Conceitos e Características Dos Esportes Coletivos - Métodos de Ensino e Iniciação de Formação Nos Jogos Esportes Coletivos

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07/03/2023, 23:11 Métodos de ensino e iniciação nos esportes coletivos
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Métodos de ensino
e iniciação nos
esportes coletivos
Prof.° Dante De Rose Junior
Descrição
Definição de iniciação, especialização esportiva e especialização precoce. Descrição dos diferentes métodos de ensino utilizados na aprendizagem
e treinamento das modalidades esportivas coletivas.
Propósito
Entender a diferença entre a iniciação e a especialização esportiva, os métodos de ensino e as consequências da especialização precoce é fator
fundamental para o trabalho do profissional de Educação Física ou técnico desportivo que atua em diferentes faixas etárias.
Objetivos
Módulo 1
Iniciação e especialização esportiva nas modalidades esportivas coletivas
Identificar as fases da formação esportiva.
Módulo 2
A especialização precoce nos esportes coletivos
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Identificar os fatores que levam à especialização precoce e as suas consequências para o futuro esportivo de crianças e jovens.
Módulo 3
Os métodos de ensino nos esportes coletivos
Reconhecer os diferentes métodos de ensino nos esportes coletivos.
Introdução
Ao longo deste conteúdo, estudaremos o desenvolvimento do indivíduo através do desporto, passando por todas as fases da formação desportiva.
Esse campo de trabalho, ainda pouco explorado pelos profissionais de Educação Física, não é reconhecido pela boa formação dos seus técnicos
desportivos. Basta observar que, muitas vezes, profissionais estrangeiros treinam nossas seleções e grandes times de esportes coletivos, como
basquetebol, futebol, handebol e o vitorioso voleibol.
No primeiro módulo de nosso estudo, vamos tratar de conceitos como iniciação e especialização esportiva, enquanto no segundo abordaremos os
fatores que podem levar à especialização precoce. No último módulo, estudaremos as fases e os métodos de ensino e aprendizagem dos esportes
coletivos.
1 - Iniciação e especialização esportiva nas modalidades esportivas coletivas
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as fases da formação esportiva.
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A formação esportiva
O processo de aprendizagem na prática esportiva
Discorrer sobre o tema iniciação e especialização esportiva sempre gera certa polêmica, pois, em alguns casos, esses dois termos são
considerados similares. Porém, não existe essa similaridade, entenda a diferença:
Iniciação esportiva
Momento no qual o praticante toma contato com o esporte e sente empatia e gosto por sua prática.Esse é o momento da prática livre e natural,
no qual o praticante aprende gestos usados em determinado esporte, sem, no entanto, a obrigatoriedade de executá-los dentro de padrões de
excelência e observância de regras rígidas.
Especialização esportiva
Um degrau acima da iniciação, ou seja, o praticante, já tendo incorporado o gosto pelo esporte, começa a aprimorar seu desempenho com
técnicas e movimentos mais complexos. Essa prática o fará desenvolver o jogo de maneira mais natural e harmoniosa. Nessa etapa, o
desempenho já pode ser melhorado e regras mais específicas devem ser introduzidas para que o jogo seja mais fluente.
Para que essa sequência seja adequada, é importante a utilização de métodos de ensino que respeitem as características da modalidade esportiva
e, principalmente, dos praticantes em relação às suas capacidades, habilidades, ao nível de cognição, à maturação e aos aspectos psicológicos.
Não existe um método exclusivo para a aprendizagem esportiva, e sim há momentos em que determinado método deva ser aplicado.
Assim sendo, dependendo da atividade e da fase de aprendizagem na qual o grupo se encontra, o profissional poderá optar por um ou mais
métodos, ou mesmo por uma combinação deles.
No entanto, aparece um terceiro componente nesse processo de aprendizagem que, muitas vezes, limita a participação e acelera o desenvolvimento
físico, técnico e tático do praticante, causando um resultado negativo e contribuindo para a desistência da prática esportiva. Referimo-nos à
especialização precoce, que nada mais é do que a tentativa de especializar o jovem antes de iniciá-lo no mundo esportivo.
Atenção!
A especialização precoce aparece em muitas situações nas quais as características dos praticantes e os seus estágios de desenvolvimento não são
respeitados, promovendo respostas inadequadas e níveis de desempenho momentaneamente acima do esperado, mas que a longo prazo podem
não surtir os efeitos desejados.
A formação esportiva: da iniciação à especialização
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A formação esportiva é um processo contínuo que envolve a aquisição progressiva das competências necessárias para o desempenho de
diferentes modalidades esportivas: motoras, cognitivas, sociais e psicológicas. Esse processo pode, ao longo do tempo, sofrer influências de
diferentes fatores que irão facilitar ou dificultar a aquisição dessas competências e determinar a sequência do praticante na carreira esportiva. Entre
esses fatores, podemos citar:
nível de desenvolvimento do praticante: físico, motor, cognitivo, psicológico, maturacional;
ambiente;
cultura esportiva local;
influência de terceiros: modelos, ídolos, professores;
influência e apoio familiar;
condição social;
escolaridade;
lesões;
experiências anteriores;
motivação.
O objetivo do processo de formação esportiva não deve ser, necessariamente, atingir o alto rendimento. A criança ou o jovem pode adquirir hábitos
saudáveis e tornar-se um praticante, independentemente de suas qualidades, e se beneficiar do esporte como um meio de desenvolvimento
pessoal.
Segundo Barbanti (2005), nem todos serão atletas de elite, mas todos podem ser bons esportistas a partir dos benefícios que o esporte pode
propiciar, independentemente do nível pelo qual é praticado. A prática de esportes oferece alguns benefícios, tais como:
Ensina a cooperação.
Desenvolve a aptidão física e motora.
Contribui para o autoconceito e a autoimagem.
Desperta alegria e diversão.
Desenvolve valores como responsabilidade e respeito.
Desenvolve a liderança.
Incita a criatividade.
Ensina a competir: ganhar e perder.
Contribui para o processo de tomada de decisões.
Ensina o espírito esportivo.
A formação esportiva é um processo contínuo que deve seguir um percurso pré-determinado. Esse percurso começa pela iniciação esportiva,
prossegue com a especialização esportiva e chega ao último grau: o alto rendimento.
Cada um desses momentos tem seus objetivos e suas características próprias e exige do profissional que trabalha com o esporte amplo
conhecimento dos diferentes estágios de desenvolvimento dos praticantes. Observe, na imagem abaixo, os objetivos da prática esportiva de acordo
com cada fase do processo de formação esportiva.
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Objetivos da prática esportiva.
Iniciação esportiva
Essa é a fase na qual ocorre a introdução a uma prática regular e orientada de uma ou mais modalidades esportivas, cujo principal objetivo é
apresentar o esporte à criança, dando-lhe a oportunidade de vivenciar diferentes padrões de movimentos sem a intenção de se obter resultados
imediatos e um desempenho de excelência.
A fase de iniciação esportiva ocorre a partir dos 6/7 anos e se estende aos 10/12 anos. Essas faixas etárias estão
de acordo com o modelo de desenvolvimento motor proposto por Gallahue, Ozmun e Goodway (2013). Esse
processo é decorrente da interação de fatores relacionados ao organismo (maturação, crescimentoe composição
corporal) com o meio ambiente (experiências motoras anteriores e experiências motoras atuais).
Observe abaixo o modelo de desenvolvimento motor de Gallahue, adaptado de Gallahue, Ozmun e Goodway (2013):
Modelo de desenvolvimento motor.
Como podemos notar, os autores identificam no modelo quatro fases e, em cada uma delas, os estágios são correspondentes às faixas etárias.
Fase motora re�exiva
Acontece dos quatro meses ao primeiro ano de vida quando a criança (bebê) reage reflexivamente a estímulos qualitativos e quantitativos.
Fase motora rudimentar
A criança passa a ter controle dos movimentos e reage aos estímulos de forma consciente e organizada sem, no entanto, apresentar um grau de
eficiência no desempenho.
Fase motora fundamental
Os movimentos são realizados de modo consciente e com grau de execução de movimentos de maneira organizada e coordenada. É a fase decisiva
para a criação do repertório motor que servirá como base para a aquisição de habilidades específicas. Esse repertório motor deve ser composto por
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habilidades básicas como: andar, correr, saltar, lançar, receber, chutar, driblar etc.
Fase motora especializada
Essa fase apresenta três estágios de desenvolvimento:

Estágio transitório

Estágio de aplicação

Estágio de utilização permanente
A seguir, aprofunde cada um desses estágios:
A criança, a partir das experiências adquiridas nas fases anteriores, tem a oportunidade de combinar e refinar habilidades básicas que serão
fundamentais para o desenvolvimento das habilidades específicas das modalidades esportivas. Essas habilidades serão aperfeiçoadas nos
estágios de aplicação e utilização permanente. O importante nessa fase é oferecer às crianças o maior número possível de experiências
motoras, tais como: andar, correr, deslocar-se em diferentes direções, saltar, lançar, receber, chutar, driblar, entre outras.
Nesse estágio, com base nas experiências adquiridas no estágio transitório, a criança aprende e executa movimentos relacionados às
modalidades esportivas (fundamentos). Assim sendo, a corrida passa a ser utilizada em movimentos específicos, como a bandeja no
basquetebol e um sprint no atletismo. As combinações de habilidades básicas também são utilizadas para a realização de movimentos
específicos dos esportes. Por exemplo, correr, saltar e lançar são ações do handebol; saltar e rebater são movimentos da “cortada”, ação
típica do voleibol.
Nesse estágio, o praticante executa em nível de excelência todos os movimentos e habilidades específicas (fundamentos) das modalidades
coletivas. Ele relaciona esses movimentos a situações reais de jogo, permitindo o desenvolvimento de situações táticas individuais, grupais
ou coletivas.
A iniciação esportiva ainda pode ser dividida em dois momentos: fase inicial (6 a 8 anos) e fase transitória (9 a 12 anos), na qual ocorre o
processo de passagem à fase de especialização esportiva.
Para cada fase da iniciação esportiva temos objetivos específicos. Veja, a seguir, os objetivos da fase inicial e os da fase transitória:
Estágio transitório 
Estágio de aplicação 
Estágio de utilização permanente 
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Fases da iniciação esportiva.
Na fase de iniciação esportiva, a competição deve ser introduzida de diferentes modos: brincadeiras, jogos reduzidos, jogos pré-desportivos, jogos
adaptados.
Atenção!
O jogo real deve ser apresentado de forma progressiva e sem maiores cobranças sobre o desempenho. A competição é parte importante do
processo de desenvolvimento esportivo.
Especialização esportiva
Segundo Gallahue, Ozmund e Goodway (2013), após a transição na iniciação esportiva, o praticante entra na fase de especialização, que ocorre a
partir dos 12 anos e se estende aos 17/18 anos. Nessa etapa, identificam-se dois estágios: aplicação e utilização permanente.
A especialização é totalmente dependente do acervo motor adquirido na fase anterior. As “ferramentas” adquiridas serão muito importantes para a
sequência do processo de desenvolvimento esportivo em todos os âmbitos: físico, motor, cognitivo e psicológico.
O praticante já deve ser capaz de combinar habilidades motoras básicas com as habilidades motoras específicas, que são os fundamentos do jogo.
Por exemplo: conduzir a bola com naturalidade, executar mudanças de direção com troca de mãos e finalizar (exemplo do basquetebol ou do
handebol). Observe quais são os principais objetivos dessa fase no processo de desenvolvimento esportivo:
Fase da especialização esportiva.
Na fase de especialização esportiva, a competição é fundamental para que o praticante apresente suas vivências de treinamento.
É nessa etapa que o indivíduo identifica a relação entre os diferentes aspectos que fazem parte do jogo. Além
disso, ele será observado e terá a oportunidade de vivenciar situações inerentes ao esporte competitivo, como
cooperação, oposição, imprevisibilidade, criação e diminuição dos espaços. É também o momento de conhecer as
regras oficiais e estabelecer relações adequadas entre os participantes da competição: companheiros de equipe,
adversários, técnico, árbitros e espectadores.
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Alto rendimento
“É a fase da carreira para o qual se treinou, em que se deve almejar os maiores rendimentos e mantê-los o maior tempo possível” (BARBANTI, 2005,
p. 132).
A fase do alto rendimento acontece a partir dos 17/18 anos, apesar de podermos considerar idades menores, dependendo da modalidade esportiva.
Na ginástica artística, é comum encontrarmos atletas de 15 ou 16 anos desempenhando no máximo de suas capacidades. Mesmo nos esportes
coletivos, há casos de jovens de 16/17 anos que já podem ser comparados a atletas mais experientes e com maior tempo de treinamento. Muitos
exemplos podem ser observados no futebol profissional.
O alto rendimento é a fase de consolidação de todos os aspectos relacionados ao jogo: físico, técnico, tático, cognitivo e psicológico. É o momento
de colocar em prática tudo o que se treinou e vivenciou durante anos de atividade, passando pelas diferentes fases do processo de desenvolvimento
esportivo.
Segundo De Rose Jr. e Vasconcellos (2020), o esporte de alto rendimento é aquele que exige do atleta dedicação intensa e quase exclusiva para a
obtenção do melhor desempenho (desempenho máximo) que frequentemente é medido pelo resultado obtido.
Fase do alto rendimento.
Na fase do alto rendimento, a competição é o principal fator para a avaliação do atleta.
Atenção!
O praticante vai mostrar tudo o que desenvolveu ao longo de muitos anos de treinamento. A competição é o auge de um trabalho a longo prazo!
Fases da formação esportiva
Confira agora as fases da formação esportiva, por meio de um resumo do módulo.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A competição esportiva é um tema que gera polêmicas e controvérsias. Há autores que defendem a inclusão da competição desde as fases
iniciais do processo de formação esportiva e outros acreditam que a competição nas fases iniciais é prejudicial. Considerando a competição
como parte do processo em todas as suas fases, podemos afirmar que:
A
A competição deve ser incluída já na fase de iniciação com adaptações que respeitem o nível de desenvolvimento dos
praticantes.
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Parabéns! A alternativa A está correta.A competição é parte do processo de desenvolvimento esportivo e deve estar presente em todas as fases de forma progressiva, com adaptações
de espaços, materiais e regras nas fases iniciais, aumentando-se o grau de complexidade e cobranças à medida que o praticante vai adquirindo
mais experiências ao longo de sua vida esportiva.
Questão 2
O processo de formação esportiva é contínuo e passa por diferentes fases que devem obedecer à idade cronológica e, principalmente, aos
estágios de desenvolvimento físico, motor, cognitivo e psicológico do praticante. Diante disso, indique a alternativa correta:
Parabéns! A alternativa B está correta.
A fase de iniciação esportiva é o momento no qual a criança toma contato com os elementos básicos do jogo, além de poder vivenciar
habilidades motoras gerais que servem de base para o aperfeiçoamento das habilidades motoras específicas. É também nessa fase que se
recomenda a inclusão da competição de forma lúdica e com as adaptações necessárias (materiais, espaço e regras).
B A competição deve ser incluída somente a partir da fase de alto rendimento.
C
Nos esportes coletivos, a competição é um meio de avaliação dos praticantes desde as fases iniciais de aprendizagem
esportiva.
D Na fase de especialização, a competição deve ser voltada exclusivamente para jogos adaptados e pré-desportivos.
E Na fase de iniciação, não se deve competir.
A A criança deve ter contato com os fundamentos do jogo e seus aspectos táticos já na fase de iniciação esportiva.
B
A fase de iniciação esportiva é a indicada para que a criança tome conhecimento dos elementos básicos dos jogos, tenha a
oportunidade de vivenciar diferentes experiências motoras e possa competir em ambiente agradável e com possíveis
adaptações.
C No alto rendimento, o atleta inicia o desenvolvimento de suas capacidades físicas e habilidades motoras básicas.
D
A fase de especialização é iniciada a partir dos oito anos de idade, quando a criança já possui condições físicas, técnicas e
cognitivas para desempenhar em alto nível.
E Somente na fase de alto nível o praticante deve ter contado com elementos táticos do jogo.
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2 - A especialização precoce nos esportes coletivos
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car os fatores que levam à especialização precoce e as suas consequências
para o futuro esportivo de crianças e jovens.
Especialização precoce
A especialização precoce pode ser entendida como a antecipação ou inversão de fases no processo de desenvolvimento esportivo, impondo à
criança situações para as quais ela ainda não está pronta. A prática especializada de habilidades específicas do esporte sem que a criança domine
as habilidades motoras básicas pode levar à desmotivação e até ao abandono da atividade esportiva.
A especialização precoce pode desincentivar a criança ao esporte.
Vamos a seguir conhecer alguns fatores implícitos à especialização precoce.
Não dar oportunidade para a criança desenvolver padrões motores importantes para seu futuro desenvolvimento
Normalmente, há uma inversão dos objetivos das fases de aprendizagem motora. É muito comum observar crianças executando
fundamentos de jogo que são complexos sem que as habilidades básicas necessárias estejam dominadas.
Submeter a criança a esforços físicos e mentais não condizentes com seu estágio de desenvolvimento
O fator mais marcante é o tipo de atividade ministrado nesses casos. Crianças muito novas são submetidas a uma carga de
treinamento totalmente inadequada às suas condições, o que pode provocar lesões.
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Saturação esportiva
A criança passa a apresentar sintomas de desânimo e desinteresse em continuar na prática esportiva.
Submeter a criança a pressões e cobranças além de suas possibilidades físicas, psicológicas e cognitivas
As cobranças por um desempenho além das capacidades do praticante levam a situações de estresse e desmotivação que podem
causar até mesmo o abandono da atividade. Essas cobranças acontecem pela forma como os adultos entendem a participação da
criança no processo de desenvolvimento esportivo. Há por parte de muitos adultos (técnicos e pais) uma necessidade muito grande
de se satisfazer por resultados imediatos e não pela formação de futuros esportistas.
De�nir funções especí�cas sem observar o estágio de desenvolvimento maturacional no qual o praticante se encontra
Essa é uma situação muito comum em esportes nos quais a estatura é relevante (voleibol e basquetebol). No basquetebol, por
exemplo, uma criança de 10 anos com uma estatura elevada já é definida como “pivô” sem que se atente às suas características
maturacionais. Essa criança passa então a ser treinada nessa função. Mas ela pode já estar em um estágio avançado de maturação
que vai fazer com que mantenha a estatura ou desenvolva menos do que o esperado. Isso vai fazer com que ela deixe de no futuro ser
um “pivô” e tenha de assumir outras funções (armador ou ala) sem ter sido preparada para essas novas funções.
Expor a criança a situações constrangedoras perante seus pares, adversários e familiares
Isso ocorre principalmente na competição inadequada quando o mais importante é o resultado, e não o processo. O querer vencer a
qualquer custo leva os adultos a comportamentos inadequados em relação à participação das crianças na competição. Exige-se a
vitória e não se toleram erros. Há exageros na forma de tratar as crianças (gritos, ofensas, cobranças inadequadas) fato que pode
trazer constrangimento e vergonha por parte dos praticantes. A prática esportiva deve ser motivo de diversão.
Não dar oportunidade de participação a todos os envolvidos nas atividades esportivas
A especialização precoce é por si só um fator excludente da prática esportiva. Só os “melhores” terão a oportunidade de jogar. Esse
fato leva a uma seleção que não tem critérios claros e só considera o estado atual da criança sem pensar no seu desenvolvimento
futuro.
Tentar criar ídolos rotulando as crianças como futuros expoentes do esporte
O esporte tornou-se uma vitrine. É uma possibilidade de ascensão social muito procurada por atletas, empresários, técnicos e pais.
Muitos são os casos de “futuros grandes atletas” que ficaram pelo caminho por falta de orientação e um trabalho adequado. Quantos
Pelé, Messi, Maradona e Neymar já apareceram no nosso futebol? A verdade é que, em um universo enorme de atletas (em qualquer
modalidade esportiva), somente um percentual muito pequeno chegará ao estrelato.
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As consequências da especialização precoce
A especialização precoce pode trazer consequências inadequadas à criança que busca o esporte como meio de diversão e desenvolvimento global.
Possíveis consequências inadequadas de uma especialização precoce.
Weinberg e Gould (2008) apresentam algumas das situações relacionadas à prática esportiva infantil que podem levar a criança a desistir da prática
de determinada modalidade ou do esporte de forma geral.
Estresse
Incapacidade de uma pessoa em lidar com situações que se apresentam como ameaçadoras. A derrota ou o descontentamento dos pais pode
provocar estresse em crianças.
Desmotivação
Considerando que a motivação é a força que nos impele a buscar e permanecer em determinada atividade dando direção e intensidade aos
nossos esforços, a desmotivação ocorre quando os principais motivos que nos levam a praticar esportes são substituídos por outros mais
interessantes ou por situações constrangedoras.
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BurnoutDerivado do termo inglês que significa “explodir” ou “esgotamento”, o burnout é situação extrema de estresse ou acúmulo de situações em que a
pessoa esgota seus recursos de enfrentamento. É a popular “gota d’água”.
Várias são as situações que podem levar uma criança ao estresse, à desmotivação e ao burnout no esporte, tais como:
falta de habilidade;
medo de errar;
derrotas frequentes;
medo de competir;
cobranças excessivas;
medo de decepcionar as pessoas;
não gostar da atividade;
conflito de objetivos;
ambiente inadequado;
falta de diversão;
competição exacerbada;
dificuldade em melhorar as próprias habilidades;
desafios difíceis de serem cumpridos, ameaçando a imagem e autoestima;
pressão de técnicos e pais;
treinamento inadequado;
falta de repouso;
erros frequentes;
incapacidade de lidar com os erros;
exposição a situações constrangedoras.
Para minimizar essas situações, cabe ao profissional de Educação Física ou técnico desportivo o controle das atividades, para que sejam
adequadas ao nível de desenvolvimento dos alunos, além de conscientizar pais e responsáveis sobre todo o processo de desenvolvimento.
Fatores que levam à especialização precoce
Confira agora os fatores e as consequências da especialização esportiva precoce.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
A especialização precoce ocorre quando a sequência de etapas do processo de formação esportiva é ignorada e a criança é submetida a
situações que não são condizentes com seu estágio de desenvolvimento físico, motor, cognitivo e psicológico. Alguns fatores são implícitos à
especialização precoce. Escolha a alternativa que aponte dois desses fatores.
A Participação espontânea; desenvolvimento das habilidades motoras básicas.
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Parabéns! A alternativa C está correta.
Muitas são as situações que caracterizam a especialização precoce. Entre essas situações podemos citar a antecipação do processo de
formação esportiva e as cobranças que estão além da capacidade da criança de apresentar os resultados esperados por técnicos e pais. Essas
cobranças colocam as crianças em situações constrangedoras expondo seus limites.
Questão 2
A competição é uma das fontes de estresse para uma criança que pratica esportes. Ela tem componentes que podem acelerar o processo de
burnout fazendo com que não se sinta à vontade, levando, em alguns casos, à desmotivação, à queda da autoestima e até mesmo à desistência
do esporte. Aponte qual das alternativas abaixo apresenta situações que podem provocar o burnout competitivo.
Parabéns! A alternativa E está correta.
O confronto faz parte do processo competitivo. Ele não leva necessariamente ao burnout, assim como a simples presença dos pais. No entanto,
as derrotas consecutivas e a cobrança exagerada dos técnicos podem levar à queda da autoestima e à percepção de não poder lidar com os
erros que são apontados, além de expor essa criança a situações constrangedoras perante seus pares, adversários, familiares.
B Cobranças excessivas por parte dos técnicos; competição organizada a partir das necessidades dos praticantes.
C Expor a criança a situações constrangedoras; cobranças excessivas por parte dos técnicos.
D Participação espontânea; definir posições e funções específicas.
E Rotular a criança como um ídolo precoce; desenvolver as habilidades motoras básicas.
A Confronto com adversários; torcida a favor.
B Confronto com adversários; torcida contra.
C Presença dos pais; derrotas consecutivas.
D Presença dos pais; cobrança exagerada dos técnicos.
E Derrotas consecutivas; cobrança exagerada dos técnicos.
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3 - Os métodos de ensino nos esportes coletivos
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer os diferentes métodos de ensino nos esportes coletivos.
Os métodos de ensino nos esportes coletivos
Quais são os métodos de ensino nas modalidades esportivas coletivas?
“O ensino é um processo intencional que deve ser planejado, organizado e sistematizado, com base nas necessidades e expectativas de quem
aprende, fundamentado cientificamente, controlado no momento exato, avaliado e corrigido adequadamente em sua extensão total” (SILVA; SILVA,
2014, p. 68).
O desenvolvimento de qualquer atividade do ser humano depende basicamente de um bom planejamento e de métodos utilizados para se obter os
resultados esperados. No esporte, essa regra prevalece respeitando-se as características das modalidades esportivas, dos praticantes envolvidos e
das tarefas a serem cumpridas.
Um bom planejamento deve ser objetivo, realista, ter continuidade, apresentar uma lógica natural das atividades e ser flexível para permitir ajustes
no seu decorrer.
Planejamento
Qualquer atividade realizada pelo ser humano depende de um bom planejamento para que se obtenha o sucesso desejado. Essa realidade não é
diferente no ambiente esportivo!
Da iniciação ao alto rendimento, planejamento significa dar qualidade e segurança ao trabalho, com a oportunidade de identificar os motivos pelos
quais atingimos o sucesso ou nos deparamos com obstáculos que não nos permitam alcançar os objetivos desejados. Segundo De Rose Jr. (2021),
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esse planejamento pode ser dividido nas seguintes fases:
Identificação dos aspectos que definem o estado atual do objeto da prática: filosofia de trabalho da instituição, filosofia de trabalho do
profissional, estrutura (local, materiais disponíveis, horários), recursos financeiros, calendário de competições e material humano com quem
será desenvolvido o trabalho.
Definição dos objetivos, cronograma de atividades (longo, médio e curto prazo), estabelecimento dos métodos de trabalho, escolha dos
conteúdos e a avaliação dos praticantes. Ao definir os objetivos, o professor/técnico deve considerar os fatores identificados na fase de
diagnóstico, com especial ênfase no material humano disponível para que a seleção dos métodos e conteúdos possa efetivamente estar
relacionada à capacidade dos praticantes de cumprir as tarefas implícitas no trabalho a ser desenvolvido.
Análise de tudo o que ocorreu durante o processo. Ela deve ser periódica para permitir correções e alterações no curso do planejamento a
partir da identificação dos pontos positivos e negativos. A avaliação do processo depende de alguns fatores, tais como: 1 – A identificação
dos objetivos alcançados; 2 - Os motivos que levaram a alcançar ou não os objetivos definidos no início do planejamento para uma possível
redefinição desses objetivos e recomposição da equipe para a próxima temporada. É recomendável que o profissional conte com o auxílio de
pessoas externas ao processo para validar essa avaliação, ou seja, outros olhares além daquele que está envolvido diretamente na atividade.
É importante estar atento a algumas orientações importantes para se alcançar o sucesso, sugeridas por Ferreira e De Rose Jr. (2017),
independentemente do período para o qual o planejamento é realizado:
Diagnóstico 
Execução 
Avaliação e reestruturação 
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Método analítico-sintético
Os métodos de ensino são as ações (estratégias e conteúdos) que o professor define para organizar as atividades a fim de que os alunos possam
atingir os objetivos em relação a um conteúdo específico. Qualquer método escolhido deve facilitar o processo de ensino-aprendizagem,ser
motivante e proporcionar situações-problema cujas tarefas estejam de acordo com a capacidade do praticante, mas sempre propondo desafios
possíveis de serem cumpridos. A função dos métodos de ensino é oferecer ao praticante caminhos para que possa atingir novos níveis de
rendimento, incentivando a criatividade e a tomada de decisões.
A definição de um ou mais métodos de ensino deve responder a cinco perguntas:
Elaborar uma sequência de ações que vão alinhar desde a filosofia de trabalho até o exercício que será utilizado em determinada aula
ou treinamento.
Os passos a serem seguidos devem obedecer a uma lógica e coerência entre as partes do planejamento.
As diretrizes do planejamento devem ser claras, objetivas e de conhecimento de todos que participarão das atividades.
O professor/técnico deve estabelecer sua filosofia ou forma de trabalho, não se esquecendo de alinhar esses fatores à filosofia da
instituição, à realidade na qual irá desenvolver o trabalho e às necessidades do público-alvo.
Acompanhar atentamente a evolução do trabalho e realizar avaliações constantes para que modificações e ajustes possam ser feitos
durante o processo.
Quem vai aprender?
Conhecer as características
dos praticantes a quem a
tarefa será ensinada –
importante considerar as
fases da aprendizagem.
Para que aprender?
O significado da tarefa –
como ela se relaciona com a
realidade do esporte que está
sendo ensinado.
O que será aprendido?
Conteúdos e estratégias
utilizados.
Como ensinar?
Definição dos métodos.
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Diferentes termos são usados para definir os métodos de ensino: analítico, sintético, analítico-sintético, métodos das partes, global, global-funcional,
método do todo, método misto, situacional, entre outros. Para facilitar a compreensão e a utilização dos métodos na prática dos esportes coletivos,
utilizaremos os conceitos definidos por Greco (1998) e De Rose Jr., Pinto Filho e Correa Neto (2015): analítico-sintético, global-funcional e
situacional.
O método analítico-sintético caracteriza-se pelo ensino realizado em partes ou etapas.
Os exercícios são voltados para a aprendizagem da técnica (fundamentos) em seus mínimos componentes, que vão do simples para o complexo, do
fácil para o difícil e do conhecido ao desconhecido.
Cada fundamento é praticado separadamente por meio da repetição dos exercícios. Após o domínio dessa etapa, aumenta-se a complexidade do
exercício elaborado para o mesmo fundamento.
A partir do domínio de determinado fundamento, pratica-se outro e assim sucessivamente. Após o domínio de um grupo de fundamentos, eles
podem ser aplicados em uma sequência que remeta ao contexto do jogo. Veja os seguintes exemplos: voleibol: 1 - ensino do saque; 2 - ensino da
recepção; 3 - ensino do saque com a recepção. Futebol: 1 – ensino do passe: 2 – ensino do arremate; 3 – ensino do passe com arremate. Veja a
representação a seguir.
O método analítico-sintético pode ser aplicado ao ensino de determinado fundamento que apresente situações mais complexas e que possa ser
dividido em partes. Por exemplo, na “bandeja” do basquetebol, podemos identificar as seguintes partes: 1- corrida; 2 – drible; 3 – tempos rítmicos
(passadas); 4 – salto; 5 – finalização. Esse tipo de abordagem é o que se costumou chamar de “sequência pedagógica”, atualmente pouco utilizada
para o ensino dos fundamentos. Veja a representação a seguir.
O método analítico-sintético possui suas vantagens e desvantagens, compare:
Vantagens
Proporciona repetição e fixação do fundamento.
Favorece a avaliação de determinada técnica.
Favorece as correções pontuais na execução dos fundamentos.
Possibilita êxito rápido na execução dos fundamentos.
Permite individualizar o ensino dos fundamentos.
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Desvantagens
Não atende ao interesse da criança em jogar.
Separa a técnica da tática.
Inibe a criatividade e a tomada de decisões.
Limita as experiências de jogo.
Não proporciona desenvolvimento coletivo.
Pode tornar-se desmotivante pelas excessivas repetições.
Método global-funcional
O método-global funcional tem como base o ensino das partes, a partir do jogo, e como as partes se relacionam ao todo. É recomendado para
tarefas menos complexas. Os jogos devem obedecer a uma sequência que respeite as faixas etárias dos praticantes e as fases da aprendizagem.
Alguns princípios devem ser obedecidos na elaboração dos jogos, tais como:
Os jogos, inicialmente, não devem ser divididos em muitas partes.
As regras devem ser de fácil assimilação.
O nível de complexidade deve ser aumentado à medida que os praticantes evoluam no jogo.
A princípio, os jogos devem ser praticados em espaços reduzidos e em pequenos grupos.
Os espaços e o número de participantes devem ser aumentados gradativamente até que se chegue ao jogo real.
Um ou mais fundamentos devem ser observados como objetivo de aprendizagem durante o jogo.
O “jogo dos 10 passes” pode ser usado para o desenvolvimento de um fundamento. Nesse jogo, estipula-se o número de participantes em cada
equipe, os quais deverão trocar 10 passes consecutivos para pontuar. O objetivo, portanto, é o passe. O professor pode observar possíveis erros e
orientar seus alunos como executar os passes com maior eficácia e precisão.
A estrutura desse mesmo jogo pode ser utilizada para acrescentar outros fundamentos, criando situações mais
complexas que fazem parte do contexto, como passes de finalização. Uma equipe com a posse de bola deve
executar cinco passes consecutivos e, a partir do quinto, pode jogar livremente para finalizar. Essa finalização irá
variar de acordo com o esporte praticado: arremesso à cesta – basquetebol; arremesso ao gol – handebol; chute a
gol – futebol.
Uma das vantagens desses jogos para o aprendizado dos fundamentos é a liberdade de se criar situações variadas e regras que podem ser
modificadas de acordo com o progresso do grupo na execução dos fundamentos envolvidos.
Veja, a seguir, as vantagens e desvantagens do método global-funcional:
Vantagens
Técnica e tática se desenvolvem simultaneamente.
As habilidades são aprendidas no contexto do jogo.
Estimula a criatividade e a tomada de decisões.
Desenvolve o senso de coletividade.
Desvantagens
Pode ser desmotivante, pois a relação dos alunos com a bola é reduzida.
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Inibe a participação dos menos habilidosos.
Dificulta a correção de possíveis erros.
A busca pelo resultado pode induzir a uma aprendizagem inadequada dos fundamentos.
Método situacional
O método situacional enfatiza a aprendizagem da técnica relacionada a situações de jogo. Nesse método, o foco está no desenvolvimento da
compreensão tática e dos processos cognitivos subjacentes à tomada de decisão, de modo a estimular o aprimoramento técnico sem que os
praticantes sejam condicionados a atividades fechadas e descontextualizadas das situações de jogo. Em um único exercício, são trabalhados vários
fundamentos.
O método situacional depende da seleção de situações de jogo. Essa seleção deve sempre partir de situações simples, progredindo para situações
mais complexas sem oposição e, posteriormente, com oposição.
Situação de jogo no futebol
Condução de bola e finalização (chute a gol)
Exercício individual sem oposição: aluno conduz a bola e finaliza.
Exercício individual com oposição: aluno conduz a bola e finaliza com a presença do goleiro.
Exercícios em duplas sem oposição: um aluno conduz a bola por um espaço determinado, passa a bola a seu companheiro e este finaliza.
Exercícios em duplas com oposição: um aluno conduz a bola por um espaço determinado, passa a bola aseu companheiro, que finaliza com a
presença do goleiro.
O mesmo exercício pode, na sequência, ter um marcador para o aluno que conduz a bola, ou para o aluno que finaliza. Na sequência, colocam-
se dois marcadores.
Situação de jogo no voleibol
Recepção, passe e cortada.
Dois alunos posicionados na meia quadra de voleibol. O professor lança a bola a um deles, que deve recebê-la e direcioná-la ao segundo aluno.
Esse segundo aluno repassa a bola a seu companheiro, que finaliza a jogada com uma cortada
A mesma sequência pode ser feita com três alunos. O passe é direcionado ao terceiro aluno que executa a cortada.
Nesse mesmo exercício, o professor pode determinar a direção da cortada: paralela ou diagonal.
Na sequência, pode-se colocar um quarto aluno para executar um bloqueio.
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Veja, a seguir, as vantagens e desvantagens do método situacional:
Vantagens
Reúne as vantagens dos métodos analítico-sintético e global-funcional.
Trabalha com os elementos do jogo.
Permite variadas combinações de fundamentos.
Estimula a tomada de decisão.
Melhora o entendimento tático do jogo (leitura de jogo).
Desvantagens
Em alguns momentos, pode dificultar a compreensão total do jogo.
Pode expor as deficiências dos alunos com menor habilidade.
Pode dificultar a correção de possíveis erros técnicos.
Independentemente do método, há uma progressão para a aprendizagem do jogo e dos elementos que dele fazem parte.
Estratégias para a progressão da aprendizagem.
Utilizando esse modelo, o professor pode traçar trilhas para desenvolver sua progressão de aprendizagem. Na situação de jogo no futebol:
condução de bola (drible) e finalização (chute a gol), as trilhas são:
Trilha 1
Jogos e brincadeiras; exercícios simples sem oposição; tática individual sem oposição; jogos pré-desportivos.
Trilha 2
Exercícios simples com oposição; duplas e trios sem oposição, duplas e trios com oposição; jogo real.
A escolha da trilha fica a critério do professor, que deverá observar a evolução do grupo na execução das habilidades motoras básicas, fundamentos
e entendimento do jogo.
Atenção!
Os métodos de ensino não são excludentes. Eles podem ser combinados de acordo com a necessidade dos alunos. Pode haver combinação de
métodos para se treinar determinada situação. Por exemplo, ao detectar alguma dificuldade dos alunos no fundamento do cabeceio, o professor
pode utilizar o método analítico-sintético para realizar as devidas correções.
Antes de finalizarmos nosso estudo, precisamos destacar a participação do profissional que irá desenvolver os métodos e todo o processo de
formação esportiva. Esse profissional deve desenvolver uma gama de conhecimentos que lhe permita atuar de forma competente e segura sempre
visando ao bem-estar do praticante. Segundo De Rose Jr. (2021), esses conhecimentos são:
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Ainda de acordo com De Rose Jr. (2021), ao atuar com crianças e jovens, o profissional deve estar atento a quatro fatores que são fundamentais
nesse processo:
Conhecimento geral
Cultura, história e costumes da comunidade em que irá atuar. É fundamental que o profissional compreenda o contexto da
comunidade, seus costumes, suas tradições e preferências. Isso facilitará sua participação e influência sobre os alunos e também
sobre a família. Criará um clima de empatia e confiança muito importante para a manutenção do trabalho.
Conhecimento geral do esporte
Conhecer a história do esporte, grandes campeonatos, jogos olímpicos, grandes atletas e equipes para contextualizar seu trabalho,
mostrar a importância que o esporte tem para o desenvolvimento de um país e despertar ainda mais o gosto pela prática esportiva.
Conhecimento geral da modalidade que vai ensinar
História mundial, nacional e local, grandes conquistas, equipes e atletas. Esse conhecimento, ressalta as conquistas na modalidade a
ser trabalhada, despertando o gosto por sua prática, além de mostrar exemplos que podem servir de modelo para as crianças e
jovens.
Conhecimento técnico e tático da modalidade
Componentes do jogo (capacidades, habilidades, sistemas de jogo). Esse conhecimento dará ao profissional condições de escolher
os métodos de ensino e conteúdos aplicados à realidade dos praticantes.
Conhecimento pedagógico
Planejamento, estratégias e métodos de ensino, conteúdos. Fundamental para organizar as atividades e torná-las mais motivantes e
atrativas para os praticantes.
Conhecimento do aluno/atleta
Suas possibilidades e seus limites, suas necessidades, seus estágios de desenvolvimento físico, motor, cognitivo e psicológico, sua
realidade escolar e familiar. Esse é o principal conhecimento que um profissional deve ter para adequar seus métodos e conteúdos,
compreender a dinâmica de vida de cada um dos praticantes, identificar seus limites e fazer com que eles tenham prazer em
participar das atividades propostas, independentemente de se tornarem atletas.
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Saber dialogar
Ouvir e compreender as necessidades dos praticantes.
Ser e agir de forma criativa
Esse é um estímulo para que os praticantes também sejam e ajam de forma criativa.
Ser um agente mediador
Facilitar e contextualizar os conteúdos para que sejam mais bem compreendidos e executados pelos praticantes.
Exercer autoridade
Estabelecer regras e limites com a participação do grupo. Autoridade é diferente de autoritarismo.
Um bom profissional deve ter algumas características que são fundamentais para o sucesso de seu trabalho:
acessível;
comprometido;
convincente;
curioso;
desafiador;
estudioso;
formador;
humilde;
incentivador;
íntegro;
interessado;
justo;
líder;
observador;
participativo;
respeitoso;
responsável;
tolerante;
transparente;
educador.
O profissional deve estar preparado para exercer sua função e entender que a criança é o centro das atenções.
Atenção!
A criança deve ser respeitada em seus diferentes estágios de desenvolvimento. O seu esforço deve ser valorizado, independentemente da qualidade
de seu desempenho. Todos têm o direito à prática esportiva, tendo ou não a oportunidade de se tornarem atletas.
Os métodos de ensino nos esportes coletivos
Confira agora a aplicação dos métodos de ensino nos esportes coletivos, fazendo um resumo do módulo.
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
Questão 1
Há diferentes métodos de ensino para a aprendizagem dos gestos esportivos. Cada um deles apresenta um aspecto que o caracteriza, havendo
a possibilidade de se utilizar mais de um método. Neste módulo, foram apresentados três métodos: analítico-sintético, global-funcional e
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situacional. Dentre as alternativas abaixo, qual delas apresenta uma característica do método global-funcional?
Parabéns! A alternativa D está correta.
No método global-funcional, a aprendizagem ocorre no contexto do jogo, com os fundamentos sendo ensinados em situações reais. Assim, o
jogo deve ser de fácil compreensão e o nível de dificuldade deve ser ampliado de forma gradativa.
Questão 2
O planejamento é fundamental para o desenvolvimento de um bom trabalho e, consequentemente, para a definição dos métodos de ensino que
serão utilizados. Em um planejamento, há diferentes fases que devem ser seguidas para se obter sucesso. Dentre elas, a fase do diagnóstico é
a que precede todo o planejamento. Entreas alternativas abaixo, identifique aquela que apresenta dois aspectos que devem ser atribuídos à
fase de diagnóstico.
Parabéns! A alternativa A está correta.
A fase de diagnóstico identifica todos os aspectos que definem o status atual do objeto da prática. Portanto, conhecer a filosofia da instituição
e a estrutura disponível para o trabalho é condição necessária para a definição do planejamento. Definição de objetivos, calendário de
competições, definição de conteúdos e avaliação processual são consequência desse diagnóstico e fases posteriores ao diagnóstico.
A Aprendizagem dos fundamentos separadamente.
B Aprendizagem da técnica a partir de situações individuais.
C Aprendizagem a partir de exercícios educativos.
D Aprendizagem da técnica pelo jogo.
E Aprendizagem através da visualização de filmagens da execução.
A Filosofia de trabalho da instituição e estrutura (local e materiais disponíveis).
B Recursos financeiros e definição dos objetivos.
C Avaliação do processo e calendário das competições.
D Calendário das competições e definição dos conteúdos.
E Material humano e avaliação ao final do processo.
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Considerações �nais
A iniciação esportiva é uma fase muito importante para o desenvolvimento esportivo de uma criança. É nela que se criam hábitos essenciais e se
desenvolvem habilidades fundamentais que servirão de base para todo o trabalho de especialização futuro. No entanto, devemos ter o cuidado para
que esse processo não seja invertido, pois isso pode levar à fase de especialização esportiva, antecipando etapas importantes do processo de
desenvolvimento esportivo.
A especialização precoce deve ser evitada uma vez que suas consequências podem ser danosas ao desenvolvimento esportivo, como, por exemplo,
a desmotivação, o estresse e o burnout. A incapacidade de lidar com situações recorrentes pode causar até mesmo o abandono da prática
esportiva.
Para que o processo de formação esportiva seja feito de maneira adequada, é necessário um planejamento que considere fatores como a filosofia
de trabalho da instituição, as estruturas disponíveis, os recursos e, principalmente, as características do público-alvo.
Dentre os fatores que definem um bom planejamento, há a escolha dos métodos de ensino. Os métodos podem ser utilizados a fim de contemplar
as fases de desenvolvimento esportivo e o tipo de atividade a ser proposta. Três são os métodos sugeridos: analítico-sintético, global-funcional e
situacional. Esses métodos não são excludentes e podem ser aplicados de acordo com as necessidades do praticante e dos objetivos propostos no
planejamento.
Para o desenvolvimento de todo esse processo, é preciso que o profissional envolvido tenha domínio sobre diferentes conhecimentos. Esses
saberes estão relacionados à história, à cultura geral, às características da modalidade esportiva a ser ensinada, às possibilidades pedagógicas da
modalidade e ao conhecimento do seu aluno/atleta.
Esse profissional deve ser aberto ao diálogo, agir de forma criativa e incentivar a criatividade de seus alunos/atletas, além de facilitar os conteúdos
propostos e exercer autoridade sem ser autoritário.
Ele deverá estar preparado para exercer sua função e entender que a criança é a protagonista do processo de formação esportiva, reconhecendo o
direito de todos de praticarem o esporte independentemente de se tornarem atletas de alto rendimento.
Podcast
Ouça agora um resumo do tema.
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Referências
BARBANTI V. J. Formação de esportistas. Barueri: Manole, 2005.
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DE ROSE JR., D. Componentes da ação pedagógica. São Caetano do Sul (SP): ed. Do autor, 2021.
DE ROSE JR., D.; PINTO FILHO, T.; CORREA NETO, W. Minibasquetebol na escola. São Paulo: Ícone, 2015.
DE ROSE JR., D.; VASCONCELLOS, E. G. Basquetebol: stress e alto rendimento. Belo Horizonte: Dialética, 2020.
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C.; GOODWAY, J. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. Porto Alegre:
Mcgraw Hll, 2013.
GRECO, P. J. Iniciação esportiva universal: metodologia da iniciação esportiva na escola e no clube. Belo Horizonte: UFMG, 1998.
SILVA, S. A. P. S.; SILVA, T. F. Proposta pedagógica do programa clube escola: documento norteador. São Paulo: SEME/UNESCO, 2014.
WEINBERG, R.S.; GOULD, D. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. Porto Alegre: ARTMED, 2008, 4ª.
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Para complementar os seus conhecimentos, recomendamos que assista aos seguintes vídeos na plataforma YouTube:
“Dante De Rose Jr. - Da iniciação à especialização”, no canal Viva o Basquetebol.
“Dante De Rose Jr. - Aspectos pedagógicos: a criança e o ambiente”, no canal Viva o Basquetebol.
“Dicas para o profissional que atua na iniciação esportiva”, no canal Viva o Basquetebol.
“Alessandro N. Ré - Treinamento esportivo na infância”, no canal Viva o Basquetebol.
Também recomendamos a leitura dos Guias Didáticos do Curso de Atualização em Pedagogia do Esporte, elaborado pela Secretaria Municipal de
Esportes, Lazer e Recreação de São Paulo.