditavam os comportamentos sociais pautados na ética e moral cristã, deram lugar
ao cienti�cismo.
O conceito de comunidade que conectava os indivíduos por meio de uma entidade sobrenatural deu lugar a uma
sociedade em que o individualismo e a Razão são as bases que moldam o convívio social.
Aristóteles a�rmou que o homem sempre busca felicidade. Acreditando nisso, você pode a�rmar que o homem
medievalbuscava a felicidade na fé em Deus e na salvação da alma e que o homem moderno busca a felicidade na
Ciência, na capacidade que ele possui de resolver seus problemas cotidianos. Essa é a essência da secularização. 
Alguns pensadores a�rmam que a secularização, ao contrário do que a maioria pensa, é uma forma de revitalização
das religiões. Eles acreditam que a secularização não acabou com a experiência religiosa, com a religiosidade nem
mesmo com as religiões institucionais. Eles a�rmam que elas simplesmente foram ressigni�cadas, fazendo nascer
um novo sentido para experiência religiosa e a espiritualidade. 
Isso aconteceria porque o crente, ao invés de buscar o êxtase religioso em grupo, externando a todos a sua
religiosidade, passou a buscá-lo na intimidade do eu. Para essa corrente, o secularismo não acabou com as religiões,
ele simplesmente retirou delas a premissa de guiar a sociedade e ditar comportamentos sociais, e a colocou na vida
privada. A experiência religiosa continua a ser procurada pelas pessoas, mas agora ela é de foro íntimo.
 A reação cristã à modernidade
O que é a modernidade?
Uma resposta sucinta, mas satisfatória é:
A modernidade representa o momento em que o mundo ocidental sofreu
uma ruptura.
As premissas medievais que ordenavam a sociedade foram sendo, gradativamente, substituídas pela razão e pelo
cienti�cismo. A sociedade passou a crer nas verdades cientí�cas e a se guiar por elas, colocando em segundo plano as
premissas religiosas que antes orientavam os indivíduos e ordenavam a sociedade. 
As consequências disso foram muitas, mas podemos dimensioná-las, para você entender melhor em três a�rmações:
Como, então, o Cristianismo resistiu a essas mudanças?
Veja a seguir.
A experiência religiosa e a religiosidade passaram a ser buscadas de forma mais individualizada e sua expressão
pública se tornou menos relevante.
Houve a fusão de vários elementos religiosos, normalmente de forma sincrética.
As instituições religiosas tradicionais entraram em decadência.
 Religião e razão
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Religião e razão
Sendo mais �exível e se adaptando às mudanças comportamentais dos �éis.
No mundo moderno, a diversidade cultural é uma realidade, por isso, as religiões tradicionais passam por di�culdades
para se adaptar a esse contexto. Para sobreviver, as religiões devem se desfazer de dogmas e aceitar a pluralidade.
Pregar usando a televisão e o rádio e criar comunidades religiosas virtuais são só dois exemplos das mudanças pelas
quais passaram o Cristianismo para se adaptar ao mundo moderno. Com certeza você já viu uma pregação pela TV.
Essa é uma realidade que não tem volta. Para alcançar o coração dos �éis, o Cristianismo se modernizou tentado
manter suas tradições.
Por que tentando? Porque a sociedade atual não aceita a tradição pela tradição, ela questiona. O credo só acontece
quando as respostas dadas aos questionamentos feitos são satisfatórias. A in�uência religiosa tradicional foi posta de
lado pelo �el, mas ele não deixou de crer em Cristo.
O catolicismo tentou se adaptar a essa nova realidade no Concílio Vaticano II. O papel desempenhado pelos
movimentos leigos dentro da Igreja passou a ser mais valorizado, eles se multiplicaram e se fortaleceram.
A Igreja passou a ouvir a sociedade e seus anseios e também �cou mais ecumênica. Dogmas foram relativizados e
rituais mudaram ou foram abolidos, entretanto, a sociedade atual pede mais mudanças, como a relativização de
alguns pressupostos éticos e morais que são pedras angulares do catolicismo: o �m do celibato, a inclusão da mulher
no clero, a aceitação da orientação sexual. Como você pode perceber, tradição e modernidade são mais que palavras. 
Um problema que não é só do catolicismo, mas da cristandade como um todo, é resgatar o crente que busca a
experiência religiosa em emoções e sensações. Nesse sentido, a fé dá lugar a experiência sensível. O indivíduo ainda
busca o sobrenatural, a modernidade não acabou com isso, ela só diminuiu ou relativizou a importância das religiões
tradicionais.
A modernidade fez nascer um novo cristão, um crente que busca rituais e
regras morais que satisfaçam suas necessidades. Por isso, surgem
inúmeras igrejas cristãs e uma nova forma de expressão conservadora
(como a Renovação Carismática Católica); há uma demanda por um
Cristianismo que esteja antenado com o individualismo típico da
modernidade.
O Cristianismo moderno é complexo porque não há uma obrigação de aceitação das regras. As religiões tradicionais não
controlam mais os comportamentos sociais. O novo cristão é um indivíduo que optou, voluntariamente, por seguir ideologias
cristãs, mas não se sente preso, de maneira geral, a nenhuma organização religiosa.
Essa verdade inconveniente é outro obstáculo que o Cristianismo tem que superar para retomar o controle sobre o
sobrenatural. A modernidade desconstruiu a �delização religiosa e as instituições religiosas passaram a ser vistas de forma
mais pragmática. Elas passaram a ter uma função utilitária para boa parte dos indivíduos que frequentam um culto. O contato
com a Sagrado ocorre a partir das necessidades individuais e o princípio cristão de coletividade vem sendo substituído pela
busca da felicidade e da realização individual.
Se isso é verdade, também é verdade que movimentos conservadores estão se expandindo dentro do Cristianismo. A
modernidade fez nascer uma pluralidade de visões de como se deve vivenciar a experiência religiosa cristã. Atualmente, há
dentro do Cristianismo:
No século XX, o Cristianismo viu surgir no seu meio movimentos religiosos que buscam a renovação do credo a partir da
individualização da experiência religiosa. Isso aconteceu porque as pessoas possuem dentro de si duas ideologias que, em
princípio, são antagônicas: a racionalidade da modernidade e a busca por uma experiência religiosa que tenha no seu cerne o
êxtase sensitivo.
As igrejas pentecostais, que buscam a experiência religiosa de forma mais pessoal e existencialista.
As pessoas sem religião, que dizem acreditar em Deus, sem seguir nenhuma religião tradicional.
Os fundamentalistas, que se negam a aceitar outra interpretação da Bíblia que não seja a sua.
A teologia da libertação, voltada para a inclusão social e a prestação de serviços aos mais necessitados.
 Atividade
2 - O advento da modernidade fez com que instituições religiosas cristãs perdessem boa parte de sua in�uência sobre o
ordenamento social do mundo ocidental. Explique por que isso aconteceu.
3 - O cristão ocidental, no século XX, perdeu a fé nas instituições religiosas tradicionais, mas se manteve-se �el a Cristo. Essa
a�rmação é verdadeira?
Notas
Referências
AGOSTINI, Frei Nilo. Ética cristã e desa�os atuais. Petrópolis: Vozes, 2002.
DELUMEAU, Jean. A Civilização do Renascimento. v. 1. Tradução Manuel Ruas. Lisboa: Editora Estampa, 1994.
GINZBURG, Carlo. Mitos, Emblemas e Sinais. São Paulo: Cia. das Letras, 1990.
LE GOFF, Jacques. O Deus da Idade Média: conversas com Jean-Luc Pouthier. Tradução de Marcos de Castro. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2007.
Majorano S. A consciência: uma visão cristã. Aparecida (SP): Santuário, 2000.
SILVA, Antonio Ozaí da. Monoteísmo e Intolerância Religiosa e Política. Revista Espaço Acadêmico, n. 113, outubro de 2010.
Disponível em êmico, n. 113, outubro de 2010a. Disponível em: //www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/11370/6156
WALZER, Michael. Da tolerância. Tradução Almiro Pisetta. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
Próxima aula
• O surgimento do movimento ecumênico no seio das igrejas protestantes e sua evolução histórica;
• O Diálogo inter-religioso e seu caráter plural;
• O respeito à diferença e à pluralidade de credos no século XXI.
Explore mais
Leia o livro Dialética da Secularização: Sobre Razão e religião. O livro foi organizado por Florian Schüller a partir de um debate
realizado pela Academia Católica da Baviera, em 2004, entre o �losofo Jürgen Habermas e o então prefeito da Congregação
para a Doutrina da Fé, do Vaticano, Joseph Ratzinger, futuro Papa Bento XVI. O debate tratou das bases morais que nortearam
as discussões políticas que antecederam o nascimento do Estado Liberal. A leitura é interessante porque faz uma
contraposição entre a visão racional de Habermas e a secularização da sociedade ocidental e os argumentos Ratzinger, que
defendiam a interpretação dessa realidade a partir da perspectiva cristã, uma vez que ela é anterior a racionalização da
realidade. (SCHÜLLER, Florian (Org.). Dialética da secularização: sobre razão e religião. São Paulo: Ideias & Letras, 2007. 103 p.)
Assista aos vídeos Intolerância religiosa, parte I e parte II. Eles fazem parte do programa jornalístico Sala de Debate, do Canal
Futura. Vários estudiosos do tema discutem o crescimento da intolerância religiosa no Brasil e no mundo, e debatem à luz da
Constituição Federal e das ciências sociais como a intolerância deve ser entendida e combatida.
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