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Apostila economia

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ECONOMIA E MERCADOS
W
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76
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2.
1
22 
Flávio Arantes dos Santos
Londrina 
Editora e Distribuidora Educacional S.A. 
2019
Economia e mercados
1ª edição
33 3
2019
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Presidente
Rodrigo Galindo
Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada
Paulo de Tarso Pires de Moraes
Conselho Acadêmico
Carlos Roberto Pagani Junior
Camila Braga de Oliveira Higa
Carolina Yaly
Giani Vendramel de Oliveira
Juliana Caramigo Gennarini
Nirse Ruscheinsky Breternitz
Priscila Pereira Silva
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Coordenador
Tayra Carolina Nascimento Aleixo
Revisor
Camila Veneo Campos Fonseca
Editorial
Alessandra Cristina Fahl
Beatriz Meloni Montefusco
Daniella Fernandes Haruze Manta
Hâmila Samai Franco dos Santos
Mariana de Campos Barroso
Paola Andressa Machado Leal
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Santos, Flávio Arantes dos
S237e Economia e mercados/ Flávio Arantes dos Santos, – 
 Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A, 2019.
123 p.
 
ISBN 978-85-522-1637-7
 
1. Crise econômica. 2. Economia. 3. Mercado 4. Consumo
I. Título. 
CDD 330
(Bibliotecário Jorge Eduardo de Almeida CRB-8/8753)
© 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser 
reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, 
eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de 
sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, 
por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A.
44 
SUMÁRIO
Apresentação da disciplina 5
Fundamentos de teoria econômica 7
Microeconomia: princípios da oferta e da demanda 28
Estrutura da empresa: produção e custos 52
Estruturas e dinâmicas de mercado 75
Macroeconomia das contas nacionais 99
Princípios de economia internacional 122
Macroeconomia aplicada: preços e políticas macroeconômicas 145
ECONOMIA E MERCADOS
55 5
Apresentação da disciplina
A disciplina Economia e Mercados faz uma introdução à economia para 
os alunos que nunca tiveram contato com a disciplina econômica ao 
mesmo tempo em que aprofunda vários conceitos para aqueles que já 
dominam alguns aspectos da teoria econômica. 
A disciplina apresenta e discute o objeto de estudo da economia 
enquanto ciência e detalha a divisão metodológica existente na análise 
desse objeto. Além disso, também é escopo aplicar os conceitos 
apreendidos na prática. Isso ocorre quando, a partir da discussão 
teórica e dos instrumentos de análise apresentados, os alunos 
conseguem observar as relações econômicas existentes na sociedade, 
identificar os principais problemas econômicos do mundo real e 
propor soluções para superar esses problemas, seja por meio do 
mercado ou por meio do governo.
Dessa maneira, na disciplina Economia e Mercados, você vai conhecer 
o objeto de estudo da ciência econômica, os principais autores que 
dão o alicerce desse conhecimento, bem como as grandes abordagens 
ou os grandes campos de estudo da economia, que se dividem em 
microeconomia e em macroeconomia. 
Ao ser apresentado ao estudo da microeconomia, você será capaz de 
analisar de maneira geral o comportamento dos agentes econômicos 
quando eles estão desempenhando o papel de consumidores ou o papel 
de produtores. A partir desses papéis, você conseguirá derivar as leis 
gerais da demanda e da oferta de mercado, bem como compreender as 
condições de equilíbrio. Quando o mercado não estiver em equilíbrio, 
você saberá identificar os ajustes de mercado, ou seja, as variações 
nos preços e/ou nas quantidades até o ponto em que o mercado atinja 
seu equilíbrio. Para conseguir realizar essa análise, você aprenderá as 
estruturas de mercado e o modo como as empresas e os consumidores 
se comportam se essa estrutura estiver baseada na concorrência perfeita, 
na concorrência monopolística, no monopólio ou nos oligopólios. 
66 
Já no caso do estudo da macroeconomia, você entenderá as relações 
econômicas agregadas, baseadas no comportamento dos agentes 
econômicos enquanto grupos. Nesse caso, você será apresentado as 
relações básicas existentes entre as famílias, as empresas, o governo e 
o setor externo na economia como um todo. A partir dessas relações, 
você aprenderá como as contas nacionais são determinadas, além 
de compreender o balanço de pagamentos, ou seja, as relações da 
economia nacional com o resto do mundo. Por fim, você vai conhecer 
os conceitos da macroeconomia utilizados na condução das políticas 
econômicas, discutindo seus efeitos nos problemas de desemprego, 
crescimento econômico e inflação.
77 7
Fundamentos de teoria econômica
Autor: Flávio Arantes
Objetivos
• Analisar a economia enquanto uma ciência social 
aplicada e enquanto objeto de estudo acadêmico.
• Aprender os conceitos básicos de economia e 
que a ciência econômica é dividida, de maneira 
geral, em duas grandes áreas de conhecimento: a 
microeconomia e a macroeconomia.
• Discutir as contribuições de Adam Smith para a 
abordagem microeconômica e de John M. Keynes 
para a abordagem macroeconômica. 
• Refletir que, a partir da microeconomia e da 
macroeconomia, é possível analisar a maior parte 
dos problemas econômicos que o estudioso de 
economia enfrenta.
88 
1. Introdução
No Tema 1, você aprenderá os conceitos básicos da economia enquanto 
uma área do conhecimento acadêmico e científico. Isso significa que 
você descobrirá que a economia é uma ciência social com fundamentos 
teóricos que podem ser aplicados no dia a dia dos diferentes agentes 
econômicos que se encontram na sociedade. Você verá que a economia 
é uma ciência complexa, que leva em consideração várias áreas do 
conhecimento científico para realizar suas análises e para propor 
intervenções no ambiente social, natural e econômico dos seus agentes. 
Neste Tema 1, você será capaz de distinguir os problemas econômicos 
fundamentais que os agentes econômicos enfrentam e de classificar 
esses agentes conforme a situação com a qual eles se deparam. Isso 
quer dizer, por exemplo, que você saberá analisar o comportamento 
de um agente econômico quando ele aparece enquanto consumidor 
numa relação econômica e distinguir o comportamento desse mesmo 
agente se ele atuar como um vendedor no mesmo tipo de relação 
econômica. Do mesmo modo, você saberá analisar o comportamento 
do conjunto de consumidores ou do conjunto de vendedores numa 
sociedade quando o problema a ser tratado refere-se às relações 
econômicas no geral, ou agregadas, como os economistas costumam 
denominar. Essa capacidade de análise e de classificação é de extrema 
importância para seu conhecimento porque, a partir dela, você saberá 
se determinado problema econômico é de origem microeconômica ou 
de origem macroeconômica.
2. Economia enquanto ciência social e 
conceitos básicos
Neste tópico, você aprenderá as principais questões econômicas que 
tanto os estudiosos de economia quanto as pessoas de maneira geral 
enfrentam a cada dia. No tópico 2.1, você verá que a economia faz 
99 9
parte da vida das pessoas mesmo que elas não estejam preocupadas 
ou mesmo que não percebam o quanto a disciplina as influencia. Já 
no tópico 2.2, você aprenderá de maneira mais formal os principais 
conceitos utilizados na economia e quais são os problemas 
fundamentais que a disciplina econômica se dispõe a enfrentar.
2.1 O objeto de estudo da economia
Você certamente já parou para pensar alguma vez que a “economia” está 
presente na sua vida de diversas formas e que ela está sempre definindo 
suas possibilidades e oportunidades, influenciando suas escolhas ou 
decisões e ajudando a determinar seu modo de viver em sociedade. Se 
por acaso nunca parou conscientemente para refletir sobrea “economia”, 
certamente já pensou bastante sobre ela de maneira inconsciente, sem 
perceber que aquele assunto específico se tratava de uma abordagem 
econômica ou que você fez, mesmo sem perceber, uma análise 
econômica durante a sua vida. Bastar ligar a TV, navegar pela internet ou, 
ainda, passar os olhos em algum jornal que você pode perceber o quanto 
a economia está presente no dia a dia de qualquer pessoa.
O aumento do preço dos combustíveis, a cotação do dólar, a taxa de 
desemprego do país, o nível de produção da indústria automobilística, 
a queda nas exportações, a elevação dos gastos públicos, a taxa de 
inadimplência no comércio, as altas taxas de juros cobradas pelos 
bancos e o patamar da dívida são alguns dos inúmeros exemplos de 
como nosso dia a dia está repleto de temas, conceitos, assuntos e 
abordagens que fazem parte da economia. A economia acaba tornando-
se uma área do conhecimento que você discute com base nas suas 
experiências próprias, no empirismo que o cotidiano lhe fornece a todo 
momento, talvez sem se dar conta dos porquês que estão por trás 
de todas essas questões. Esse empirismo ou experiência adquirida é 
capaz de deixá-lo apto a participar de qualquer discussão numa roda 
de amigos, num jantar de família ou mesmo numa reunião de trabalho, 
pois faz parte do processo de aprendizagem que acontece com qualquer 
pessoa ao longo das suas experiências de vida. 
1010 
Entretanto, qualquer informação, notícia ou conteúdo que se refere 
a economia parte de uma série de embasamentos teóricos que a 
justificam. A partir deste tópico, você vai se familiarizar com os principais 
conceitos utilizados na discussão econômica e com as duas grandes 
vertentes teóricas que sustentam as abordagens da economia enquanto 
objeto de estudo. Você vai saber em qual contexto usar determinada 
abordagem e qual conceito utilizar em uma situação econômica 
específica. Mas, afinal de contas, o que é economia?
PARA SABER MAIS
O termo “economia” vem da palavra grega “οικονομία”, que 
pode ser desmembrada em outros dois termos: οἶκος e 
νόμος. Oἶκος, ou “oikos” na versão ocidentalizada, significa 
casa. Já vόμος, ou “nomos”, significa “costume ou lei” ou 
também “gerir ou administrar”. Dessa maneira, o significado 
inicial de economia era relacionado às “leis da casa”, à 
“administração doméstica” ou à “administração do lar”. 
Existem diversas maneiras de definir “economia”, mas todas elas 
utilizam os mesmos conceitos em comum. O economista estadunidense, 
professor da Universidade de Harvard, Nicholas Gregory Mankiw define 
a disciplina econômica de uma maneira bastante simples, sendo ela 
“o estudo de como a sociedade administra seus recursos escassos” 
(MANKIW, 2008, p. 4). Já os economistas Marco Antonio Sandoval de 
Vasconcellos e Manuel Enriquez Garcia, professores da Universidade 
de São Paulo e autores de uma das principais obras de introdução à 
economia no Brasil, a definem como:
Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade 
decidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produção 
de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e 
1111 11
grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas. 
(VASCONCELLOS; GARCIA, 2000, p. 2, grifo do autor)
Em ambas as definições, você percebe que os autores usam as 
mesmas palavras, ou palavras com significado semelhantes, como, 
por exemplo, “recursos”, “escassez (escassos)”, “estudo” e, ainda, 
“sociedade”. Dessa forma, em seu sentido mais amplo, a Economia 
é o ramo da ciência que estuda a produção e distribuição de bens e 
serviços pela sociedade. É uma disciplina do conhecimento que foca:
• Nos recursos que existem e são escassos, seja num local 
específico, numa determinada região ou no mundo de 
maneira geral.
• No porquê de a sociedade escolhe usar esses recursos que não 
são infinitos.
• Na forma que a sociedade faz a utilização desses recursos.
• Nas consequências de todo esse processo de escolha.
Outra forma de abordar a disciplina econômica é entendê-la como nada 
mais nada menos que uma categoria de análise na qual você é treinado 
para desempenhar um determinado papel na sociedade, assim como 
ocorre com as demais áreas do conhecimento humano. Isso significa 
que, da mesma maneira que você é treinado a lidar com números 
para resolver alguns cálculos matemáticos, ou da mesma maneira que 
um médico é treinado para analisar os sintomas de um paciente e a 
fazer um diagnóstico, a disciplina econômica o treina ou lhe ensina a 
pensar de uma maneira específica, com focos específicos e utilizando 
ferramentas específicas. Ela o capacita a fazer análises e resolver 
problemas segundo categorias determinadas.
Talvez a grande diferença da Economia com relação às demais áreas 
do conhecimento é que ela é um campo de estudo que leva em 
consideração diversos instrumentos para se desenvolver enquanto 
1212 
categoria de análise. É uma disciplina que abriga elementos das ciências 
exatas, como a matemática, ou mesmo a física, para a solução de 
problemas relacionados a quantidades, valores ou uso dos recursos. 
Mas também é uma disciplina que considera as abordagens oriundas 
das humanidades, como a história de um país que o levou ao modo 
como ele se encontra hoje em dia; ou da sociologia, para analisar 
os indivíduos enquanto seres que convivem num determinado tipo 
de configuração da sociedade, ou, ainda, elementos da psicologia, 
que levam os indivíduos a serem singulares e terem determinados 
comportamentos na sociedade em que vivem. Afinal de contas, como 
você certamente já percebeu, a Economia trata de recursos, valores, 
quantidades e, mais importante, de PESSOAS! Que se organizam das 
mais diversas formas e se relacionam das maneiras mais diversas 
possíveis com os fins mais diversificados possíveis.
2.2 Conceitos básicos e principais problemas econômicos
Você já está utilizando (e sabendo como utilizar) de maneira 
inconsciente os principais conceitos de economia nesta Leitura 
Fundamental e, com certeza, no seu dia a dia, seja em casa, no local 
de trabalho ou nos seus estudos. Por mais que sejam complexas as 
categorias que formam a abordagem econômica da sociedade, boa 
parte da nomenclatura e dos conceitos utilizados na economia vem 
do seu uso comum, do seu significado usual do dicionário (dizem que 
essa é uma característica dos economistas, que costumam ter pouca 
criatividade com os nomes!). São eles:
• Recursos.
• Escolhas.
• Produção.
• Necessidades.
• Escassez.
• Distribuição.
1313 13
ASSIMILE
Escassez econômica: o sentido dado pela economia à 
escassez é o mesmo dado por qualquer dicionário de 
língua portuguesa, mas com o adicional de estar sempre 
relacionado às necessidades da sociedade. Dessa forma, 
a economia lida com o dilema entre a finitude dos 
recursos (naturais, monetários, sociais...) de que dispõe 
frente às necessidades dos seres humanos que, por 
pressuposto, são ilimitadas.
Tendo em vista as necessidades da sociedade frente à escassez de 
recursos, o economista profissional, o estudioso da economia e mesmo 
o cidadão comum fazem escolhas para melhor utilizar aquilo que têm 
à sua disposição. Esse melhor uso, na linguagem econômica, significa 
tornar ótimo ou “otimizar” as decisões que têm que tomar dentro de 
um sistema econômico. Segundo Vasconcellos e Garcia (2000, p. 2), 
o sistema econômico:
[...] pode ser definido como sendo a forma política, social e econômica pela 
qual está organizada uma sociedade. É um particular sistema de organização 
da produção, distribuição e consumo de todos os bens e serviços que as 
pessoas utilizam buscando uma melhoria no padrão de vida e bem-estar.
No sistema econômico em que você vive, o sistema capitalista ou a 
economia de mercado, as decisões de otimização dos usos dos recursos 
são tomadas por meio da livre iniciativa dos indivíduos, da garantia da 
propriedade privada dos meios de produção e de alguma coordenação 
por meio do Estado. Isso significaque as pessoas são livres para se 
organizarem nas atividades produtivas, que a economia e as pessoas 
ofertam recursos produtivos e que o Estado, por meio do governo, 
determina o sistema de leis, as regras, os limites e as áreas para que a 
economia possa funcionar de maneira ótima, eficiente e estável. 
1414 
ASSIMILE
Meios de produção: são os recursos utilizados na produção 
de bens e serviços numa empresa, numa indústria ou 
numa economia como um todo. São chamados também 
de fatores de produção e incluem, basicamente, terra, 
recursos naturais, trabalho, capital e tecnologia.
Dados o sistema econômico, os fatores de produção disponíveis, 
a necessidade ilimitada da sociedade e a escassez de recursos, a 
economia se depara com alguns problemas principais: o que produzir? 
Quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir? Como distribuir 
a produção?
As respostas a essas questões econômicas vão depender do 
momento histórico em que a economia se encontra, da relação 
entre os proprietários dos diversos fatores de produção, do poder 
do governo em influenciar as decisões privadas da livre iniciativa, da 
grandeza do problema e, ainda, da abordagem que se está levando em 
consideração na solução. Na disciplina econômica, existem duas grandes 
abordagens que podem ser levadas em consideração, a depender da 
questão econômica a ser enfrentada. São elas: a microeconomia e a 
macroeconomia – tema do próximo tópico.
3. As abordagens da microeconomia e da 
macroeconomia
Neste tópico, você aprenderá as duas principais abordagens da 
Economia enquanto disciplina ou área do conhecimento científico. 
Na seção 3.1, você saberá as principais discussões a que o 
1515 15
campo da microeconomia se atém. Você verá que é uma área da 
Economia que se preocupa com o comportamento dos agentes 
econômicos enquanto consumidores, produtores ou vendedores. 
É na microeconomia que se desenvolvem a teoria do consumidor 
e a teoria da firma, ou da empresa. Na seção 3.2, você aprenderá 
o que é a macroeconomia e as áreas da Economia com as quais 
essa abordagem se preocupa. Como você perceberá, essa área do 
conhecimento está preocupada com o conjunto dos consumidores, o 
conjunto das empresas, o conjunto de ações do governo e as relações 
de uma economia com outras economias do mundo.
3.1 O campo de estudo da microeconomia
Mesmo que você nunca tenha ouvido falar em microeconomia na sua 
vida, você certamente faz alguma ideia do que seja essa abordagem 
porque agora já sabe qual é o objeto de estudo da Economia 
como um todo e as principais questões que a disciplina pretende 
responder. Você também já sabe os principais conceitos utilizados na 
análise econômica, o que torna ainda mais fácil o aprendizado sobre 
o campo de estudo ou o campo de análise microeconômico.
A microeconomia é a abordagem inicial a partir da qual se 
desenvolveram praticamente todas as demais abordagens da 
economia moderna, mas que tem estreita relação com o conceito 
grego de economia como “administração da casa” ou “administração 
da empresa”. A análise microeconômica surge a partir dos 
pensamentos de Adam Smith no século XVII, sobre a maneira de 
tornar o processo de produção de alfinetes mais eficiente, ou a 
fábrica mais produtiva. O processo de produção que Smith analisava 
era o manufatureiro, ou pré-industrial, em que as ferramentas ainda 
eram rudimentares e não existia o maquinário característico das 
indústrias modernas. 
1616 
PARA SABER MAIS
Adam Smith (1723-1790) foi um filósofo, economista e 
autor britânico nascido na Escócia, que é considerado o 
pai da economia moderna ou, ainda, o pai do capitalismo. 
Aliando seus conhecimentos de filosofia moral à análise 
econômica, Smith defendia que os seres humanos são 
naturalmente propensos às trocas e que sempre se 
relacionam entre si com esse objetivo.
Smith percebeu que se houvesse uma divisão das etapas da manufatura 
de alfinetes, com cada trabalhador especializado em desempenhar 
uma função específica no processo produtivo, a quantidade produzida 
de alfinetes aumentaria de maneira significativa. Ou seja, Smith 
elaborou uma teoria a partir da observação da sua realidade, provando 
que o aumento da produtividade da manufatura de alfinetes estava 
relacionado à divisão do trabalho envolvido.
A partir desse caso específico, Smith foi capaz de desenvolver uma 
obra grandiosa, referência em todo o mundo e conhecida como a 
primeira obra a tratar a economia de maneira sistematizada. 
A publicação intitulada Uma investigação sobre a natureza e as causas 
da riqueza das nações, mas mais conhecida simplesmente como 
A riqueza das nações, foi lançada inicialmente em 1776 e representa 
uma mudança significativa na história do pensamento econômico e no 
desenvolvimento da Economia enquanto disciplina e objeto de estudo. 
Além das vantagens produtivas associadas à divisão do trabalho, 
A riqueza das nações trata também do valor gerado na produção 
manufatureira, da distribuição dos rendimentos advindos da produção, 
da consequente acumulação de capital e, ainda, das considerações 
sobre o funcionamento do livre mercado nas sociedades comerciais. 
1717 17
Figura 1 – Adam Smith (1723-1790)
Fonte: WilshireImages/iStock.com.
Neste momento, você deve estar se perguntando: e a relação de Smith 
com a microeconomia? Bem, a microeconomia, enquanto abordagem 
teórica, nasceu a partir da análise da fábrica de alfinetes promovida por 
esse autor escocês. 
Smith estava analisando as possíveis maneiras de otimizar a 
produção de um bem, levando em consideração os fatores produtivos 
disponíveis, a tecnologia da época e os recursos necessários para 
aquele empreendimento manufatureiro. Ou seja, se trouxermos para a 
discussão de hoje em dia, o autor estava analisando o funcionamento 
de uma empresa com base no que ela possui de meios de produção. 
É justamente dos aspectos relacionados ao funcionamento de 
uma empresa ou de uma indústria em particular que a análise 
microeconômica trata. A microeconomia se preocupa com todas as 
relações econômicas que ocorrem dentro de uma empresa e nas suas 
relações com as demais empresas e com os consumidores de seus 
bens ou serviços. Essas relações econômicas partem dos motivos 
que levam um agente econômico a consumir, passam pelas decisões 
dos empresários de produzir e se desdobra nas relações que ambos 
realizam no mercado econômico.
1818 
O mercado nada mais é do que o local onde as relações entre os 
agentes econômicos acontecem. Nele são realizadas as trocas que Smith 
defendia ser a maneira mais eficiente de completar o processo produtivo 
e garantir de fato “a riqueza das nações”. Para ele, o mercado deveria 
ser LIVRE, para possibilitar as transações diretamente entre produtores 
e compradores e sem a intervenção do governo, a não ser para garantir 
a liberdade de negociações. Isso porque o autor acreditava numa “mão 
invisível” que garantiria o ajuste de mercado, pois o interesse de cada 
agente econômico levaria a um ajuste benéfico para todos. Ou seja, a 
soma das ações individuais levaria ao bem comum e coletivo.
Dessa maneira, a análise microeconômica se desenvolveu durante 
séculos para tratar das teorias que discutem o comportamento 
dos consumidores; das abordagens que determinam as decisões 
de produção e de uso dos recursos por parte das empresas; das 
mudanças tecnológicas e das inovações nos diferentes processos 
produtivos; das diferentes estruturas de mercado e dos diversos 
elementos que o compõem e dos possíveis ajustes nas estruturas para 
que haja equilíbrio. Ou seja, a microeconomia trata de todas as teorias 
relacionadas ao comportamento econômico que têm como base uma 
economia empresarial.
3.2 O campo de estudo da macroeconomia
Até aqui, você já aprendeu quais são os problemas a serem enfrentados 
pela economia de maneira geral, a influência de Adam Smith no 
desenvolvimento da disciplina econômica e o campo de atuação da 
abordagem microeconômica. Fica fácil, assim, distinguir quais são ostemas abordados pela macroeconomia: praticamente, as demais áreas 
da Economia que não são abordadas pela microeconomia!
Pelo instrumental microeconômico, você analisa o comportamento 
dos consumidores e produtores, assim como o comportamento das 
1919 19
empresas e das indústrias com as quais eles interagem. Você percebe 
e apreende a dinâmica de setores econômicos específicos e faz uma 
extrapolação para a compreensão daquele sistema de relações em que 
determinada empresa ou indústria está envolvida. Mas e para a análise 
do comportamento econômico como um todo? Como você pode analisar 
o funcionamento da economia de maneira geral? Será que é possível 
extrapolar a dinâmica de um mercado ou de uma indústria específica 
para um país como um todo? Como calcular as grandes relações, as 
relações agregadas da economia?
Para responder a essas questões, você utiliza a abordagem 
da macroeconomia. Na história do pensamento econômico, a 
macroeconomia surgiu para complementar os tradicionais enfoques 
“microscópicos” da economia com uma nova abordagem, um olhar 
mais “macroscópico” para as relações econômicas. Surgiu para que 
a realidade econômica pudesse ser apreendida em seus aspectos 
amplos, agregados, globais. Assim como Smith foi uma figura 
fundamental para o desenvolvimento da disciplina econômica como 
um todo e da microeconomia em particular, John Maynard Keynes foi 
o ponto de inflexão na discussão econômica, ao iniciar, no século XX, a 
abordagem macroeconômica.
PARA SABER MAIS
John Maynard Keynes (1883-1946) foi um economista 
britânico nascido na Inglaterra que é considerado o pai da 
macroeconomia e o precursor das políticas econômicas. 
Keynes causou uma revolução na disciplina econômica ao 
provar que as relações agregadas da economia não seguem 
o mesmo comportamento das relações individuais e que o 
mercado, por si só, não consegue atingir o equilíbrio. Na sua 
visão, o governo deve agir na coordenação do mercado.
2020 
A partir da publicação da obra A teoria geral do emprego, do juro e 
da moeda, em 1936, Keynes colocou uma nova forma de entender a 
economia. Segundo o autor, o mercado é a configuração mais eficiente 
para que as transações entre produtores e compradores ocorram, mas 
esse mercado não pode ser deixado livre, ao sabor da “mão invisível” 
de Smith. Na interpretação de Keynes, o comportamento otimizador de 
cada agente econômico não necessariamente leva ao bem-estar comum. 
A ideia é de que, mesmo que as empresas otimizem suas decisões de 
investimento e de produção e os consumidores otimizem suas escolhas 
de consumo e de oferta de mão de obra, o encontro de ambos no 
mercado pode não resultar num equilíbrio da economia como um todo. 
Mas você deve estar pensando: o que, de fato, Keynes quer dizer com 
isso? O que quer dizer esse equilíbrio da economia como um todo?
Lembre-se de que, em 1929, houve uma quebra da bolsa de valores 
de Nova York que ocasionou uma grande crise econômica global nos 
anos seguintes. Essa crise, chamada de Grande Depressão, levou 
à quebra de muitas empresas, a problemas de produção e ao 
aumento do desemprego na economia mundial. Durante esse 
período, Keynes analisava o comportamento das empresas, dos 
trabalhadores, dos investidores na bolsa e do governo e percebia dois 
problemas fundamentais: havia uma quantidade enorme de mão 
de obra desempregada ao mesmo tempo em que havia capacidade 
produtiva não utilizada nas empresas. Do ponto de vista do empresário, 
seria razoável não investir numa economia que não tem perspectivas 
de crescimento, ou seja, numa economia em que ele sabe que não vai 
conseguir vender sua produção. Da mesma maneira, sem emprego, os 
trabalhadores não conseguiriam gastar, pois não tinham renda para tal. 
Havia um único agente no sistema econômico que poderia demandar 
trabalho dos desempregados, contratar empresas para fornecer bens e 
serviços e fazer com que a economia como um todo saísse da depressão 
e voltasse a crescer. Esse agente é o governo.
2121 21
Figura 2 – John M. Keynes (1883-1946)
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4c/Lopokova_and_
Keynes_1920s_cropped.jpg. Acesso em: 8 jan. 2020.
Keynes defendia que, quando necessário, o Estado ou o governo 
deveria atuar na economia, coordenando a ação entre empresas e 
trabalhadores para que os desempregados conseguissem empregos 
e para que as empresas voltassem a funcionar e a vender seus bens 
e serviços. Em épocas de baixo crescimento econômico, de alto 
desemprego ou de crises, o Estado seria o único agente capaz de 
gastar sem ter uma renda prévia, o único agente da economia que 
conseguiria demandar bens e serviços de maneira autônoma, como se 
diz na linguagem de economia. Para Keynes, sempre que o mecanismo 
de mercado não fosse suficiente para gerar um nível de produção na 
economia que fosse condizente com o pleno emprego dos meios de 
produção disponíveis, o governo deveria agir para cobrir essa falha e 
garantir que todos que quisessem trabalhar tivessem emprego. 
Você pode perceber que, da ideia de atuação do Estado na economia, 
coordenando, ajudando e incentivando a produção privada, surgem as 
políticas econômicas, ou políticas keynesianas, como ficaram conhecidas. 
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4c/Lopokova_and_Keynes_1920s_cropped.jpg
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4c/Lopokova_and_Keynes_1920s_cropped.jpg
2222 
Mas e onde está o caráter macroeconômico da análise? Está justamente 
no fato de que Keynes não estava preocupado com uma empresa 
específica, nem com um mercado específico e muito menos com um tipo 
de trabalhador ou de consumidor específico. Sua preocupação maior era 
com o nível agregado de produção, com o nível total de desemprego na 
economia e com a insuficiência de demanda global para atingir o pleno 
emprego dos fatores de produção.
A política macroeconômica keynesiana visa “...administrar a demanda 
agregada de modo a mantê-la no nível adequado à sustentação do pleno 
emprego. Idealmente, a política econômica keynesiana seria aquela que 
estimularia empresários a utilizar os fatores de produção disponíveis, 
deixando inteiramente a seu cargo a decisão de onde empregá-los”. 
(CARVALHO, 2008, p. 14)
Dessa maneira, Keynes criou uma abordagem que não era objeto 
da disciplina econômica principalmente porque, até então, a 
análise econômica baseava-se fundamentalmente na abordagem 
microeconômica oriunda de Smith. A análise macroeconômica, 
portanto, vem da interpretação de Keynes e trata do estudo agregado 
da atividade econômica, ocupando-se das magnitudes globais, com 
vistas à determinação das condições gerais de crescimento e de 
equilíbrio da economia como um todo. Ou seja, a macroeconomia 
estuda a determinação e o comportamento dos agregados econômicos, 
como o Produto Interno Bruto (PIB), o consumo nacional (das famílias), 
o investimento agregado, as exportações totais que um país faz para o 
exterior, as importações totais que o país recebe de fora, o nível geral 
de preços e os determinantes da inflação e todas as demais variáveis 
que representam algum tipo de “agregado” da economia. 
Como a macroeconomia estuda os agregados econômicos, você 
certamente já deduziu que é nessa abordagem que se encontram as 
discussões sobre crescimento econômico, sobre política econômica, 
2323 23
política monetária, política fiscal, a busca pelo controle da inflação, 
a discussão sobre a taxa de câmbio, a questão do desemprego, as 
políticas de fomento à economia, entre diversas outras.
Agora você já possui todo o ferramental básico e as principais 
categorias de análise econômica para iniciar seus estudos mais 
aprofundados e suas discussões sobre a economia. A partir do 
ferramental microeconômico e do instrumental macroeconômico, você 
consegue entender e analisar a maior parte dos problemas econômicos 
que enfrentará ao longo da vida.
TEORIA EM PRÁTICA 
De tempos em tempos, a economia brasileira passa por 
algum tipo de crise econômicaque impacta a produção 
nacional e o nível de emprego. Às vezes, a crise interna 
no país é decorrente de alguma crise internacional, 
em que os países mundo afora deixam de demandar 
os produtos brasileiros e reduzem suas relações 
comerciais com o Brasil. Quando isso ocorre, alguns 
setores da economia são mais afetados do que outros, 
mas o impacto sobre a produção e o emprego é visto 
na economia como um todo. Em outros momentos, as 
crises são decorrentes da própria dinâmica interna, por 
exemplo, quando há uma queda expressiva do consumo 
das famílias por conta da dificuldade de acesso ao 
crédito. Tendo em vista esse cenário, quais elementos 
você classificaria como explicações microeconômicas 
da crise? Quais os elementos que fazem parte da 
abordagem macroeconômica? Há alguma interação 
entre ambas as abordagens?
2424 
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. A economia enquanto objeto de estudo existe há muito 
tempo e os gregos já possuíam uma discussão sobre os 
princípios que deveriam reger essa disciplina. Entretanto, 
a economia __________ surgiu a partir da interpretação 
de ______________ sobre a realidade _________ em que a 
Grã-Bretanha se encontrava. Seus estudos deram início 
à análise ________ mas também se preocupava com as 
condições _________da economia.
Assinale a alternativa que contenha os termos corretos 
para as lacunas acima:
a. Moderna; Keynes; industrial; microeconômica; 
específicas. 
b. Moderna; Smith; industrial; microeconômicas; gerais. 
c. Medieval; Smith; manufatureira; 
macroeconômica; gerais. 
d. Moderna; Keynes; manufatureira; macroeconômica; 
específicas.
e. Moderna; Smith; manufatureira; 
microeconômica; gerais.
2. A Economia se divide em dois campos de atuação ou 
duas abordagens distintas. São elas: 
a. A macroeconomia, que se preocupa em analisar o 
comportamento das empresas e dos consumidores. 
2525 25
A microeconomia, que está preocupada com o 
crescimento econômico de um país.
b. A microeconomia e a macroeconomia. Enquanto a 
microeconomia está preocupada com as decisões dos 
consumidores individuais, a macroeconomia aborda 
os temas relacionados às empresas.
c. A microeconomia, que estuda como consumidores 
e empresas tomam decisões e como esses agentes 
interagem nos mercados, e a macroeconomia, que 
aborda os fenômenos agregados da economia, como 
crescimento do PIB, inflação e desemprego.
d. A macroeconomia, que se preocupa com as 
decisões dos agentes agregados na economia, 
e a microeconomia, que aborda o comércio 
internacional do país.
e. A microeconomia, que foi fundada por Adam Smith 
e estuda o comportamento geral dos preços, da 
produção e do emprego no país, e a macroeconomia, 
fundada por John Keynes, que aborda a dinâmica nos 
mercados capitalistas.
3. A Economia é uma disciplina que treina as pessoas 
num tipo de categoria de análise da realidade. 
Essa categoria de análise se vale de uma série de 
outras áreas do conhecimento cientifico existente. 
Entre as ciências que ajudam na formação da 
abordagem econômica se destacam: 
2626 
a. As ciências exatas, como matemática e física, que 
ajudam nos cálculos de otimização das decisões de 
consumidores e empresas.
b. As humanidades, como a sociologia, pois os agentes 
econômicos vivem em sociedade, mas não a 
psicologia, pois o comportamento individual de uma 
pessoa não afeta os resultados do mercado.
c. A matemática, mas não a psicologia, pois a Economia 
trata de agentes racionais que usam cálculos para 
tomar suas decisões.
d. Matemática e física, pois a Economia é uma 
ciência exata.
e. História e sociologia, uma vez que a Economia é uma 
ciência social que pretende calcular as decisões dos 
agentes econômicos.
Referências bibliográficas
CARVALHO, F. Equilíbrio fiscal e política econômica keynesiana. Revista Análise 
Econômica, Porto Alegre, ano 26, n. 50, p. 7-25, 2008.
KEYNES, J. M. Teoria geral do emprego, do juro e do dinheiro. 1. ed. bras. 
Rio de Janeiro: Editora Fundo de Cultura, 1964 (1936).
MANKIW, N. G. Introdução à economia. São Paulo: Pioneira Thomson 
Learning, 2008.
SMITH, A. A riqueza das nações. Rio de Janeiro: Abril Cultural, 1982.
VASCONCELLOS, M. A. S; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 5. ed. 
São Paulo, SP: Saraiva, 2017.
2727 27
Gabarito
Questão 1 – Resposta: E
Resolução: Adam Smith é considerado o pai da economia moderna 
e sua interpretação da realidade manufatureira da Grã-Bretanha 
deram início à abordagem microeconômica. Entretanto, Smith 
também se preocupava com questões gerais da economia, como 
as origens e as causas da riqueza dos países.
Questão 2 – Resposta: C 
Resolução: a microeconomia e a macroeconomia. Enquanto a 
microeconomia aborda temas relacionados ao comportamento 
das empresas e dos consumidores, a macroeconomia está 
preocupada com o comportamento geral da economia, com os 
agregados econômicos. 
Questão 3 – Resposta: A
Resolução: a economia é considerada uma ciência social 
aplicada. Isso significa que ela pega emprestado elementos das 
humanidades, como história, sociologia, psicologia, etc., mas 
também usa elementos das ciências exatas, como matemática e 
física, para ajudar nos cálculos de otimização das decisões dos 
agentes econômicos.
282828 
Microeconomia: princípios 
da oferta e da demanda
Autor: Flávio Arantes
Objetivos
• Aprender os princípios da análise 
microeconômica que embasam as decisões dos 
produtores e dos consumidores.
• Refletir sobre a teoria do consumidor.
• Discutir os tipos de bens, as leis da demanda e 
da oferta e o equilíbrio de mercado. 
• Analisar os desequilíbrios de mercado e os 
ajustes via preços.
2929 29
1. Introdução
Agora, você aprenderá os princípios fundamentais da análise 
microeconômica. Isso significa que você conhecerá os primeiros 
conceitos e as principais ferramentas da microeconomia. Você perceberá 
o quanto a análise microeconômica está presente no nosso dia a dia e é 
essencial para o entendimento do funcionamento dos mercados.
Neste tema, você ficará apto a analisar as decisões dos agentes 
econômicos, os pressupostos considerados para a tomada dessas 
decisões e a dinâmica que ocorre no mercado a partir de cada decisão 
individual. Ao final desta Leitura Fundamental, você terá aprendido o 
que é teoria do consumidor, as primeiras ideias da teoria do produtor e 
as interações via mercado.
2. Mercado, dinheiro e preços
Você vive numa sociedade capitalista, em que boa parte das relações 
sociais são relações econômicas. Isso significa que elas acontecem 
no mercado e são mediadas pelo dinheiro. É no mercado que 
consumidores e produtores se encontram e realizam as transações: os 
primeiros demandando bens e serviços produzidos e ofertados pelos 
segundos. As transações no mercado ocorrem por meio da troca de 
dinheiro por um determinado bem ou serviço.
Pela sua experiência pessoal, você sabe que é o preço que determina 
a quantidade de um bem ou de um serviço oferecido no mercado. Já 
a quantidade demandada daquele determinado bem vai depender 
de uma série de fatores. Esses fatores vão desde as necessidades do 
consumidor, suas preferências, seus gostos e terminam sempre na 
sua renda. Assim, a despeito das características individuais de cada 
consumidor, em última instância, o que vai determinar a quantidade 
3030 
que ele demanda daquele bem ou serviço é sua capacidade de 
pagamento ou sua restrição orçamentária. Dessa forma, quantidade, 
preços e renda estão sempre em questão quando você está fazendo 
uma análise microeconômica.
ASSIMILE
Restrição orçamentária: o total de recursos disponíveis 
para um agente econômico realizar um gasto, ou seja, 
demandar um bem ou serviço no mercado. A restrição 
orçamentária é medida pelas diversas remunerações 
dos agentes (salários, lucros, aluguéis, juros, etc.) e 
pela sua capacidade de levantar empréstimos no 
sistema financeiro.
Independentemente do mercado em questão, algumas características 
gerais estão sempre presentes nas relações entre produtores e 
consumidores e acabamse transformando em leis gerais. O primeiro 
conjunto dessas relações determina a demanda.
3. Demanda
A demanda nada mais é do que o quanto você deseja de determinado 
bem ou serviço ofertado no mercado. Ela é determinada pela sua 
necessidade do bem, pelos seus gostos, pelas suas preferências, 
pela qualidade do bem e por uma série de outros determinantes 
individuais que têm a ver com sua experiência de vida e sua posição 
social. Na análise microeconômica, a demanda por determinado bem 
está sempre colocando em contraposição o preço do bem e a restrição 
orçamentária do consumidor.
3131 31
ASSIMILE
Quantidade demandada: o quanto o consumidor pretende 
adquirir ou adquire de fato de determinado bem ou serviço 
no mercado. A quantidade demandada vai depender do 
preço estabelecido para o bem ou serviço em questão e da 
capacidade de pagamento do consumidor.
3.1 Curva de demanda
Mantendo a renda sem variar, a quantidade demandada de um 
bem por determinado consumidor depende de seu preço. Quando o 
preço de um bem diminui, normalmente, as pessoas compram mais 
ou menos do bem? E se o preço do bem aumenta? O que acontece 
com a demanda?
A resposta a essas questões fornece a Lei da Demanda:
[...] com tudo o mais mantido constante, quando o preço de um 
bem aumenta, a quantidade demandada deste diminui; quando o 
preço diminui, a quantidade demandada do bem aumenta. 
(MANKIW, 2014, p. 65)
O uso de um exemplo concreto o ajudará na análise do comportamento 
dos consumidores. Com o exemplo, você pode traçar um gráfico que 
será útil em quaisquer análises microeconômicas. 
Considere então que Luigi chegou da Itália recentemente e se 
maravilhou com a pizza brasileira. Luigi gostou tanto da pizza daqui 
que, durante uma semana qualquer, demanda pizzas segundo preços e 
quantidades apresentados na Tabela 1 abaixo:
3232 
Tabela 1 – Preço e demanda de pizza
Preço da pizza Quantidade demandada de pizza
R$ 0,00 12
R$ 5,00 10
R$ 10,00 8
R$ 15,00 6
R$ 20,00 4
R$ 25,00 2
R$ 30,00 0
Fonte: elaborada pelo autor.
Como Luigi gostou muito da pizza brasileira, se ela for gratuita, 
sua alimentação semanal será basicamente à base de pizza, e ele 
demandará 12 pizzas no total. Por outro lado, se o preço da pizza for 
R$ 30,00, Luigi não demanda nenhuma pizza. Numa representação 
gráfica, a demanda de Luigi por pizza é a seguinte:
Gráfico 1 – Curva de demanda por pizza
Fonte: elaborado pelo autor.
O Gráfico 1 mostra que a curva de demanda por pizza condiz com a lei 
da demanda: tudo o mais mantido constante, a demanda será maior 
quanto menor o preço. Ou seja, se nada acontecer com a renda de Luigi, 
3333 33
se os gostos dele não mudarem e se suas preferências se mantiverem as 
mesmas, ele vai demandar mais de um determinado bem quanto mais 
baixo for seu preço.
Mas o que vale para Luigi, no caso da Lei da Demanda, também vale 
para sua esposa Mária – e vale para todos os indivíduos que demandam 
pizza. Mária tem preferências, gostos e renda diferentes de Luigi, e 
demanda pizzas conforme a terceira coluna da Tabela 2 abaixo mostra:
Tabela 2 – Preço e demanda de mercado de fatias de pizza
Preço da pizza Quantidade de-mandada de Luigi
Quantidade de-
mandada de Mária
Quantidade de-
mandada mercado
R$ 0,00 12 9 21
R$ 5,00 10 8 18
R$ 10,00 8 7 15
R$ 15,00 6 6 12
R$ 20,00 4 5 9
R$ 25,00 2 4 6
R$ 30,00 0 3 3
Fonte: elaborada pelo autor. 
Se o mercado de pizza é formado apenas por esses dois consumidores, 
quando você soma a demanda de pizza de Luigi com a de Mária, você 
obtém a demanda do mercado por pizza.
Gráfico 2 – Curva de demanda por pizza
Fonte: elaborado pelo autor.
3434 
Dessa forma, a curva de demanda de mercado é igual ao somatório de 
todas as curvas de demanda de todos os indivíduos que se encontram 
no mercado. No exemplo que você está analisando, é a soma da curva 
de Luigi e Mária que, individualmente, estão representadas no gráfico 2a 
e, juntas, estão representadas no gráfico 2b.
3.2 Movimento ao longo da curva de demanda
A partir da demanda de mercado, você não apenas consegue analisar 
a demanda total por determinado bem, mas também o que acontece 
quando algumas condições mudam. O primeiro passo é analisar o 
que ocorre com a demanda de determinado bem quando seu preço 
muda. Essa pergunta é fácil de responder, pois a resposta já está na 
própria Lei da Demanda. A representação gráfica para isso, contudo, 
se encontra no Gráfico 3 abaixo:
Gráfico 3 – Movimento ao longo da curva de demanda
Fonte: elaborado pelo autor.
De acordo com o Gráfico 3 e com a Lei da Demanda, mudanças de 
preços causam movimentos ao longo da curva de demanda, pois, 
quando o preço aumenta, a demanda cai, e quando o preço cai, a 
demanda aumenta.
3535 35
Mas e se outras condições que determinam a demanda por um 
bem mudam? O que acontece com a curva de demanda se a renda 
dos consumidores muda? E se as preferências e os gostos desses 
consumidores sofrem alterações? O que acontece com a demanda?
Antes de você estudar o que acontece com a curva de demanda, é 
preciso saber que os bens não são todos iguais e, na microeconomia, 
existe uma maneira de classificá-los para poder analisar como a 
demanda por eles responde às alterações nos seus determinantes.
3.3 Classificação dos bens
Até aqui, você aprendeu que a demanda de um bem aumenta quando 
seu preço diminui e que a demanda diminui conforme seu preço 
aumenta. Na realidade, isso é algo que ocorre costumeiramente 
no seu dia a dia, algo que é comum na maior parte dos mercados. 
A microeconomia utiliza esse fato comum na nossa realidade para 
classificar bens cuja demanda aumenta quando o preço diminui como 
“bens comuns”.
Com uma classificação parecida com os bens comuns estão aqueles 
bens que a microeconomia classifica como “bens normais”. 
Normalmente, se sua renda aumenta, se você passa a receber um 
salário maior, a demanda por alguns bens que você consome aumenta. 
Se a demanda pelo bem aumentar quando a renda aumentar, o bem 
é considerado um bem normal. Exemplos são os pacotes maiores 
de internet, planos mais amplos de telefonia, uso mais frequente do 
automóvel, TV por assinatura, etc.
Agora você pode estar pensando se existe algum caso em que a 
demanda por algum bem diminui quando a renda do consumidor 
aumenta. De fato existe, e a microeconomia classifica esses bens como 
“bens inferiores”. Exemplos de bens inferiores são muito mais comuns 
do que parece a uma primeira vista. No ambiente universitário, por 
3636 
exemplo, é muito comum o consumo de bens inferiores, como salsicha, 
macarrão instantâneo, “pratos feitos” ou mesmo passe de ônibus. Esses 
bens não são inferiores pela qualidade do alimento ou do transporte 
público, mas sim porque, quando o universitário consegue um emprego, 
com renda maior, ele deixa de consumir ou reduz seu consumo de 
macarrão instantâneo e passa a consumir um almoço no restaurante. 
Veja que deixar de consumir um bem inferior, como a salsicha, 
para consumir um almoço em um restaurante é diferente de outra 
classificação de bens que existe na microeconomia, o caso dos “bens 
substitutos”. Apesar de você substituir a salsicha pelo almoço, o 
determinante da troca foi o aumento da sua renda. Bens substitutos 
são aqueles que você substitui a demanda por outro similar quando 
seu preço aumenta. Se você sempre come proteína animal e o preço 
da carne bovina aumenta, provavelmente você optará pela carne suína 
ou pela carne de frango. As carnes, nesse caso, são bens substitutos. 
O mesmo vale para marcas diferentes, quando você escolhe outro 
detergente, pois sua marca preferida aumenta o preço. Ou, ainda, 
quando você opta por abastecer seu carro flex com etanol quando o 
preço da gasolina aumenta.
Veja que, a partir do exemplo do veículo, é possível mais uma forma 
de classificar os bens. Você só consome etanol ou gasolina se tiver 
um carro flex. Então, o consumo de combustível é complementar ao 
seu uso do carro. Carro e combustível são “bens complementares”.O consumo de um bem implica o consumo do outro. Isso vale 
também nas máquinas de café espresso que requerem a cápsula 
ou o sachê de café para serem utilizadas. 
Uma vez conhecida a classificação de bens utilizada na análise 
microeconômica, você está apto a analisar o que ocorre na demanda de 
determinado bem quando um de seus determinantes muda, seja ele a 
renda, as preferências, os gostos ou o preço de outros bens relacionados.
3737 37
3.4 Deslocamento da curva de demanda
Você viu na seção 3.2 que mudanças no preço de um bem causam 
movimentos ao longo da curva desse bem. Agora você vai perceber que 
mudanças nas condições que determinam a demanda de algum bem 
específico fazem com que a curva de demanda se desloque no plano 
que relaciona preços e quantidades. 
Mais um exemplo concreto pode ajudar na sua análise. Suponha 
que Luigi e Mária gostem de comer uma barrinha de chocolate após 
suas refeições, mas não comem com frequência porque o chocolate 
custa caro na pizzaria que frequentam. Entretanto, este mês, ambos 
ganharam promoção nos seus respectivos empregos e estão recebendo 
um salário maior. Com o novo salário, podem comer o chocolate após a 
pizza. Não houve nenhuma mudança no preço do chocolate, a demanda 
aumentou apenas porque as pessoas estão mais ricas. Nesse caso, a 
curva de demanda se desloca para a direita. 
Gráfico 4 – Deslocamento da curva de demanda de barrinhas 
de chocolate
 Fonte: elaborado pelo autor.
3838 
Perceba pelo Gráfico 4a acima que o preço da barrinha de chocolate 
continuou o mesmo (R$ 5), mas a demanda aumentou de 10 para 
15 unidades. No mesmo preço, o mercado demanda mais barrinhas 
de chocolate. A mesma lógica vale para o caso em que as preferências 
ou os gostos dos consumidores mudam e eles passam a demandar 
mais barrinhas, independentemente do preço.
Você, com certeza, já notou que o raciocínio inverso também vale, 
ou seja, se, por algum motivo, as pessoas deixam de demandar 
determinado bem, a curva de demanda desse bem se desloca para a 
esquerda, conforme o Gráfico 4b. Se as pessoas perdem o emprego, 
por exemplo, elas podem comer menos chocolate e a demanda se 
desloca para a esquerda, independentemente do preço do chocolate. 
Ou, ainda, se é descoberto que comer chocolate faz mal para o 
coração, menos pessoas irão querer comprar chocolate e a demanda 
se deslocará para a esquerda. No Gráfico 4b acima, a demanda se 
desloca de D1 para D2 e a quantidade demandada no exemplo cai de 
20 para 10 unidades.
Os mesmos tipos de deslocamentos da curva de demanda de um 
bem ocorrem se há alterações no preço de um bem substituto. 
Suponha que você considere que arroz branco e arroz integral sejam 
substitutos entre si, pois ambos são fonte de carboidrato. Se o preço 
do arroz integral aumenta, você pode preferir substituí-lo por arroz 
branco. Se isso ocorre, a demanda por arroz branco vai aumentar, 
ocasionando um deslocamento para a direita na curva de demanda 
do arroz branco. No Gráfico 5 abaixo, a demanda vai de D1 para D3.
3939 39
Gráfico 5 – Deslocamento da curva de demanda de arroz branco
Fonte: elaborado pelo autor.
Por outro lado, se o preço do arroz integral diminui e você o considera 
mais nutritivo que o arroz branco, haverá deslocamento para a esquerda 
da demanda de arroz branco, de D1 para D2 no Gráfico 5, indicando 
uma queda na demanda por arroz branco, independentemente do 
movimento dos preços do arroz branco. 
Já no caso de bens complementares, a análise fica mais interessante 
e você já pode perceber o motivo. Imagine que a renda da população 
aumente e todos comecem a demandar máquinas de café espresso 
sem que o preço da máquina mude. Se mais máquinas são 
demandadas, o complemento da máquina, que são as cápsulas, 
também terá sua demanda aumentada. Isso significa que o 
deslocamento para a direita da curva de demanda da máquina implica 
um deslocamento para direita (aumento) na demanda por cápsulas de 
café, por se tratarem de bens complementares.
Mas se por acaso o preço das cápsulas aumentarem muito, é possível 
que tomar café espresso fique restrito a uma pequena parcela da 
população. Assim, o aumento do preço das cápsulas pode deslocar 
curva para a esquerda, diminuindo a sua demanda. Como você pode 
perceber, a análise dos bens complementares já abre uma variedade de 
possibilidades e discussões.
4040 
No seu dia a dia, a depender do tipo de bem em questão, as 
alterações nos preços de mercado, na renda dos consumidores, 
nas preferências e em qualquer outro condicionante da demanda 
têm implicações diversas. Você já tem o ferramental básico para 
efetuar essas análises do lado da demanda, falta agora aprender o 
comportamento do lado dos produtores de bens, ou seja, a dinâmica 
da oferta no mercado.
4. Oferta
Quando você analisa a demanda de um bem, você está pensando do 
ponto de vista dos consumidores. Agora, se você muda a perspectiva 
de análise para a ótica dos produtores, a discussão passa a ser feita a 
partir da oferta de um bem e não mais da demanda.
Claro que o produtor, ou ofertante, precisa saber da demanda 
pelo seu bem para decidir o quanto vai ofertar e se é viável 
produzir aquele bem específico. Mas, por ora, pense apenas na 
quantidade que o produtor está pretendendo oferecer. Do que 
depende essa quantidade?
A oferta de um bem tem uma série de determinantes: preço dos 
insumos utilizados, disponibilidade de matéria-prima, tecnologia 
de produção e acesso a ela, expectativas sobre as vendas e, 
fundamentalmente, preço do bem ofertado. 
Se você é o produtor ou vendedor de um bem, o que o incentivaria a 
ofertar mais desse bem? Claro que, tudo o mais mantido constante, 
um aumento no preço do bem que você oferta incentiva um aumento 
da oferta. Ou seja, quanto maior o preço, mais o ofertante está 
disposto a oferecer. Isso significa que oferta e preço são positivamente 
relacionados. O Gráfico 6 mostra um exemplo genérico.
4141 41
Gráfico 6 – Curva de oferta de um bem
Fonte: elaborado pelo autor.
PARA SABER MAIS
Sigla da curva de oferta: você certamente já percebeu 
que as siglas usadas em economia são a primeira 
letra do termo em questão. Então, por exemplo, “P” é 
de preço e “D” de demanda. Mas, então, por que “S” 
é oferta? Porque o S é do termo em inglês “supply”, 
que significa “oferta”. Assim como o “S” também pode 
significar poupança, pois vem de “savings”. O contexto é 
que define se o “S” é oferta ou poupança!
Assim como a demanda, a oferta também possui uma lei:
[...] lei da oferta: com tudo o mais mantido constante, quando o preço de 
um bem aumenta, a quantidade ofertada desse bem também aumenta, 
e, quando o preço de um bem cai, a quantidade ofertada desse bem 
também cai. (MANKIW, 2014, p. 71)
Como você já aprendeu uma série de características da curva de 
demanda, analisar a oferta fica muito mais fácil e intuitivo. Isso significa 
4242 
que vários princípios que valem para a demanda também valem para a 
oferta, desde a construção da curva até a análise dos seus movimentos.
4.1 Oferta de mercado e movimento ao longo da curva
O Gráfico 6 é uma curva genérica de oferta num determinado mercado. 
Ela pode expressar tanto uma curva individual quanto a própria 
curva de mercado. No caso da curva de oferta de mercado, ela é 
simplesmente a soma das curvas de todos os ofertantes presentes 
naquele mercado. Suponha que o mercado de pizzas é composto 
por duas pizzarias apenas, La Mamma e La Bella, que ofertam pizzas 
segundo os preços dados na Tabela 3 abaixo:
Tabela 3 – Preço e oferta de mercado de fatias de pizza
Preço da pizza Pizzaria La Mamma
Pizzaria 
La Bella Oferta de mercado
R$ 0,00 0 0 0
R$ 5,00 1 3 4
R$ 10,00 3 5 8
R$ 15,00 5 7 12
R$ 20,00 8 8 16
R$ 25,00 9 11 20
R$ 30,00 11 13 24
Fonte: elaborada pelo autor.
De maneira geral, a pizzaria La Bella consegue ofertar mais pizzas do 
que a pizzaria La Mamma a qualquer preço estabelecido no mercado. 
É muito provável que os custos de produção da La Bella sejam 
menores que os daLa Mamma. Mas, neste momento, você está 
interessado em saber a quantidade de pizzas que serão ofertadas no 
mercado, que é a soma das duas ofertas individuais, representada na 
última coluna da Tabela 3. É possível perceber que, quanto maior o 
preço da pizza, mais pizzas serão ofertadas no total.
4343 43
Gráfico 7 – Movimento ao longo da curva de oferta de fatias de pizza
Fonte: elaborado pelo autor.
Alterações nos preços da pizza indicam movimentos ao longo da 
curva de oferta. Já alterações nas condições de oferta de pizza 
implicam deslocamentos da curva, como você pode perceber na 
seção 4.2 a seguir.
4.2 Deslocamentos da curva de oferta
As mudanças nos determinantes da oferta de um bem implicam 
deslocamentos na curva de oferta do bem. Suponha, por exemplo, 
uma redução no preço da farinha de trigo. Considerando que 
a farinha é um insumo na produção das massas de pizza, uma 
redução no seu preço faz com que fique mais barata a produção 
de pizzas, o que incentiva a pizzaria a vender mais, mantidos os 
preços de mercado da pizza. No Gráfico 8 abaixo, isso significa um 
deslocamento de S1 para S2.
4444 
Gráfico 8 – Deslocamento da curva de oferta de pizza
Fonte: elaborado pelo autor.
Seguindo a mesma lógica, caso haja alguma dificuldade na oferta de 
pizzas, seja porque uma das pizzarias faliu ou porque houve uma quebra 
de safra de trigo, a curva de oferta de pizza se desloca para a esquerda, 
de S1 para S3, pois, a determinado preço, a oferta de mercado é menor 
devido à dificuldade na produção.
5. Oferta e demanda em conjunto
Até aqui, você percebeu que consumidores e produtores têm interesses 
distintos em relação ao preço do bem em questão. Pelas análises 
das curvas de demanda, quanto maior o preço, menor a quantidade 
demandada de um bem. Por outro lado, pela análise da curva de oferta, 
quanto maior o preço, mais os produtores querem ofertar esse bem. 
Qual é a solução então?
4545 45
Na Tabela 4 abaixo estão as informações sobre o mercado de pizzas, 
em que você pode perceber a demanda total (soma da demanda 
de todos os consumidores) e a oferta total (soma de todos os 
ofertantes) de pizzas.
Tabela 4 – Mercado de pizza
Preço da pizza Demanda de mercado Oferta de mercado
R$ 0,00 21 0
R$ 5,00 18 4
R$ 10,00 15 8
R$ 15,00 12 12
R$ 20,00 9 16
R$ 25,00 6 20
R$ 30,00 3 24
Fonte: elaborada pelo autor.
Existe um único preço nesse mercado em que a quantidade demandada 
de pizzas é igual à quantidade ofertada. No preço de R$ 15, a quantidade 
de pizzas ofertadas e demandadas é de 12 unidades. Assim, o preço de 
R$ 15 representa o preço de equilíbrio de mercado. Todos os ofertantes 
e demandantes estão satisfeitos com o preço e a quantidade de pizzas 
no mercado. Esse resultado é conhecido como equilíbrio de mercado e é 
representado no Gráfico 9 abaixo.
Gráfico 9 – Equilíbrio de mercado
Fonte: elaborado pelo autor.
4646 
Em quaisquer preços diferentes de R$ 15 você pode perceber que o 
mercado está fora do equilíbrio. Imagine, por exemplo, que o preço 
esteja estipulado em R$ 25. Nesse preço, a quantidade ofertada será 
de 20 pizzas, enquanto a quantidade demandada será de apenas 6 
(Tabela 4). O gráfico 10a mostra que há um excesso de oferta.
Gráfico 10 – Desequilíbrios de mercado
Fonte: elaborado pelo autor.
Situação oposta é observada no Gráfico 10b, em que, ao preço de 
R$ 5, há um excesso de demanda. Nesse preço, as pizzarias não estão 
dispostas a ofertar mais do que quatro pizzas, mas a demanda de 
mercado é de 18.
Sempre que há um excesso de demanda ou um excesso de oferta, 
os preços se ajustam até que a demanda se iguale à oferta e o 
mercado entre em equilíbrio novamente. Vendedores respondem 
ao excesso de demanda aumentando os preços. Entretanto, para 
um excesso de oferta, eles reduzem os preços até o preço de equilíbrio. 
Esse mecanismo de alterações de preços para igualar quantidades 
ofertadas e demandas é o ajuste de mercado.
4747 47
Os preços vão se alterar até que o mercado encontre novo preço de 
equilíbrio. Isso significa que as atividades de muitos compradores 
e vendedores conduzem a um preço em que demanda e oferta 
sejam iguais. Assim, no preço de equilíbrio, todos os compradores e 
vendedores estão satisfeitos e não há pressões, para cima ou para 
baixo, sobre os preços ou quantidades (MANKIW, 2014).
E se, por acaso, de uma hora para outra, ocorre um grande 
terremoto e metade dos fornos que assam as pizzas quebram e 
a produção fica prejudicada? A primeira curva a se modificar por 
conta dessa catástrofe é a de oferta ou a de demanda por pizzas? 
Você já percebeu até aqui que é a curva de oferta, uma vez que as 
condições de produção é que foram afetadas pelo terremoto. A curva 
se desloca para a esquerda, atingindo um novo preço de equilíbrio 
conforme o Gráfico 11a. 
Gráfico 11 – Desequilíbrios de mercado
Fonte: elaborado pelo autor.
Se, por outro lado, cientistas descobrem que comer pizza faz bem para 
aliviar o estresse e indicam que todas as pessoas comam pelo menos 
uma pizza durante a semana, a curva de demanda se desloca para a 
direita, atingindo novo preço de equilíbrio, conforme 11b.
4848 
Com toda essa análise do mercado, tanto pelo lado da oferta quanto 
pelo lado da demanda, você está apto a criar as suas hipóteses de 
pesquisas e efetuar suas análises de acordo com o bem ou serviço 
de seu interesse. A análise microeconômica aqui apresentada o 
ajuda a perceber e a apreender o processo dinâmico de ajuste da 
maior parte dos mercados.
TEORIA EM PRÁTICA 
Você sabe que o Brasil é um país tropical, que faz calor 
na maior parte do ano e na maior parte das regiões. Você 
também sabe que muitos costumes daqui são herdados 
do passado colonial. Um desses costumes é o padrão de 
vestimenta, que fundamentalmente replica o modo de 
vestir europeu. Pensando nas condições climáticas, uma 
grande multinacional que opera no país decidiu que todos 
os seus funcionários deveriam usar camisetas claras, de 
algodão, em vez de ternos ou paletós. Todos, inclusive os 
executivos com cargos mais altos. Como a multinacional 
emprega muitos trabalhadores e é referência como uma 
das melhores empresas para se trabalhar, todas as outras 
multinacionais resolveram replicar a medida. Tendo 
em vista o impacto nacional da iniciativa e utilizando 
as curvas de oferta e demanda, explique e mostre 
graficamente o que aconteceu com: o mercado nacional 
(oferta e demanda) de camisetas, o mercado de ternos e 
paletós e o mercado de algodão assim que a medida foi 
adotada. Imagine que houve, num segundo momento, 
uma superprodução de algodão e a invenção de uma 
máquina de camisetas mais produtiva. O que você acha 
que acontece com as curvas de mercado nesse segundo 
momento? Explique e mostre graficamente.
4949 49
VERIFICAÇÃO DE LEITURA
1. A quantidade _________de um bem depende, dentre 
outros aspectos, do seu preço de mercado e da ________ 
por parte dos agentes econômicos. Quando _________ se 
igualam, é possível dizer que ______ está em ________. 
Assinale a alternativa que contenha os termos corretos 
para as lacunas acima:
a. Demandada; oferta; os mercados; o preço; desajuste.
b. Ofertada; oferta; as quantidades; o mercado; 
equilíbrio.
c. Demandada; demanda; as quantidades; o mercado; 
desajuste.
d. Ofertada; demanda; os preços; a oferta; equilíbrio.
e. Ofertada; demanda; as quantidades; o mercado; 
equilíbrio.
2. Do plantio à produção, o café demora aproximadamente 
dois anos. Dada a alta do preço do produto num ano 
determinado, diversos produtores de milho e soja 
resolveram mudar o cultivo para café. Passados dois 
anos, esse novos produtores quebraram. Qual seria 
uma razão para a falência? 
a. Excesso de demanda, pois os novos produtores não 
conseguiram suprir o mercado aquecido.
b. Excesso de oferta, pois os novos produtores não 
conseguiram suprir o mercado aquecido.
5050 
c. Excesso de oferta, que ocasionou uma queda nos 
preços do café dois anos depois, que não compensou 
os custos.
d.Excesso de demanda, que ocasionou uma queda nos 
preços do café dois anos depois, que não compensou 
os custos.
e. Excesso de demanda e de oferta, que fez com que os 
preços se mantivessem estáveis.
3. O carro flex foi uma grande inovação no mercado 
brasileiro de veículos. Poder utilizar mais de um 
combustível (gasolina, do petróleo; etanol, da cana-
de-açúcar) deu mais autonomia aos consumidores. 
Considerando a nova dinâmica do mercado de combustível 
por conta da tecnologia flex, é possível afirmar que:
a. Gasolina e etanol são bens substitutos para carros 
flex, mas a variação do preço de um não afeta a 
demanda do outro.
b. Gasolina e etanol são bens substitutos e a quebra 
de safra da cana de açúcar faz deslocar a curva de 
demanda de gasolina para a direita.
c. Gasolina e etanol são bens inferiores, pois o aumento 
de renda dos consumidores induz a um aumento do 
consumo de ambos.
d. Gasolina é um bem complementar, mas etanol é um 
bem substituto. 
e. O aumento do preço do petróleo não causa nenhum 
impacto na demanda por etanol.
5151 51
Referências bibliográficas
MANKIW, N. G. Introdução à economia. São Paulo: Cengage Learning, 2014.
Gabarito
Questão 1 – Resposta E
Resolução: a quantidade ofertada depende da capacidade de 
produção da empresa no mercado, do preço do produto vendido 
e da demanda pelo produto. Quando as quantidades ofertadas e 
demandadas se igualam, o mercado fica em equilíbrio. 
Questão 2 – Resposta C
Resolução: excesso de oferta. Como muitos produtores 
resolveram cultivar café, a oferta aumentou no mercado 
dois anos depois, o que fez com que os preços caíssem. 
Preços menores do que o esperado podem comprometer a 
rentabilidade do empreendimento.
Questão 3 – Resposta B
Resolução: no caso do carro flex, gasolina e etanol são bens 
substitutos. Quando há uma quebra de safra de cana-de-açúcar, 
o preço do etanol se eleva e o mercado demanda mais gasolina, 
deslocando a curva de demanda de gasolina para a direita.
525252 
Estrutura da empresa: 
produção e custos
Autor: Flávio Arantes
Objetivos
• Aprender os principais conceitos relacionados 
à decisão de produzir da empresa.
• Analisar a função de produção de uma empresa.
• Discutir as diferenças da produção no curto 
e no longo prazo. 
• Entender os custos de produção aos quais 
as empresas estão submetidas.
• Discutir as decisões de produção da empresa 
a partir dos seus custos.
• Estudar a estrutura produtiva da empresa 
por meio da estrutura de custos de curto e 
longo prazos.
5353 53
1. Introdução
Nesta Leitura Fundamental, você vai aprender os principais conceitos 
relacionados à decisão de produção de uma empresa. Baseado nesses 
conceitos, você será capaz de analisar como a empresa combina os 
recursos que tem à sua disposição da maneira mais eficiente possível no 
seu processo de produção. 
Você também vai aprender a analisar a estrutura de custos de uma 
empresa, discutindo os pontos em que o custo aumenta ou diminui 
dependendo da quantidade de bem ou serviço produzido. A partir da 
discussão da estrutura produtiva e da estrutura de custos da empresa, 
você será capaz de analisar as decisões de produção da empresa no 
curto e no longo prazo e o seu tamanho eficiente.
2. Conceitos fundamentais
Para poder analisar as decisões de produção de uma empresa, 
você precisa ter em mente alguns conceitos fundamentais que a 
microeconomia toma emprestado da área de exatas, como cálculo e 
estatística. Esses conceitos permitem que todos tenham uma linguagem 
comum, facilitando o entendimento e a interpretação dos tópicos 
relacionados às decisões da empresa.
O primeiro deles é o conceito de maximização. Como você pode 
perceber, maximização está relacionada a tornar máximo, extrair o 
máximo, buscar o máximo possível. Ou seja, maximizar alguma decisão, 
ação ou resultado. Na microeconomia, quando se trata da decisão dos 
consumidores, por exemplo, é pressuposto que eles estão sempre 
buscando maximizar os benefícios do consumo de determinado bem 
ou do uso de algum serviço. Ou, ainda, de maneira geral, os 
consumidores estão buscando a maximização da utilidade de um 
bem ou serviço. No caso da empresa, tem-se como pressuposto que 
5454 
ela busca maximizar seu lucro, ou resultado, frente aos insumos e ao 
mercado consumidor com que ela se depara. 
Outro conceito, relacionado ao de maximização, é o seu oposto, a 
minimização. Para uma empresa que maximiza os lucros, a minimização 
está relacionada às variáveis que têm de ser diminuídas, reduzidas 
ou tornadas mínimas para que o lucro seja máximo. Como você sabe, 
lucro é receita menos custos, então, para maximizar o lucro, a empresa 
deve buscar a minimização de seus custos, minimizar os desperdícios, 
minimizar as despesas no geral.
Para que a empresa consiga produzir de maneira a maximizar seu lucro, 
ela precisa tomar algumas decisões ao longo do processo produtivo. 
Para guiar suas decisões, ela avalia o quanto está recebendo por produto 
vendido e o quanto esse produto vendido custa para ser produzido. Na 
realidade, a empresa está sempre levando em consideração a receita 
e o custo médio da sua produção. Isso nada mais é do que dizer que a 
empresa divide tudo que ela recebe pela quantidade vendida (média de 
receita; receita por unidade do produto) ou tudo que ela tem de custos 
por quantidade vendida (média do custo; custo por unidade do produto).
Entretanto, há ainda mais um conceito fundamental que a empresa usa 
para basear suas decisões e que está relacionado tanto à sua receita 
média quanto ao seu custo médio (e, por consequência, aos seus 
valores totais). É o quanto custa para produzir uma unidade adicional 
de um bem ou ofertar uma unidade adicional de um serviço. Ou, ainda, 
o quanto a empresa vai receber da venda dessa unidade adicional do 
bem ou serviço. Esse “um a mais” que a empresa leva em consideração 
é o conceito de “marginal”. 
ASSIMILE
Custo marginal é o custo que a empresa tem para produzir 
uma unidade adicional de um bem ou serviço que ela 
5555 55
oferta. Receita marginal é a receita advinda da venda de 
uma unidade adicional do bem ou serviço ofertado pela 
empresa. Produto marginal é a produção de uma unidade 
adicional do bem ou serviço ofertado pela empresa.
Assim, além das médias de custo e de receita que a empresa tem por 
oferecer determinado bem ou serviço, ela sempre considera a oferta 
de uma unidade adicional daquele bem ou serviço para checar se vale a 
pena continuar produzindo ou se ela se mantém no nível de produção 
em que se encontra. Isso significa dizer que a empresa está sempre 
analisando a receita marginal do bem que produz frente ao seu custo 
marginal, ou seja, está sempre considerando os custos e benefícios de 
uma unidade adicional do produto, do produto marginal.
Com esses conceitos básicos, você é capaz de analisar as decisões de 
produção da empresa, que também dependem do tipo de mercado 
no qual ela está inserida. Entretanto, de maneira geral, as empresas 
possuem as mesmas categorias básicas para iniciar a análise 
da produção.
3. Produção
O primeiro elemento levado em consideração para que a empresa 
possa produzir e ofertar determinado bem ou serviço num determinado 
mercado é sua capacidade de produção. Você pode pensar que essa 
afirmação é relativamente óbvia, mas um olhar mais aprofundado lhe 
permite analisar que a capacidade de produção de uma empresa é um 
pouco mais complexa do que parece numa primeira vista. 
Quando você está analisando a capacidade de produção de uma 
empresa, o olhar não é apenas sobre a estrutura física ou a tecnologia 
5656 
que ela tem disponível para iniciar o processo produtivo. O olhar deve 
abrigar também aspectos mercadológicos, ou seja, se ela é capaz 
de produzir de maneira eficiente, que cumpra com requisitos que a 
levem à maximização dos lucros, ou a uma produção eficiente frente à 
produção do mercado como um todo. 
A empresa está preocupada, também, com o preço a que ela 
consegue venderseus produtos, com as restrições de custos, com as 
escolhas dos insumos e com uma série de outros fatores que serão 
apresentados na sequência.
3.1 Tecnologia e função de produção
Quando se analisa a tecnologia de uma empresa, a preocupação 
é basicamente em entender e retratar como os insumos se 
transformam em produtos para então serem ofertados no mercado. 
Outra maneira de expressar a mesma preocupação é analisando 
como a empresa combina máquinas, equipamentos, instalações 
físicas, mão de obra, energia elétrica e matérias-primas diversas no 
seu processo produtivo.
Na microeconomia, costuma-se resumir ou restringir essa série de 
insumos utilizados no processo produtivo em apenas dois que, no fim 
das contas, são os mais importantes para a produção. O primeiro é o 
trabalho, que basicamente abriga a mão de obra humana utilizada no 
processo produtivo, e o segundo é o capital, que corresponde a todos 
os demais insumos utilizados. A combinação de trabalho e capital 
dá a função de produção da empresa, ou seja, a quantidade total 
produzida a partir da maneira como a empresa consegue combinar 
seus insumos.
A forma mais geral e simplificada de retratar a produção de uma 
empresa é por meio de uma função do tipo:
5757 57
Em que q é a quantidade produzida ou o volume de produção, K é o 
capital empregado, L é a quantidade de mão de obra utilizada e F é a 
forma com que capital e trabalho se relacionam, ou seja, uma maneira 
de representar a tecnologia de produção utilizada pela empresa.
PARA SABER MAIS
Uma empresa pode ser classificada de acordo com as 
parcelas relativas de capital e de trabalho que utiliza no seu 
processo produtivo. Se a proporção de capital é maior que 
a de trabalho, a empresa é considerada intensiva em capital 
ou capital-intensiva. De outro modo, se a quantidade de 
trabalho é maior relativamente à de capital, a empresa é 
trabalho-intensiva ou intensiva em trabalho.
A função de produção determina a quantidade de bens ou serviços que 
uma empresa consegue produzir num determinado período, geralmente 
de um ano, dadas as quantidades de trabalho e de capital que ela tem 
disponível e a forma com que eles são combinados.
Como você sabe, a forma com que a empresa consegue produzir varia 
ao longo do tempo, principalmente por causa de desenvolvimentos 
tecnológicos ou das inovações que aprimoram o processo produtivo ou 
o tornam mais eficiente de alguma maneira. 
De modo geral, na economia, as mudanças que ocorrem ao longo 
do tempo são levadas em consideração, fazendo com que o analista 
deixe claro se está tratando da discussão de curto, médio ou longo 
prazo. Salvos alguns episódios atípicos, como guerras, catástrofes 
ambientais, calamidades públicas, crises imprevistas, os economistas 
costumam considerar que, no curto prazo, há poucas mudanças 
no comportamento da economia, seja da parte dos consumidores 
5858 
ou dos produtores. Já no médio prazo, os economistas começam a 
considerar que o comportamento das variáveis econômicas pode mudar 
razoavelmente por conta da própria dinâmica econômica. Consumidores 
podem diversificar ou aumentar seu consumo, as empresas podem 
passar a ofertar algo novo ou começar a atuar em novas áreas. Agora, 
no longo prazo, as variáveis econômicas podem passar por mudanças 
significativas, fruto de alterações na própria dinâmica da economia ao 
longo do tempo. As estruturas e a dinâmica da economia no longo prazo 
podem ser completamente distintas daquelas iniciais.
Justamente por considerar as mudanças que ocorrem no processo 
produtivo ao longo do tempo e, principalmente, por causa daquelas 
relacionadas às mudanças tecnológicas, a microeconomia costuma dividir 
sua análise em curto prazo e longo prazo. Para o curto prazo, a análise 
microeconômica considera aquele período em que a empresa não 
consegue alterar a quantidade de, pelo menos, um insumo produtivo, 
ou seja, pelo menos um insumo é fixo. Já no longo prazo, a empresa 
consegue variar todos os insumos utilizados em seu processo produtivo. 
3.2. Produção no curto prazo
Como você viu na seção anterior, a função de produção genérica de 
uma empresa leva em consideração a forma e a quantidade de capital 
e trabalho que ela consegue empregar em sua atividade produtiva num 
período determinado. 
Você também viu que, no curto prazo, pelo menos um dos insumos 
se mantém fixo enquanto os demais variam. No caso da função 
de produção apresentada, geralmente, a análise microeconômica 
mantém o capital fixo e analisa o que ocorre com a produção quando 
o trabalho varia ao longo do tempo. Isso se deve ao fato de ser 
relativamente mais fácil contratar nova mão de obra do que mudar os 
equipamentos da empresa. 
5959 59
Para iniciar sua análise sobre a capacidade produtiva e as características 
de produção, você pode considerar os dados da empresa Solados Ltda., 
especializada em calçados, conforme a Tabela 5 a seguir: 
Tabela 5 – Características da produção da Solados Ltda. 
Quantidade de 
trabalho (L)
Quantidade 
de capital (K)
Produto 
total (q)
Produto 
médio (q/L)
Produto mar-
ginal (Δq/ΔL)
0 10 0    
1 10 15 15 15
2 10 45 22,5 30
3 10 90 30 45
4 10 120 30 30
5 10 142 28,4 22
6 10 162 27 20
7 10 168 24 6
8 10 168 21 0
9 10 162 18 -6
10 10 150 15 -12
Fonte: elaborada pelo autor. Adaptada de Pindyck e Rubinfeld (2013).
É possível perceber que a empresa Solados Ltda. possui um capital fixo 
de dez unidades (máquinas e equipamentos) e está analisando o que 
ocorre com sua produção se aumentar a quantidade de trabalhadores 
empregados no processo produtivo. Só com o capital, a empresa 
não produz nenhum par de calçado. Se ela contrata um trabalhador, 
consegue produzir 15 pares. Ao contratar dois trabalhadores, a 
produção aumenta para 45 pares e assim por diante. Desse modo, 
de maneira geral, com o capital constante, quanto mais trabalho é 
empregado, mais calçados a empresa consegue produzir. 
Como você pode perceber pela terceira coluna da Tabela 5, essa 
afirmação é válida até o total de sete trabalhadores. Se a empresa 
contrata o oitavo trabalhador, a produção se mantém em 168 pares. 
6060 
Mas se a Solados Ltda. contrata o nono e o décimo trabalhador, sua 
produção total cai para 162 e 150 pares, respectivamente.
Isso ocorre devido a dois fatores: o produto marginal do trabalho, 
dado na última coluna da Tabela 5, e dos rendimentos marginais 
decrescentes, que determinam o produto marginal.
O produto marginal do trabalho, como você aprendeu no “Assimile” da 
Seção 2, mede a variação na produção de calçados quando se adiciona 
uma unidade de trabalho. Em termos matemáticos, o produto marginal 
do trabalho é expresso pela variação da quantidade produzida (Δq) 
dividida pela variação na quantidade de trabalho empregada (ΔL):
Isso significa que, se a Solados Ltda. tem dois trabalhadores e quer 
saber o quanto um terceiro empregado contribui para a sua produção, 
ela compara a produção total de dois trabalhadores com a produção 
total gerada pelo terceiro trabalhador, o trabalhador adicional, ou o 
trabalhador marginal:
Assim, um terceiro trabalhador agrega 45 pares de calçados na 
produção total da empresa. Você pode perceber pela Tabela 5 que 
dois empregados produzem 45 pares de calçados e três empregados 
produzem 90 pares, ou seja, o produto marginal do emprego de um 
terceiro trabalhador é de 45 pares de calçados. 
Mas isso só ocorre até a contratação do sétimo empregado. O produto 
marginal do oitavo trabalhador é zero, e do nonoº trabalhador em 
diante é negativo, ou seja, empregar mais do que oito trabalhadores na 
Solados Ltda. faz a produção da empresa se reduzir. Isso se deve aos 
rendimentos marginais decrescentes do trabalho.
6161 61
ASSIMILE
Rendimento marginal decrescente é um princípio segundo 
o qual a produção adicional de um bem diminui conforme 
se aumenta a utilização de um insumo, mantidos os demais 
insumos constantes (PINDYCK; RUBINFELD, 2013).
O princípio dos rendimentos marginais decrescentes ocorre na

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