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História do BNH e a urbanização no Brasil

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BNH
O Banco Nacional da Habitação (BNH) foi uma
empresa pública brasileira que, apesar de ter o
nome de Banco, tinha a sua sede em Brasília,
Distrito Federal, e era voltado ao financiamento e a
produção de empreendimentos imobiliários, nos
mesmos moldes do que se faz atualmente a Caixa
Econômica Federal, o qual sucedeu, cabendo, à
época, a sua fiscalização pelo Banco Central do
Brasil.
BNH
O BNH foi a principal instituição federal de
desenvolvimento urbano da história brasileira, na
qualidade de gestor do FGTS e da formulação e
implementação do Sistema Financeiro da Habitação
(SFH) e do Sistema Financeiro do Saneamento
(SFS).
Depois de 1964, a COHAB (Companhia de
Habitação) iria ser integrada ao Banco Nacional de
Habitação, atuando como um dos seus agentes para
a população de baixa renda. A sua ação vai se
intensificar a partir de 1968, sendo que entre esse
ano e 1972 vai realizar um grande programa de
erradicação da maioria das favelas na Zona Sul do
Rio de Janeiro (SANTOS, 1981, p. 88).
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A atuação do BNH apresenta períodos distintos. No
primeiro até 1976 o Banco atua através de
programas convencionais de produção de unidades
habitacionais, no entanto nos 22 anos de existência,
apenas 27% unidades financiadas por este órgão se
dirigiram à faixa de até cinco salários mínimos (1
milhão e 200 mil unidades).
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Após 1976 o banco implanta o PROFILURB
(Programa de Financiamento de Lotes
Urbanizados), o FICAM (Financiamento para
Construção, Ampliação e Melhoria), o PROMORAR
(para melhoria das condições de infraestrutura em
assentamentos existentes) e o PNA / PJB (Programa
Nacional de Autoconstrução - Projeto João de
Barro) (REZENDE, 1995, p.106 -107).
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Quando o BNH incluiu em sua agenda um leque
diversificado de programas para aplicação em
comunidades "subnormais", como o PROFILURB
(Programa de Financiamento de Lotes Urbanizados)
estava pressionados por um quadro de desgaste da
política habitacional. O PROFILURB foi um
programa alternativo aos programas convencionais,
às soluções uniformizadas e padronizadas dos
conjuntos.
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O primeiro deles em 1975 (PROFILURB) – visando
atender às famílias com renda mensal inferior a um
salário mínimo, ampliando-se mais tarde para três
salários mínimos. Voltado basicamente para áreas
populares insalubres ou sem regularização
fundiária, afirmando-se não se destinar a remoções,
o PROFILURB apresentará um desempenho
modesto e reproduzirá viços autoritários. Inexistia a
perspectiva de participação popular e do usuário na
formulação do programa e a não utilização de
recursos a fundo perdido (COELHO, 1992, p. 4).
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Ainda nesse quadro de mudanças, surge, no início
dos anos 1980, o programa denominado
PROMORAR (Programa de Erradicação de Sub-
habitações), implementado pelo governo federal e
destinado, especificamente, a promover a
urbanização dos assentamentos habitacionais
espontâneos (Leitão, 2019, p. 46).
O Projeto João de Barro foi uma das experiências de
maior repercussão, pode-se citar o projeto de
Alagados, na Bahia e o Projeto Rio, no complexo da
Maré, Rio de Janeiro.
Alagados – Salvador - Disponível em:
<https://pt-
br.facebook.com/bairroalagadossalvador/photos/a.179404835582116/1794047289
15460/?type=1&theater>
Alagados – Salvador - A pós reurbanização - Disponível em:
<https://exame.com/revista-exame/o-melhor-e-a-prevencao/>
Dissertação sobre Alagados – Salvador - Disponível em:
<http://docplayer.com.br/63618821-Os-alagados-da-bahia-
intervencoes-publicas-e-apropriacao-informal-do-espaco-
urbano.html
>
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Em 1986, o cantor e compositor Herbert Vianna, do
grupo Paralamas do Sucesso, compôs uma música
inspirada na miséria de três favelas: Trenchtown, em
Kingston, capital da Jamaica, a da Maré, no Rio de
Janeiro, e Alagados, em Salvador, na Bahia. Vianna
havia abandonado o curso de arquitetura no último
ano e quis fazer uma crítica à omissão do Estado nas
áreas de periferia.
O destaque para Alagados, que deu título à canção,
fazia sentido. Nenhuma outra favela retratava tão
bem o caos que a falta de planejamento urbano
provoca. Alagados começou a se formar na década
de 40, com a ocupação de enseadas da Baía de
Todos os Santos.
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Sob a vista grossa dos governos, a invasão avançou
na água com palafitas equilibradas em paus, folhas
de papelão, pneus, enfim, em qualquer coisa que
sustentasse a estrutura.
Mesmo sem água, luz e esgoto e usando o lixo para
fazer aterros, Alagados inchou. Em 1973, mais de
85 000 pessoas viviam nos barracos sobre a maré, e
o governo decidiu removê-las. Após 11 anos, no
entanto, o reassentamento mostrou-se infrutífero.
Enquanto as palafitas eram derrubadas de um lado
da baía, outras surgiam na margem oposta.
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Sem condições de sustentar um imóvel regular,
famílias já removidas vendiam a casa oferecida pelo
governo e retornavam ao convívio com o mau
cheiro e doenças como lepra e cólera. Como outras
ocupações anárquicas nas regiões metropolitanas,
Alagados parecia sem solução. Mas não era.
Um novo plano de reassentamento, iniciado em
1993, surtiu efeito e 24 000 famílias foram
transferidas. As últimas 600 ainda faveladas devem
mudar até 2013. As palafitas de Alagados estão
perto de virar apenas uma citação na letra de um
clássico do pop-rock nacional.
Favela da Maré – Rio de Janeiro - Disponível em:
<https://rio450mariasarahbruna.wordpress.com/2015/08/18/complex
o-da-mare/>
Favela da Maré – Rio de Janeiro – 2019 - Disponível em:
<https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2019/10/09/conjunto-
de-favelas-da-mare-cresceu-quatro-vezes-mais-do-que-o-resto-do-
estado-nos-ultimos-dez-anos.ghtml>
Favela da Maré – Vila do João – 2017 - Disponível em:
<https://extra.globo.com/noticias/rio/processo-que-oficializa-da-
novos-nomes-ruas-de-favelas-sera-estendido-para-outras-
comunidades-21909619.html>
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O processo que deu novos nomes e oficializou 42 ruas da
Vila do João, no Complexo da Maré, será estendido a
outras comunidades do Rio. As próximas favelas a serem
beneficiadas ficam na Tijuca e em Jacarepaguá. E, assim
como aconteceu na Maré, as associações de moradores
participarão do processo de escolha dos novos nomes das
ruas. O processo para oficialização e criação de CEPs para
esses logradouros começou em 2014 e se estendeu pelas
16 comunidades da Maré, que se tornou bairro em 1994,
por força de lei municipal. A partir do Guia de Ruas criado
pela ONG Redes da Maré em 2014, verificou-se que, das
816 ruas do complexo, 505 precisavam ser oficializadas.
Foi então criado um grupo de trabalho integrado pelo
Instituto Pereira Passos e pela Secretaria de Urbanismo,
com a participação de associações de moradores,
resultando 14 decretos, a maioria já publicada.
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COELHO, F.D. Seminário sobre a Questão Habitacional no
Brasil: Projetos Habitacionais do Setor Público e Iniciativa
Popular: a Construção de uma Esfera Pública
Politicamente Ativa, 1992, Rio de Janeiro, Anais.
LEITÃO, Gerônimo. Dos Barracos de Madeira aos Prédios
de Quitinetes: uma Análise do Processo de Produção da
Moradia na Favela da Rocinha, ao longo de Cinquenta
Anos. Niterói: EdUFF, 2009.
REZENDE, Vera Lúcia Ferreira Motta. Planejamento e
Política Fundiária. O Caso da Cidade do Rio de Janeiro.
D.Sc., FAU / USP, São Paulo, SP, Brasil, 1995.
SANTOS, Carlos Nelson Ferreira dos. Movimentos
Urbanos no Rio de Janeiro. 1ª Edição. Rio de Janeiro:
Zahar Editores, 1981.

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