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2 2 - O ócio criativo

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O ócio criativo 
Apresentação
Conforme os meios de produção, comunicação e suportes tecnológicos evoluíram, a sociedade 
entrou em um estágio chamado de sociedade pós-industrial. Esta não está mais ligada à 
apropriação dos produtos da terra (sociedade rural) nem da mais-valia produtiva (sociedade 
industrial), mas gira em torno da capacidade de projetar o futuro e materializá-lo. Nessa sociedade, 
a criatividade e a inovação passam a ser cada vez mais valorizadas. Com a emergência da indústria 
criativa, o conceito de mão de obra deve ser substituído pelo conceito de mente de obra.
O trabalho na indústria criativa não é corretamente expresso pela quantidade de tempo que se 
passa na produção. Atividades como o trabalho, o lazer e o aprendizado se misturam e não são 
facilmente divididas. Note que o trabalhador criativo está constantemente realizando atividade 
mental, seja alimentando seu repertório criativo, seja produzindo. Essa nova postura para com o 
trabalho e o não trabalho foi o que o sociólogo Domenico De Masi chamou de ócio criativo. Sua 
proposta é que todas as atividades, independentemente de ser trabalho, aprendizagem ou lazer, 
devam existir para a criação de valor. 
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai entender melhor o que é a teoria do ócio criativo e, 
principalmente, como ficar atento aos efeitos negativos que a rotina pode ter sobre a sua 
criatividade. Além disso, verá como planejar suas atividades de modo a estimular seu lado criativo e 
aplicá-lo na vida profissional.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Explicar a teoria do ócio criativo.•
Identificar os efeitos da rotina sobre a criatividade.•
Reconhecer o papel do planejamento para o ócio criativo.•
Desafio
Para algumas pessoas, a palavra ócio pode ter conotação negativa, sendo associada à preguiça e à 
falta de força de vontade ou disposição. O ócio criativo se relaciona a uma forma de repensar e 
reequilibrar atividades profissionais e momentos de lazer, diversão e descanso, principalmente em 
uma sociedade que coloca imenso valor e prioridade na vida profissional.
Imagine a seguinte situação.
A partir do exposto, elabore um relatório-guia para os jornalistas do jornal Notícias da Cidade
sobre o que eles podem fazer para inserir o ócio criativo no seu dia a dia. Seu relatório 
deve conter: 
a) justificativa acerca da importância do ócio criativo para a atividade jornalística;
b) recomendações de ações e atividades que podem ser incorporadas na prática profissional dos 
jornalistas a fim de estimular o ócio criativo.
Maycon Carbone
Caixa de texto
a) Os profissionais do Notícias da Cidade têm muito a ganhar na sua prática jornalística com a inserção de atividades voltadas para o ócio criativo, em face das rápidas mudanças nas formas como a informação pode ser coletada, aferida, apresentada e distribuída. Isso porque a criatividade no pensar e no repensar dos modos produtivos do jornalismo tem sido muito valorizada. Além disso, a criatividade ajuda o jornalista na hora de pensar tanto na forma que deseja dar à sua matéria – seja inserindo infográficos ou com abordagens diferenciadas – como no conteúdo – seja considerando como ele apura a informação ou como se relaciona com suas fontes.
b) Na prática jornalística, a divisão entre o trabalho e o ócio não está clara. Um momento de lazer pode ser uma oportunidade de encontrar fontes, as atividades de aprendizado e reflexão podem enriquecer o conteúdo que se produz, e o dia a dia profissional é profundamente influenciado pelo seu conteúdo intelectual pessoal. Assim, é fundamental que os jornalistas do Notícias da Cidade tenham a capacidade de buscar um equilíbrio entre essas três bases. Para isso, podem ser consideradas as seguintes recomendações:
- Programar-se para ler: todo bom escritor é primeiramente um bom leitor. Livros fornecem argumentos coerentes e estruturados. Comece o ano fazendo uma programação de livros que deseja ler. Estabeleça a meta de pelo menos um por mês e liste esses 12 livros.
- Busque outras fontes de aprendizado para o que não conseguir ler: para os conhecimentos que acredita não ter tempo de se aprofundar, procure o suporte de especialistas. A Internet é muito rica em palestras, artigos e documentários de gente qualificada. Aprenda onde estão e quais são essas fontes e passe a consumi-las, por exemplo, ouvindo um podcast no trânsito ou assistindo a documentários como atividade de lazer. 
- Conecte-se: aprenda a extrair o máximo de ferramentas de conexão entre pessoas e de redes sociais, a exemplo do LinkedIn. Busque contatos interessantes e seja generoso, compartilhando o material que produz. 
- Foco: somos educados a não estarmos presentes naquilo que fazemos. Entregue-se por completo às atividades, sejam de lazer, trabalho ou estudo. Esteja atento ao que está fazendo e como está fazendo; saia do piloto automático.
Infográfico
Domenico De Masi formulou sua teoria do ócio criativo como uma resposta aos modos pelos 
quais as pessoas compreendem o trabalho e o tempo livre, valorizados na sociedade industrial, bem 
como uma resposta às mudanças sociais em curso que percebia, em especial o surgimento de uma 
indústria baseada na criatividade. O ócio criativo seria uma nova forma de as pessoas enxergarem o 
trabalho e o lazer e de administrarem suas vidas de forma a serem mais completas e criativas por 
meio do trabalho intelectual.
Tenha em mente que esse aumento da criatividade não é o simples resultado do estado de ócio, 
mas demanda de você a capacidade de conseguir se unir (ou entrar em contato) com diferentes 
elementos de sua psique, em um diálogo entre aspectos do seu consciente e do inconsciente, de 
sua racionalidade e emotividade. Tradicionalmente, as pessoas foram educadas a entender essas 
dimensões (e lidar com elas) de forma separada, como se razão e emoção fossem opostas, mas, na 
verdade, são complementares. 
Neste Infográfico, você vai entender melhor como funciona essa dinâmica por meio dos diferentes 
elementos da psique que se relacionam e como você pode fazer para estimular sua criatividade.
Conteúdo do livro
De acordo com a proposta de Domenico De Masi, na sociedade industrial, a separação entre lazer, 
estudo e trabalho fazia algum sentido. Essas atividades são definidas no dicionário Oxford languages 
da seguinte forma: lazer é o tempo que sobra do horário de trabalho e/ou do cumprimento de 
obrigações, aproveitável para o exercício de atividades prazerosas; já estudo é a aplicação da 
inteligência para compreender algo que se desconhece ou de que se tem pouco conhecimento; e 
o trabalho pode ser compreendido como o conjunto de atividades, produtivas ou criativas, que o 
homem exerce para atingir determinado fim.
Para o sociólogo italiano, entre essas três atividades, predomina o trabalho, que é mais valorizado; 
em segundo lugar, vem a atividade de estudo, que conduz ao trabalho; por fim, a atividade de lazer, 
entendida como "a menos importante" das três.
Na sociedade pós-industrial, que valoriza o trabalho criativo, você pode considerar que tal divisão 
faz cada vez menos sentido, pois o trabalho, que é essencialmente mental, alimenta-se dos estudos 
e flui melhor quando suportado por momentos de lazer, todos esses equilibradamente. É isso que 
propõe a teoria do ócio criativo. 
No capítulo O ócio criativo, base teórica desta Unidade de Aprendizagem, você vai conhecer a 
teoria do ócio criativo, identificar os efeitos da rotina sobre a aprendizagem e reconhecer o papel 
do planejamento para o ócio criativo que pode ser aplicado no contexto profissional, por exemplo, 
de um jornalista.
Boa leitura.
SEMINÁRIO 
CRIATIVO 
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Explicar a teoria do ócio criativo. 
 > Identificar os efeitos da rotina sobre a criatividade.
 > Reconhecer o papel do planejamento para o ócio criativo. 
Introdução
Neste capítulo, você vai compreender a proposta do sociólogo italiano Dome-
nico De Masi acerca do óciocriativo, que se tornou muito popular na década 
de 1990. Em seus estudos, De Masi constatou que a sociedade pós-industrial 
que surgia valorizava mais as atividades cognitivas e simbólicas do que o uso 
da força ou de habilidades físicas. Essa nova indústria criativa valorizava o 
pensamento diferenciado e o potencial criativo. 
A proposta de De Masi é que o processo criativo não é espontâneo, mas, 
sim, cultivado por meio de uma postura mental e por um equilíbrio entre as 
atividades de trabalho, lazer e estudo, que acabam por se mesclar. Seu ponto é 
que o profissional criativo está se alimentando de ideias quando está em seus 
momentos de ócio ou estudo, ideias que poderá depois reaproveitar em seus 
momentos de trabalho. Uma das principais diferenças entre a sociedade in-
dustrial e a pós-industrial está na forma como nos relacionamos com o tempo. 
Assim, na sociedade industrial, o tempo despendido no trabalho é igual à pro-
dução, lógica que não é tão facilmente aplicada na sociedade pós-industrial. 
Um funcionário que dobre seu tempo na indústria dobrará sua produção; contudo, 
um profissional criativo que dobre seu tempo de produção não necessariamente 
produzirá mais ou melhor. Para De Masi, esse tempo adicional, se investido no 
lazer ou no estudo, se mostrará muito mais produtivo.
O ócio criativo 
Guaracy Carlos da Silveira
Assim, neste capítulo, você vai entender melhor essa proposta, aprendendo 
mais sobre a teoria do ócio criativo. Você também vai verificar quais são os 
efeitos da rotina sobre a criatividade e, por fim, vai reconhecer o papel do 
planejamento para o ócio criativo.
Trabalho e ócio na sociedade industrial
O sociólogo Domenico De Masi ganhou popularidade e destaque a partir da 
década de 1990 ao defender sua teoria do ócio criativo. De forma resumida, 
sua proposta é a de que o futuro pertenceria a quem soubesse libertar-se da 
ideia tradicional de trabalho como uma obrigação ou dever e fosse capaz de 
apostar em uma mistura de atividades, em que o trabalho se confundiria com 
o tempo livre, com o estudo e com o jogo. De Masi chamou essa combinação 
de “ócio criativo”.
No cerne de sua proposta está o conceito filosófico que propõe uma 
revisão da forma como encaramos as atividades cotidianas. De certo modo, 
é uma reação à hiperespecialização do trabalho e à divisão da produção em 
tarefas fundamentais — exemplificada pela linha de montagem — que aca-
bam por criar um sujeito cindido, que não está “por completo” na atividade 
profissional diária. 
Para De Masi, em toda ação, seja trabalho, jogo ou aprendizado, deveria 
existir uma criação de um valor, juntamente com o divertimento e a formação. 
Nessa acepção, dar uma aula ou uma entrevista, assistir um filme ou discutir 
animadamente com os amigos deveria carregar o mesmo valor que o tempo 
dedicado ao trabalho (DE MASI, 2000).
A proposta do autor pode ser entendia como uma crítica à sociedade 
industrial, que trouxe consigo novos valores e formas de nos relacionarmos, 
em especial com o tempo. Assim, todo tempo dedicado à produção (trabalho) 
é válido por contribuir para a criação de mais produtos; em contrapartida, 
todo tempo dedicado ao não trabalho (ócio) é considerado improdutivo.
A sociedade passa então a dar mais valor e status a todos aqueles que se 
dedicam a práticas produtivas em detrimento da ação improdutiva. Nesse 
caso, o sujeito que faz diversas horas extras e dedica parte do seu fim de 
semana ao trabalho é visto como “produtivo” e meritório de elogios, exemplo 
a ser copiado. Ainda, por essa lógica, todo tempo que é dedicado ao não 
trabalho é improdutivo e, consequentemente, “tempo desperdiçado”. 
Nessa sociedade marcada pelo ritmo do relógio, o tempo não é mais algo 
para ser fruído ou aproveitado, mas, sim, um bem a ser maximizado, no qual 
se deve extrair o máximo produtivo de cada indivíduo. Segundo De Masi, 
O ócio criativo 2
isso se dá porque a sociedade industrial é marcada pela hegemonia de uma 
categoria profissional: a dos engenheiros, emblematicamente expressa na 
figura de Frederick Winston Taylor. Os modos de pensar e os valores dessa 
categoria profissional se tornaram dominantes.
Frederick Winslow Taylor foi um engenheiro mecânico americano e 
autor do livro Os princípios da Administração Científica, publicado 
em 1911, sendo considerado o pai da administração científica ao propor o uso 
de métodos científicos cartesianos na administração de empresas. Foi com base 
nessas ideias que, em 1914, Henry Ford concebeu os sistemas de produção de 
massa (linha de produção) em seu livro Minha Filosofia e Indústria. Esse sistema 
sintetiza a lógica produtiva da era industrial e a maximização da capacidade 
produtiva de cada trabalhador. 
Em 1936, Charles Chaplin produziu o filme Tempos Modernos como forma de 
criticar o capitalismo, os maus tratos dos trabalhadores e a alienação resultante 
dessa lógica produtiva.
Fonte: (CHARLÍE..., 2002, documento on-line).
O ócio criativo 3
Na sociedade industrial, mesmo o tempo dedicado ao não trabalho passa 
a ser regido pela lógica da maximização dos resultados. Assim, o sistema edu-
cacional voltado para a formação do indivíduo e a sua capacitação profissional 
foi repensado a partir dessa lógica. Apesar de ter se tornado mais acessí-
vel no século passado, tornou-se também mais massificado e homogêneo. 
O aprendizado passou a ser entendido como fim voltado principalmente para 
“formação e qualificação” de trabalhadores, e o ensino, como em uma linha 
de montagem, passou a seguir um cronograma produtivo. Nele, o conheci-
mento é dividido em disciplinas, as disciplinas são organizadas em conteúdos 
curriculares a serem distribuídos em anos seriados, alocados em disciplinas 
semestrais, ministradas em cargas horárias distribuídas pela semana segundo 
uma programação prévia. Esta não necessariamente respeita o ritmo do 
aluno, o que criou o conceito que permite dizer que o aluno está atrasado ou 
adiantado. O objetivo desse sistema de ensino é fornecer ao aluno a maior 
quantidade de conteúdo possível necessário para a sua formação profissional 
no menor prazo possível. 
O tempo dedicado ao lazer também passou por um processo semelhante, 
especialmente se considerado à luz dos meios de comunicação de massa, visto 
que grande parte do tempo dedicado ao lazer tende a ser relacionado com 
a fruição dos meios de comunicação de massa. Como os principais veículos 
de comunicação massiva (cinema, rádio, TV, jornal) retiram grande parte de 
seu sustento da venda de espaços publicitários, quanto mais programáveis e 
modulares esses veículos forem, maior será a capacidade que têm de ofertar 
espaços publicitários.
Lentamente, por meio de um processo de especialização técnica e produ-
tiva, instaurou-se o conceito de programação, ou seja, a veiculação de dado 
conteúdo ou programa em dado horário, passando-se do formato ao vivo 
(menos controlado) para o formato pré-gravado (mais fácil de padronizar). 
Ao mesmo tempo, consolidaram-se as diferenças de espaço e tempo dedicados 
à programação propriamente dita e à veiculação de mensagens publicitárias. 
Como resultado desse processo, De Masi entende que tempo, espaço e cultura 
se tornaram cada vez mais homogeneizados.
É partir desse cenário que De Masi constrói sua crítica à atual sociedade e 
ao trabalho, tendo em vista os processos de mudança que acredita estarem 
por vir. Para o autor, é evidente que as raízes dessa forma de pensar e agir 
estão na concepção de nossa sociedade com base nos processos industriais. 
Tais processos, contudo, enxergavam cada trabalhador como um operador 
especializado em uma linha de montagem, cuja contribuição efetiva ficava 
relegada a um mero apertar de parafusos. 
O ócio criativo 4
Tal concepção industrial desconsidera a evolução dos processos fabris, 
que começaram a substituir o operador humano por processos automatizados 
ou robôs. Desconsidera também a emergência de um novo setor industrial, 
chamado por muitos de indústria criativa. Esta se caracterizaprincipalmente 
pela produção de bens simbólicos, em vez de bens materiais. Assim, a indústria 
do entretenimento, da moda, da comunicação, em grande parte dos serviços e 
principalmente na inovação, suporta-se na capacidade criativa dos indivíduos 
que dela fazem parte.
“Queiramos ou não, devemos saber que o único tipo de emprego remu-
nerado que permanecerá disponível com o passar do tempo será o do tipo 
intelectual criativo [...]” (DE MASI, 2000, p. 95). Como forma de expressar tal 
conceito, o autor sugere a substituição do termo mão de obra para o termo 
mente de obra. Na nova sociedade que se desenha, o futuro pertence mais 
aos que são capazes de usar as próprias cabeças do que as próprias mãos. 
Ou seja, ele engloba pessoas que se dedicarão à análise de sistemas, à pes-
quisa científica, à psicologia, ao marketing, às relações públicas, ao tratamento 
de saúde, à organização de viagens, ao jornalismo e à educação. 
Assim, passamos por um momento de mudança de uma sociedade indus-
trial, em que o poder depende da posse dos meios de produção (fábricas), 
para uma sociedade pós-industrial, em que o poder depende da posse dos 
meios de ideação (laboratórios) e de informação (comunicação de massa). 
“Os EUA são potentes não porque possuem a Ford ou a Microsoft, mas por-
que possuem universidades, laboratórios de pesquisa, o cinema e a CNN. 
A Microsoft é muito mais importante pela sua pesquisa do que por sua pro-
dução [...]” (DE MASI, 1999, p. 122).
Ainda segundo De Masi (2000, p. 187), “Nasce uma sociedade pós-industrial 
que não mais gira em torno da apropriação dos produtos da terra, como a 
sociedade rural, nem da apropriação da mais valia, como a sociedade indus-
trial, mas gira em torno do poder de projetar o futuro e de impô-lo aos outros 
[...]”. Tal mudança tem profundo impacto na forma como trabalhamos e como 
pensamos o trabalho, objeto central da tese de De Masi.
Toma-se como exemplo o conceito de “disponibilidade total”, muito difun-
dido na cultura japonesa, onde se espalhou a convicção de que, quanto mais 
tempo se passa no local de trabalho, mais se produz. Essa ideia, por sinal, 
remonta à oficina e à linha de montagem, em que, dobrando-se o tempo, 
fabricava-se o dobro de parafusos. Contudo, tal princípio não pode ser apli-
cado à indústria criativa, em que a quantidade total de ideias produzidas não 
é diretamente proporcional à quantidade de horas que se passa no interior 
da empresa (DE MASI, 2000). 
O ócio criativo 5
Pesquisadores como Aquino e Martins (2007) trazem o exemplo de mo-
vimentos como “Slow Food” e “Simplicidade Voluntária” no Brasil, que são 
marcados por um questionamento das pessoas frente às suas opções e pela 
busca de um ritmo de vida mais calmo, que permita mais tempo para os 
indivíduos, novos hábitos e novas formas de consumo. Para os autores, esses 
movimentos se alinham à proposta do ócio criativo, ao criticarem a lógica 
de um tempo determinado pela produção, deslocando seu foco do tempo de 
trabalho para o tempo do sujeito. 
Para De mais (2000), a categoria profissional que melhor poderia expressar 
seu conceito de ócio criativo é a do professor universitário. Este estuda em 
casa, quando não precisa de aparelhos ou instrumentos especiais, e escolhe 
como bem entende os horários, os livros e as pessoas com quem interage. Por 
vezes, mantém mais contato com um colega estrangeiro do que com quem 
trabalha na mesma faculdade. Os alunos e o programa de ensino mudam todo 
ano, o trabalho intelectual se confunde com o estudo e o tempo livre, e tudo 
isso o acompanha 365 dias por ano, 24 horas por dia. Quem raciocina com base 
no trabalho forçado considera o professor um vadio, pois conta só as horas 
que ele passa na faculdade — ou seja, em um dado lugar em uma mesma hora. 
De acordo com as pesquisas de Cabeza e Amigo (respectivamente pre-
sidente da rede OcioGune e doutora em Ócio e Desenvolvimento Humano), 
um fato que deve ser levado em consideração, constatado em seus estudos 
empíricos, é que as experiências de ócio criativo não são universais. Elas têm 
uma relação direta com a formação, passando a se sobressair estatisticamente 
em pessoas com formação média, especialmente com estudos secundários 
(CABEZA; AMIGO, 2013).
Como apontam Habowski e Conte (2020), a perspectiva do ócio criativo 
reside no fato de que a contemporaneidade pertence aos sujeitos que conse-
guirem restaurar a dimensão do trabalho não somente como obrigação, mas 
se apropriando dele, de modo a associá-lo com o tempo livre, o estudo e o 
jogo que são necessários à criação. Finalizamos esta seção com o provocante 
pensamento proposto pelos autores: “Como a sociedade contemporânea seria 
se os sujeitos tivessem a mesma preocupação e dedicação ao trabalho coti-
diano que as crianças têm ao brincar? Em outras palavras seria possível olhar 
o mundo com a perspectiva de uma criança construindo novas experiências 
e histórias?” (HABOWSKI; CONTE, 2020, p. 15). 
A discussão acerca da questão produtividade x ócio é bem mais antiga 
do que as propostas de De Masi. O termo francês flâneur costumava ser 
associado à ideia de caminhante, observador, vadio e errante e denominava 
o ato de passear, como representa a Figura 1. Imortalizado pelo trabalho de 
O ócio criativo 6
Honoré de Balzac no século XIX, o flâneur era o sujeito que passeava pela 
cidade aberto a todo o rol de experiências e sensações que esta lhe proporcio-
nava. O ato de flâneur seria o oposto de não fazer nada, mostrando-se como 
uma forma de compreender a rica variedade da paisagem da cidade, sendo, 
em sua essência, uma forma primordial de ócio criativo.
Figura 1. “Rua Parisiense, Dia Chuvoso”, pintura de Gustave Caillebotte (1877).
Fonte: Caillebotte (1877, documento on-line).
Trabalho, rotina e criatividade 
A sociedade industrial colocou em primeiro plano princípios de organização 
e valores como a racionalidade, a capacidade de execução, a padronização, 
a especialização, a eficiência, a produtividade, a concentração do trabalho, 
a forma piramidal das organizações, o gigantismo da economia de escala e a 
concorrência. Já na sociedade pós-industrial, outros valores passam a emergir.
Com uma progressiva intelectualização de toda a atividade humana, toda 
coisa, trabalho ou lazer que se fez um dia com as mãos e exigiu energia mus-
cular passará a ser feita com o cérebro e requerer inteligência, criatividade 
O ócio criativo 7
e preparação cultural. Confiança, ética, estética e subjetividade passam a 
ser valorizados. A criatividade nasce da nossa esfera racional e da nossa 
esfera emotiva: uma ou outra sozinha não basta. Portanto, a organização 
pós-industrial, se quer ser criativa, deve reabilitar a esfera emotiva. Daí 
o emergente interesse pelas paixões, pelas emoções e pelos sentimentos 
(DE MASI, 2000).
O ponto em que vamos articular nosso raciocínio acerca do ócio é o outro 
lado da moeda, ou seja, o trabalho. Falar de trabalho nos últimos 300 anos é 
falar de um processo em constante mudança. Podemos datar o início desse 
ciclo no século XVIII, definido como o princípio da Era Industrial. Como uma das 
consequências do crescente processo de industrialização e do surgimento do 
capitalismo industrial, houve o deslocamento de grande parte da população 
do campo para áreas urbanas. Decorrente dessa migração populacional, 
ocorreu uma mudança no ciclo de trabalho e na fruição do tempo.
Na sociedade agrícola, o ciclo de trabalho e a fruição do tempo eram 
regidos pelo ciclo natural planetário, com datas e tempos de plantio, cuidado 
e colheita que, muitas vezes, eram determinados pelas estações do ano. 
Já na produção industrial, o ciclo de trabalho e a fruição do tempo passaram 
a ser determinados pelo homem, mais especificamente por aqueles que 
projetam a produção. 
Nos séculos que se seguiram, observou-se um gradual ajuste (ou calibra-
gem, como diriam os engenheiros) nessa relação entre trabalho e fruição do 
tempo. Isso ocorreu principalmente no século XIX, em especial após aSegunda 
Guerra Mundial, quando o padrão de consumo e o estilo de vida almejado 
por grande parte da população mundial emularam o “American Way of Life”. 
Nesse momento, o trabalho passou a ter dimensão central na vida da popu-
lação, primeiro na masculina e depois da feminina. Essa visão do trabalho 
foi extrapolada para a cultura. Por exemplo, considere que, muitas vezes, 
para definir uma pessoa, perguntamos qual é a sua formação profissional. 
Nossa relação com o trabalho pode ser melhor expressa a partir da com-
preensão de que temos uma cultura profissional, que podemos definir como 
um conjunto de expectativas, regras de conduta e parâmetros éticos acerca 
do trabalho. Para as gerações mais antigas (baby boomers, principalmente), 
o trabalho se refere à execução de um campo de tarefas por toda a vida, 
preferencialmente em uma mesma empresa. Já para as gerações mais novas, 
em consonância com as mudanças nos meios de produção e nos processos 
produtivos, é explicito um desejo de menos burocracia e hierarquia e ambientes 
de trabalho mais informais. Para gerações mais novas (X e Y), a fidelidade à 
O ócio criativo 8
empresa está em segundo plano, e a satisfação pessoal e profissional vem 
em primeiro plano. 
Em especial após a virada do milênio, com as mudanças trazidas pela 
comunicação digital e pelos dispositivos computadorizados em rede, po-
demos falar em uma nova revolução industrial (GESTÃO DE PESSOAS, 2020), 
marcada por mais flexibilidade nos modos e locais de trabalho e avanço da 
produtividade. Nesse contexto, as empresas demandam menos a presença 
física dos funcionários e mais o foco na entrega de resultados. Assim, por 
exemplo, o tempo que seria gasto deslocando-se até o trabalho pode ser 
empregado de modo mais produtivo em casa, por meio do teletrabalho. Nessa 
nova configuração, criatividade e inovação passaram a ser mais valorizadas. 
Para De Masi (2000), a criatividade é um processo mental e prático, ainda 
um tanto quanto misterioso, pelo qual uma pessoa ou um grupo, depois 
de ter pensado ideias novas e fantasiosas, consegue realizá-las concreta-
mente. Nesse sentido, criatividade não é só ter ideias, mas saber realizá-las. 
No coração dessa proposta/crítica, está a ideia de que o modelo produtivo 
fabril não dá espaço para se trabalhar a criatividade, por se entender que 
essa demanda deve ser estimulada e nutrida. A proposta de De Masi coincide 
com um grande corpo de produção teórica de profissionais da indústria 
criativa, que, em comum, têm a consideração de que criatividade não é um 
dom ou uma capacidade intrínseca das pessoas, mas, sim, uma habilidade 
que deve ser exercitada. 
Predebon (2001) considera que a criatividade é produto de uma visão de 
vida, de um estado permanente de espírito, de uma verdadeira opção pessoal 
de desempenhar um papel no mundo. Essa base mobiliza no indivíduo seu 
potencial imaginativo e desenvolve suas competências além da média, nos 
campos dependentes da criatividade (PREDEBON, 2001, p. 32). Fala-se em 
“além da média” no sentido de compreender que a capacidade de cada um é 
utilizada e desenvolvida em função do meio, de seus estímulos, das limitações 
que apresentam e dos bloqueios que nos impomos (PREDEBON, 2001). 
Von Oech (1988) relata uma pesquisa realizada por uma grande companhia 
petrolífera acerca da produtividade criativa de seus funcionários, com o 
objetivo de identificar o que diferenciava o pessoal criativo do não criativo. 
Após uma série de testes realizados por psicólogos e cientistas, concluiu-se 
que os criativos se achavam “criativos”, e os menos criativos se achavam 
“pouco criativos”. Na prática, isso quer dizer que os que se achavam criativos 
se sentiam livres para entrar em estados germinativos e brincar com seus 
conhecimentos. Já o pessoal que dizia “eu não sou criativo” era prático demais 
O ócio criativo 9
ou tinha pensamentos excessivamente rotinizados. A diferença estava na 
postura mental (VON OECH, 1988). 
Para Serafim (2012), a criatividade é a capacidade humana de produzir 
ideias, respostas e soluções diante de um problema, uma necessidade ou 
um objeto que nos motiva. Chamamos de criatividade a habilidade de con-
ceber ideias novas, de trazer um ponto de vista original para a realidade, de 
desenvolver um pensamento inédito em determinado contexto (SERAFIM, 
2012). Já para Barreto (1982), a criatividade é o resultado da capacidade da 
mente de ligar ideias, produzindo algo novo e diferente. O autor propõe que 
um componente fundamental do processo criativo é a pressão — ou seja, 
problemas reais que demandam uma solução dentro de um prazo. Assim, 
ele defende que o processo criativo se suporta na técnica (BARRETO, 1982).
Diversos autores tentam conceituar o processo criativo. Reproduzimos 
nos Quadros 1 e 2 dois modelos do processo. Barreto (1982) propõe que o 
processo criativo para gerar ideias pode ser entendido em quatro etapas, 
conforme mostra o Quadro 1.
Quadro 1. Processo criativo
1 Preparo
Nesta etapa, a mente coleta informações e dados que 
servem como alicerce ou pesquisa para a questão 
criativa na qual se está trabalhando. 
2 Incubação
Também conhecida como fase do descanso ou da 
pausa, é o momento em que você armazena as 
informações que reuniu e deixa de focalizá-las um 
pouco ou de pensar conscientemente nelas. 
3 Iluminação
Também conhecida como eureca, é o momento de 
inspiração em que aparentemente do nada surge uma 
ideia para responder ao desafio criativo enfrentado. 
4
Implementação/
Verificação
Ponto em que se dá forma à nova ideia, buscando se 
certificar de que ela funciona. 
Fonte: Adaptado de Barreto (1982).
Quando aplicado ao design, segundo Kelley (2001), o processo criativo 
pode ser sintetizado em cinco etapas, apresentadas no Quadro 2.
O ócio criativo 10
Quadro 2. Processo criativo aplicado ao design
1 Compreender 
Nesta etapa, procura-se entender o problema que 
demanda uma solução criativa, em especial nas 
dimensões cliente, mercado, tecnologia e limitações. 
2 Observar
Nesta etapa, busca-se entender como as coisas 
acontecem no mundo real, como as pessoas interagem, 
como se comportam e do que precisam. 
3 Visualizar
Nesta etapa, realizam-se os esboços da ideia com 
uma série de ferramentas (como brainstorm, layouts, 
concepts).
4 Avaliar e aprimorar
Nesta etapa, cria-se um protótipo da proposta, com 
o qual se pode interagir e, assim, identificar melhor 
possíveis problemas ou melhorias. 
5 Implementar Aqui, coloca-se em prática o conceito, disponibilizando-o para o mercado. 
Fonte: Adaptado de Kelley (2001).
O ponto em que todas essas proposições convergem é que a criatividade 
é uma habilidade a ser cultivada, e, como em toda habilidade, tal processo 
envolve prática e recorrência. O pensamento criativo decorre de uma postura 
mental de abertura, curiosidade e investigação, em que, de forma sintética, 
uma vez que somos expostos ao problema que demanda uma solução criativa, 
damos vazão a processos conscientes e inconscientes no sentido de obter 
tal resposta.
A questão central da proposta de De Masi (1999) é que o trabalho formali-
zado, estruturado, sequencial e repetitivo no qual se sustentam os processos 
da sociedade industrial não colabora para o processo criativo. Processos 
padronizados e repetitivos nos colocam em um estado de menor atenção e 
baixa atividade intelectual e, sendo assim, tendem a estimular pouco a cria-
tividade. Além disso, como vimos na seção anterior, nos habituamos a levar 
tal padrão para atividades como o ensino e o lazer, que se tornam rotineiras 
e padronizadas. A proposta do ócio criativo passa pela compreensão de que 
o tempo ocioso não é necessariamente tempo perdido (não produtivo), mas, 
sim, tempo investido no potencial criativo gerador de novas ideias. 
O ócio criativo 11
Cabe ressaltar que a mera exposição ao ócio não resulta necessariamente 
em aumento da criatividade. O processo criativo demanda orientação e aber-
tura a novas experiências, processo com que estamos desacostumados.Se nos 
propusermos a ter uma nova postura criativa voltada para a abertura ao novo 
e a experiências diferentes e a praticarmos, então o ócio criativo certamente 
resultará em um implemento de nossa criatividade. A essência desse conceito 
está na ideia de que estamos nutrindo nosso repertório criativo. 
Um dos grandes inimigos da criatividade é a rotina. Por um lado, ter um 
modelo de vida regido pelos mesmos horários e ciclos produtivos nos pro-
porciona organização e previsibilidade. Além disso, uma tarefa importante 
agendada e realizada com frequência tende a ser mais bem desempenhada. 
A rotina e a sua consequente previsibilidade nos dão mais espaço para orga-
nização e planejamento das atividades. Por outro lado, a rotina envolve atos, 
comportamentos e ações que correm o risco de se tornarem automáticos 
à medida que são realizados com frequência. O principal problema desses 
comportamentos automáticos é que eles estimulam pouco o cérebro e, conse-
quentemente, acabam por tolher nossa criatividade. Nesse contexto, rotinas 
flexíveis com abertura para o novo se configuram como o ponto de equilíbrio 
ideal entre os dois pontos (OLIVEIRA, 2019). 
A riqueza do ócio criativo pode ser sintetizada na frase de Ayan (2001, 
p. 45): “Na etapa da iluminação do processo criativo, o que devemos 
aprender é paciência; se você se sente pressionado a encontrar sua resposta ou 
nova ideia, talvez seja melhor dar um tempo para que sua mente possa fazer o 
trabalho criativo. Ela avisará quando estiver pronta.”. 
Em seu estudo sobre o espaço da inovação, Johnson (2011) constatou 
que alguns ambientes sufocam novas ideias e outros parecem gerá-las sem 
esforço. A diferença entre um e outro tipo está no potencial de eles nos 
fornecerem espaços para conexão de ideias. O argumento de Johnson (2011) 
é de que as ideias não nascem prontas, mas se formam a partir da junção de 
ideias semelhantes.
Ambientes que estimulam o fluxo de ideias, como os cafés no século XIX ou 
a internet nos dias atuais, tornam-se catalisadores de inovação. “O segredo 
para ter boas ideias não é ficar sentado em glorioso isolamento, tentando 
ter grandes pensamentos. O truque é juntar mais peças sobre a mesa [...]” 
O ócio criativo 12
(JOHNSON, 2011, p. 40). O ócio criativo proposto por De Masi se relaciona ao 
fato de nos colocarmos em contato com outras ideias e nos permitirmos 
sermos fecundados por elas. 
Um ponto curioso para reflexão é que grande parte dos pesquisadores 
da criatividade afirmam que nosso padrão natural é ser criativo, 
mas somos educados a tolher nossa criatividade. Como solução para esse 
problema, muitos sugerem que aprendamos a cultivar a curiosidade de nossa 
criança interior. 
Você já reparou que as crianças pequenas assistem aos vídeos que elas gostam 
aproximadamente um milhão setecentas e quarenta e cinco mil trezentas e de-
zenove vezes e meia? E já parou para pensar por que que é que isso acontece? 
É muito simples: quando uma criança nasce ela não sabe quase nada. Não tem 
experiência de vida nenhuma e quase nenhum padrão de pensamento. Portanto, 
tudo, absolutamente tudo o que acontece com ela durante o tempo em que ela está 
acordada é novidade. Praticamente tudo o que ela vê, sente, cheira, engole, toca, 
ouve é novidade, uma coisa que exige reflexão, processamento (SZKLO, 2013. p. 219).
Já segundo Kjeld Kirk Kristiansen, diretor executivo do Grupo Lego, conforme 
apresentado por Dru (2005, p. 130):
As crianças são nossos modelos. Elas são curiosas, criativas e imaginativas. Têm 
os braços abertos para a descoberta e o fantástico. E têm uma disposição natural 
para aprender. Trata-se de qualidades preciosas que devem ser alimentadas e 
estimuladas ao longo da vida. Pessoas curiosas, criativas e imaginativas — com um 
impulso infantil para aprender — estão mais equipadas para o sucesso num mundo 
desafiador e para serem os construtores do nosso futuro comum.
Planejamento e ócio criativo
A fase que estamos atravessando atualmente é caracterizada por uma grande 
crise de modelos teóricos: quer dizer, difundiu-se a justificada consciência 
de que as visões do mundo com as quais nos orientamos no passado são 
insuficientes para explicar o presente e antecipar o futuro. 
Talvez nunca se tenha falado tanto de crise como ao se difundirem novas tecnolo-
gias capazes de livrar o homem da fadiga física, de potenciar as suas capacidades 
de memória, cálculo e até inteligência, de socorrer a saúde física, ampliar os seus 
conhecimentos, descerrar novos horizontes para a biogenética, a agricultura, 
a medicina, os transportes e de permitir — aqui e agora — transformar muito tempo 
de trabalho dependente em tempo autoadministrado a ser dedicado ao crescimento 
intelectual de cada um e da coletividade (DE MASI, 2000, p. 166).
O ócio criativo 13
Estamos tão desabituados a fazer as coisas com calma que, assim que 
dispomos de uma hora livre, a enchemos de tantos compromissos ou tarefas 
que o tempo acaba sempre faltando. Tempo e espaço, as duas categorias mais 
importantes da nossa vida, reduziram-se de tal forma que dispor deles, isto é, 
ter tempo e espaço, passou a ser um luxo (DE MASI, 1999). Hoje, as empresas 
são orientadas pelo mercado e, portanto, precisam que seus funcionários 
estejam imersos na sociedade, não destacados dela. A cabeça, então, carrega 
o trabalho para onde vai. A grande maioria das pessoas não sabe como se 
distrair nem como descansar e acaba por se entocar em casa.
As críticas feitas por De Masi encontraram eco em mudanças de comporta-
mentos que já eram mapeados, como a constatação de Rifkin (1996) de haver 
um crescente interesse por parte dos americanos de trocar salário por mais 
tempo livre, refletindo a preocupação destes com as obrigações familiares 
e as necessidades pessoais. Com a maioria das mulheres atualmente parti-
cipando da força de trabalho, os horários de trabalho mais longos têm sido 
especialmente estressantes para elas. Isso porque, muitas vezes, as mulheres 
são responsáveis por administrar a casa, além de manter um emprego de 
40 horas semanais — a carga conjunta de trabalho e casa pode chegar a 
80 horas semanais (RIFKIN, 1996). 
Rifkin (1996) já apontava para uma crescente tendência no sentido de 
serem reduzidas as jornadas de trabalho, apontando que, se estas não fos-
sem acompanhadas por um programa igualmente agressivo para encontrar 
trabalho para os milhões de desempregados na economia global, muitos dos 
males econômicos e sociais que atualmente ameaçam a estabilidade política 
se intensificariam. Com milhões de cidadãos enfrentando a perspectiva de 
trabalhar cada vez menos horas no setor do mercado formal nos próximos 
anos, e com números crescentes de pessoas não qualificadas, que não con-
seguem encontrar qualquer trabalho na economia global de alta tecnologia, 
a questão da utilização do tempo ocioso vai avolumar-se sobre o cenário 
político, segundo Rifkin (1996). A transição de uma sociedade baseada no 
emprego em massa no setor privado para uma não baseada nos critérios de 
mercado, mas para a organização da vida social, exigirá uma reformulação 
da atual visão de mundo. Redefinir o papel do indivíduo em uma socie-
dade sem trabalho formal de massa é, talvez, a questão vital da próxima era 
(RIFKIN, 1996).
Cairncross (2000), por sua vez, aponta como tendência que, dentre os 
impactos dessa mudança, estão novas configurações de nossa sociedade e 
cultura e dos indivíduos. Em especial, isso vai ocorrer no tocante ao nosso lar, 
que vai readquirir funções que foram perdidas no século passado, tornando-
O ócio criativo 14
-se não apenas uma oficina de trabalho, mas um lugar onde as pessoas 
receberão a maior parte de sua educação, treinamento e assistência médica. 
Para o autor, a antiga divisão entre local de trabalho e lar desaparecerá. 
As atividades que envolvem contatos pessoais de alto nível vão se deslocar 
para escritórios temporários (pense em uma reunião no Starbucks). Como 
consequência da dispersão do trabalho,a natureza das cidades tenderá a 
mudar, reafirmando a importância dos locais onde as pessoas moram como 
centros de entretenimento e cultura (CAIRNCROSS, 2000).
Para muitas pessoas, o escritório em casa permanece um problema não 
solucionado, sendo instalado em um quarto sobressalente ou ficando des-
confortavelmente espremido em um canto da sala. Até que o escritório em 
casa encontre um lugar definitivo, os projetos das casas terão de ser adap-
táveis, de forma que a flexibilidade do uso de espaço seja compatível com a 
flexibilidade dos padrões de trabalho. 
Embora ainda seja cedo para podermos tirar conclusões acerca dos 
impactos sociais decorrentes da crise da Covid-19, algumas de suas 
consequências já podem ser constatadas. Para a parte da população perten-
cente ao grupo de risco (maiores de 60 anos), o ano de 2020 impôs um retiro 
obrigatório em suas residências. Tal imposição, embora possa ser considerada 
um martírio para muitos, para outros resultou em uma grande oportunidade 
de praticar o ócio criativo. 
Uma reportagem da revista Veja intitulada Sem parar no tempo: cursos, 
mudanças de emprego e empreendedorismo na quarentena de idosos (MORETTI, 
2020) acompanha a rotina de alguns idosos que souberam juntar trabalho, 
aprendizagem e lazer e se reinventaram no período de pandemia. A reportagem 
pode ser lida no site da Veja São Paulo. 
Como qualquer proposição teórica, as ideias de De Masi não são imunes 
a críticas. Talvez a principal crítica que possa ser feita à proposta é que ela é 
elitista. Sua aplicação é facilmente compreendida e aplicável em num contexto 
de países ricos e desenvolvidos, mas se torna-se gradualmente mais difícil 
de ser colocada em prática em cenários mais pobres. Dito por com outras 
palavras, para grande parte da população brasileira, trabalho se relaciona-
-se a subsistência e envolve, vender sua mão de obra para ter dinheiro para 
pagar as contas. Além disso, o acesso a um sistema educacional e formativo 
de qualidade não é universal.
O ócio criativo 15
Em um contexto de mercantilização do entretenimento, o lazer se resume 
em grande parte ao consumo de produtos midiáticos, sendo que o acesso a 
museus, parques e outros ambientes culturais é difícil. Na maior cidade do 
Brasil, São Paulo, há uma grande carência de espaços para o lazer (MARTINS, 
2017). A crise da Covid-19 tornou isso explícito, evidenciando que 30% dos lares 
brasileiros não possuem sequer acesso à internet (TENENTE, 2020).
Em termos práticos, as lições que podemos extrair da proposta do ócio 
criativo são que nosso futuro profissional estará intimamente ligado como 
nossa capacidade de ter ideias e produzir mentalmente. Tal produção deve ser 
exercitada e nutrida. Para seu exercício, é necessário que aprendamos a tra-
balhar nosso lado criativo, que, em essência, é nossa capacidade de conectar 
diferentes ideias. Essa ação exige uma postura pessoal de permissibilidade 
e abertura. Para nutrir nosso lado criativo, é necessário que tenhamos uma 
“dieta” de conteúdo — ou seja, que nos permitamos entrar em contato com 
uma ampla gama de experiências, sensações e conteúdo. 
A proposta do ócio criativo exige uma revisão de nossos conceitos e prá-
ticas e demanda, sobretudo, capacidade de organização do tempo. Lazer não 
significa “fazer nada”, mas se relaciona à fruição do momento. Aprendizagem 
não é apenas o acúmulo de informação, mas, sim, reflexão. E o trabalho não é 
apenas execução automática, mas estar presente com toda a sua capacidade. 
Tal processo é, em grande parte, introspectivo e se relaciona a “se permitir”.
Suponha uma viagem de férias, em que você reprogramou sua mente, 
operando fora do piloto automático. Desde o café da manhã até o passeio 
pelas ruas da cidade, o banho de mar, o descanso na rede, a saída para dançar 
à noite — você estava atento a tudo o que estava ao seu redor, permitindo-se 
ser influenciado pelo meio e vivenciando cada momento. Agora, considere o 
seu dia a dia, desde o café da manhã até o translado para o trabalho, o bater 
o ponto e começar a trabalhar, o seu retorno para casa e o seu “descanso” no 
computador. O quanto você está realmente presente? O quanto fica olhando 
o relógio, torcendo para o tempo passar? Comece a planejar e colocar em 
prática seu ócio criativo. 
Ninguém cria por compulsão, ninguém cria por exortação, ninguém cria por dever! 
O famoso apelo que já ouvi inúmeras vezes disparado por alguma chefia dentro 
das organizações “Pessoal! Precisamos ser mais criativos” é elemento muito eficaz 
para afastar de vez dos recintos da empresa qualquer chance realista de boas 
ideias. Deixe-me adiantar logo: as pessoas só criam por duas razões: conveniência 
e prazer. Principalmente por prazer (BARRETO, 1997, p. 17).
O ócio criativo 16
Você tem um trabalho ou um emprego? 
Frente ao que foi visto neste capítulo, é importante apontar que existe 
uma diferença entre trabalho e emprego. O emprego é uma atividade alienada em 
que o profissional atua principalmente por conta de suas necessidades financeiras. 
É algo que faz para garantir “o pagamento das contas” e não está necessariamente 
ligado a nenhum tipo de apreciação. Já o trabalho tem profunda relação com nosso 
estilo de vida — de certa forma, o trabalho se relaciona com o que desejamos nos 
tornar. Assim, ele está pautado em projetos, metas, objetivos e sonhos. Ele vai 
além da necessidade financeira e passa também pela realização pessoal. 
A diferença entre os dois está na sua realização e satisfação pessoal. Quem 
busca apenas o dinheiro tem um emprego, que traz consigo o risco de gerar um 
profissional infeliz, fator que pode gerar estagnação na carreira e até mesmo 
na vida pessoal (IBC, 2018). Se você tem um emprego, é bom começar a pensar 
em mudar para um trabalho. Não estamos recomendando que você largue seu 
emprego imediatamente, mas que comece a analisar sua carreira, identifique 
suas potencialidades e esboce um plano que lhe permita exercer sua verdadeira 
vocação. Isso tornará mais fácil a tarefa de encontrar um trabalho que lhe 
proporcione satisfação e realização, além de rendimentos. 
Referências
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e do trabalho. Revista Mal-Estar e Subjetividade, Fortaleza, v. 7, n. 2. p. 479–500, 2007. 
Disponível em: https://periodicos.unifor.br/rmes/article/view/1595/3577. Acesso em: 
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São Paulo: Negócio, 2001. 
BARRETO, R. M. Criatividade em propaganda. 15. ed. São Paulo: Summus, 1982. 
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CABEZA, M. C.; AMIGO, M. C. Encontro entre o ócio e a cultura: reflexões sobre o ócio 
criativo desde a investigação empírica. Revista Lusófona de Estudos Culturais, Braga, 
v. 1, n. 2, p. 4–27, 2013. Disponível em: https://rlec.pt/index.php/rlec/article/
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O ócio criativo 17
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OLIVEIRA, S. Rotina traz segurança, mas pode minar criatividade: veja como equilibrar. 
2019. Disponível em: https://www.uol.com.br/vivabem/noticias/redacao/2019/08/05/
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PREDEBON, J. Criatividade: abrindo o lado inovador da mente. São Paulo: Atlas, 2001. 
RIFKIN, J. O fim dos empregos: o declínio inevitável dos empregos e a redução da força 
global de trabalho. São Paulo: Makron Books, 1995. 
SERAFIM, L. O poder da inovação: como alavancar a inovação na sua empresa. São 
Paulo: Saraiva, 2011. 
SZKLO, H. Você é criativo, sim senhor! 2. ed. São Paulo: Jabuticaba, 2013. 
TENENTE, L. 30% dos domicílios no Brasil não têm acesso à internet; veja números que 
mostram dificuldades no ensino à distância. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/
educacao/noticia/2020/05/26/66percent-dos-brasileiros-de-9-a-17-anos-nao-acessam-
-a-internet-em-casa-veja-numeros-que-mostram-dificuldades-no-ensino-a-distancia.
ghtml. Acesso em: 15 dez. 2020.
VON OECH, R. Um toc na cuca. 15. ed. São Paulo: Cultura, 1988. 
Os links para sites da web fornecidos neste capítulo foram todos 
testados, e seu funcionamento foi comprovado no momento da 
publicação do material. No entanto, a rede é extremamente dinâmica; suas 
páginas estão constantemente mudando de local e conteúdo. Assim, os edito-
res declaram não ter qualquer responsabilidade sobre qualidade, precisão ou 
integralidade das informações referidas em tais links.
O ócio criativo 18
Dica do professor
O coração da proposta do ócio criativo está na ideia de que as pessoas devem se empenhar para 
programar suas atividades diárias de modo que consigam ter um equilíbrio maior entre as 
atividades de trabalho, lazer e estudo. Considerando que grande parte do trabalho futuro será 
intelectual/criativo, quanto mais o potencial criativo for nutrido, melhor vai ser o desempenho 
profissional.
Contudo a simples alocação de tempo para atividades de lazer e educação não vai 
resultar necessariamente em um incremento de sua criatividade, pois essas atividades, geralmente, 
também são regidas pela lógica produtiva industrial que o ócio criativo tenta quebrar. Então, é 
necessário se preparar e mudar as atitudes mentais.
Nesta Dica do Professor, você vai conhecer algumas dicas e orientações do que você pode fazer 
para maximizar o seu ócio criativo. 
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/7c39b2fb357f40c84175d310a94c63c2
Exercícios
1) Proposto pelo sociólogo Domenico De Masi, o ócio criativo pode ser entendido como uma 
crítica à hiperespecialização do trabalho e à divisão da produção em tarefas fundamentais – 
exemplificada pela linha de montagem.
A seguir, marque a alternativa que expressa corretamente a ideia central de crítica feita por 
De Masi.
A) Com base nas propostas e nos postulados da Declaração Universal dos Direitos Humanos, 
todo indivíduo tem direito ao descanso (ócio).
B) É importante para nossa sociedade que as pessoas aprendam a relaxar como forma de evitar 
o estresse inerente ao trabalho (síndrome de burnout). 
C) Em toda ação, seja trabalho, jogo ou aprendizado, deve existir conjuntamente a criação de um 
valor, divertimento e formação.
D) Os valores orientais de equilíbrio, conhecidos como filosofia zen, devem ser incorporados em 
nossa sociedade.
E) Quando se permite que os trabalhadores tenham momentos de descanso durante a jornada 
de trabalho (ócio criativo), eles se tornam mais produtivos.
Dando suporte à teoria do ócio criativo, está a constatação de que a sociedade é marcada 
pelo ritmo do relógio, em que o tempo não é mais algo para ser fruído ou aproveitado, mas 
sim um bem a ser maximizado, do qual se deve extrair o máximo produtivo de cada 
indivíduo.
Referente a essa temática, considere as seguintes afirmações:
I – Na concepção industrial da linha de montagem, cada funcionário deve determinar seu 
ritmo ideal.
II – Os processos de aprendizagem passaram a ser regrados pelo relógio, sendo organizados 
em conteúdos seriados. O aluno que não acompanha o ritmo imposto é considerado 
atrasado. 
III – As instâncias de lazer, principalmente aquelas que se suportam nos meios de 
comunicação de massa, estão se tornando cada vez mais homogêneas. 
2) 
Maycon Carbone
Realce
É correto o que se afirma:
A) somente na I.
B) somente na II.
C) somente na I e na II.
D) somente na I e na III.
E) somente na II e na III.
3) A sociedade industrial colocou em primeiro plano princípios de organização e vida, como 
racionalidade, capacidade de execução, padronização, especialização, eficiência, 
produtividade, concentração do trabalho, forma piramidal das organizações, gigantismo da 
economia de escala e concorrência.
Já na sociedade pós-industrial, De Masi evidencia que outros valores passam a emergir. Com 
uma progressiva intelectualização de toda a atividade humana, toda coisa, trabalho ou lazer, 
que se fez um dia com as mãos e exigiu energia muscular, vai passar a ser feita com o 
cérebro e exigir inteligência, criatividade e preparação cultural. Confiança, ética, estética e 
subjetividade passam a ser valorizadas.
A respeito da sociedade industrial, avalie as seguintes asserções. Em seguida, marque o item 
que apresenta a correta relação proposta entre elas:
I – A sociedade industrial é marcada pela hegemonia de uma categoria profissional: a dos 
engenheiros.
LOGO
II – Os modos de pensar e os valores dessa categoria profissional tornaram-se dominantes.
A) A asserção I é falsa, e a asserção II é verdadeira.
B) A asserção I é verdadeira, e a asserção II é falsa.
C) As asserções I e II são verdadeiras, sendo que a II é uma justificativa da I.
D) As asserções I e II são verdadeiras, mas a II não é uma justificativa da I.
E) As asserções I e II são falsas.
4) 
Maycon Carbone
Realce
Maycon Carbone
Realce
Vários autores se propõem a conceituar o processo criativo, embora existam diferentes 
modelos de como se dá esse processo. De modo geral, os autores concordam que ele pode 
ser sintetizado em quatro etapas.
Na primeira delas, a mente coleta informações e dados que servem como alicerce ou 
pesquisa para a questão criativa na qual se está trabalhando. Após isso, tem-se o 
momento em que informações são armazenadas e se deixa de focalizar ou de pensar 
conscientemente nelas por um momento. A terceira etapa do processo criativo acontece 
no momento de inspiração, em que, aparentemente, de súbito, surge uma ideia para 
responder o desafio criativo enfrentado. Finalmente, tem-se a instância em que a nova ideia 
ganha forma, buscando certificar-se de que ela funciona.
Entre os itens a seguir, marque o que caracteriza o processo criativo descrito.
A) Iluminação, preparo, implementação/verificação, incubação.
B) Iluminação, implementação/verificação, incubação, preparo. 
C) Incubação, iluminação, preparo, implementação/verificação.D) Preparo, incubação, iluminação, implementação/verificação.
E) Implementação/verificação, preparo, incubação, iluminação.
5) Embora as propostas de De Masi tenham encontrado grande suporte por parte dos 
pensadores do trabalho, sua ideia do ócio criativo não está imune a críticas. Acerca disso, 
considere as seguintes afirmações:
I – Sua proposta é elitista, sendo mais fácil sua aplicação em países ricos com uma 
distribuição de renda e trabalho mais justa.
II – Sua proposta é que todo tempo investido no lazer e no estudo converte-se 
automaticamente em energia criativa.
III – A aplicação do conceito no cenário brasileiro encontra barreiras, destacando-se a baixa 
qualidade e a oferta desigual de condições de ensino e a ausência de opções de lazer e 
cultura adequadas.
É correto o que se afirma:
A) somente na I e na II.
B) somente na I e na III.
Maycon Carbone
Realce
Maycon Carbone
Realce
C) somente na II e na III.
D) somente na I.
E) somente na II.
Na prática
O surgimento e o desenvolvimento da indústria criativa fez emergir um novo setor na economia 
que tem o capital intelectual como a principal matéria-prima na produção de bens e serviços. Esse 
bem intangível é composto pelo conjunto de conhecimentos, habilidades, processos e cultura que 
uma empresa ou pessoa tem. Uma das principais características desse novo mercado é inverter a 
tradicional relação entre suor, produção e dinheiro, por ser fortemente influenciada pela 
criatividade. Isso quer dizer que a tradicional relação linear “mais trabalho = mais produção = mais 
dinheiro” é quebrada.
Na indústria criativa, não há uma relação direta entre tempo despendido e valor do que é 
produzido, principalmente se você se atentar para o valor das ideias produzidas versus o tempo 
gasto para gerá-las. Mesmo que se tenha uma ideia em questão de poucos minutos, esta costuma 
ser resultante de um "investimento" de conteúdo, ou seja, um longo período de aquisição de 
elementos que levam à criatividade – coração da proposta do ócio criativo.
Um ótimo exemplo de profissionais dessa indústria são os consultores de moda e imagem. Embora 
seu atendimento consultivo possa ser medido em horas, seu trabalho é resultante de uma 
montanha de informações coletadas ao longo de uma vida em que a divisão entre trabalho, lazer e 
estudo não é clara.
Neste Na Prática, você vai entender como a crise gerada pela pandemia de Covid-19 possibilitou o 
uso de criatividade a uma consultora de imagem de forma que ela reiventasse seu trabalho e seu 
modo produtivo.
Conteúdo interativo disponível na plataforma de ensino!
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja a seguir as sugestões do professor:
Domenico De Masi
O ócio criativo é a junção entre o trabalho, o lazer e a educação, todos voltados para a criação de 
valor. Neste vídeo, o pensador e sociólogo italiano Domenico De Masi fala sobre suas teorias, como 
o ócio criativo. Fã do Brasil, defende que o país tem todas as condições para desenvolver um 
capitalismo moderno e mais humano. Confira.
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O processo criativo
O curta documental intitulado Processo criativo investiga os contextos, as diferenças e as 
proximidades entre a criação em artes plásticas, design e propaganda, atividades distintas do fazer 
artístico que apresentam similaridades em suas realizações. Nele, você poderá constatar que 
criatividade não é um dom, mas sim uma perícia a ser praticada.
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David Keller: como construir sua confiança criativa (em inglês)
Esta palestra TED traz David Keller – responsável pela empresa de design IDEO, por anos 
considerada uma das mais criativas do mundo – que fala sobre como construir sua confiança 
criativa. Assista ao vídeo e inspire-se em Keller para inserir mais criatividade no seu dia a dia. Caso 
prefira, você tem a opção de ativar a legenda em português nas configurações do vídeo.
https://www.youtube.com/embed/MSEUPqHnv14
https://www.youtube.com/embed/TeNjbaFTzaE
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https://www.youtube.com/embed/16p9YRF0l-g

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