Buscar

Fármacos para Dislipidemia

Prévia do material em texto

Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 1 
 
Fármacos usados na dislipidemia 
Os lipídeos plasmáticos são transportados em complexos denominados lipoproteínas. Os 
distúrbios metabólicos que envolvem elevações em qualquer espécie de lipoproteína são 
denominados hiperlipoproteinemias ou hiperlipidemias. As duas principais sequelas clínicas das 
hiperlipidemias consistem em pancreatite aguda e aterosclerose. 
As lipoproteínas que contêm apolipoproteína (apo) B-100 transportam lipídeos na parede 
arterial, são elas as lipoproteínas de baixa densidade (LDL), as lipoproteínas de intensidade 
intermediária (IDL), as lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL) e a lipoproteína(a) [Lp(a)]. 
Os componentes celulares nas placas ateroscleróticas consistem em células espumosas, que 
são macrófagos transformados, e células musculares lisas repletas de ésteres de colesterol. O ateroma 
cresce com o acúmulo de células espumosas, colágeno, fibrina e, com frequência, cálcio. 
Embora o tratamento da hiperlipidemia possa produzir uma regressão física lenta das placas, 
a redução bem documentada dos eventos coronarianos agudos, observada após tratamento 
hipolipêmico vigoroso, é atribuível principalmente ao declínio da atividade inflamatória dos 
macrófagos. 
As lipoproteínas de alta densidade (HDL) exercem vários efeitos antiaterogênicos. Participam 
na retirada do colesterol da parede arterial e inibem a oxidação das lipoproteínas aterogênicas. A 
presença de baixos níveis de HDL constitui um fator de risco independente de doença aterosclerótica 
e, portanto, representa um alvo de intervenção. 
O tabagismo constitui um importante fator de risco para a doença coronariana. Está associado 
a uma redução dos níveis de HDL, comprometimento da recuperação do colesterol, efeitos citotóxicos 
no endotélio, oxidação aumentada das lipoproteínas e estimulação da trombogênese. O diabetes, que 
também representa um importante fator de risco, é outra fonte de estresse oxidativo. 
Metabolismo normal das lipoproteínas: 
As lipoproteínas possuem regiões centrais hidrofóbicas contendo ésteres de colesterol e 
triglicerídeos, circundadas por colesterol não esterificado, fosfolipídeos e apoproteínas. 
Quilomicrons: são formados no intestino e transportam triglicerídeos de origem nutricional, 
colesterol não esterificado e ésteres de colesterol. Triglicerídeos são removidos dos tecidos extra-
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 2 
 
hepáticos. O diâmetro das partículas diminui à medida que ocorre depleção dos triglicerídeos. Os 
lipídeos de superfície e as pequenas apoproteínas são transferidos para as HDL. 
Lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL): são secretadas pelo fígado e exportam 
triglicerídeos para os tecidos periféricos. Os triglicerídeos das VLDL são hidrolisados pela LPL, 
produzindo ácidos graxos livres para armazenamento no tecido adiposo e para oxidação em tecidos 
como o músculo cardíaco e o músculo esquelético. A depleção dos TG produz remanescentes IDL. O 
restante é convertido em LDL pela redução adicional de triglicerídeos. Os níveis elevados de LDL 
também podem resultar da secreção aumentada de VLDL e do catabolismo diminuído da LDL. 
Lipoproteínas de baixa densidade (LDL): são catabolizadas principalmente nos hepatócitos e 
em outras células por meio de endocitose mediada por receptores. Os ésteres de colesterol das LDL 
são hidrolisados, produzindo colesterol livre para a síntese de membranas celulares. O fígado recebe 
uma quantidade ainda maior de colesterol via IDL e quilomícrons. Os hepatócitos têm a capacidade 
de eliminar o colesterol ao secretá-lo na bile e ao convertê-lo em ácidos biliares. 
Lipoproteína Lp(a): é formada a partir das LDL e da proteína (a). A Lp(a) pode ser encontrada 
em placas ateroscleróticas, podendo também contribuir para a doença coronariana ao inibir a 
trombólise. 
Lipoproteínas de alta densidade (HDL): são secretadas pelo fígado e pelo intestino. Grande 
parte do lipídeo provém de quilomícrons e VLDL durante a lipólise. A HDL também adquire colesterol 
a partir dos tecidos periféricos, protegendo a homeostasia do colesterol das células. O colesterol livre 
é transportado a partir da membrana celular por um transportador; a seguir, é esterificado pela 
lecitina (LCAT), resultando na formação de espécies maiores de HDL. Os ésteres de colesterol são 
transferidos para VLDL, IDL, LDL e remanescentes de quilomicrons com a ajuda da proteína CETP. As 
HDL também podem liberar ésteres de colesterol diretamente para o fígado. Os níveis de HDL-c estão 
inversamente relacionados com o risco de aterosclerose em nível populacional. 
Metabolismo de lipoproteínas: exógena e endógena. 
• Via exógena: lipídeo da dieta. No intestino os lipídeos têm ação das lipases que digerem 
os lipídeos e os quebram em TG + ácidos graxos. Depois compõem-se a lipoproteína e 
é transportado via linfática e via sanguínea. A lipoproteína leva os lipídeos através da 
corrente sanguínea, passando pelos tecidos adiposo e muscular que neles tem a lipase 
lipoproteica em seu endotélio e adipócitos que quebram os quilomicrons das 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 3 
 
lipoproteínas (TG + ácidos graxos) passando então pela membrana e chegando no 
adipócito e miócito (vira energia). Sobrando somente de remanescente de quilomicron 
que vai então para o fígado. 
• Via endógena: lipídeos do corpo. No fígado há produção de VLDL a partir de TG e 
colesterol processados no fígado, e o VLDL é responsável pelo transporte dos lipídios 
endógenos. O VLDL é cheio de TG que na corrente sanguínea passa pelos tecidos 
muscular e adiposo que tem as lipases e quebra os TG e dai os VLDL vão murchando e 
os remanescentes levam às lipoproteínas intermediárias que são as precursoras do LDL 
(VLDL após a entrega de TG nos tecidos). 
• Paralelamente a isso temos a síntese do HDL que vem da síntese de precursores. O HDL 
começa murcho e passa de célula em célula através do receptor de HDL que capta os 
ésteres de colesterol e vai se compondo e dai há o transporte reverso do colesterol, ou 
seja, o HDL capta o que sobrou de colesterol das células e os leva para o fígado. O HDL 
nascente passa nos tecidos captando o colesterol que sobra das células, e no caminho 
para o fígado, tem uma proteína, a CTEP, que faz com que o HDL distribua um pouco 
dos ésteres de colesterol para o VLDL e isso está ligado a algumas doenças. 
 Distúrbios das lipoproteínas: 
Os distúrbios das lipoproteínas são detectados pela determinação dos lipídeos no soro após 
um jejum de 10 horas. O risco de doença cardíaca aumenta com as concentrações de lipoproteínas 
aterogênicas, está inversamente relacionado com os níveis de HDL e é modificado por outros fatores 
de risco. Embora o LDL-C continue sendo o principal alvo do tratamento, a redução dos níveis de VLDL 
e IDL também é importante. 
A mais comum é a que está relacionada com o perfil lipídico do paciente. 
• Se o paciente tem muito LDL, estamos diante de uma hipercolesterolemia. 
• Se ele tem aumento do TG, estamos lidando com uma hipertrigliceridemia. 
• Se tem aumento do LDL e do TG, estamos diante de uma dislipidemia mista. 
• Porém o paciente pode ter a falta de HDL, e estamos lidando com a deficiência de HDL. 
A hipercolesterolemia familiar há alteração que leva a um defeito na captação e internalização 
do LDL nas células. Podendo ter pouco ou nenhum receptor disponível. Se ele não tem receptor nas 
células para captar, o que ocorre é que o LDL fica disponível no sangue havendo aumento da taxa de 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 4 
 
LDL sanguínea. Há presença de características clínicas, como depósitos tissulares, xantomas 
(xantelasma, xantoma tuberoso, xantoma plano, xantoma eruptivo), arco corneano (acúmulo de 
lipídeos em volta da córnea deixando-a esbranquiçada= característico). No individuo afetado, o 
receptor pode estar funcional e com o sítio funcional, mas não ocorre a sinalização devida para a 
proteína clatrina e não há internalização do LDL, deixando o LDL no sangue. 
Na hipertrigliceridemia as causas são variadas, podendo ser genética (deficiência genética na 
lipase lipoproteica {pega o TG e coloca dentro do adipócito/miócito, e quando há deficiência nela 
sobra TG na corrente sanguina} ou deficiência na apoC-2 {ela ativa a lipase lipoproteica, e ela em 
deficiência há inativação na lipase lipoproteica e acarreta aumento de TG no sangue}); de patologias 
secundárias (obesidade, DM, insuficiência renal crônica); de fatores ambientais (consumo excessivo 
de carboidratos refinados e álcool); alguns fármacos (ß-bloqueadores, estrógenos, diuréticos, etc). 
O paciente tem normalmente uma leve alteração no metabolismo de VLDL porque se fosse severo 
teria aumento do LDL também, mas se ele tiver uma alteração mais severa, ele terá aumento tanto do 
VLDL e do LDL e dai é o caso da dislipidemia mista. 
Na deficiência de HDL há algumas doenças genéticas raras, como a doença de Tangier (muito 
abaixo do normal e corre risco de doença cardíaca) e deficiência de LCAT (ela é responsável por 
“montar” o HDL e sem ela isso não é possível); a deficiência na apoA (que compõe o HDL) não é 
formado o HDL; algum caso de hipertrigliceridemia pode estar acompanhado de deficiência de HDL. 
As dislipidemias são importantes fatores no risco na doença cardiovascular, por quê? 
Distúrbios genéticos, estilo de vida, DM, álcool, síndrome nefrótica, IRC, entre outros, levam a 
dislipidemia e ocasionam risco aterogênico. Aterogênese é a formação de ateromas (alteração no 
endotélio). A lesão no endotélio leva a um processo com acúmulo de gorduras na parede do vaso, 
ocasionando diminuição no lúmen da artéria. Quando o processo já avança e produz sinais denomina-
se aterosclerose. A aterosclerose pode ser causada por fatores não modificáveis (genética e idade) 
e/ou também por fatores potencialmente controláveis (HAS, tabagismo, DM, dislipidemias). 
Formação de ateromas: LDL em excesso à causa sua oxidação à essa oxidação chama as 
citocinas à chamam monócitos à viram macrófagos à limpam LDL oxidado à formação de células 
espumosas à liberação de citocinas e fatores de crescimento à aumento de migração de células 
musculares lisas à compõe a placa à acarreta lesão celular à necrose. A placa de ateroma pode se 
romper e formar trombos. 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 5 
 
A dislipidemia leva a formação de aterosclerose que, por sua vez, pode acarretar trombose, 
coronarioparia e doença vascular periférica. 
Tratamento dietético da hiperlipoproteinemia 
 As medidas dietéticas são as primeiras a serem instituídas e possa obviar a falta de fármacos. 
Os pacientes com hipercolesterolemia familiar ou hiperlipidemia combinada familiar sempre 
necessitam de terapia farmacológica. O colesterol e as gorduras saturadas e trans constituem os 
principais fatores que aumentam os níveis de LDL, o consumo de álcool e as calorias em excesso 
aumentam os TG. 
 A sacarose e a frutose aumentam as VLDL. O álcool pode causar hipertrigliceridemia 
significativa ao aumentar a secreção hepática de VLDL. Durante a perda de peso, os níveis de LDL e 
VLDL podem diminuir muito, ficando abaixo daqueles que podem ser mantidos durante o equilíbrio 
calórico neutro. 
 A redução do peso corporal, a restrição calórica e a abstinência de álcool são particularmente 
importantes em pacientes com níveis elevados de VLDL e IDL. 
 O efeito das gorduras dietéticas na trigliceridemia depende do processamento das ligações 
duplas dos ácidos graxos. Os ácidos graxos encontrados nos óleos de peixe podem induzir uma 
redução acentuada dos triglicerídeos em alguns pacientes. Além disso, também possuem atividades 
anti-inflamatórias e antiarrítmicas. 
Farmacologia básica dos fármacos usados na hiperlipidemia 
A decisão quanto ao uso de terapia farmacológica para a hiperlipidemia baseia-se no defeito 
metabólico específico e no seu potencial de causar aterosclerose ou pancreatite. A dieta deve ser 
mantida para a obtenção de todo o potencial do esquema farmacológico. 
Esses fármacos devem ser evitados em mulheres grávidas e durante o aleitamento, bem como 
naquelas passíveis de engravidar. 
 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 6 
 
1. Inibidores competitivos da HMG-CoA redutase (inibidores da redutase – ESTATINAS): 
São análogos estruturais da HMG-CoA. A lovastatina, a atorvastatina, a fluvastatina, a 
pravastatina, a sinvastatina, a rosuvastatina e a pitavastatina pertencem a essa classe. 
São mais efetivos na redução dos níveis de LDL. Outros efeitos observados incluem diminuição 
do estresse oxidativo e da inflamação vascular, com aumento da estabilidade das lesões 
ateroscleróticas. 
Mecanismo de ação: a HMG-CoA redutase medeia a primeira etapa comprometida da 
biossíntese de esteróis. Esses análogos (estatinas) causam inibição parcial da enzima e, portanto, 
podem comprometer a síntese de isoprenoides, como a ubiquinona e o dolicol, bem como a 
prenilação das proteínas. Os inibidores da redutase induzem um aumento dos receptores de LDL de 
alta afinidade. Esse efeito aumenta tanto o catabolismo fracional das LDL como a extração hepática 
dos precursores das LDL do sangue, reduzindo assim os níveis de LDL. Ocorre também uma redução 
modesta dos níveis plasmáticos de TG e pequena elevação das HDL. Estudos clínicos demonstraram 
uma redução significativa de novos eventos coronarianos e acidente vascular encefálico (AVE) 
aterotrombótico. As estatinas parecem aumentar o efluxo de colesterol dos macrófagos, reduzindo 
potencialmente o seu acúmulo na parede arterial. 
Usos terapêuticos e dosagem: mostram-se úteis isoladamente ou com resina, niacina ou 
ezetimiba na redução dos níveis de LDL. Clinicamente a estatina se mostrou útil em outras ações que 
favorecem o coração, ações cardioprotetoras, como: melhora da função endotelial, redução da 
inflamação vascular, redução da agregação plaquetária, aumento das células progenitoras endoteliais 
circulantes, aumento da neovascularização em tecidos isquêmicos, estabilização da placa 
aterosclerótica, efeitos antitrombóticos, aumento da fibrinólise. 
As estatinas são contraindicadas durante a gravidez porque interfere com a HMG-CoA 
redutase (do bebê e da mãe, podendo ter problemas na nutrição do feto) e também por uma questão 
embriológica por orientar as células germinativas primordiais em migração (interfere diretamente na 
formação do embrião). 
Então quando usar estatina? Prevenção secundária de IAM e AVC em pacientes com doença 
aterosclerótica sintomática (mesmo quando o colesterol não estiver desregulado, mas sim como 
forma preventiva); prevenção primária de doença arterial em pacientes de alto risco; atorvastatina 
reduz colesterol sérico em pacientes com HF homozigota; dislipidemias graves (estatina + ezetimiba). 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 7 
 
Efeitos adversos: dor muscular (mais comum, podendo ser em níveis variados), desconforto 
gastrointestinal (todo fármaco via oral pode causar o desconforto), insônia, rash cutâneo (pele fica 
rachada e está relacionada com a diminuição do colesterol), miosite grave (rabdomiólise – não é 
comum, é um cuidado que precisa ter quando se associa a outros medicamentos). 
2. Derivados do ácido fíbrico (FIBRATOS): 
A genfibrozila, fenofibrato, bezafibrato, ciprofibrato e clofibrato diminuem os níveis de VLDL e, 
em alguns pacientes, de LDL também. 
Mecanismo de ação: ele age em nível nuclear da célula, interferindo no núcleo com receptores 
específicos que fazem regulação de transcrição gênica de proteínas e enzimas, então ele aumenta a 
transcrição gênica da lipase lipoproteica (estimula a oxidação de ácidos graxos),e com isso aumenta 
a quebra de quilomicrons e VLDL. Além disso, interfere na diminuição da expressão da apoC-3 (inibidor 
da lipoproteína lipase), o que ocasiona em aumento da depuração de VLDL. Ele também aumenta a 
expressão da apoA-1 e apoA-2 que são as bases formadoras do HDL, consequentemente há aumento 
dos níveis de HDL no sangue. 
Tem a função de diminuir o VLDL (TG), ou seja, para, principalmente, o tratamento de 
hipergliceridemia (TG). Há também uma pequena diminuição do LDL e aumento do HDL. 
Recomendações clínicas: dislipidemia mista; hipertrigliceridemia; pacientes com baixos níveis 
de HDL e alto risco de doença ateromatosa; combinados com outros redutores de lipídeos em 
pacientes com dislipidemia grave (resistente a tratamento). 
Efeitos adversos: miosite (mioglobinúria e insuficiência renal crônica à por isso não se deve 
usar em associação com estatinas), efeitos no TGI, prurido e rash cutâneo, cálculos biliares. 
3. Resinas de ligação de ácidos biliares: 
Exemplos: colestiramina, colestipol e colesevelam. São usados mais como forma de auxiliar 
outros medicamentos. 
Mecanismo de ação: resinas de troca iônica que sequestram os ácidos biliares no intestino e 
impedem a sua reabsorção pela circulação entero-hepática. Se não permite a sua reabsorção, a célula 
hepática, que estava acostumada a recaptar o colesterol, vê que este não está voltando e está 
diminuindo, fazendo com que haja aumento dos receptores de LDL que vão captar o colesterol que já 
está disponível na corrente sanguínea. 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 8 
 
Por que não pode ser usada sozinha? A resina é usada em conjunto porque se ela for usada 
sozinha, o organismo vai fazer tipo um mecanismo de feedback e sintetizará ainda mais colesterol, 
fazendo com que a resina perca a sua função. Normalmente é associada com a estatina, de forma que 
a resina diminui o colesterol disponível na corrente sanguínea e a estatina diminui a síntese de 
colesterol. São AUXILIARES (coadjuvantes). 
Efeitos adversos: náuseas, distensão abdominal, constipação ou diarreia (ela interfere bastante 
no TGI porque faz com que aumente ácidos graxos a serem excretados), interação medicamentosa, 
interferência na absorção de algumas vitaminas lipossolúveis e alguns fármacos (digoxina e varfarina). 
4. Niacina: 
Não é de escolha usual. 
Mecanismo de ação: possui um receptor no tecido adiposo que interfere negativamente na 
lipase (está relacionada com a quebra do TG para formação no tecido adiposo), e há diminuição de 
ácidos graxos livres e também de ácidos graxos livres no fígado, o que ocasiona a diminuição de VLDL 
e consequentemente de LDL. Ela interfere também no mecanismo de HDL, de forma que diminui a 
depuração de apo-A, gerando, então, aumento de HDL. 
Recomendações clínicas: associada a dieta nas dislipidemias com HDL baixo e TG elevado; em 
substituição à estatina (quando esta é contraindicada). 
Efeitos adversos: rubor, palpitações, distúrbios do TGI. Em altas dores pode causar 
interferência com a função hepática, intolerância à glicose e aumento da concentração circulante de 
uratos que podem causar gota. 
5. Inibidor da absorção de colesterol: 
Exemplo: ezetimiba. 
Mecanismo de ação: inibe a proteína transportadora de colesterol no intestino, diminuindo a 
sua absorção. Normalmente utilizada por este motivo em associação com outro medicamento de 
mesma função. 
Contra indicação: lactantes pois passa para o leite materno (interfere na formação e nutrição 
do neonato). 
Efeitos adversos: diarreia, dor abdominal e cefaleia. 
 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 9 
 
6. Inibidores de PCSK9: 
Exemplos: evolocumabe e alirocumabe (anticorpo monoclonal). 
Mecanismo de ação: eles se ligam em uma protease PCSK9 de conversão. Em situação normal, 
essa protease quebra proteínas e regula o receptor de LDL, então a protease ela se liga nesse receptor 
na superfície do hepatócito e aumenta a sua degradação, diminuindo então a captação de LDL. Se a 
PCSK9 é inibida, terá então a reciclagem normal do receptor, ou seja, diminui a síntese de colesterol 
e aumento da captação de LDL da corrente sanguínea. 
7. Inibidor da enzima de transferência de TG: 
Exemplo: lomitapida. 
Mecanismo de ação: inibição microssomal da MTP e isso diminui a síntese de VLDL e 
consequentemente de LDL. 
 
Anti-hipertensivos 
A hipertensão arterial, quando persistente, provoca lesão nos vasos sanguíneos, nos rins, no 
coração e no cérebro, levando ao aumento na incidência de insuficiência renal, coronariopatia, 
insuficiência cardíaca, acidente vascular encefálico (AVE) e demência. A redução farmacológica efetiva 
da pressão arterial impede a lesão dos vasos sanguíneos e diminui substancialmente as taxas de 
morbidade e de mortalidade. 
Diagnóstico da HA: 
O diagnóstico de hipertensão baseia-se em medidas repetidas e reproduzíveis de elevação da 
pressão arterial. 
Os riscos de lesão renal, cardíaca e cerebral estão diretamente relacionados com o grau de 
elevação da pressão arterial. Até mesmo a hipertensão leve (pressão arterial de 140/90 mmHg) 
aumenta o risco de possível lesão de órgãos alvo. Os riscos aumentam proporcionalmente com a 
magnitude da elevação da pressão arterial. O risco de lesão de órgãos alvo em qualquer nível de 
pressão arterial ou idade é maior nos afro-americanos e relativamente menor nas mulheres antes da 
menopausa do que nos homens. Outros fatores de risco positivos incluem tabagismo; síndrome 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 10 
 
metabólica, inclusive obesidade, dislipidemia e diabetes; manifestações de lesão de órgãos alvo por 
ocasião do diagnóstico; e história familiar de doença cardiovascular. 
A HAS pode ser assintomática, sendo diagnosticada após serem observadas medidas de PA 
sistematicamente aumentadas. Os valores iguais ou superiores a 140x90mmHg, em peno menos duas 
medidas por consulta em, no mínimo, duas ocasiões distintas, configuram hipertensão. O estágio 
limítrofe é 139x89mmHg. 
 
Para fazer o diagnóstico da hipertensão é necessário ser feito um “mapa” que é um equipamento que se coloca no braço e fica com 
aquilo por 24 horas, e a cada 15 minutos ele afere a sua pressão. É através desse exame que podemos verificar se a PA dele se mantém 
aumentada por um período constante de tempo. 
 Etiologia da hipertensão: 
Considera-se o diagnóstico de hipertensão essencial ou primária em pacientes nos quais não é 
possível identificar nenhuma causa específica de hipertensão. Os pacientes com etiologia específica 
são considerados portadores de hipertensão secundária. 
Na maioria dos casos, a elevação da pressão arterial está associada a um aumento global da 
resistência ao fluxo sanguíneo por meio das arteríolas, ao passo que o débito cardíaco está 
habitualmente normal. A elevação da PA é habitualmente causada por uma combinação de várias 
anormalidades (multifatorial), fatores genéticos, estresse psicológico e fatores ambientais e 
nutricionais. 
 Regulação normal da PA: 
A PA é diretamente proporcional ao produto do fluxo sanguíneo (débito cardíaco – DC) pela 
resistência à passagem do sangue através das arteríolas pré-capilares (resistência vascular periférica 
– RVP): 
𝑷𝑨 = 𝑫𝑪 × 𝑹𝑽𝑷 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 11 
 
A pressão arterial é mantida pela regulação contínua do débito cardíaco e da resistência 
vascular periférica, exercida em três locais anatômicos: arteríolas, as vênulas pós-capilares e o 
coração. 
O rim, contribui para a manutenção da pressão arterial ou regulação do volume do líquido 
intravascular. Os barorreflexos mediados por nervos autônomos atuam em combinação com 
mecanismos humorais, inclusive com o sistema renina-angiotensina-aldosterona, coordenando a 
função nesses quatro locais de controle e mantendo a pressão arterialnormal, por exemplo, a 
endotelina-1 causa constrição dos vasos sanguíneos, ao passo que o óxido nítrico os dilata. 
Barorreflexo postural: são responsáveis por ajustes rápidos e contínuos da pressão arterial. Os 
barorreceptores carotídeos são estimulados pelo estiramento das paredes vasculares produzido pela 
pressão interna (pressão arterial). Por outro lado, a redução do estiramento determina a redução da 
atividade dos barorreceptores. 
Resposta renal à redução da pressão arterial: no controle do volume sanguíneo, o rim é o 
principal responsável pelo controle em longo prazo da pressão arterial. A angiotensina II causa (1) 
constrição direta dos vasos de resistência e (2) estimulação da síntese de aldosterona no córtex 
suprarrenal, o que aumenta a absorção renal de sódio e o volume sanguíneo intravascular. 
 
Renina é transformada em angiotensina I. Essa angiotensina I é transformada pela ECA em angiotensina II. A angiotensina II faz 
vasoconstrição, aumento da resposta cardiovascular, aumento da vasoconstrição, aumento da vasopressina e tudo isso faz com que 
aumente a pressão arterial. Há diversos fármacos que atua em uma dessas fases para conseguir regular a pressão arterial. 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 12 
 
Terapia para hipertensão arterial 
O objetivo principal do tratamento anti-hipertensivo é reduzir morbidade e mortalidade CV 
associadas à HAS. 
Terapias não medicamentosas: redução do peso corporal; moderação de bebidas alcoólicas e 
abandono do tabagismo; atividade física (aeróbico > 30 min/dia); restrição de consumo de sódio (< 5 
g/dia). 
Terapias farmacológicas: classificação de acordo com locais ou mecanismos de ação; ação 
farmacológica sobre o DC e RVP (diminuindo um desses dois, diminui-se a PA). Além dos controlarem 
a PA, o método de escolha deles é envolvido a outras doenças que o paciente possa ter. Então o 
método de decisão não é exclusivamente só no índice de controle da PA, mas se ele tem outras 
doenças também. Por exemplo: HAS + DM, poderíamos indicar os IECAs ou BRAs, que além de controle 
da PA, eles reduzem proteinúria (em DM há proteinúria). 
 
Terapia farmacológica 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 13 
 
Todos os agentes anti-hipertensivos atuam em um ou mais dos quatro locais anatômicos de 
controle produzindo efeitos ao interferirem nos mecanismos normais de regulação da PA. 
 
Em pacientes com riscos cardiovasculares altos, geralmente tendemos a fazer combinações de medicamentos, utilizando 2 ou mais e de 
classes diferentes. Se não controlar a PA, trocar a dose, trocar o medicamento ou ainda acrescentar um 3º medicamento. 
 
Associações entre fármacos que podem ou não ser realizadas. 
1. Diuréticos: 
Reduzem a pressão arterial por meio da depleção do sódio corporal e diminuição do volume 
sanguíneo. O controle dietético da pressão arterial constitui uma medida terapêutica relativamente 
atóxica que pode ser até mesmo preventiva. 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 14 
 
Mecanismo de ação e efeitos hemodinâmicos dos diuréticos: diuréticos reduzem a pressão 
arterial sobretudo ao produzirem depleção das reservas corporais de sódio. Inicialmente, reduzem a 
pressão arterial ao diminuírem o volume sanguíneo e o débito cardíaco; pode ocorrer aumento da 
resistência vascular periférica. Depois de 6 a 8 semanas, o débito cardíaco normaliza-se, ao passo que 
a resistência vascular periférica declina. Os diuréticos utilizados isoladamente proporcionam um 
tratamento adequado para a hipertensão essencial leve ou moderada. 
 
Na hipertensão mais grave, os diuréticos são usados em associação com agentes 
simpaticoplégicos e vasodilatadores para controle da tendência à retenção de sódio causada por esses 
fármacos. A pressão arterial torna-se notavelmente sensível ao volume sanguíneo. Por conseguinte, 
na hipertensão grave, quando são utilizados múltiplos fármacos, a pressão arterial pode ser bem 
controlada quando o volume sanguíneo estiver dentro de 95% do normal. 
Diuréticos tiazídicos: mostram-se apropriados para a maioria dos pacientes com hipertensão 
leve ou moderada e com normalidade das funções cardíaca e renal. Exemplos: Hidroclortiazida e 
Clortalidona. A clortalidona pode ser mais efetiva do que a hidroclorotiazida em virtude de sua meia-
vida mais longa. São usados amplamente na clínica e são os mais eleitos para utilização. Não usar em 
pacientes com função renal inadequada. Demoram de 3-4 semanas para reduzir de forma estável a 
PA. Aumentam a excreção de sódio e água reduzindo o volume extracelular e isso diminui o DC; eles 
atuam do túbulo distal inibindo o cotransporte de sódio e cloro promovendo a diurese, de modo 
secundário ocorre também a perda de água. Possuem também ação vasodilatadora. São ativados por 
VO e eliminados pela urina. 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 15 
 
Efeitos adversos: hipopotassemia (mudar a dieta para aumento da ingestão de frutas cítricas ou 
suplementação de sais de potássio), hiponatremia (perda de sódio), hipercalcemia (os níveis de cálcio 
aumentam por conta do desbalanceamento), hiperuricemia (aumento do ácido úrico que pode dar 
origem a gota), hiperglicemia, hipotensão, hiperlipidemia e disfunção erétil. 
Diuréticos de alça: localizado na alça de Henle. São os diuréticos mais potentes no mercado. 
Exemplo: furosemida. Podem ser usados VO, IM e IV. É escolha para quadros de edema pulmonar 
agudo e o medicamento é administrado por via IV. Pode ser usado em pacientes com função renal 
pobre ou para pacientes que não respondem a outros diuréticos. Pensar no quadro de hipertensão do 
paciente antes de receitar este porque é muito forte. Atuam na alça de Henle no ramo ascendente, 
inibem cotransporte de sódio, potássio e cloro provocando a diurese por diminuição da reabsorção 
de sódio. 
Efeitos adversos: alcalose (aumento da secreção de H+), hipopotassemia, hipomagnesia, hipocalcemia 
(contra-indicado para pacientes com osteopenias), ototoxicidade, hiperuricemia, aumento de LDL, 
hipovolemia e hipotensão. 
Poupadores de potássio e antagonistas dos receptores de aldosterona: ambos são poupadores 
de potássio, ou seja, com a utilização destes medicamentos não ocorre a perda de potássio, podendo 
até haver acúmulo de potássio. Eles não são os mais eficientes de todos os diuréticos. São utilizados 
em associação para tratamento de HAS. Exemplos: Amilorida inibem o transporte de sódio nos ductos 
distais e coletores, aumenta a excreção de sódio e diminui a de potássio; Espironolactona antagonista 
dos receptores de aldosterona (antidiurético), ela bloqueia o receptor da aldosterona evitando assim 
o aumento dos canais de sódio na membrana no túbulo distal e no ducto coletor, consequentemente 
o sódio será eliminado aumentando a diurese. Usos terapêuticos: diurético (principalmente edemas 
hepáticos), hiperaldosteronismo (bloqueio dos receptores de aldosterona), IC e acne. 
Efeitos adversos: Amilorida causa retenção de ácido úrico e caibra nas pernas; Espironolactona causa 
ginecomastia e irregularidades menstruiais, distúrbios gástricos e hiperpotassemia. 
2. Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA): 
Os inibidores da angiotensina II reduzem a pressão arterial principalmente ao diminuir a 
resistência vascular periférica. Não ocorre alteração significativa do débito cardíaco e da frequência 
cardíaca. Podem ser utilizados com segurança em indivíduos portadores de cardiopatia isquêmica. 
Exemplos: captopril, enalapril, lisinopril. 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 16 
 
Os inibidores da ECA desempenham uma função particularmente útil no tratamento de 
pacientes com doença renal crônica, visto que diminuem a proteinúria e estabilizam a função renal. 
Esse efeito é bastante valioso no caso de portadores de diabetes e, hoje,os fármacos são 
recomendados a esses pacientes, mesmo na ausência de hipertensão. 
Os inibidores da ECA também demonstraram extrema utilidade no tratamento da insuficiência 
cardíaca e após infarto do miocárdio, e reduzem a incidência de diabetes em pacientes com alto risco 
cardiovascular. 
A sua ação farmacológica é o bloqueio da enzima ECA; diminui a degradação de bradicinina 
(aumentando os seus níveis) que aumenta a produção de óxido nítrico nos vasos, promovendo uma 
ação vasodilatadora; há, também, redução da pré e pós carga cardíaca (redução do trabalho cardíaco). 
Eles diminuem a PA pela RVP sem aumentar o DC. 
 
Podem ser usados como monoterapia ou associados. Normalmente tendem a ser a primeira 
escolha. Eles controlam a PA e regridem a hipertrofia cardíaca; retardam a progressão da nefropatia 
diabética, ou seja, diminuem proteinúria. São primeira escolha em HAS + problemas renais; em IC; e 
pacientes com risco elevado de doença arterial coronariana. 
Farmacocinética: alimentos podem diminuir a absorção; todos são pró-fármaco, com exceção 
do captopril; são eliminados pela urina; são contraindicados para gestantes (feto-tóxico). 
Efeitos adversos: tosse seca proveniente do aumento da bradicinina; hiperpotassemia; 
problemas de pele; hipotensão; febre. 
3. Bloqueadores de receptores de angiotensina II (BRA): 
Esses fármacos não exercem nenhum efeito sobre o metabolismo da bradicinina e, portanto, 
são bloqueadores mais seletivos dos efeitos da angiotensina do que os inibidores da ECA. Além disso, 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 17 
 
têm o potencial de exercer uma inibição mais completa da ação da angiotensina II. Proporcionam 
benefícios em pacientes com insuficiência cardíaca e doença renal crônica. 
Exemplos: losartana, valsartana. 
Ações farmacológicas quando se bloqueia a ação de angiotensina II: bloqueiam receptores AT1 
(agonista biológico: angiotensina II à diminuição do DC, vasodilatação e diminuição da retenção de 
sódio e água); reduzem a pré-carga e pós-carga cardíaca (redução do trabalho cardíaco). O resultado 
do bloqueio dos receptores AT1 gera um efeito farmacológico próximo dos IECA; porém não há 
aumento dos níveis de bradicinina (não há evidência de tosse seca com o uso desse medicamento). 
Eles podem ser utilizados como monoterapia ou associados. Também são primeiras escolhas 
em pacientes com HAS. Controlam a PA + regridem hipertrofia cardíaca + diminuem a proteinúria. 
Podem ser substitutos para os IECAs. Não aumentam os níveis de bradicinina o que diminui os 
efeitos adversos como a tosse seca. 
Farmacocinética: losartana é biotransformado em metabólito ativo, outros fármacos de classe 
são biotransformados em metabólitos inativos; são eliminados na urina e nas fezes; são 
contraindicados para gestantes (fetotóxicos). 
Efeitos adversos: hiperpotassemia; problemas de pele; hipotensão; febre. 
4. Bloqueadores dos canais de cálcio (BCC): 
Possuem efeitos antianginosos e antiarrítmicos, além disso, os bloqueadores dos canais de 
cálcio também reduzem a resistência periférica e a pressão arterial. O mecanismo de ação na 
hipertensão consiste na inibição do influxo de cálcio nas células musculares lisas arteriais. 
Há presença de canais de cálcio em diversos sistemas do organismo. Esse cálcio é responsável 
pela contração muscular do músculo liso das artérias e cardíaco; se aumentar o cálcio aumenta a 
capacidade do músculo de se contrair. Temos um tipo de canal de cálcio que é dependente de 
voltagem, ou seja, ele não possui um ligante, mas a partir da mudança de voltagem eles se abrem para 
a entrada de cálcio nas células dos vasos ou cardíacos. Exemplos: canais do tipo L (lentos) que 
controlam a entrada de cálcio nos miócitos musculares lisos, músculo cardíaco, nas células do nó 
sinoatrial e na atrioventricular. 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 18 
 
 
Os fármacos bloqueiam esses canais de cálcio não permitindo a sua entrada. (1) Não ocorre vasoconstrição, (2) diminuição do DC (força 
de contração), (3) diminui também a ativação sinoatrial e atrioventricular. 
Quando há diminuição do sinoatrial e atrioventricular, qual situação clínica poderia ser 
utilizados esses medicamentos? Arritmia, pois o coração está fora do ritmo e esse desequilíbrio nos 
impulsos do sinoatrial e atrioventricular causa o desequilíbrio. 
Exemplos: Verapamil, Diltiazem e Anlodipino. 
A diferença entre eles é a intensidade em que podem atuar na vasculatura lisa do coração e 
nas artérias. O Verapamil e o Diltiazem eles tem potencial para vasodilatação, diminuir a contratilidade 
cardíaca, diminuir o sinoatrial e atrioventricular, então eles têm maior ação no coração. O Anlodipino 
tem maior ação nos vasos do que no coração. 
Sabendo disso, o Anlodipino pode ser usado para tratar arritmia? Não, pois sua ação é nos 
vasos. 
Usos clínicos: HAS, angina, taquirritmia (somente Verapamil e Diltiazem). 
Efeitos adversos: rubor, constipação (a diminuição da entrada de cálcio pode ser diminuída 
também no TGI), vertigem, cefaleia, fadiga (diminuição do sinoatrial e menor contração cardíaca) e 
hipotensão. 
5. ß-bloqueadores: 
São os antagonistas ß. Estão relacionados ao SNA simpático. Esses receptores ß no sistema 
cardiovascular estão localizados no coração, principalmente os ß-1 que estão envolvidos 
principalmente no aumento do DC, e se aumenta o débito cardíaco, a PA aumenta. Os agonistas 
naturais do ß-1 são a adrenalina e noradrenalina. Os ß-1 também estão localizados nos rins e isso faz 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 19 
 
com que haja aumento de liberação de renina; esse receptor é ativado quando sua PA diminui. Esses 
dois fatores, aumento do DC e aumento da renina contribuem para o aumento da pressão arterial. 
São fármacos antagonistas dos receptores ß-1 do coração e justaglomerular. Quando 
bloqueados no coração, há redução da contratilidade cardíaca, da FC e também do DC. No sistema 
justaglomerular, há diminuição da secreção de renina, e consequentemente há diminuição da pressão 
arterial. 
Pacientes com: doença cardíaca concomitante; IAM prévio; angina pectoris; e IC. Porém, não 
é mais primeira linha de escolha (IECA e BRAS trazem mais benefícios para os pacientes); não são uma 
escolha interessante para os idosos. 
São divididos em 3 gerações: 1, 2 e 3. 
• 1ª geração: bloqueiam ß-1 e ß-2. Bloqueio de ß-2 pode estar ligado a contraindicações 
e reações adversas. O ß-2 está ligado ao pulmão, podendo ocasionar 
bronquioconstrição e bronquioespasmo, não sendo indicado para pacientes asmáticos. 
• 2ª geração: são antagonistas ß-1 seletivos. Metoprolol e atenolol. O controle está 
inserido no controle da FC do que na liberação de renina. Mais utilizados do que o de 
primeira geração. Podem ser usados também em crises de ansiedade. Podem ser 
usados como dopping em esportes de precisão. 
• 3ª geração: carvedilol, bisoprolol. Além do bloqueio de ß-1, eles têm ações adicionais 
que os outros não têm: ß-1 bloqueadores + ações adicionais (citadas abaixo). 
De modo geral, os medicamentos de 1ª e 2ª geração bloqueiam os receptores ß não deixando 
a nora ou adrenalina se ligarem, fazendo o controle da PA. 
Já os de 3ª geração eles tem efeito adicionais: além do bloqueio de ß-1, ele aumenta a 
produção de óxido nítrico provocando vasodilatação; são agonistas do receptor ß-2 causando 
vasodilatação; antagonistas do receptores alfa-1 dos casos, causando vasodilatação; bloqueiam a 
entrada de cálcio diminuindo a contratilidade e promovendo a vasodilatação; e possuem atividade 
antioxidante (quando tem PA alta, ele tem lesões dos vasos) preservando o endotélio. 
Efeitos adversos: hipotensão, bradicardia (diminuição do DC), fadiga (por conta da diminuição 
do DC), insônia e disfunção sexual. 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA20 
 
Os ß-bloqueadores podem ser associados também com tiazídicos, mas as outras classes não 
são feitas associações. 
6. Inibidor direto da renina: 
Exemplo: alisquireno. 
Eles inibem diretamente a renina, assim atuam mais precocemente no sistema renina-
angiotensina-aldosterona. Reduzem a PA com eficácia similar aos IECAs e BRAs. 
Efeitos adversos: diarreia, tosse seca (menor do que IECAs), hiperpotassemia. 
Contraindicação para as gestantes. 
São bem tolerados em: idosos, pacientes com doenças hepáticas, pacientes com insuficiência 
renal e pacientes com DM2. 
 
Anti-inflamatórios não esteroides 
(AINES) 
Os anti-inflamatórios esteroidais que apresentam em sua estrutura anéis esteroidais 
(colesterol que forma cortisol) exemplificados como os corticoides; já os não esteroidais não possuem 
estrutura ácida e não fazem parte dos corticoides como o acetaminofeno (paracetamol), dipirona, 
entre outros. 
Os AINEs se fundamentam nos 3 A’s, AAA = anti-inflamatório, analgésico e antipirético, mas 
não necessariamente precisa ter os 3. Sinais de inflamação: calor, rubor, edema, dor e perda da 
função. Através da lesão de alguma parte do organismo, podendo ter entrada de microrganismos, há 
disparo de mediadores inflamatórios, as citocinas, podendo até causar a perda da função; muito 
medicamentos entram para bloquear a entrada de mediadores inflamatórios e melhorar a inflamação. 
 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 21 
 
Durante a lesão de um tecido, temos um processo que envolve a circulação sanguínea através 
da dilatação, permeabilidade dos capilares, ocorre quimiotaxia dos leucócitos, e todo esse processo 
leva aos pilares da inflamação. Para que não tenha uma resposta exagerada de inflamação, é 
necessário bloquear algumas enzimas. O mecanismo de ação dos anti-inflamatórios basicamente tem 
a finalidade de inibir uma enzima. 
O AINES cessa uma enzima que nos fornece enzimas lipídicas importantes para situações do 
dia-dia que tem como produtos as prostaglandinas que fazem parte da musculatura lisa. Se tomar uma 
medicação que impede essas enzimas, o efeito adverso aparece com maior evidência. 
 Prostaglandinas: 
Todos os AINEs atuam inibindo a síntese das PGs. Elas atuam localmente nos tecidos, onde são 
sintetizadas, sendo rapidamente metabolizadas em produtos inativos em seus locais de ação. 
O ácido araquidônico é o principal precursor das PGs e dos compostos relacionados. Ele é 
componente dos fosfolipídeos das membranas celulares. O ácido araquidônico livre é liberado dos 
fosfolipídeos teciduais pela ação da fosfolipase A2 por um processo controlado por hormônios e outros 
estímulos. Existem duas vias principais para a síntese de eicosanoides a partir do ácido araquidônico: 
a via da cicloxigenase e a da lipoxigenase. 
Via da ciclooxigenase: PGs, tromboxanos e prostaciclinas são sintetizados pela via da 
cicloxigenase. Existem duas isoformas – COX-1 (constitutiva) é responsável pela produção fisiológica 
de prostanoides, e a COX-2 (enzima induzida) provoca o aumento da produção de prostanoides em 
locais de doença e inflamação crônicas. A COX-1 regula os processos celulares normais, como a 
citoproteção gástrica, a homeostase vascular, a agregação plaquetária e as funções reprodutiva e 
renal. A COX-2 é expressa em tecidos, como cérebro, rins e ossos. Sua expressão em outros locais 
aumenta durante os estados inflamatórios crônicos. Outra característica diferencial da COX-2 é que 
sua expressão é induzida por mediadores inflamatórios como o FNT-alfa e a IL-1, mas pode também 
ser inibida por glicocorticoides. 
Via da lipoxigenase: várias lipoxigenases podem atuar no ácido araquidônico formando 
leucotrienos. 
As PGs e seus metabólitos, produzidos endogenamente nos tecidos, atuam como sinalizadores 
locais que fazem o ajuste fino da resposta de um tipo celular específico. A liberação de tromboxano 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 22 
 
A2 (TXA2) das plaquetas durante a lesão tecidual inicia o recrutamento de novas plaquetas para a 
aglutinação, bem como promove vasoconstrição local. 
 
Ácido araquidônico exposto na membrana celular, fosfolipase age e há formação de compostos diferente: citocromos, LOX e COX. A 
ciclooxigenase tem atividades duplas convertendo o ácido araquidônico formando 3 moléculas (prostanoides à prostaglandinas, 
prostaciclina, leucotrieno e tromboxano). 
As PGs têm seu papel principal na modulação da dor, da inflamação e da febre. Elas também 
controlam secreção ácida e a produção de muco no trato gastrintestinal (TGI), a contração uterina e 
o fluxo de sangue nos rins. 
 AINES: 
Os AINEs possuem capacidade de suprimir sinais e sintomas de inflamação e dor. Atualmente 
há mais de 50 AINEs diferentes no mercado. São ácidos orgânicos fracos, altamente metabolizados 
(algumas exceções que precisam ser metabolizados por uma CYP específica). Estruturas diferentes que 
compartilham efeitos (terapêuticos e adversos). São amplamente utilizados para condições agudas e 
crônicas que causam dor, lesão, inflamação ou febre. Tem por objetivo a inibição da síntese de PG. 
 Os AINEs bloqueiam a COX reversivelmente, com exceção da AAS que inibe irreversivelmente 
a COX. Em algumas situações o AINEs tem como consequência a redução de radicais livres, diminuição 
da apoptose celular, redução da expressão das moléculas de adesão (TNF e IL-1) pró-inflamatórias. Os 
AINEs não seletíveis bloqueiam tanto a COX-1 quanto a 2. 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 23 
 
Classificação de AINEs de acordo com a estrutura e mecanismo de ação: 
 
O ácido acetilsalicílico é revertido em ácido salicílico no organismo e ele é utilizado como alívio 
da dor de baixa intensidade, apresentam efeitos antipiréticos e apresentam efeito no TGI, mas são 
mais utilizados como anti-agregante plaquetário. Não devem ser utilizados antes de cirurgias. Os 
ácidos propiônicos podem ser usados em baixa dosagem, são reversíveis e os efeitos adversos podem 
ser controlados. Eles evitam em algumas situações que ocorra a degradação do ácido araquidônico, 
então auxilia muito no processo inflamatório. Os ácidos mefanâmicos são seletivos para a COX-2 
(ponstan). Mostram eficiência, mas também muito efeito adverso quando usados a longo prazo. A 
nimesulida tem grandes e importantes efeitos adversos como o comprometimento de órgãos. Os 
coxibes são inibidores seletivos da COX-2, diminuindo efeitos adversos pelos anti-inflamatórios, 
entretanto aumenta-se os riscos de eventos CV. 
 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 24 
 
Ácido acetilsalicílico 
É um inibidor irreversível da COX-1 e COX-2. Raramente são utilizados como anti-inflamatórios. 
Não são indicados na pediatria principalmente após virose (encefalopatia hepática e vários outros 
problemas). É um anti-agregante plaquetário (81 a 325 mg/dia) pois inibe a COX plaquetária por 8 dias. 
A medicação salicilato é mais indicada pois tem ação anti-inflamatória mais eficiente e não são 
antiplaquetárias. Usado para pacientes com asma e tendências hemorrágicas. 
Dipirona ou metamizol 
Potente analgésico e antipirético. Tem igual eficácia e menor segurança comparada aos AINEs 
e não é aconselhado o seu uso. 
Uma fórmula parecida com a dipirona é propifenazona e fenilbutazona é mais tolerada e 
menos tóxica. Muito utilizada em enxaqueca com associação a outros fármacos. A fenilbutazona tem 
efeitos anti-inflamatórios, mas é raramente usado por deprimir medula óssea e efeitos no TGI. 
Inibidores não seletivos 
1. Ácido mefanêmico (ponstan): 
Mais potente AAA, pouco efeito colateral. Usado para artrite reumatoide, osteoartrite e 
dismenorreia. 
Pode liberar enzimas hepáticas. 
2. Nimesulida (nisulid): 
Atua com maior afinidade para a inibição da COX-2. Casos de insuficiência hepática registrada 
e foi retirado de algunspaíses. 
Contraindicado para crianças. 
3. Piroxican (feldene): 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 25 
 
Tratamento de artrite reumatoide e osteoartrite. 
Muitos efeitos adversos e tem ação lenta (não indicado para dores agudas). 
4. Diclofenaco (cataflam e voltarem): 
Tendência para a COX-2. 
Mais potente como AAA e pouco efeito colateral. 
Pode liberar enzimas hepáticas. O uso crônico pode estar associado a risco cardíaco por conta 
da inibição da COX-2. 
Tratamento de artrite reumatóide, osteoartrite, dismenorreia, dor, condições inflamatórias 
pós-traumáticas e operatórias. 
5. Indometacina (indocid): 
AINEs efetivo e não seletivo. Potente anti-inflamatório. 
Ação de desacoplador (cartilagem e fígado). V.O causa grandes alterações do TGI. 
6. Ibuprofeno (advil), naproxeno (flanax) e cetoprofeno (profenid): 
É o mais seguro e eficiente AAA. 
Dose para dor, febre e inflamação. 
Cetoprofeno: inibe COX e LOX. Potente analgésico e anti-inflamatório. Indicado para 
procedimentos cirúrgicos. 
Naproxeno: inibidor não seletivo da COX, potente inibidor da migração de leucócitos. Ação AAA 
maior do que acetil salicílico. Ação anti-plaquetária e menos efeitos no TGI. 
Inibidores seletivos da COX-2 
Exemplo: celecoxibe. 
São inibidores seletivos para a COX-2 em locais de inflamação, sem afetar GI e rins. 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 26 
 
Inibe PGI mediada pela COX-2 no endotélio vascular que tem atividade vasodilatadora e anti-
agregante. Não diminui a formação de tromboxano, possibilita a agregação plaquetária e forme 
coágulos. Aumentando a incidência de IAM, AVC e trombose. 
Apresentam menos efeitos no TGI. 
Idosos apresentam redução da TFG. Uso desestimulado e criterioso, pois a COX-2 apresenta 
em maior concentração e seu uso pode prejudicar os rins. 
Rofecoxibe e valdecoxibe foram retirados do mercado. 
Paracetamol 
Exemplo: Acetaminofeno. 
Inibidor fraco da COX, possuindo ação analgésica e antipirética. Ação essencial no SNC, no 
centro regulador da temperatura, situado no hipotálamo resultando ação analgésica e antipirética. 
Inibe isoformas COX-1, COX-2 e COX-3 em algumas condições e não em outras. A COX-3 é variante da 
1 e possui afinidade por elas. A sua atividade anti-inflamatória e antirreumática é desprezível. 
O paracetamol é prontamente absorvido e em doses 325 mg a 1g/dia não tem efeitos 
colaterais. Em ambientes inflamatórios estamos perante elevados níveis deste hidroperóxido, 
suprimindo os efeitos do paracetamol - ausência de atividade anti-inflamatória. 
Paracetamol em 15g é letal, e em 4g dá intoxicação. Isso ocorre porque é hepatotóxico porque 
a CYP o converte em NAPB que é eliminado por conjugação com a glutationa. Quando a glutationa 
acaba por ter sido eliminada com o NAPB, ocorre perda de proteção contra radicais livre. Ocorre que 
tem ainda NAPB presente e não é eliminado pois a glutationa acabou e por isso acaba sendo tóxico 
por estar acumulado + ação dos radicais livres presentes. Em usuários crônicos de bebida, o álcool 
estimula a CYP, e se tomar o medicamento, mesmo em quantidades normais, esse processo será muito 
mais rápido do que no individuo que não bebe. 
Tratamento da intoxicação por paracetamol: N-acetil-L-cisteina (NAC) aumenta os estoques de 
glutationa, combina diretamente com NAPB. 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 27 
 
Artrite reumatoide e gota 
Artrite reumatoide é uma doença autoimune que afeta 1% da população. O alívio 
assintomático é feito pelo uso de AINE, com efeito mínimo na progressão da doença. Os fármacos 
biológicos incluem: modulador de células T; agente citotóxico das células B; agentes inibidores de IL-
1; agentes bloqueadores de TNF-alfa. 
A gota é uma doença metabólica caracterizada por episódios de artrite aguda. Exceto AAS, 
salicilatos e tolmetidina, todos os AINEs são utilizados no tratamento por inibirem a prostaglandina 
sintase e a fagocitose de cristais de urato. Outro medicamento que pode ser usado é o alopurinol. 
 
Farmacoterapia da ICC 
Diz-se que há insuficiência cardíaca quando o débito cardíaco 
é inadequado ao provimento do oxigênio necessário para o corpo. A 
causa mais comum de insuficiência cardíaca é a doença arterial 
coronariana, sendo a hipertensão arterial um fator também 
importante. Há dois tipos principais de insuficiência. Insuficiência 
sistólica, com redução da ação de bombeamento mecânico 
(contratilidade) e da fração de ejeção. Insuficiência diastólica, 
enrijecimento e a perda do relaxamento adequado têm papel 
importante na redução do enchimento e do débito cardíaco. A fração 
de ejeção pode estar normal (preservada) na insuficiência diastólica 
ainda que o volume sistólico esteja muito reduzido. 
A insuficiência cardíaca é uma doença progressiva que se 
caracteriza por redução gradual no desempenho cardíaco, portanto, 
o tratamento é direcionado para duas metas distintas: (1) reduzir ao 
máximo possível os sintomas e a progressão da doença durante os 
períodos relativamente estáveis; e (2) tratar os episódios agudos de 
descompensação cardíaca. 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 28 
 
Estudos extensos mostraram que inibidores da enzima conversora da angiotensina (IECA), 
bloqueadores do receptor de angiotensina II (BRA), certos β-bloqueadores, antagonistas do receptor 
de aldosterona e terapia combinada de hidralazina-nitrato constituem os únicos agentes em uso hoje 
em dia. São úteis na insuficiência sistólica como diastólica. Os fármacos ionotrópicos são valiosos 
principalmente na IC sistólica aguda. 
Um dos problemas da ICC é o edema. O aumento da aldosterona aumenta a retenção do sódio 
e da água por conta da diminuição da diurese. Pela diminuição do fluxo de bombeamento de sangue 
no coração, causa também a congestão e influência para que o paciente tenha edema. Ocorre edema 
principalmente nos MMII e edema pulmonar (congestão pulmonar) e ocorre principalmente em ICC 
aguda. Edema, quem ajuda em sua diminuição? DIURÉTICOS. 
Estratégias não medicamentosas para tratamento da IC: 
o Redução da atividade física. 
o Dieta com baixa ingestão de sódio. 
o Limitações de líquido por conta dos edemas. 
Objetivos da terapia medicamentosa: 
o Aliviar sintomas. 
o Tornar lenta a progressão da doença. 
o Aumentar a sobrevida do paciente. 
Estratégias da terapia medicamentosa: 
o Redução da carga de trabalho do miocárdio: principal. 
o Diminuição do volume de líquido extravascular: pensando em quadros de edema. Pode 
ser administrado diuréticos. 
o Melhora da contratilidade cardíaca. 
o Redução da velocidade de remodelamento cardíaco. 
Inibidores do sistema renina-angiotensina-aldosterona 
A IC causa ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona por meio de dois mecanismos: 
1) aumento da liberação de renina pelas células justaglomerulares nas arteríolas aferentes renais 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 29 
 
devido à diminuição da pressão de perfusão renal, resultante do coração insuficiente, e 2) liberação 
de renina pelas células justaglomerulares promovida por estimulação simpática e ativação dos 
receptores ß. A produção de angiotensina II e a subsequente estimulação da liberação de aldosterona, 
que causa retenção de sal e água, levam ao aumento da pré-carga e da pós-carga, que é característica 
da IC. Além disso, os níveis aumentados de angiotensina II e de aldosterona têm efeitos prejudiciais 
diretos no músculo cardíaco, favorecendo o remodelamento, a fibrose e as alterações inflamatórias. 
1. Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA): 
São usados para IC com padrão de ejeção reduzido. 
Esses fármacos bloqueiam a enzima que cinde a angiotensina I para formar o potente 
vasoconstritor angiotensina II, promovendo vasodilatação. Eles também diminuema inativação da 
bradicinina e o seu aumento também é um potente vasodilatador. Diminuindo os níveis de 
angiotensina II, os IECAs também diminuem a secreção de aldosterona. 
 
Ações sobre o coração: diminuem a resistência vascular (pós-carga) e o tônus venoso (pré-
carga), resultando em aumento do débito cardíaco. 
Indicações: podem ser considerados para pacientes com ICFEr sintomática e assintomática. 
Importante: os IECAs são indicados para pacientes em todos os estágios de insuficiência ventricular 
esquerda. Dependendo da gravidade da IC, esses fármacos podem ser usados em combinação com 
diuréticos, ß-bloqueadores, digoxina, antagonistas da aldosterona e combinação de doses fixas de 
hidralazina + dinitrato de isossorbida. 
Efeitos adversos: hipotensão postural, insuficiência renal, hiperpotassemia, tosse seca 
persistente e angioedema. São teratogênicos e por conta disso não devem ser usados durante a 
gestação. 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 30 
 
2. Bloqueadores dos receptores de angiotensina II (BRA): 
 São compostos ativos por via oral que são antagonistas competitivos do receptor de 
angiotensina II tipo 1. Os BRAs não afetam os níveis de bradicinina. São substitutos dos IECAs nos 
pacientes que não conseguem tolerar os inibidores. 
Ações sobre o sistema cardiovascular: promovem diminuição da resistência vascular e tônus 
venoso – pós e pré-carga. Seu uso na IC é principalmente como substituto dos IECAs, em pacientes 
com tosse intensa ou angiede- ma que possa ser devido ao nível elevado de bradicinina. 
Efeitos adversos: hipotensão postural, insuficiência renal, hiperpotassemia e angioedema. São 
teratogênicos e por conta disso não devem ser usados durante a gestação. 
ß-bloqueadores 
Promovem melhora do funcionamento sistólico e a reversão do remodelamento cardíaco em 
pacientes que recebem ß-bloqueadores. 
O benefício dos ß-bloqueadores é atribuído, em parte, à sua propriedade de prevenir as 
mudanças que ocorrem devido à ativação crônica do sistema nervoso simpático. Esses fármacos 
diminuem a frequência cardíaca e inibem a liberação de renina pelos rins. Além disso, previnem 
também os efeitos prejudiciais da norepinefrina na fibra muscular cardíaca, diminuindo o 
remodelamento, a hipertrofia e a morte celular. 
Exemplos: bisoprolol, carvedilol e metoprolol. 
Carvedilol é um antagonista do adrenoceptor ß não seletivo que também bloqueia 
adrenoceptores alfa, ao passo que bisoprolol e metoprolol são ß1-antagonistas seletivos. O bloqueio 
ß é recomendado para todos os pacientes com IC crônica e estável; eles também reduzem a 
morbilidade e a mortalidade associada à ICFEr. 
Devem ser usados com cautela com ou- tros fármacos que diminuem a condução AV, como 
amiodarona, verapamil e diltiazem. 
 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 31 
 
Inibidores da neprilisina 
Utilizado em associação com BRA. Exemplo: Valsartana + Sacubitril (pró-fármaco). 
Utilizado em casos de IC com fração reduzida. 
Ocorre inibição pelo medicamento sacubitril da neprilisina, enzima responsável pela 
degradação de peptídeos envolvidos na redução da pressão arterial, aumentando os efeitos positivos 
no coração e nos vasos. De modo geral também diminuem a pré e pós-carga. 
Diuréticos 
Os diuréticos aliviam a congestão pulmonar e o edema periférico. Também são úteis na 
redução dos sintomas da sobrecarga de volume, incluindo ortopneia e dispneia paroxística noturna. 
Os diuréticos diminuem o volume plasmático e, subsequentemente, diminuem o retorno venoso ao 
coração (pré-carga). Isso diminui carga de trabalho cardíaco e demanda de oxigênio. 
Podem diminuir também a pós-carga pela redução do volume plasmático, reduzindo, assim, a 
pressão arterial. 
1. Diuréticos de alça: 
São os mais comumente usados na IC. Eles são usados em pacientes que necessitam de diurese 
intensa e naqueles com insuficiência renal. 
Exemplo: Furosemida. Atua na alça de Henle. 
São os mais eficazes e eficientes; reduzem o volume hídrico extracelular e a pressão de 
enchimento ventricular pela diminuição do volume de líquidos, consequentemente auxilia muito na 
pré-carga cardíaca e no retorno venoso; alívio da congestão pulmonar e edema periférico à primeira 
escolha em pacientes internados por congestão por via IV por bôlus, ocorrendo melhora em poucos 
minutos. 
Tem uma ação no pulmão local e tem um alívio antes de ocorrer a diurese. Para pacientes com 
edema, o tratamento é por VO. Se aplicado muito rapidamente IV pode causar toxicidade. São 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 32 
 
medicamentos muito fortes, portanto, devem ser usados para tratar sinais e sintomas do excesso de 
volume. 
2. Poupadores de potássio: 
Pacientes com doença cardíaca avançada apresentam níveis elevados de aldosterona devido à 
estimulação da angiotensina II e à redução da depuração hepática do hormônio. A espironolactona é 
um antagonista direto da aldosterona; dessa forma, ela previne a retenção de sal, a hipertrofia 
miocárdica e a hipopotassemia. 
São indicados em pacientes com estágios de ICFEr mais grave ou ICFEr e infarto do miocárdio 
recente. 
Fármacos inotrópicos 
Fármacos inotrópicos positivos aumentam a contratilidade cardíaca e, dessa forma, aumentam 
o débito cardíaco. A ação inotrópica é resultado do aumento da concentração de cálcio citoplasmático, 
o qual aumenta a contratilidade do músculo cardíaco. Todos os inotrópicos positivos que aumentam 
a concentração intracelular de cálcio foram associados com diminuição da sobrevida, especialmente 
em pacientes com ICFEr resultante de doença coronariana arterial. Por essa razão, esses fármacos, 
com exceção da digoxina, são usados somente por períodos curtos e principalmente em pacientes 
hospitalizados. 
1. Glicosídeos digitálicos: 
Proveniente da planta conhecida como digital. Exemplo: digoxina. 
Podem aumentar a contratilidade do músculo cardíaco e, em vista disso, são usados no 
tratamento da IC. Os glicosídeos digitálicos têm baixo índice terapêutico com uma pequena margem 
entre a dosagem terapêutica e a que é tóxica ou mesmo fatal. 
Mecanismo de ação: 
• Regulação da concentração de cálcio citosólico: a digoxina reduz a propriedade dos 
miócitos de bombear Na+ ativamente da célula inibindo a enzima ATPase. Isso diminui 
o gradiente de concentração de Na+ e, em consequência, do trocador Na+/Ca2+ 
bombear cálcio para fora da célula, aumentando CA2+ intracelular, aumentando a 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 33 
 
contratilidade cardíaca. Quando a ATPase é fortemente inibida pela digoxina, o 
potencial de repouso da membrana pode aumentar, o que torna a membrana mais 
excitável, aumento o risco de arritmias (toxicidade). 
• Aumento da contratilidade do músculo cardíaco: a digoxina aumenta a força de 
concentração cardíaca, causando um débito cardíaco mais próximo ao do coração 
normal. O tônus vagal também aumenta, de modo que a frequência cardíaca e a 
demanda de oxigênio pelo miocárdio diminuem. 
Usos terapêuticos: o tratamento com digoxina é indicado em pacientes com ICFEr grave depois 
de iniciar o IECA, o ß-bloqueador e o diurético. Uma concentração sérica baixa de digoxina é benéfica 
na ICFEr. Nessa concentração, os pacientes podem ter redução nas internações por IC junto com 
melhora na sobrevida. 
Não é indicada para pacientes com IC diastólica ou sediada do lado direito do coração. 
Tempo de ½ vida de 36 horas. E é secretado de maneira inalterada na urina. 
Efeitos adversos: anorexia, náusea, êmese, visão turva, visão amarelada e arritmias cardíacas. 
2. Agonistas ß-adrenérgicos: 
A dobutamina e a dopamina, melhoram a performance cardíaca, causando efeitos inotrópicos 
positivos e vasodilatação. 
Os ß-agonistas adrenérgicos aumentam o AMPc intracelular, o que resulta na ativação da 
proteinocinase. A proteinocinaseentão fosforila canais lentos de cálcio, aumentando a entrada de 
íons cálcio nas células do miocárdio e a contração. 
Os dois fármacos devem ser administrados por infusão intravenosa (IV) e são usados 
primariamente no tratamento de IC aguda em ambiente hospitalar. 
 
Anti-inflamatório esteroidal 
A zona intermediária, a fasciculada, sintetiza os glicocorticoides (p. ex., cortisol), que estão 
envolvidos com o metabolismo normal e a resposta ao estresse. 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 34 
 
Os corticosteroides ligam-se a receptores intracelulares citoplasmáticos específicos nos 
tecidos-alvo. Os receptores glicocorticoides são amplamente distribuídos pelo organismo. Após 
dimerização, o complexo receptor-hormônio recruta proteínas coativadoras e transloca para o núcleo, 
onde se fixa em elementos promotores no gene. Ali, ele atua como um fator de transcrição para ativar 
o gene ou inibi-lo, dependendo do tecido. Esse mecanismo exige tempo para produzir efeitos. 
Contudo, outros efeitos glicocorticoides são imediatos, como as interações com catecolaminas para 
mediar o relaxamento da musculatura brônquica. 
Glicocorticoides: 
 O cortisol é o principal glicocorticoide humano. Normalmente, sua produção é diurna, com 
pico pela manhã seguido de um declínio e um pico secundário, pequeno, no fim da tarde. Fatores 
como estresse e níveis de esteroides circulantes influenciam a secreção. 
Funções: 
• Promoção do metabolismo intermediário normal: favorecem a gliconeogênese. 
Estimulam o catabolismo proteico e a lipólise. 
• Aumento da resistência ao estresse: proveem o organismo com energia para combater 
o estresse causado por traumatismo, luta, infecção, sangramento ou doença 
debilitante. 
• Alteração no nível das células sanguíneas no plasma: causam diminuição dos 
eosinófilos, basófilos, monócitos e linfócitos. Aumentam também a hemoglobina, 
eritrócitos, plaquetas e leucócitos polimorfonucleares. 
• Ação anti-inflamatória: diminuição dos linfócitos circulantes. Inibem a habilidade dos 
leucócitos e dos macrófagos de responder a mitógenos e antígenos. Diminuem a 
produção e a liberação de citocinas pró-inflamatórias. Eles inibem a fosfolipase A2, que 
bloqueia a liberação de ácido araquidônico. Estabilizam membranas de mastócitos e 
basófilos, o q resulta em menor liberação de histamina. 
• Efeitos em outros sistemas. 
Mecanismo de ação: globulina se ligada com o esteroide em sua forma inativa; ao liberar o 
esteroide na célula a globulina vai embora livre; o esterol se liga ao receptor (GR) formando um 
complexo e se internaliza no citoplasma. Produz respostas ao se ligar em um gene do DNA; quando o 
complexo se liga nessa região, ocorre a ativação de moléculas chamadas fatores de transcrição 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 35 
 
(promotor à permite fazer RNAm que traz uma sequência de nucleotídeos que vai para o citoplasma 
sintetizar proteínas), inativação de fatores de transcrição (supressor à reprimir o RNAm de formar as 
proteínas). 
Mecanismo de transrrepressão: o fator de transcrição está transcrevendo. Dai vem o receptor 
com o hormônio e se liga na região específica negativa, mandando embora o fator de transcrição, 
fazendo com que a maquinaria pare. 
Cortisol estimula a formação de IL-10 e inibe a IL-2 à IL-10 é anti-inflamatória; IL-2 é pró-
inflamatória; portanto, o cortisol é para cessar a inflamação. O cortisol trabalha via DNA formando 
estruturas que possuem ação direta. 
Efeito de regulação do eixo: processo inflamatório à chegada de leucócitos à ação 
mediadora de inflamação à sinais flogísticos à estimulam o eixo a liberar ACTH para ativar cortisol 
à inibe células do SI através da produção de IL-10 e anexinas à reduz inflamação. A taxa de secreção 
dos glicocorticoides é determinada pelas flutuações na liberação do ACTH. 
A ação imunossupressora: inibição de moléculas de adesão dos leucócitos, redução de ativação 
de leucócitos, redução da histamina e Ig e do complemento. 
 
Sinal negativo do glicocorticoide para a fosfolipase A2. O glicocorticoide ativa o DNA a produzir uma proteína chamada de lipocortina e 
esta ou anexina 1 quem vai inibir a fosfolipase à estimula a transcrição do RNAm a produzir lipocortina ou anexina-1 e estas duas são 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 36 
 
as responsáveis pela inibição; ocorre inibição da fosfolipase, com isso o fosfolipídio não forma o ácido araquidônico, parando a cascata 
inflamatória desde o início. Também pode ocorrer a supressão de citocinas (IL-2) pró-inflamatórias a nível de RNAm pelo glicocorticoide. 
Glicocorticoides também vão Inibir a maquinaria de transcrição de COX-2, não produzindo ácido araquidônico, diminuindo a inflamação 
e os sintomas da inflamação. 
Usos terapêuticos: 
Vários derivados semissintéticos de corticosteroides estão disponíveis. Esses fármacos variam 
na potência anti-inflamatória e na duração de ação. Os corticosteroides são usados em terapêutica de 
reposição e no tratamento de reações alérgicas graves, asma, artrite reumatoide, outros distúrbios 
inflamatórios e alguns cânceres. 
 
Lembrar que quem reduz não é o cortisol diretamente, e sim porque ele reduz a fabricação de enzimas ativadoras a nível de RNAm. O 
fato de reduzir o fator ativador de plaquetas e o óxido nítrico é para diminuir vasodilatação e diminuir a permeabilidade de membrana 
para passagem de leucócitos. 
RI específica: ocorre impedimento via cortisol na produção de IL-2 e 6 e por consequência 
diminui produção de células, células ß e produção de anticorpos, promovendo a imunossupressão. 
Farmacocinética: cortisona foi o 1º sintético utilizado. Desde então vieram glicocorticoides 
para aumentar ação de medicamentação. Mostrou-se eficaz no tratamento de doenças não 
endócrinas. 
As modificações estruturais permitiram que o medicamente ficasse mais a fim do receptor e 
também permitiam que não se ligassem a globulina. 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 37 
 
Todos os medicamentos sintéticos passaram a ser comparados com a hidrocortisona. Se tiver 
problema hepático, não tomar cortisona (forma inativa) porque é necessário do fígado para 
transformar em hidrocortisona (forma ativa); a mesma coisa ocorre com a prednisona (forma inativa) 
que precisa ser transformada em prednisolona (forma ativa). 
Corticoide sintético é usado para distúrbios inflamatórios, imunológicos até hematológicos. 
Normalmente administrados em dose única pela manhã. São absorvidos rapidamente. 
Dexametasona, betametasona, cortisona, hidrocortisona, prednisona, prednisolona, 
fludrocortisona (usada mais como mineralocorticoide à reposição hormonal ou se tem inflamação 
sem problemas de provocar edema). 
Efeito rápido: cortisona e hidrocortisona. 
Efeito intermediário: prednisona e prednisolona, fludrocortisona. 
Efeito prolongado: beta e Dexametasona. 
 
Efeitos farmacológicos e duração de ação de alguns dos corticoesteroides naturais e sintéticos mais usados. As atividades são todas 
relativas à hidrocortisona. A cortisona está na sua forma inativa e por isso possui uma ação mais baixa até que seja transformada em 
seu metabólito ativo. Prednisona possui uma ação anti-inflamatório muito maior e seu efeito retentor de sal é menor, ao passo que a 
metilprednisolona tem mais ação que prednisona e prednisolona e sua retenção de sal é menor também. Quando é necessário de um 
medicamento que tenha muita potência (inflamações mais graves), usa-se o beta e o Dexametasona, elas ficam livres e ativas o tempo 
todo, bloqueiam ação da hipófise; complicado utilização crônica porque atrofia a glândula; sua retenção de sal é nula (bastante usado 
quando paciente tem edema cerebral e precisa usar corticoides). Fludrocortisona é 10x anti-inflamatório, mas a retenção de sal é enorme 
(menos quando comparado com a aldosterona natural),possui ação de mineralocorticoide; não utilizar em pacientes hipertensos. 
 
 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 38 
 
Utilização: 
• Processos inflamatórios agudos: todos representantes com atividade anti-inflamatória 
podem ser usados. 
• Hidrocortisona injetável para tratamentos a curto prazo quando não for hipertenso. 
• Dexa e betametasona apresentam alta atividade anti-inflamatória, com o tempo de 
ação longo. Pode gerar efeitos adversos. Não usado como primeira escolha em 
tratamento crônico. 
• Para tratamento crônico, escolhem-se prednisona, prednisolona ou metilprednisolona 
orais com variações nas doses (altas à mínimas). 
• Considerar se a doença a ser tratada é mais grave do que o hipercortisolismo induzido 
e relacionar a dose, duração e resposta do paciente nos efeitos adversos. 
• Corticoides inalados: flunisolida e fluticasona usados no tratamento de asma 
brônquica. Eles (VO ou inalatória) agem tanto nas células inflamatórias como nos 
pulmões promovendo bronquiodilatação. 
 
Efeitos adversos: 
• Retardo no crescimento das crianças. 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 39 
 
• Glaucoma. 
• Distribuição centrípeta da gordura corporal. 
• Osteoporose. 
• Aumento do risco de infecções. 
• Aumento do risco de DM. 
• Aumento do apetite. 
• Distúrbios emocionais. 
• Hipopotassemia. 
• Hipertensão. 
• Edema periférico. 
Pessoas que se tratam com corticoide tem risco de ter síndrome de Cushing iatrogênica: HA, 
aumento de gordura abdominal, face em lua cheia, bochechas vermelhas, hipertensão intracraniana, 
corcova de búfalo, cicatrização deficiente, equimose, braços e pernas finas, hiperglicemia, balanço 
nitrogenado negativo (queda de proteína), suscetibilidade a infecções, euforia, aumento do apetite, 
osteoporose. 
A descontinuação do uso da medicação deve ser feita de forma lenta e gradual, a fim de 
permitir reativação funcional progressiva do eixo HHA. 
Inibidores da biossíntese ou função dos adrenocorticoides: 
Existem inibidores da síntese de glicocorticoides e antagonistas competitivos de receptores de 
glicocorticoides: bloqueiam a síntese do hormônio cortisol através do bloqueamento de enzimas 
chaves, usados quando há excesso da produção endógena. Exemplos: trilostano, metirapona, 
carbenoxolona. O bloqueio da produção de glicocorticoides pelos medicamentos também para a via 
de produção de hormônios sexuais. 
Cetoconazol: fármaco antifúngico que inibe fortemente a síntese de todos os hormônios 
esteroides gonadais e suprarrenais. Ele é usado no tratamento de pacientes com síndrome de Cushing. 
Medicina SLM – T7C Paula R. C. Penteado 17/04/2021 
FARMACOLOGIA 40 
 
 
Aminoglutetimida bloqueia a produção de progesterona. Cetoconazol inibe de forma potente não seletiva a síntese de esteroides 
(neoplasia da adrenal ou uso crônico de corticoides à síndrome de Cushing), pode causar interação com CYP do fígado, sendo tóxico. 
Metirapona também é usado para tratamento da síndrome de Cushing.

Continue navegando