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PARTE I INOVAÇÃO NA CONSTRUÇÃO DO SABER PRÁTICO 1. A PRÁTICA PSICOLÓGICA E AS ESTRATÉGIAS INOVADORAS Marília Ancona-Lope: A ação psicológica supõe uma certa correspondência entre pres supostos, teorias e técnicas baseados em paradigmas, ou seja, em un conjunto de crenças e valores que determinam uma certa visada sobre < mundo. São nos paradigmas presentes em nosso mundo que se forman os conceitos do que é ciência e, consequentemente, os critérios que ga rantem a legitimidade de um conhecimento. Isto significa que o cumpri mento dos critérios do que é ciência em um dado tempo e em uma dad; época per nite atribuir a um certo modo de conhecer um fenómeno o atri buto de conhecimento científico. As correspondências entre paradigmas, teorias, conceitos, modo de produção do conhecimento não são simples nem lineares, mas, com põem uma rede complexa de conexões que constituem a logicidade inter na do paradigma cem vistas a garantir os pressupostos e valores vigentes e, em última instância, a garantir o próprio paradigma. Ac usar o termo logicidade é importante lembrar que ele se refer a inúmens lógicas possíveis. Assim, por exemplo, para os índios Pareci de Mato Grosso do Sul, o nascimento de uma criança na tribo significa volta de alguém que já morreu, da própria tribo. O reconhecimento d identidade da pessoa que morreu e, portanto, da que nasceu, se dá atravé do sonho. Alguém da tribo tem um sonho que identifica o recém-nascid« como sendo o avô, bisavô ou outra pessoa da tribo já falecida. Conver sando com uma professora pertencente a essa tribo, ocorreu-me pergunta o que ac< nteceria se ninguém sonhasse. Sua resposta foi: Sonha! con absoluta certeza, considerando impossível que o sonho não se desse. Em bora do ponto de vista da lógica que prevalece em nossa cultura foss perfeitamente possível que o sonho não-ocorresse, e essa foi a hipótes que levantei para a representante da comunidade indígena, essa possibili dade não txistia para ela e o sonho aconteceria inevitavelmente. De fato, o sonho para essa tribo é necessário para manter a crença básica de que o nascimento de uma criança é a volta de uma pessoa fale- cida, que será tratada como tal na comunidade. Nesse caso, é bastante simples identificar a presença de crenças paradigmáticas e ver como elas influem no estabelecimento de uma lógi- ca interna e no modo de significar a vida. A identificação do paradigma que rege a tribo tem início com o reconhecimento de uma diferença de visada axial em relação a nossa cultura e então podemos ver como, a par- tir dela, se determinam em sequência outras diferenças que terminam por compor aquela cultura específica. Somos constituídos em uma dada cultura, em uma rede de valores e significados que nos antecedem e delineiam a estruturação de nossos grupos sociais, de nossas famílias e nos quais se desenvolve nossa subje- tividade. Não somos necessariamente conscientes das crenças e valores subjacentes ao modo de estar no mundo que prevalece em nossa socieda- de, e que subjaz ao modo de vivermos o nosso dia a dia. Os paradigmas estão silenciosamente presentes como um dos panos de fundo de nossa existência. Assim, no cotidiano, não estamos preocupados em saber se o amor maternal é instintivo, universal, aprendido, e tc , vivemos tendo o amor maternal como um valor que utilizamos quando pensamos em nós e em nossos filhos ou em outros pais e filhos. Os paradigmas não estão silenciosamente presentes apenas em nossa vida cotidiana. Eles orientam toda a organização de uma sociedade, incluindo os seus conceitos de conhecimento, de ciência e das diversas ciências. Orientam a organização da comunidade. O modo de organizar e desenvolver a educação também é fruto de um conjunto de crenças e valores paradigmáticos. Por essa razão, a vida académica, que se organizou do modo como é hoje no mundo ocidental e no país dentro de um determinado paradigma, pode nos ajudar a pensar e refletir sobre as crenças e valores a partir dos quais se desenvolvem as teorias e técnicas psicológicas. Na área da Psicologia, especificamente, o fato de co-existirem inúmeras abordagens do fenómeno psicológico, que tem como ponto de partida diferentes concepções de homem, de ciência e definições diversas do que é o objeto de estudo da Psicologia, e no qual as várias abordagens dialogam entre si, nem sempre pacificamente, os pressupostos tornam-se mais evidentes e ajudam a mapear a área. Tanto é 28 que o eixo de Fundamentos epistemológicos e históricos, um dos eixo dos cursos de Psicologia solicitado pelas Diretrizes Curriculares, ten exatamente a função de nos fazer pensar no conjunto de pressuposto; filosóficcs e metodológicos que fundamenta as teorias e as técnicas d; área. Ele visa permitir ao aluno de Psicologia o conhecimento das base: epistemológicas presentes na construção do saber psicológico, desenvol vendo a capacidade para avaliar criticamente as linhas de pensamento en Psicologia. E complementa-se com o eixo referente aos Fundamento: teórico-metodológicos que buscam garantir a apropriação crítica do co nhecimento disponível, assegurando uma visão abrangente dos diferente: métodos e estratégias de produção do conhecimento científico em Psico logia. De qualquer modo, sabemos que todas as teorias psicológicas sc desenvolveram nos últimos séculos e foram muito marcadas no séculc XX pela esperança na ciência como conhecimento que solucionaria gran- de parte dos problemas humanos. De certa forma, as teorias psicológica.1 carregam essa marca. Mais além das teorias, porém, podemos reconhecei os paradigmas nos quais elas se baseiam: o "cientificismo" que considen a existência de uma ordem da natureza passível de representação mate- mática e procura inserir os eventos nessa ordem natural afirmando a pos- sibilidade de conhecer as leis que regem o mundo por meio do uso dc método experimental, paradigma que subjaz às escolas behavioristas; c "fenomenismo" colocando em cheque a crença na representação objetiví do mundo e afirmando uma diferença entre ciências naturais e ciência* humanas, paradigma que sustenta os humanismos e as psicanálises, etc. Na vida concreta, conforme os valores e as crenças vão se trans- formando, re-configurando-se, os paradigmas mudam. Isso significa que há uma interação constante entre os paradigmas e os atos humanos. Poi um lado os paradigmas são referência silenciosa para os atos e, na medi- da em que eles não podem conter todas as possibilidades de ação que vãc se dando, os paradigmas começam a mudar. Por essa razão, são muitc mais facilmente reconhecidos a posteriori. Por exemplo, foi a queda d* crença na possibilidade da representação objetiva do mundo na consciên- cia que permitiu identificar com clareza quais as posições da Psicologia que se baseavam nela. Da mesma forma, a mudança do pressuposto que afirmava a primazia da consciência, a qual foi colocada em cheque peh 29 conceituação de um inconsciente subjacente às ações, permitiu delinear melhor as posições psicológicas anteriores e possibilitou o desenvolvi- mento das psicanálises. Em Psicologia, reconhecemos os efeitos dos paradigmas, mas, a sua conceituação e o acompanhamento de suas mudanças é objeto de estudo principalmente da Filosofia da Ciência e da Sociologia. Os soció- logos buscam reconhecer as modificações paradigmáticas em ato e pin- çam os indícios que indicam quais as crenças e valores que estão mudan- do, que pressupostos estão se instalando, a partir de que comportamentos, e como eles estão transformando o modo de significar e estar no mundo. As elaborações desses estudiosos nos ajudam a refletir sobre as mudan- ças que encontramos em nossa ação psicológica e nos obriga a repensar as práticas que utilizamos. A clínica há muito nos mostrava a interconectabilidade dos mem- bros de uma família, no entanto, as práticas clássicas da Psicologia Clíni- ca ensinavam a olhar a criança apenas na sua individualidade. A mudan- ça do pressupostode que a subjetividade se constitui como um sistema fechado em si mesmo para o pressuposto que afirma a interação mútua de todas as coisas e eventos, fertilizou o crescimento das abordagens sisté- micas e das terapias familiares modificando sensivelmente a clínica psi- cológica na sua concretude. Deu forma a novos modos de trabalhar a família, aliviando a tensão existente no profissional que antecipava essa necessidade, mas não tinha ainda à disposição as ferramentas para dar conta daquilo que vivia. Da mesma forma, o intercâmbio crescente dos psicólogos clínicos deixou evidente que na prática psicológica pululam direções interpretativas que não podem ser abarcadas por uma única teo- ria nem obedecem a um conjunto de técnicas pré-determinadas, e isso pode ser mais bem compreendido quando a explicitação do paradigma pós-moderno mostrou que o desenvolvimento dos processos de comuni- cação tornou inevitável a prevalência do pressuposto acerca da caleidos- copia do mundo, e isso se refletiu nas novas teorias da linguagem e con- sequentemente também modificou a prática clínica. As considerações como essas, entre muitas outras, mostram que nas Clínicas de Psicologia se fazem presentes situações, as quais escapam da apreensão das teorias existentes e antecipam o paradigma. E na prática que encontramos as lacunas e deficiências teóricas e colocamos em che- 30 que o conhecimento oficial. A clínica, ao contrariar o saber dominante incita a busca de novos conhecimentos e estes trazem em si a marca dc paradigma que começa a se desenhar. Na década de 90, uma exposição de arte organizada e apresentada pelo Musée d 'Art Contemporain Pully em Lausanne na Suíça, Musec d'Arte Contemporânea Rivoli em Turim, na Itália, Deste Foundation foi Contemporary Art, em Atenas, na Grécia e o Deichtorhallen Hamburg. em Hamburgo defendeu a ideia de que é no campo da arte que os novos paradigmas começam a se anunciar. Essa exposição, que circulou poi esses museus nos anos de 1992 e 1993, gerou uma publicação conjunta intitulada Post Human. A exposição mostrou quais as mudanças que estavam se anunci- ando e que levariam nossa sociedade a ultrapassar as crenças e valores que estavam vigorando. Ou seja, pressupostos estavam sendo ultrapassa- dos em nossas vidas e os paradigmas da modernidade e até mesmo o da pós-modernidade não sustentavam nossas ações e os fatos que indicavam o surgimento de um novo paradigma eram anunciados no campo das ar- tes. Uma leitura do que surgia permitia prever profundas mudanças em todas as áreas do conhecimento. A exposição mostrava como na mídia e em diferentes modalidades da arte empreendida por artistas então jovens, apresentava-se a instalação de rotinas de modificação do corpo e a arte conceituai figurativa prenunciava as implicações que a engenharia gené- tica, a cirurgia plástica e outras formas de alteração do corpo teriam na criação de um novo modelo de homem (DEITCH, 1992). As imagens das modificações corporais pelas quais as pessoas estavam passando, já assimiladas na área das artes, tornavam evidente as alterações nas crenças básicas que fundamentavam o modo de compreen- der e conceituar o corpo. E a modificação desses pressupostos anunciava a mudança do paradigma pós-moderno para um novo paradigma, que os autores intitularam de pós-humano. Na modernidade, pensava-se em um corpo que nos é dado. Nascí- amos com ele e ele definia um conjunto de condições nas quais constituí- amos nossa identidade e o modo de ser no mundo: sexo, tamanho, cor, forma, etc. Na pós-modernidade, o sujeito, embora fragmentado e em constante mudança, mantinha, ainda, o corpo que lhe era dado. O anúncio do pós-humano mostra que essa crença em um corpo natural, anonima- 31 mente presente, no qual habitamos está se modificando, o que implica na constituição de um sujeito novo. Esse novo homem pode agir sobre o seu corpo de formas antes impensáveis e essa possibilidade decorre dos a- vanços do conhecimento em muitas áreas. A biotecnologia permite que a pessoa defina as características de seus filhos, a fecundação artificial possibilita que ela tenha filhos para além do que até então se considerava como limite biológico para a gesta- ção, que ela engravide e tenha filhos de um parceiro já falecido ou des- conhecido. As dietas e as cirurgias plásticas, os recursos voltados à esté- tica corporal, as academias permitem que cada um de nós possa modificar toda a sua aparência. Já são possíveis mudanças de sexo e de cor, características consideradas imexíveis quando acreditamos no corpo natural que nos é dado. As pesquisas com células tronco apontam para novas modificações que poderão mudar a forma e a estrutura de nosso corpo. As ciências da computação começam a pesquisar o implante de chips nos cérebros substituindo o comando das ações mecânicas. A exposição de arte mostrava que esse paradigma pós-humano já está presente em nosso cotidiano desde o início dos anos 90, nas notícias de jornais, nas revistas, na divulgação das clonagens, nas imagens da Ivana Trump, Madonna, Michael Jackson e Demi Moore entre outros. Se olharmos para a nossa clínica, veremos que ali também, esse novo paradigma, que a exposição chama de pós-humano, já está presente. Nossos clientes modificam o seu corpo; frequentam academias, fazem dietas, cirurgias plásticas, implantes, inseminações artificiais, olham o rosto de seus filhos ainda no ventre, observam seus movimentos e rea- ções já durante a gestação, através do avanço dos exames de ultía-som. Alguns clientes já mudam o sexo, ou pensam em mudar. É evidente em muitas pessoas a presença do pressuposto de que o corpo é maleável e pode ser modificado em grande parte conforme o desejarem, livres dos códigos genéticos que herdaram. Elas podem se inventar, se modificar tendo como referência a fantasia e o desejo mais do que a racionalidade. Para elas, é possível construir o corpo e mudá-lo posteriormente, colocar e tirar silicone, aumentar e diminuir o queixo, etc. Estão conscientes de que novas possibilidades surgem a cada dia, com os avanços científicos e tecnológicos, de tal modo que se algo, na atualidade, não é possível, em breve o será. E muitos corpos maleáveis começam a ter como modelo de 32 autoconstrução artistas de televisão ou personagens cuja imagem é ofere cida pela mídia. Enfim, alterar a aparência, transformar e recriar o corpc tornam-se uma atividade integrada à rotina. As mudanças são provisória; e podem voltar a acontecer, o que significa que passamos a habitar nãc mais o corpo que nos foi dado, mas, um corpo que escolhemos, e que i provisório, sobre o qual podemos atuar. Embora esses casos apareçam em nossas clínicas, ainda surgem de modo pontual, mas, a mudança está ocorrendo e gradualmente se fa- zem mais constantes. São casos que podem não parecer muito importan- tes do porto de vista social quando considerados isoladamente, mas, que. em conjunto, mostram que a aceitação de uma aparência "natural" e de uma personalidade "natural" está sendo substituída pelo pressuposto, cada vez mais disseminado, de que é normal reinventar-se a si mesmo. Consequentemente, os conceitos com os quais pensamos o corpo na clínica já se mostram insuficientes. A prática já exige o desenvolvi- mento de um novo conceito para o corpo, e, ao fazê-lo, exige o desenvol- vimento de uma nova compreensão do self. Inevitavelmente a Psicologia precisará construir novos conceitos de homem, não apenas para respon- der a uma imposição teórica que a obrigue a corresponder aos avanços científicos e tecnológicos, caso queira manter seu status enquanto ciência e profissão, mas, principalmente, porque os fatos e as experiências com que os profissionais se deparam na clínica assim o exigem. O desmanche do corpo natural é apenas uma das situações que mostram a mudança de paradigma, outras modificações se fazem presen- tes na clínica psicológica, O forte ressurgimento das religiões, o uso disseminado de técni- cas"alternativas", entre outras situações faz, hoje, parte do dia a dia da clínica. Os clientes aderem a várias religiões e, muitas vezes, ao mesmo tempo. A descrença na racionalidade humana, levantada pelas atrocida- des da última guerra, e questionada no pós-modernismo, alcança com força a Psicologia. Os Psicólogos são obrigados a se confrontarem com suas próprias crenças pessoais para fazer frente à demanda de seus paci- entes. E não encontram respaldo nas teorias conhecidas, já que estas se desenvolveram sob o paradigma do cientificismo que alijou os temas da espiritualidade, da religiosidade e da religião de seu universo de estudo. Nas várias ciências, e na Psicologia, no entanto, teorias que atentam para 33 essas dimensões começam a ganhar corpo e a ocupar lugares oficiais. Assim, abordagens antes consideradas alternativas, como a Psicologia Transpessoal e a Psicosíntese, começam a ganhar expressão na clínica psicológica e incitam a que se realizem estudos que possam desenvolvê- las, para dar respaldo às novas exigências. Essas questões mostram, mais uma vez, que a clínica é o lócus ideal para a pesquisa e para o desenvolvimento de novas possibilidades criativas e rigorosas que dêem conta da ação junto ao cliente. Elas aler- tam para a necessidade do psicólogo clínico manter-se em movimento. Estar atento para as mudanças que surgem em seu consultório, para o novo homem que é o seu cliente e transformar seus questionamentos em problematizações que, se devidamente perseguidas, poderão gerar novos conhecimentos. Referências ANCONA-LOPEZ, Marília. Fenomenologia do corpo e o envelhecimento da clínica psicológica: quando a prática questiona a teoria. In: CORTE; MERCADANTE; ARCURI. Velhice, Envelhecimento. São Paulo: Vetor, 2005. DEITCH, Jeffrey. Post Human. FAE Musée d'Art Contemporain Pully/ Lausanne, Castello di Rivoli (Torino), Deste Foundation for Contemporary Art Athens, Deichtorhallen Hamburg, Hamburg, New York, 1992. Diretrizes Curriculares Nacionais Para Os Cursos de Psicologia. Conselho Nacional de Educação, Câmara de Ensino Superior. 2004. DOMINGUES, Ivan. O grau zero do conhecimento; o problema da fundamentação das ciências humanas. São Paulo: Loyola, 2004. FIGUEIREDO, L. C. Matrizes do Pensamento Psicológico. Petrópolis: Vozes, 1991. GIOVANETTI, J. P. A representação da religião na pós-modernidade. In: PAIVA, GJ. ; ZANGARI, W. A representação na religião: perspectivas psico- lógicas. São Paulo: Loyola, 2004. 34 • 2. A PRATICA DA INSTITUIÇÃO OLOGIA CLINICA COMO Marlene Cuirado Desde o título, este XEC Encontro firma uma ideia importante: discutir os Serviços-Escola de Psicologia do ponto de vista das Práticas Psicológicas em Instituições. Quero fazer, nesses títulos, um destaque: convidam para discutir serviços, e não, clínicas-escola. A relevância desse aspecto reside no fato de estender, para além dos consultórios, o atendimento psicológico, ainda na formação dos pro- fissionais. Mas, onde foi parar o termo clínica-escola que, historicamente, nomeava tais Encontros? Creio que, por uma questão também histórica, os estágios de quarto e quinto ano foram legitimando outras inserções de nossos alunos em outras instituições, diferentes das de atendimentos tra- dicionalmente chamados de clínicos (em consultórios), com direito a se emparelharem a estes, em importância para a formação. E isto é, no mí- nimo, uma conquista. Creio ainda que, por uma dessas armadilhas discur- sivas das quais não nos damos conta, o termo clínica selou sua conotação de atendimento individual, na sombra do sentido de ser ele também uma instituição. Quero, ainda, fazer outro destaque: o tema geral do Encontro é Práticas Psicológicas em Instituições. Esse título deixa, por sua vez, na sombra a possibilidade de pensar as próprias práticas psicológicas como instituição. Destino-me então a trazer para nossos debates o que parece ter fi- cado à sombra de ambos os títulos: a prática da psicologia clínica como instituição, inclusive na aprendizagem feita a partir das clínicas-escola, nos quintos anos das faculdades de psicologia. U m conceito de instituição como o p e r a d o r do pensamen to Começo com o conceito de instituição com que trabalho (GUILHON ALBUQUERQUE, 1978). Para além das organizações e dos regulamen- tos particulares e oficiais, bem como dos muros físicos dos prédios e das 35
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