Prévia do material em texto
1 G.O I | LUCAS SILVA Ciclo menstrual e Amenorréia Ciclo Menstrual • Conjunto de eventos endócrinos interdependentes do eixo hipotálamo- hipófise-gônadas • Duração: De 21 a 35 dias, sendo normalmente um ciclo de 28 dias. o Sangramento: 2 a 6 dias o Perda sanguínea: 20 a 80mL • O ciclo menstrual ocorre em duas etapas, sendo a 1ª parte a fase folicular (período menstrual e proliferativo) e a 2ª parte a fase lútea (secretora). EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE-OVÁRIO (HHO) • Hipotálamo: Produz o hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH). o GnRH é liberado de forma pulsátil, o que é determinante para a liberação correta dos hormônios gonadotróficos. o Feedback (+) → Hormônios ovarianos estimulam a produção de GnRH o Feedback (-) → Hormônios ovarianos inibem a produção de GnRH • Hipófise: Produz os hormônios folículo- estimulante (FSH) e luteinizante (LH). o Produz também prolactina (PRL) e ocitocina (neuro-hipófise). o GnRH atua na adeno-hipófise estimulando a síntese e secreção de FSH e LH. • Ovários: Produz os hormônios sexuais estrogênio, androgênio e progesterona. o Prepara o útero para a implantação do óvulo fertilizado. Ciclo Ovariano FASE FOLICULAR • 1ª fase do ciclo menstrual → Ocorre do 1º dia da menstruação até o dia do pico de LH. • Garante a maturação de diversos folículos ovarianos, porém apenas um estará maduro e viável para a ovulação. o Seleção do folículo dominante o Estágios folicular: primordial → primário → pré-antral → antral → pré- ovulatório (dominante). o Dura de 10 a 14 dias → A duração do ciclo menstrual depende da duração da fase folicular. • O recrutamento folicular inicia na fase lútea do ciclo anterior com a diminuição dos hormônios sexuais → FSH é liberado por feedback, esse aumento na concentração de FSH é o sinal para o recrutamento do folículo dominante. o Folículo dominante: Sintetiza estrogênio e realiza a aromatização, ou seja, a conversão de testosterona em estradiol. o Os outros folículos não desenvolvem receptores para LH e sofrem apoptose. • Folículo dominante promove a liberação de estradiol que estimula a produção de LH pela hipófise. o O pico de estradiol ocorre na fase folicular tardia, 3 dias antes da ovulação. o Esse pico de estradiol é responsável pelo pico de LH, responsável pela ovulação. + 23 a 36 horas após início da elevação de LH. + 10 a 12 horas após o pico máximo. • O LH é responsável pela luteinização do folículo dominante, resultando na produção de progesterona. o A progesterona atua na hipófise contribuindo para a elevação do FSH e do LH. FASE LÚTEA • 2ª fase do ciclo menstrual → Inicia após ovulação, com a transformação do folículo dominante em corpo lúteo. o Vai até a menstruação, com duração de 14 dias. 2 G.O I | LUCAS SILVA o Responsável pela produção de progesterona → Atinge o pico no 8º dia • Caso ocorra gravidez e nidação, o hCG mantém o corpo lúteo até que a placenta se estabeleça completamente. • Se não houve gestação o corpo lúteo diminui a produção de progesterona. o A regressão do corpo lúteo leva a uma queda de estradiol, progesterona e inibina A. o A queda desses hormônios é responsável pela descamação do endométrio. Ciclo Uterino • Caracterizado pela resposta do útero aos hormônios ovarianos estradiol e progesterona. • Endométrio menstrual → Ruptura irregular do endométrio, devido a interrupção da secreção das glândulas endometriais na ausência de implantação embrionária. o Ocorre devido a degeneração do corpo lúteo e da redução abrupta dos hormônios estrogênio e progesterona. o Ocorre vasoconstricção nas artérias, isquemia e perda tecidual. • Endométrio proliferativo → Corresponde a fase folicular no ovário. Inicia de 3 a 4 dias após a menstruação. o O estimulo do estrogênio/estradiol provoca regeneração do endométrio. o Começa o espessamento do endométrio. • Endométrio secretor → Corresponde a fase lútea no ovário. o Caracteriza-se pela atuação da progesterona produzida pelo corpo lúteo no endométrio. o A atividade secretora das glândulas é máxima e o endométrio encontra-se preparado para a implantação do blastocisto. 3 G.O I | LUCAS SILVA Amenorréia • Caracterizado por uma desordem hormonal no eixo HHO. • É a ausência de menstruação no período da menacme (idade fértil). • Causas de amenorreia fisiológica → Gravidez, lactação e menopausa. CLASSIFICAÇÃO Amenorreia Primária • Não presença de menarca até os 16 anos, com presença de caracteres sexuais secundários. • Ausência de menarca até os 14 anos, sem caracteres sexuais secundários. • Investigar estigmas genéticos como a Síndrome de Turner. Amenorréia Secundária • Ausência de menstruação por três meses ou quando ocorrem menos de nove ciclos menstruais ao longo de um ano, em uma mulher que previamente menstruava. o Excluir diagnóstico de gravidez DIAGNÓSTICO • Observar caracteres sexuais secundários, pois isso irá interferir na investigação. • Dosagem hormonal para verificar as concentrações e a presença dos hormônios do eixo HHO. • Crescimento adequado para idade • História familiar de puberdade atrasada • Se há presença de acne, hirsutismo, virilização (masculinização). • Eventos estressores ou mudanças de hábitos alimentares e alterações de peso. • Questionar atividades físicas • Presença de doenças crônicas • Galactorreia, fogachos ou ressecamento vaginal. Exame Físico • Altura, peso e IMC • Estágios de Tanner → Avaliar o desenvolvimento das características sexuais secundárias. • Exame ginecológico completo para identificar possíveis alterações anatômicas como hímen imperfurado. Avaliação Hormonal • Dosagens séricas de FSH e Prolactina o FSH elevado: Insuficiência ovariana? o FSH normal: malformação mulleriana? Mau desenvolvimento embrionário? o FSH baixo: Amenorreia com eugonadismo ou hipogonadismo? o Prolactina aumentada pode provocar bloqueio do eixo HHO • Dosagem de estradiol • Dosagem de TSH e T4 Livre → Problemas na tireoide podem interferir no ciclo. INVESTIGAÇÃO DE AMENORREIA PRIMÁRIA • Em geral, resulta de alguma anormalidade genética ou anatômica. o Hipogonadismo hipotalâmico, disgenesia gonadal, ausência de útero, colo uterino ou vagina, hímen imperfurado e doença hipofisária. o Principal: Avaliar caracteres sexuais (desenvolvimento das mamas), presença ou ausência de útero e níveis de FSH. • Pode ser solicitado de imediato o cariótipo para avaliar alguma condição genética. 4 G.O I | LUCAS SILVA • Ausência de telarca → Atraso funcional do desenvolvimento (FSH baixo ou normal) e disgenesia gonadal (FSH elevado). • Telarca presente → Têm ação estrogênica e funcionamento ovariano. o USG pélvica → Avaliar a presença ou não de útero. o Se útero ausente: agenesia mulleriana e insensibilidade androgênica. o Se útero presente: etiologias de amenorreias secundárias. Útero presente → Dosar FSH • FSH baixo: Ovários não estão produzindo os hormônios sexuais estrogênio e progesterona e, portanto, não a hipófise não está respondendo. • FSH normal: Há produção dos hormônios sexuais, porém não há saída do sangramento. Precisa avaliar obstruções do trato genital. • FSH elevado: Principal causa é a falência ovariana prematura (diagenesia gonadal). FSH está sendo produzido porém não há menstruação. Útero ausente → Síndromes • É preciso dosar FSH e solicitar cariótipo • 46XX + FSH normal: Indica malformação mulleriana (Síndrome de Rokitansky). Pode apresentar útero atrofiado. A ausência de menstruação decorre da ausência de estruturas e não da falta de estímulo hormonal. • 46XY + FSH normal: Indica insensibilidade androgênica (Síndrome de Morris). Há completa ausência de resposta aos hormônios masculinizantes, nesse caso a testosterona não consegue convertera genitália primitiva em pênis e escroto, formando uma vulva externa. INVESTIGAÇÃO DE AMENORREIA SECUNDÁRIA • Principais causas quando descartado gravidez: Alterações ovarianas, disfunção hipotalâmica, alterações hipofisárias e patologias uterinas. 1º Tempo • Descartar gravidez, realizar exame físico e colher história → Orientar possíveis diagnósticos. o Síndrome de Asherman (sinequias uterinas) é a única causa uterina de amenorreia secundária → Formação de tecido cicatricial no útero, provoca impedindo da menstruação e infertilidade. 2º Tempo • Solicitar dosagens séricas dos hormônios PRL, FSH, TSH e Testosterona em casos de hiperandrogenismo (sinais). • Pode-se realizar o Teste de Progesterona o Positivo → Quando há sangramento após a interrupção da progesterona. Evidencia amenorreia decorrente de anovulação. o Negativo → Quando não há sangramento mesmo após interrupção do remédio. Evidencia gestação, obstrução, inexistência de endométrio ou de receptores (amenorreia primária), ausência de atividade estrogênica. 5 G.O I | LUCAS SILVA 3º Tempo • PRL alta: Caracteriza hiperprolactinemia. Pode ocorrer devido estresse ou alimentação, remédios, adenomas, causas idiopáticas. • TSH alto ou baixo: Caracteriza hiper/hipotireoidismo. Investigação e tratamento de doenças da tireoide. • FSH alto: Caracteriza menopausa ou falência ovariana prematura (hipogonadismo hipergonadotrófico). Investigar menopausa precoce em pacientes jovens. • FSH baixo ou normal: Pode ser indicativo de hipogonadismo hipogonadotrófico (falência da função gonadal secundária à deficiência na secreção de gonadotrofinas). Pode-se realizar o teste de progesterona se não tiver sido feito. • Teste de progesterona positivo: SOP, medicamentos, perda de peso, estresse, disfunção hipotálamo-hipófise. • Teste de progesterona negativo: Revisar história clínica e seguir para o 5º passo. 4º Tempo • Teste de progesterona negativo com causas de amenorreia excluídas • Teste estrogênio + progestogênio o Determina se o fluxo menstrual é ausente por inoperância dos órgãos- alvo ou por ausência de proliferação endometrial induzida pelo estrogênio. o Negativo → Amenorreia por causa uterina. o Positivo → Cavidade endometrial normal e deve-se seguir pro 5º passo. 5º Tempo • Neuroimagem → Lesões cerebrais podem causar disfunção no hipotálamo ou na hipófise. ALTERAÇÕES ANATÔMICAS • Síndrome de Rokitansky, 46XX o Agenesia mulleriana clássica o Amenorreia primária o Gônadas presentes e funcionantes o Caracteres sexuais secundários o Ausência do corpo e colo uterinos e de 2/3 da vagina. • Hímen imperfurado o Canal vaginal fechado pela membrana do hímen o Apresenta ovários e útero funcionantes o Tratamento cirúrgico (abertura) • Síndrome de Arshman o Tecido cicatricial no útero decorrentes de agressões ao endométrio o Amenorreia secundária o Comum em pacientes com infecção pélvica recorrente ALTERAÇÕES DO HIPOTÁLAMO • Síndrome de Kallman o Amenorreia associada com anosmia o Causada por um defeito na migração dos neurônios que produzem o GnRH e dos neurônios que formam os nervos olfatórios. o Tratamento hormonal com GnRH ou estrogênio e progesterona ALTERAÇÕES HIPOFISÁRIAS • Hiperprolactinemia o Tumores, remédios ou alterações na hipófise o Amenorreia secundária • Síndrome de Sheehan o Isquemia e necrose da hipófise por hemorragias pós-parto, aborto, ou hipotensão pós-parto. o Amenorreia secundária ALTERAÇÕES OVARIANAS • Síndrome de Turner o Principal causa de insuficiência ovariana o Tratamento com GH e terapia hormonal • Síndrome de Savage o Ovários resistentes, provoca amenorreia primária. o Insensibilidade a FSH e LH e não há produção de estrogênio. ALTERAÇÕES ENDÓCRINAS • SOP o Apresenta anovulação crônica e amenorreia secundária o Ciclos menstruais longos o Tratamento com GH e terapia hormonal • Menopausa precoce o A mulher cessa a produção de estrogênio muito cedo.