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02 - AULA 02 - DIREITO PENAL - PARTE GERAL

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Material elaborado por Luiz Antonio de Oliveira Seifert 
Corrigido por Daniela Duarte Minatto 
 
AULA II 
DIREITO PENAL – PARTE GERAL 
 
Professor: Samer Agi 
Instagram: @sameragi 
 
Parte 1/4 
Neste módulo daremos continuidade ao estudo dos princípios do Direito 
Penal. 
V – Princípio da ofensividade ou lesividade 
Uma das máximas de Ferrajoli é “Nulla necessitas sine injuria”, podendo ser 
traduzida como “não há necessidade sem ofensa”. 
Portanto, não se deve tipificar comportamentos que não ofendam, não 
violem ou não promovam dano ou perigo concreto de dano ao bem jurídico. 
Partindo disto, parte da doutrina questiona a constitucionalidade dos 
chamados crimes de perigo abstrato. Dentre estes, citam-se a embriaguez ao 
volante, tipificada no artigo 306, do CTB e a posse ilegal de arma de fogo de uso 
permitido, prevista no artigo 12, Estatuto do Desarmamento (Lei nº. 10.826/2003). 
Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora alterada em razão da 
influência de álcool ou de outra substância psicoativa que determine dependência: 
 
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou proibição de se obter a 
permissão ou a habilitação para dirigir veículo automotor. 
 
§ 1º As condutas previstas no caput serão constatadas por: 
 
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de sangue ou igual ou 
superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou 
 
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade 
psicomotora. 
 
§ 2º A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante teste de alcoolemia 
ou toxicológico, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou outros meios de prova 
em direito admitidos, observado o direito à contraprova. 
 
§ 3º O Contran disporá sobre a equivalência entre os distintos testes de alcoolemia ou 
toxicológicos para efeito de caracterização do crime tipificado neste artigo. 
 
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§ 4º Poderá ser empregado qualquer aparelho homologado pelo Instituto Nacional de 
Metrologia, Qualidade e Tecnologia - INMETRO - para se determinar o previsto no caput. 
 
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso 
permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua 
residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o 
titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa: 
 
Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. 
 
No entanto, este princípio não encontra previsão expressa na Constituição 
Federal. O STF já decidiu que estes delitos, chamados de crimes abstratos, são 
constitucionais. Sendo assim, portar arma de fogo desmuniciada pode caracterizar o 
crime de posse ilegal de arma de fogo. 
Do mesmo modo, o sujeito que dirige embriagado, mas super devagar ou 
próximo de sua casa, ainda cometerá um crime de perigo abstrato. Logo, restará 
consumada a infração penal. 
Em razão ao princípio da legalidade, empreende-se três vedações 
decorrentes do princípio da lesividade: 
V.I) Vedação à criminalização de pensamentos e cogitações – Direito à 
perversão 
O pensamento é impunível. Isto significa que o sujeito tem o direito à 
perversão. 
Quando o STF determinou o afastamento do Ex-Procurador Geral Da 
República, Rodrigo Janot, fixando-se limite de distância entre ele e os Ministros da 
Corte, inclusive, instaurando-se procedimento para averiguar a sua conduta, tudo 
isso foi com base em pensamento, pois Janot narrou em sua obra que pensou em 
matar um ministro, mas não agiu. 
O pensamento é impunível, Janot pensou, mas não agiu. 
Diante disso, a decisão em comento enfrentou fortes críticas doutrinárias em 
razão da impunibilidade do pensamento. 
V.II) Vedação à criminalização de condutas que não tenham caráter 
transcendental – Vedação à criminalização da autolesão 
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A autolesão não pode ser criminalizada. É preciso que haja uma alteridade, 
que a conduta perpetrada afete o bem jurídico de outrem. 
Por exemplo, um sujeito que destrói o próprio carro. Aqui, não haverá crime. 
Contudo, ele poderá ter praticado tal ato para receber o valor do seguro. Logo, 
nesta situação haverá alteridade, pois lesiona – ou busca lesionar – o patrimônio de 
outrem, qual seja, a pessoa jurídica da seguradora. Diante disto, restará configurado 
o delito de estelionato. 
3 – Vedação à criminalização de meros estados existenciais – Vedação da 
criminalização da pessoa pelo que ela é 
Não se pode criminalizar a pessoa em razão do que ela é. 
Em tal vedação reside a tradicional crítica à contravenção penal da 
mendicância, a qual criminalizava a pessoa pelo que ela é. Todavia, a mendicância 
já deixou de ser contravenção, mas percebe-se que não se pode criminalizar a 
pessoa pelo que ela é, pois o Direito Penal não é àquele do autor, mas sim, Direito 
Penal do fato. 
V.a) Princípio da alteridade 
Trata-se de um subprincípio da lesividade. A conduta deve atingir ou 
ameaçar atingir bem jurídico de terceiro. 
 
VI – Princípio da responsabilidade pessoal 
A pena não poderá atingir pessoa que não praticou o fato, vale dizer, a pena 
não passará da pessoa do condenado. 
Na Criminologia, esta ideia enfrenta críticas. 
É que, na prática vislumbra-se que a responsabilidade penal não se limita a 
pessoa do condenado, bem como os efeitos da pena. Da mesma forma, a vítima do 
crime não é apenas a pessoa diretamente atingida. Por exemplo, quando alguém 
mata um pai de família, todo o seu núcleo familiar é vítima do homicídio e não 
apenas a pessoa que foi morta, incluem-se os filhos, a esposa, pessoas que 
dependiam dele financeiramente, as pessoas próximas, etc. No mesmo sentido, ao 
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prender-se alguém, as pessoas ao redor deste são atingidas, tais como a esposa, o 
marido e os filhos. 
Neste viés, a ideia de responsabilidade penal pessoal deverá ser entendida 
de maneira restrita, dado que não é possível punir alguém e atingir e apenas a 
pessoa que foi punida. 
Contudo, se a responsabilidade é pessoal, significa que a denúncia deve 
dizer o que aquele individuo fez. Não poderá serdito que três pessoas 
simplesmente entraram em uma casa, fizeram um roubo e devem sem condenadas, 
por exemplo. 
A denúncia deve ter, na medida do possível, uma mínima individualização 
dos comportamentos. Por isto, a investigação, na fase pré-processual, é importante, 
pois poderá ser dito que quem portava a arma, quem amarrou a vítima e quem 
subtraiu os bens. Logo, é preciso ter minimamente uma divisão. 
Em segundo lugar, no momento de dosar a pena, o juiz deverá separar a 
análise de cada um, avaliando qual pena aplicar a cada partícipe do caso em 
apreço. 
À vista disso, duas pessoas podem cometer o mesmo crime e receber 
penas distintas. 
Por exemplo, um indivíduo que é reincidente, não confessou o crime e tem 
maus antecedentes, ao passo que o coautor é menor de 21 (Vinte um) anos, não 
tem maus antecedentes, é réu primário e confessou a prática da infração penal. 
Veja-se que são duas pessoas que praticaram exatamente o mesmo tipo 
penal, porém, como a responsabilidade é pessoal, é preciso individualizar a pena, 
sendo provável que o primeiro sujeito receberá um quantum de pena maior que o 
sujeito que praticou o mesmo crime que ele. 
Repisa-se responsabilidade é pessoal, é preciso dosar a pena de cada um 
individualmente. Aliás, isto decorre, também, do próprio princípio da individualização 
da pena. 
VII – Princípio da responsabilidade subjetiva 
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Cuida-se da vedação da responsabilidade penal objetiva, o qual não é 
permitida no Direito Penal. Somente haverá responsabilidade penal, se o sujeito 
atuou dolosamente ou culposamente e há previsão do crime culposo. 
No caso da embriaguez completa, a qual retira do sujeito a capacidade de 
compreensão, aplica-se a teoria actio libera in causa – a ação era livre na causa. 
A análise da imputabilidade é transferida, bem como acerca da consciência 
e da possibilidade de ter agido dolosa ou culposamente, para o momento em que o 
sujeito decide ingerir bebida alcoólica. Isto é, vai-se a origem, no momento em que o 
sujeito estava sóbrio. Daí verifica-se que ele era livre na causa. 
Ante o fato de ser livre na causa, será analisado se a sua conduta foi dolosa 
ou culposa. 
VIII – Princípio da culpabilidade 
O princípio da culpabilidade limita o direito de punir do Estado, o jus 
puniendi. 
Para que um indivíduo seja punível, é preciso que ele seja culpado. Então, o 
Estado não pode punir alguém que não seja culpado. Ou seja, para a culpabilidade 
fazer-se presente é necessário estar na presença de um imputável, que tenha (ou 
tivesse) potencial consciência da ilicitude e que fosse dele exigível uma conduta 
diversa. 
Se ele era inimputável, ou não tinha potencial consciência da ilicitude ou se 
era inexigível dele conduta diversa, não haverá culpabilidade. Logo, ele não será 
punido. 
Vale lembrar que pelo conceito tripartite de infração penal, o crime é fato 
típico, ilícito e culpável. Se há prática do crime, será verificada a punibilidade. 
Segundo a doutrina predominante, a punibilidade não faz parte do conceito analítico 
de infração penal. 
IX – Princípio da presunção da inocência 
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O princípio da presunção de inocência está consagrado no artigo 5ª, LVII, 
da CF e preceitua que ninguém será considerado culpado antes do trânsito em 
julgado da sentença penal condenatória. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
[...] 
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal 
condenatória. 
 
Significa que há uma presunção de inocência ou um estado de inocência de 
modo que o sujeito é presumivelmente inocente. Enquanto não há definitividade em 
sua condenação, ele deverá ser considerado assim. 
A principal consequência deste princípio é a impossibilidade da execução 
da pena de um indivíduo que é presumivelmente inocente, seria um contrassenso. 
Assim, não se mostra possível cumprir qualquer espécie de pena, seja a pena 
privativa de liberdade, a pena de multa, nem a pena restritiva de direitos antes do 
trânsito em julgado da sentença condenatória. 
O Supremo Tribunal Federal chegou a oscilar em seu entendimento ao 
compreender que após a confirmação em segunda instância da condenação já seria 
possível a execução da pena. A justificativa para tanto é que após a condenação em 
segunda instância, os fatos já estariam definitivamente apreciados. 
Portanto, no STJ ou no STF somente seria possível a avaliação do Direito; 
logo, da lei federal ou da própria Constituição Federal. Assim, como os fatos já 
estariam totalmente apreciados, o sujeito já poderia cumprir sua pena. 
Todavia, este entendimento não prevaleceu na Corte. No presente 
momento, o STF exige o trânsito em julgado da condenação. 
Ademais, se o sujeito é presumidamente inocente, quem deve demonstrar 
que o sujeito praticou o crime ou, pelo menos, o fato típico, é o Ministério Público. 
Ou seja, se o Ministério Público não se desincumbir de seu ônus, o sujeito deverá 
ser absolvido. 
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 Sendo assim, se ao final de um processo penal, restar dúvidas ao 
magistrado de que aquele indivíduo foi o autor do crime ou que aquele crime 
aconteceu ou que aquele indivíduo agiu em legítima defesa 1, o juiz deve absolvê-lo. 
Isto ocorre porque a dúvida deverá militar de maneira favorável ao réu. 
Trata-se do in dubio pro reo. 
X – Princípio da pessoalidade 
À luz do princípio pessoalidade, a pena não passará da pessoa do 
condenado. Veja-se que tal princípio está intimamente ligado ao princípio da 
responsabilidade pessoal, da responsabilidade subjetiva, da individualização da 
pena e da própria culpabilidade. 
Está expresso no artigo 5, inciso XLV, da Constituição Federal. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
[...] 
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o 
dano e a decretação do perdimento de bens ser,nos termos da lei, estendidas aos 
sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. 
 
XI – Princípio da vedação do bis in idem 
Sob este princípio, ninguém será processado nem condenado duas vezes 
pelo mesmo fato. 
Este não encontra previsão expressa na Constituição Federal, mas sim, no 
Estatuto de Roma, em seu artigo 20, conforme lição do professor Rogério Sanchez 
da Cunha. 
Este não é um princípio absoluto, o que significa que encontra exceções e 
ponderações feitas pelo próprio legislador. 
Por exemplo, o artigo 8º, do Código Penal, que diz “A pena cumprida no 
estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, 
ou nela é computada, quando idênticas” 
 
1 Trata-se de uma dúvida razoável por parte do magistrado, onde há uma mitigação da teoria da 
indiciariedade, a qual será abordada em momento oportuno. 
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Neste caso, conforme redação do artigo 8º, do Código Penal, a pena 
cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, 
quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
Por exemplo, um indivíduo que foi processado e condenado no estrangeiro 
e, também, restou processado e condenado no Brasil pelo mesmo fato. Trata-se de 
um caso de extraterritorialidade incondicionada, onde há uma exceção à vedação 
do princípio do bis in idem. 
O Superior Tribunal de Justiça aduz que a imputação de mais de uma 
consequência jurídico-repressiva pelo mesmo fato não é possível, ainda que este 
tenha sido trazido de forma incompleta ao juízo. 
Neste diapasão, o informativo 569, do STJ, diz: 
A proibição de imposição de mais de uma consequência jurídico-repressiva pela prática dos 
mesmos fatos ocorre, ainda, quando o comportamento imputado ao acusado, definido 
espaço-temporalmente, não tenha sido trazido por inteiro para apreciação do juízo. 
 
A título de exemplo, à luz do informativo acima exposto, imagine-se um 
roubo em uma padaria, no qual subtraiu-se bolsas e celulares. O Ministério Público 
acusa o indivíduo pela prática de três roubos majorados por emprego de arma de 
fogo, pois teriam sido três vítimas e este vem a ser processado e condenado. 
Posteriormente, o Ministério Público descobre que tratavam-se de quatro 
vítimas, pois o agente levou também o celular de uma quarta pessoa. O Ministério 
Público não poderá trazer este fato novamente ao juízo, porquanto roubo à padaria 
já foi apreciado. 
XII – Princípio da confiança 
Todos têm o direito de agir acreditando que as pessoas observarão às 
normas sociais. Por exemplo, aquele que passa no sinal verde e acredita que os 
estão parados no vermelho não avançarão. 
Ou seja, o indivíduo tem o direito de acreditar que as pessoas agirão 
conforme as normas que vigoram em seu organismo social. 
 
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EFICÁCIA DA LEI PENAL NO TEMPO 
I – Introdução 
Ao tratar-se da eficácia da lei penal no tempo, tem-se a noção inicial de esta 
pode caminhar no tempo, isto é, ora poderá ser aplicada a fatos que ocorreram 
antes da sua entrada em vigor, ora poderá aplicada após a sua revogação. 
Quando a lei penal é aplicada a fatos que ocorreram antes da sua entrada 
em vigor, será denominará de retroatividade da lei penal, sendo possível sua 
aplicação somente se for beneficiar o réu. 
Quando a lei penal é aplicada a fatos que ocorreram durante a sua vigência, 
em regra, mas após a sua revogação, ocorre o julgamento, trata-se de hipótese de 
ultratividade da lei penal. 
Em suma, se a lei penal é aplicada a fatos que ocorreram antes da sua 
vigência, tem-se a retroatividade. Se a lei penal é aplicada a fatos posteriores a sua 
revogação, tem-se a ultratividade. A isto chama-se de extra-atividade da lei penal. 
II – Tempo do crime 
Para saber se uma lei penal está caminhando no tempo, é preciso saber 
qual é o tempo do crime, isto é, quando se considera praticada a infração penal. 
O artigo 4º, do Código Penal, preceitua que “Considera-se praticado o crime 
no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado”. 
Um exemplo clássico é o do indivíduo que atira no dia 25 de dezembro para 
matar alguém, porém, vítima somente vem a óbito dois meses depois, no dia 25 de 
fevereiro do ano seguinte. Considera-se praticado crime dia 25 de dezembro. 
O que significaria que se o indivíduo completasse 18 (dezoito) anos no dia 
1º de janeiro, por exemplo, será considerado menor de idade ao tempo do crime. 
Logo, teria cometido um ato infracional análogo ao crime de homicídio e não o crime 
de homicídio. 
Tal situação hipotética encontra sua razão de ser no fato de que 
considerasse praticado o crime no momento da ação ou da omissão, ainda que o 
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resultado seja em momento diferente. O Código Penal, em relação ao tempo do 
crime, portanto, adota da teoria da atividade. 
 III – Sucessão de leis penais 
O artigo 5º, XL, da Constituição Federal, diz que a lei penal não retroagirá. 
Trata-se da irretroatividade da lei penal. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se 
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 
[...]] 
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; 
 
No entanto, este princípio será aplicado se for para benefício do réu. Trata-
se da retroatividade da lei penal benéfica. 
Isto significa que uma novatio legis incriminadora ou uma novatio legis in 
pejus, jamais será aplicada ao fato praticado antes da sua entrada em vigor. 
A novatio legis incriminadora torna crime uma conduta que até algum tempo 
atrás era considerada indiferente penal. Por exemplo, os delitos cibernéticos e os 
novos crimes da Lei de Abuso de Autoridade. Sendo assim, comportamentos, os 
quais eram indiferentes penais, passam a ser crime. 
Na novatio legis in pejus, o comportamento já era considerado criminoso, 
contudo, agora, tem uma sanção mais grave. Ante a maior repressão estatal, a lei 
não retroagirá. 
No caso de crimes continuados ou permanentes, a lei penal mais grave 
aplica-se mesmo se sua entrada em vigor for antes da cessação da continuidade ou 
da permanência. Nestes casos, o STFobserva o tempus regit actum. 
Veja-se o enunciado da súmula 711, do STF. 
Súmula 711 – STF – A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime 
permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 
 
No caso do crime continuado há uma pluralidade de delitos, que por uma 
ficção legal, nos termos do artigo 71 do Código Penal, considera-se crime único. 
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Por exemplo, o sujeito pratica um roubo, em um ponto de ônibus, na 
segunda-feira. Na terça, na sexta no sábado, também comete roubos, nas mesmas 
circunstâncias de tempo, local e modo de execução. 
Note-se a redação do dispositivo legal em apreço: 
Art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais 
crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e 
outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro, 
aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, 
aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 
 
Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou 
grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a 
conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, 
aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o 
triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código. 
 
À luz do citado artigo 71, ele, com duas ou mais ações, pratica delitos da 
mesma espécie, com a mesma forma de execução, na mesma circunstância de 
tempo e no mesmo local. 
Diante disto, um crime é considerado continuidade do outro. Logo, deverá 
ser escolhida a pena mais grave ou uma delas, se idênticas, a qual será exasperada 
de 1/6 (um sexto) a 2/3 (dois terços), considerando o número de infrações 
praticadas. 
Voltando à semana dos roubos, na quinta-feira, entrou em vigor uma lei que 
tornou mais grave a prática de roubo com emprego de arma. Quando a conduta foi 
praticada na segunda e na terça não havia tal previsão. Contudo, na sexta e no 
sábado, sim. 
Conforme o artigo 71, do Código Penal, escolhe-se a pena mais grave. 
Sendo assim, na sexta já estaria em vigor a lei mais grave. Então, para esta infração 
aplica-se a lei mais grave e a exaspera em razão do número de delitos praticados. A 
aplicação da lei mais grave é em virtude de esta ter entrado em vigor antes da 
cessação da continuidade. 
Em relação ao crime permanente, tem-se uma situação que o flagrante se 
protrai no tempo. Na extorsão mediante sequestro, por exemplo, hoje coloca-se a 
vítima em cativeiro e ela passa 30 (trinta) dias nesta situação. Neste intervalo de 
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tempo, entra em vigor uma lei mais grave, a qual recrudesce o tratamento penal 
dispensado ao indivíduo. 
Nestas circunstâncias, a entrada em vigor da lei mais gravosa ocorreu antes 
da cessação da permanência. Portanto, aplica-se a lei penal mais gravosa, pois no 
transcorrer da conduta continua-se em situação de flagrante delito. Por isto, a 
aplicação de uma pena mais grave. 
Parte 2/4 
a) Abolitio criminis 
O artigo 2º do Código Penal preleciona: 
Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, 
cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 
 
Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos 
fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
 
Citando um caso prático, supondo-se que um sujeito praticou um fato que 
posteriormente deixou de ser crime, no caso um adultério. Ele não pode mais ser 
punido criminalmente por aquilo. 
Isto porque, quando há abolitio criminis, tanto os efeitos penais principais – 
isto é, o cumprimento de pena, quanto os efeitos secundários, aquela condenação é 
apagada. 
Logo, ele não será considerado reincidente, bem assim não há de falar-se 
em livramento condicional por uma infração penal anterior, se a lei foi revogada, 
dizendo-se o mesmo em relação ao sursis. 
Sendo assim, todos os efeitos penais, principais e secundários, 
desaparecem. Trata-se da retroatividade da lei penal benéfica. 
Contudo, os efeitos extrapenais persistem. O fato de aquela conduta não 
ser mais considerada um ilícito penal, não significa que esta perdeu o seu caráter de 
ilicitude. Por exemplo, pode-se mencionar o ilícito civil. Embora a responsabilização 
penal tenha cessado, persiste a responsabilidade civil, de maneira que o indivíduo 
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deverá indenizar a vítima, porquanto houve um dano moral ou material, só não 
houve mais o crime. 
Apesar da posição do professor Flávio Monteiro de Barros, que diz que a 
abolitio criminis seria uma causa extintiva da tipicidade, o Código Penal fez uma 
opção, elencando a abolitio criminis como causa extintiva da punibilidade. Portanto, 
este é o entendimento que deve ser adotado. 
Desta feita, é possível que não haja a abolitio criminis, mas sim, a existência 
de uma nova lei, a qual confira um tratamento mais benéfico, menos gravoso e mais 
brando àquela conduta criminosa. 
Por exemplo, com a finalidade de agravar a situação do réu, tornou-se o 
crime de roubo majorado pelo emprego de arma de fogo, porém, o legislador 
esqueceu da arma branca. Posteriormente, com o Pacote Anticrime, o legislador 
inseriu a majorante da arma branca nos casos de roubo. 
Ocorre que houve um intervalo de tempo no qual a prática de crime de 
roubo com arma branca ainda não era majorada, mas sim enquadrada como roubo 
simples. Neste caso, o emprego de arma branca era considerado na primeira fase 
da dosimetria da pena, como uma circunstância do crime. 
Neste caminhar, a nova lei (àquela em que somente o emprego de arma de 
fogo era considerado circunstância majorante) mostrou-se mais benéfica aos que 
tinham sido condenados pelo roubo com emprego de arma branca. Em tal situação, 
a nova lei deverá retroagir e o juízo competente para apreciar o pedido é, em regra, 
o da execução. 
Sobre o tema em tela, o professor Rogério Sanches faz suas ponderações, 
asseverando que se for necessário juízo de valor e não o simples cálculo aritmético,ou até mesmo uma simples subsunção, será necessário o ajuizamento de Revisão 
Criminal, a qual é uma ação de competência originária dos Tribunais e das Turmas 
Recursais. 
Na Revisão Criminal será aplicada a nova a lei. 
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Para as provas, cumpre recomendar a leitura do enunciado de súmula 611, 
do Supremo Tribunal Federal, que declara ser o juízo da execução penal àquele 
competente a aplicar a novatio legis mais benéfica. 
Súmula 611, STF – Transitada em julgado a sentença condenatória, compete ao 
juízo das execuções a aplicação de lei mais benigna. 
 
b) Lei penal benéfica entre o período de vacatio legis 
Entre a publicação da lei e a sua entrada em vigor tem-se o período de 
vacância. 
Essa vacância significa que esta lei não tem aptidão para produzir efeitos 
jurídicos. Diante disto, esta lei não pode ser aplicada, seja para beneficiar ou 
prejudicar alguém. Contudo, há divergências a respeito disto. 
A primeira corrente, encabeçada pelo professor Alberto Silva Franco, é 
possível a aplicação da lei durante a vacância. Porém, esta não é a corrente que 
prevalece. 
A segunda corrente, a qual é a majoritária, não admite a aplicação da lei 
penal em período de vacância. Logo, a lei em período de vacatio legis não se aplica, 
nem mesmo ao benefício do réu. 
Por exemplo, supondo-se a regulação de leis para disciplinar determinada 
conduta, nos seguintes termos: 
Lei “A”: fixa uma pena de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. 
Lei “B”: é publicada, mas ainda está em vacância. Esta, por sua vez, prevê 
uma pena 1 (um) a 3 (três) anos. 
Entretanto, há uma pressão gigantesca da opinião pública, a qual passou 
considerar a pena branda demais para conduta e as pessoas serão estimuladas a 
prática de crimes. 
Ante a influência da opinião pública, o legislador elabora a Lei “C”, a qual 
revoga lei “B” e passa a prever para aquele crime uma pena de 3 (três) a 6 (seis) 
anos. 
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O sujeito que praticou a conduta, enquanto vigorava a lei “A”, vai ser punido 
conforme a lei “A”, tendo em vista que a lei “B” nunca entrou em vigor, logo não 
produziu efeito jurídico algum. 
Ainda que o sujeito venha a ser julgado quando a lei “C” estiver vigorando, 
esta não será aplicada, pois trata-se de uma situação mais gravosa. Portanto, a lei 
“C’ não retroage. 
Isto tudo é muito diferente da situação de uma lei que entra em vigor, e após 
um curto período de tempo é revogada e cuida da situação de maneira mais branda, 
conforme se verá adiante. 
c) Combinação de leis penais – Lex tertia 
O STF não admite as combinações de leis penais pelo magistrado, porque 
isto significaria a criação de uma terceira lei e julgador agiria como um legislador 
positivo, o que é vedado. 
O juiz pode agir como um legislador negativo, ao dizer que uma lei é 
contrária à Constituição Federal e, por isto, não a aplica, por exemplo. Contudo, o 
juiz não pode combinar leis, pois isto significa criar uma terceira norma. 
Para melhor elucidação, imagine-se que uma lei “A” penaliza certa conduta 
de 1 (um) a 3 (três) anos e o sujeito pratica o fato enquanto esta vigorava. Tempos 
depois, entra em vigor a lei “B”, a qual tem a pena de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou 
seja, é mais grave. Todavia, a lei “B” também traz a previsão da causa de 
diminuição de pena em 1/3 (Um terço) quando o sujeito é primário. 
O que não pode ocorrer é o juiz aplicar a pena da lei “A” com a causa de 
diminuição de pena da lei “B”. Isto significaria a criação de uma lei “C”, na qual a 
pena é de 2 (dois) a 5 (cinco) anos e reduzida de 1/3 (um terço), quando o réu for 
primário. 
No caso hipotético, o juiz deverá aplicar integralmente a lei “A” ou a lei “B”. 
Em determinadas situações, há uma zona cinzenta, pois não se sabe qual 
será a lei mais benéfica ao réu naquele caso. Nestas situações, a doutrina defende 
que caberá ao réu, por meio de seu advogado, escolher por qual lei deseja ser 
julgado. 
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d) Continuidade típico normativa 
Ao falar-se da continuidade típico normativa, em verdade há uma supressão 
formal de uma conduta, mas não uma supressão material. Àquela conduta 
continuará sendo considerada criminosa. 
Nesta senda, uma conduta, a qual recebe uma capitulação e um título. Cita-
se como exemplo o atentado violento ao pudor que, em 2009, pela Lei 12.015/2009, 
àquela conduta deixou de ser considerada como um atentado violento ao pudor. 
Assim, houve uma supressão daquele título, porquanto, pela nova lei, ela passou a 
ser enquadrada como estupro. Perceba-se que houve a supressão formal, mas não 
material, em verdade, há uma continuidade típico normativa. 
Não há que se falar, em situações como esta acima relatada, em abolitio 
criminis, porque é inexistente. A nova lei pode mostrar-se benéfica, mas não trata-se 
de abolitio criminis. 
A Lei 12.015/2019 acabou sendo benéfica em virtude de que antes, um 
indivíduo, que na mesma situação, constrangeu uma mulher à prática de conjunção 
carnal e sexo anal, respondia por dois crimes, estupro e atendado violento ao pudor, 
ainda que no mesmo contexto fático. 
Atualmente, com a Lei 12.015/2009, se no mesmo contexto fático, o 
indivíduo obriga a mulher a manter com ele conjunção carnal e sexo anal, tem-se 
um único crime de estupro, trata-se de um tipo penal misto alternativo. Por óbvio, a 
pluralidade de condutas será considerada na dosimetria da pena. 
Portanto, tratou-se de uma novatio legis in mellius e não houve, 
evidentemente, abolitio criminis. 
e) Leis temporárias e excepcionais 
Ao falar-se em leis temporárias e leis excepcionais, deve-se compreender 
que estas são leis extraordinárias. Estas leis nascem dizendo que deixarão de 
vigorar em uma determinada data. 
A lei excepcional, por exemplo, diz que quando a situação excepcional 
acabar, estará revogada. Por exemplo, numa situação de calamidade pública ou 
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uma pandemia, a lei não diz a data de sua futura revogação, porque não pode 
precisar a data. Logo, cessará quando a situação acabar. 
No tocante a lei temporária, esta tem em seu bojo a data na qual deixará de 
vigorar. Por exemplo, “esta lei estará em vigor de 1º de janeiro até o 31 de 
dezembro.” Foi o que ocorreu durante a Copa do Mundo, com o intuito de proteção 
do patrimônio material e imaterial da FIFA. 
 
Características: A primeira das características destas leis é a 
autorrevogabilidade, elas mesmo se revogam. A segunda é que elas gozam da 
ultratividade. As condutas praticadas, enquanto estas normas estavam em vigor, 
continuam sendo reguladas por elas, mesmo após a sua revogação. 
Dito isto, não há que se falar em abolitio criminis, pois estas leis têm a 
temporariedade na sua essência. Se não fosse entendido assim, estas não teriam 
qualquer eficácia ou efetividade, porque se o sujeito tem conhecimento de que a 
norma estará revogada amanhã, poderia praticar a conduta hoje e não sofrer 
qualquer sanção. Logo, não existe abolitio criminis. 
Por consectário lógico, uma nova lei pode trazer disposição expressa, 
revogando a lei temporária ou excepcional, dizendo, na verdade, que esta lei deixa 
de considerar crime as condutas praticadas quando estava em vigor as leis “X” e 
“Y”. Neste caso, se terá a figura da abolitio criminis, mas por disposição expressa. 
f) Retroatividade da jurisprudência 
Classicamente, não se admite a retroatividade da jurisprudência. O STF 
decidiu que esta não retroage, nem mesmo para beneficiar o réu. 
Contudo, é preciso ponderar que hoje há a jurisprudência vinculante, a 
súmula vinculante e o recurso repetitivo. 
Imagine a situação de uma súmula vinculante, a qual diz que não há a 
tipicidade material de crime contra a ordem tributária, antes do lançamento definitivo 
de débito tributário ou crédito tributário. Nesta situação, o sujeito foi condenado, 
contudo, não havia o lançamento definitivo do crédito tributário ou débito tributário. 
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Este indivíduo foi prejudicado por uma decisão, que demonstrou ser 
contrária ao entendimento vinculante do Supremo Tribunal Federal. A doutrina 
defende que jurisprudência deve sim retroagir. Da mesma forma, quando o STF 
exerce o controle concentrado de constitucionalidade. 
Todavia, para as primeiras fases dos concursos públicos, deve-se ter a 
concepção que a jurisprudência não retroage, salvo para beneficiar o réu. No 
entanto, para a exceção a prova trará este debate, bem como o seu 
aprofundamento. Já nas segundas fases, deverá ser abordado todo o panorama. 
 
g) Retroatividade da lei penal no caso de norma penal em branco 
A norma penal em branco é uma norma que demanda um complemento 
normativo, dado por outra normal. 
Este complemento pode ser dado por ato diverso do legislador, no caso um 
ato infralegal, por exemplo, uma portaria ou um decreto, sendo classificada como 
uma normal penal heterogênea, também chamada de norma penal em branco 
própria ou em sentido estrito. 
Também, tal complemento pode ser por meio de lei, em que tem-se uma 
norma penal em branco homogênea, igualmente nominada de norma penal 
imprópria ou em sentido amplo. 
Quando o complemento é uma lei e esta é revogada ou alterada, esta nova 
norma, a qual revogou ou alterou, deverá retroagir para beneficiar o réu, porquanto 
se trata de uma lei. 
No caso de norma penal em branco heterogênea, na qual o complemento 
ocorre por norma infralegal, esta retroatividade dependerá da natureza do 
complemento. Se este for excepcional, não deverá retroagir a sua alteração. 
Por exemplo, nos casos de tabelamento de preços. Estipula-se a venda de 
um produto no valor máximo de R$ 10 (dez reais) e o sujeito resolve vender por R$ 
15 (quinze reais). No mês seguinte, a tabela de preços é alterada para R$ 15 
(quinze reais). Esta nova tabela, ato infralegal, não poderá retroagir, pois daqui 
alguns meses, o preço certamente subirá. Se este complemento, quando alterado, 
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retroagir, significaria que nenhuma das normas anteriores terá eficácia e efetividade. 
Logo, ninguém as observará. 
Como o complemento é excepcional, a sua alteração não deverá retroagir 
para beneficiar o réu, pois isto retiraria o poder de coerção da norma, sua 
efetividade. 
Por outro lado, quando o complemento não for excepcional, a alteração 
deste retroage. Por exemplo, ao retirar-se a maconha da portaria da Anvisa, o 
sujeito que vendia ou vendeu a maconha não poderá mais ser considerado 
traficante, porque a maconha não seria considerada mais droga, em função de sua 
retirada do rol dos entorpecentes da portaria aludida. Neste caso, não há 
excepcionalidade, mas sim uma decisão. 
h) Lei intermediária mais benéfica 
Neste contexto, a situação aproxima-se da ideia da lei que não entrou em 
vigor. Contudo, aqui, a lei entrou em vigor. 
Explica-se. A lei intermediária mais benéfica goza de duas características: 
retroatividade, em relação ao fato e ultratividade, em relação a sentença. 
Quando o sujeito praticou um crime, estava em vigor a lei “A”. Durante o seu 
processo, entrou em vigor a lei “B”. Ao momento da sentença, entrou em vigor a lei 
“C”. 
A lei “A” previa uma pena de 2 (dois) a 6 (seis) anos de reclusão. A lei “B” 
passou prever 1 (um) a 5 (cinco) anos de reclusão. Em razão da crítica sobre a 
norma, o legislador revogou a lei “B”, que já estava em vigor, e criou a lei “C”, que 
prevê como pena 3 (três) a 8 (oito) anos de reclusão. 
A lei “B” entrou em vigor. Quanto o juiz for sentenciar, aplicará a lei “B”. 
Portanto, significa que a lei “B” retroage em relação ao fato e em relação a 
sentença, ela terá ultratividade. 
 
LEI PENAL NO ESPAÇO 
 
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Corrigido por Daniela Duarte Minatto 
I – Introdução 
Quando se fala em lei penal no espaço, busca-se responder uma pergunta: 
“Onde aplica-se a lei penal brasileira?”. 
A compreensão do tema serve para evitar e solucionar eventuais conflitos 
de jurisdição, os quais serão de âmbito internacional, servindo-se de princípios de 
para orientar esta aplicação. 
 
1 – Princípio da TerritorialidadeAplica-se a lei penal do local onde foi praticado o crime, independentemente 
da nacionalidade de seu autor, da vítima ou do bem jurídico lesionado. 
2 – Princípio da nacionalidade ativa – personalidade ativa 
Aplica-se a lei penal da nacionalidade do sujeito ativo do crime, 
independentemente da nacionalidade da vítima, do local do crime ou do bem 
jurídico lesionado. 
3 – Princípio da nacionalidade passiva 
Aplica-se a lei penal da nacionalidade de vítima, independentemente da 
nacionalidade do autor, do local do crime ou do bem jurídico lesionado. 
4 – Princípio da defesa real 
Aplica-se a lei penal da nacionalidade do bem jurídico atingido, 
independentemente do local em que foi realizado o crime, da nacionalidade da 
vítima ou da nacionalidade do seu autor. 
5 – Princípio da justiça universal 
Aplica-se a lei penal do local onde o autor for encontrado. Aqui, não 
importará o local, mas sim que seja feita a justiça. 
6 – Princípio do pavilhão – substituição da bandeira 
Aplica-se a lei nacional aos crimes cometidos a bordo de aeronaves e 
embarcações privadas, as quais são brasileiras, quando praticados no estrangeiro, 
mas que no exterior não sejam julgados. 
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Corrigido por Daniela Duarte Minatto 
Parte 3/4 
II – Teorias da lei penal no espaço 
Inicialmente, conforme o caput do artigo 5º, do Código Penal, adota-se a 
territorialidade, contudo, de forma mitigada. 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito 
internacional, ao crime cometido no território nacional. 
 
Aplica-se a lei brasileira aos crimes cometidos em território nacional, sem 
prejuízo das convenções, tratados e regras de Direito Internacional. Ou seja, uma 
territorialidade mitigada. É possível que em razão de convenção ou tratado de 
Direito Internacional a aplicação da lei penal estrangeira a um crime praticado no 
território nacional. Trata-se da chamada Intraterritorialidade. 
Todavia, em regra, aplica-se a lei penal brasileira aos crimes cometidos no 
território nacional. Do mesmo modo, consoante o artigo 7º, do Código Penal, é 
possível aplicar a lei penal brasileira a crimes cometidos fora do território nacional. 
Aqui, trata-se da extraterritorialidade da lei penal. 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, 
de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação 
instituída pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade 
privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido 
ou condenado no estrangeiro. 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das 
seguintes condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a 
punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro 
fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
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a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
 
III – Território nacional 
A este respeito, o parágrafo 1º, do artigo 5º, do Código Penal, explica o que é 
extensão do território nacional. 
 
Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito 
internacional, ao crime cometido no território nacional. 
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as 
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo 
brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações 
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no 
espaço aéreo correspondente ou em alto-mar. 
 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou 
embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no 
território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar 
territorial do Brasil. 
 
Inicialmente, serão consideradas como extensão do território nacional, as 
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública, ou que estejam a serviço 
do governo. Portanto, assumirão a natureza pública, onde quer que estejam. 
A título de exemplo, é irrelevante se ao avião da Força Aérea Brasileira 
sobrevoa um outro país ou o oceano. Por ser uma aeronave pública, será 
considerada como uma extensão do território o nacional. 
Do mesmo modo, serão consideradas extensão do território nacional, as 
embarcações e aeronaves brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se 
achem alto mar ou sobrevoando espaço aéreo correspondente. 
Assim, supondo que uma embarcação está navegando em alto mar, não 
sendo território de país algum, considera-se extensão territorial brasileira (o mesmo 
vale para as aeronaves brasileiras sobrevoando espaços aéreos). 
Em contrapartida, caso seja uma embarcação estrangeira, a serviço do 
governo estrangeiro ou de propriedade pública de governo estrangeiro, não será 
território nacional, ainda que esteja no Brasil, porquanto segue o mesmo raciocínio 
anteriormente exposto. 
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Corrigido por Daniela Duarte Minatto 
Caso seja uma embarcação ou aeronave privada, na qual o proprietário seja 
um estrangeiro, estando esta no Brasil, será aplicada a lei brasileira, conforme o 
parágrafo 2º, do artigo 5º, do Código Penal. 
Art. 5º 
[...] 
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordode aeronaves ou 
embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no 
território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar 
territorial do Brasil. 
 
Isto porque são propriedades privadas, isto é, são aeronaves de 
propriedade privada e embarcações mercantes, as quais encontram-se no território 
nacional. 
IV – Embaixadas 
Apesar de, em razão de convenção ou em tratados internacionais, não ser 
possível, a depender da situação e de seu autor, aplicar a lei penal brasileira a um 
crime cometido em embaixada, as embaixadas não são consideradas extensão do 
território estrangeiro. As embaixadas, na verdade, estão no território nacional. 
A depender de quem pratique o crime dentro da embaixada, é possível que 
não incida da lei penal brasileira. Isto será aprofundado na abordagem da imunidade 
diplomática. 
V – Passagem inocente 
A passagem inocente consiste na não incidência da lei penal brasileira em 
face de um crime praticado quando uma aeronave sobrevoa o espaço aéreo 
nacional ou uma embarcação transitava pelo mar territorial do Brasil, mas, cuja 
origem e o destino não são o território brasileiro. 
Por exemplo, uma aeronave de oriunda de Cuba e com destino à Argentina. 
Durante o voo sobre o Brasil é cometido um crime. Tal delito será julgado nos 
moldes da legislação cubana ou a argentina, e não a brasileira, pois o destino não 
era o território nacional brasileira. Esta é a síntese da passagem inocente. 
VI – Lugar do crime 
O artigo 6º, do Código Penal, adota a teoria da ubiquidade. 
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Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no 
todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. 
 
Como tanto o local da ação quanto o local do resultado são considerados 
local do crime, adota-se a teoria da ubiquidade. 
Vale lembrar que para fins processuais penais, o artigo 70, do Código de 
Processo Penal, fixa a competência do local do resultado. 
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a 
infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. 
§ 1º Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a 
competência será determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato 
de execução. 
§ 2o Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será 
competente o juiz do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia 
produzir seu resultado. 
§ 3º Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou quando incerta a 
jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais 
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. 
O doutrinador Rogério Sanches traz três classificações do crime, as quais 
são relacionadas com o local. 
1 – Crime à distância – Crime de espaço máximo 
É o crime em que a conduta é perpetrada em dois territórios soberanos. Por 
exemplo, a ação começa no Brasil e a consumação no Paraguai, dando azo a 
possível conflito de jurisdição internacional. 
2 – Crime em trânsito 
São os crimes que afetam três ou mais países soberanos. Poderá haver um 
conflito de jurisdição internacional. 
3 – Crime plurilocal 
São os crimes que atingem mais de um local dentro de um país, podendo 
gerar conflito de competência, porque podem ser atingidas duas comarcas. 
VII – Extraterritorialidade 
A extraterritorialidade da lei penal trata da possibilidade de a lei penal 
brasileira ser aplicada em crimes praticados fora do Brasil. 
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Corrigido por Daniela Duarte Minatto 
O artigo 7º, do Código Penal, trata a respeito da aplicação da lei penal 
brasileira em crimes cometidos fora do Brasil, preceitua: 
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro: 
I - os crimes: 
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; 
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, 
de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação 
instituída pelo Poder Público; 
c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; 
II - os crimes: 
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir; 
b) praticados por brasileiro; 
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade 
privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que absolvido 
ou condenado no estrangeiro. 
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das 
seguintes condições: 
a) entrar o agente no território nacional; 
b) ser o fato punível também no país em que foi praticado; 
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição; 
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena; 
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a 
punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro 
fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior: 
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; 
b) houve requisição do Ministro da Justiça. 
 
a) Extraterritorialidade incondicionada 
A lei brasileira será aplicada independentemente de qualquer condição. 
Dentre as hipóteses, apresentam-se os seguintes crimes: 
- Crimes cometidos conta à vida e à liberdade do Presidente da República. 
Já se for contra o patrimônio deste, não é aplicado; 
- Crimes conta o patrimônio ou a fé pública da União, do DF, de Estado, 
de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, 
autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público. Leia-se administração pública 
direta e indireta; 
- Crimes contra a administração pública, por quem está a seu serviço. 
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Corrigido por Daniela Duarte Minatto 
- Crimes de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no 
Brasil. 
Os casos de extraterritorialidade incondicionada excepcionamo princípio da 
vedação do bis in idem. 
b) Extraterritorialidade condicionada 
Tem-se a possibilidade de aplicar a lei penal brasileira para alguns crimes, 
desde que cumprida determinadas condições. 
b.I) Dentre estas condições, nos moldes do inciso II, do art. 7º, do CP, 
elenca-se as condutas as quais são passíveis tal hipótese: 
- Crimes que o Brasil se obrigou a reprimir por tratado ou por convenção 
internacional; 
- Crime seja praticado por brasileiro; 
- Crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes 
ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. 
Aplica-se o princípio da bandeira. 
b.II) As condições para aplicação da lei penal brasileira, na 
extraterritorialidade condicionada, são (§ 2º, art. 7º, do CP): 
- Entrar o agente no território nacional. Trata-se de condição de 
procedibilidade, pois sem esta não há processo; 
- Ser o fato punível também no país em que foi praticado. Trata-se de 
condição objetiva de punibilidade. É preciso que a conduta seja prevista como crime 
no estrangeiro e no Brasil. Logo, quem utiliza maconha na Holanda (país cuja droga 
é legalizada), não pratica, não responde, pelo crime em território brasileiro, por 
exemplo; 
- Não ter sido o agente absolvido ou cumprido a pena no estrangeiro. Trata-
se de respeito ao ne bis in idem; 
- Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, 
segundo a lei mais favorável, não estar extinta a punibilidade. Este requisito é à luz 
do caso concreto; 
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Corrigido por Daniela Duarte Minatto 
- Estar o crime incluído entre aqueles em relação aos quais a lei brasileira 
autoriza a extradição, bem assim que a pena de prisão cominada seja maior ou 
igual a 2 (dois) anos. 
Pela redação do Código Penal, se o agente foi condenado no estrangeiro e 
não cumpriu pena, nada impede que ele seja processado, condenado e cumpra 
pena no Brasil. Contudo, se foi absolvido no estrangeiro ou cumpriu pena lá, não 
será mais possível ser processado ou cumprir pena. Trata-se do respeito ao ne bis 
in idem. 
c) Extraterritorialidade hipercondicionada 
 A extraterritorialidade hipercondicionada é caracterizada quando um 
estrangeiro comete crime contra brasileiro, no território estrangeiro. Neste caso, é 
preciso atentar às condições da extraterritorialidade condicionada e que o 
estrangeiro ingresse no território nacional. 
Para aplicação da lei penal brasileira, além de todas as condições da 
extraterritorialidade condicionada, as quais já restaram abordadas no tópico anterior, 
é preciso a existência de mais dois requisitos: 
Requisito 1: não tenha sido pedida ou tenha sido negada a extradição (o 
sujeito entrou no Brasil). 
Desta feita, é preciso que tenha sido negado o pedido de extradição feito 
pelo país de origem, ou ainda, que este não tenha formulado pedido de extradição. 
Requisito 2: haja requisição do Ministro da Justiça. 
Diante disto, será aplicada a lei penal brasileira. 
VIII – Competência para extraterritorialidade 
Via de regra, a competência para julgamento dos casos que versam sobre 
extraterritorialidade é da justiça estadual, salvo se estiver em alguma das hipóteses 
do artigo 109, da Constituição Federal. 
 Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: 
I - as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem 
interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, 
as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; 
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Corrigido por Daniela Duarte Minatto 
II - as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa 
domiciliada ou residente no País; 
III - as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou 
organismo internacional; 
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou 
interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as 
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; 
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução 
no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; 
V-A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º deste artigo; 
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o 
sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; 
VII – os habeas corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o 
constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra 
jurisdição; 
VIII - os mandados de segurança e os habeas data contra ato de autoridade federal, 
excetuados os casos de competência dos tribunais federais; 
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da 
Justiça Militar; 
X - os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta 
rogatória, após o "exequatur", e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas 
referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; 
XI - a disputa sobre direitos indígenas. 
§ 1º As causas em que a União for autora serão aforadas na seção judiciária onde tiver 
domicílio a outra parte. 
§ 2º As causas intentadas contra a União poderão ser aforadas na seção judiciária em que 
for domiciliado o autor, naquela onde houver ocorrido o ato ou fato que deu origem à 
demanda ou onde esteja situada a coisa, ou, ainda, no Distrito Federal. 
§ 3º Lei poderá autorizar que as causas de competência da Justiça Federal em que forem 
parte instituição de previdência social e segurado possam ser processadas e julgadas na 
justiça estadual quando a comarca do domicílio do segurado não for sede de vara federal. 
§ 4º Na hipótese do parágrafo anterior, o recurso cabível será sempre para o Tribunal 
Regional Federal na área de jurisdição do juiz de primeiro grau. 
§ 5º Nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da 
República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de 
tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, 
perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente 
de deslocamento de competência para a Justiça Federal. 
Caso o sujeito seja brasileiro e esteja morando no estrangeiro, a 
competência será do juízo da capital do Estado em que ele residiu por último no 
país. Se nunca residiu no Brasil, a competência será do juízo da capital da 
República. 
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IX – Penta cumprida no estrangeiro 
Apresenta-se o artigo 8º, do Código Penal. 
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo 
crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas. 
O sujeito que cumpriu pena no estrangeiro e foi condenado no Brasil pelo 
mesmo fato, ao cumprir a pena em solo brasileira, terá sua pena atenuada, se 
fixada em quantum diverso. Se idêntica, o montante que o sujeito cumpriu no 
exterior será computada no Brasil. Trata-se de uma espécie de detração. 
 
EFICÁCIA DA LEI PENAL EM RELAÇÃO ÀS PESSOAS 
I – Imunidade diplomática 
A imunidade diplomática é uma prerrogativa de natureza pública. Ou seja, o 
sujeito terá prerrogativas em função de exercer um cargo de natureza pública. 
Possuem imunidade diplomática: 
- Chefes de estado e chefes de governo, bem como seus familiares e 
membros da comitiva; 
- Embaixador e sua família; 
- Funcionários do corpo diplomático e sua família; 
- Funcionários de organização internacional (ONU, OMS, OMC, por 
exemplo), quando estiverem em serviço. 
Convenção de Viena 
A Convenção de Viena assegura ao agente diplomático a imunidade de 
jurisdição penal do Estado acreditado. Por exemplo, o Brasil recebe um embaixador. 
Este não poderá ser punido pelas leis do Estado acreditado, isto é, o Brasil, embora 
deva obediência a lei penal brasileira. 
Frisa-se que deve obediência à lei brasileira porque a lei penal goza de 
generalidade e imperatividade. Sendo assim, dirige-se e deve ser observada por 
todos. 
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No caso em questão, trata-se de uma hipótese de isenção de pena, uma 
causa pessoal. Na verdade, ele não será punido pela lei brasileira, mas nada 
impede a punição conforme a lei do seu país. Nesta hipótese, tem-se uma situação 
de intraterritorialidade, qual seja, a lei penal do país do agente diplomático, por 
exemplo, está sendo aplicada a um crime que foi cometido no Brasil. 
O agente diplomático não pode ser objeto de nenhuma forma de 
detenção ou prisão, conforme o Decreto 6.435/65, bem assim a inviolabilidade se 
estende à sua residência, documentos, correspondências, ou seja, aos seus bens 
em geral. 
A natureza jurídica da imunidade diplomática é uma causa pessoal de 
isenção de pena. Esta imunidade aplica-se a qualquer crime, não somente àqueles 
praticados em decorrência da função. Por óbvio, ao praticar o crime, ficará sujeito às 
leis de seu país. 
II – Agente consular 
O agente consular – cônsul – não goza das imunidades diplomáticas, possui 
em verdade, imunidade funcional é relativa. Na realidade, a imunidade do cônsul se 
restringe aos atros praticados no exercício da sua função. 
III – Imunidade parlamentar 
A respeito da imunidade parlamentar, esta divide-se em material e formal. 
A imunidade material se consubstancia em opiniões, palavras e votos. 
Trata-se da imunidade absoluta. 
A imunidade formal, por sua vez, é adjetiva, está ligada ao processo. Trata-
se da imunidade relativa. 
a) Imunidades absolutas 
A este respeito, o artigo 53, da Constituição Federal, aduz que “Os 
Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas 
opiniões, palavras e votos” (Grifo nosso). 
Resumindo, os parlamentares, após a sua diplomação, são invioláveis cível 
e penalmente por suas palavras, opiniões e votos. 
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Corrigido por Daniela Duarte Minatto 
Para o STF, esta imunidade, para se fazer presente, demanda que o 
exercício da palavra ou da opinião tenha correlação com o exercício do cargo. Logo, 
a imunidade não será por qualquer palavra ou opinião. 
Por lógico, se o parlamentar emite opiniões e profere palavras dentro do 
recinto do Congresso Nacional, entende-se, em consonância ao SFT, a existência 
de uma presunção absoluta desta correlação. 
Porém, se o parlamentar estiver na rua e proferir impropérios, um delito de 
injúria, por exemplo, não restará configurada a imunidade e, consequentemente, 
responderá pelo crime. 
b) Imunidades relativas (formal ou processual) 
Esta espécie de imunidade está prevista no artigo 53, parágrafos 1º a 8º, da 
Constituição Federal. 
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de 
suas opiniões, palavras e votos. 
 
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a 
julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. 
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser 
presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos 
dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus 
membros, resolva sobre a prisão. 
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a 
diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa 
de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a 
decisão final, sustar o andamento da ação. 
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de 
quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. 
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. 
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações 
recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes 
confiaram ou deles receberam informações. 
§ 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputados e Senadores, embora militares e 
ainda que em tempo de guerra, dependerá de prévia licença da Casa respectiva. 
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só 
podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, 
nos casos de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam 
incompatíveis com a execução da medida. 
 
1 – Imunidade relativa ao foro 
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Desde a expedição de seus diplomas, os Deputados e Senadores ficam

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