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Hermenêutica bíblica Aula 2: Fundamentos históricos de hermenêutica bíblica Apresentação Após re�etirmos sobre as etimologias e os signi�cados tanto de hermenêutica quanto de hermenêutica bíblica, bem como a relevância de ambas na Teologia, vocês agora estão convidados para a próxima fase de nossa jornada de estudos. Estudo dos assuntos que compõem a Bíblia, a bibliologia ganhou força e reconhecimento dentro dos estudos teológicos com o estabelecimento de uma hermenêutica própria. Apreciaremos nesta aula o surgimento da hermenêutica bíblica e sua relação com as muitas escolas hermenêuticas em várias áreas do conhecimento. Para isso, mediremos a associação entre sujeito e texto, analisaremos o processo da prática hermenêutica e contrastaremos a vinculação entre hermenêutica e retórica. O objetivo dessas práticas é nos cercar de subsídios para explicar, interpretar e compreender os Textos Sagrados. É de fundamental importância para esse aprendizado que as versões católica e protestante da Bíblia sejam sempre consultadas pelo aluno. Objetivos Identi�car o surgimento da hermenêutica bíblica como o ápice dos estudos da Bíblia; Coordenar a hermenêutica bíblica com as muitas escolas hermenêuticas em várias áreas do conhecimento; Categorizar a força da bibliologia e seu reconhecimento com o estabelecimento de uma hermenêutica própria. Fundamentações teóricas da hermenêutica bíblica A tentativa de interpretação das Sagradas Escrituras é uma ação tão antiga quanto a existência da humanidade. Embora os conceitos de hermenêutica e hermenêutica bíblica tenham surgido muito depois com a própria prática dessa (tentativa de) explanação, a busca de uma interpretação sem interferência do leitor, para que a mensagem divina não seja alterada em sua essência, faz parte da trajetória de construção da história da bibliologia. O homem, a�nal, sempre tentou transmitir ideias e crenças às gerações seguintes com a tecnologia disponível à sua época, como a pedra, a cerâmica, o linho, as tábuas e o papiro. Para Souza: A bibliologia é um dos campos de estudos da Teologia Sistemática que se ocupa do estudo da Bíblia desde a sua origem, estrutura, formação, inspiração e história. O objetivo desses estudos é fornecer informações importantes sobre a história da Bíblia, a sua formação e preservação baseada nos testemunhos dos profetas, apóstolos e de Jesus Cristo, procurando demonstrar, por meio da própria Bíblia e por relatos históricos, a realidade dos fatos. - SOUZA, 1996, p. 56 Vale recordar que, para o Cristianismo, o Antigo Testamento e o Novo Testamento compõem a “Sagrada Escritura”. Apesar de o Novo Testamento ter lugar central e essencial nessa equação, o Antigo Testamento é o responsável por situar a história da revelação de Deus até a aliança de�nitiva em Jesus. Ele identi�ca a primeira aliança que Deus fez com seu povo: Vós sereis o meu povo e Eu serei o vosso Deus. - LV 26,12; JR 7,23; EZ 37,27. Figura: Os dez mandamentos. Figura: Os artigos de Esmalcalda. Pelo ponto alto da revelação divina, o Novo Testamento nos possibilita compreender a Antiga Escritura pela ótica de Jesus: “não pensem que vim acabar com a lei e os profetas. Não vim acabar, mas sim dar-lhes pleno cumprimento.” (Mt 5,17) Em 1537, Martinho Lutero faz um sumário da doutrina protestante em Os artigos de Esmalcalda que tange tal abordagem: Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Mas a função principal da lei é revelar o pecado hereditário, com os frutos e tudo, e mostrar ao homem a que tremenda profundidade sua natureza caiu [...]. O Novo Testamento mantém essa função da lei e também insiste nela, como faz Paulo em Rm 1, em que diz: “A ira de Deus é revelada do céu sobre todos os homens [...]”. O Novo Testamento acrescenta imediatamente, através do evangelho, a consoladora promessa de graça, na qual cumpre [que] se creia. É como diz Cristo em Marcos 1: “Arrependei-vos e crede no evangelho”, isto é, “Tornai-vos outros e procedei de maneira diferente e crede em minha promessa”. - LUTERO, 1980, p. 324-325. Na constituição da hermenêutica bíblica, um obstáculo fundamental a ser superado foi o da “mitologização” da interpretação dos textos. Para tanto, foi necessário instrumentalizar essa interpretação pela obediência às regras gramaticais e às técnicas interpretativas, bem como à análise detalhada do contexto histórico da narrativa. A �lologia torna-se também uma aliada importantíssima para a interpretação dos Textos Sagrados. Ela se preocupa com o “estudo rigoroso dos documentos escritos antigos e de sua transmissão, para estabelecer, interpretar e editar esses textos”, conforme de�ne o dicionário Houaiss (2019). Foi necessário haver também um processo de “demitologização” a �m de que o texto não fosse alterado em seu sentido original. Grodin a�rma que: Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online A linguagem mítica já não podia mais ser concebida ao pé da letra ou em seu sentido literário. Ela exigia uma interpretação “alegórica”. Os seus inícios são geralmente detectados na �loso�a estoica, que elaborava uma interpretação sistemática, racionalizante e, por conseguinte, alegórica dos mitos. - GRODIN, 1999, p. 56-57. A hermenêutica está presente em várias áreas do conhecimento: Filoso�a Ciências jurídicas Gramática Literatura Fenomenologia Estudo da Bíblia O Supremo Tribunal Federal, por exemplo, não pode interpretar com segurança as leis e a Constituição Federal sem que as regras de interpretação sejam rigorosamente cumpridas. É necessário, portanto, haver uma base para servir de parâmetro interpretativo. Schleiermacher, Gadamer, Paul Ricoeur e Martin Heidegger ofereceram uma contribuição essencial no estabelecimento dessa base: a hermenêutica �losó�ca. Sua in�uência sobre todas as outras é signi�cativa. Vejamos, a seguir, o porquê disso. Como todo discurso tem uma dupla relação com a totalidade da linguagem e com o pensar geral de seu autor, assim também toda compreensão consiste em dois momentos, compreender o discurso enquanto extraído da linguagem e compreendê-lo enquanto fato naquele que pensa. - SCHLEIERMACHER, 2005, p. 95. Friedrich Schleiermacher Gadamer também explicita a importância da hermenêutica para a interpretação em várias áreas do conhecimento. Segundo o �lósofo, ela é uma ferramenta metodológica que permite a clareza da interpretação. A contribuição que a “hermenêutica” pode fazer é sempre de transferência de um mundo para outro, do mundo dos deuses para o mundo dos homens, do mundo de uma língua estrangeira para o mundo da língua própria (os tradutores humanos podem traduzir apenas para a sua própria língua. - GADAMER, 2004, p. 112. Nos estudos dos Textos Sagrados, o surgimento da hermenêutica bíblica justi�ca-se por estes três itens: 1 Explicação 2 Interpretação 3 Compreensão A história da hermenêutica bíblica podia traçar-se: através da Igreja primitiva; dos patriarcas; da interpretação medieval quadruplicada da Bíblia; da luta de Lutero contra os sistemas de interpretação místico, dogmático, humanísticos e outros; do aparecimento do método histórico-crítico no século XVIII e do complexo de forças em atuação durante esse período, querendo remodelar a interpretação das Escrituras; de contributo de Scheleiermacher; da escola da história das religiões relativamente à interpretação; do aparecimento da teologia dialética dos anos de 1920 e da nova hermenêutica contemporânea. - PALMER, 1969, p. 46. A interpretação da Sagrada Escritura, ao longo da história, está marcada por várias vertentes hermenêuticas. Herdada pelos primeiros cristãos, a vertente dos judeus se fundamentava numa interpretação literal, “ao pé da letra”. Em muitos casos, ocorria o processo inverso, já que seus analistas buscavam, pela racionalidade e cognição, imprimir ao texto um sentido, uma explicação convincente, já que ele, por ser de ordem divina, nunca estaria sem sentido. Em 1993, no discurso por ocasião do centenárioda encíclica Providentissimus Deus e pelo cinquentenário da Divino a�ante spiritu, o Papa João Paulo II lançou o seguinte alerta: O modo de interpretar os textos bíblicos para os homens e as mulheres de hoje tem consequências diretas sobre a relação pessoal e comunitária dos mesmos com Deus, e está também estreitamente ligado à missão da Igreja. Trata-se de um problema vital que merecia toda a vossa atenção. - PAULO II, 1993. Vale recordar, mais uma vez, que a exegese não pode ser esquecida, pois ela, em conjunto com a hermenêutica, tem exercido um papel muito importante no processo interpretativo da Escritura. João Paulo II também alertava que: [...] a atividade da exegese é chamada a ser repensada levando-se em consideração a hermenêutica �losó�ca contemporânea, que colocou em evidência a implicação da subjetividade no conhecimento, especialmente no conhecimento histórico. - ibid. Por causa de interpretações literais, houve, ao longo da história, alguns equívocos, condenando tudo aquilo considerado contrário à narração bíblica. Esse foi o caso da pena imposta a Galileu Galilei, condenado por contestar a narração bíblica ao ter aplicado o conhecimento cientí�co na explicação de fenômenos físicos. Saiba mais Saiba quem foi Galileu Galilei neste vídeo e conheça aqui seu caso com a Igreja. Livro do Gênesis de uma Bíblia em tâmil (1723). A hermenêutica bíblica contextualiza determinado fato no tempo e no espaço, proporcionando a compreensão do agir de Deus ao longo da história de seu povo. O teólogo João Batista Libânio re�ete que: [...] a atividade da exegese é chamada a ser repensada levando-se em consideração a hermenêutica �losó�ca contemporânea, que colocou em evidência a implicação da subjetividade no conhecimento, especialmente no conhecimento histórico. - LIBÂNIO, 1996, p. 316. Deus age na história humana e não retira de seu povo o lugar dele. A relação Dele com o seu povo é amorosa, atenta e contínua. Por isso, ele é valorizado por Deus. O catecismo da Igreja Católica ensina que: javascript:void(0); javascript:void(0); 218. No decorrer da sua história, Israel pôde descobrir que Deus só tinha uma razão para Se lhe ter revelado e o ter escolhido, de entre todos os povos, para ser o seu povo: o seu amor gratuito (19). E Israel compreendeu, graças aos seus profetas, que foi também por amor que Deus não deixou de o salvar (20) e de lhe perdoar a sua in�delidade e os seus pecados (21). 219. O amor de Deus para com Israel é comparado ao amor dum pai para com o seu �lho (22). Este amor é mais forte que o de uma mãe para com os seus �lhos (23). Deus ama o seu povo, mais que um esposo a sua bem-amada (24); este amor vencerá mesmo as piores in�delidades (25); e chegará ao mais precioso de todos os dons: “Deus amou de tal maneira o mundo, que lhe entregou o seu Filho Único”. (Jo 3, 16) 220. O amor de Deus é “eterno” (Is 54, 8): “Ainda que as montanhas se desloquem e vacilem as colinas, o meu amor não te abandonará”. (Is 54, 10) “Amei-te com amor eterno: por isso, guardei o meu favor para contigo.” (Jr 31, 3) 221. São João irá ainda mais longe ao a�rmar: “Deus é Amor”. (1 Jo 4, 8, 16) A própria essência de Deus é Amor. Ao enviar, na plenitude dos tempos, o seu Filho único e o Espírito de Amor, Deus revela o seu segredo mais íntimo: "Ele próprio é eternamente permuta de amor: Pai, Filho e Espírito Santo; e destinou-nos a tomar parte nessa comunhão". Deus age como Criador, mas não minimiza o papel de suas criaturas. Na constituição dogmática Dei Verbum (1965) sobre a revelação divina, o Papa Paulo VI assim explicava: Portanto, na Sagrada Escritura, salvas sempre a verdade e a santidade de Deus, manifesta-se a admirável “condescendência” da eterna sabedoria, “para conhecermos a inefável benignidade de Deus e com quanta acomodação Ele falou, tomando providência e cuidado da nossa natureza” (11). As palavras de Deus, com efeito, expressas por línguas humanas, tornaram-se intimamente semelhantes à linguagem humana, como outrora o Verbo do eterno Pai se assemelhou aos homens, tomando a carne da fraqueza humana. - PAULO VI, 1965. O encontro de Deus com o seu povo e do povo com o seu Deus é o maior evento de amor de que a humanidade já teve notícia. Por isso, não podemos estudar o Antigo Testamento isolando-o da segunda parte da Bíblia. Este trecho mostra a ligação entre ambos: Estabelecerei a minha aliança como aliança eterna entre mim e você e os seus futuros descendentes para ser o seu Deus e o Deus dos seus descendentes. Toda a terra de Canaã, onde agora você é estrangeiro, darei como propriedade perpétua a você e a seus descendentes; e serei o Deus deles. "De sua parte", disse Deus a Abraão, "guarde a minha aliança, tanto você como os seus futuros descendentes. Esta é a minha aliança com você e com os seus descendentes, aliança que terá que ser guardada: Todos os do sexo masculino entre vocês serão circuncidados na carne. Terão que fazer essa marca, que será o sinal da aliança entre mim e vocês. - PAULO VI, 1965 A hermenêutica bíblica necessita de uma visão única: ao não fragmentar o texto, ela confere um sentido de unidade à veri�cação da história de salvação. A continuidade e um sentido de totalidade permitem ainda que os relatos bíblicos sejam compreendidos a partir do contexto histórico, político, social e religioso em que eles aconteceram e foram narrados. Comentário Como já frisamos anteriormente, para estudar a Sagrada Escritura, é necessário conhecer estes dois termos: “exegese” e “hermenêutica”. A exegese difere um pouco do outro termo: seu princípio é especi�car as etapas ou os passos possíveis em sua interpretação. Já a hermenêutica origina-se do verbo grego hermeneuein, cujo signi�cado é igual ao da palavra “exegese”: interpretar. A hermenêutica bíblica, no entanto, designa mais particularmente os princípios que regem a interpretação do texto. Enquanto a exegese permanece em seu contexto histórico, a hermenêutica parece ter alcançado um nível de palavra-chave do tempo. Portanto, a leitura diacrônica conferida por ela possibilita uma interpretação mais rica do texto para uma pregação atualizada. O método histórico- crítico É um método de interpretação da Sagrada Escritura que se liberta de primícias dogmáticas para avaliar o texto bíblico. Não sabemos a sua origem, mas, após a Reforma Protestante, com a sua leitura radical e literal da Sagrada Escritura (sola scriptura), ele veio à tona. Alguns o atribuem a Santo Agostinho, bispo de Hipona. O método de Santo Agostinho tem quatro fases: Figura: Santo Agostinho de Hipona. Clique nos botões para ver as informações. Crítica textual Busca fundamentar-se nos testemunhos mais remotos e nos melhores manuscritos e traduções que tentam estabelecer o texto bíblico o mais próximo possível do original. Figura: Manuscrito mais antigo da epístola a Filémon. Estudo analítico de morfologia e sintaxe, embora também use a semântica. Seu objetivo é determinar o início e o �m das unidades textuais, ou seja, o gênero literário, a tradição e a redação do texto. Portanto, a análise linguística possibilita a observação da coerência dos textos em si. Pode-se veri�car se os textos encontrados são de um mesmo autor ou não para que, dessa forma, seja determinado o gênero literário do texto e o ambiente que o gerou. Este texto é conhecido como crítica da redação. Análise linguística Se o texto pertence a um gênero literário histórico ou a um evento, será possível, de acordo com a análise histórica e a crítica literária, compreender o sentido moderno da História. Esse passo pode jogar luz no Texto Sagrado e possibilitar uma série de juízos sobre as fontes Isso é o oposto de uma interpretação alegórica muito usada na Idade Média. Ao aprofundarem o sentido literal do texto, os medievais con�rmavam a visão de que a Bíblia deveria ser interpretada unicamente por si própria. Gêneros literários Crítica histórica e avaliação Este tipo de leitura, que impulsionou o estudo daSagrada Escritura, é de suma importância para se compreender a Palavra de Deus. A avaliação também pode ter um sentido negativo para o estudo da Bíblia, pois não pode ser ignorada a seguinte perspectiva: a de que a Sagrada Escritura é apenas uma obra literária sem inspiração, podendo tornar- se mero “objeto de estudo” sem nenhuma base na fé. Podemos dizer que a avaliação também é um método diacrônico que pode nos fazer perder a noção de uma unidade bíblica. Por isso, atualmente, criaram-se métodos de leitura para privilegiar o texto em si: Análise retorica; Análise narrativa; Semiótica. Figura: Livros do Antigo Testamento. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online As vertentes protestante e católica da hermenêutica bíblica A vertente protestante Podemos considerar que esta vertente também marcou a história da hermenêutica bíblica. Martinho Lutero de�nia a Bíblia como a única prova possível dos fatos. Dessa forma, sua interpretação passaria ser um direito individual, já que o Texto Sagrado tem primazia absoluta em relação a quaisquer fontes ou interpretações, como determina o princípio da sola scriptura. Esse princípio é um dos pontos da Reforma Protestante fundamentada por Lutero em suas 95 teses. Figura: As 95 teses de Lutero. Saiba mais De alguma forma, a Reforma Protestante imprimiu força à hermenêutica. Ao pregar a liberdade de interpretação, este ramo da �loso�a pôde levantar muitas discussões sobre sua validade em função da multiplicidade de interpretações que ele abarcaria. Ao mesmo tempo, a Reforma Protestante abriu horizontes analíticos ao ter retomado, segundo Lutero, a originalidade da Bíblia Sagrada, até então “deturpada” por ter sido mantida nas mãos (e segundo a interpretação) do clero católico. Conheçamos este ensaio do reverendo Augustus Nicodemos Lopes sobre Martinho Lutero. A vertente católica Nesta vertente, a tradição sempre teve lugar privilegiado. Preservar a apologética foi uma linha mantida até o século XIX. 1 A interpretação da Bíblia sempre levou em conta o entrelaçamento entre a Sagrada Escritura e o magistério da Igreja. A interpretação não é livre. Não cabe a cada um interpretar a Bíblia a partir da própria análise, mas de acordo com o que foi interpretado pela tradição. Na constituição dogmática Dei Verbum, o Papa Paulo VI, em relação à revelação divina, pontua o seguinte: A sagrada tradição, portanto, e a Sagrada Escritura estão intimamente unidas e compenetradas entre si. Com efeito, derivando ambas da mesma fonte divina, fazem como que uma coisa só e tendem ao mesmo �m. A Sagrada Escritura é a palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito Santo; a sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos apóstolos a palavra de Deus con�ada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos apóstolos, para que eles, com a luz do Espírito de verdade, a javascript:void(0); https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0123/aula2.html conservem, a exponham e a difundam �elmente na sua pregação; donde resulta assim que a Igreja não tira só da Sagrada Escritura a sua certeza a respeito de todas as coisas reveladas. Por isso, ambas devem ser recebidas e veneradas com igual espírito de piedade e reverência (6). - PAULO VI, 1965. Saiba mais Con�ra a encíclica Divino a�ante spiritu. Em 1943, o Papa Pio XII havia dito que, na Bíblia, há vários gêneros literários. Sobre o estudo da Sagrada Escritura, ele também a�rmou que: Figura: Papa Pio XII. [...] o povo de Israel se avantajou singularmente entre as outras nações orientais ao escrever a história, tanto pela antiguidade como pela �delidade na narração dos fatos, o que na verdade se deduz do carisma da inspiração divina e o �m propriamente religioso da história bíblica. - PIO XII, 1943. javascript:void(0); Figura: Papa Sisto IV na biblioteca do Vaticano. Nesse processo de construção, a bibliologia ganha força e reconhecimento. Ela cumpre o papel essencial de fornecer dados e informações que possam fazer com que a Bíblia seja cada vez mais conhecida em seus ricos detalhes. Mantém, além disso, a �delidade aos testemunhos de profetas, apóstolos e Jesus Cristo, permitindo o conhecimento do contexto histórico, social, cultural e religioso dos fatos narrados. Comentário A Bíblia é uma biblioteca, pois é formada por vários livros. Está organizada em duas partes. É como uma estante com duas divisões, cada uma delas com prateleiras designadas especi�camente para os seus livros. Sua organização depende da aceitação do cânone , que é diferente – apenas no Antigo Testamento – para católicos e protestantes. 2 Saiba mais https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0123/aula2.html Con�ra o Poema sobre a Bíblia .1 Atividade 1 - A hermenêutica bíblica pretende estudar os princípios da interpretação da Bíblia enquanto coleção de livros sagrados e divinamente inspirados. A tentativa de interpretação das Sagradas Escrituras é uma ação tão antiga quanto a existência da humanidade. Um obstáculo fundamental a ser superado na interpretação foi a: a) Mitologização b) Revelação c) Inspiração d) Iluminação e) Contextualização 2 - A hermenêutica bíblica não deve se afastar do texto bíblico. O principal objetivo da hermenêutica bíblica é o de descobrir a intenção original do autor bíblico. No caso do Texto Sagrado, o leitor, ao menos racionalmente, não tem acesso direto ao autor original. Por isso, é necessário aplicar princípios da hermenêutica (a ciência da interpretação) ao texto bíblico. Quais palavras completam, com coerência textual, o fragmento abaixo? Em várias áreas do conhecimento, a ________________ está presente: �loso�a, ciências jurídicas, gramática, literatura, fenomenologia e na _________________. O Supremo Tribunal Federal, por exemplo, não pode interpretar com segurança as leis e a Constituição sem que regras de _____________ sejam rigorosamente cumpridas. a) Hermenêutica, bibliologia e interpretação. b) Interpretação, bibliologia e interpretação. c) Bibliologia, hermenêutica e interpretação. d) Interpretação, hermenêutica e bibliologia. e) Hermenêutica, interpretação e bibliologia. 3 - Vem do grego antigo biblon (que signi�ca “livro”) e logos (palavra, discurso, raciocínio). Cumpre o papel essencial de fornecer dados e informações que possam fazer com que a Bíblia, desde a sua origem, estrutura, formação, inspiração e história, seja cada vez mais conhecida em seus ricos detalhes. Essa de�nição pertence a: https://stecine.azureedge.net/webaula/estacio/go0123/aula2.html a) Bibliologia b) Pneumática c) Exegese d) Semiótica e) Retórica Notas Apologética1 A apologética possui duas conceituações: a teológica e a formal. • Teologia: Defesa argumentativa de que a fé pode ser comprovada pela razão. • Conceito: Defesa persistente de alguma doutrina, teoria ou ideia. Cânone2 A Bíblia protestante tem 66 livros. Lutero não aceitou os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (ou Sirácida), 1 e 2 Macabeus, além de partes dos livros de Ester 10,4-16 e Daniel 3,24-20; 13-14. Todos são do Antigo Testamento. Para a Igreja Católica, estes textos compõem o deuterocanônico; para os protestantes, apócrifos ou pseudocanônicos. Poema sobre a Bíblia3 Dos muitos livros que existem, da Bíblia quero falar pois ela reúne tudo que o homem possa buscar passado, presente e futuro, seu conteúdo é seguro a história pode contar. Escrita por 40 homens, pela inspiração divina levaram 16 séculos, seguindo a mesma sina eles não se conheceram, em outras eras viveram mas a mensagem é genuína. É uma enciclopédia, um livro em 66 dividida em duas partes, antiga e nova se fez chamadas de testamentos, luz pra todos os momentos renova-se a cada vez. A Bíblia é a verdade, ela é justa e atual revela o que está oculto, discerne o bem e o mal é a palavra de Deus, transmitindo aos �lhos seus o alimento vital. Já instruiu pensadores, poetas e até mesmo ateus tem palavras de confortopara ricos e plebeus transformou vidas sem rumo, pra muitos serve de prumo pois contém poder de Deus. Ela é luz para o caminho, é lâmpada para os pés o manual mais completo, saída para o revés o guia do viajor, perfeita fonte de amor suas letras são �éis. É o livro mais vendido, mais lido, mais comentado, somente quem lê a Bíblia, tem privilégio sagrado de estar com o autor bem pertinho, do seu lado. (DUARTE, 2019) Referências _______. Bíblia católica. Disponível em: https://www.bibliacatolica.com.br/. Acesso em: 10 abr. 2019. _______. Bíblia online. Disponível em: https://www.bibliaonline.com.br/. Acesso em: 11 abr. 2019. _______. Filologia (dicionário Houaiss). In: Filologia, ecdótica e crítica textual. Disponível em: //www.usp.br/cje/depaula/wp-content/uploads/2018/08/03_Filol_Ecd_Crtextual.pdf. Acesso em: 11 abr. 2019. _____. Galileu Galilei - ilustrando história. In: Ilustrando história. 27 jun. 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Uxko6UMN0xI. Acesso em: 11 abr. 2019. AQUINO, F. Caso Galileu Galileu. In: Católicos, voltem para casa. 8 dez. 2014. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=9ay12J4S7Fk. Acesso em: 11 abr. 2019. CROATTO, J. S. 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