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Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 1 Dispositivos inalatórios As doenças respiratórias não infecciosas devem ser tratadas por fármacos inalatórios. Por quê? Para que consiga atingir o pulmão de forma mais rápida, tópico, sem que atinja a via sistêmica e com isso diminuindo a chance de efeitos colaterais. As medicações são usadas a longo prazo e devem ser combinadas com dispositivos adequados para cada paciente. Diagrama de Videl – VA é dividida em de transição (narinas, bocas, traqueia), trópico (brônquios e ramificações) e respiratória. O medicamento via inalatória é preciso que chegue aonde tem a musculatura lisa da via aérea, onde responderá com o ß2 adrenérgicos com liberação de adrenalina e promoverá a bronquiodilatação; outro mecanismo é o antagonismo M3 (muscarínicos) bronquiodilatação tem 2 vias = agonista ß2 adrenérgico + antagonismo M3. Existem medicações inalatórias de longa duração e outros de curta duração. SABA é um ß2 agonista de curta ação (é a medicação mais prescrita para asma no mundo todo – salbutamol, fenoterol); SAMBA é um antagonista M3 de curta duração (ipratrópio); LABA é um agonista ß2 de longa duração (formoterol é um ß2 de longa e curta duração); LAMA é um antagonista M3 de longa duração (tiotrópio); ICS é um corticoide inalatório (budesonida, fluticasona). Necessário fazer higiene oral após a utilização de dispositivos que contenham corticoide para que não ocorra efeitos colaterais como monilíase oral. Entre dispositivo inalatório e fármacos existem mais de 250 combinações (inalação + fármaco). São 4 principais dispositivos PMDI, PMDI + HC (espaçador), DPI, SMI e NBZ. É necessário adequar o fármaco adequado com a forma de dispositivo mais adequada ao paciente. PMDI: é aerossol dosimetrado, com molécula menor e dose maior que chega ao pulmão; como utilizar: esquentar com a mão, chacoalhar com a mão, soltar o ar do peito, sincronizar o puff com uma respiração profunda e segurar de 5 a 10 segundos e depois soltar. É o mais associado ao erro crítico (quando a medicação não chega com a dose adequada à via aérea) por isso se o paciente não tem técnica ou nem prensa adequada, fazer preferência de seu uso com o espaçador. É o mais barato e o mais prescrito no mundo para asma. A deposição deste na orofaringe e na boca é muito grande o que aumenta a quantidade de efeitos colaterais neste local. Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 2 PMDI + HC: (espaçador ou câmara extensora) deve ser usado quando não se tem uma inalação consciente (crianças < 5 anos e/ou em crise asmática e idosos que não tenham inalação consciente). O espaçador é um tubo que se conecta ao dispositivo. O princípio é ter a dose inalatória dentro do espaçador por um tempo curto; se o paciente tiver prensa bucal, ele irá segurar com a boca por até 10 segundos. Para tratamento de broncoespasmo é o tratamento de escolha. Pó seco inalado (DPI): o dispositivo unidose é o alênia (ß2 de longa + inalatório) e é um DPI monodose; coloca-se uma cápsula dentro do dispositivo, fura-se 3 vezes esta cápsula para liberar o conteúdo, colocar a boca e puxar o conteúdo; o principal problema é que é necessário ter um fluxo respiratório (30 irpm) alto se não, não terá o delivery da medicação no local necessário, além disso, é necessário ter prensa bucal correta. DPI multidose contém múltiplas doses dentro de um único dispositivo, é o melhor, porém é mais caro. DPI é o que mais tem uma variedade de dispositivos diferentes. SMI: é um dos melhores por ter acesso fácil à via aérea, porém é difícil de usar. É o único que contém a medicação tiotrópio. Ele forma uma névoa ao ser acionado (não é spray aerossol). Não pode ser utilizado com espaçador porque a molécula dele fica presa ao acoplador. Prensa bucal, inalação Não coordenação entre Quando não tem ritmo respiratório suficiente Respiração inconsciente e coordenação respiração e apertada Quando tem coordenação Quando não tem Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 3 Considerações a levar em conta quando for escolher qual o melhor tipo de dispositivo para determinado paciente. Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 4 Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 5 Espirometria Usado para aferição de volumes e fluxos pulmonares. Utilizado uma representação gráfica para ver volume/litros por tempo/segundos volume por tempo: nessa curva vamos partir de um ponto de inspiração profunda que começa com valores negativos na representação gráfica, até começar a espiração que é onde se aplica o gráfico com valores positivos até que a curva atinja um platô quando atinge o máximo de expiração. VEF no 1º segundo é o volume que o paciente assopra forçadamente no primeiro segundo. CVF é o quando máximo o paciente consegue assoprar. E o volume expirado forçado no 1º segundo é correspondente a 80% da capacidade vital forçada. 𝑉𝐸𝐹1 𝐶𝑉𝐹 = 4 5 = 0,8 = 80% O principal papel da espirometria é diferenciar distúrbio obstrutivo de distúrbio restritivo. Na expiração forçada aumenta a pressão intratorácica, diminuindo a parede brônquica, e quem tem um distúrbio obstrutivo, acaba diminuindo a capacidade expiratória desses pacientes, sobrando um volume de 2 litros (de 5 litros iniciais) no final da expiração, dando um total de perda de 3 L de expiração, provocando a relação VEF1º/CVF = 3/5 = 0,6, ou seja, 60% da CVF, ao passo que o de uma pessoa saudável é correspondente a 80% da CVF. 𝑉𝐸𝐹1 𝐶𝑉𝐹 = 3 5 = 0,6 = 60% Em pulmão enfisematoso (enfisema, asma, bronquite crônica, bronquiectasia), ocorre destruição dos septos alveolares e coalescência dos espaços aéreos. Em quem tem deficiência de alfa- 1 anti-tripsina, ocorre ainda mais deficiência de elastina, ou seja, não há tanto tecido de sustentação Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 6 pulmonar mais, deixando o pulmão enfisematoso. O pulmão enfisematoso tem uma propriedade chamada de elastância diminuída (capacidade de recolhimento elástico do pulmão – capacidade de retornar ao seu estado normal) para colocar ar em um pulmão com pouca elastina é preciso de pouca pressão na inspiração, ou seja, alta complacência, porque o pulmão já está armado, necessitando de menos força inspiratória; já na expiração, aumenta a pressão expiratória acima do normal, ou seja, uma elastância diminuida, ele tende a ter uma expiração/tempo aumentada porque demora mais tempo para o pulmão retornar o recolhimento elástico. Em pulmão obstruído (fibrose e doenças pulmonares intersticiais) é ao contrário, ele tende a ter uma complacência diminuída e uma elastância aumentada. Pulmão com elastância baixa (fibra elástica baixa) significa pulmão com complacência alta (capacidade do pulmão de se estender a determinada pressão). São grandezas inversamente proporcionais elastância vs. complacência. Complacência aumentada anormalmente é ruim porque o ar tem facilidade de entrar, porém tem dificuldade de sair (tórax em tonel). O volume corrente é o quanto de ar respiramos em repouso, ou seja, em inspiração e expiração normais. O volume de reserva inspiratória é o quanto cabe no pulmão em inspiração forçada. O volume de reserva expiratório é o quanto de ar sobra no pulmão durante uma expiração forçada. O volume residual é o quanto sobra no pulmão após uma expiração forçada, o volume suficiente para manter o pulmão sem se colabar e não é utilizado. Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 7 Preparação para o exame: não pode ter infecções respiratórias e suspender o uso de ß- bloqueadores. Uso para monitorização de doenças e incapacidades, saúde pública e para pré- operatórios. Não é aconselhável para rastreio de doenças respiratórias, mas sim para prevenção deagravamento de doenças respiratórias. Contraindicações absolutas: IAM no último mês. Relativas: hemoptise, entre outras. A primeira variável para ver na espirometria é a relação FEV1/CVF, se está normal (0,7 – 0,8) ou diminuída (< 0,7). Em distúrbio restritivo o VEF1/CVF é normal, ao passo que no obstrutivo essa relação é diminuída. Uma espirometria considerada aceitável é quando ocorre um platô e é necessário uma prova espirometria pré e pós broncodilatador. DPOC DPOC – doença comum, tratável, previnível, caracterizada por sintomas respiratórios crônicos e limitação ao fluxo aéreo tanto por alteração das vias aéreas ou alveolares, causadas por exposição a partículas e gases tóxicos. Sintomas respiratórios mais comuns: dispneia (principal) progressiva, tosse e/ou expectoração que podem ser subdimensionados pelos pacientes. Que tem como substrato fisiológico a obstrução ao fluxo aéreo. Documento GOLD – iniciativa global para atualizar a DPOC. Checarão os artigos de revisão, evidencias e irão compilar em um documento. É uma reação inflamatória crônica no parênquima pulmonar e vias aéreas em resposta a partículas ou gases nocivos. Pode ter períodos pontuais de pioras sintomáticas, chamadas exacerbações e podem variar em graus de acordo com a sua classificação e medicação. Mais de 3 milhões de pessoas morreram de DPOC em 2012, ou seja, cerca de 6% dos óbitos no mundo. Estudo Platinum avaliou e viu uma prevalência de limitação ao fluxo aéreo pós broncodilatador em pacientes maiores de 40 anos em um estudo das 5 maiores capitais da américa latina, mais prevalente em homens que mulheres. Tem um impacto econômico grande. 4ª causa de morte no mundo, com previsão de ser a 3ª causa. Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 8 O tabagismo é o principal de fator risco, associado a queima de biomassa e exposição ocupacional. Os fatores de risco ambientais o principal deles é o tabagismo, exposição ocupacional, poluição do ar externo e exposição a queima de biomassa. Os fatores de risco individuais englobam o genético (mais importante), asma, hiperreatividade brônquica, infecções de repetição, tuberculose. **Carga tabagica: número de maços fumados por dia X o tempo que ele fumou (exemplo: 0,5 maços X 20 anos = carga tabagica de 10 maços/ano). O cigarro artesanal e narguilé são muito piores em carga tabagica do que o cigarro industrial. O fator genético mais impactante é a deficiência hereditária de alfa-1-antitripsina, é uma serinoproteína do grupo das serpinas, que inativa a elastase neutrofílica que é produzida no fígado; essa elastase neutrofílica inativada causa um pulmão inelástico, ou seja, enfisema panacinar com predomínio em campos inferiores precoce, DPOC hereditária, e pode estar associado a hepatopatia hereditária. Outros cigarros que não os industriais, também são fatores de risco. Os fumantes passivos também contribuem para a DPOC. Dosada em todos os pacientes com diagnóstico de DPOC pelo menos 1 vez, segundo documento GOLD. Fumaça vai para o bronquíolo terminal doença de via aérea hipertrofia da musculatura lisa do bronquíolo terminal + hiperplasia aumento do número de glândulas hipersecreção glandular aumento de pressão intratorácica ar fica aprisionado no pulmão bronquite crônica (diagnóstico clínico). Fumaça vai para o bronquíolo terminal dano à via aérea macrófagos fagocitam a fumaça migram e recrutam neutrófilos + linfócitos TCD8 libera ocitocina pró-inflamatória recruta protease destruição do septo interlobular + coalescência dos espaços aéreos (fibrose de tabique, perda de fibra elástica e consequentemente da elastância) enfisema pulmonar tentativa de fazer pressão positiva pulmonar ao expirar de boca aberta e forçadamente (soprador rosa). Fisiopatologia: acredita-se que tenha como trigger ou exposição a partículas e gases tóxicos ou outros não identificados. A exposição às partículas e gases tóxicos leva a prejuízo do transporte mucociliar e quebra da barreira epitelial, junto a isso, leva a liberação de radicais livres de oxigênio; isso tudo também desencadeia uma reação inflamatória com liberação de neutrófilos, macrófagos, linfócitos TCD8 com liberação de citocinas inflamatórias, elastase neutrofílica e metaloproteinases, levando também ao dano tecidual. Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 9 As lesões inflamatórias no trato respiratório inferior em pacientes portadores de DPOC parecem ser diferentes da resposta inflamatória normal mediante a agentes irritantes. No entanto, pode ser geneticamente determinado. O estresse oxidativo e o excesso de proteinases no pulmão desencadeiam a cascata inflamatória, que persiste mesmo após a sensação do tabagismo. Acredita-se que a microbiota pulmonar tem aspecto importante nisso. O estresse oxidativo é responsável pela amplificação da resposta inflamatória. Outra teoria é por desbalanço na proteinase/antiproteinase que prejudica o tecido conectivo pulmonar que pode progredir com destruição da elastina. Com a extensão da inflamação e fibrose, é liberado exsudato na luz dos bronquíolos terminais das pequenas vias aéreas e isso se correlaciona com limitação ao fluxo aéreo e acelera o declínio da VF-1, pelo mecanismo do aprisionamento aéreo na inspiração, levando a hiperinsuflação pulmonar. O dano tecidual leva tanto a bronquite crônica quanto ao enfisema. Essas duas etiologias levam a obstrução heterogênea ao fluxo aéreo e a hipoxemia em casos avançados. Pode ainda apresentar hipertensão pulmonar do grupo 3 em casos muito mais avançados secundários a hipoxemia crônica, e pode apresentar-se tardiamente e secundário a vasoconstrição hipoxêmica nas arteríolas pulmonares o que pode resultar em primeiro momento hiperplasia dessa musculatura e hipertrofia das arteríolas. A principal causa de morte associada ao DPOC é a cardiovascular por conta de hipoxemia crônica. Cor pulmonale – a má perfusão pulmonar leva à diminuição do calibre dos vasos, o VD irá mandar o sangue com maior pressão para que supere o ∆ pressórico do pulmão, levando a um aumento da pressão na raiz da artéria pulmonar, levando a um cor pulmonale (sobrecarga de VD sobrecarga de AD) e a uma onda P pulmonale apiculada no ECG. Exame físico e exames complementares: Quando suspeitar? Dispneia crônica e progressiva, tosse crônica produtiva, exacerbação de repetição ou exposição aos fatores de risco. Os sintomas podem variar de um dia ao outro. O doente pode apresentar obstrução fixa ao fluxo aéreo e sem apresentação clínica ou pode apresentar manifestação clínica por anos, mas sem a obstrução. Grupos a serem identificados: uso de IECA e/ou gliptinas. Também estimular sempre a Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 10 cessação do tabagismo. Os sinais do exame físico podem estar ausentes até que tenha um comprometimento expirometrico exacerbado. Exame físico da hiperinsuflação pulmonar: tórax com diâmetro anteroposterior aumentado (tonel), hipertimpanismo a percussão, MV ausente ou diminuído, tempo expiratório aumentado. Exame físico da bronquite crônica: roncos difusos, pletórico e cianótico. Exames complementares: • Hemograma: estímulo da eritropoese endógena. • Espirometria: usado na mensuração do fluxo aéreo. Em pacientes com suspeita de obstrução de fluxo aéreo, a espirometria deve ser realizada somente com a capacidade vital (não a exacerbada). Diagnóstico de obstrução fixa ao fluxo aéreo: relação VF-1/CVF < 0,7 após broncodilatador (400 mcg de salbutamol no dispositivo PMDI). o Avaliação funcional – Relação VEF-1: leve (≥80%) – GOLD 1; moderado (50-80%) – GOLD 2; grave (30-50%) – GOLD 3; muito grave (<30%) – GOLD 4. **Caracterização de distúrbio ventilatório obstrutivo: redução desproporcional dos fluxos máximos respeitando a CVF. O diagnostico espiromético é relação VF-1/CVF ou relaçãoVF-1/CV lenta < 0,7 com VF-1 reduzido ou normal em um paciente sintomático respiratório. Essa curva tem aspecto característico de obstrução. • Radiografia de tórax: diâmetro anteroposterior aumentado, retificação do diafragma, hipertransparência pulmonar e aumento entre os espaços intercostais. Em deficiência de alfa-1-antitripsina ele apresentará enfisema predominantemente em bases pulmonares. Pode ainda apresentar abaulamento da janela ortopulmonar e derrame pleural em casos mais avançados. • TC: se não houver suspeita de outra doença pleural ou vascular. Protocolo de inspiração e expiração. Em pacientes que possuem cluster enfisematoso – enfisema pan acinar (deficiência de alfa-1 anti-tripsina), centrolobular (mais comum em DPOC por tabagismo) ou paraseptal (associado ao pneumotórax porque está na periferia – formam bolhas na periferia e pode estourar e esvaziar o conteúdo de ar na cavidade e culminar em um pneumotórax). Um dos grandes papeis é quantificar a presença de enfisema; avaliar se é candidato a cirurgia ou broncoscopia; avaliar presença de comorbidades pulmonares. Sempre devemos diagnosticar e tratar as comorbidades Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 11 nestes pacientes, como doença CV, distúrbios do sono, distúrbios metabólicos, entre outros. Não é usado em exames de rotina mesmo em casos de carga tabagica alta. Usados para: quatificação de enfisema e diagnósticos diferenciais. • Dosar alfa-1-antitripsina em todos os pacientes portadores de DPOC: < 45 anos com enfisema basal pan lobular; histórico familiar de DPOC precoce; coexistência de hepatopatias. Alfa-1 anti-tripsina: dosar pelo menos 1 vez em todos os pacientes. • Oximetria de pulso: se < 92% deve-se proceder com gasometria arterial. Diagnóstico e classificação: Em paciente sintomático associado a fatores de risco ambientais ou individuais – submeter o paciente a prova de função pulmonar pré e pós broncodilatador. Se tiver obstrução fixa ao fluxo aéreo está feito o diagnóstico. A espirometria é necessária para o diagnóstico. Diagnósticos diferenciais: asma, IC, bronquiectasia, micobacterioses (TB), bronquiolite obliterante (jovens, não tabagista, histórico de artrite reumatoide ou pós transplante de medula óssea, em TC apresenta na expiração atenuação em mosaico ausente na inspiratória) e panbronquiolite difusa (descendentes de asiáticos, homens, não tabagistas, rinossinusite crônica, na TC de alta resolução observa-se pequenas opacidade nodulares centrolobulares associadas a hiperinsuflação pulmonar). Classificação de risco: • Espirométrica: VF-1 é importante para prever desfechos, entretanto, não prevê estratégia terapêutica. Tem uma pequena correlação com a sintomática. Relação VEF- 1: leve (≥80%) – GOLD 1; moderado (50-80%) – GOLD 2; grave (30-50%) – GOLD 3; muito grave (<30%) – GOLD 4. Papel importante em relação ao declínio da função pulmonar. • Sintomática: correlação com maiores desfechos negativos. As principais são: MRC ou MMRC são preditores de mortalidade, indo de 0 a 4, variação considerada significativa é de 1 ponto, levando em conta somente a dispneia; CAT score com 8 itens, unidimensional, leva em conta várias variáveis, considerado significativo quando varia mais de 2 pontos. o mMRC: (PROVA) é o grau de dispneia do paciente. 0 é o que tem dispneia ao realizar exercícios intensos; 1 dispneia quando aperto o passo, escadas ou Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 12 ladeiras; 2 preciso parar algumas vezes quando ando no meu passo por dispneia ou ando mais devagar que outras pessoas da minha idade; 3 preciso parar várias vezes ao andar cerca de 100m ou poucos minutos de caminhada no plano; 4 dispneia aos mínimos esforços ou em repouso. Pergunta chave: se tem dispneia ao andar no próprio passo e é o que diferencia do MRC 2 para cima ou para baixo. o CAT score: de 0 a 40, usado tabela ou app, levando em conta tosse, catarro, pressão torácica, dispneia, limitações, quanto está confiante a sair de casa, como está o sono e a energia do paciente. 0 é o que não tem comprometimento e 5 é o que está francamente debilitado, acima de 10 é classificação de risco. Maior variabilidade entre examinado e examinador. • Exacerbações: ABCD. Preditor mais utilizado e de gravidade. Calculado em 12 meses. Se o paciente não teve nenhuma ou teve 1 leve = GOLD A ou B; se teve exacerbação grave ou 2 ou mais exacerbações leves será GOLD C e D. o O que diferencia se é ABCD? A classificação sintomática é o MRC ou CAT score. O A é o que não exacerba ou com uma exacerbação leve com MRC de 0 a 1 e CAT < 10 (broncodilatador de curta ou longa). O B é aquele com MRC ≥ 2 pontos, CAT > 10 com pouca ou nenhuma exacerbação leve. O C ou D denota a gravidade e a agressividade no tratamento; se tem MRC baixo e CAT score baixo, no entanto ele exacerba frequentemente ele é C; o mais grave é aquele que tem muita dispneia, CAT comprometido, sintomático e muita exacerbação é o D. Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 13 Tratamento: Cessar tabagismo ponto chave, deve ser tratada de forma agressiva. Vacinação: pneumococo e anti-influenza (reduzir doença grave). Farmacológicos: • Inalatório. SUS: PMDI, MSI, aerocaps, discus, elipta. • ß agonistas: relaxamento da musculatura lisa por estímulo dos receptores ß adrenérgicos, aumentam AMPc e produz antagonismo funcional a bronquioconstrição. Podem desencadear taquicardia sinusal ou precipitar uma taquiarritmia em pacientes suscetíveis. Pode levar a tremores finos. SABA ou LABA • Antimuscarínicos. SAMA ou LAMA. • Xantinas: controversas. Efeito bronquiodilatador moderado e o nível tóxico é próximo ao terapêutico. • Corticoides inalatórios: aumenta risco de pneumonia e de micobacteriose atípica. Terapias adjuvantes: • Oxigenoterapia: LTOT, não tem melhoria em casos de hipoxemia leve a moderada ou os que dessaturam no teste de caminhada. O tempo de uso é por no mínimo 1 horas/dia. Candidato ideal – saturação periférica < 92% submetido a gasometria arterial com PO2 < 55 mmHg ou saturação < 88% está indicado; pressão parcial de oxigênio Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 14 entre 56 e 59 mmHg ou saturação igual a 88% com cor pulmonale ou hipertensão pulmonar ou poliglobulia também está indicado. o Necessário orientar a usar por mais de 15 horas por dia; fazer titulação ambulatorial da oxigenoterapia; avaliar a necessidade de manutenção da Oxigenoterapia domiciliar; avaliar nos pacientes crônicos presença ou ausência de sinais de hipoventilação noturna (recusa do café da manhã, cefaleia matinal), distúrbios do sono. • Bilevel domiciliar: pacientes que internaram por insuficiência respiratória crônica agudizada, com PO2 ≥ 52 mmHg. Diminuição do tempo de readmissão e diminuição da mortalidade. Utilizar por 4 semanas e reavaliar a PO2. • Transplante pulmonar: doença progressiva a despeito do tratamento utilizado; não candidatos a outros tratamentos cirúrgicos ou endoscópicos (enfisema severo com predomínio do campo superior; capacidade pulmonar maior do que 200%; mantem baixa capacidade de exercício pós reabilitação); body score entre 5 e 6; PaCO2 > 50 mmHg e/ou PaO2 < 50 mmHg ou seja, o que faz uso de oxigenoterapia domiciliar, que tem VEF-1 de 25% ou menos e ter menos do que 65 anos, comorbidades compensadas, (FEVE > 50%, livre de neoplasias, hipertensão controlada, etc). Exacerbações: • Exacerbações: ABCD. Preditor mais utilizado. Se o paciente não teve nenhuma ou teve 1 leve = GOLD A ou B; se teve exacerbação grave ou 2 ou mais exacerbações leves será GOLD C e D. o O que diferencia se é ABCD? Da classificação sintomática é o MRC ou CAT score. O A é o que não exacerba ou com uma exacerbação leve com MRC de 0 a 1 e CAT < 10. O B é aquele com MRC ≥ 2 pontos, CAT >10 com pouca ou nenhuma exacerbação leve. O C ou D denota a gravidade e a agressividade no tratamento; se tem MRC baixo e CAT score baixo, no entanto ele exacerba frequentemente ele é C; o mais grave é aquele que tem muita dispneia, CAT comprometido, sintomático e muita exacerbação é o D. • O maior preditor é a história de exacerbações prévias. • Exacerbação = dispneia e expectoração. Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 15 • Todos os pacientes que derem entrada sem sinal de alarme, o exame de triagem deve ser um raio x de tórax. Não há evidência de novo infiltrado pulmonar – tratar como DPOC. Se tem novo infiltrado pulmonar – tratar como pneumonia. Se tiver na dúvida – considerar Biomarcadores (PCR ou pró-calcitonina) ou TC de alta resolução. • Tratamento: broncodilatadores (internado SABA + SAMA; paciente de alta – prescrever o LABA, se exacerbações frequentes, associar o LAMA), corticoides (não mais do que 14 dias), antibióticos (para todos. Não deve passar de 7 dias, sendo 5 o mínimo) e demais terapias. A (antibiótico), B (broncodilatador), C (corticoide), D (duas pressões – pH < 7,35 e oxigênio > 46; meta oximétrica no pronto socorro é entre 88-92%) • Em pneumonias de repetição não deve ser prescrito ou deve ser suspenso o uso de corticoide inalatório. Cuidados paliativos: Deve ser prescrito opiáceos, oxigenoterapia contínua, ventilador direcionado para a face. Pacientes com grau de desnutrição: avaliar suplementação nutricional para estes pacientes. O cansaço pode melhorar com a melhora do estágio nutricional. Asma brônquica Definição: • Asma é uma doença heterogênea, geralmente caracterizada por inflamação crônica das vias aéreas. Ela é definida pela história de sintomas respiratórios, tais como sibilos, dispneia, opressão torácica retroesternal e tosse, os quais variam com o tempo e na intensidade, sendo esses associados à limitação variável do fluxo aéreo. **Não é aguda a doença, os sintomas podem ser associados a períodos de agudização, porém a doença de base continua sendo crônica. • Associada à exposição de fatores antigênicos com mediação de reações de hipersensibilidade do tipo I e tardia. • Presença de hiperresponsividade reversível das vias aéreas. Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 16 • A maior parte tem etiologia alérgica e uma minoria é classificada como asma em situações especiais: o Asma induzida pelo exercício: o paciente passa a respirar pela boca associado então com a perda do aquecimento do ar e ausência da filtração do ar, fazendo com que impurezas entrem pela VA e desencadeie a hiper-reatividade brônquica. o Asma induzida por aspirina (AINH): doença respiratória exacerbada pelo AAS. Tem uma reação a depender da dosa administrada, passando dos 500mg, tendo ação antinflamatória por inibição da COX-1 e COX-2, deixando os pacientes terem uma resposta imunológica mais exacerbada com asma. o Asma hormônio dependente. o Asma ocupacional: hiper-reatividade brônquica durante o trabalho do paciente. Necessário afastar o paciente do fator desencadeante. Doença inflamatória crônica hiperresponsividade das VA inferiores limitação variável ao fluxo aéreo episódios recorrentes de sibilância, dispneia, aperto no peito e tosse interação entre genética, exposição ambiental e outros fatores específicos que levam ao desenvolvimento e manutenção dos sintomas. A asma é uma das doenças crônicas mais comuns em todo o mundo, com cerca de 300 milhões de pessoas afetadas. A prevalência está aumentando em muitos países, especialmente em crianças. A asma é a principal causa de afastamento escolar e profissional. Os gastos com saúde na asma são muito altos. As economias desenvolvidas podem esperar gastar 1-2% dos gastos totais com saúde na asma. Economias em desenvolvimento que provavelmente enfrentarão maior demanda devido ao aumento da prevalência de asma. Asma mal controlada é cara. No entanto, o investimento em medicamentos de prevenção provavelmente resultará em economia de custos no atendimento de emergência. Epidemiologia: • Afeta 15-20% da população, igualmente nos sexos, mais altas em negros e crianças dos 1-7 anos. • Fator causal: determinação genética com inflamação das vias aéreas secundária a exposição a alguns fatores. Pacientes com os dois pais asmáticos tem maior Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 17 probabilidade de desenvolver a doença; já os que tem somente 1 dos pais asmáticos, já possuem 30% de probabilidade. • Fatores desencadeantes de crises: o Atopia o Exercício o IVAS o Rinites o Sinusite o Gotejamento Pós Nasal o Alterações Climáticas o Refluxo gastroesofágico o Stress o Fumo o Drogas (AINH, BBl, IECA) o Ocupacional Fisiopatologia: combinação de fatores genéticos + fatores ambientais (fumo materno, infecções na infância, fatores dietéticos, poluição ambiental) sensibilização inicial dos pacientes com reação do tipo I mediada por Th2 com consequente ativação de IL-4 e produção de IgE inflamação das VA hiper-reatividade brônquica asma em crise (tosse, chiado, dispneia e aperto no peito). Fora do período de crises asmáticas não é para ele apresentar nenhum dos sintomas. Paula Penteado Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 18 Prevenção primária: afastamento de todos os fatores ambientais que possam desencadear a doença no paciente antes mesmo dele desenvolver a sensibilização. Prevenção secundária: tratamento de manutenção secundária da asma (corticoide inalatório). Mediadores imediatos serão liberados de 1 a 5 minutos após o contato com a liberação de mediadores dos grânulos como histamina, heparina, triptase e quimase. Os intermediários são liberados depois de 5 a 30 minutos e são mediadores lipídicos como leucotrieno e prostaglandinas. Os mediadores tardios são os responsáveis pela perpetuação da doença e são eles TNF-alfa, IL-4, IL-5, IL- 6 e IL-13. A partir do momento que a pessoa tem inflamação crônica, ocorre aumento da massa muscular lisa e broncoespasmos graves durante a exacerbação, além de ocorrer aumento da glândula mucosa com secreção mucosa importante durante a exacerbação. Durante a persistência de células inflamatórias ocorre a progressão da inflamação com liberação de fator de crescimento fibrinogênico com deposição de colágeno na membrana basal. Com a progressão dessa doença o paciente apresenta elastólise em VA com a redução da elasticidade de vias aéreas tratamento desse tipo de paciente é mais difícil e pode apresentar resistência aos medicamentos de escolha. Paula Penteado Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 19 Fenótipo é a genética + fatores ambientais. Endótipo são as características clínicas + mecanismos moleculares. O ideal seria tratar os pacientes de acordo com as características endótipas, porém é caro e pode ser inviável. Os fenótipos devem evoluir para endótipos, que são um subtipo da doença definido de forma funcional e patológica por um mecanismo molecular ou por resposta a um tratamento. Fenótipo: • Asma alérgica • Asma não alérgica • Asma de início tardio • Asma com limitação do fluxo de ar fixo • Asma com obesidade. A maioria das asmas no período da infância são eosinofílicas são mais bem tratadas com o uso de corticoides inalatórios. Ao passo que a maioria dos casos de asma em população adulta é não eosinofílica e pode não ser tão bem responsivo aos corticoides inalatórios. Assim como as asmas na infância associadas a um mecanismo não eosinofílico, são associadas a infecções e também são de tratamento mais difícil. Paula Penteado Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 20 O primeiro contato com o alérgeno produzirá uma resposta mais exacerbada. Quanto mais inflamação terá, mais remodelamentoaparecerá e isso deixará a VA mais heterogênea e deixará o tratamento um pouco mais dificultado. Quadro clínico: sintomas + função pulmonar. • História médica: o Episódios de tosse, chiado e aperto no peito. o Sintomas que pioram ou aparecem com irritantes ou exercícios. o Sintomas pioram a noite acordando o paciente. o Apresenta concomitante rinite alérgica e/ou dermatite atópica. o Familiares com rinite, asma, sinusite ou alergia. • Exame clínico: o Hiper-expansão do tórax. o Tempo expiratório prolongado; roncos e sibilos persistentes. o Secreção nasal aumentada, edema de mucosa, rinite, sinusite e pólipos nasais; presença de gotejamento pós nasal. o Dermatite / dermatite atópica ou outros sinais de alergia dermatológica. O diagnóstico é clínico. Porém alguns exames complementares que podem ser usados são: • RX de tórax. • Hemograma: aumento de eosinófilos. • IgE • Prova de função pulmonar. • Teste de broncoprovocação. Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 21 Variabilidade da obstrução: quando o valor pré-BD é maior do que o valor pós-BD, evidenciando melhora após o uso de broncodilatador. Resposta ao broncodilatador: é quando diminui o valor da relação VF1/CVF após o uso de broncodilatador. Reversibilidade: quando ocorre normalização na espirometria após o uso de BD. ** Relembrando: a primeira variável para ver na espirometria é a relação FEV1/CVF, se está normal (0,7 – 0,8) ou diminuída (< 0,7). Deve ser sempre analisada antes e depois do uso de broncodilatadores. Paula Penteado Paula Penteado Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 22 Tratamento: farmacológico + educação do paciente + controle ambiental. • Aconselhamento para parar de fumar ou evitar exposição. • Encorajar atividade física. • Dieta saudável rica em frutas e verduras. • Reduzir peso para obesos (redução de 5 a 10%). • Evitar alérgenos intradomiciliar, outdoor e ocupacionais. • Vacinação: anti-influenza e anti-pneumocócica. • Termoplastia brônquica: poucos estudos. • Diminuição do estresse: relaxamento e técnica respiratória. • Imunoterapia. • Evitar alimentos: só quando confirmar alergia. • Questionar sobre AINE/AAS. Qual o objetivo do tratamento da asma? Obter controle da doença. • Controle: controle das limitações clínicas atuais: sintomas mínimos durante o dia e ausência de sintomas à noite, necessidade reduzida de medicação de alívio dos sintomas e ausência de limitação das atividades físicas. Redução de riscos futuros: exacerbações, perda acelerada da função pulmonar e efeitos adversos do tratamento. • Gravidade: refere-se à quantidade de medicamentos necessária para atingir o controle, refletindo uma característica intrínseca da doença e que pode ser alterada lentamente com o tempo. Terapia de alívio: uso de broncodilatadores no uso de tratamento de sintomas agudos. Usados ß-agonistas de curta duração e corticoides orais. Terapia de controle/prevenção: profilaxia e controle anti-inflamação. Usados corticoides inalatórios, ß-agonistas de longa duração e anticolinérgicos de longa duração. • Etapa I – TODOS os asmáticos – controle ambiental + rever controle da asma e risco futuro regularmente. • Etapa I – TRATAMENTE PREFERENCIAL – dose baixa de Cl + FORM por demanda. OUTRAS OPÇÕES – Cl + SABA por demanda, dose baixa de Cl sempre que usar SABA Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 23 • Etapa II – TRATAMENTO PREFERENCIAL – Cl dose baixa diária + SABA por demanda ou dose baixa de Cl + FORM por demanda. OUTRAS OPÇÕES – montelucaste + SABA por demanda ou dose baixa de Cl sempre que usar SABA. • Etapa III – TRATAMENTO PREFERENCIAL – Cl dose baixa + LABA + SABA por demanda ou Cl dose baixa + FORM de manutenção e resgate. OUTRAS OPÇÕES – dose média de Cl + SABA por demanda ou dose baixa de Cl + montelucaste + SABA por demanda. • Etapa IV – TRATAMENTO PREFERENCIAL – Cl dose média + LABA + SABA de resgate ou Cl dose média + FORM de manutenção + Cl dose baixa + FORM de resgate. OUTRAS OPÇÕES – Cl dose alta, adicionar tiotrópio ou montelucaste. • Etapa V – TRATAMENTO PREFERENCIAL – Cl dose alta + LABA, adicionar tiotrópio, fenotipar: anti-IgE ou anti-IL5 ou anti-IL4. OUTRAS OPÇÕES – adicionar CO em dose baixa. Paula Penteado Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 24 Asma de difícil controle: asma que permanece com manifestações clínicas com dose máxima de medicações inalatórias e necessidade de uso de corticoide oral com frequência. Paciente que usou CO por 6 meses no último ano. • Indicações: uso de doses máximas de corticoide inalatório; uso de CO em metade dos dias do último ano. Por que não consigo o controle da asma? Má aderência ao tratamento; Uso incorreto dos dispositivos inalatórios; Tabagismo; Exposição ambiental a alérgenos; Poluição e alterações climáticas; Infecção; Exercícios; Fármacos: AAS, AINH, Betabloqueadores. Comorbidades: obesidade, DRGE, rinite alérgica, SAOS. É asma mesmo? Derrame pleural Doença respiratória mais comum do mundo. Acúmulo anormal de líquido no espaço pleural. O espaço pleural é um espaço real porque há presença de 0,2 ml de líquido para que não haja atrito de pleura parietal e visceral. Em condições normais as pleuras são isoladas de um lado ao outro, vulgo, pulmão esquerdo e direito, então quando se faz pneumotórax de um lado, não ocorre do outro. A função do espaço pleural é fazer uma pressão negativa para que o pulmão fique encostado no gradil costal de maneira indireta. Por que indireta? Embaixo da costela há presença de nervos, veias e artéria, para baixo da costela tem uma lâmina constituída de células mesenteliais, tecido celular subcutâneo, gordura, correspondendo a pleura parietal; já do lado do pulmão há presença de uma membrana que recobre o pulmão, sendo mais espessa que a parietal e composta pelos mesmos compostos que a parietal, sendo chamada de pleura visceral. A irrigação da pleura parietal é feita por vasos que vem do músculo trabalhando com regime pressórico sistêmico. E o pulmão? O pulmão é irrigado pela artéria pulmonar (98%) ramo do ventrículo direito e pelas artérias brônquicas ramo da aorta ou artérias intercostais, ambas trabalhando com um regime pressórico menor do que o sistêmico. Na pleura parietal tem nervos e estroma que faz parte dos vasos linfáticos que realizam a drenagem/absorção dos líquidos quando caem no espaço pleural. Quem provoca a dor é a pleura parietal. Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 25 Quem produz os líquido pleural em condições fisiológicas? A pleura parietal porque a taxa de liberação de líquido para o espaço pleural é de 35 e o de absorção é de 29, então a somatória de pressões tem uma força vetorial que vai da pleura parietal para a espaço pleural de 6. Já na pleura visceral a taxa de produção e absorção são iguais, correspondentes a 29, então tudo que ela produz, ela absorve. Em condições anormais é a presença de quantidades maiores de líquido no espaço pleural. A pressão coloidosmótica e a pressão hidrostática são responsáveis pela absorção e derrame de líquidos dentro dos vasos. Em derrame pleural ocorre por 3 mecanismos diferentes: • Aumento da pressão hidrostática capilar (mais comum), exemplo: ICC. • Diminuição da pressão coloidosmótica/oncótica, exemplo: insuficiência hepatocítica. • Diminuição da absorção por nível linfático, exemplo: lesão do ducto torácico. Outro mecanismo de acúmulo anormal de líquido no espaço pleural é por permeabilidade vascular com extravasamento de líquidos e componentes celulares, provocando agressão e inflamação à pleura. O vaso da pleura parietal é composto por células musculares lisas nucleadas. Em cerosite, como em LES, TB, neoplasias e pneumonia, podendo causar uma lesão na pleura, provocandoum aumento da permeabilidade vascular, o que acarretará um extravasamento de líquidos, proteínas, células, desidrogenase lática (LDH), entro outros compostos do vaso para dentro do espaço pleural, significando agressão e inflamação à pleura, com extravasamento de exsudato (quando a agressão está localizada na pleura) critérios de Light (com exceção da pancreatite que acomete o peritônio). O transudato ocorre quando a doença não está localizada na pleura. Critérios de Light: PROVA!! • LDH pleural / LDH soro sanguíneo: > 0,6, uma relação aumentada significa que a inflamação está na pleura. • proteína pleura / proteína soro: > 0,5 uma relação aumentada significa que a inflamação está na pleura. • LDH na pleura > 2/3 limite superior da normalidade. Tríade do derrame pleural: tosse, dor torácica do tipo ventilatória dependente do tipo lancinante relacionada a one finger pain (porque provoca aumento da tensão superficial entre as pleuras) e dispneia relacionada ao tamanho do derrame. O paciente tende a se deitar onde a dor está localizada para diminuir o atrito entre as pleuras e, consequentemente, diminuir a dor. Exsudato se tiver a presença de ≥1 desses critérios é exsudato. Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 26 Achados clínicos: • Inspeção: diminuição da expansibilidade, abaulamento intercostal na expiração (Lemos Torres). • Palpação: diminuição da expansibilidade, diminuição da elasticidade, diminuição ou abolição do FTV. • Percussão: maciço ou sub-maciço, sinal de Signorelli positivo (quando é maciço de um lado e som claro pulmonar do outro, digito percussão de processo espinhoso dos corpos vertebrais). • Ausculta: diminuição ou abolição do MV, diminuição da broncofonia, presença de egofonia, sopro pleural ou pleurítico. Em derrame pleural ocorre preenchimento do seio costofrênico anterior. O seio costofrênico posterior precisa de uma menor quantidade de líquido para ser velado, porque a base pulmonar posterior se insere mais “para baixo” do que o anterior. Em derrames menores podem ser visto em RX de perfil, já derrames maiores podem ser vistos em RX de PA. Para analisar de o líquido é drenável, então é preciso deitar o paciente ipsilateral ao derrame porque é possível visualizar a presença de líquido, chamada incidência de Laurell. Em RX com o paciente em pé é formado o a parábola de Damoiseau. Laurell Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 27 Em hemitórax opaco com desvio de mediastino contralateral é derrame pleural maciço. Mas em contrapartida tiver o mesmo hemitórax com perda de volume e pleura íntegra com desvio de mediastino ipsilateral é atelectasia. Derrame pleural complicado quando há presença ou suspeita de infecção, significando que terá pH baixo (7,2), consumo de glicose (<40) dentro do espaço pleural, LDH muito aumentado (> 1.000), bacterioscopia gram ou cultura positiva. Pode progredir formando um empiema, se comportando como uma infecção em uma cavidade fechada. Necessário drenagem em selo d’água, mas se tiver empiema é necessário abrir a cavidade e fazer uma lavagem da cavidade. O derrame pleural neoplásico apresenta como característica um exsudato hemorrágico recidivante. Em derrame pleural maciço é necessário fazer toracocentese com drenagem de, no máximo, 1,5 L de exsudato. Neoplasias Principal causa de morte por câncer no mundo; - mais letal. Tumor ocupacional que mais mata no mundo (asbesto, rádio, níquel); subdiagnosticado. Tratamento de escolha é cirúrgico. Fatores de risco: 50 - 80 anos, tabagismo ativo ou parou a menos de 15 anos, fumante de mais de 20 maços/ano. Estudos de TC de baixa dose nesse grupo. Necessário entender comportamento biológico e a interação de fatores de suscetibilidade e do meio. Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 28 Manifestações clínicas: • Por invasão local: o Dor (neoplasia periférica por invadir pleura parietal, no início respiratório dependente). o Tosse (contato com via aérea - tumores mais centrais). o Hemoptise (produção de substâncias angiogênicas, causando sangramento). o Sibilo localizado (quando obstrui um pouco o tronco principal - intrínseca). o Dispnéia com derrame pleural - ex vacum - (quando obstrui totalmente o tronco principal). o Síndrome da veia cava superior (quando tenho uma compressão pelo tumor da drenagem da VCS) - dispnéia, edema de mmss, pescoço e face, pletora facial (vermelho-azul), dilatação venosa das veias do pescoço, e circulação colateral tipo cava superior. o Síndrome de pancoast (quando o tumor de pancoast, que é o tumor de sulco superior, invade o plexo braquial (dor, atrofia do membro), e o gânglio estrelado (causando síndrome de Claude-Bernard-Horner - bloqueio da cadeia simpática com ptose, anidrose, miose e enoftalmia). • Síndromes paraneoplásicas (manifestações extra-tumorais não metastáticas ): o Secreção inadequada de ADH (CPC) o Baqueteamento digital (adenocarcinoma - CPNPC) o Hipercalcemia (CEC - CPNPC) • Invasão metastática: o Osso (dor, exame: pet-CT) o Suprarrenal (incidentalomas - não tem incidência de insuficiência adrenal, só se as duas estiverem acometidas totalmente). o Fígado (exame de imagem, elevação de transaminase, fosfatase alcalina) o Pulmão contralateral (sintomas sao os mesmos) o SNC (cuidado! RM principal exame; crise convulsiva tônico clônica é a mais comum, mas pode ocorrer hipertensao intracraniana - por obstrução da drenagem do liquor). Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 29 Definição: • Micronódulo < 3 cm - provavelmente não é câncer. • Nódulo < 3 cm. • Massa > 3 cm - provavelmente é câncer. Tipos de Carcinomas Broncogênicos: • Câncer de Pulmão de Pequenas células (das doenças pulmonares é a mais agressiva) 15% do total. Linhagem neuroendócrina, com síndromes paraneoplásicas neurológicas. Achados: o Secreção inadequada do ADH (hiponatremia). o Associado a atividade de Ki67 > 50-70%. o Associado com síndromes paraneoplásicas. • Câncer de Pulmão não pequenas células 80-85%: o Adenocarcinoma mais comum - 38-40%: Tumor de glândula. Mais comum em periferia → dor! Síndrome paraneoplásica comum: baqueteamento digital. Incidência aumentando em mulheres. “Tumor que vem de fibrose” / tumor de cicatriz. Menos associado com tabagismo em relação aos outros. o CEC (2º mais comum) - 20-30%: Queratinização + pérolas córneas. Homem, tabagista de 50-60 anos. Síndrome paraneoplásica mais associadas: hipercalcemia. É mais central. o Carcinoma de Grandes células não neuroendócrino - 3-5%: Com focos de necrose, é meio que uma interface entre um adeno e um CEC. Mais comum em periferia. Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 24/09/2021 pág. 30 Exames: • Neoplasias centrais: broncoscopia/broncofibroscopia flexível. • Neoplasias periferias: punção transtorácica guiada por TC. Classificação Estadiamento: • T: tumor primário - tamanho tumoral. • N: nodes - acometimento linfonodal. • M: metástase. ATENÇÃO: síndromes paraneoplásicas NÃO interferem no estadiamento. Tratar o tumor primário, melhora a síndrome. Tratamento (PROVA): • Tumor local, linfonodo só do mesmo lado: cirurgia. • Tumor local, com linfonodo do outro lado, e invasão de mediastino: quimioterápico; tratamento de sintomas. Dispositivos inalatórios Espirometria DPOC Asma brônquica Derrame pleural Neoplasias