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Atendimento Inicial ao Politrauma

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Mariana M. de Almeida 2023.1 
Atendimento Inicial ao Politrauma 
AVALIAÇÃO DA CENA 
A avaliação deve começar antes da chegada: informações acerca do incidente e do doente com 
base em informações da das por testemunhas ou outras viaturas que já estejam no local. 
 
SEGURANÇA 
• Do socorrista e da vítima: fios elétricos caídos, explosivos, materiais perigosos, tráfegos 
de veículos, combustível, armas, animais. 
• Estratégias para minimizar os acidentes: número necessário de socorristas, uniformes 
refletores, posicionamento do veículo, dispositivos de sinalização. 
Questões de segurança: 
1. Socorrista livre, outro atuando; 
2. Códigos/sinais; 
3. Regras de segurança em uma cena violenta: 
✓ Fique fora 
✓ Retire-se do local 
✓ Quebre a tensão 
✓ Defenda-se 
 
SITUAÇÃO 
• Biomecânica, número de vítimas, idade, necessidade de outros serviços/equipamentos, 
doenças pré-existentes como causa. 
 
03 PRINCIPAIS CAUSAS DE MORTE no traumatizado: 
1º. Hemorragias agudas maciças 
2º. Lesões graves de órgãos vitais 
3º. Obstrução de vias aéreas e insuficiência ventilatória aguda 
 
PERÍODO DE OURO: Esse pico corresponde à hora de ouro do atendimento ao politraumatizado, 
pois o sucesso de sobrevida depende diretamente do tempo e da qualidade do atendimento pré-
hospitalar e hospitalar (APH → EMERGÊNCIA → CENTRO CIRÚRGICO → UTI → REABILITAÇÃO). 
 
 
 
 
O que mais mata no trauma é hemorragia 
maciça, porém, o que mata MAIS RÁPIDO 
é OBSTRUÇÃO DE VIA AÉREA. 
 Mariana M. de Almeida 2023.1 
DISTRIBUIÇÃO TRIMODAL DAS MORTES 
1. PRIMEIRO PICO (mortes imediatas): Ocorre nos primeiros segundos a minutos após o trauma. 
Poucos desses doentes podem ser salvos devido à gravidade da lesão. Medidas preventivas, 
como a implementação de políticas (ex.: lei seca, cinto de segurança) contribuem para evitar 
essas mortes na hora do trauma. 
2. SEGUNDO PICO: Representa as mortes nas primeiras 24h (o paciente pode morrer de choque, 
hipoxemia, obstrução de via aérea, pneumotórax). Esse pico corresponde período de ouro 
do atendimento ao politraumatizado, pois o sucesso de sobrevida depende diretamente do 
tempo e da qualidade do atendimento pré-hospitalar e hospitalar. 
3. TERCEIRO PICO: Ocorre entre dias a semanas após o evento, corresponde a cerca de 20% das 
mortes por trauma. É devido às complicações sistêmicas secundárias, como sepse e 
disfunção de múltiplos órgãos e sistemas. 
 
TIPOS DE TRAUMA: 
1. Penetrante: quando há rompimento e laceração da pele, como perfurações por armas de 
fogo (média ou alta energia), PAB (armas de baixa de energia) e fraturas expostas; 
* Lesão por arma branca: este tipo de ferimento é caracterizado por bordas regulares e 
geralmente retilíneas, facilitando a sua identificação, um paciente recebido com a arma 
branca ainda introduzida deve ser encaminhado ao raio-X para que se possa observar a 
extensão da lesão, a trajetória e a localização da ponta da faca, sendo retirada 
posteriormente no CC. 
2. Contuso: quando não há perfuração da pele, normalmente é resultante do impacto do corpo 
contra uma superfície ou de um processo de aceleração ou desaceleração intensa, 
provocados na maioria das vezes, por acidentes automobilísticos, quedas, agressões, 
traumas esportivos, atropelamentos etc. 
3. Mistos: Uma combinação dos dois tipos, bastante comuns em acidentes de trânsito, por 
exemplo. 
 
COLISÃO DE VEÍCULOS 
Colisão do ocupante: 1 colisão = 3 colisões (carro x obstáculo, pessoa x carro/volante/airbag/órgãos 
internos x estrutura osteomuscular) 
 
 
 
 
 
 
 
 
SINAL DO OLHO DE BOI → marca no 
para-brisa do carro que nos faz pensar 
que o paciente bateu a cabeça, 
aumentando as chances de ter um TCE. 
 Mariana M. de Almeida 2023.1 
 
AVALIAÇÃO E ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR 
Caso: paciente J.S.F, 28 anos vítima de colisão carro x moto na BR 324. Vítima única ao solo, com 
capacete. 
 
1º. Segurança da cena 
2º. Paramentação 
3º. AVALIAÇÃO PRIMÁRIA (realizar em 10 min): 
X = lesão exsanguinante, geralmente de origem arterial. CD: torniquete 
 
A = via aérea 
• 1ª: restringir o movimento cervical (EXCETO EM TRAUMA PENETRANTE) 
• 2º: verificar a perviedade de vias aéreas e avaliar cervical e pescoço. 
• 3º: medidas manuais de desobstrução de VA (chin lift, jaw trust) 
• Escalonamento da via aérea: básico → via aérea avançada → via aérea definitiva? → 
via aérea cirúrgica? 
• Aspirar cavidade oral com aspirador de ponta rígida 
• TODO PACIENTE POLITRAUMATIZADO MERECE OXIGÊNIO com máscara não reinalante 
a 100% independente da saturação. 
• Para imobilização da coluna cervical temos o colar, o head block, a prancha. Agora, vale 
salientar que apenas o colar cervical não imobiliza totalmente os movimentos, dessa 
forma NÃO podemos soltar a cabeça do paciente quando ele estiver somente com o 
colar. 
 
B = IPAP 
• IPAP: inspeção torácica (simetria, sinais de desconforto ventilatório, equimose, 
hematoma, queimadura, desvio de traquea, estase de jugular), palpação torácica 
(enfisema subcutâneo, crepitação óssea, dor), ausculta torácica (murmúrio vesicular 
presente, reduzido ou abolido, ausculta cardíaca (bulhas normo/hipo/hiperfonéticas e 
percussão torácica (hipertimpânico, maciço). 
• Pneumotórax aberto, pneutmotórax hipertensivo, tamponamento cardíaco. 
 
C = CIRCULAÇÃO + CONTROLE DE HEMORRAGIAS 
• PELE (fria/quente, pegajosa, sudoreica, mosqueamento) 
• PULSO (finos/cheios, presente/ausente, simétrico/assimétrico, presença/ausência) 
• PERFUSÃO (TEC) 
• HEMORRAGIAS (tórax, abdome, pelve, ossos longos) 
DICA: Hematoma em expansão na via 
aérea e inalação de fumaça são 
indicações de via aérea avançada ainda 
no A, para não perder a VA do paciente. 
DICA: para saber se o torniquete está 
funcionando você verifica o pulso, 
até porque o objetivo dele ali é 
interromper o sangramento arterial, 
portanto, não deve ter pulso. 
 Mariana M. de Almeida 2023.1 
• No PHTLS – ácido tranexâmico 2g nas primeiras 3 horas, cristaloides aquecidos (até 1L 
de RL de 250mL-250mL-250mL-250mL, considerando a hipotensão permissiva (80-90) 
exceto nos casos de TCE (PAS 110mmHg – fazer cristaloide quando estiver abaixo desse 
valor) com acesso de jelco 18. 
• Testar pelve uma única vez para cima e para dentro, pegando no trocanter, com pés 
para dentro. 
 
D = NEUROLÓGICO 
• Escala de coma de glasgow + pupilas (não muda conduta, mas sim prognóstico) 
• GLASGOW ≤ 8 = indicação de IOT não necessariamente aqui no intra-hospitalar, dá pra 
chegar no hospital, porque aqui o paciente não vai morrer pela via aérea, diferente da 
intubação do A que precisa ser feita no momento. 
• Lesão primária já foi estabelecida → evitar lesão secundária! E como fazer isso? Evitar 
hipotensão, hipoxemia e hipoglicemia. Além disso, foco no A/B/C, IOT se ECG < 9 
• E se sinais de HIC (tríade de cushing: respiração irregular, bradicardia e hipertensão): 
fazer hiperventilação (20ipm), elevar a cabeceira, abrir o colar cervical e manitol. 
 
E = EXPOSIÇÃO + CONTROLE TÉRMICO 
• A avaliação acontece pela exposição por completo do paciente, avaliação do dorso e 
prevenção de hipotermia através de cobertores, fluídos intravenosos aquecidos. 
 
4º. AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA: 
• Feita depois da av. primária, se der tempo! Não devendo retardar o transporte 
• Verificar sinais vitais 
• Realizar história SAMPLA 
• Buscar lesões menores e que não ameaçam a vida imediatamente 
• Tratamento essencial e necessário para manutenção da vida deve ser proporcionado na 
cena 
 
 PHTLS: usado no pré-hospitalar 
ATLS: usado no intra-hospitalar

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