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DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA THALITA NÓBREGA ALVARENGA MEDCURSO + FEBRASGO + WILLIAMS CONCEITOS FUNDAMENTAIS O limite anatômico do trato genital feminino superior é o Orifício Interno (OI) do colo uterino. Para configurar um quadro de DIP, as bactérias têm que ascender pelo OI indo até o colo uterino. DEFINIÇÃO a DIP é uma síndrome clínica que compreende vários distúrbios de espectros inflamatórios e infecciosos do trato genital superior feminino, que incluem quaisquer combinações de endometrite, salpingite, abscesso(s) tubo-ovariano(s) e peritonite pélvica. EPIDEMIOLOGIA ➔ A DIP constitui uma das mais importantes complicações das IST e um sério problema de saúde pública. ➔ É comum em mulheres jovens com atividade sexual desprotegida, sendo mais prevalente entre os 15 e 39 anos. ➔ As adolescentes com vida sexual ativa possuem risco três vezes maior de desenvolver DIP do que as pacientes acima de 25 anos. ➔ A DIP está associada a sequelas importantes em longo prazo (morbidade alta → > 25%), que causam morbidades reprodutivas que incluem: ◆ Infertilidade por fator tubário em 12,5 a 50% das pacientes, aumentando com o número de episódios; ◆ Aumento da incidência de prenhez ectópica: mulheres que já tiveram um episódio de DIP tem chance de 12 a 15% de ter gravidez ectópica no futuro. ◆ Dispareunia e dor pélvica crônica em 18% das pacientes acometidas. AGENTES ETIOLÓGICOS ➔ É uma moléstia polimicrobiana → ocorre porque tem vários agentes ➔ Sexualmente transmissíveis: C. trachomatis (clamídia) e N. gonorrhoeae (gonorréia). ➔ Não sexualmente transmissível: DIP Tuberculosa (infecção de caráter insidioso que ocorre como consequência da disseminação hematogênica do bacilo de Koch) e a DIP por Actinomyces (incide em usuárias de Dispositivo Intrauterino (DIU). ➔ Bactérias facultativas anaeróbias (ex.: G. vaginalis, H. influenza, S. agalactiae, entre outros), que compõem a flora vaginal, também têm sido associadas à DIP. ➔ Atualmente a chlamydia é considerada o principal agente relacionado a DIP, responsável pela infecção do trato genital superior por cervicite. OBS: Todas as mulheres que têm DIP aguda devem ser rastreadas para N. gonorrhoeae e C. trachomatis e testadas para HIV, sífilis e hepatites virais. FATORES DE RISCO ➔ Idade < 25 anos: Estas pacientes possuem fatores biológicos e comportamentais próprios que favorecem o aparecimento deste processo infeccioso, como a baixa prevalência de anticorpos contra clamídia, o muco cervical mais permeável e a ectopia da junção escamocolunar mais frequente. ➔ Início precoce da vida sexual ➔ Estado civil: Mais comum em mulheres solteiras, sem relacionamentos estáveis. Estas geralmente apresentam mais de um parceiro sexual. ➔ Estado socioeconômico: As mulheres que pertencem a classes mais desfavorecidas são mais acometidas pela DIP. ➔ Tabagismo / Alcoolismo / Uso de Drogas Ilícitas: São cofatores imunossupressivos. Estes fatores se associam positivamente ao desenvolvimento da DIP aguda. ➔ Múltiplos parceiros sexuais ➔ Parceiro com uretrite ➔ História de IST ou DIP Prévias ou Atuais: Pessoas com infecção por clamídia, micoplasmas e/ou gonococo na cérvice uterina apresentam um risco aumentado de DIP. ➔ Vaginose Bacteriana (VB): Apesar de uma relação direta não poder ser estabelecida, acredita-se que a VB facilite a ascendência da clamídia e do gonococo no trato genital. ➔ Uso de Métodos Contraceptivos: A escolha do método influencia o risco de DIP aguda e de complicações → DIU é o principal risco. ETIOPATOGENIA ➔ Lesão do epitélio ciliar da tuba ➔ Aderências da luz tubária ➔ Traves: maior incidência de gravidez ectópica ➔ Aglutinação das fímbrias: piossalpinge EXPLICANDO A IMAGEM: Corte longitudinal de uma tuba uterina → Lesão do epitélio ciliar que favorece a aderência tubária, formação de traves levando a uma incidência maior de gravidez ectópica. Sempre que tiver abscesso precisamos pensar em DIP. O gonococo e a chlamydia levam a uma lesão do epitélio ciliar da tuba uterina Eventualmente a tuba pode envolver o ovário levando ao abscesso tubo-ovariano, o conteúdo desse abscesso pode cair na cavidade peritoneal formando um abscesso no fundo de saco de douglas e entre as alças intestinais SÍNDROME DE FITZ-HUGH-CURTIS ➔ Manifestação extrapélvica da doença inflamatória pélvica. ➔ Consiste em aderências entre a cápsula hepática (inflamada) e o diafragma ou a superfície peritoneal anterior→ são pequenos abscessos na superfície hepática ➔ Está relacionada a gonorreia e a clamídia (estudo mais recente) ➔ Fases: ◆ Aguda: exsudato purulento visível na cápsula de glisson. Não há aderências ou envolvimento do parênquima hepático ◆ Crônica: Aderências do tipo corda de violino. ➔ As manifestações clínicas mais comuns são dor abdominal com sinal de Murphy positivo, peritonite difusa e sinais de infecção sistêmica, sendo frequentemente confundido com colecistite aguda. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ➔ O principal sintoma da DIP é a presença de corrimento vaginal purulenta, quase sempre acompanhada de dor abdominal infraumbilical, dor em topografia anexial, dor à mobilização do colo uterino e febre. ➔ Podem ocorrer também os chamados sintomas atípicos, como sangramento uterino anormal (hipermenorreia ou metrorragia), dispareunia e sintomas urinários. DIAGNÓSTICO ➔ O diagnóstico da DIP usualmente é baseado em achados clínicos. ➔ O diagnóstico é difícil em função da grande variação na intensidade de sinais e sintomas em mulheres com esta condição – as pacientes podem apresentar desde infecções assintomáticas a quadros emergenciais. ➔ A videolaparoscopia só é o padrão-ouro nos acometimentos tubários e peritoneais da dip. ◆ Abscessos tubo ovarianos. ➔ Achados ultrassonográficos: ➔ Achados histopatológicos: ➔ Não existe um teste diagnóstico definitivo para o diagnóstico de DIP ➔ Tradicionalmente, o diagnóstico baseia-se na presença de três critérios maiores mais um critério menor, ou na presença de apenas um critério elaborado DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ➔ Apendicite ➔ Diverticulite ➔ Retocolite ulcerativa ➔ Enterite regional ➔ Cistite ➔ Pielonefrite ➔ Litíase urinária ➔ Cisto ovariano (torção/rotura) ➔ Endometriose ➔ Gravidez ectópica ESTADIAMENTO OBS: A partir do estágio 2 já é indicado internação. TRATAMENTO obs: Falha do tratamento = 72 horas CLAMÍDIA Conceito: A infecção urogenital por clamídia é uma infecção comum sexualmente transmissível (IST; também conhecida como doença sexualmente transmissível, DST) no mundo inteiro. A infecção é geralmente assintomática tanto nos homens quanto nas mulheres. Agente etiológico: O organismo causador é a Chlamydia trachomatis. A infecção é geralmente assintomática tanto nos homens quanto nas mulheres. Fisiopatologia: A Chlamydia trachomatis é uma pequena bactéria Gram-negativa que vive como um parasita intracelular obrigatório. Ela tem duas fases de ciclo de vida. Durante a primeira fase, o organismo entra na célula e forma grandes corpos de inclusão chamados corpos elementares. Os corpos elementares se reorganizam em corpos reticulados menores. Os corpos reticulados replicam-se e retornam ao estado de corpos elementares. Após a maturação completa, a célula se rompe em 2 a 3 dias. A bactéria livre penetra em outras células para continuar o processo de replicação. Em decorrência do ciclo de vida diferenciado, o organismo não pode ser cultivado em meio artificial. Após a exposição à C trachomatis, o período de incubação geralmente é de 7 a 21 dias. A infecção no trato urogenital causa inflamação uretral ou inflamação cervical nas mulheres. Em alguns casos, a infecção pode migrar até o trato reprodutor das mulheres e causar uma infecção pélvica, doença inflamatória pélvica (DIP) ou peri-hepatite (síndrome de Fitzhugh-Curtis). Nos homens, a ascensão da infecção pode causar epididimite ou prostatite. OBS: Dentro do organismo humano a clamídia sobreendocitose pela célula do hospedeiro e dentro dela converte-se da forma inativa para forma metabolicamente ativa. Esse processo faz com que haja dificuldade do sistema imune de eliminar as bactérias. Quadro clínico: As mulheres podem apresentar: ➔ Sangramento pós-coito ou intermenstrual ➔ Corrimento vaginal inodoro ➔ Disúria ➔ Dor pélvica. A infecção pode ascender para o trato urogenital superior e causar: ➔ Febre ➔ Calafrios ➔ Mialgias ➔ Náuseas ➔ Vômitos ➔ Dor abdominal ou na pelve. Diagnóstico: ➔ Teste de amplificação de ácido nucleico (NAAT) → Se o resultado do exame realizado for negativo quando a suspeita clínica for alta, deve-se repetir o teste, pois há a possibilidade de resultados falso-negativos. ➔ Após a infecção ter sido diagnosticada, será necessário um rigoroso rastreamento dos contatos do paciente para identificar portadores assintomáticos. Tratamento: Complicação tardia da clamídia Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis: Os achados laparoscópicos da peri-hepatite incluem uma cápsula hepática edemaciada apresentando inflamação e exsudato, muitas vezes com adesões fibrinosas entre o peritônio parietal e visceral, chamadas também de aderências em “corda de violino”. A SFHC pode ocorrer tanto nas infecções por Neisseria gonorrhoeae quanto nas infecções por Chlamydia trachomatis. GONORREIA Conceitos: A infecção gonorreica é uma IST comum causada por Neisseria gonorrhoeae, uma bactéria gram negativa do tipo diplococo muito próxima a outras espécies de Neisseria humana. A gonorreia é a segunda IST bacteriana mais comum no mundo todo. A infecção gonocócica concomitante aumenta o risco de transmissão do vírus da imunodeficiência humana (HIV) por via sexual, conforme sugerido pela carga viral de HIV seminal na uretrite, além de um risco relativo dobrado. Etiologia: O contato sexual sem preservativo é a causa primária para a aquisição de gonorreia em adultos e adolescentes sexualmente ativos. Isso pode incluir qualquer tipo de sexo com penetração (geralmente, referindo-se ao pênis) que envolva um orifício revestido por mucosa (orofaringe, vagina e ânus. A infecção gonocócica em lactentes geralmente é consequência de exposição aos exsudatos cervicais infectados durante o parto Fisiopatologia: A Neisseria gonorrhoeae tem uma afinidade pelo epitélio mucoso humano que é mediado por proteínas da membrana externa. A N gonorrhoeae pode enganar o sistema imunológico ao alterar os antígenos da membrana externa, por meio de plasticidade genômica relacionada à mutação ou por recombinação de ácido desoxirribonucleico (DNA) com as espécies relacionadas. Os seres humanos são os únicos hospedeiros conhecidos. A infecção ascendente por N gonorrhoeae ao longo de vias anatomicamente contíguas pode provocar a doença inflamatória pélvica (DIP) – endometrite, salpingite, abscessos tubo-ovarianos – e, raramente, à disseminação peritoneal, incluindo abscessos peri-hepáticos (síndrome de Fitz-Hugh-Curtis). Quadro clínico: ➔ Cervicite ➔ Uretrite ➔ Corrimento vaginal ➔ Disúria ➔ Sangramento intramenstrual Diagnóstico: ➔ Teste de amplificação de ácido nucleico (NAAT) ➔ Teste de outras ISTs ➔ US transvaginal: Altamente específica para doença inflamatória pélvica. Útil na presença de infecção ascendente crônica, resultando em abscesso tubo-ovariano. Tratamento: QUESTÕES DE RESIDÊNCIA R: R: R:
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