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EMANUELA HANNOFF PILON 1 Tutorial 2 – mod XVI Desenv uterino, malformações, endometriose e SUA-PAL Embriologia da região uterina (Sanarflix) - Sistema genital é derivado do sistema urogenital, que também dá origem ao sistema urinário. - Nos estados iniciais da gestação, as gônadas são indiferenciadas, iniciando a partir da 7ª semana a diferenciação sexual, quando a gônada se direciona para formar testículos ou ovários (produtores de oócitos). - Há espessamento do mesotélio no lado do mesonefro (desenvolvimento urinário). Se une ao mesênquima e formam as cristas gonadais, que viram a gônada primitiva indiferenciada. Vai ter os cordões gonadais que originarão muitas estruturas genitais. - Células germinativas sexuais migram da vesícula umbilical até a crista gonadal. Precisa ser estimulada por genes stella, fragilis e BMP-4. - Na 6ª semana, as células germinativas são incorporadas aos cordões gonadais, quando começa determinação do sexo, começando formação dos ovários pelo córtex e medula involui. Se Y, córtex involui e forma pela medula. DESENVOLVIMENTO DOS OVÁRIOS - Gônada indiferenciada incorporação de células germinativas e crescimento dos cordões corticais - Ruptura dos cordões corticais em grupo de células isoladas para formar folículos primordiais que formaram as oogônias. - Há o achatamento do epitélio de superfície e formação da túnica albugínea, separando-se do mesonefro. Esse epitélio forma uma camada de células por onde entram e saem vasos e nervos. DESENVOLVIMENTO DOS DUCTOS GENITAIS, GLÂNDULAS FEMININAS E VAGINA - Os ductos paramesonéfricos originam tubas uterinas, útero e parte superior da vagina, na ausência de estimulação hormonal. - Ductos com abertura para cavidade abdominal e uma união na linha mediana que forma seio uterovaginal, originando útero e parte cranial da vagina. - Por não ter influencia da testosterona, os ductos mesonéfricos regridem, e os parameso se desenvolvem, pela ausência do AMH. - Não precisa de estrogênio estimulando para formar a genitália, porém eles estimulam a maturação das tubas uterinas, útero e pte superior da vagina. - Útero formado por endo e miométrio. - Ductos mesonéfricos formam glândulas acessórias que produzem muco e fazem lubrificação da uretra e pte externa da vagina. Há formação também das glândulas vestibulares maiores (pte dos grandes lábios) e de muco. - Porção caudal da vagina se originado seio urogenital. Há protuberâncias do seio, formação de placa vaginal, inicialmente fechada. Decomposição das células da placa, mesênquima origina tec conjuntivo e muscular vaginal, células da placa formam o epitélio vaginal. - Surge o hímen através de invaginação da parede post do seio urogenital. DESENVOLVIMENTO DAS GENITÁLIAS - 9ª semana. Na 12ª semana, começa diferenciação da genitália externa. - Ectoderma cloacal é a fonte para o sinal de diferenciação. - Tubérculo genital originará pênis ou clitóris. Se não tem estímulo de hormônios androgênicos, forma clitóris. - Saliencias labioescrotais, externas à membrana cloacal - Pregas uretrais prega urogenital pequenos lábios (parte da não fusão cranial das pregas) - Pregas labioescrotais ñ fusionam monte do púbis e comissura labial anterior e na parte cranial e fusionada, forma comissura labial posterior. Não se fusionam completamente e formam os grandes lábios. No sexo feminino, o canal inguinal oblitera mais rapidamente do que no sexo masculino, pois não há formação de espaço para a passagem dos testículos e formação das estruturas que ocorrem no sexo masculino. Dor pélvica crônica (Rotinas) - Dor com duração >6m que se localiza na pelve, na parede abdominal anterior abaixo da cicatriz umbilical, na região lombossacral ou nas nadegas, com intensidade suficiente para causar impedimento funcional a paciente ou leva-la a cuidado médico. Doenças mais frequentes associadas a dor pélvica crônica: Ginecológicas: endometriose, adenomiose, aderências, síndrome de congestão pélvica, síndrome do ovário remanescente, miomatose, vulvodinia Urológicas: cistite intersticial, ITU crônica, síndrome ureteral crônica, litíase urinaria TGI: síndrome do colón irritável, DII, constipação crônica, colite, diverticulite Musculoesqueléticas: dor miofascial, síndrome do musculo elevador do ânus, síndrome piriforme, neuralgia ABORDAGEM CLÍNICA: importante paciente levar a consulta todos os resultados de exames e queixas anteriores, para avaliar achados prévios e complementar avaliações sem precisar gastar mais e ficar repetindo o que não precisar. EMANUELA HANNOFF PILON 2 - Avalia queixa dolorosa da paciente, podendo ser útil um diário de dor de 3m. Importante revisar possíveis causas gastrointestinais, urológicas e musculoesqueléticas, para evitar algo mais invasivo como uma laparoscopia antes de uma avaliação específica gastrointestinal. - EF importante avaliar pontos álgicos na pele do abdome e da pelve, palpação profunda a procura de massas intra- abdominais e observação de contratura voluntaria do abdome, importante palpar coluna vertebral, sacro e musculatura paravertebral para procurar pontos que desencadeiam dor ou anomalias anatômicas, como hiperlordose ou hipercifose - Toque vaginal unimanual (sem mão abdominal) explorando músculos elevadores do ânus e paredes vaginais, desde vestíbulo até fundo de saco, anterior e posteriormente. - Toque retal faz parte do exame físico completo - Pesquisa de doenças sexualmente transmissíveis e potencial DIP. Tratamento deve ser direcionado a causa da DPC quando identificada, quando sem diagnóstico específico tenta fazer manejo multidisciplinar, com associação de analgésicos + dieta + estilo de vida + psicológico. Endometriose (Febrasgo) - Presença de tecido que se assemelha à glândula e/ou estroma endometrial fora da cavidade uterina, com predomínio na pelve feminina. Benigna, crônica, estrogênio dependente, multifatorial, + em idade reprodutiva (5-10% da população dessa faixa). - Divisão em 3 doenças distintas: peritoneal (implantes superficiais no peritônio), ovariana (implantes superficiais ou cistos-endometriomas no ovário) e profunda (lesão que penetra no espaço retroperitoneal ou na parede dos órgãos pélvicos com profundidade >5mm). FISIOPATOLOGIA - É controversa, discussão sobre origem única ou distinta para as 3 doenças. Teoria: • Teoria menstruação retrograda de Sampson: maioria das mulheres com tubas pérvias tem liquido livre na cavidade pélvica quando menstruam, sugerindo refluxo tubário (cels endometriais fluem para tras pelas trompas de falopio e para cavidade peritoneal), então cels endometriais se implantam no peritônio e outros órgãos pélvicos iniciando a doença, dependendo de ambiente hormonal e fatores imunológicos que não eliminam essas cels dos locais impróprios. - Aumento da probabilidade de endometriose por maior exposição estrogênica: tecidos periféricos produzem estrogênio, e idade precoce da menarca, nuliparidade, aumento do fluxo menstrual, atraso da primeira gravidez, duração da amamentação. • Teoria da metaplasia celômica: transformação do epitélio celômico, principalmente ovariano e peritoneal, em tecido endometrial: diferenciação metaplásica. - Papel do sistema imune (macrófagos, células NK, ... • Teoria da menstruação em neonatos: tenta explicar inicio precoce da doença, sangramento uterino neonatal em resposta a progesterona materna que reflui pelas tubas uterinas pela obstrução do cérvix (muito longa e recoberta por muco), levando fragmentos de tecido endometrial com cels progenitoras do epitélio endometrial, então essas cels podem aderir ao peritônio e ficam quiescentes até mudança estrogênica na menopausa • Teoria das alterações genéticas ou epigenéticas • Locais mais comuns da endometriose (uptodate);ovário, fossa ovariana, ligamentos uterossacros, bolsa de douglas e bexiga. QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO - Média entre inicio dos sintomas referidos pelas pacientes até o diagnostico definitivo é cerca de 7 anos. - Principais sintomas são dismenorreia (principal sintoma relacionado), dor pélvica crônica ou acíclica (imprevisível ao longo do ciclo menstrual, desconforto, dor pulsante e aguda), dispareunia (profundidade, por lesões profundas na vagina e ligamentos uterossacros), alterações urinarias (disuria, hematúria, polaciuria, urgência miccional durante fluxo menstrual), alterações intestinais (distensão abdominal, sangramento nas fezes, constipação, disquezia, dor anal: cíclica na época menstrual) • Exame físico: nódulos ou rugosidades enegrecidas em fundo de saco posterior ao exame especular sugere endometriose. No toque útero com pouca mobilidade sugere aderência pélvica, nódulos geralmente dolorosos no fundo de saco posterior pode ser lesões retrocervicais, ligamento uterossacros, parede vaginal ou intestinal • Métodos de imagem: US pélvico, USTV e RM são principais métodos!!! • Mecanismo da dor (uptodate): sintomas por alterações inflamatórias, relacionada ao aumento da produção de mediadores inflamatórios e da dor, e disfunção EMANUELA HANNOFF PILON 3 neurológica associada aos implantes. Mulheres com dor na endometriose tem aumento de fibras nervosas e desequilíbrio de fibras nervosas simpáticas e sensoriais: estrogênio age como neuromodulador que repele os axônios simpáticos, preservando inervação sensorial, e a inflamação estimula sensibilização do nervo periférico, dor crônica induz alterações no SNC. o Livro Speroff’s: a explicação de pq muitas mulheres com endometriose avançada não tem dor ou quem tem pouca doença tem muita dor, ainda não ta bem esclarecido. Ainda não se sabe se endometriose causa sensibilização central ou se algumas mulheres com endometriose já eram sensibilizadas, explicando pq algumas podem ter dor com doença mínima. Meio hormonal influencia a percepção da dor. TRATAMENTO CLÍNICO - Aborda como uma doença crônica. Tratamento de escolha quando não tem indicação absoluta para cirurgia. Associa terapia hormonal, analgesia, atividade física, fisioterapia, acupuntura e psicologia. • Se endometrioma ovariano >6mm, lesões em ureter, íleo, apêndice ou retorossigmoide indica cirurgia. • Progestagênio: uso continuo faz bloqueio da ovulação, inibe crescimento endometrial e faz atrofia das lesões, ação anti-inflamatória (inibe produção de mastócito, angiogênese e suprime metaloproteinas). Um dos mais utilizados VO é o acetato de noretindrona 2,5-10mg/dia, outros são dienogeste VO 2mg/dia, gestrinona VO 2,5- 5mg/dia (efeitos androgênicos), acetato de medroxiprogesterona IM 150mg/3 meses, DIU levonorgestrel e etonogestrel (implante). Efeitos colaterais são ganho de peso, alteração no humor, perda de massa óssea (principalmente medroxiprogesterona) • Contraceptivo combinado: age principalmente na decidualização e atrofia do tecido endometrial ectópico, revisões sistemáticas mostraram que esquema continuo é mais eficaz na redução de sintomas álgicos, principalmente na dismenorreia severa • Danazol: derivado da 17-etiniltestosterona, inibe liberação de LH e esteroidogênese, aumenta testosterona livre, bloqueia eixo e ovulação, cria ambiente hipoestrogenico. VO 100-200mg/dia, pouco utilizado pelos efeitos como hirsutismo, acne e ganho de peso • Agonista do GnRH: age no hipotálamo ocupando receptores do GnRH: inibe liberação de FSH e LH pela hipófise: anovulação e hipoestrogenismo (tipo no climatério, podendo ter sintomas como fogachos, secura vaginal, redução de libido e perda de massa óssea), evita uso prolongado. Opções: acetato de gosserrelina 3,6 ou 10,8 mg SC a cada 28 ou 90d, acetato de leuprolida 3,75 ou 11,25mg IM a cada 28 ou 90d, pamoato de triptorrelina 3,75 mg IM a cada 28 dias • Inibidores da Aromatase: reduz níveis de estradiol circulante, pode usar com outras medicações na dor severa refratária, pacientes com sintomas após menopausa. Efeito colateral de formação de cistos ovarianos volumosos. Ex.: letrozol 2,5mg/dia e anastrazol 1mg/dia • AINEs: não existe evidencia cientifica para uso em pacientes com endometriose, estudo randomizado não teve superioridade quando comparou com placebo. • Tratamentos complementares: acupuntura na dor pélvica é eficaz para controle da dor, mas só um dos trabalhos usou placebo como controle. Fisioterapia para melhora postural e fortalecimento da musculatura pélvica, pelas alterações posturais e contraturas musculares. Psicólogos/psiquiatras, pois, dor crônica tem mais chance de desenvolver depressão e estresse psicológico. Casos refratários podem usar relaxantes musculares, medicações neurolépticas e bloqueios nervosos TTO INFERTILIDADE - 25-50% das mulheres inférteis tem endometriose, 30- 50% das pacientes com endometriose tem infertilidade. Explicações remetem a presença de aderências e distorções anatômicas geradas pela endometriose, que dificultam liberação de óvulos, captação pela tuba e transporte oocitario até útero. Alterações no fluido peritoneal, com mais prostaglandina, citocinas inflamatórias, IgG e IgA no endométrio: pode comprometer fertilidade. • Tratamento medicamentoso hormonal para supressão ovariana em pacientes com infertilidade e endometriose para melhora da fertilidade não deve ser prescrito, pois não existe evidência científica de qualquer benefício. Única medicação que pode ter benefício para a melhora das taxas de gestação são os análogos de GnRH, quando utilizados por até 3 meses especificamente antes da FIV. • Alternativa é tratamento cirúrgico da endometriose para melhorar fertilidade, tendo estudo que mostra que paciente que fez exérese de focos de endometriose teve taxa de gestação maior do que as que só fizeram laparoscopia diagnostica, mas precisa de muitas cirurgias • Se a paciente já fez uma cirurgia e teve recidiva da endometriose, a conduta é FIV, tendo mais chance de gestação após 2 FIVs do que 2 cirurgias. • No endometrioma ovariano a exérese da capsula do cisto não aumenta taxa de gestação e pode perder reserva ovariana, então só opera se for grande para comprovar histologia, controle de dor ou facilitar acesso aos folículos no momento da captação oocitária. TRATAMENTO CIRÚRGICO - O objetivo da cirurgia é remover focos de endometriose, restaurando anatomia e preservando função reprodutiva, EMANUELA HANNOFF PILON 4 pode ser por laparoscopia (vê melhor as lesões, melhor recuperação) ou laparotomia. • Complicações mais comuns na videolaparoscopia são relacionadas a por exemplo o pneumoperitoneo (hipercapnia, embolia gasosa, enfisema de subcutâneo, pneumotórax, arritmias cardíacas e diminuição do retorno venoso), punção (perfuração de vísceras solidas e ocas, lesão de vasos sanguíneos, infecções e hérnias dos portes dos trocateres) • Complicações mais relacionadas a tratamento intestinal são lesão de parede intestinal por tração ou diatermia, sangramentos por lesões vasculares, lesões ureterais e vesicais, lesões ginecológicas em vagina, útero e anexos. No pós op pode ter deiscência de anastomose com fistula, peritonite e/ou abscesso SUA – PALM sem o M (Febrasgo) PÓLIPO UTERINO: Projeção digitiforme de tecido glandular, representando hipertrofia focal desse tecido, com pedículo vascular. Normalmente benigno. Divididos em cervicais (ecto e endocervicais) e endometriais (cavidade uterina): patologias e sintomas distintos. PÓLIPO ENDOCERVICAL - Pólipo cervical é uma projeção digitiforme do tecido glandular que recobre o canal cervical, por hipertrofia focal do tecido, são as neoplasias benignas mais comuns do colo uterino. - Etiopatogenia relacionada com fatores proliferativos do epitélioglandular, como inflamação crônica, congestão vascular e estimulo hormonal. - Podem ser únicos ou múltiplos, mais em multíparas de 40-65 anos, com risco aumentado em diabéticas e vaginites recorrentes. Pode malignizar em 1,5% dos casos. Aspecto: friáveis, forma de lagrima ou lobulado, superfície brilhosa e avermelhada, purpura ou rosada, dependendo da vascularização, pedículo longo e fino, mas pode ter curto e base larga, normalmente <3cm. Histologia pólipo cervical: estroma vascular do tecido conectivo coberto por epitélio, podendo ser colunar, escamoso ou escamoglandular. Pólipos endocervicais são geralmente assintomáticos, podendo achar no exame ginecológico de rotina, quando sintomáticos pode ter SUA, principalmente relacionado a relação sexual (sinusiorragia) e menopausa. Pode ter infertilidade quando no canal cervical, como barreira aos espermatozoides ou mudando muco cervical Diagnóstico: quando se exterioriza pelo OCE pode ver no exame especular, quando não pode usar pinça de Menckel ou Kogan para explorar o canal, principalmente na sinusiorragia, para visualiza-los. As vezes pode aparecer em USTV de rotina, com dilatação e/ou irregularidade do canal cervical, podendo usar doppler para avaliar vascularização • Colposcopia pode avaliar melhor superfície de pólipos na ectocervice, mas não muito bom nos endocervicais com base distante da JEC • Histeroscopia é o padrão-ouro no diagnóstico de pólipo endocervical, podendo avaliar lesão, tamanho, forma, coloração, vascularização, localização e base de implantação do pólipo. Podendo biopsiar e também fazer exérese quando indicado • Pólipos que identifica base podem ser retirados em consulta ginecológica, com pinça de Hallis e rotação no próprio eixo, mas quando base larga usa energia para hemostasia. Pólipos endocervicais sintomáticos, volumosos (de 3 cm ou mais) ou de aparência atípica deverão ser removidos por histeroscopia. - Diagnostico diferencial: mioma parido, pólipo endometrial e neoplasia • Sempre manda os pólipos para anatomopatológico, mesmo sem raro malignização. Investiga cavidade uterina quando pólipo endocervical, pois tem grande associação com pólipo endometrial PÓLIPO ENDOMETRIAL - 247 - Projeções da mucosa endometrial que podem ter base larga ou pediculada, únicos ou múltiplos, variando tamanho. - Aspecto geralmente liso, regular e com rede vascular pouco desenvolvida. Doença benigna, 25% das mulheres, mais comum na pós menopausa. - Em geral assintomático, diagnosticado mais em exames de rotina, mas pode ter relação com SUA, infertilidade (oclusão de orifício interno ou ostio tubário, dificultando migração de espermatozoides) e lesões pré-malignas e malignas do endométrio. Sangramento causado pelo pólipo endometrial associado a congestão estromal, levando a estase venosa e necrose apical subsequente. - Etiologia: perda de mecanismo próapoptotico dele, associado a hiperexpressão do BCL2. Podendo correlacionar com hiperestrogenismo, pois ele aumenta expressão do BCL2. Fatores genéticos associados, anomalias dos cromossomas 6 e 12 podem alterar processo proliferativo, fazendo crescimento endometrial excessivo e formando pólipos. - Aspecto: superfície homogênea, coloração esbranquiçada, revestida por endométrio, pode ter superfície hemorrágica se sangramento ou infarto pela torção da base. - Transformação maligna do PE pode ser induzida por certas medicações, sendo principal o estrogênio isolado. Tamoxifeno pode fazer hiperplasia endometrial, com mais risco ainda de ca de endométrio. - Classificação mais adequada para correlação com visão histeroscópica: - Fibrosos ou fibrocisticos: características atróficas, forma regressiva de pólipo funcional ou hiperplásico, estroma fibroso predomina em relação ao conteúdo vascular e glandular, mais em idosas EMANUELA HANNOFF PILON 5 - Funcionais ou mucosos: modificações semelhantes ao endométrio que os circunda, <1cm pode descamar com menstruação e são considerados Pseudopolipos. Os verdadeiros não descamam na menstruação. - Adenomatosos: estroma constituído principalmente por musculo liso - Hiperplásicos: glândulas hiperplásicas, com ou sem dilatação cística, proliferação das glândulas endometriais, diminuindo relação glândula/estroma. Na histeroscopia pode ver vascularização aumentada e irregular. Mais na perimenopausa, quando tem mais estrogênio sem contraposição de progesterona Sistema de classificação da OMS para hiperplasia endometrial: simples (aumento da relação glândula/estroma, sem compressão do estroma) ou complexa (proliferação glandular exagerada com compressão do estroma e desarranjo arquitetural), sendo classificadas em com ou sem atipias, sendo a que com mais risco de malignização é a complexa com atipia (29%) Histeroscopia é padrão ouro no diagnostico e tratamento do pólipo endometrial, biopsia dirigida permite estudo da região mais altera do pólipo, com alta sensibilidade e especificidade para lesões malignas, se tem pedículo fino já pode fazer polipectomia ao mesmo tempo do diagnóstico, sem analgesia previa. - Taxa de malignização maior em pacientes na menopausa e que tem SUA, sendo encontrados em estudos que fatores de risco para malignização são menopausa, tamanho >1cm, presença de SUA, sendo que hipertensão, DM, IMC e tamoxifeno não foram associados a essa transformação. - Literatura indica tratamento conservador, com observação por um ano, em pólipos <15mm em pacientes assintomáticos e sem fatores de risco para malignidade (IMC alto, HAS, idade avançada, pós menopausa, uso de tamoxifeno) Diagnóstico: USTV + doppler colorido (aumenta capacidade diagnostica, identifica vaso nutridor único típico de PE), mas não substitui anatomopatológico, sendo mandatória biopsia ou exérese na suspeita de malignidade. PE no USG pode vir como espessamento endometrial focal quando lesão não bem diferenciado do endométrio adjacente. Tratamento: via histeroscopia, pode ser ambulatorial (durante diagnostico, usando pinças de apreensão/corte e/ou meios de energia de pequeno diâmetro como miniressectoscopio ou laser) e hospitalar (possível ressecções mais amplas, resseca base da lesão na direção fundo-cervice, para evitar perfuração uterina, com morcelador que é uma cânula com lâmina interna giratória). Limitador de polipectomia endometrial é tamanho da base da lesão, se tem muito grande pode ter desconforto. - Acompanhamento clinico de pacientes assintomáticas, no menacme, com pólipos <10mm, por taxa de regressão aproximada de 25% ao ano, mas esses pólipos são bem fácil de ressecar em ambulatório, sem analgesia, podendo nem acompanhar seriadamente nesses casos ADENOMIOSE - Invasão benigna do endométrio no miométrio além de 2,5mm de profundidade OU no mínimo um campo microscópico de grande aumento distante da camada basal de endométrio com glândulas e estromas endometriais circundados por hiperplasia e hipertrofia das cels miometriais. - Pequenos lagos de endométrio espalhados no miométrio OU nódulo circunscrito na parede miometrial (adenomioma). Invaginação do endométrio para miométrio pode levar a aumento volumétrico uterino, sangramento, dor pélvica e infertilidade. - Geralmente identificada em histerectomia, não se sabe a real incidência, geralmente 40-50 anos, podendo achar em mulheres mais novas com SUA e dismenorreia. - Classificações: vários tipos, como por exemplo de acordo com grau de penetração do foco adenomiotico no miométrio (superficial 40%, intermediário 40-80%, profundo 80%) ou pelo grau de penetração no miométrio (grau 1 acomete terço interno do miométrio, 2 acomete 2/3, 3 acomete todo miometrio) ETIOPATOGENIA - Fatores de risco: idade 40-50 anos, menarca precoce <10a, ciclos menstruais curtos (<24 d de intervalo), uso de aco hormonal e tamoxifeno,IMC elevado, multiparidade >2 gestações, história de abortamento, cirurgias uterinas previas - Teorias: o Doença surge da invasão direta do miométrio pelo endométrio: mecanismos que estimulam invasão miometrial são desconhecidos, mas pode ser favorecido por enfraquecimento da parede do miométrio por cirurgias ou gestações previas: enfraquecimento da junção mioendometrial, levando a hiperplasia reacional da camada basal do endométrio e infiltração do miométrio o Participação de resquícios embrionários de remanescentes mullerinanos pluripotentes, por metaplasia deles, explicando nódulos adenomioticos fora do útero como no septo retovaginal. Aparentemente nódulo adenomiotico não tem resposta de forma cíclica aos esteroides ovarianos como endométrio, sugerindo origem distinta do endométrio basal Fatores locais como o hiperestrogenismo e alterações mecânicas da peristalse uterina (hiper ou disperistalse) facilitariam o desenvolvimento da Adenomiose EMANUELA HANNOFF PILON 6 QUADRO CLÍNICO - + na perimenopausa e multíparas, atingindo entre 40-50 anos, quadro heterogêneo, com sangramento uterino aumentado e dismenorreia como sintomas mais comuns, EF comum achar aumento uterino difuso secundário a proliferação do endométrio ectópico, com hiperplasia e hipertrofia das cels musculares lisas, corresponde no max a 12 semanas de gestação. - QC: sangramento genital, dismenorreia, dor pélvica crônica, aumento do volume uterino, assintomática (33%), infertilidade - Pode ter associação com miomas, endometriose e pólipo endometrial DIAGNÓSTICO - Falta de consenso na definição da doença dificulta diagnostico. Conceito mais utilizado é por Bird que define adenomiose como invasão benigna do endométrio no miométrio produzindo útero difusamente aumentado e microscopicamente exibe glândulas e estroma endometrial ectópico, circundados por miométrio hipertrófico e hiperplásico. Definitivo é feito com histopatológico. - Diagnóstico clínico: sintomas mais comuns são menorragia e dismenorreia, menos comum ter dispareunia e dor pélvica crônica, pode ser assintomática em cerca de 1/3 das pacientes. Quando associado a mioma pode ter massa palpável no abdome, e quando com endometriose disquezia, disuria e infertilidade - Métodos de imagem: o USTV indicada como exame de imagem complementar de 1° linha, com aumento do volume uterino sem nódulos miomatosos, formato globoso, assimetria entre as paredes uterinas, heterogeneidade difusa ou focal, cistos anecoicos no miométrio e estrias radiadas partindo do endométrio. Cistos miometriais são um dos sinais mais específicos, mas só estão em cerca de metade dos casos. o RM: acurácia melhor que USTV, espessamento da zona juncional >12cm é considerada diagnostico de adenomiose, com espessura entre 8-12mm com sinais (espessamento focal, margens mal delimitadas) pode sugerir adenomiose, alguns estudos consideram variação >5mm entre maior e menor espessura da zona juncional. TRATAMENTO - Até recentemente era preconizado histerectomia, mas não é opção para mulheres que queiram manter a fertilidade ou tenham risco cirúrgico elevado. Ainda não se tem definido melhor opção de tratamento, pela heterogeneidade da doença. Clínico: controle dos sintomas, principalmente dor pélvica e sangramento, suprimem níveis hormonais que produzem amenorreia, impedindo ocorrência de gravidez, como anticoncepcionais hormonais (suprime eixo e bloqueia produção de esteroides ovarianos), progestagenos (decidualização endometrial e atrofia), análogos GnRH (suprime gonadotrofinas hipofisárias, gerando hipoestrogenismo), SIU-LNG (Decidualização do endométrio, diminuição de fluxo menstrual, atua nos focos adenomioticos levando ao down regulation dos receptores de estrogênio, melhora dismenorreia, opção para quem deseja preservar fertilidade, mas pode fazer sangramento irregular, ganho de peso, cistos ovarianos e dor pélvica) Cirúrgico: histerectomia é o tratamento definitivo da adenomiose, indicado em mulheres com prole concluída, geralmente >40 anos, com sintomas intensos de SUA e dismenorreia, que não responderam a outra terapêutica, associação com outras doenças como endometriose, miomas, hiperplasia endometrial e pólipos endometriais podem influenciar decisão cirúrgica o Tratamento cirúrgico conservador do útero: retirada da adenomiose focal, o adenomioma, denominada adenomiomectomia, outras propõem retirada da parte da parede infiltrada pela adenomiose difusa conhecidas como citorredutoras ou adenomiomectomias parciais MIOMA - O leiomioma uterino é um tumor benigno, de fibras musculares lisas, entrelaçadas por tecido conectivo. - Classificados pela localização no útero, como corporais (maioria, subdivididos em subserosos, intramurais e submucosos) ou cervicais. • Mioma parido: mioma submucoso pediculado se desprendendo e depois se exteriorizando pelo colo do útero. • Miomas parasitas: miomas que perdem contato com útero e recebem fluxo sanguíneo de outros órgãos • Classificação FIGO 2011 para padronizar: o Tipo 0: lesões submucosas pediculadas, totalmente intracavitárias. Submucoso está próximo ao endométrio, crescendo e se projetando nessa direção. o Tipo 1 e 2 são submucosos com componente intramural, sendo 1 <50% e 2 >50% de penetração no miométrio o Tipo 3: totalmente intramurais, mas atingem endométrio o Tipo 4: intramurais, completamente envoltas pelo miométrio, crescimento centrado dentro das paredes uterinas, sem invadir outros. o Tipo 5 subserosos com >50% de componente intramural e tipo 6 <50% EMANUELA HANNOFF PILON 7 o Tipo 7: subserosos pediculados: presos ao miométrio por uma haste. o Tipo 8: sem nenhuma relação com miométrio, incluindo lesões cervicais e aquelas que acometem ligamento largo sem conexão direta com o útero (miomas parasitas) • Miomas podem sofrer degeneração com o tempo, classificadas como hialina, gordurosa, hemorrágica, cística, necrobiose asséptica (degeneração rubra ou vermelha: infarto hemorrágico do leiomioma, mais no ciclo gravídico puerperal, no uso de aco ou GnRH) e calcificação - 50% das mulheres tem mioma, com predomínio entre 35- 50 anos (idade principal fator de risco, com regressão pós menopausa natural, cirúrgica ou qt), risco maior em negras, relação familiar, obesidade aumenta incidência em 20% a cada 10kg de peso ganhados (diminuição da síntese hepática de SHBG e aumento de estrona circulante, por conversão periférica de androstenediona pela aromatase do tecido adiposo), uma das principais indicações de histerectomia. • Fatores de proteção: paridade (diminui risco a cada gestação), uso de aco combinado e tabagismo (hipoestrogenismo) ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA - Mutações somáticas no miométrio faz perda de controle de crescimento celular, levando a novo fenótipo, transformação neoplásica e crescimento tumoral graduais e progressivos, com cada nódulo tendo origem monoclonal independente. - Tumores hormônio dependente: estradiol e progesterona fazem crescimento durante menacme, diminuição dos níveis deles faz regressão. - Predisposição genética e esteroides sexuais envolvidos na formação e crescimento: maior expressão de receptores de estradiol e progesterona no tecido tumoral se comparado ao miométrio adjacente. o Estrogênio responsável por crescimento do mioma: estimula produção de componentes da matriz extracelular (colágeno, proteoglicanos, fibronectina) o Progesterona importante na proliferação tumoral: aumenta atividade mitótica e inibe apoptose. Antiprogestogênio induziu atrofia em leiomiomas. - Fatores de crescimento expressos de forma aumentada no leiomioma: fator de crescimento epidermoide (ECF) e o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF): expressões no tumor são mediadas pelo estrogênio - Proteína BCL-2 que inibeapoptose celular, está no leiomioma e não no miométrio. PNCA (antígeno nuclear de proliferação celular) e Ki-67 (antígeno associado a proliferação celular) estão aumentados no leiomioma e relacionados a progesterona. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Metade das pacientes são assintomáticas, sendo achados de exame ginecológico ou USG. - Quando sintomáticos tem queixas de SUA: sangra pois há dilatação venosa no miométrio e endométrio (+pelos submucosos, por erosões na superfície do nódulo por atrito com a parede endometrial e eventual isquemia), dismenorreia secundária, sintomas compressivos gerados pelo aumento do útero, dor pélvica acíclica, dispareunia, sintomas urinários, sintomas TGI, infertilidade (distorção da cavidade uterina e condição inflamatória hostil do endométrio) e abortamento. DIAGNÓSTICO - Os sintomas levantam suspeita, EF pode ter palpação de tumor no hipogástrio, bocelado, consistência fibroelástica, com mobilidade laterolateral nas massas volumosas. Toque vaginal pode palpar útero aumentado, no toque bimanual confirma tumor do corpo uterino pois quando movimenta colo e fórnice vaginal transmite ao tumor abdominal. - Diagnostico diferencial: adenomiose, adenomioma, pólipo endometrial, tumor anexial, endometriose, ca de endométrio, sarcoma de útero e gravidez - USG: exame mais utilizado, tratamento clinico ou indicação/programação de cirurgia. USTV melhor para miomas intramurais e submusosos. US transabdominal melhor para miomas subserosos quando volumosos. - Geralmente no USG são nódulos hipoecogênicos, podendo ter calcificações ou tênues reforços acústicos, como na degeneração cística. Miomas tem vascularização predominantemente periférica, por serem de musculatura lisa, diferenciando do adenomioma ou pólipo. - Histeroscopia: introduz “câmera” para avaliar cavidade uterina, podendo ver diretamente mioma submucosos, classificando-os em G0 quando totalmente intracavitário, G1>50% intracavitário e G2 <50%, sendo tipos 0, 1 e 2 da FIGO. Faz de preferencia na 1° fase do ciclo menstrual (menos endométrio, vê melhor lesões). Não permite avaliação completa do componente intramural e distância entre nódulo e serosa, importante associar a USG ou RM - RM: método com melhor resolução, limitação de uso pelo custo, indicado para diferenciar tumor pélvico, avaliação pré-miomectomia ou embolização das artérias uterinas. Geralmente com extensa hialinização, baixo sinal em T2, intensidade semelhante ou mais baixa que miométrio em T1, contornos regulares ou irregulares dependendo da velocidade de crescimento, pode ter halo de hipersinal na periferia do nódulo por vasos linfáticos comprimidos, veias dilatadas e edema, formando pseudocapsula do mioma. - Sarcomas geralmente na RM são tumores volumosos, com limites mal definidos, áreas de hemorragia e necrose, com sinal heterogêneo em T1, hipossinal em T2. Parece mioma com degeneração vermelha ou hemorrágica, com aspecto mais agressivo, crescimento continuo TRATAMENTO EMANUELA HANNOFF PILON 8 - Leva em conta idade, sintomas, número, tamanho e localização dos miomas, desejo reprodutivo e de preservar útero, tratamentos prévios... - Clínico: pacientes assintomáticas ou oligossintomaticas devem ser acompanhadas clinica e USG para monitorar volume e crescimento de miomas. Pode indicar no controle de sangramento e dor pélvica, como tratamento inicial ou longo prazo quando risco cirúrgico elevado - Não hormonal: AINEs que ajudam a controlar sangramento por inibir síntese de prostaciclina, antifibrinoliticos (ácido tranexâmico, que inibe fibrinólise e reduz sangramento) - Hormonal: ▪ Aco combinados e progestagênio isolado: controle de fluxo menstrual, diminuindo sangramento na maioria dos casos, SIU-LNG também bom pois reduz fluxo menstrual pela ação do progestageno no endométrio, mas pode ter resultado limitado pela distorção da cavidade. ▪ Análogos de GnRH diminuem esteroides sexuais circulantes e podem causar amenorreia e reduzir volume dos nódulos e do útero até 50%. Usa 1x a cada 4 semanas ou trimestral. Resultado max 8-12 semanas, mas logo após suspensão mioma retorna a padrão prévio. Efeitos colaterais de hipoestrogenismo, com sintoma vasomotor, alteração do humor, ressecamento vaginal, redução da densidade mineral óssea, principalmente >6m de uso. Indicado pré-operatório. Podem ser usados os antagonistas de GnRH, pois tem ação mais rápida, porém necessitam de injeção diária. ▪ Moduladores seletivos dos receptores de progesterona: acetato de ulipristal, age nos receptores miometriais e endometriais, inibe ovulação, sem mexer muito nos níveis de estradiol (reduz efeitos colaterais como no GnRH), reduz volume do mioma por inibição da proliferação celular, indução da apoptose e facilitação da matriz extracelular. Em estudo. VO 5-10mg/dia. Eficaz no uso pré-operatório. Efeito colateral aumenta CPK, sem evento cardiovascular associado, com regressão espontânea no seguimento. Ainda não tem no Brasil. Risco de hepatotoxicidade grave. - Cirúrgico: dividido em conservador (miomectomia) ou definitivo (histerectomia) - Histerectomia: não afeta função sexual, podendo até melhorar nos casos de sangramento e dispareunia, salpingectomia pode ser indicada em situações de doença ovariana associada ou em risco (mutação BRCA1 e 2: risco elevado de ca de ovário). Subtotal faz só quando tem alguma dificuldade intraoperatória, como aderências importantes de bexiga ou intestinal, ou em casos de procedimento precisar se rápido (hb limite ou obesas com pelve profunda). - Miomectomia: exérese cirúrgica dos miomas com manutenção do útero, preserva função menstrual e possibilitando gravidez futura. Procedimento complexo, principalmente se múltiplos nódulos, com maior tempo cirúrgico que histerectomia, mais chance de sangramento, maior formação de aderências e maior risco de complicações. Taxa de recorrência de cerca de 25% em 10 anos. Índice de gestação pós miomectomia em pacientes previamente inférteis é cerca de 50% ▪ Miomectomia Histeroscópica: leiomioma submucoso ▪ Miomectomia Vaginal: exérese de leiomioma parido, pela torção do pedículo, assim como retirada de nódulos cervicais intravaginais ▪ Laparotomia e laparoscopia, convencional ou robô- assistida, são vias de acesso para mioma intramural ou subserosos Anomalias uterinas congênitas (Uptodate/Williams) - Podem levar a sintomas como dor pélvica, SUA no momento da menarca, perda recorrente de gravidez ou parto prematuro... CLASSIFICAÇÃO: não tem sistema universal aceito, o sistema da American Society for Reproductive Medicina para defeitos mullerianos é o padrão nos EUA há décadas ANOMALIAS ASSOCIADAS EM OUTROS SISTEMAS DE ÓRGÃOS: paciente com anomalia uterina congênita tem risco aumentado de ter anomalias renais (20-30% dos pacientes, tipicamente ipsilateral a anomalia uterina, sistema coletor duplo, rim em ferradura, rim pélvico e a agenesia renal unilateral tem sido associado a hemiutero obstruído, hemivagina ostruida e septos vaginais transversos), esqueléticas ou da parede abdominal, ou história de hernia inguinal. Atresia vaginal: seio urogenital falhou. Hematocolpo ou hematometra. Agenesia do colo uterino: amenorreia 1ª, dor abdominal ou pélvica. Agenesia mülleriana: ausência de útero e vagina. PREVALÊNCIA - Difícil determinar, pois muitos casos nunca são identificados, principalmente se assintomáticos, varia de acordo com a população estudada e metodologia utilizada, no geral mais comum septada, bicorno e didelfo nessa ordem. PATOGÊNESE - O desenvolvimento uterino anormal não tem etiologia bem esclarecida, sendo maioria dos defeitos relacionados a causas poligênicas e multifatoriais, geralmente cariótipo dos pacientes costuma ser normal. - 3 principais mecanismos para desenvolvimento uterinoanormal são agenesia/hipoplasia (desenvolvimento uterino variável e ausência congênita da vagina, que chama síndrome de Mayer-Rokitansky-Kuster-Hauser, útero resultante pode ser unicorno por exemplo, ou nem se desenvolver), fusão lateral defeituosa (útero bicorno, didelfo) e fusão vertical defeituosa (septo vaginal transverso, agenesia vaginal segmentar e agenesia ou disgenesia cervical) - Exposição intraútero ao dietilestilbestrol, um estrogênio sintético usado para prevenir perda de gravidez em 1949- EMANUELA HANNOFF PILON 9 1971 está relacionados a anomalias de trato genital feminino como cavidade uterina em T, adenose vaginal, septos transversais... CONSEQUÊNCIAS - Geralmente não impede concepção e implantação - Não grávidas podem ter hematometra (cavidade uterina cheia de sangue), hematocolpos (vagina cheia de sangue), retromenstruação e desenvolvimento de endometriose, dor pélvica cíclica ou acíclica, sangramento ou SUA, infecção do trato genital - Grávidas: aborto espontâneo (implantação em local desfavorável como septo, mais em septado), aborto recorrente, nascimento prematuro, RUPREMA, RCUI (vasculatura uterina anormal), sangramento pré e pos parto (placenta parcialmente presa em corno acessório ou anormalidade de fixação placentária), anormalidade de fixação placentária, insuficiência cervical, ma apresentação fetal, hipertensão associada a gravidez (anormalidades renais congênitas coexistentes), cesariana (pequena cavidade uterina que pode inibir movimento fetal para apresentação cefálica) APRESENTAÇÃO CLÍNICA - Muitos são assintomáticos, sintomáticos podem ter dor, SUA e/ou infecção, dependendo do defeito envolvido DIAGNÓSTICO - Quando tem suspeita, importante exame de imagem, inicialmente USG por ser mais disponível, e consegue ver estruturas não uterinas relevante (ovários, rins, massa pélvica), ele consegue diferenciar um útero septado e bicorno por exemplo, melhor na fase secretora do ciclo PORQUE??? - RM é padrão ouro para diagnostico de anomalia do trato reprodutivo, mas só faz quando achados de USG são limitados e quando diagnostico mudaria cuidado do paciene ANORMALIDADES UTERINAS CONGÊNITAS MAIS COMUNS ÚTERO ARQUEADO/NORMAL - Mínima alteração da cavidade uterina, fundo fica achatado ou curvatura levemente concava, classificado como variante normal, sem resultados adversos na gravidez, sugerido no USG quando profundidade da linha intersticial até o ápice da indentação uterina é <1cm e ângulo de indentação é >90graus, pacientes assintomáticos, sem comprometer fertilidade. ÚTERO SEPTADO OU SUBSEPTADO - Anomalia uterina mais comum, com problema na regressão dos segmentos pós fusão dos ductos, resultando na criação do septo. - USG com duas cavidades endometriais bem separadas e contorno uterino suave, profundidade da linha intersticial até ápice da indentação >1cm, ângulo de indentação <90°, septo que separada cavidade endometrial geralmente fino e de comprimento variável, podendo estender até colo do útero e vagina. RM se USG inconclusiva. + associado a resultados adversos na gravidez que outras anomalias uterinas, ressecção do septo histeroscopicamente pode melhorar resultado da gravidez. ÚTERO BICORNO - Fundo recortado >1cm, vagina e colo geralmente normais, fusão parcial e não completa dos ductos mullerianos. Duas cavidades endometriais separadas, que sem comunicam e um único colo uterino. - HSG. - USG com duas cavidades endometriais moderadamente separadas e um contorno uterino recortado. Relacionado a resultados ruins de gravidez também. ÚTERO DIDELFO - Acontece quando 2 ductos mullerianos não se fundem. Dois cornos uterinos separados, cada um com endométrio e colo uterino. Pode ter duplicação de vulva, bexiga, uretra, vagina e anus. Pode haver septo longitudinal entre os dois colos. - HSG é a recomendada para dx. Diagnostico com USG mostrando dois cornos uterinos amplamente separados com recuo profundo do fundo e exame especular com dois colos uterinos. Relacionado a abortos e RCUI. - 15-20% tem associado anomalias unilaterais como hemivagina obstruída (dor cíclica por acumulo de sangue na hemivagina obstruída) e agenesia renal ipsilateral. - Tratamento com ressecção da parede vaginal obstruída seguida de criação de única abobada vaginal. ÚTERO UNICORNO - Impossibilidade de um dos ductos mullerianos de se desenvolver ou alongar. É como se fosse um corno rudimentar no útero, com chifre podendo ou não se comunicar com útero. - 14%. Cavidade geralmente normal, com trompa de falopio e colo uterino normal de um lado - Maior incidência de infertilidade, endometriose e dismenorreia. EF mostra útero acentuadamente desviado. - Histerossalpingo, USG ou a RM são a chave para dx. USG com útero desviado para um lado da pelve. Maioria dos casos assintomáticos, maior risco de TP prematuro e apresentação pélvica. Resultados geralmente favoráveis da gravidez. Anomalias uterinas congênitas: manifestações clínicas e diagnóstico - UpToDate DISTÚRBIOS DA DIFERENCIAÇÃO SEXUAL Hermafroditismo: raro. O tecido ovariano e o testicular podem estar presentes, mas também pode ter ovário num lado e testículo no outro. Nesse caso, uma trompa e um corno uterino poderão se desenvolver do lado do ovário, devido à ausência de AMH local. O sistema https://www.uptodate.com/contents/congenital-uterine-anomalies-clinical-manifestations-and-diagnosis?search=malforma%C3%A7%C3%B5es%20mullerianas&source=search_result&selectedTitle=11~150&usage_type=default&display_rank=11 https://www.uptodate.com/contents/congenital-uterine-anomalies-clinical-manifestations-and-diagnosis?search=malforma%C3%A7%C3%B5es%20mullerianas&source=search_result&selectedTitle=11~150&usage_type=default&display_rank=11 EMANUELA HANNOFF PILON 10 ductal interno depende da gônada ipsilateral. Genitália externa é ambígua. DDS XY/ feminilização da genitália de individuo XY: tem testículo, mas ductos genitais internos e/ou genitália externa apresentam masculinização incompleta. O útero e trompas regridem devido ao AMH produzido pelas cel. Sertoli. Os indivíduos são 46,XY e apresentam testículos, mas a genitália externa pode ser feminina ou ambígua. As causas podem ser defeitos no receptor para androgênios circulantes, deficiência da enzima 5α- redutase e defeitos enzimáticos na biossíntese de testosterona Ex: Sd de Morris (insensibilidade androgênica), disgenesia gonadal pura (Sd. de Swyer) e disgenesia gonadal mista DDS XX/masculinização da genitália de indivíduos XX: alteração observada em 46,XX que apresentam ovários e estruturas ductais internas femininas, mas genitália externa é ambígua, ou até aspecto masculino devido à excessiva exposição fetal de androgênios. Grau de virilização depende da quantidade e período em que houve a exposição Disgenesia gonadal: geralmente resultam da não disjunção de cromossomos parentais. A mais comum é no feto feminino com cariótipo 45, X (Sd. Turner). OUTRAS ALTERAÇÕES Hímen imperfurado: falha na canalização na porção inferior da placa vaginal, sendo sintomático após menarca se não corrigido a tempo. Septo vaginal transverso: falha na fusão dos ductos de Müller. Pacientes podem apresentar sintomas e sinais obstrutivos, sendo o diagnóstico por imagem e o tratamento cirúrgico. Septo vaginal longitudinal: resultante da fusão lateral defeituosa dos ductos paramesonéfricos e o tratamento é quase sempre cirúrgico. Agenesia vaginal: seio urogenital falhou. Tecido endometrial não tem contato com o exterior. Amenorreia 1ª, dor abdominal ou pélvica. Agenesia do colo uterino: origem mülleriana comum, pode ter ausência de 2/3 da vagina. Hematocolpo ou hematometra. Agenesia mülleriana: ausência de útero e vagina