Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ECONOMIA E MERCADOS W BA 00 76 _v 2. 1 22 Flávio Arantes dos Santos Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019 Economia e mercados 1ª edição 33 3 2019 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Tayra Carolina Nascimento Aleixo Revisor Camila Veneo Campos Fonseca Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Daniella Fernandes Haruze Manta Hâmila Samai Franco dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Santos, Flávio Arantes dos S237e Economia e mercados/ Flávio Arantes dos Santos, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A, 2019. 123 p. ISBN 978-85-522-1637-7 1. Crise econômica. 2. Economia. 3. Mercado 4. Consumo I. Título. CDD 330 (Bibliotecário Jorge Eduardo de Almeida CRB-8/8753) © 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. 44 SUMÁRIO Apresentação da disciplina 5 Fundamentos de teoria econômica 7 Microeconomia: princípios da oferta e da demanda 28 Estrutura da empresa: produção e custos 52 Estruturas e dinâmicas de mercado 75 Macroeconomia das contas nacionais 99 Princípios de economia internacional 122 Macroeconomia aplicada: preços e políticas macroeconômicas 145 ECONOMIA E MERCADOS 55 5 Apresentação da disciplina A disciplina Economia e Mercados faz uma introdução à economia para os alunos que nunca tiveram contato com a disciplina econômica ao mesmo tempo em que aprofunda vários conceitos para aqueles que já dominam alguns aspectos da teoria econômica. A disciplina apresenta e discute o objeto de estudo da economia enquanto ciência e detalha a divisão metodológica existente na análise desse objeto. Além disso, também é escopo aplicar os conceitos apreendidos na prática. Isso ocorre quando, a partir da discussão teórica e dos instrumentos de análise apresentados, os alunos conseguem observar as relações econômicas existentes na sociedade, identificar os principais problemas econômicos do mundo real e propor soluções para superar esses problemas, seja por meio do mercado ou por meio do governo. Dessa maneira, na disciplina Economia e Mercados, você vai conhecer o objeto de estudo da ciência econômica, os principais autores que dão o alicerce desse conhecimento, bem como as grandes abordagens ou os grandes campos de estudo da economia, que se dividem em microeconomia e em macroeconomia. Ao ser apresentado ao estudo da microeconomia, você será capaz de analisar de maneira geral o comportamento dos agentes econômicos quando eles estão desempenhando o papel de consumidores ou o papel de produtores. A partir desses papéis, você conseguirá derivar as leis gerais da demanda e da oferta de mercado, bem como compreender as condições de equilíbrio. Quando o mercado não estiver em equilíbrio, você saberá identificar os ajustes de mercado, ou seja, as variações nos preços e/ou nas quantidades até o ponto em que o mercado atinja seu equilíbrio. Para conseguir realizar essa análise, você aprenderá as estruturas de mercado e o modo como as empresas e os consumidores se comportam se essa estrutura estiver baseada na concorrência perfeita, na concorrência monopolística, no monopólio ou nos oligopólios. 66 Já no caso do estudo da macroeconomia, você entenderá as relações econômicas agregadas, baseadas no comportamento dos agentes econômicos enquanto grupos. Nesse caso, você será apresentado as relações básicas existentes entre as famílias, as empresas, o governo e o setor externo na economia como um todo. A partir dessas relações, você aprenderá como as contas nacionais são determinadas, além de compreender o balanço de pagamentos, ou seja, as relações da economia nacional com o resto do mundo. Por fim, você vai conhecer os conceitos da macroeconomia utilizados na condução das políticas econômicas, discutindo seus efeitos nos problemas de desemprego, crescimento econômico e inflação. 77 7 Fundamentos de teoria econômica Autor: Flávio Arantes Objetivos • Analisar a economia enquanto uma ciência social aplicada e enquanto objeto de estudo acadêmico. • Aprender os conceitos básicos de economia e que a ciência econômica é dividida, de maneira geral, em duas grandes áreas de conhecimento: a microeconomia e a macroeconomia. • Discutir as contribuições de Adam Smith para a abordagem microeconômica e de John M. Keynes para a abordagem macroeconômica. • Refletir que, a partir da microeconomia e da macroeconomia, é possível analisar a maior parte dos problemas econômicos que o estudioso de economia enfrenta. 88 1. Introdução No Tema 1, você aprenderá os conceitos básicos da economia enquanto uma área do conhecimento acadêmico e científico. Isso significa que você descobrirá que a economia é uma ciência social com fundamentos teóricos que podem ser aplicados no dia a dia dos diferentes agentes econômicos que se encontram na sociedade. Você verá que a economia é uma ciência complexa, que leva em consideração várias áreas do conhecimento científico para realizar suas análises e para propor intervenções no ambiente social, natural e econômico dos seus agentes. Neste Tema 1, você será capaz de distinguir os problemas econômicos fundamentais que os agentes econômicos enfrentam e de classificar esses agentes conforme a situação com a qual eles se deparam. Isso quer dizer, por exemplo, que você saberá analisar o comportamento de um agente econômico quando ele aparece enquanto consumidor numa relação econômica e distinguir o comportamento desse mesmo agente se ele atuar como um vendedor no mesmo tipo de relação econômica. Do mesmo modo, você saberá analisar o comportamento do conjunto de consumidores ou do conjunto de vendedores numa sociedade quando o problema a ser tratado refere-se às relações econômicas no geral, ou agregadas, como os economistas costumam denominar. Essa capacidade de análise e de classificação é de extrema importância para seu conhecimento porque, a partir dela, você saberá se determinado problema econômico é de origem microeconômica ou de origem macroeconômica. 2. Economia enquanto ciência social e conceitos básicos Neste tópico, você aprenderá as principais questões econômicas que tanto os estudiosos de economia quanto as pessoas de maneira geral enfrentam a cada dia. No tópico 2.1, você verá que a economia faz 99 9 parte da vida das pessoas mesmo que elas não estejam preocupadas ou mesmo que não percebam o quanto a disciplina as influencia. Já no tópico 2.2, você aprenderá de maneira mais formal os principais conceitos utilizados na economia e quais são os problemas fundamentais que a disciplina econômica se dispõe a enfrentar. 2.1 O objeto de estudo da economia Você certamente já parou para pensar alguma vez que a “economia” está presente na sua vida de diversas formas e que ela está sempre definindo suas possibilidades e oportunidades, influenciando suas escolhas ou decisões e ajudando a determinar seu modo de viver em sociedade. Se por acaso nunca parou conscientemente para refletir sobrea “economia”, certamente já pensou bastante sobre ela de maneira inconsciente, sem perceber que aquele assunto específico se tratava de uma abordagem econômica ou que você fez, mesmo sem perceber, uma análise econômica durante a sua vida. Bastar ligar a TV, navegar pela internet ou, ainda, passar os olhos em algum jornal que você pode perceber o quanto a economia está presente no dia a dia de qualquer pessoa. O aumento do preço dos combustíveis, a cotação do dólar, a taxa de desemprego do país, o nível de produção da indústria automobilística, a queda nas exportações, a elevação dos gastos públicos, a taxa de inadimplência no comércio, as altas taxas de juros cobradas pelos bancos e o patamar da dívida são alguns dos inúmeros exemplos de como nosso dia a dia está repleto de temas, conceitos, assuntos e abordagens que fazem parte da economia. A economia acaba tornando- se uma área do conhecimento que você discute com base nas suas experiências próprias, no empirismo que o cotidiano lhe fornece a todo momento, talvez sem se dar conta dos porquês que estão por trás de todas essas questões. Esse empirismo ou experiência adquirida é capaz de deixá-lo apto a participar de qualquer discussão numa roda de amigos, num jantar de família ou mesmo numa reunião de trabalho, pois faz parte do processo de aprendizagem que acontece com qualquer pessoa ao longo das suas experiências de vida. 1010 Entretanto, qualquer informação, notícia ou conteúdo que se refere a economia parte de uma série de embasamentos teóricos que a justificam. A partir deste tópico, você vai se familiarizar com os principais conceitos utilizados na discussão econômica e com as duas grandes vertentes teóricas que sustentam as abordagens da economia enquanto objeto de estudo. Você vai saber em qual contexto usar determinada abordagem e qual conceito utilizar em uma situação econômica específica. Mas, afinal de contas, o que é economia? PARA SABER MAIS O termo “economia” vem da palavra grega “οικονομία”, que pode ser desmembrada em outros dois termos: οἶκος e νόμος. Oἶκος, ou “oikos” na versão ocidentalizada, significa casa. Já vόμος, ou “nomos”, significa “costume ou lei” ou também “gerir ou administrar”. Dessa maneira, o significado inicial de economia era relacionado às “leis da casa”, à “administração doméstica” ou à “administração do lar”. Existem diversas maneiras de definir “economia”, mas todas elas utilizam os mesmos conceitos em comum. O economista estadunidense, professor da Universidade de Harvard, Nicholas Gregory Mankiw define a disciplina econômica de uma maneira bastante simples, sendo ela “o estudo de como a sociedade administra seus recursos escassos” (MANKIW, 2008, p. 4). Já os economistas Marco Antonio Sandoval de Vasconcellos e Manuel Enriquez Garcia, professores da Universidade de São Paulo e autores de uma das principais obras de introdução à economia no Brasil, a definem como: Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e 1111 11 grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas. (VASCONCELLOS; GARCIA, 2000, p. 2, grifo do autor) Em ambas as definições, você percebe que os autores usam as mesmas palavras, ou palavras com significado semelhantes, como, por exemplo, “recursos”, “escassez (escassos)”, “estudo” e, ainda, “sociedade”. Dessa forma, em seu sentido mais amplo, a Economia é o ramo da ciência que estuda a produção e distribuição de bens e serviços pela sociedade. É uma disciplina do conhecimento que foca: • Nos recursos que existem e são escassos, seja num local específico, numa determinada região ou no mundo de maneira geral. • No porquê de a sociedade escolhe usar esses recursos que não são infinitos. • Na forma que a sociedade faz a utilização desses recursos. • Nas consequências de todo esse processo de escolha. Outra forma de abordar a disciplina econômica é entendê-la como nada mais nada menos que uma categoria de análise na qual você é treinado para desempenhar um determinado papel na sociedade, assim como ocorre com as demais áreas do conhecimento humano. Isso significa que, da mesma maneira que você é treinado a lidar com números para resolver alguns cálculos matemáticos, ou da mesma maneira que um médico é treinado para analisar os sintomas de um paciente e a fazer um diagnóstico, a disciplina econômica o treina ou lhe ensina a pensar de uma maneira específica, com focos específicos e utilizando ferramentas específicas. Ela o capacita a fazer análises e resolver problemas segundo categorias determinadas. Talvez a grande diferença da Economia com relação às demais áreas do conhecimento é que ela é um campo de estudo que leva em consideração diversos instrumentos para se desenvolver enquanto 1212 categoria de análise. É uma disciplina que abriga elementos das ciências exatas, como a matemática, ou mesmo a física, para a solução de problemas relacionados a quantidades, valores ou uso dos recursos. Mas também é uma disciplina que considera as abordagens oriundas das humanidades, como a história de um país que o levou ao modo como ele se encontra hoje em dia; ou da sociologia, para analisar os indivíduos enquanto seres que convivem num determinado tipo de configuração da sociedade, ou, ainda, elementos da psicologia, que levam os indivíduos a serem singulares e terem determinados comportamentos na sociedade em que vivem. Afinal de contas, como você certamente já percebeu, a Economia trata de recursos, valores, quantidades e, mais importante, de PESSOAS! Que se organizam das mais diversas formas e se relacionam das maneiras mais diversas possíveis com os fins mais diversificados possíveis. 2.2 Conceitos básicos e principais problemas econômicos Você já está utilizando (e sabendo como utilizar) de maneira inconsciente os principais conceitos de economia nesta Leitura Fundamental e, com certeza, no seu dia a dia, seja em casa, no local de trabalho ou nos seus estudos. Por mais que sejam complexas as categorias que formam a abordagem econômica da sociedade, boa parte da nomenclatura e dos conceitos utilizados na economia vem do seu uso comum, do seu significado usual do dicionário (dizem que essa é uma característica dos economistas, que costumam ter pouca criatividade com os nomes!). São eles: • Recursos. • Escolhas. • Produção. • Necessidades. • Escassez. • Distribuição. 1313 13 ASSIMILE Escassez econômica: o sentido dado pela economia à escassez é o mesmo dado por qualquer dicionário de língua portuguesa, mas com o adicional de estar sempre relacionado às necessidades da sociedade. Dessa forma, a economia lida com o dilema entre a finitude dos recursos (naturais, monetários, sociais...) de que dispõe frente às necessidades dos seres humanos que, por pressuposto, são ilimitadas. Tendo em vista as necessidades da sociedade frente à escassez de recursos, o economista profissional, o estudioso da economia e mesmo o cidadão comum fazem escolhas para melhor utilizar aquilo que têm à sua disposição. Esse melhor uso, na linguagem econômica, significa tornar ótimo ou “otimizar” as decisões que têm que tomar dentro de um sistema econômico. Segundo Vasconcellos e Garcia (2000, p. 2), o sistema econômico: [...] pode ser definido como sendo a forma política, social e econômica pela qual está organizada uma sociedade. É um particular sistema de organização da produção, distribuição e consumo de todos os bens e serviços que as pessoas utilizam buscando uma melhoria no padrão de vida e bem-estar. No sistema econômico em que você vive, o sistema capitalista ou a economia de mercado, as decisões de otimização dos usos dos recursos são tomadas por meio da livre iniciativa dos indivíduos, da garantia da propriedade privada dos meios de produção e de alguma coordenação por meio do Estado. Isso significaque as pessoas são livres para se organizarem nas atividades produtivas, que a economia e as pessoas ofertam recursos produtivos e que o Estado, por meio do governo, determina o sistema de leis, as regras, os limites e as áreas para que a economia possa funcionar de maneira ótima, eficiente e estável. 1414 ASSIMILE Meios de produção: são os recursos utilizados na produção de bens e serviços numa empresa, numa indústria ou numa economia como um todo. São chamados também de fatores de produção e incluem, basicamente, terra, recursos naturais, trabalho, capital e tecnologia. Dados o sistema econômico, os fatores de produção disponíveis, a necessidade ilimitada da sociedade e a escassez de recursos, a economia se depara com alguns problemas principais: o que produzir? Quanto produzir? Como produzir? Para quem produzir? Como distribuir a produção? As respostas a essas questões econômicas vão depender do momento histórico em que a economia se encontra, da relação entre os proprietários dos diversos fatores de produção, do poder do governo em influenciar as decisões privadas da livre iniciativa, da grandeza do problema e, ainda, da abordagem que se está levando em consideração na solução. Na disciplina econômica, existem duas grandes abordagens que podem ser levadas em consideração, a depender da questão econômica a ser enfrentada. São elas: a microeconomia e a macroeconomia – tema do próximo tópico. 3. As abordagens da microeconomia e da macroeconomia Neste tópico, você aprenderá as duas principais abordagens da Economia enquanto disciplina ou área do conhecimento científico. Na seção 3.1, você saberá as principais discussões a que o 1515 15 campo da microeconomia se atém. Você verá que é uma área da Economia que se preocupa com o comportamento dos agentes econômicos enquanto consumidores, produtores ou vendedores. É na microeconomia que se desenvolvem a teoria do consumidor e a teoria da firma, ou da empresa. Na seção 3.2, você aprenderá o que é a macroeconomia e as áreas da Economia com as quais essa abordagem se preocupa. Como você perceberá, essa área do conhecimento está preocupada com o conjunto dos consumidores, o conjunto das empresas, o conjunto de ações do governo e as relações de uma economia com outras economias do mundo. 3.1 O campo de estudo da microeconomia Mesmo que você nunca tenha ouvido falar em microeconomia na sua vida, você certamente faz alguma ideia do que seja essa abordagem porque agora já sabe qual é o objeto de estudo da Economia como um todo e as principais questões que a disciplina pretende responder. Você também já sabe os principais conceitos utilizados na análise econômica, o que torna ainda mais fácil o aprendizado sobre o campo de estudo ou o campo de análise microeconômico. A microeconomia é a abordagem inicial a partir da qual se desenvolveram praticamente todas as demais abordagens da economia moderna, mas que tem estreita relação com o conceito grego de economia como “administração da casa” ou “administração da empresa”. A análise microeconômica surge a partir dos pensamentos de Adam Smith no século XVII, sobre a maneira de tornar o processo de produção de alfinetes mais eficiente, ou a fábrica mais produtiva. O processo de produção que Smith analisava era o manufatureiro, ou pré-industrial, em que as ferramentas ainda eram rudimentares e não existia o maquinário característico das indústrias modernas. 1616 PARA SABER MAIS Adam Smith (1723-1790) foi um filósofo, economista e autor britânico nascido na Escócia, que é considerado o pai da economia moderna ou, ainda, o pai do capitalismo. Aliando seus conhecimentos de filosofia moral à análise econômica, Smith defendia que os seres humanos são naturalmente propensos às trocas e que sempre se relacionam entre si com esse objetivo. Smith percebeu que se houvesse uma divisão das etapas da manufatura de alfinetes, com cada trabalhador especializado em desempenhar uma função específica no processo produtivo, a quantidade produzida de alfinetes aumentaria de maneira significativa. Ou seja, Smith elaborou uma teoria a partir da observação da sua realidade, provando que o aumento da produtividade da manufatura de alfinetes estava relacionado à divisão do trabalho envolvido. A partir desse caso específico, Smith foi capaz de desenvolver uma obra grandiosa, referência em todo o mundo e conhecida como a primeira obra a tratar a economia de maneira sistematizada. A publicação intitulada Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações, mas mais conhecida simplesmente como A riqueza das nações, foi lançada inicialmente em 1776 e representa uma mudança significativa na história do pensamento econômico e no desenvolvimento da Economia enquanto disciplina e objeto de estudo. Além das vantagens produtivas associadas à divisão do trabalho, A riqueza das nações trata também do valor gerado na produção manufatureira, da distribuição dos rendimentos advindos da produção, da consequente acumulação de capital e, ainda, das considerações sobre o funcionamento do livre mercado nas sociedades comerciais. 1717 17 Figura 1 – Adam Smith (1723-1790) Fonte: WilshireImages/iStock.com. Neste momento, você deve estar se perguntando: e a relação de Smith com a microeconomia? Bem, a microeconomia, enquanto abordagem teórica, nasceu a partir da análise da fábrica de alfinetes promovida por esse autor escocês. Smith estava analisando as possíveis maneiras de otimizar a produção de um bem, levando em consideração os fatores produtivos disponíveis, a tecnologia da época e os recursos necessários para aquele empreendimento manufatureiro. Ou seja, se trouxermos para a discussão de hoje em dia, o autor estava analisando o funcionamento de uma empresa com base no que ela possui de meios de produção. É justamente dos aspectos relacionados ao funcionamento de uma empresa ou de uma indústria em particular que a análise microeconômica trata. A microeconomia se preocupa com todas as relações econômicas que ocorrem dentro de uma empresa e nas suas relações com as demais empresas e com os consumidores de seus bens ou serviços. Essas relações econômicas partem dos motivos que levam um agente econômico a consumir, passam pelas decisões dos empresários de produzir e se desdobra nas relações que ambos realizam no mercado econômico. 1818 O mercado nada mais é do que o local onde as relações entre os agentes econômicos acontecem. Nele são realizadas as trocas que Smith defendia ser a maneira mais eficiente de completar o processo produtivo e garantir de fato “a riqueza das nações”. Para ele, o mercado deveria ser LIVRE, para possibilitar as transações diretamente entre produtores e compradores e sem a intervenção do governo, a não ser para garantir a liberdade de negociações. Isso porque o autor acreditava numa “mão invisível” que garantiria o ajuste de mercado, pois o interesse de cada agente econômico levaria a um ajuste benéfico para todos. Ou seja, a soma das ações individuais levaria ao bem comum e coletivo. Dessa maneira, a análise microeconômica se desenvolveu durante séculos para tratar das teorias que discutem o comportamento dos consumidores; das abordagens que determinam as decisões de produção e de uso dos recursos por parte das empresas; das mudanças tecnológicas e das inovações nos diferentes processos produtivos; das diferentes estruturas de mercado e dos diversos elementos que o compõem e dos possíveis ajustes nas estruturas para que haja equilíbrio. Ou seja, a microeconomia trata de todas as teorias relacionadas ao comportamento econômico que têm como base uma economia empresarial. 3.2 O campo de estudo da macroeconomia Até aqui, você já aprendeu quais são os problemas a serem enfrentados pela economia de maneira geral, a influência de Adam Smith no desenvolvimento da disciplina econômica e o campo de atuação da abordagem microeconômica. Fica fácil, assim, distinguir quais são ostemas abordados pela macroeconomia: praticamente, as demais áreas da Economia que não são abordadas pela microeconomia! Pelo instrumental microeconômico, você analisa o comportamento dos consumidores e produtores, assim como o comportamento das 1919 19 empresas e das indústrias com as quais eles interagem. Você percebe e apreende a dinâmica de setores econômicos específicos e faz uma extrapolação para a compreensão daquele sistema de relações em que determinada empresa ou indústria está envolvida. Mas e para a análise do comportamento econômico como um todo? Como você pode analisar o funcionamento da economia de maneira geral? Será que é possível extrapolar a dinâmica de um mercado ou de uma indústria específica para um país como um todo? Como calcular as grandes relações, as relações agregadas da economia? Para responder a essas questões, você utiliza a abordagem da macroeconomia. Na história do pensamento econômico, a macroeconomia surgiu para complementar os tradicionais enfoques “microscópicos” da economia com uma nova abordagem, um olhar mais “macroscópico” para as relações econômicas. Surgiu para que a realidade econômica pudesse ser apreendida em seus aspectos amplos, agregados, globais. Assim como Smith foi uma figura fundamental para o desenvolvimento da disciplina econômica como um todo e da microeconomia em particular, John Maynard Keynes foi o ponto de inflexão na discussão econômica, ao iniciar, no século XX, a abordagem macroeconômica. PARA SABER MAIS John Maynard Keynes (1883-1946) foi um economista britânico nascido na Inglaterra que é considerado o pai da macroeconomia e o precursor das políticas econômicas. Keynes causou uma revolução na disciplina econômica ao provar que as relações agregadas da economia não seguem o mesmo comportamento das relações individuais e que o mercado, por si só, não consegue atingir o equilíbrio. Na sua visão, o governo deve agir na coordenação do mercado. 2020 A partir da publicação da obra A teoria geral do emprego, do juro e da moeda, em 1936, Keynes colocou uma nova forma de entender a economia. Segundo o autor, o mercado é a configuração mais eficiente para que as transações entre produtores e compradores ocorram, mas esse mercado não pode ser deixado livre, ao sabor da “mão invisível” de Smith. Na interpretação de Keynes, o comportamento otimizador de cada agente econômico não necessariamente leva ao bem-estar comum. A ideia é de que, mesmo que as empresas otimizem suas decisões de investimento e de produção e os consumidores otimizem suas escolhas de consumo e de oferta de mão de obra, o encontro de ambos no mercado pode não resultar num equilíbrio da economia como um todo. Mas você deve estar pensando: o que, de fato, Keynes quer dizer com isso? O que quer dizer esse equilíbrio da economia como um todo? Lembre-se de que, em 1929, houve uma quebra da bolsa de valores de Nova York que ocasionou uma grande crise econômica global nos anos seguintes. Essa crise, chamada de Grande Depressão, levou à quebra de muitas empresas, a problemas de produção e ao aumento do desemprego na economia mundial. Durante esse período, Keynes analisava o comportamento das empresas, dos trabalhadores, dos investidores na bolsa e do governo e percebia dois problemas fundamentais: havia uma quantidade enorme de mão de obra desempregada ao mesmo tempo em que havia capacidade produtiva não utilizada nas empresas. Do ponto de vista do empresário, seria razoável não investir numa economia que não tem perspectivas de crescimento, ou seja, numa economia em que ele sabe que não vai conseguir vender sua produção. Da mesma maneira, sem emprego, os trabalhadores não conseguiriam gastar, pois não tinham renda para tal. Havia um único agente no sistema econômico que poderia demandar trabalho dos desempregados, contratar empresas para fornecer bens e serviços e fazer com que a economia como um todo saísse da depressão e voltasse a crescer. Esse agente é o governo. 2121 21 Figura 2 – John M. Keynes (1883-1946) Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4c/Lopokova_and_ Keynes_1920s_cropped.jpg. Acesso em: 8 jan. 2020. Keynes defendia que, quando necessário, o Estado ou o governo deveria atuar na economia, coordenando a ação entre empresas e trabalhadores para que os desempregados conseguissem empregos e para que as empresas voltassem a funcionar e a vender seus bens e serviços. Em épocas de baixo crescimento econômico, de alto desemprego ou de crises, o Estado seria o único agente capaz de gastar sem ter uma renda prévia, o único agente da economia que conseguiria demandar bens e serviços de maneira autônoma, como se diz na linguagem de economia. Para Keynes, sempre que o mecanismo de mercado não fosse suficiente para gerar um nível de produção na economia que fosse condizente com o pleno emprego dos meios de produção disponíveis, o governo deveria agir para cobrir essa falha e garantir que todos que quisessem trabalhar tivessem emprego. Você pode perceber que, da ideia de atuação do Estado na economia, coordenando, ajudando e incentivando a produção privada, surgem as políticas econômicas, ou políticas keynesianas, como ficaram conhecidas. https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4c/Lopokova_and_Keynes_1920s_cropped.jpg https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/4c/Lopokova_and_Keynes_1920s_cropped.jpg 2222 Mas e onde está o caráter macroeconômico da análise? Está justamente no fato de que Keynes não estava preocupado com uma empresa específica, nem com um mercado específico e muito menos com um tipo de trabalhador ou de consumidor específico. Sua preocupação maior era com o nível agregado de produção, com o nível total de desemprego na economia e com a insuficiência de demanda global para atingir o pleno emprego dos fatores de produção. A política macroeconômica keynesiana visa “...administrar a demanda agregada de modo a mantê-la no nível adequado à sustentação do pleno emprego. Idealmente, a política econômica keynesiana seria aquela que estimularia empresários a utilizar os fatores de produção disponíveis, deixando inteiramente a seu cargo a decisão de onde empregá-los”. (CARVALHO, 2008, p. 14) Dessa maneira, Keynes criou uma abordagem que não era objeto da disciplina econômica principalmente porque, até então, a análise econômica baseava-se fundamentalmente na abordagem microeconômica oriunda de Smith. A análise macroeconômica, portanto, vem da interpretação de Keynes e trata do estudo agregado da atividade econômica, ocupando-se das magnitudes globais, com vistas à determinação das condições gerais de crescimento e de equilíbrio da economia como um todo. Ou seja, a macroeconomia estuda a determinação e o comportamento dos agregados econômicos, como o Produto Interno Bruto (PIB), o consumo nacional (das famílias), o investimento agregado, as exportações totais que um país faz para o exterior, as importações totais que o país recebe de fora, o nível geral de preços e os determinantes da inflação e todas as demais variáveis que representam algum tipo de “agregado” da economia. Como a macroeconomia estuda os agregados econômicos, você certamente já deduziu que é nessa abordagem que se encontram as discussões sobre crescimento econômico, sobre política econômica, 2323 23 política monetária, política fiscal, a busca pelo controle da inflação, a discussão sobre a taxa de câmbio, a questão do desemprego, as políticas de fomento à economia, entre diversas outras. Agora você já possui todo o ferramental básico e as principais categorias de análise econômica para iniciar seus estudos mais aprofundados e suas discussões sobre a economia. A partir do ferramental microeconômico e do instrumental macroeconômico, você consegue entender e analisar a maior parte dos problemas econômicos que enfrentará ao longo da vida. TEORIA EM PRÁTICA De tempos em tempos, a economia brasileira passa por algum tipo de crise econômicaque impacta a produção nacional e o nível de emprego. Às vezes, a crise interna no país é decorrente de alguma crise internacional, em que os países mundo afora deixam de demandar os produtos brasileiros e reduzem suas relações comerciais com o Brasil. Quando isso ocorre, alguns setores da economia são mais afetados do que outros, mas o impacto sobre a produção e o emprego é visto na economia como um todo. Em outros momentos, as crises são decorrentes da própria dinâmica interna, por exemplo, quando há uma queda expressiva do consumo das famílias por conta da dificuldade de acesso ao crédito. Tendo em vista esse cenário, quais elementos você classificaria como explicações microeconômicas da crise? Quais os elementos que fazem parte da abordagem macroeconômica? Há alguma interação entre ambas as abordagens? 2424 VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. A economia enquanto objeto de estudo existe há muito tempo e os gregos já possuíam uma discussão sobre os princípios que deveriam reger essa disciplina. Entretanto, a economia __________ surgiu a partir da interpretação de ______________ sobre a realidade _________ em que a Grã-Bretanha se encontrava. Seus estudos deram início à análise ________ mas também se preocupava com as condições _________da economia. Assinale a alternativa que contenha os termos corretos para as lacunas acima: a. Moderna; Keynes; industrial; microeconômica; específicas. b. Moderna; Smith; industrial; microeconômicas; gerais. c. Medieval; Smith; manufatureira; macroeconômica; gerais. d. Moderna; Keynes; manufatureira; macroeconômica; específicas. e. Moderna; Smith; manufatureira; microeconômica; gerais. 2. A Economia se divide em dois campos de atuação ou duas abordagens distintas. São elas: a. A macroeconomia, que se preocupa em analisar o comportamento das empresas e dos consumidores. 2525 25 A microeconomia, que está preocupada com o crescimento econômico de um país. b. A microeconomia e a macroeconomia. Enquanto a microeconomia está preocupada com as decisões dos consumidores individuais, a macroeconomia aborda os temas relacionados às empresas. c. A microeconomia, que estuda como consumidores e empresas tomam decisões e como esses agentes interagem nos mercados, e a macroeconomia, que aborda os fenômenos agregados da economia, como crescimento do PIB, inflação e desemprego. d. A macroeconomia, que se preocupa com as decisões dos agentes agregados na economia, e a microeconomia, que aborda o comércio internacional do país. e. A microeconomia, que foi fundada por Adam Smith e estuda o comportamento geral dos preços, da produção e do emprego no país, e a macroeconomia, fundada por John Keynes, que aborda a dinâmica nos mercados capitalistas. 3. A Economia é uma disciplina que treina as pessoas num tipo de categoria de análise da realidade. Essa categoria de análise se vale de uma série de outras áreas do conhecimento cientifico existente. Entre as ciências que ajudam na formação da abordagem econômica se destacam: 2626 a. As ciências exatas, como matemática e física, que ajudam nos cálculos de otimização das decisões de consumidores e empresas. b. As humanidades, como a sociologia, pois os agentes econômicos vivem em sociedade, mas não a psicologia, pois o comportamento individual de uma pessoa não afeta os resultados do mercado. c. A matemática, mas não a psicologia, pois a Economia trata de agentes racionais que usam cálculos para tomar suas decisões. d. Matemática e física, pois a Economia é uma ciência exata. e. História e sociologia, uma vez que a Economia é uma ciência social que pretende calcular as decisões dos agentes econômicos. Referências bibliográficas CARVALHO, F. Equilíbrio fiscal e política econômica keynesiana. Revista Análise Econômica, Porto Alegre, ano 26, n. 50, p. 7-25, 2008. KEYNES, J. M. Teoria geral do emprego, do juro e do dinheiro. 1. ed. bras. Rio de Janeiro: Editora Fundo de Cultura, 1964 (1936). MANKIW, N. G. Introdução à economia. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2008. SMITH, A. A riqueza das nações. Rio de Janeiro: Abril Cultural, 1982. VASCONCELLOS, M. A. S; GARCIA, M. E. Fundamentos de economia. 5. ed. São Paulo, SP: Saraiva, 2017. 2727 27 Gabarito Questão 1 – Resposta: E Resolução: Adam Smith é considerado o pai da economia moderna e sua interpretação da realidade manufatureira da Grã-Bretanha deram início à abordagem microeconômica. Entretanto, Smith também se preocupava com questões gerais da economia, como as origens e as causas da riqueza dos países. Questão 2 – Resposta: C Resolução: a microeconomia e a macroeconomia. Enquanto a microeconomia aborda temas relacionados ao comportamento das empresas e dos consumidores, a macroeconomia está preocupada com o comportamento geral da economia, com os agregados econômicos. Questão 3 – Resposta: A Resolução: a economia é considerada uma ciência social aplicada. Isso significa que ela pega emprestado elementos das humanidades, como história, sociologia, psicologia, etc., mas também usa elementos das ciências exatas, como matemática e física, para ajudar nos cálculos de otimização das decisões dos agentes econômicos. 282828 Microeconomia: princípios da oferta e da demanda Autor: Flávio Arantes Objetivos • Aprender os princípios da análise microeconômica que embasam as decisões dos produtores e dos consumidores. • Refletir sobre a teoria do consumidor. • Discutir os tipos de bens, as leis da demanda e da oferta e o equilíbrio de mercado. • Analisar os desequilíbrios de mercado e os ajustes via preços. 2929 29 1. Introdução Agora, você aprenderá os princípios fundamentais da análise microeconômica. Isso significa que você conhecerá os primeiros conceitos e as principais ferramentas da microeconomia. Você perceberá o quanto a análise microeconômica está presente no nosso dia a dia e é essencial para o entendimento do funcionamento dos mercados. Neste tema, você ficará apto a analisar as decisões dos agentes econômicos, os pressupostos considerados para a tomada dessas decisões e a dinâmica que ocorre no mercado a partir de cada decisão individual. Ao final desta Leitura Fundamental, você terá aprendido o que é teoria do consumidor, as primeiras ideias da teoria do produtor e as interações via mercado. 2. Mercado, dinheiro e preços Você vive numa sociedade capitalista, em que boa parte das relações sociais são relações econômicas. Isso significa que elas acontecem no mercado e são mediadas pelo dinheiro. É no mercado que consumidores e produtores se encontram e realizam as transações: os primeiros demandando bens e serviços produzidos e ofertados pelos segundos. As transações no mercado ocorrem por meio da troca de dinheiro por um determinado bem ou serviço. Pela sua experiência pessoal, você sabe que é o preço que determina a quantidade de um bem ou de um serviço oferecido no mercado. Já a quantidade demandada daquele determinado bem vai depender de uma série de fatores. Esses fatores vão desde as necessidades do consumidor, suas preferências, seus gostos e terminam sempre na sua renda. Assim, a despeito das características individuais de cada consumidor, em última instância, o que vai determinar a quantidade 3030 que ele demanda daquele bem ou serviço é sua capacidade de pagamento ou sua restrição orçamentária. Dessa forma, quantidade, preços e renda estão sempre em questão quando você está fazendo uma análise microeconômica. ASSIMILE Restrição orçamentária: o total de recursos disponíveis para um agente econômico realizar um gasto, ou seja, demandar um bem ou serviço no mercado. A restrição orçamentária é medida pelas diversas remunerações dos agentes (salários, lucros, aluguéis, juros, etc.) e pela sua capacidade de levantar empréstimos no sistema financeiro. Independentemente do mercado em questão, algumas características gerais estão sempre presentes nas relações entre produtores e consumidores e acabamse transformando em leis gerais. O primeiro conjunto dessas relações determina a demanda. 3. Demanda A demanda nada mais é do que o quanto você deseja de determinado bem ou serviço ofertado no mercado. Ela é determinada pela sua necessidade do bem, pelos seus gostos, pelas suas preferências, pela qualidade do bem e por uma série de outros determinantes individuais que têm a ver com sua experiência de vida e sua posição social. Na análise microeconômica, a demanda por determinado bem está sempre colocando em contraposição o preço do bem e a restrição orçamentária do consumidor. 3131 31 ASSIMILE Quantidade demandada: o quanto o consumidor pretende adquirir ou adquire de fato de determinado bem ou serviço no mercado. A quantidade demandada vai depender do preço estabelecido para o bem ou serviço em questão e da capacidade de pagamento do consumidor. 3.1 Curva de demanda Mantendo a renda sem variar, a quantidade demandada de um bem por determinado consumidor depende de seu preço. Quando o preço de um bem diminui, normalmente, as pessoas compram mais ou menos do bem? E se o preço do bem aumenta? O que acontece com a demanda? A resposta a essas questões fornece a Lei da Demanda: [...] com tudo o mais mantido constante, quando o preço de um bem aumenta, a quantidade demandada deste diminui; quando o preço diminui, a quantidade demandada do bem aumenta. (MANKIW, 2014, p. 65) O uso de um exemplo concreto o ajudará na análise do comportamento dos consumidores. Com o exemplo, você pode traçar um gráfico que será útil em quaisquer análises microeconômicas. Considere então que Luigi chegou da Itália recentemente e se maravilhou com a pizza brasileira. Luigi gostou tanto da pizza daqui que, durante uma semana qualquer, demanda pizzas segundo preços e quantidades apresentados na Tabela 1 abaixo: 3232 Tabela 1 – Preço e demanda de pizza Preço da pizza Quantidade demandada de pizza R$ 0,00 12 R$ 5,00 10 R$ 10,00 8 R$ 15,00 6 R$ 20,00 4 R$ 25,00 2 R$ 30,00 0 Fonte: elaborada pelo autor. Como Luigi gostou muito da pizza brasileira, se ela for gratuita, sua alimentação semanal será basicamente à base de pizza, e ele demandará 12 pizzas no total. Por outro lado, se o preço da pizza for R$ 30,00, Luigi não demanda nenhuma pizza. Numa representação gráfica, a demanda de Luigi por pizza é a seguinte: Gráfico 1 – Curva de demanda por pizza Fonte: elaborado pelo autor. O Gráfico 1 mostra que a curva de demanda por pizza condiz com a lei da demanda: tudo o mais mantido constante, a demanda será maior quanto menor o preço. Ou seja, se nada acontecer com a renda de Luigi, 3333 33 se os gostos dele não mudarem e se suas preferências se mantiverem as mesmas, ele vai demandar mais de um determinado bem quanto mais baixo for seu preço. Mas o que vale para Luigi, no caso da Lei da Demanda, também vale para sua esposa Mária – e vale para todos os indivíduos que demandam pizza. Mária tem preferências, gostos e renda diferentes de Luigi, e demanda pizzas conforme a terceira coluna da Tabela 2 abaixo mostra: Tabela 2 – Preço e demanda de mercado de fatias de pizza Preço da pizza Quantidade de-mandada de Luigi Quantidade de- mandada de Mária Quantidade de- mandada mercado R$ 0,00 12 9 21 R$ 5,00 10 8 18 R$ 10,00 8 7 15 R$ 15,00 6 6 12 R$ 20,00 4 5 9 R$ 25,00 2 4 6 R$ 30,00 0 3 3 Fonte: elaborada pelo autor. Se o mercado de pizza é formado apenas por esses dois consumidores, quando você soma a demanda de pizza de Luigi com a de Mária, você obtém a demanda do mercado por pizza. Gráfico 2 – Curva de demanda por pizza Fonte: elaborado pelo autor. 3434 Dessa forma, a curva de demanda de mercado é igual ao somatório de todas as curvas de demanda de todos os indivíduos que se encontram no mercado. No exemplo que você está analisando, é a soma da curva de Luigi e Mária que, individualmente, estão representadas no gráfico 2a e, juntas, estão representadas no gráfico 2b. 3.2 Movimento ao longo da curva de demanda A partir da demanda de mercado, você não apenas consegue analisar a demanda total por determinado bem, mas também o que acontece quando algumas condições mudam. O primeiro passo é analisar o que ocorre com a demanda de determinado bem quando seu preço muda. Essa pergunta é fácil de responder, pois a resposta já está na própria Lei da Demanda. A representação gráfica para isso, contudo, se encontra no Gráfico 3 abaixo: Gráfico 3 – Movimento ao longo da curva de demanda Fonte: elaborado pelo autor. De acordo com o Gráfico 3 e com a Lei da Demanda, mudanças de preços causam movimentos ao longo da curva de demanda, pois, quando o preço aumenta, a demanda cai, e quando o preço cai, a demanda aumenta. 3535 35 Mas e se outras condições que determinam a demanda por um bem mudam? O que acontece com a curva de demanda se a renda dos consumidores muda? E se as preferências e os gostos desses consumidores sofrem alterações? O que acontece com a demanda? Antes de você estudar o que acontece com a curva de demanda, é preciso saber que os bens não são todos iguais e, na microeconomia, existe uma maneira de classificá-los para poder analisar como a demanda por eles responde às alterações nos seus determinantes. 3.3 Classificação dos bens Até aqui, você aprendeu que a demanda de um bem aumenta quando seu preço diminui e que a demanda diminui conforme seu preço aumenta. Na realidade, isso é algo que ocorre costumeiramente no seu dia a dia, algo que é comum na maior parte dos mercados. A microeconomia utiliza esse fato comum na nossa realidade para classificar bens cuja demanda aumenta quando o preço diminui como “bens comuns”. Com uma classificação parecida com os bens comuns estão aqueles bens que a microeconomia classifica como “bens normais”. Normalmente, se sua renda aumenta, se você passa a receber um salário maior, a demanda por alguns bens que você consome aumenta. Se a demanda pelo bem aumentar quando a renda aumentar, o bem é considerado um bem normal. Exemplos são os pacotes maiores de internet, planos mais amplos de telefonia, uso mais frequente do automóvel, TV por assinatura, etc. Agora você pode estar pensando se existe algum caso em que a demanda por algum bem diminui quando a renda do consumidor aumenta. De fato existe, e a microeconomia classifica esses bens como “bens inferiores”. Exemplos de bens inferiores são muito mais comuns do que parece a uma primeira vista. No ambiente universitário, por 3636 exemplo, é muito comum o consumo de bens inferiores, como salsicha, macarrão instantâneo, “pratos feitos” ou mesmo passe de ônibus. Esses bens não são inferiores pela qualidade do alimento ou do transporte público, mas sim porque, quando o universitário consegue um emprego, com renda maior, ele deixa de consumir ou reduz seu consumo de macarrão instantâneo e passa a consumir um almoço no restaurante. Veja que deixar de consumir um bem inferior, como a salsicha, para consumir um almoço em um restaurante é diferente de outra classificação de bens que existe na microeconomia, o caso dos “bens substitutos”. Apesar de você substituir a salsicha pelo almoço, o determinante da troca foi o aumento da sua renda. Bens substitutos são aqueles que você substitui a demanda por outro similar quando seu preço aumenta. Se você sempre come proteína animal e o preço da carne bovina aumenta, provavelmente você optará pela carne suína ou pela carne de frango. As carnes, nesse caso, são bens substitutos. O mesmo vale para marcas diferentes, quando você escolhe outro detergente, pois sua marca preferida aumenta o preço. Ou, ainda, quando você opta por abastecer seu carro flex com etanol quando o preço da gasolina aumenta. Veja que, a partir do exemplo do veículo, é possível mais uma forma de classificar os bens. Você só consome etanol ou gasolina se tiver um carro flex. Então, o consumo de combustível é complementar ao seu uso do carro. Carro e combustível são “bens complementares”.O consumo de um bem implica o consumo do outro. Isso vale também nas máquinas de café espresso que requerem a cápsula ou o sachê de café para serem utilizadas. Uma vez conhecida a classificação de bens utilizada na análise microeconômica, você está apto a analisar o que ocorre na demanda de determinado bem quando um de seus determinantes muda, seja ele a renda, as preferências, os gostos ou o preço de outros bens relacionados. 3737 37 3.4 Deslocamento da curva de demanda Você viu na seção 3.2 que mudanças no preço de um bem causam movimentos ao longo da curva desse bem. Agora você vai perceber que mudanças nas condições que determinam a demanda de algum bem específico fazem com que a curva de demanda se desloque no plano que relaciona preços e quantidades. Mais um exemplo concreto pode ajudar na sua análise. Suponha que Luigi e Mária gostem de comer uma barrinha de chocolate após suas refeições, mas não comem com frequência porque o chocolate custa caro na pizzaria que frequentam. Entretanto, este mês, ambos ganharam promoção nos seus respectivos empregos e estão recebendo um salário maior. Com o novo salário, podem comer o chocolate após a pizza. Não houve nenhuma mudança no preço do chocolate, a demanda aumentou apenas porque as pessoas estão mais ricas. Nesse caso, a curva de demanda se desloca para a direita. Gráfico 4 – Deslocamento da curva de demanda de barrinhas de chocolate Fonte: elaborado pelo autor. 3838 Perceba pelo Gráfico 4a acima que o preço da barrinha de chocolate continuou o mesmo (R$ 5), mas a demanda aumentou de 10 para 15 unidades. No mesmo preço, o mercado demanda mais barrinhas de chocolate. A mesma lógica vale para o caso em que as preferências ou os gostos dos consumidores mudam e eles passam a demandar mais barrinhas, independentemente do preço. Você, com certeza, já notou que o raciocínio inverso também vale, ou seja, se, por algum motivo, as pessoas deixam de demandar determinado bem, a curva de demanda desse bem se desloca para a esquerda, conforme o Gráfico 4b. Se as pessoas perdem o emprego, por exemplo, elas podem comer menos chocolate e a demanda se desloca para a esquerda, independentemente do preço do chocolate. Ou, ainda, se é descoberto que comer chocolate faz mal para o coração, menos pessoas irão querer comprar chocolate e a demanda se deslocará para a esquerda. No Gráfico 4b acima, a demanda se desloca de D1 para D2 e a quantidade demandada no exemplo cai de 20 para 10 unidades. Os mesmos tipos de deslocamentos da curva de demanda de um bem ocorrem se há alterações no preço de um bem substituto. Suponha que você considere que arroz branco e arroz integral sejam substitutos entre si, pois ambos são fonte de carboidrato. Se o preço do arroz integral aumenta, você pode preferir substituí-lo por arroz branco. Se isso ocorre, a demanda por arroz branco vai aumentar, ocasionando um deslocamento para a direita na curva de demanda do arroz branco. No Gráfico 5 abaixo, a demanda vai de D1 para D3. 3939 39 Gráfico 5 – Deslocamento da curva de demanda de arroz branco Fonte: elaborado pelo autor. Por outro lado, se o preço do arroz integral diminui e você o considera mais nutritivo que o arroz branco, haverá deslocamento para a esquerda da demanda de arroz branco, de D1 para D2 no Gráfico 5, indicando uma queda na demanda por arroz branco, independentemente do movimento dos preços do arroz branco. Já no caso de bens complementares, a análise fica mais interessante e você já pode perceber o motivo. Imagine que a renda da população aumente e todos comecem a demandar máquinas de café espresso sem que o preço da máquina mude. Se mais máquinas são demandadas, o complemento da máquina, que são as cápsulas, também terá sua demanda aumentada. Isso significa que o deslocamento para a direita da curva de demanda da máquina implica um deslocamento para direita (aumento) na demanda por cápsulas de café, por se tratarem de bens complementares. Mas se por acaso o preço das cápsulas aumentarem muito, é possível que tomar café espresso fique restrito a uma pequena parcela da população. Assim, o aumento do preço das cápsulas pode deslocar curva para a esquerda, diminuindo a sua demanda. Como você pode perceber, a análise dos bens complementares já abre uma variedade de possibilidades e discussões. 4040 No seu dia a dia, a depender do tipo de bem em questão, as alterações nos preços de mercado, na renda dos consumidores, nas preferências e em qualquer outro condicionante da demanda têm implicações diversas. Você já tem o ferramental básico para efetuar essas análises do lado da demanda, falta agora aprender o comportamento do lado dos produtores de bens, ou seja, a dinâmica da oferta no mercado. 4. Oferta Quando você analisa a demanda de um bem, você está pensando do ponto de vista dos consumidores. Agora, se você muda a perspectiva de análise para a ótica dos produtores, a discussão passa a ser feita a partir da oferta de um bem e não mais da demanda. Claro que o produtor, ou ofertante, precisa saber da demanda pelo seu bem para decidir o quanto vai ofertar e se é viável produzir aquele bem específico. Mas, por ora, pense apenas na quantidade que o produtor está pretendendo oferecer. Do que depende essa quantidade? A oferta de um bem tem uma série de determinantes: preço dos insumos utilizados, disponibilidade de matéria-prima, tecnologia de produção e acesso a ela, expectativas sobre as vendas e, fundamentalmente, preço do bem ofertado. Se você é o produtor ou vendedor de um bem, o que o incentivaria a ofertar mais desse bem? Claro que, tudo o mais mantido constante, um aumento no preço do bem que você oferta incentiva um aumento da oferta. Ou seja, quanto maior o preço, mais o ofertante está disposto a oferecer. Isso significa que oferta e preço são positivamente relacionados. O Gráfico 6 mostra um exemplo genérico. 4141 41 Gráfico 6 – Curva de oferta de um bem Fonte: elaborado pelo autor. PARA SABER MAIS Sigla da curva de oferta: você certamente já percebeu que as siglas usadas em economia são a primeira letra do termo em questão. Então, por exemplo, “P” é de preço e “D” de demanda. Mas, então, por que “S” é oferta? Porque o S é do termo em inglês “supply”, que significa “oferta”. Assim como o “S” também pode significar poupança, pois vem de “savings”. O contexto é que define se o “S” é oferta ou poupança! Assim como a demanda, a oferta também possui uma lei: [...] lei da oferta: com tudo o mais mantido constante, quando o preço de um bem aumenta, a quantidade ofertada desse bem também aumenta, e, quando o preço de um bem cai, a quantidade ofertada desse bem também cai. (MANKIW, 2014, p. 71) Como você já aprendeu uma série de características da curva de demanda, analisar a oferta fica muito mais fácil e intuitivo. Isso significa 4242 que vários princípios que valem para a demanda também valem para a oferta, desde a construção da curva até a análise dos seus movimentos. 4.1 Oferta de mercado e movimento ao longo da curva O Gráfico 6 é uma curva genérica de oferta num determinado mercado. Ela pode expressar tanto uma curva individual quanto a própria curva de mercado. No caso da curva de oferta de mercado, ela é simplesmente a soma das curvas de todos os ofertantes presentes naquele mercado. Suponha que o mercado de pizzas é composto por duas pizzarias apenas, La Mamma e La Bella, que ofertam pizzas segundo os preços dados na Tabela 3 abaixo: Tabela 3 – Preço e oferta de mercado de fatias de pizza Preço da pizza Pizzaria La Mamma Pizzaria La Bella Oferta de mercado R$ 0,00 0 0 0 R$ 5,00 1 3 4 R$ 10,00 3 5 8 R$ 15,00 5 7 12 R$ 20,00 8 8 16 R$ 25,00 9 11 20 R$ 30,00 11 13 24 Fonte: elaborada pelo autor. De maneira geral, a pizzaria La Bella consegue ofertar mais pizzas do que a pizzaria La Mamma a qualquer preço estabelecido no mercado. É muito provável que os custos de produção da La Bella sejam menores que os daLa Mamma. Mas, neste momento, você está interessado em saber a quantidade de pizzas que serão ofertadas no mercado, que é a soma das duas ofertas individuais, representada na última coluna da Tabela 3. É possível perceber que, quanto maior o preço da pizza, mais pizzas serão ofertadas no total. 4343 43 Gráfico 7 – Movimento ao longo da curva de oferta de fatias de pizza Fonte: elaborado pelo autor. Alterações nos preços da pizza indicam movimentos ao longo da curva de oferta. Já alterações nas condições de oferta de pizza implicam deslocamentos da curva, como você pode perceber na seção 4.2 a seguir. 4.2 Deslocamentos da curva de oferta As mudanças nos determinantes da oferta de um bem implicam deslocamentos na curva de oferta do bem. Suponha, por exemplo, uma redução no preço da farinha de trigo. Considerando que a farinha é um insumo na produção das massas de pizza, uma redução no seu preço faz com que fique mais barata a produção de pizzas, o que incentiva a pizzaria a vender mais, mantidos os preços de mercado da pizza. No Gráfico 8 abaixo, isso significa um deslocamento de S1 para S2. 4444 Gráfico 8 – Deslocamento da curva de oferta de pizza Fonte: elaborado pelo autor. Seguindo a mesma lógica, caso haja alguma dificuldade na oferta de pizzas, seja porque uma das pizzarias faliu ou porque houve uma quebra de safra de trigo, a curva de oferta de pizza se desloca para a esquerda, de S1 para S3, pois, a determinado preço, a oferta de mercado é menor devido à dificuldade na produção. 5. Oferta e demanda em conjunto Até aqui, você percebeu que consumidores e produtores têm interesses distintos em relação ao preço do bem em questão. Pelas análises das curvas de demanda, quanto maior o preço, menor a quantidade demandada de um bem. Por outro lado, pela análise da curva de oferta, quanto maior o preço, mais os produtores querem ofertar esse bem. Qual é a solução então? 4545 45 Na Tabela 4 abaixo estão as informações sobre o mercado de pizzas, em que você pode perceber a demanda total (soma da demanda de todos os consumidores) e a oferta total (soma de todos os ofertantes) de pizzas. Tabela 4 – Mercado de pizza Preço da pizza Demanda de mercado Oferta de mercado R$ 0,00 21 0 R$ 5,00 18 4 R$ 10,00 15 8 R$ 15,00 12 12 R$ 20,00 9 16 R$ 25,00 6 20 R$ 30,00 3 24 Fonte: elaborada pelo autor. Existe um único preço nesse mercado em que a quantidade demandada de pizzas é igual à quantidade ofertada. No preço de R$ 15, a quantidade de pizzas ofertadas e demandadas é de 12 unidades. Assim, o preço de R$ 15 representa o preço de equilíbrio de mercado. Todos os ofertantes e demandantes estão satisfeitos com o preço e a quantidade de pizzas no mercado. Esse resultado é conhecido como equilíbrio de mercado e é representado no Gráfico 9 abaixo. Gráfico 9 – Equilíbrio de mercado Fonte: elaborado pelo autor. 4646 Em quaisquer preços diferentes de R$ 15 você pode perceber que o mercado está fora do equilíbrio. Imagine, por exemplo, que o preço esteja estipulado em R$ 25. Nesse preço, a quantidade ofertada será de 20 pizzas, enquanto a quantidade demandada será de apenas 6 (Tabela 4). O gráfico 10a mostra que há um excesso de oferta. Gráfico 10 – Desequilíbrios de mercado Fonte: elaborado pelo autor. Situação oposta é observada no Gráfico 10b, em que, ao preço de R$ 5, há um excesso de demanda. Nesse preço, as pizzarias não estão dispostas a ofertar mais do que quatro pizzas, mas a demanda de mercado é de 18. Sempre que há um excesso de demanda ou um excesso de oferta, os preços se ajustam até que a demanda se iguale à oferta e o mercado entre em equilíbrio novamente. Vendedores respondem ao excesso de demanda aumentando os preços. Entretanto, para um excesso de oferta, eles reduzem os preços até o preço de equilíbrio. Esse mecanismo de alterações de preços para igualar quantidades ofertadas e demandas é o ajuste de mercado. 4747 47 Os preços vão se alterar até que o mercado encontre novo preço de equilíbrio. Isso significa que as atividades de muitos compradores e vendedores conduzem a um preço em que demanda e oferta sejam iguais. Assim, no preço de equilíbrio, todos os compradores e vendedores estão satisfeitos e não há pressões, para cima ou para baixo, sobre os preços ou quantidades (MANKIW, 2014). E se, por acaso, de uma hora para outra, ocorre um grande terremoto e metade dos fornos que assam as pizzas quebram e a produção fica prejudicada? A primeira curva a se modificar por conta dessa catástrofe é a de oferta ou a de demanda por pizzas? Você já percebeu até aqui que é a curva de oferta, uma vez que as condições de produção é que foram afetadas pelo terremoto. A curva se desloca para a esquerda, atingindo um novo preço de equilíbrio conforme o Gráfico 11a. Gráfico 11 – Desequilíbrios de mercado Fonte: elaborado pelo autor. Se, por outro lado, cientistas descobrem que comer pizza faz bem para aliviar o estresse e indicam que todas as pessoas comam pelo menos uma pizza durante a semana, a curva de demanda se desloca para a direita, atingindo novo preço de equilíbrio, conforme 11b. 4848 Com toda essa análise do mercado, tanto pelo lado da oferta quanto pelo lado da demanda, você está apto a criar as suas hipóteses de pesquisas e efetuar suas análises de acordo com o bem ou serviço de seu interesse. A análise microeconômica aqui apresentada o ajuda a perceber e a apreender o processo dinâmico de ajuste da maior parte dos mercados. TEORIA EM PRÁTICA Você sabe que o Brasil é um país tropical, que faz calor na maior parte do ano e na maior parte das regiões. Você também sabe que muitos costumes daqui são herdados do passado colonial. Um desses costumes é o padrão de vestimenta, que fundamentalmente replica o modo de vestir europeu. Pensando nas condições climáticas, uma grande multinacional que opera no país decidiu que todos os seus funcionários deveriam usar camisetas claras, de algodão, em vez de ternos ou paletós. Todos, inclusive os executivos com cargos mais altos. Como a multinacional emprega muitos trabalhadores e é referência como uma das melhores empresas para se trabalhar, todas as outras multinacionais resolveram replicar a medida. Tendo em vista o impacto nacional da iniciativa e utilizando as curvas de oferta e demanda, explique e mostre graficamente o que aconteceu com: o mercado nacional (oferta e demanda) de camisetas, o mercado de ternos e paletós e o mercado de algodão assim que a medida foi adotada. Imagine que houve, num segundo momento, uma superprodução de algodão e a invenção de uma máquina de camisetas mais produtiva. O que você acha que acontece com as curvas de mercado nesse segundo momento? Explique e mostre graficamente. 4949 49 VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. A quantidade _________de um bem depende, dentre outros aspectos, do seu preço de mercado e da ________ por parte dos agentes econômicos. Quando _________ se igualam, é possível dizer que ______ está em ________. Assinale a alternativa que contenha os termos corretos para as lacunas acima: a. Demandada; oferta; os mercados; o preço; desajuste. b. Ofertada; oferta; as quantidades; o mercado; equilíbrio. c. Demandada; demanda; as quantidades; o mercado; desajuste. d. Ofertada; demanda; os preços; a oferta; equilíbrio. e. Ofertada; demanda; as quantidades; o mercado; equilíbrio. 2. Do plantio à produção, o café demora aproximadamente dois anos. Dada a alta do preço do produto num ano determinado, diversos produtores de milho e soja resolveram mudar o cultivo para café. Passados dois anos, esse novos produtores quebraram. Qual seria uma razão para a falência? a. Excesso de demanda, pois os novos produtores não conseguiram suprir o mercado aquecido. b. Excesso de oferta, pois os novos produtores não conseguiram suprir o mercado aquecido. 5050 c. Excesso de oferta, que ocasionou uma queda nos preços do café dois anos depois, que não compensou os custos. d.Excesso de demanda, que ocasionou uma queda nos preços do café dois anos depois, que não compensou os custos. e. Excesso de demanda e de oferta, que fez com que os preços se mantivessem estáveis. 3. O carro flex foi uma grande inovação no mercado brasileiro de veículos. Poder utilizar mais de um combustível (gasolina, do petróleo; etanol, da cana- de-açúcar) deu mais autonomia aos consumidores. Considerando a nova dinâmica do mercado de combustível por conta da tecnologia flex, é possível afirmar que: a. Gasolina e etanol são bens substitutos para carros flex, mas a variação do preço de um não afeta a demanda do outro. b. Gasolina e etanol são bens substitutos e a quebra de safra da cana de açúcar faz deslocar a curva de demanda de gasolina para a direita. c. Gasolina e etanol são bens inferiores, pois o aumento de renda dos consumidores induz a um aumento do consumo de ambos. d. Gasolina é um bem complementar, mas etanol é um bem substituto. e. O aumento do preço do petróleo não causa nenhum impacto na demanda por etanol. 5151 51 Referências bibliográficas MANKIW, N. G. Introdução à economia. São Paulo: Cengage Learning, 2014. Gabarito Questão 1 – Resposta E Resolução: a quantidade ofertada depende da capacidade de produção da empresa no mercado, do preço do produto vendido e da demanda pelo produto. Quando as quantidades ofertadas e demandadas se igualam, o mercado fica em equilíbrio. Questão 2 – Resposta C Resolução: excesso de oferta. Como muitos produtores resolveram cultivar café, a oferta aumentou no mercado dois anos depois, o que fez com que os preços caíssem. Preços menores do que o esperado podem comprometer a rentabilidade do empreendimento. Questão 3 – Resposta B Resolução: no caso do carro flex, gasolina e etanol são bens substitutos. Quando há uma quebra de safra de cana-de-açúcar, o preço do etanol se eleva e o mercado demanda mais gasolina, deslocando a curva de demanda de gasolina para a direita. 525252 Estrutura da empresa: produção e custos Autor: Flávio Arantes Objetivos • Aprender os principais conceitos relacionados à decisão de produzir da empresa. • Analisar a função de produção de uma empresa. • Discutir as diferenças da produção no curto e no longo prazo. • Entender os custos de produção aos quais as empresas estão submetidas. • Discutir as decisões de produção da empresa a partir dos seus custos. • Estudar a estrutura produtiva da empresa por meio da estrutura de custos de curto e longo prazos. 5353 53 1. Introdução Nesta Leitura Fundamental, você vai aprender os principais conceitos relacionados à decisão de produção de uma empresa. Baseado nesses conceitos, você será capaz de analisar como a empresa combina os recursos que tem à sua disposição da maneira mais eficiente possível no seu processo de produção. Você também vai aprender a analisar a estrutura de custos de uma empresa, discutindo os pontos em que o custo aumenta ou diminui dependendo da quantidade de bem ou serviço produzido. A partir da discussão da estrutura produtiva e da estrutura de custos da empresa, você será capaz de analisar as decisões de produção da empresa no curto e no longo prazo e o seu tamanho eficiente. 2. Conceitos fundamentais Para poder analisar as decisões de produção de uma empresa, você precisa ter em mente alguns conceitos fundamentais que a microeconomia toma emprestado da área de exatas, como cálculo e estatística. Esses conceitos permitem que todos tenham uma linguagem comum, facilitando o entendimento e a interpretação dos tópicos relacionados às decisões da empresa. O primeiro deles é o conceito de maximização. Como você pode perceber, maximização está relacionada a tornar máximo, extrair o máximo, buscar o máximo possível. Ou seja, maximizar alguma decisão, ação ou resultado. Na microeconomia, quando se trata da decisão dos consumidores, por exemplo, é pressuposto que eles estão sempre buscando maximizar os benefícios do consumo de determinado bem ou do uso de algum serviço. Ou, ainda, de maneira geral, os consumidores estão buscando a maximização da utilidade de um bem ou serviço. No caso da empresa, tem-se como pressuposto que 5454 ela busca maximizar seu lucro, ou resultado, frente aos insumos e ao mercado consumidor com que ela se depara. Outro conceito, relacionado ao de maximização, é o seu oposto, a minimização. Para uma empresa que maximiza os lucros, a minimização está relacionada às variáveis que têm de ser diminuídas, reduzidas ou tornadas mínimas para que o lucro seja máximo. Como você sabe, lucro é receita menos custos, então, para maximizar o lucro, a empresa deve buscar a minimização de seus custos, minimizar os desperdícios, minimizar as despesas no geral. Para que a empresa consiga produzir de maneira a maximizar seu lucro, ela precisa tomar algumas decisões ao longo do processo produtivo. Para guiar suas decisões, ela avalia o quanto está recebendo por produto vendido e o quanto esse produto vendido custa para ser produzido. Na realidade, a empresa está sempre levando em consideração a receita e o custo médio da sua produção. Isso nada mais é do que dizer que a empresa divide tudo que ela recebe pela quantidade vendida (média de receita; receita por unidade do produto) ou tudo que ela tem de custos por quantidade vendida (média do custo; custo por unidade do produto). Entretanto, há ainda mais um conceito fundamental que a empresa usa para basear suas decisões e que está relacionado tanto à sua receita média quanto ao seu custo médio (e, por consequência, aos seus valores totais). É o quanto custa para produzir uma unidade adicional de um bem ou ofertar uma unidade adicional de um serviço. Ou, ainda, o quanto a empresa vai receber da venda dessa unidade adicional do bem ou serviço. Esse “um a mais” que a empresa leva em consideração é o conceito de “marginal”. ASSIMILE Custo marginal é o custo que a empresa tem para produzir uma unidade adicional de um bem ou serviço que ela 5555 55 oferta. Receita marginal é a receita advinda da venda de uma unidade adicional do bem ou serviço ofertado pela empresa. Produto marginal é a produção de uma unidade adicional do bem ou serviço ofertado pela empresa. Assim, além das médias de custo e de receita que a empresa tem por oferecer determinado bem ou serviço, ela sempre considera a oferta de uma unidade adicional daquele bem ou serviço para checar se vale a pena continuar produzindo ou se ela se mantém no nível de produção em que se encontra. Isso significa dizer que a empresa está sempre analisando a receita marginal do bem que produz frente ao seu custo marginal, ou seja, está sempre considerando os custos e benefícios de uma unidade adicional do produto, do produto marginal. Com esses conceitos básicos, você é capaz de analisar as decisões de produção da empresa, que também dependem do tipo de mercado no qual ela está inserida. Entretanto, de maneira geral, as empresas possuem as mesmas categorias básicas para iniciar a análise da produção. 3. Produção O primeiro elemento levado em consideração para que a empresa possa produzir e ofertar determinado bem ou serviço num determinado mercado é sua capacidade de produção. Você pode pensar que essa afirmação é relativamente óbvia, mas um olhar mais aprofundado lhe permite analisar que a capacidade de produção de uma empresa é um pouco mais complexa do que parece numa primeira vista. Quando você está analisando a capacidade de produção de uma empresa, o olhar não é apenas sobre a estrutura física ou a tecnologia 5656 que ela tem disponível para iniciar o processo produtivo. O olhar deve abrigar também aspectos mercadológicos, ou seja, se ela é capaz de produzir de maneira eficiente, que cumpra com requisitos que a levem à maximização dos lucros, ou a uma produção eficiente frente à produção do mercado como um todo. A empresa está preocupada, também, com o preço a que ela consegue venderseus produtos, com as restrições de custos, com as escolhas dos insumos e com uma série de outros fatores que serão apresentados na sequência. 3.1 Tecnologia e função de produção Quando se analisa a tecnologia de uma empresa, a preocupação é basicamente em entender e retratar como os insumos se transformam em produtos para então serem ofertados no mercado. Outra maneira de expressar a mesma preocupação é analisando como a empresa combina máquinas, equipamentos, instalações físicas, mão de obra, energia elétrica e matérias-primas diversas no seu processo produtivo. Na microeconomia, costuma-se resumir ou restringir essa série de insumos utilizados no processo produtivo em apenas dois que, no fim das contas, são os mais importantes para a produção. O primeiro é o trabalho, que basicamente abriga a mão de obra humana utilizada no processo produtivo, e o segundo é o capital, que corresponde a todos os demais insumos utilizados. A combinação de trabalho e capital dá a função de produção da empresa, ou seja, a quantidade total produzida a partir da maneira como a empresa consegue combinar seus insumos. A forma mais geral e simplificada de retratar a produção de uma empresa é por meio de uma função do tipo: 5757 57 Em que q é a quantidade produzida ou o volume de produção, K é o capital empregado, L é a quantidade de mão de obra utilizada e F é a forma com que capital e trabalho se relacionam, ou seja, uma maneira de representar a tecnologia de produção utilizada pela empresa. PARA SABER MAIS Uma empresa pode ser classificada de acordo com as parcelas relativas de capital e de trabalho que utiliza no seu processo produtivo. Se a proporção de capital é maior que a de trabalho, a empresa é considerada intensiva em capital ou capital-intensiva. De outro modo, se a quantidade de trabalho é maior relativamente à de capital, a empresa é trabalho-intensiva ou intensiva em trabalho. A função de produção determina a quantidade de bens ou serviços que uma empresa consegue produzir num determinado período, geralmente de um ano, dadas as quantidades de trabalho e de capital que ela tem disponível e a forma com que eles são combinados. Como você sabe, a forma com que a empresa consegue produzir varia ao longo do tempo, principalmente por causa de desenvolvimentos tecnológicos ou das inovações que aprimoram o processo produtivo ou o tornam mais eficiente de alguma maneira. De modo geral, na economia, as mudanças que ocorrem ao longo do tempo são levadas em consideração, fazendo com que o analista deixe claro se está tratando da discussão de curto, médio ou longo prazo. Salvos alguns episódios atípicos, como guerras, catástrofes ambientais, calamidades públicas, crises imprevistas, os economistas costumam considerar que, no curto prazo, há poucas mudanças no comportamento da economia, seja da parte dos consumidores 5858 ou dos produtores. Já no médio prazo, os economistas começam a considerar que o comportamento das variáveis econômicas pode mudar razoavelmente por conta da própria dinâmica econômica. Consumidores podem diversificar ou aumentar seu consumo, as empresas podem passar a ofertar algo novo ou começar a atuar em novas áreas. Agora, no longo prazo, as variáveis econômicas podem passar por mudanças significativas, fruto de alterações na própria dinâmica da economia ao longo do tempo. As estruturas e a dinâmica da economia no longo prazo podem ser completamente distintas daquelas iniciais. Justamente por considerar as mudanças que ocorrem no processo produtivo ao longo do tempo e, principalmente, por causa daquelas relacionadas às mudanças tecnológicas, a microeconomia costuma dividir sua análise em curto prazo e longo prazo. Para o curto prazo, a análise microeconômica considera aquele período em que a empresa não consegue alterar a quantidade de, pelo menos, um insumo produtivo, ou seja, pelo menos um insumo é fixo. Já no longo prazo, a empresa consegue variar todos os insumos utilizados em seu processo produtivo. 3.2. Produção no curto prazo Como você viu na seção anterior, a função de produção genérica de uma empresa leva em consideração a forma e a quantidade de capital e trabalho que ela consegue empregar em sua atividade produtiva num período determinado. Você também viu que, no curto prazo, pelo menos um dos insumos se mantém fixo enquanto os demais variam. No caso da função de produção apresentada, geralmente, a análise microeconômica mantém o capital fixo e analisa o que ocorre com a produção quando o trabalho varia ao longo do tempo. Isso se deve ao fato de ser relativamente mais fácil contratar nova mão de obra do que mudar os equipamentos da empresa. 5959 59 Para iniciar sua análise sobre a capacidade produtiva e as características de produção, você pode considerar os dados da empresa Solados Ltda., especializada em calçados, conforme a Tabela 5 a seguir: Tabela 5 – Características da produção da Solados Ltda. Quantidade de trabalho (L) Quantidade de capital (K) Produto total (q) Produto médio (q/L) Produto mar- ginal (Δq/ΔL) 0 10 0 1 10 15 15 15 2 10 45 22,5 30 3 10 90 30 45 4 10 120 30 30 5 10 142 28,4 22 6 10 162 27 20 7 10 168 24 6 8 10 168 21 0 9 10 162 18 -6 10 10 150 15 -12 Fonte: elaborada pelo autor. Adaptada de Pindyck e Rubinfeld (2013). É possível perceber que a empresa Solados Ltda. possui um capital fixo de dez unidades (máquinas e equipamentos) e está analisando o que ocorre com sua produção se aumentar a quantidade de trabalhadores empregados no processo produtivo. Só com o capital, a empresa não produz nenhum par de calçado. Se ela contrata um trabalhador, consegue produzir 15 pares. Ao contratar dois trabalhadores, a produção aumenta para 45 pares e assim por diante. Desse modo, de maneira geral, com o capital constante, quanto mais trabalho é empregado, mais calçados a empresa consegue produzir. Como você pode perceber pela terceira coluna da Tabela 5, essa afirmação é válida até o total de sete trabalhadores. Se a empresa contrata o oitavo trabalhador, a produção se mantém em 168 pares. 6060 Mas se a Solados Ltda. contrata o nono e o décimo trabalhador, sua produção total cai para 162 e 150 pares, respectivamente. Isso ocorre devido a dois fatores: o produto marginal do trabalho, dado na última coluna da Tabela 5, e dos rendimentos marginais decrescentes, que determinam o produto marginal. O produto marginal do trabalho, como você aprendeu no “Assimile” da Seção 2, mede a variação na produção de calçados quando se adiciona uma unidade de trabalho. Em termos matemáticos, o produto marginal do trabalho é expresso pela variação da quantidade produzida (Δq) dividida pela variação na quantidade de trabalho empregada (ΔL): Isso significa que, se a Solados Ltda. tem dois trabalhadores e quer saber o quanto um terceiro empregado contribui para a sua produção, ela compara a produção total de dois trabalhadores com a produção total gerada pelo terceiro trabalhador, o trabalhador adicional, ou o trabalhador marginal: Assim, um terceiro trabalhador agrega 45 pares de calçados na produção total da empresa. Você pode perceber pela Tabela 5 que dois empregados produzem 45 pares de calçados e três empregados produzem 90 pares, ou seja, o produto marginal do emprego de um terceiro trabalhador é de 45 pares de calçados. Mas isso só ocorre até a contratação do sétimo empregado. O produto marginal do oitavo trabalhador é zero, e do nonoº trabalhador em diante é negativo, ou seja, empregar mais do que oito trabalhadores na Solados Ltda. faz a produção da empresa se reduzir. Isso se deve aos rendimentos marginais decrescentes do trabalho. 6161 61 ASSIMILE Rendimento marginal decrescente é um princípio segundo o qual a produção adicional de um bem diminui conforme se aumenta a utilização de um insumo, mantidos os demais insumos constantes (PINDYCK; RUBINFELD, 2013). O princípio dos rendimentos marginais decrescentes ocorre na
Compartilhar