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Direito do Trabalho A discriminação de gênero no ambiente de trabalho é um tema que jamais vai se tornar fora de moda. Existe discriminação de gênero desde os tempos mais proêmios da sociedade até os dias atuais. E hoje nós iremos falar de discriminação de gênero, não de uma forma global, mas sim direcionada às relações de trabalho. E aqui eu trago algumas considerações inaugurais. Para a gente contextualizar o conhecimento, o que seria uma relação de trabalho? Eu sei que muitos já sabem, mas eu quero contextualizar para a gente entender melhor essa problemática. Uma relação de trabalho é aquela formada de um lado pelo empregador e de outro, pelo empregado. O empregado é aquele que presta serviços e é remunerado e o empregador é aquele que acolhe a prestação de serviços e remunera. Bom, a gente sabe que essa relação de trabalho é uma relação historicamente de certo modo até natural, desigual. É uma relação desequilibrada. O empregador está numa situação de superioridade e o empregado numa situação de inferioridade. Afinal é o empregador que detém do poder econômico, dos meios de trabalho. Ou seja, é uma relação desigual. Porém ela se torna mais desigual ainda quando no local do empregado nós temos uma mulher. E nós temos exemplos práticos que demonstram que de fato a situação da mulher da mulher no mercado de trabalho ainda é muito desfavorável. Para a gente entender melhor essa problemática vamos entender o que é desigualdade de gênero. Em termos gerais, a desigualdade de gênero, sexismo, nada mais é do que o fato de você favorecer o indivíduo, nesse caso a gente está falando do homem e esse favorecimento é motivado tão somente pela condição de seu gênero, pelo fato dele ser masculino e nessa relação há um menosprezo da parte preterida, no caso a mulher, que tem os seus atributos intelectuais, profissionais totalmente rechaçados, ensejando aqui uma discriminação negativa. Mas quando a gente fala em discriminação de gênero o nosso ponto de partida deve ser sem sombra de dúvidas a Constituição Federal. Quando a gente coloca nossos olhares para a Constituição Federal brasileira 1988 a gente verifica que ela estabeleceu uma verdadeira cadeia protetiva no que tange ao afastamento da discriminação de gênero. O nosso legislador constituinte originário se empenhou ideologicamente para afastar a discriminação do gênero no ambiente de trabalho. Isso se refletiu através das diversas legislações. E aliás, nós também temos várias legislações internacionais a respeito. Como podemos verificar o artigo terceiro, mas precisamente o inciso quarto diz que constitui um objetivo fundamental da República Federativa do Brasil: Promover o bem de todos sem preconceitos de origem, raça, sexo, dentre outros. O que a gente observa é que nosso legislador constituinte originário de 88 trouxe como objetivo para o estado brasileiro a ideia de promover a igualdade de gênero também. É política do estado brasileiro promover a igualdade seja através de políticas públicas, legislações, enfim, através de meios de garantir a efetividade dessas políticas e essas normas. Novamente verificamos no artigo quinto que expressamente estabelece que todos são iguais perante a lei. Não pode haver distinção. E inciso primeiro, os homens e as mulheres são iguais em direitos e obrigações. Leia-se também direitos trabalhistas e obrigações trabalhistas. E por fim temos o artigo sétimo que é o pilar constitucional do direito do trabalho, traz em um dos sues incisos que não pode haver diferença de salários em funções e de critérios de admissão por motivo de sexo por motivo de idade por ou estado civil Mas quando a gente fala em discriminação de gênero, no ambiente de trabalho, a gente tem que levar em conta que ela pode ocorrer nas três etapas da relação de trabalho. Na fase pré-contratual, ou seja, antes do contrato de trabalho propriamente dito, na fase contratual, que é a execução do contrato de trabalho propriamente dito e a fase pós-contratual, o encerramento do pacto laboral. Nas três situações podem ocorrer discriminação de gênero. E eu vou mostrar vou mostrar várias e várias estatísticas comprovando que a discriminação de gênero, e quem realmente é a vítima numa discriminação de gênero é a mulher. Ela ocorre nas três fases da relação de trabalho. Na fase pré-contratual a gente está falando daquela fase da admissão. Na fase que antecede o contrato de trabalho propriamente dito. A gente sabe que as mulheres reprovam muito mais do que os homens em seleções. Elas são menos contratadas do que os homens, isso de fato no inverso praticamente não acontece, claro há situações que existem relações de trabalho que exigem aqui um sexo específico, mas numa situação de normalidade é comum que os homens não admitam mais as mulheres do ambiente de trabalho. Uma pesquisa feita recentemente da plataforma Linkedin foi constatado pelas mulheres 13% menos chance de serem consideradas como recrutadores. E mostrou também que para elas conseguirem essas vagas elas precisam preencher 100% dos requisitos, quando os homens na verdade já estão aí dentro do emprego por 60% desses requisitos, está muito claro que há uma pretensão. O número de mulheres desempregadas 29% maior que os homens. As mulheres ocupam aproximadamente 44% das vagas de emprego no Brasil. Apesar delas serem a maioria da população e aliás terem mais educação formal. Bom, na fase contratual que é no desenrolar do contrato de trabalho propriamente dito, as mulheres são as que sofrem mais, assédio moral, assédio sexual e igualmente grave, recebe menos do que os homens. Segundo pesquisas recentes do IBGE a mulher ganha menos e aliás em todas as ocupações. As mulheres ganham em média 74,5% do salário dos homens ocupando os mesmos cargos. E por fim a fase pós contratual, o fim do contrato de trabalho, a fase que se encerra o contrato de trabalho é propriamente dito. Segundo o estudo da FGV nós tivemos aí uma pesquisa que apontou que metade das mães que trabalham elas são demitidas até dois anos depois que acaba a licença devido aquela mentalidade de que os cuidados com os filhos é realmente exclusividade delas e isso meio que “atrapalharia”. Então existe sim a questão da discriminação de gênero na fase pré-contratual no que diz respeito à admissão das mulheres, que tem menos chances de ingressar no mercado de trabalho. Na fase contratual, que diz respeito ao recebimento de salários, as mulheres recebem menos do que os homens, sofrem mais assédio moral, mais assédio sexual e na fase pós contratual as mulheres em sua grande maioria são demitidas assim que elas engravidam até dois anos depois que acaba a licença. Bom, o combate a discriminação de gênero, não deve ser apenas visto ou pelo menos combatido com a criação de políticas públicas e legislações, né? É importante se pensar nos fatores, se você for investigar a fundo o que é que causa a discriminação? Mas há que se verificar também os fatores, além disso não adianta só produzir legislação em massa, tem que se garantir efetividade a toda essa normatividade protetiva. Será que a discriminação de gênero é assim algo restrito aos países pobres e subdesenvolvidos? A gente pode dizer que não. Se a gente for analisar no caso da Suécia 2014 os homens ganhavam por hora em média 13,5% mais do que as mulheres e a Suécia é um país superdesenvolvido, então a gente verifica que não é somente o desenvolvimento econômico, apesar de influenciar, que vai melhorar questões de discriminação, mas sim também o investimento em desenvolvimento social e principalmente educacional. Portanto, investir em políticas educacionaise políticas informativas, abordar o tema, promover o diálogo para que a gente possa trazer essa mentalidade e poder replicar essa forma de pensar para todo mundo. Outra possível solução ou um ponto a se discutir diz respeito a qualificação profissional, as estatísticas mostraram também que o maior tempo de estudo é das mulheres, e as mulheres estatisticamente têm mais instrução que os homens e isso tem contribuído em algumas situações para reduzir as diferenças salariais entre os gêneros, mas a gente sabe que esse contexto ainda persiste de desigualdade, as mulheres empregadas tem mais instrução mas ainda assim continuam recebendo menos.
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