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UNIVERSIDADE PAULISTA ICH / INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS CURSO DE PSICOLOGIA FICHAMENTO DO 1º CAPÍTULO DO LIVRO DIAGNÓSTICO PSICOLÓGICO: A PRÁTICA CLÍNICA SÃO PAULO – SP 2023 Nome: Daniele Dayrell Baracat Marendaz RA: F1343D8 Semestre: 7º semestre / Noturno Estágio de Psicodiagnóstico Profª Supervisora Clínica: Luciane Título da atividade: Fichamento do 1º capítulo do livro diagnóstico psicológico: a prática clínica TRINCA, Walter. Diagnóstico Psicológico: prática clínica / Walter Trinca e colaboradores. São Paulo: EPU, 1984. Capítulo 1 – Contexto geral do diagnóstico psicológico Marília Ancona Lopez 1.1. O termo “Diagnóstico” 1.1.1 Sentido amplo e restrito O significado da palavra diagnóstico é discernimento, faculdade de conhecer, de ver através de. O diagnóstico é imprescindível para elucidar aspectos de um fenômeno. O processo possibilita o conhecimento de maneira científica se abstendo do senso comum. Tal conhecimento de se dá através das observações, interpretações e avaliações baseadas em nossas vivências, percepções e formas de pensamento. 1.1.2 O diagnóstico psicológico O diagnóstico psicológico é garantido pela lei (Lei nº 4119 de 27-08-1962 que regulamente a formação e a profissão de psicólogo) dando a ele a segurança de umas das funções mais importantes desse meio. A realização de um psicodiagnóstico requer embasamento teórico, procedimentos e técnicas psicológicas. Como há varias teorias dentro do campo da psicologia, podemos encontrar termos como “diagnóstico da personalidade", "estudo de caso" ou "avaliação psicológica". 1.2. A Psicologia Clínica e as abordagens psicodiagnósticas O termo Psicologia Clínica foi utilizado, pela primeira vez, em 1896, referindo-se a procedimentos diagnósticos utilizados junto à clínica médica, com crianças deficientes físicas e mentais. A Psicopatologia, um ramo da ciência voltado ao estudo do comportamento anormal, se desenvolveu a partir das observações em casos de doenças físicas pareadas as doenças mentais; a fim de estudar e compreender os aspectos subjacentes, sua etiologia, aspectos sociais e classificação. 1.2.1 A busca de um conhecimento científico Os cientistas da época acreditavam que através da metodologia da observação imparcial e experimentação poderiam chegar ao objetivo de um fenômeno. Essa postura positivista predominou principalmente no continente americano. Dentro desse modelo desenvolveram-se o modelo médico de psicodiagnóstico, o modelo psicométrico e o modelo behaviorista. (a) O modelo médico O trabalho em diagnóstico psicológico junto aos médicos marcou o início da atuação profissional. Houve o deslocamento do modelo médico para o modelo psicológico adotando algumas características como enfatizar os aspectos psicológicos do indivíduo, usando como quadros referenciais as nosologias psicopatológicas e enfatizou o uso de instrumentos de medidas de determinadas características do indivíduo [...] estabeleceram também, relações de causalidade entre os distúrbios psicológicos, principalmente nas áreas da Neurologia e da Bioquímica. Na procura do estabelecimento de quadros classificatórios das doenças mentais, precisos e mutuamente exclusivos, buscou-se organizar síndromes sintomáticas que caracterizassem esses quadros e pudessem ser observadas. [...] os quadros sintomáticos nem sempre se adequam ao quadro apresentado pelo sujeito. Além disso, os mesmos sintomas podiam ter muitas vezes causas diversas e, vice-versa, as mesmas causas podiam provocar diferentes sintomas. Do ponto de vista do psicólogo, a grande ênfase nos aspectos psicopatológicos deixava em segundo plano características não-patológicas do comportamento das pessoas, limitando o estudo e o conhecimento sobre o indivíduo. (b) O modelo psicométrico Foi com o uso de testes, principalmente, junto a crianças, que os psicólogos ganharam maior autonomia. Neste trabalho esforçavam-se por determinar, através dos testes, a capacidade intelectual das crianças, suas aptidões e dificuldades, assim como a sua capacidade escolar. (c) O modelo Behaviorista O behaviorismo como sendo um modelo positivista, necessitava de um objeto de estudo observável e mensurável, e declararam o comportamento observável como o único objeto possível de ser estudado pela Psicologia. Tal modelo defende que o comportamento humano pode ser aprendido e modificado, modelado, substituído. Sua forma própria de criação do comportamento a ser estudado chama-se "levantamento de repertório" ou "análise de comportamento" ao invés do termo "psicodiagnóstico". 1.2.2 A importância da subjetividade Paralelamente ao modelo positivista, alguns filósofos defendiam a subjetividade do homem [...] o homem não pode ser estudado como um mero objeto fazendo parte do mundo, pois o próprio mundo não passa de um objeto intencional para o sujeito que o pensa [...] essa forma de pensar foi marcante para a Psicopatologia e para a Psicologia. No campo desta última, deu origem à Psicologia Fenomenologia-existencial e a Psicologia Humanista. Todas essas correntes afirmam que a consciência, a vida intencional, determina e é determinada pelo mundo, sendo fonte de significação e valor. Salientam o caráter holístico do homem e sua capacidade de escolha e autodeterminação. a) Humanismo As correntes humanistas, procuram compreender o homem na sua totalidade, a fim de entender seu mundo e seu significado, sem as referências teóricas anteriores. Eram críticos e contra o diagnóstico com relação aos testes aplicados aos indivíduos [...] defendiam a liberdade e condições do desenvolvimento humano, rejeitando o psicodiagnóstico, pois viam como algo superficiais acompanhados de julgamentos baseados em constructos teóricos que descaracterizam o ser humano [...] afirmavam através de um bom relacionamento com o cliente, durante a psicoterapia ou aconselhamento, alcançam uma compreensão do dele. b) A Psicologia Fenomenológico-existencial Houve a reformulação à visão do psicodiagnóstico. Para eles os dados obtidos em entrevista e/ou testes podem ser úteis e trazer informações a respeito das pessoas, ajudando o caminho para o autoconhecimento. É compartilhado com os clientes, estabelecendo-se com eles as possíveis conclusões. O psicodiagnóstico é considerado mais do que um estudo e avaliação. Salienta-se o seu aspecto de intervenção, diluindo-se os limites que separam o psicodiagnóstico da intervenção terapêutica. c) A Psicanálise Essa corrente não descarta a objetividade e, também, não considera somente a subjetividade do sujeito. Atribui significação particular a todo comportamento humano. Essa teoria trouxe o conceito do inconsciente e explicando, através de processos intrapsíquicos, os diferentes comportamentos que procura compreender. Foi a Psicanálise que propôs o complexo mais completo de formulações sobre a formação, estrutura e funcionamento da personalidade. Sob a ótica psicanalítica, discutem-se a determinação psíquica, a dinâmica da personalidade, reveem comportamentos psicopatológicos, sua origem e prognostico. A Psicanálise ressaltou o valor das entrevistas como instrumento de trabalho, o estudo da personalidade através da utilização de observações e técnicas projetivas e se desenvolveu uma maior consideração do psicólogo e do cliente com a instrumentalização dos aspectos transferenciais e contra transferenciais. 1.2.3. A procura de integração Hoje encontram-se psicólogos que atuam a partir de conceitos do homem e da ciência positivista, fenomenológico-existenciais, humanistas e psicanalíticos. Apesar dos diferentes marcos referenciais, a conceituação de cada uma dessas tendências é muito ampla e cada uma delas apresenta inúmeros desdobramentos [...] Para se compreender o homem é necessário organizar conhecimentos que digam respeito à sua vida biológica, intrapsíquica e social, não sendo possível excluir nenhum desses horizontes. Apesar da busca de integração, sabemos que um psicodiagnóstico, por mais completo que seja, refere-se a um determinado momento de vidado indivíduo, e constituisempre uma hipótese diagnóstica [...] a Psicologia não pode ser considerada um corpo de conhecimentos acabado, completo e fechado. 1.2 Teoria e prática A Psicologia encontra-se em duas situações. Primeiro, não podemos deixar de lado questões de Filosofia e de Epistemologia, que nos impedirão de cair numa atuação acrítica e alienada [...] em segundo lugar, sabendo as dificuldades em que a Psicologia se encontra, podemos compreender com maior facilidade como estar se refletem na prática, e encontrar formas de atuação, junto aos clientes, que nos permitam agir em segurança e tranquilidade. A prática e a teoria se conversam, ou seja, uma não se desenvolve sem a outra, não podendo haver desvinculação e nem subordinação total entre elas. 1.3.1 A prática do psicodiagnóstico O objetivo desta prática é organizar os elementos presentes no estudo psicológico de forma a obter uma compreensão do cliente a fim de dar-lhe o melhor suporte possível. Ao atuar em psicodiagnóstico, o psicólogo está atendendo a objetivos definidos teoricamente. Ao realizarmos um psicodiagnóstico, tendo definido para nós mesmos as questões ligadas ao conhecimento psicológico e à prática profissional, devemos considerar o contexto no qual essa atuação está inserida.
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