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RENAN MACEDO SANTANA RA 224002 CE131A DISCENTE: HUGO MIGUEL OLIVEIRA RODRIGUES DIAS TRABALHO INDIVIDUAL DE ECONOMIA Medidas adotadas pela política econômica do governo Lula (2003-2010) Vários aspectos podem ser observados para analisar o comportamento da economia no governo Lula. O governo Lula faz parte de um processo que se originou com o governo de Collor/Itamar e depois percorreu dois mandatos do governo FHC. Algumas reformas, mesmo parciais, como a reforma tributária e a previdenciária, foram importantes para o bom funcionamento da economia do governo Lula. Ou seja, é a continuidade das políticas econômicas adotadas no período anterior também nomeado pelos autores da Carta social e do trabalho como “pós-liberalismo”. Por outro lado, não há como negar as boas qualidades do governo Lula, que às vezes assume uma postura política progressista quando necessário, como a postura do governo durante a crise financeira global de 2008. Tanto o processo de continuidade quanto as eventuais rupturas, foram um marco importante na história política e econômica do Brasil. Politicamente, representa a ascensão do Partido dos Trabalhadores (PT), que tem recebido muita publicidade negativa nos últimos anos. Por sua conexão histórica com os movimentos sociais e trabalhistas, o PT no poder é uma utopia para quem idealiza as mudanças dramáticas no cenário político brasileiro. Mas a realidade provou que não é o caso. À medida que as eleições de 2002 se aproximavam, o PT tinha mais cobertura em uma série de questões, incluindo a questão da proibição, que havia sido protegida pelo governo antes e não discutida depois. Do ponto de vista econômico, a manutenção do poder é um desafio para os partidos de esquerda. Esse desafio existe porque os mercados financeiros nacionais e internacionais temem o que o novo governo fará. No entanto, seu desempenho econômico revelou-se “ruim” e inicialmente acompanhou a consolidação fiscal oficial de seu antecessor e altas taxas de juros. No entanto, a segunda fase do governo Lula é uma evidência empírica de que o desenvolvimento econômico e social estão fortemente ligados. Nesse sentido, o governo Lula se tornou um marco na história da economia brasileira ao regular o crescimento do PIB e combater as desigualdades sociais de forma relativamente harmoniosa. Mais especificamente sobre as tendências econômicas, o primeiro passo no primeiro ano de governo é enfrentar a crise conhecida como uma das certezas mais incertas no cenário, a “Crise de 2002”. As medidas tomadas para combater este momento de incerteza nos mercados financeiros se caracterizam reduzindo os gastos públicos e elevando as taxas de juros. Dessa forma, o governo tranquilizou os investidores e trouxe de volta um volume significativo de capital estrangeiro para o país. 2003 foi particularmente caracterizado por reformas importantes: reforma tributária e reforma da previdência social. Essas duas reformas fizeram parte das políticas restritivas adotadas pelo governo que influenciaram a evolução econômica do primeiro semestre de 2003. Nesse sentido, “[...] apesar do PIB ter crescido 1,1% em 2003, para a maioria da população brasileira a sensação econômica foi de recessão” (BARBOSA; SOUZA, 2010, p.4) Somente no segundo semestre do ano é que a economia brasileira se recuperou. O PIB aumentou, a inflação foi controlada e contida, a balança comercial foi boa. Essa melhora econômica continuou em 2004-2005, com inflação e taxas de juros flutuantes, mas, em última análise, um saldo positivo. Nos últimos dois anos, de 2004-2005, o governo federal tem promovido o acesso ao crédito, aumentando significativamente o salário mínimo, bem como aumento da renda e, consequentemente, aumentando os investimentos nos gastos sociais. Também é importante sublinhar os efeitos mais importantes das políticas de redistribuição de renda, em particular o Bolsa Família. No final de 2005, o programa atingia 0,3% do PIB e abarcava um universo de 8,7 milhões de famílias (BARBOSA; SOUZA, 2010, p.7) Outro ponto a ser destacado é que o Brasil quitou sua dívida com o FMI em 2005, caminhando em direção a uma maior autonomia sobre o capital estrangeiro. Com a reeleição de Lula em 2006, a política econômica caminhou de forma análoga sendo algumas características: elevação substancial do salário mínimo e de investimentos públicos em setores estratégicos. Em números, percebe-se que no período de 2003 a 2005 o PIB era de 3,2% e no período de 2006-2008 sofreu um aumento, passando para 5,1%. (BARBOSA; SOUZA, 2010,, p.14) Em 2007, é criado o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) que visava estruturar setores importantes, como transporte e logística; Energia e Infraestrutura social, conciliando investimentos federais e privados. A crise do mercado global de 2008 teve um grande impacto na economia brasileira ainda naquele ano. É um final de ano com certa desaceleração e adoção de medidas governamentais para mitigar os impactos da recessão e da crise. Neste momento em que o governo enfrenta uma crise, ao invés de implementar políticas restritivas e cortar gastos emocionalmente, o governo pode ver o caráter progressivo de suas decisões e conceder deduções fiscais. Esse modelo de anticrise internacional não cria um cenário de recessão brasileiro nem causa pânico na população. Assim como ocorre com os IPIs para automóveis e veículos de consumo, as políticas de acesso ao crédito são mantidas e alguns impostos são reduzidos. Também é importante sublinhar o papel do banco central como um importante “porto seguro” para o sistema financeiro nacional. Nesse sentido, pode-se analisar que: Contrariamente às expectativas pessimistas prevalecentes no final de 2008, a taxa de desemprego no Brasil não subiu muito, os salários e os empregos voltaram a crescer, e a confiança dos consumidores e dos empresários se recuperou rapidamente ao longo de 2009. Assim, apesar da intensidade da crise, o Brasil pode retomar seu patamar de crescimento pré-crise já em 2010 (BARBOSA; SOUZA, 2010, p.30) Do exposto, podemos concluir que o governo Lula claramente não representa o colapso. Muitas questões permanecem sem solução, incluindo reformas agrícolas e políticas, bem como reformas fiscais e sociais mais profundas. Alianças com o partido historicamente de direita PMDB podem conter muitas críticas. No entanto, apesar dessas contradições políticas e da constatação da virada de esquerda para o centro do PT, as condições de vida do povo brasileiro melhoraram significativamente. Isso se deve à manutenção e expansão das políticas de redistribuição de renda e promoção de crédito para as famílias mais pobres. Conclui-se que essa evolução é resultado tanto da orientação gradativa do governo quanto das reformas da administração anterior, com estabilização monetária planejada e até reforma parcial do sistema monetário. REFERÊNCIAS Barbosa-Filho, N.H. e SOUZA, J.A.P. (2010) “A Inflexão do Governo Lula: Política Econômica, Crescimento e Distribuição de Renda”, in: E. Sader e M. A. Garcia (orgs.) Brasil: entre o Passado e o Futuro. São Paulo: Fundação Perseu Abramo e Editora Boitempo Manzano, Marcelo., Paez, Carlos Salas., Santos, Anselmo. (2014), O Brasil nos últimos 20 anos: em busca de um novo regime de acumulação. Carta Social e do Trabalho, n. 25, jan-mar 2014.