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Conteudista: Prof. Me. Danilo Cândido Bulgo Revisão Textual: Vinicius Oliveira Objetivo da Unidade: Evidenciar o processo introdutório e as principais conceituações acerca do envelhecimento humano, sob a ótica multidimensional para o sujeito. Material Teórico Material Complementar Referências Conceituação e Princípios do Envelhecimento Humano Introdução Olá, aluno(a)! Vamos iniciar esta unidade abarcando a compreensão multidimensional do processo de envelhecimento humano no cenário contemporâneo, um fenômeno reconhecido globalmente. Leia atentamente o material de estudo e as indicações complementares, pois tratam de temas indispensáveis para sua futura carreira. Bom estudo! Processo de Envelhecimento Humano: Definição, Teorias Gerais e Visão Multidimensional do Ser O perfil do idoso vem se modificando ao longo dos anos, desencadeando uma série de transformações no contexto geral do processo de envelhecimento humano. Atualmente, o número de idosos cresce de maneira alarmante e contínua, daí a necessidade de reconhecer quem são esses sujeitos. Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), idoso é o indivíduo com 60 anos ou mais nos países em desenvolvimento e com 65 anos ou mais nos países desenvolvidos (OMS, 2002). 1 / 3 Material Teórico Figura 1 – Envelhecimento humano Fonte: Getty Images O crescimento da população idosa na sociedade moderna se deve a uma gama de fatores: diminuição das taxas de mortalidade infantil e de natalidade; acesso aos serviços e profissionais de saúde; avanço da indústria farmacêutica; melhora nas condições sanitárias; controle de doenças infectocontagiosas e parasitárias; desenvolvimento de novas tecnologias digitais; disseminação de práticas voltadas à promoção da saúde; e priorização da qualidade de vida, independência, bem-estar e autonomia humana, entre outras ações específicas da área da saúde que contribuíram para o aumento da expectativa de vida da população. De acordo com Alencar e Carvalho (2009), o envelhecimento é um processo inevitável, irreversível e dinâmico, associado a possíveis perdas nos mais variados aspectos que constituem o ser, enfatizando-se as vertentes biopsicossociais. Nesse sentido, o termo “vulnerabilidades” surge para caracterizar o processo de envelhecer. As vulnerabilidades se diferenciam conforme gênero, idade, classe social, raça, localidade geográfica, entre outras variáveis, e impactam a expectativa de vida humana, a qualidade de vida e a morbidade e mortalidade desse grupo populacional. Vale destacar que, em relação à última década, a expectativa de vida humana aumentou para ambos os sexos: 79 anos para mulheres e 72 para homens. Vídeos Porque Envelhecemos Assista ao vídeo a seguir, chamado “Porque envelhecemos?”, e entenda como funciona essa etapa do ciclo vital. por que envelhecemos https://www.youtube.com/watch?v=LEwje_kz8W8 No Brasil e no mundo, a população idosa tem crescido. Para o ano de 2050, a expectativa é que, pela primeira vez, os idosos ultrapassem o número de crianças e adolescentes com idade inferior a 15 anos. O processo de transição epidemiológica desencadeou o principal fenômeno demográfico do século XX: o envelhecimento populacional. Essa mudança provocou as buscas por práticas positivas nos serviços de saúde. Os idosos demandam cuidados específicos, que são um grande desafio, haja vista as doenças crônicas que podem surgir com o avançar da vida e as disfunções em órgãos e sistemas corporais que desencadeiam sintomas que afetam a qualidade de vida. Figura 2 – População Idosa Fonte: Getty Images Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, em 2030, o índice de idosos deverá superar o de crianças e adolescentes em cerca de 4 milhões, diferença que aumentará para 35,8 milhões em 2050 (BRASIL, 2009). Com o aumento da expectativa de vida da população brasileira, a Organização Mundial de Saúde prevê que o Brasil será o sexto país do mundo com o maior número de pessoas idosas até 2025 (WHO, 2005). Até meados de 2060, a quantidade de pessoas com mais de 60 anos no Brasil chegará a 34%; atualmente, 13% da população brasileira se enquadra nessa faixa etária (IBGE, 2014). O acelerado crescimento da populacional geriátrica brasileira implica a questão da eficácia da sociedade em se adaptar a esse novo paradigma social. À medida que as pessoas envelhecem, ocorrem alterações que demandam atenção da sociedade, sobretudo no que diz respeito à saúde. A transformação da pirâmide etária global demanda pensamento crítico acerca do envelhecimento humano. Trata-se de um processo complexo e interdisciplinar, que envolve discussões da área da saúde, educação, assistência social, previdência e habitação, incluindo-se os aspectos sociais e econômicos que afetam a qualidade de vida da população idosa. Conhecidos os dados mais relevantes do tópico, é necessário considerar a visão multidimensional das demandas individuais durante o processo de envelhecimento. Vale a pena destacar que, na atuação profissional, o modelo biopsicossocial e espiritual deve ser aplicado, dada a sua importância para compreender o sujeito na sua totalidade. Figura 3 – Modelo biopsicossocial Quais são as principais características do modelo biopsicossocial e espiritual? Em essência, tal abordagem subsidia a assistência aos indivíduos, aos cuidadores, às equipes de saúde e aos familiares de maneira holística, sem enfocar única e exclusivamente a patologia. Em vez de “tratar uma doença”, esse modelo visa “cuidar de alguém de maneira global”. O cuidado se dá por meio de ações interligadas de uma equipe multiprofissional composta de profissionais de diferentes formações: médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, enfermeiros, psicólogos, fonoaudiólogos, assistentes sociais, farmacêuticos, biomédicos, pedagogos, profissionais de educação física, entre outros. Figura 4 – Equipe Multiprofissional Fonte: Getty Images Em tal abordagem, o ato de cuidar transpassa a demanda exclusivamente médica, abrindo espaço para todos os profissionais necessários para o caso. O sujeito é visto de maneira singular, com demandas e especificidades individuais, considerando-se a relação multifatorial da enfermidade. No modelo biopsicossocial, a palavra "saúde” tem o sentido dado pela Organização Mundial de Saúde. Trata-se de um estado completo de bem-estar físico, mental e social do indivíduo, e não apenas da ausência de doença ou enfermidade (a essa concepção posteriormente foi incluído o aspecto espiritual). Reflita Você já parou para pensar no modelo biomédico? Ele é limitado e centrado em um único aspecto – a doença –, pois "saúde" é vista, exclusivamente, como a ausência de enfermidade, dor ou defeito. Em tal modelo, considera-se que o indivíduo, ao ficar doente, tem apenas alteração fisiológica, e não se aventa a possibilidade de aspectos sociais ou psicológicos serem possíveis agentes causadores. Nele o médico é o protagonista, e os outros profissionais de saúde não têm autonomia, sendo encarados como secundários. O modelo ainda supõe uma separação entre corpo e mente, como se a situação de um não trouxesse nenhum impacto ao outro. Pensando ainda no modelo biopsicossocial, a ênfase básica é proporcionar um tratamento pautado em uma assistência humanizada, acolhedora e próxima do paciente, familiar e equipe, destacando que o paciente está no centro do atendimento, ou seja, ele é o ator principal no processo de cuidar e deve ser visto na sua totalidade. Figura 5 – Cuidado Humanizado Fonte: Getty Images Vídeos Vamos ver na prática a diferença entre o modelo biomédico e o biopsicossocial? Assista a duas cenas clássicas do filme Patch Adams: o amor é contagioso. Na primeira cena, você verá como é o tratamento pautado Modelo Biomédico: Modelo Biopsicossocial: exclusivamente pela doença, sem o mínimo de humanização. Na cena seguinte, você verá um exemplo de como olhar o paciente em sua totalidade. Palestra Motivacional - Cena Patch Adams Cena Inesquecível : Patch Adams - O Amor é Contagioso https://www.youtube.com/watch?v=0bhK5DiacNA https://www.youtube.com/watch?v=T09TGuDyiQw Hoje em dia, apesar de suas contribuições e ações em nível social, familiar, educacional, laboral, etc., a população idosa enfrenta estereótipos e preconceitos. A discriminação por idade contra o idoso pode repercutir de modo negativo em sua saúde e seu bem-estar, acentuando sua vulnerabilidade e fragilidade física, social e mental, além de reduzir sua autonomia e participação na sociedade contemporânea. Importante! A Organização Mundial de Saúde (OMS) destaca que o processo de envelhecer é um conjunto de ações sequencial, individual, cumulativo, irreversível, universal, não patológico de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie, de maneira que o tempo o torna menos capaz de fazer frente ao estresse do meio ambiente. As equipes de atenção multiprofissional em saúde devem se nortear pelas iniciativas em prol do envelhecimento ativo e digno. Entre elas: Como visto, a seguridade social é necessária para o processo de envelhecimento humano. Esse sistema de proteção social, criado em 1988, abrange três programas sociais de extrema relevância e tem como objetivo assegurar aos indivíduos os seus direitos. Esse tripé se dá pela junção dos direitos relativos à Saúde, à Previdência Social e à Assistência Social. Busca pela máxima independência e pela autonomia dos idosos; Compreensão do que se relaciona à saúde do idoso nas mais variadas vertentes; Reconhecimento da lei (direitos e deveres legais); Garantia de acessibilidade e mobilidade; Inserção de programas e políticas públicas voltadas para o envelhecimento; Condições humanas e básicas para sobrevivência; Minimização dos efeitos negativos do processo de envelhecer; Respeito pelas vontades geriátricas de modo individual e coletivo; Garantia de oportunidades diversas: emprego, acesso à cultura, lazer, sistemas educacionais; Seguridade Social (conhecimento sobre tal temática); Acesso global às oportunidades de desfrutar dos direitos humanos básicos e viver com dignidade; Suporte aos cuidadores, para que possam prestar cuidados adequados e também cuidem da própria saúde. Figura 6 – Tripé da Seguridade Social Fonte: Adaptado de ssvpbrasil.org Previdência Social: de caráter contributivo, retributivo e compulsório, tem por fim assegurar aos seus beneficiários meios indispensáveis de manutenção por: incapacidade, idade avançada, tempo de contribuição, desemprego involuntário, encargos de família e reclusão ou morte daqueles de quem dependiam economicamente (Lei 8.212/91; Lei 8.213/91; Decreto 3.048/99) – 100 milhões de brasileiros; Assistência Social: a seguridade cuida gratuitamente dos hipossuficientes, ou seja, daqueles sem condições de proverem o próprio sustento de forma permanente ou provisória, sem exigir deles qualquer contribuição. É a política social que provê o atendimento das necessidades básicas, traduzidas em proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência, à pessoa idosa e à pessoa com deficiência, independentemente de contribuição à Seguridade Social; Saúde: é direito de todos e dever do Estado, ou seja, o Estado deve prover para cada brasileiro tudo que ele precisar para a manutenção da sua saúde, desde aferição de pressão arterial, sessões de fisioterapia sem custo pelo Sistema Único de Saúde (SUS), remédios, inclusive os de alto custo que não existem na farmácia pública, até cirurgias de urgência. Vale destacar que nesse cenário o indivíduo é visto em sua singularidade, dotado de necessidades e especificidades. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Ao pensar no idoso, o profissional deve identificar, de maneira ampla, as condições de saúde e o estado global do sujeito, ou seja, levar em consideração seu nível satisfatório de independência funcional e não apenas a ausência de determinada patologia. Vejamos em detalhe, então, três aspectos importantes para a compreensão da pessoa idosa, a saber: capacidade funcional, independência e autonomia. Leitura Lei nº 8.212 Saiba mais sobre a Lei Orgânica da Seguridade Social. Capacidade funcional tem relação direta com as atividades básicas, instrumentais e avançadas da vida diária dos indivíduos, bem como com a mobilidade exercida pelo sujeito. Envelhecer mantendo a integridade desses aspectos é um dos objetivos centrais para ter uma boa qualidade de vida; Autonomia é a capacidade de tomar decisões e gerenciar a vida, ou seja, ter controle sobre os próprios desejos; http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8212cons.htm Um modelo moderno de assistência de saúde geriátrica necessita da união de uma gama de ações que envolvem os aspectos educacionais, além de conhecimento e inserção de paradigmas que abarquem promoção da saúde, prevenção de doenças evitáveis, autocuidado em saúde, busca pela melhor evidência científica, visão multidimensional das questões biopsicossociais e espirituais, envolvimento familiar e social, laços de rede de apoio e suporte, estratégias de estabelecimento do percurso assistencial voltadas para o sujeito (de modo individualizado e condizente com suas reais queixas e necessidades), olhar humanizado e pautado pela eficácia e eficiência enfatizando a integralidade do cuidado, com protagonismo da pessoa idosa. Assim, possivelmente, a atenção em saúde voltada para o idoso será mais condizente com as necessidades que surgem com o envelhecimento. Vivenciar, de modo bem-sucedido, essa fase do ciclo vital ainda requer a junção de três categorias de condições: Independência é a habilidade de realização, sem auxílio de outros indivíduos, das atividades cotidianas. Fraca probabilidade de doenças, em particular as que acarretam perda de autonomia; Manutenção de alto nível funcional nos planos cognitivos e físico (envelhecimento otimizado); Conservação de compromisso social e de satisfatório bem-estar subjetivo. Importante! A partir do momento em que a presença da população idosa se torna mais perceptível na sociedade, não só pelo crescimento numérico e Ao longo da unidade, você pôde perceber como a imagem da pessoa idosa e as conquistas desse grupo populacional foram se aprimorando no decorrer do tempo. O paradigma de saúde do idoso se sustenta na ideia de funcionalidade, que passa a ser vista como um dos mais importantes atributos do envelhecimento humano, pois envolve a interação entre as capacidades física, psíquica e cognitiva para realização de atividades no dia a dia. Para afirmar tal mudança relacionada à pessoa idosa e abandonar a imagem de fragilidade e perdas severas, o símbolo de identificação de lugares preferenciais para o idoso não pode ser mais pejorativo, ou seja, representar indivíduos com 60 anos ou mais como cidadãos frágeis, sem qualidade de vida ou incapazes. estatístico como também pela melhoria do nível de vida de parte dessa parcela populacional, aumenta a demanda por serviços especializados de todas as instituições. Figura 7 – Alteração visual da representação da população idosa Fonte: senado.leg.br Há, ainda, três aspectos importantes do processo de envelhecimento humano que é preciso mencionar. São eles: a senescência, a senilidade e o envelhecimento ativo. Senescência: é um processo fisiológico, morfológico e funcional, relacionado com o envelhecimento sadio, em que acontece o declínio físico e mental de modo lento e gradativo; ocorre geralmente a partir dos 65 anos, e as transformações não são produzidas por patologias, e sim por mudanças orgânicas, funcionais e psicológicas características desse processo. Senilidade: trata-se de um processo patológico que pode surgir com o processo de envelhecimento, porém não está condicionado a ele, o qual se caracteriza pela presença de doenças crônicas e outros fatores que comprometem a funcionalidade e a qualidade de vida humana; essas alterações não são normais do envelhecimento e Figura 8 – Envelhecimento ativo Fonte: Getty Images correspondem a um declínio gradual que atinge órgãos e sistemas corporais, trazendo prejuízos para o cotidiano. Envelhecimento ativo: é o conceito mais atual no que tange ao processo de envelhecimento humano e abrange a otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com intuito de buscar, de modo multidimensional e integral, a melhora da qualidade de vida à medida que as pessoas vão envelhecendo. Envelhecer de modo ativo permite que os sujeitos identifiquem a pluralidade dos potenciais das dimensões do bem-estar físico, social e mental ao longo das etapas da vida, o que engloba quesitos básicos que permeiam os diversos pilares sociais. A palavra “ativo” não se refere somente à manutenção do estado físico do indivíduo ou à prática de atividade física, mas também à participação contínua nas diversas demandas sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis. A Organização Mundial de Saúde prioriza a disseminação desse modelo para os idosos de todo o planeta. Você percebeu quantas temáticas podem ser exploradas quando se fala na pessoa idosa? Esta disciplina introduz elementos de modo a construir o idoso em sua totalidade. A seguir abordaremos a relação do idoso com o núcleo familiar e as redes sociais de apoio. Família, Rede Social de Suporte e Afetividade O conceito de família transpassa uma gama de possibilidades. Família é uma representação em que existe a união entre indivíduos que possuem laços sanguíneos, de convivência e/ou baseados no afeto. Para a Constituição brasileira, o conceito de família abarca diversas maneiras de organização fundamentadas na relação afetiva entre seus membros. Porém, não se trata de Importante! Todos os seres vivos enfrentam pelo menos duas etapas do ciclo vital: o nascimento e a morte. Assim, para promover uma senescência saudável e evitar a senilidade, determinados fatores são relevantes para a manutenção da vida humana, como ter uma alimentação balanceada, realizar regularmente atividade física, manter vínculos de suporte e rede social, prestar atenção à própria saúde, vivenciar oportunidades de lazer, potencializar a manutenção dos aspectos biopsicossociais. Tudo isso afeta de maneira positiva o processo de envelhecimento. um conceito rígido, engessado ou imutável. Ao longo das décadas, o conceito de família vem adquirindo diversos significados. Nesse sentido, a família se destaca por ser um grande pilar de apoio múltiplo para os sujeitos, incluindo a pessoa idosa, visto que esse indivíduo pode ser autônomo e independente e também o contrário, quando demanda maior atenção, cuidados de baixa, média ou alta complexidade, e também pode ser um alicerce fundamental que fomenta a rede de apoio em saúde. O núcleo familiar é considerado espaço prioritário de permanência e cuidado com a saúde multidimensional do idoso. Ademais, para entender a amplitude do processo de envelhecer, é necessário perceber a singularidade desse núcleo e dos atores envolvidos, bem como a história de vida, a realidade familiar, econômica, social e cultural. Você Sabia? Nos dias atuais, após diferentes pautas de setores distintos da sociedade, o direito brasileiro destaca que a constituição familiar se baseia no afeto. Essa compreensão substitui o conceito segundo o qual a família é a junção de um homem e uma mulher no matrimônio com a finalidade de procriação. Você Sabia? Tradicionalmente, no Brasil, são maiores os índices de mulheres que realizam o ato de cuidar. Em qualquer etapa do ciclo vital, a mulher, por diversos motivos, se dispõe mais a exercer o papel de cuidadora nos pilares familiares. Figura 9 – Tipos de família Fonte: Freepik Trocando Ideias... Vamos identificar alguns tipos de família e suas características: Família matrimonial: constituída por meio do matrimônio (casamento); Família informal: formada por união estável; Família monoparental: constituída por um pai ou uma mãe com seu(s) filho(s), por exemplo: mãe solteira e seu(s) filho(s); Família anaparental: sem pai e mãe, formadas apenas pelos irmãos; Família reconstituída: os pais são separados, têm filhos e começam a viver com outro(a) parceiro(a), que também tem filhos; Família unipessoal: formada por apenas uma pessoa (um viúvo ou uma viúva, por exemplo); Família paralela: a pessoa constitui duas relações momentâneas, por exemplo, uma pessoa casada que também possui outra união estável; Família eudemonista: edificada exclusivamente pelo afeto e solidariedade de uma pessoa com outra, visando ao crescimento mútuo e, principalmente, à felicidade. Percebeu como a família pode ser constituída de diversas maneiras? A pessoa idosa pode se enquadrar nesses mais variados modelos. Porém, vale ressaltar sempre que a transformação social é contínua e dinâmica, e outros modelos podem surgir com o passar do tempo. Um dos principais problemas relacionados ao envelhecimento humano é o isolamento social, bem como os sentimentos de solidão. Comumente, nessa etapa do ciclo vital, a pessoa idosa pode perder parcial ou totalmente sua capacidade funcional. Com suas capacidades diminuídas, há culturalmente a expectativa de receberem cuidado, atenção e respaldo dos filhos ou netos, o que nem sempre ocorre, pois cada núcleo familiar possui suas regras, conceitos, índoles e modelo social. No Estatuto do Idoso (2003), porém, afirma-se claramente o seguinte: - BRASIL, 2003, art. 3º “É obrigação da família, da comunidade, da sociedade, do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.” Além da família ser uma rede de suporte importante, os vínculos sociais diversos ganham destaque na vida da pessoa idosa. Entende-se rede de suporte social da seguinte maneira: Vídeos Titãs – Família Você já ouviu a canção “Família”, da Banda Titãs? Analise a letra da canção, que trata sobre um dos temas da disciplina. Titãs - Família (Acústico MTV) Rede: conjunto de relações sociais e institucionais que o indivíduo vai construindo ao longo das etapas do ciclo vital; https://www.youtube.com/watch?v=kh0EwVPfb2k Figura 10 – Rede de suporte Fonte: Getty Images Outro tipo de suporte muito comum na vida da pessoa idosa é a rede social pessoal, assim definida por Sluzki e Berliner (p. 10, 1997): Suporte: a função primordial da rede é prover apoio para as mais variadas necessidades do sujeito (isso se reflete na saúde, no bem-estar e na qualidade de vida). “Soma de todas as relações que um indivíduo percebe como significativas ou define como diferenciadas da massa anônima da sociedade, responsável pela Observe a seguir como a pessoa idosa pode ser dotada de redes de suportes variadas, tanto em nível formal quanto informal, ampliando-se o cuidado para a multidimensionalidade do ser e reduzindo-se as vulnerabilidades diversas que podem ocorrer nessa etapa do ciclo da vida. Figura 11 – Suportes formais e informais à pessoa idosa O ser humano se constrói como um indivíduo global por meio das suas relações sociais. É praticamente impossível conseguir viver nos espaços que edificam a sociedade moderna do modo único, isolado e centrado do individualismo. É em grupos diversos, em relações de amizade, de vínculos afetivos, que surgem sentimentos de pertencimento. Assim, estimular a convivência fomenta sensações e emoções positivas e manter uma relação proximal com uma identidade, bem-estar, capacidade de enfrentamento das situações de crises. É também conhecido como mapa mínimo: família, amizades, relações de trabalho ou estudo, relações comunitárias, de serviços/instituições.” rede de apoio, além de permitir o acesso aos recursos afetivos e de auxílio mútuo na comunidade, contribui para o aumento da sensação de pertencimento e de ser reconhecido, acolhido e protegido, o que afeta diretamente a saúde biopsicossocial e espiritual. Chegamos ao final desta Unidade! Para empoderar ainda mais seu conhecimento sobre as temáticas estudadas, leia os conteúdos complementares e assista aos vídeos sugeridos. Assim você ampliará sua visão sobre nosso objetivo de estudo. Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Início da Década do Envelhecimento Saudável (2021-2030) nas Américas 2 / 3 Material Complementar Início da Década do Envelhecimento Saudável (2021-2030) nas A… https://www.youtube.com/watch?v=VwkRk1N2AAg Envelhecimento Humano: Quando Começar? O Trabalho do Assistente Social com Idosos – ILPI Envelhecimento ativo, como e quando começar? O trabalho do Assistente Social com Idosos - ILPI https://www.youtube.com/watch?v=j5fb3-7xRvE https://www.youtube.com/watch?v=NRyMjRXu0dU Família – EnvelheSer – Sala de Notícias – Canal Futura Leitura Envelhecimento Ativo: Uma Política de Saúde Clique no botão ao lado para conferir o conteúdo. O Idoso e a Família - EnvelheSer - Sala de Notícias - Canal Futura https://www.youtube.com/watch?v=WlUeg80KbXU ACESSE OPAS – Década do Envelhecimento Saudável nas Américas (2021-2030) Clique no botão ao lado para conferir o conteúdo. ACESSE OPAS – Envelhecimento Saudável Clique no botão ao lado para conferir o conteúdo. ACESSE https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/envelhecimento_ativo.pdf https://www.paho.org/pt/decada-do-envelhecimento-saudavel-2021-2030 https://www.paho.org/pt/envelhecimento-saudavel ALENCAR, M. S. S.; CARVALHO, C. M. R. G. O envelhecimento pela ótica conceitual, sociodemográfica e político-educacional: ênfase na experiência piauiense. Interface - Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 13, n. 29, p. 435-444, 2009. Disponível em: <https://www.scielosp.org/pdf/icse/2009.v13n29/435-444/pt>. Acesso em: 4/10/ 2021. BRASIL. Lei n. 8.212, de 24 de julho de 1991. Lei Orgânica da Seguridade Social. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8212rep.htm>. Acesso em: 1/10/2021. ________. Lei n. 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm>. Acesso em: 1/10/2021. IBGE. Projeção da expectativa de vida para 2050. Rio de Janeiro: IBGE, 2014. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/estimativa2004/metodologia.pdf. Acesso em: 2/10/2021. OMS. Keeping fit for life: meeting the nutritional needs of older persons. Genebra: OMS, 2002. SLUZKI, C. E.; BERLINER, C. Rede social na prática sistêmica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997. 3 / 3 Referências Conteudista: Prof. Me. Danilo Cândido Bulgo Revisão Textual: Esp. Laryssa Fazolo Objetivo da Unidade: Estudar a conceituação dos desafios do envelhecer para a prática clínica profissional, além dos desafios e serviços diversos que envolvem a pessoa idosa. Material Teórico Material Complementar Referências Desafios do Envelhecer no Cenário Contemporâneo Introdução Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a) à nossa Unidade de estudo. Vamos aprofundar nosso conhecimento sobre o papel da pessoa idosa no cenário contemporâneo, bem como fatores positivos e negativos sobre o processo de envelhecimento humano. Você poderá compreender que o idoso possui uma gama de possibilidades de direitos, políticas públicas, programas e ações diversas que asseguram seu bem-estar, qualidade de vida, autonomia e independência. Bom estudo. Pessoa Idosa na Contemporaneidade No cenário atual, buscas por soluções e ações que compreendam a saúde, os aspectos que a cercam, bem como os determinantes sociais da saúde, surgem para possibilitar respaldos mais equitativos à vida humana. Os determinantes sociais de saúde são os fatores sociais, econômicos, culturais, étnicos/raciais, psicológicos e comportamentais que possuem relação direta com a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população em geral. A qualidade e as condições de vida de cada pessoa, e de uma localidade e/ou comunidade, poderão determinar a saúde da população. Observe a Figura a seguir: TEMA 1 de 3 Material Teórico Figura 1 – Determinantes sociais de saúde Fonte: Adaptada de FIOCRUZ, 2017 Fica evidente que os determinantes sociais de saúde são um conceito da área de saúde pública que tem relação direta com os acontecimentos, fatos, situações e comportamentos diante dos conceitos multidimensionais que envolvem a: E que implicam diretamente e afetam a saúde dos: Vida econômica; Social; Ambiental; Política; Governamental; Cultural e subjetiva. Indivíduos; Tais determinantes se relacionam com a conceituação da equidade em saúde, pois impactam de modo diferente, e muitas vezes injustos, diante dos aspectos de saúde dos indivíduos, grupos populacionais e comunidades, além das possibilidades de acesso à proteção e ao cuidado à vida. A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que a equidade em saúde tende a oportunizar para todos os indivíduos o alcance total para o acesso de qualidade aos níveis de atenção em saúde, seja ele primário, secundário ou terciário, bem como os níveis de complexidade sem distinção de raça, religião, etnia, ideologia política, gênero, sexualidade e/ou qualquer outro fator social presentes na sociedade. As ações, fomentos, estratégias e políticas públicas são estrategicamente pensadas para promover o respeito à diversidade e garantir o atendimento integral, em nível individual e coletivos, das populações em situação de vulnerabilidade e desigualdade social. Você já parou para pensar na diferença entre igualdade e equidade? Equidade é um dos princípios doutrinários que estruturam o Sistema Único de Saúde (SUS) e possui uma relação direta com os conceitos de igualdade e do senso de justiça. Sua essência é simples e enfatiza o atendimento aos indivíduos de acordo com suas necessidades, ou seja, qualquer tratamento envolvendo a saúde humana deve ser pensado e estruturado de acordo com o relatado pelo indivíduo, devendo o protocolo ser individual, biopsicossocial e espiritual e que centre sua atenção nos problemas deletérios que reconheçam as diferenças nas condições de vida, saúde e nas necessidades das pessoas, considerando que o direito à saúde passa pelas diferenciações sociais e deve atender à diversidade. Ademais, essa vertente reconhece a diversidade, além dos diferentes contextos, impondo os recursos necessários e fundamentais para que cada sujeito possa atingir seus resultados particulares. Já a igualdade busca em sua estrutura tratar todos os indivíduos da mesma maneira, independentemente da sua necessidade, ou seja, está baseada na concepção em que todos são conduzidos pelas mesmas regras, gozando dos mesmos direitos e deveres, sem levar em consideração as diferenças entre os indivíduos. Segmentos sociais; Coletividades; Populações e territórios. Reflita Analise a Figura a seguir e reflita: Você consegue perceber as diferenças entre igualdade e equidade? Figura 2 – Diferença de igualdade e equidade Fonte: Adaptada de vitals.sutterhealth.org Após conhecer os determinantes que podem implicar diretamente a saúde biopsicossocial da pessoa idosa, é necessário pensar nas estratégias para o envelhecimento saudável e ativo, sendo esse uma preocupação global, pois busca-se pela qualidade de vida na sua mais variada concepção e concretiza como sendo uma necessidade em meio ao crescimento considerável da população longeva no Brasil e no mundo. Figura 3 – Promoção da saúde geriátrica Fonte: Getty Images Mas, então, como é envelhecer no Brasil? Essa pergunta não é tão simples de ser respondida e entende-se que ainda temos muitos desafios a serem enfrentados, além de lacunas a serem preenchidas, principalmente para as pessoas com baixa instrução, baixa renda e pouco acesso a serviços de assistência, seja no âmbito da saúde, educacional ou de oportunidades de trabalho, pois, nesse sentido, podem vivenciar situações em que não conseguem suprir suas necessidades básicas, corroborando de tal modo para o aumento significativo de questões voltadas para vulnerabilidade, abandono, exclusão social, dentre outras situações que infringem negativamente na qualidade de vida e no processo ativo do envelhecimento. Os desafios vão aumentando significativamente à medida que a população idosa cresce de modo desenfreado. O Brasil precisa urgentemente estruturar ainda mais a elaboração de políticas públicas, programas estratégicos, fomentos, pesquisas e ferramentas que sejam agentes facilitadores na promoção e valorização do sujeito idoso nos pilares sociais que estruturam a sociedade moderna. É necessário identificar estratégias e, posteriormente, pô-las em prática, a fim de inserir completamente a pessoa idosa no cenário social, transformando conceitos já pré-estabelecidos socialmente, em muitos casos negativos diante da figura do idoso, além de utilizar novas tecnologias, com inovação e prática baseada em evidência, com o objetivo de atingir de maneira justa e democrática a equidade na demanda dos serviços de assistência multidimensional para essa parcela populacional. O envelhecimento humano é uma construção social e seu significado vem se transformando ao longo das décadas. Observe a Figura a seguir: Figura 4 – Construção social: envelhecimento Fonte: tec.abinee.org Você percebeu que, em 1904, uma mulher de 42 anos de idade era considerada idosa? Note que, em 2021, tem-se outra definição de quem é uma pessoa idosa, sendo esse um indivíduo de ambos os sexos com idade de 60 anos ou mais. Nessa perspectiva, um dos maiores problemas encontrados na atenção à saúde geriátrica é, ainda, no século XXI, demandar atenção com foco exclusivo na doença, reforçando a ideia do modelo biomédico. Já é provado cientificamente que atuar baseado no conceito da promoção da saúde, idealizando a antecipação dos agravos e, consequentemente, a minimização de problemas deletérios do não cuidado com a saúde pode, em suma, buscar a estabilização de um determinado quadro clínico, além de realizar o monitoramento constante, de modo a impedir ou amenizar o declínio funcional, que repercute de modo negativo na vida humana. Você já parou para refletir sobre a vulnerabilidade enfrentada pelos idosos no cenário atual? Inicialmente, é necessário conhecer o significado da palavra vulnerabilidade. Junges (2007) conceitua vulnerabilidade como um conceito amplo, complexo e multidimensional, o que inclui dimensões relacionadas ao funcionamento biológico e pelo progressivo desequilíbrio de tais funções; alteração psicológica: desponta pelas funções psíquicas do indivíduo e aportada pelos recursos emocionais e afetivos; espiritual: focalizando-se em diferentes recursos simbólicos no enfrentamento de desafios e dos limites impostos pela realidade; cultural, social e ambiental: produzidas pelo entorno sociocultural e agenciadas pelas condições de desigualdade social, econômica e política. Maia (2011), por sua vez, aponta que vulnerabilidade se refere tanto a um grupo de indivíduos incapazes de exercer sua liberdade de expressão e por uma contingência física ou como consequências de sua trajetória de vida, como a grupos também incapazes, por consequências sociais ou políticas. Desse modo, assistir a pessoa vulnerável significa assegurar-lhe proteção de vida para além da proteção de sua integralidade moral, dignidade humana e autonomia. Figura 5 Fonte: Getty Images Mesmo com direitos conquistados, o idoso pertence aos chamados grupos minoritários, ou grupos vulneráveis (mulheres, indígenas, imigrantes, crianças e adolescentes, idosos, população em situação de rua, pessoas com deficiência ou sofrimento mental e comunidade lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros (LGBT). Assim, Minayo e Coimbra (2011, p. 14) apontam que “o envelhecimento não é um processo homogêneo, cada pessoa vivencia essa fase da vida de uma forma, considerando sua história particular e todos os aspectos estruturais (classe, gênero e etnia) a eles relacionados, como saúde, educação e condições econômicas”. O envelhecimento humano torna-se, então, um processo complexo, cujas transformações vividas durante a trajetória de vida do indivíduo podem causar interferência direta no modo singular da vida do sujeito e, desse modo, as particularidades e especificidades terão relação com a influência no estilo de vida de cada um. Com isso, a repercussão do ato de envelhecer é entendida pela pessoa idosa de modos diversos, a considerar sua história e o estilo de vida, as redes sociais, a disponibilidade de suporte afetivo e os valores entendidos por eles como importantes para a qualidade de vida (FREITAS; QUEIROZ; SOUSA, 2010). A vulnerabilidade envolve três dimensões: características pessoais, eventos danosos e capacidade de enfrentamento. A interação entres elas determina a qualidade de vida, podendo apresentar resultados positivos ou negativos mediante a capacidade de reserva de cada indivíduo e os meios compensatórios que são utilizados para administrar a sua vida. Convém destacar que as estratégias de enfrentamento são construídas durante toda a vida e são, em grande parte, influenciadas pelo ambiente social ao qual está inserido. A violência pode se manifestar de três formas: estrutural, que diz respeito às desigualdades sociais, a qual é naturalizada nas expressões da pobreza, miséria e discriminação; interpessoal, refletida pelas relações cotidianas e representada pela violência intrafamiliar; e institucional, que se reflete na aplicação ou omissão da gestão das políticas públicas (SILVA et al., 2016). Culturalmente, a violência contra as pessoas idosas se expressa socialmente por meio da discriminação, visto que elas são estereotipadas como descartáveis, decadentes e um peso para a sociedade. O choque de gerações, os problemas de espaço físico e as dificuldades financeiras somadas a esse imaginário social agravam os abusos e negligências contra os idosos. O envelhecimento humano denomina-se por apresentar peculiaridades que envolve cada indivíduo, sendo este dinâmico e constante, com transformações tanto no nível morfológico quanto funcionais, bioquímicos e psicológicos, que terão como consequência a progressiva redução/perda da capacidade de adaptação ao meio em que vive, exibindo diversas fragilidades, com queda da resistência imunológica e aumento na incidência de processos patológicos, fatores esses comuns para essa fase da vida e que acabam levando-o à morte. Importante! Quanto mais ativo for o idoso, menores serão suas limitações, promovendo, além de prevenção de doenças, reabilitação de saúde, pois aumentam a aptidão física, melhorando a independência no desempenho das atividades do dia a dia, na qual o indivíduo se encontra mais susceptível a danos, comprometimento da autoestima por uma possível perda da autonomia e dos aspectos emocionais. Figura 6 – Ciclo do envelhecimento Fonte: Adaptada de BARBOSA, 2019 A capacidade funcional pode corroborar grandemente em implicações na qualidade de vida da pessoa idosa, por estar relacionada à capacidade do ser humano em manter a sua funcionalidade, usufruindo da sua independência e das atividades sociais até idades mais avançadas. Já a incapacidade funcional se destaca por representar a dificuldade para realizar o desempenho para determinadas atividades da vida diária ou mesmo pela impossibilidade de desempenhá-las, necessitando assim, de algum tipo de ajuda para executar as tarefas. Vídeo Promoção de Saúde e Prevenção de Agravos na Pessoa Idosa Vamos ampliar o conhecimento sobre a saúde na terceira idade? Assista à webpalestra e, posteriormente, reflita sobre esse princípio na vida desse grupo populacional. Webpalestra - Promoção de saúde e prevenção de agravos na pessoa idosa https://www.youtube.com/watch?v=kE4Ng1SQ7aI Figura 7 – Capacidade Funcional Fonte: Adaptada de SALGADO; GONZÁLEZ, 1993 Desse modo, é importante trazer o conhecimento sobre a funcionalidade, que é a capacidade do sujeito de desempenhar alguma atividade ou funções, utilizando habilidades diversas para a execução de interações sociais em suas atividades de lazer, laborais, recreativas e em outros comportamentos requeridos para seu dia a dia. Por isso, é fundamental que o idoso seja assistido por uma equipe multiprofissional, zelando por cuidados específicos, além do elo com familiares, pessoas próximas ou cuidadores, caso esse idoso seja pertencente às instituições de longa permanência, pois, aliado a casos de depressão, pode-se encontrar a solidão como um fator que tem em sua essência o desencadeamento de sentimentos negativos, o que corrobora para a diminuição da qualidade de vida, agravando ainda mais os quadros de tristeza, depressão e distúrbios mentais. Vídeo Saúde Emocional dos Idosos em Isolamento Social Você sabia que a pandemia trouxe prejuízos consideráveis para a saúde da pessoa idosa? Assista ao vídeo a seguir sobre a prevenção do suicídio na terceira idade em tempos pandêmicos. X Simpósio Internacional de Prevenção do Suicídio - Saúde emocional dos idosos em… https://www.youtube.com/watch?v=w2_buVTWINI Figura 8 – Idosos ativos Fonte: Getty Images Com o avanço da idade, os idosos diminuem suas redes de relações sociais, o que corrobora com os aspectos de solidão, depressão e isolamento social, gerando, assim, agravos no processo de envelhecimento. Um dos fatores fundamentais nessa etapa do processo de envelhecimento é a autonomia e a independência, vistas como uma meta fundamental para os indivíduos e para a saúde pública, pois quanto maior qualidade de vida e investimentos na saúde dos indivíduos para enfrentarem a velhice de maneira sem agravos à saúde, menor será a dependência dos sistemas de saúde. Segundo Spirduso (2005), existem cinco níveis de capacidade funcional relacionadas à pessoa idosa, a considerar o envelhecimento como um processo multidimensional e singular: Considera-se “idoso independente” aquele sujeito com habilidades para realizar sem dificuldades e sem auxílio as mais variadas atividades do cotidiano. Figura 9 – Idoso ativo Fonte: Getty Images Nessa perspectiva, vamos, a seguir, destacar alguns pontos importantes para a pessoa idosa na contemporaneidade. Fisicamente dependentes: pessoas que não podem executar atividades básicas da vida diária (como se vestir, tomar banho, comer) e que dependem de outros para suprir as necessidades diárias; Fisicamente frágeis: indivíduos que conseguem executar atividades básicas da vida diária, mas não todas as atividades instrumentais da vida diária; Fisicamente independentes: podem realizar todas as atividades básicas e instrumentais da vida diária, mas são geralmente sedentários; Fisicamente ativos: realizam exercícios regularmente e aparentam ser mais jovens que sua idade cronológica; Atletas: correspondem à pequena porcentagem da população, pessoas engajadas em atividades competitivas. Para se pensar no envelhecimento saudável, o foco é prevenir e promover a saúde humana, porém, caso esse nível de atenção seja ineficaz e o idoso já esteja com algum tipo de alteração, patologia ou transtorno, faz-se necessário com que o idoso se adapte ao seu estado atual, buscando ao máximo a minimização de efeitos negativos à sua saúde, desse modo, o envelhecimento saudável envolve também o desenvolvimento e a manutenção de habilidades funcionais que favoreçam positivamente o bem-estar e a qualidade de vida nessa etapa do ciclo vital. Diante desse pensamento, para a qualidade de vida na terceira idade, podemos citar uma tríade importante: Assim, diversos aspectos são importantes durante o processo de envelhecimento. A seguir, vamos citar alguns fundamentais para sua compreensão acerca da pessoa idosa: Capacidade intrínseca: destaca-se por ser a vitalidade e a energia de cada indivíduo; Funcionalidade: é a habilidade de realizar determinadas atividades e ações importantes as quais o sujeito julgue importante, enfatizando suas atividades de vida diária; Ambientes: os mais variados lugares que envolvem o ser humano e servem de oportunidades, estímulos diversos e acessibilidade. Importante! Quando se pensa em funcionalidade, é necessário pensar no idoso como um sujeito biopsicossocial e espiritual, dotado de demandas específicas e singulares. Buscando ao máximo as oportunidades positivas que possivelmente podem melhorar sua vida, viabilizando o melhor ambiente possível, dentro de um conceito facilitador e sem barreiras. Cognição: destaca-se por ser a capacidade de processar informações e, assim, tem em sua concepção a transformação em conhecimento, com base em um conjunto de habilidades mentais e/ou cerebrais como a percepção, a atenção, o raciocínio, o pensamento, a linguagem e a memória; Atenção: é o processo no qual se pode direcionar os recursos mentais sobre os aspectos mais relevantes do meio em que os indivíduos vivem e também sobre a execução de determinadas ações, as quais se podem considerar mais adequadas. A atenção tem a estratégia que mantém em estado de observação e de alerta, o que permite ao ser vivo a consciência do que ocorre no seu entorno. Em suma, a atenção é a capacidade de gerar, direcionar e manter um estado de ativação adequado para o processamento correto da informação. Dentro dessa função, devemos falar sobre cinco processos diferentes: Atenção sustentada: é a capacidade de manter, com fluidez, o foco de atenção em uma tarefa, ação ou evento durante um período de tempo prolongado; Atenção seletiva: aptidão para direcionar a atenção e se concentrar em algo, sem permitir que outros estímulos, internos ou externos, interfiram na realização de uma tarefa. Assim, ela é seletiva naquele assunto, ação, envolvimento e objetivo único; Atenção alternada: habilidade de mudar o foco de atenção de uma tarefa ou norma interna para outra, de maneira fluida; Atenção dividida: capacidade de lidar com duas ou mais tarefas/estímulos simultâneos; Velocidade de processamento: ritmo no qual o cérebro realiza uma tarefa (evidentemente, varia de acordo com a tarefa, dependendo do resto das funções cognitivas envolvidas nela); Heminegligência: grande dificuldade ou incapacidade para direcionar a atenção para um dos lados (normalmente para o lado esquerdo), tanto em relação ao próprio corpo como ao espaço. Tomada de decisões: capacidade de selecionar a melhor maneira de atuar, após analisar as diferentes opções existentes e seus possíveis resultados e consequências; Linguagem: qualquer meio que gera poder de se comunicar ideias ou sentimentos por meio de signos convencionais, tais como: sonoros, gráficos, gestuais, orais, dentre outros; Memória: é a capacidade de codificar, armazenar e recuperar, de maneira eficaz, informações e fatos obtidos por meio das mais variadas experiências vivenciadas durante a vida, seja algo momentâneo ou passado. Podemos identificar vários tipos de memória: Memória episódica: relação às informações sobre fatos e experiências vividas, localizados no espaço e no tempo. Tem relação com a memória pessoal. Por exemplo: a rua da minha casa, uma viagem que eu fiz e gostei, meu número de telefone…; Memória semântica: refere-se aos conhecimentos em âmbito geral, ou seja, fatos universais. Todos possuímos esse tipo de memória. Por exemplo: uma fruta com a letra A, o dia do Natal, qual a roupa do Papai Noel…; Memória processual: refere-se às informações sobre fatos e experiências vividas, localizados no espaço e no tempo. Figura 10 – Idoso e o processo de memória Fonte: Getty Images É importante destacar duas habilidades presentes no processo de envelhecimento e que os idosos tendem a perder ao longo do passar dos anos: Habilidades Visuoespaciais: é a capacidade que nos permite localizar objetos no espaço em relação a nós mesmos. Por exemplo: onde é o banheiro? Onde estou? Habilidades Visuoperceptivas: capacidade de identificar, reconhecer e discernir objetos, cores, formas e imagens. Chegamos ao final desta Unidade. É importante compreender os aspectos que envolvem a terceira idade, bem como as características que são relevantes para identificar as necessidades individuais e coletivas da população idosa, sem se esquecer de observar a multidimensionalidade que envolve o ser. Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Como Investigar as Alterações Cognitivas e Demência em Idosos Alzheimer: Mudanças na Comunicação e no Comportamento TEMA 2 de 3 Material Complementar Webaula - Como investigar as alterações cognitivas e demência em idosos Alzheimer: mudanças na comunicação e no comportamento | AUDIODESCRIÇÃO https://www.youtube.com/watch?v=WwbJwahv31o https://www.youtube.com/watch?v=RQZlPFYuyT8 Como Envelhecer Cuidados com Idosos O Tempo Como Envelhecer - palestra da Dra Ana Claudia Quintana Arantes CUIDADOS COM IDOSOS - Sarau virtual inFINITO 2020 O Tempo - palestra da Dra Ana Claudia Quintana Arantes https://www.youtube.com/watch?v=pSxvtbqXmFk https://www.youtube.com/watch?v=pLbBHS5sWT4 https://www.youtube.com/watch?v=NaU5bx_Kiz0 Leitura Cartilha do Idoso Clique no botão ao lado para conferir o conteúdo. ACESSE Cartilha do Idoso: um Guia para se Viver Mais e Melhor Clique no botão ao lado para conferir o conteúdo. ACESSE Cartilha Direitos Humanos das Pessoas Idosas Clique no botão ao lado para conferir o conteúdo. ACESSE https://www.anadep.org.br/wtksite/cartilhaidoso.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_viver_mais_melhor_melhor_2006.pdf https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2018/marco/CartilhaUNISAL.pdf FREITAS, M. C; QUEIROZ, T. A; SOUSA, J. A. V. O significado da velhice e da experiência de envelhecer para os idosos. In: Rev. Esc. Enferm. USP, São Paulo, v. 44, n. 2, p. 407-412, 2010. JUNGES, J. R. Vulnerabilidade e saúde: limites e potencialidades das políticas públicas. In: BARCHIFOINTAINE, C. P.; ZOBOLI, E. L. C. P. (Orgs.). Bioética, vulnerabilidade e saúde. São Paulo: Centro Universitário São Camilo, 2007. p. 110-138. MAIA, F. O. M. Vulnerabilidade e envelhecimento: panorama dos idosos residentes no município de São Paulo - Estudo SABE. 2011. Tese (Doutorado em Ciências- Enfermagem na saúde do adulto) – Escola de enfermagem, Universidade de São Paulo, 2011. MINAYO, M. C. D. S.; COIMBRA, C. E. A. J. Entre a liberdade e a dependência: reflexões sobre o fenômeno social do envelhecimento. 2ª ed. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2011. SALGADO, A.; GONZÁLEZ, J. I. Importancia de la valoración geriátrica. In: SALGADO, A.; ALARCÓN, M. Valoración del Paciente Anciano. Barcelona: Masson, 1993. p. 3-7. SILVA, M. F. et al. Relação entre os níveis de atividade física e qualidade de vida de idosos sedentários e fisicamente ativos. In: Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, v. 15, n. 4, p. 635-642, out./dez. 2012. Disponível em: <https://www.redalyc.org/pdf/4038/403838800004.pdf>. Acesso em: 04/10/2021. SPIRDUSO, W. Dimensões físicas do envelhecimento. São Paulo: Manole, 2005. TEMA 3 de 3 Referências Conteudista: Prof. Me. Danilo Cândido Bulgo Revisão Textual: Maiara Stéfani Costa Brandão Objetivos da Unidade: Relacionar os principais subsídios acerca das políticas, órgãos e fomentos que garantam assistência à pessoa idosa; Conceituar os aspectos gerais a luz da Promoção da Saúde, SUS e Agenda 2030 – ODS. Material Teórico Material Complementar Referências Legislação, Órgãos e Políticas Públicas de Saúde para a População Idosa Introdução Olá, aluno (a), vamos iniciar nossa Unidade de estudo! Você perceberá que trabalhar com a pessoa idosa é um campo crescente na sociedade moderna e que, desse modo, é necessária uma equipe multiprofissional capacitada para atuar com esse grupo populacional. Porém, faz parte da competência profissional, conhecer e identificar a importância dos órgãos nacionais e internacionais, das políticas públicas, dos programas assistenciais e das mais variadas leis que protegem a pessoa idosa e os aspectos que envolvem o processo de envelhecimento humano. Para obter um melhor desempenho nesta unidade, você deve percorrer todos os conceitos e materiais complementares disponibilizados, pois eles sintetizam e ampliam as abordagens indispensáveis para compreender a temática proposta. Vamos lá? Bons estudos! Legislação, Órgãos e Políticas Públicas de Saúde para a População Idosa Na sociedade contemporânea, a pessoa idosa vem conquistando diversos direitos e garantias indispensáveis para essa etapa do ciclo vital. Porém, nem sempre a vida do idoso foi assunto central no cenário político, social, educacional, laboral e de saúde. Por muito tempo, houve a visão de que esse grupo populacional não necessitava de direitos e respaldos nos pilares sociais. 1 / 3 Material Teórico O olhar para a vida global geriátrica no território nacional, teve sua reformulação, por meio das demandas advindas com o fenômeno do envelhecimento da população, devido ao crescimento demográfico, fator impulsionador para se repensar nas condutas que cercam a população idosa. Assim, tal fenômeno contribuiu de modo positivo para delimitar uma visão multidimensional que abarcasse o pensamento ao idoso enquanto sujeito. Antes de iniciarmos uma discussão mais profunda sobre essa temática, antigamente o idoso não era considerado um sujeito que gozava de direitos, porém no cenário contemporâneo, todo indivíduo com 60 anos ou mais, possuí direito a ser atendido, com prioridade, tanto nos órgãos públicos quanto em instituições privadas que prestam serviços à população geral. O atendimento preferencial deve ser prestado nos mais variados cenários, como, por exemplo, em hospitais, bancos, supermercados, cinemas, teatros, aeroportos, lotéricas, lojas de departamento e muitos outros lugares. No território brasileiro, apesar de iniciativas advindas do Governo Federal durante a década de 70 em prol das pessoas idosas, foi apenas no ano de 1994 que foi instituída uma política nacional realmente pautada nas necessidades que o idoso tem para viver com dignidade. Antes desse período, as ações de cunho governamental possuíam em sua essência o caráter exclusivamente caritativo (no sentido de caridade) e protetivo (de proteção), sendo destaque nos anos 70 a edificação dos benefícios não contributivos como as aposentadorias para os trabalhadores rurais e a renda mensal vitalícia para os necessitados urbanos e rurais com idade superior a 70 anos que não recebiam benefício da Previdência Social. Vamos, a seguir, evidenciar por meio de uma linha do tempo, alguns momentos importantes que foram marcos históricos nacionais e internacionais para a pessoa idosa: 1961: criação da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia; A década de 70 se destaca por ser um período revolucionário para a pessoa idosa, pois o Governo Federal começou a identificar, por meio legal, as reais necessidades advindas do processo de envelhecimento. Antes desse período, as ações governamentais eram voltadas exclusivamente para os aspectos filantrópicos e protetivos. 1963: grupos de convivência do SESC (Serviço Social do Comércio); 1976: foi realizado na cidade de Brasília o “I Seminário Nacional de Estratégias de Política Social para o Idoso”, onde começou-se a pensar no direito e na proteção do sujeito idoso. Esse evento foi revolucionário e seria fundamental para a Política Nacional e para o Estatuto do Idoso; 1977: foi elaborado e instituído o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (Lei 6.439/1977); 1982: a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou durante a “Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento”, o “Plano Internacional de Ação sobre o Envelhecimento”, aprovado por meio da resolução 37/51, de 03 de dezembro de 1982. O Plano destaca uma série de recomendações sobre as sete áreas básicas e indispensáveis para o sujeito que envelhece, sendo elas: Saúde e nutrição; Proteção ao consumidor idoso; Moradia e meio ambiente; Bem-estar social; Previdência social, trabalho, educação e família. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Nesse momento, os eventos ocorridos, documentos elaborados e a visão global acerca da pessoa idosa refletiram também na estruturação de um novo modelo de saúde nacional, e assim, a fim de atender as mais variadas demandas da sociedade, começou-se a pensar em um sistema de saúde diferente do que existia na época. Vamos, a seguir, compreender o Sistema Único de Saúde (SUS). Sistema Único de Saúde – SUS Antes da criação do SUS, a saúde pública brasileira era restrita para alguns grupos populacionais, o que dificultava grandemente o atendimento da população, porém vamos compreender alguns aspectos importantes: Leitura Plano Internacional de Ação sobre o Envelhecimento Leia o Plano Internacional de Ação sobre o Envelhecimento na íntegra e perceba a importância desse documento. http://www.observatorionacionaldoidoso.fiocruz.br/biblioteca/_manual/5.pdf Em 1977, foi criado o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social, popularmente conhecido como Inamps, e tinha como finalidade prestar serviço assistencial em saúde exclusivamente às pessoas que possuíam carteira de trabalho, ou seja, só eram atendidos pelo sistema de saúde trabalhadores e dependentes que contribuíam com a previdência, isto é, só os trabalhadores formais poderiam ter acesso à saúde pública. Figura 1 – Inamps Fonte: redetb.org O Inamps foi constituído após a pressão das grandes companhias e indústrias, que não queriam que seus funcionários se ausentassem dos postos de trabalho por motivo de doença. Tal sistema era mantido por ordem governamental, pelo empregador e também pela população. Os brasileiros que mantinham empregos informais, bem como não trabalhavam e/ou que não se encaixavam na categoria exigida, eram obrigados a recorrer ao atendimento particular, pagando pelas consultas, tratamentos e assistência geral, ou mesmo instituições como as Santas Casas de Misericórdia e os hospitais universitários, que realizavam atendimento gratuito, além de depender de serviços advindos da filantropia. O número dessas instituições era muito pequeno comparado à demanda exigida. Figura 2 – Descaso na saúde pública Fonte: cee.fiocruz Assim, para atender a demanda nacional e reformular o paradigma de assistência em saúde de modo mais abrangente, após diversas reuniões e discussões, o SUS foi criado em 1988 pela Constituição Federal Brasileira, que desmistificou o conceito de atendimento exclusivamente para trabalhadores formais e designou que a saúde é dever do Estado e a assistência deveria abarcar toda a população brasileira. Seu início se deu nos anos 70 e 80, quando diversos setores se movimentaram em prol da revolução do movimento sanitário, com a finalidade de pensar um sistema público voltado para o atendimento da população, sem discriminação e possibilitando o direito universal à saúde. Veja, a seguir, uma linha do tempo para elucidar datas históricas sobre a saúde pública nacional e veja o reflexo na vida da pessoa idosa: Vídeos A História da Saúde Pública no Brasil – 500 Anos na Busca de Soluções Aumente sua curiosidade sobre a saúde pública brasileira assistindo o vídeo a seguir. Aproveite e reflita sobre a temática. A história da saúde pública no Brasil – 500 anos na busca de soluç… 1923 – Criação das Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAP): Garantir pensão em caso de algum acidente ou afastamento do trabalho por doença, e uma futura aposentadoria; https://www.youtube.com/watch?v=7ouSg6oNMe8 1932 – Criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs): As CAP são substituídas pelos IAPs, que eram autarquias de nível nacional centralizadas no governo federal; 1965 – Criação do Instituto Nacional de Providência Social (INPS): Em 1964, foi criada uma comissão para reformular o sistema previdenciário, que culminou com a fusão de todos os IAPs no INPS; 1977 – Criação do SINPAS e do INAMPS: Sistema Nacional de Assistência e Previdência Social e Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (órgão governamental prestador da assistência médica); 1982 – Implantação do PAIS – Programa de Ações Integradas de Saúde: Ênfase na atenção primária, sendo a rede ambulatorial pensada como a “porta de entrada” do sistema; 1986 – 8ª Conferência Nacional de Saúde: Proposta de Criação do SUS (Sistema Único de Saúde); 1987 – Criação dos SUDS – Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde: Universalização e equidade no acesso aos serviços de saúde; integralidade dos cuidados assistenciais; descentralização das ações de saúde; implementação de distritos sanitários; 1988 – Constituição Federal: Prevê entre os artigos 196 e 200 uma seção específica para tratar das políticas de Saúde; 1990 – Lei Orgânica do SUS, Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990: Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes; 1990 – Lei Complementar do SUS, Lei nº 8.142/1990: Deliberação sobre o caráter participativo da comunidade na gestão do SUS e sobre a redefinição das formas de A saúde antes do SUS era centrada e tinha total responsabilidade da esfera federal, sem a participação dos usuários, ou seja, o cidadão não tinha voz, era um sujeito passivo no processo de saúde. A população que poderia usar recebia apenas o serviço de assistência médico- hospitalar. Isso porque, antes da implementação do SUS, a saúde era vista como ausência de doenças. Na época, cerca de 30 milhões de pessoas tinham acesso aos serviços hospitalares. As pessoas que não tinham dinheiro dependiam da caridade e da filantropia. transferência intragovernamentais dos recursos financeiros; 1991 – Criação da CIT e CIB: Comissão de Intergestores Tripartite e Comissão de Intergestores Bipartite, gestão colegiada do SUS, compartilhada entre os vários níveis de governo; 1993 – NOB-SUS 93 – Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde: Estabeleceu normas e procedimentos reguladores com foco no avanço do processo de descentralização. (Fonte: Sabedoria Política) https://bit.ly/3r15KNU Figura 3 – Logo SUS Fonte: Wikimedia Commons Na Constituição Federal de 1988, após diversos desafios, foi enfim implementado o SUS, regulamentado dois anos depois por meio das Leis 8.080, de 19 de setembro de 1990 e 8.142, de 28 de dezembro de 1990, sendo recentemente atualizada pelo Decreto 7.508, de 28 de junho de 2011. O art. 196 define alguns quesitos importantes, destacando: Importante! A Constituição Brasileira de 1988 diz que a Saúde é direito de todos e dever do Estado. Isso deve ser garantido por políticas sociais e econômicas, reduzindo o risco de doença e promovendo acesso universal e igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e recuperação da saúde. A saúde deve ser compreendida como qualidade de vida e não apenas como ausência de doenças. A gestão das ações e dos serviços deve ser participativa e municipalizada. Já pelo art. 198 (BRASIL, 1988), destaca-se que as ações e os serviços públicos de saúde reúnem uma rede regionalizada e hierarquizada e estruturam um sistema unificado, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: O SUS tem em sua essência a formulação de um modelo de saúde pautado para as necessidades e especificidades individuais e coletivas, visando o resgate de firmar o compromisso advindo do Estado para com o bem-estar social, especialmente no que refere à saúde popular, centrada no modelo biopsicossocial e espiritual, sendo esse o mais ideal quando se fala em saúde. Assim, o SUS possui em sua estruturação princípios doutrinários e organizativos, como pode ser visto a seguir: - BRASIL, 1988 “A saúde como sendo direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.” “I. Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II. Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III. Participação da comunidade [...].” Tabela 1 – Princípios do SUS Princípios Doutrinários Princípios Organizativos Universalidade: todo cidadão tem direito e acesso à saúde e a seus serviços e ações, e é dever do Poder Público garantir isso; Equidade: visa diminuir as disparidades regionais e sociais, em busca de maior equilíbrio no acesso e atendimento aos cidadãos; Integridade: as necessidades particulares de uma pessoa ou de um grupo, mesmo que minoritário, devem ser levados em consideração para que haja atendimento integral. Descentralização: os poderes devem ser distribuídos de forma integrada e articulada nas três esferas governamentais: federal, estadual e municipal; Regionalização e hierarquização: os serviços devem se articular de forma a hierarquizar os casos segundo sua complexidade para atender a demanda de determinada área geográfica de forma integrada; Participação da comunidade: estratégias para estabelecer a participação da comunidade na formulação e avaliação das políticas de saúde, principalmente por meio dos conselhos de saúde. Fonte: Sanar Saúde, 2021 https://bit.ly/3FUhllP Princípios Organizativos Vídeos Princípios Doutrinários A seguir, você poderá identificar a real importância de se compreender os princípios doutrinários e organizativos do SUS. Princípios Doutrinários do SUS Princípios Organizativos do SUS https://www.youtube.com/watch?v=k1J6kBldkGI https://www.youtube.com/watch?v=NmVWpCIQTlE Reflita Um dos princípios do SUS é a equidade, porém vamos observar na prática o real significado dessa terminologia? Reflita sobre a Figura a seguir e tente imaginar você atuando com a pessoa idosa: será que todos devem ser tratados exclusivamente com igualdade? Ou se faz necessário pensar nas particularidades de cada sujeito, baseando-se no princípio da equidade? Boa reflexão! Figura 4 Fonte: Adaptada de interactioninstitute.org O SUS ainda designa o conceito amplo de saúde: “A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a Desde sua criação, é possível notar a evolução do sistema público de saúde para toda população brasileira, atendendo todo cidadão independente de sua religião, gênero, orientação sexual, raça, estado civil, dentre outras características individuais. Hoje em dia, o sistema já se consolidou por ser descentralizado, municipalizado e participativo, e a saúde é vista como qualidade de vida. É imprescindível saber que o SUS não é apenas assistência médico-hospitalar e está em todos os pilares possíveis da sociedade onde tem corresponsabilidade na vigilância permanente das condições sanitárias, do saneamento básico, dos ambientes, da segurança do trabalho e da saúde do trabalhador, assim como da higiene dos estabelecimentos e serviços. Além disso, o SUS atua no registro de medicamentos, insumos e equipamentos, além de controlar a qualidade dos alimentos e sua manipulação até chegar na mesa dos brasileiros, conduta e normaliza serviços e ainda define padrões para garantir maior proteção à saúde dos indivíduos. No início dos estudos sobre a saúde humana, a palavra saúde era traduzida como “ausência de doença”, ou seja, a terminologia era vista dentro do modelo biomédico como algo exclusivamente centrado na ausência de doença, dor, ou defeito, o que torna a condição humana normal "saudável". O foco do modelo sobre os processos físicos, tais como a patologia, a bioquímica e a fisiologia de uma doença, não leva em conta o papel dos fatores sociais ou da subjetividade individual. Porém, com a evolução e a contextualização sobre a saúde, passou-se a considerar outros elementos condicionantes que proporcionam subsídios fundamentais e que implicam diretamente na saúde humana: - BRASIL, 1990a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do País. Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social.” Assim, nessa perspectiva, a OMS define saúde como sendo “um estado de completo bem-estar físico, mental, social e espiritual e não apenas a ausência de doença”. Percebeu como essa conceituação ficou mais ampla e envolve o ser humano na sua totalidade e multidimensionalidade? Após conceituar o SUS, vamos continuar os estudos sobre os fatos marcantes que auxiliaram a pessoa idosa ser vista como sujeito de direitos e proteções múltiplas: Meio físico (condições geográficas, água, alimentação, habitação, etc); Meio socioeconômico e cultural (emprego, renda, educação, hábitos, etc); Garantia de acesso aos serviços de saúde responsáveis pela promoção, proteção e recuperação da saúde. 1992: neste ano foi realizada a “Conferência Internacional sobre o Envelhecimento”, onde foi dado seguimento ao Plano de Ação, tendo como base o início da Proclamação do Envelhecimento; 1994: foi instituída uma política nacional destinada para a pessoa idosa. Foi aprovada a Lei 8.842/1994, que estabelece a “Política Nacional do Idoso” (PNI), posteriormente regulamentada por meio do Decreto 1.948/1996, dando início ao Conselho Nacional do Idoso. Essa Lei visa garantir direitos sociais que corroborem para a promoção da autonomia, a integração e a participação de maneira efetiva a pessoa idosa na sociedade, de modo a desempenhar sua cidadania. Figura 5 – Acolhimento entre idosos Fonte: Getty Images Desse modo, a partir desse ano foi considerada a idade de 60 anos ou mais, para um indivíduo ser classificado como uma pessoa idosa. Como elemento das estratégias e diretrizes dessa política, ganha ênfase a descentralização de ações, estreitando laços com os Estados e municípios, em parceria com entidades governamentais e não governamentais. A Lei aponta determinantes aspectos, tais como: assegurar à pessoa idosa todos os direitos de cidadania, com a família, a sociedade e o Estado, os responsáveis em garantir sua participação no meio social, proteger sua dignidade, bem-estar e direito à vida. Importante! Respaldado pela Lei, a pessoa idosa em hipótese alguma deve sofrer discriminação em nenhuma esfera que cerca a sociedade, sendo obrigação dos poderes públicos e da sociedade em geral a aplicação dessa lei, ponderando as diferenças sociais e econômicas, bem como as regionais. 1999: a ONU declarou esse ano como sendo o “Ano Internacional do Idoso” proporcionando uma série de transformações na representação do sujeito idoso, que deixou de ser visto como dependente e vulnerável, passando a ganhar notoriedade social e com uma imagem ativa, mais saudável e longe de ser aquele ser padronizado e frágil; 1999: ainda neste ano foi elaborada a “Política Nacional da Saúde do Idoso” por meio da Portaria 1.395/1999 do Ministério da Saúde, que estruturou diretrizes fundamentais que norteiam a definição e redefinição de planos, programas, projetos e ações no campo de atenção integral às pessoas em processo de envelhecimento e aos idosos. Destacam-se nas diretrizes: a busca pela promoção do envelhecimento ativo e saudável, enfatizando como essencial o foco na prevenção de doenças, a manutenção da capacidade funcional, a assistência às necessidades de saúde da pessoa idosa, à reabilitação da capacidade funcional comprometida, a capacitação de recursos humanos, auxílio ao desenvolvimento de cuidados informais, e fomento para novas pesquisas e estudos, garantindo primordialmente sua permanência no meio social desempenhando as atividades da maneira mais autônoma possível (BRASIL, 1999); 2003: neste ano a pessoa idosa enfrenta positivamente um momento histórico, pois entra em vigor a Lei 10.741/2003, que aprova o “Estatuto do Idoso”, documento nacionalmente conhecido e com objetivo central de viabilizar e regularizar de modo justo os direitos assegurados aos idosos. O Estatuto corrobora os princípios que orientaram as discussões sobre os direitos humanos da pessoa idosa. Este Pensando no Estatuto do Idoso (2003), observe a seguir alguns pontos importantes sobre o documento: documento aponta os direitos fundamentais do idoso relacionados aos aspectos: à vida, à liberdade, ao respeito e à dignidade, a alimentos, saúde, educação, cultura, esporte e lazer, profissionalização do trabalho, previdência social, assistência social, habitação e ao transporte. Ademais, discorre sobre medidas de proteção, política de atendimento ao idoso, acesso à justiça e crimes (BRASIL, 2003). Fica claro a designação na qual o idoso necessita de atenção integral à saúde, por intermédio do Sistema Único de Saúde (SUS), garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, abarcando ainda a atenção especial às doenças que afetam preferencialmente a pessoa idosa; Direito a acompanhante em caso de internação ou observação em hospital; Exigir medidas que visam sua proteção sempre que seus direitos estiverem em estado de vulnerabilidade ou ameaça, bem como violados por ação ou omissão da sociedade, do Estado, da família, de seu curador (cuidador) ou de entidades de atendimento; Conceder desconto de, pelo menos, 50% nos ingressos e/ou convites para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer; Proporcionar gratuidade no transporte coletivo público urbano e semiurbano, com reserva de 10% dos assentos, que deverão por obrigação ser identificados com placa de reserva; Reserva de duas vagas gratuitas no transporte interestadual para idosos com renda igual ou inferior a dois salários-mínimos e desconto de 50% para os idosos que excedam as vagas garantidas; Concessão de 5% das vagas nos estacionamentos públicos e privados; Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Prioridade na tramitação dos processos e dos procedimentos na execução de atos e diligências judiciais; Direito de requerer o Benefício de Prestação Continuada (BPC), a partir dos 65 anos de idade, desde que não possua meios para prover sua própria subsistência ou de tê- la provida pela família; Direito de 25% de acréscimo na aposentadoria por invalidez (casos especiais). Dentre muitos outros direitos disponíveis no Estatuto. Leitura Lei N° 10.741, de 1º de Outubro de 2003 Você já teve a curiosidade de ler o Estatuto do Idoso? O documento está disponível gratuitamente para leitura! http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.741.htm Figura 6 – Idosos assistidos de modo biopsicossocial Fonte: Getty Images 2006: criada naquele ano, a Portaria 2.528, consolidou a “Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa” (PNSPI), aprovada no dia 19 de outubro de 2006. A PNSPI tem como finalidade garantir que a pessoa idosa encare essa etapa do ciclo vital, de modo a se ter um envelhecimento ativo e saudável, o que constitui preservar a capacidade funcional, autonomia e manter o máximo da qualidade de vida em acordo com os princípios e diretrizes do SUS, que norteiam medidas individuais e coletivas em todos os níveis de atenção à saúde. “A PNSPI tem como diretrizes: I. Promoção do Envelhecimento Ativo e Saudável; Reforçando os dizeres da PNSPI, a essência basal é: promover, manter e recuperar o máximo da autonomia e independência dos sujeitos com 60 anos ou mais, viabilizando o olhar multidimensional tanto no que tange a individualidade quanto a coletividade humana, de maneira a alcançar como meta, a atenção à saúde adequada e digna para os idosos brasileiros, centrada na capacidade funcional, que se destaca por ser a manutenção total/plena das habilidades físicas e mentais desenvolvidas ao longo das etapas vitais que constituem os seres humanos, necessárias e suficientes para uma vida independente e autônoma. A capacidade funcional auxilia na execução das atividades de vida diária, o que aumenta a capacidade de autocuidado. Clique no botão para conferir o conteúdo. Leitura Portaria N° 2.528 de 19 de Outubro de 2006 Para aprimorar ainda mais seu conhecimento, leia a seguir a PNSPI e reflita sobre sua futura profissão. II. Atenção Integral e integrada à Saúde da Pessoa Idosa; III. Estímulo às ações intersetoriais, visando à integralidade da atenção; IV. Provimento de recursos capazes de assegurar qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa; V. Estímulo à participação e ao fortalecimento do controle social.” ACESSE Considerando que a política de saúde da pessoa idosa deve trabalhar com o paradigma capacidade funcional, se faz necessário a organização dos serviços, olhando para além das doenças, buscando a compreensão dos aspectos funcionais do indivíduo que envelhece, bem como suas condições socioeconômicas e sua capacidade de autocuidado. Figura 7 – Independência funcional Fonte: Getty Images https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt2528_19_10_2006.html Assim, após percorrer por datas e eventos relevantes para a saúde global dos idosos, vamos abordar a relevância de órgãos nacionais e internacionais que auxiliam na manutenção biopsicossocial deste grupo populacional. Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) foi fundada no dia 16 de maio de 1961, na cidade do Rio de Janeiro, e se destaca nacionalmente por ser uma associação de cunho civil, sem fins lucrativos, que possui em sua estruturação a finalidade de coligar profissionais multidisciplinares de nível superior e que possuam interesse nos estudos que envolvem a multidimensionalidade do campo da Geriatria e Gerontologia, estimulando e apoiando o desenvolvimento global, além de realizar a divulgação do conhecimento científico na área do envelhecimento humano. Ademais, promove o aperfeiçoamento e a capacitação constante dos seus associados. Figura 8 – Logo da SBGG Fonte: sbgg.org 2006: este ano ainda contou com o evento denominado “I Conferência Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa”, que aconteceu na cidade de Brasília e teve como eixo central a pauta de garantir e ampliar os direitos da pessoa idosa com o objetivo de construir a Rede Nacional de Proteção e Defesa da Pessoa Idosa (BRASIL, 2006). Organização Mundial de Saúde (OMS) A Organização Mundial de Saúde (OMS) foi fundada no dia 07 de abril de 1948, e teve um crescimento rápido em todo mundo, surgindo com a proposta de zelar de modo amplo e direcionado às questões relacionadas com a saúde do planeta. O objetivo da OMS, de acordo com os dizeres advindos da sua constituição, é garantir para todas as pessoas do mundo o mais elevado nível de saúde, reforçando a ideia de que conceituar a terminologia “saúde” ultrapassa a simples definição de “ausência de doença” e abrange seu contexto para o estado de completo bem-estar físico, mental, social e espiritual. Diversas são as funções da OMS, porém leia algumas propostas que essa organização dissemina pelo mundo: Você Sabia? Você sabia que pode fazer parte da SBGG? Para se tornar um associado é necessário possuir ensino superior completo, estar inscrito no conselho profissional de sua categoria, preencher um formulário de vínculo associativo e submeter o cadastro à avaliação da seção da SBGG no seu Estado. Auxiliar os governos mundiais no fortalecimento dos serviços de saúde; Estimular pesquisas para erradicação de doenças; Atuar na promoção de melhoria dos aspectos nutricionais, habitação, saneamento, recreação, condições socioeconômicas e de trabalho da população; Fomentar positivamente a cooperação entre grupos científicos para que estudos na área de saúde avancem; Fornecer informações diversas sobre os aspectos de saúde; Realizar a classificação internacional das doenças; Atuar de modo operante no combate de surtos epidemiológicos que afetam diferentes regiões do mundo; Buscar intervir positivamente em situações de emergência; Prestar assistência na prevenção de doenças por meio do seu Programa Ampliado de Imunização, cujo objetivo é promover a distribuição de vacinas e medicamentos; Enfatizar a importância da prevenção de doenças, manter uma gama de campanhas para promoção da saúde humana; Levantar dados e informações sobre a ocorrência de doenças no planeta; Ser responsável pela Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID), a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) e a Classificação Internacional de Intervenções de Saúde (ICHI). Essas classificações são importantes por permitirem a padronização das doenças e eventos de saúde em todo mundo, colaborando para que esses eventos sejam analisados de forma estatística e viabilizem a elaboração de estratégias para combatê-las. Figura 9 – Logo da OMS Fonte: Wikimedia Commons A pessoa idosa se destaca nos pilares da OMS, pois enfatiza mundialmente a relevância de se criar políticas públicas e ações que preconizem o envelhecimento ativo e que sejam pautadas no bem-estar, na qualidade de vida, na autonomia e na independência. Assim, a OMS estabelece como primordial: A independência e a autonomia dos idosos do mundo; O consentimento informado em relação à saúde de modo amplo; O reconhecimento igualitário da lei; A seguridade social, a acessibilidade e a mobilidade individual da pessoa idosa; Evidência e assistência técnica aos países para criar ambientes amigáveis aos idosos, garantindo a inclusão dos mais vulneráveis; A oportunidade para conectar cidades e comunidades; Troca de informações e experiências e facilitar o aprendizado por meio de lideranças nos países, cidades e comunidades sobre o que funciona para promover o envelhecimento saudável em diferentes contextos; A criação de fomentos, estratégias e ferramentas de apoio aos países, cidades e comunidades para monitorar e avaliar o progresso na criação de ambientes amigáveis à pessoa idosa, além de identificar prioridades e oportunidades de ação colaborativa e intercâmbio entre redes e outras partes interessadas. Importante! É indispensável compreender a expressão “Envelhecimento Ativo” que se destaca por ser um processo que otimiza as mais diversas oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de aprimorar positivamente a qualidade de vida à medida que o indivíduo envelhece. A palavra “ativo” tem relação com a participação contínua dos assuntos de cunho social, econômico, cultural, espiritual e cívico, bem como a capacidade de ser fisicamente ativo ou de participar do mercado de trabalho. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Organização das Nações Unidas (ONU) A ONU é uma organização internacional constituída no dia 26/06/1945 por meio da elaboração da Carta de São Francisco, que inicialmente era composta por apenas 51 Estados e atualmente conta com cerca de 193 países, incluindo o Brasil. Sua idealização se dá pelo fato de ser fruto da pós-guerra com o objetivo de atingir a paz e a segurança a nível mundial. No contexto da carta, existem diversos propósitos basais que norteiam os propósitos da ONU, sendo eles: Leitura Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde A OMS lançou em 2015 um relatório muito interessante sobre o envelhecimento humano. Você poderá ler acessando o link a seguir: Manutenção da paz e da segurança internacional; Promover relações amigáveis entre as nações tendo características como o respeito, a igualdade de direitos e autodeterminação dos povos; Colaborar na resolutividade dos problemas internacionais de caráter econômico, cultural e humanitário; https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/186468/WHO_FWC_ALC_15.01_por.pdf;jsessionid=A0AFDBC1BD73589FCB2DA482B56E8DAC?sequence=6 Ademais, tem-se os princípios que norteiam a atuação da ONU: Em relação à pessoa idosa, a ONU possui diversos fomentos que conceituam e reconhecem o sujeito idoso como parte fundamental da sociedade contemporânea. Diversas ações são realizadas, inclusive a ONU declarou por meio da “Assembleia Geral das Nações Unidas” que entre os anos de 2021 a 2030 será reconhecido como a “Década do Envelhecimento Saudável” e assim, considera que diversas medidas e ações urgentes devem ser realizadas para proteger e garantir subsídios reais para esse grupo populacional. A saúde surge como um aspecto indispensável para a experiência geriátrica e para as inúmeras oportunidades que o envelhecimento humano traz em sua essência. Por meio da “Década do Envelhecimento Saudável”, a ONU dissemina para os países a busca por: Estimular o respeito dos direitos humanos e das liberdades fundamentais; Elaborar métodos de diálogo entre os povos. Igualdade soberana dos membros; Manter a boa-fé no cumprimento das obrigações internacionais; Resolução de problemas diversos e conflitos por meios pacíficos; Princípios da abstenção do uso da força e da ameaça contra a integridade territorial e a independência política de qualquer Estado; e Não intervenção em assuntos que sejam essencialmente da competência interna dos Estados. Mudanças no modo urgente de pensar, sentir e agir em relação à pessoa idosa; Facilitação na capacidade da pessoa idosa em participar e contribuir com suas comunidades e sociedade; Prestação da atenção integrada e serviços de saúde a nível primário que atendam às necessidades e especificidades do indivíduo; Promoção no acesso aos cuidados multidimensionais e integrais de longa duração para pessoas idosas. Saiba Mais Atualmente, a organização expressa a preocupação de que, apesar do ritmo acelerado do crescimento da população idosa em todo planeta, os países ainda não estão suficientemente preparados para respaldar de modo integral aos direitos e necessidades advindos do processo de envelhecer. Figura 10 – População idosa Fonte: Getty Images Promoção da Saúde e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) A expressão “Promoção da Saúde” foi criada por Henry E. Sigerist, no ano de 1946, destacando- se pela capacidade de associar a influência do momento histórico, cultural e filosófico na saúde e na organização dos serviços de saúde. O precursor define a Promoção da Saúde como estratégia fundamental para o enfrentamento dos múltiplos problemas de saúde que acometem a população humana, partindo de uma concepção ampla e interdisciplinar, propondo associar saberes técnicos, científicos e populares, além da mobilização de recursos públicos, privados, institucionais e comunitários para o enfrentamento do processo saúde-doença e seus determinantes. No decorrer da década de 1960, o conceito de saúde-doença impulsionou a prevenção por meio de estilo de vida e hábitos saudáveis, com a finalidade de atuar nos fatores de risco, e a Promoção da Saúde seria protagonista na atenção primária. Figueiredo et al. (2016) destacam que o conceito de Promoção de Saúde se aplica: Em meados de 1986, a Conferência Internacional sobre a Promoção da Saúde, realizada em Ottawa, no Canadá, estabeleceu uma gama de princípios éticos e políticos, definindo os campos de ação. De acordo com o documento chamado “Carta de Ottawa”, a Promoção da Saúde é o “processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria da sua qualidade de vida e saúde, incluindo maior participação no controle desse processo”. Esse documento ainda destaca que para se conceituar a palavra saúde se faz necessário que o indivíduo tenha acesso à: paz, renda, habitação, educação, alimentação adequada, ambiente saudável, recursos sustentáveis, equidade e justiça social. “[...] ao processo que visa aumentar a capacidade dos indivíduos e das comunidades para controlar a sua saúde, no sentido de melhorar sua qualidade de vida e saúde. Para atingir um estado completo de bem-estar físico, mental e social os indivíduos e grupos devem saber estar aptos a identificar e realizar suas aspirações, satisfazer suas necessidades e modificar ou adaptar-se ao meio ambiente. A saúde deve ser entendida como um recurso para a vida, e não como uma finalidade de vida. A saúde é um conceito positivo, que acentua os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas. Em consequência, a promoção da saúde não é responsabilidade exclusiva do setor da saúde, e vai para além de um estilo de vida saudável para atingir o bem-estar.” A Promoção da Saúde ainda se destaca por ser o resultado de um conjunto de fatores sociais, econômicos, políticos e culturais, coletivos e individuais, que se combinam de forma particular em cada sociedade e em conjunturas específicas, resultando em sociedades mais ou menos saudáveis. Conforme podemos observar na imagem 11: Figura 11 – Esquema Promoção da saúde Fonte: Adaptado de doi.org Vídeo História da Promoção da Saúde Assista o vídeo a seguir e compreenda a história da Promoção da Saúde. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) No ano de 2015, a ONU juntamente com os países que integram a organização, viabilizaram estratégias por meio de uma nova agenda de desenvolvimento sustentável, em que se preconiza que entre os anos de 2015 a 2030, ações mundiais devem ser realizadas na chamada “Agenda 2030”, visando melhorias para o planeta, onde 17 ODS e 169 metas foram elaborados para auxiliar positivamente nessa demanda. A seguir, identifique os ODS: História da Promoção da Saúde https://www.youtube.com/watch?v=DJ2Bbbps5TM Figura 12 – Objetivos do Desenvolvimento Sustentável Fonte: brasil.un.org Os ODS auxiliam na modulação de estratégias em um plano de ação global para erradicar a pobreza extrema e a fome entre os povos, além de oferecer educação de qualidade para todos, proporcionar proteção ao planeta Terra nos cenários terrestres, climáticos, ambientais e aquáticos/marinhos, além de promover sociedades pacíficas e inclusivas até 2030. Os ODS abarcam aspectos fundamentais para a vida humana sendo eles: sociais, econômicos e ambientais. Objetivos Globais da ONU: A Maior Lição do Mundo Vídeos A ONU tem um Plano: Os Objetivos Globais Os vídeos a seguir, evidencia a importância dos ODS no cenário mundial. Observe atentamente tal relevância: A ONU tem um plano: os Objetivos Globais Objetivos Globais da ONU: A maior lição do mundo https://www.youtube.com/watch?v=ZSrhXP4-aec https://www.youtube.com/watch?v=MKH97nZXRys Assim, chegamos ao final da nossa Unidade de estudo. É importante compreender as questões que envolvem a Promoção da Saúde, os órgãos nacionais e internacionais, os aspectos históricos, bem como as diversas situações que envolvem o processo de envelhecimento humano, pois a profissão de gerontólogo abarca um conhecimento amplo das mais variadas questões que implicam diretamente no ato de envelhecer, sendo esse no contexto contemporâneo considerado o mais ativo e saudável possível. Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Sala de Convidados – Promoção da Saúde 2 / 3 Material Complementar Sala de Convidados - Promoção da Saúde https://www.youtube.com/watch?v=IoidCnquqoM Início da Década do Envelhecimento Saudável (2021-2030) nas Américas Envelhecimento Ativo, Como e Quando Começar? Início da Década do Envelhecimento Saudável (2021-2030) nas A… Envelhecimento ativo, como e quando começar? https://www.youtube.com/watch?v=VwkRk1N2AAg https://www.youtube.com/watch?v=j5fb3-7xRvE Humanização em Saúde Leitura Cartilha Direitos Humanos das Pessoas Idosas Clique no botão ao lado para conferir o conteúdo. ACESSE Humanização em saúde http://%20https//www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/noticias/2018/marco/CartilhaUNISAL.pdf https://www.youtube.com/watch?v=Hch37zB_z44 Diretrizes para o Cuidado das Pessoas Idosas no SUS: Proposta de Modelo de Atenção Integral Clique no botão ao lado para conferir o conteúdo. ACESSE SUS: A Saúde do Brasil Clique no botão ao lado para conferir o conteúdo. ACESSE OPAS – Envelhecimento Saudável Clique no botão ao lado para conferir o conteúdo. ACESSE https://repositorio.observatoriodocuidado.org/bitstream/handle/handle/2525/Diretrizes%20para%20o%20cuidado%20das%20pessoas%20idosas%20no%20SUS_proposta%20de%20modelo%20de%20aten%c3%a7%c3%a3o%20integral.pdf?sequence=1&isAllowed=y https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/sus_saude_brasil_3ed.pdf https://www.paho.org/pt/envelhecimento-saudavel BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Diário Oficial da União, Brasília: DF, 1988. Seção II, p. 33-34. ________. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Art. 196. Diário Oficial da União, Brasília: DF, 1988. Seção II, p. 33-34. ________. Lei 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da Saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília: DF, 1990a. Seção 1, p. 18055-18059. ________. Lei 10.741, de 01 de outubro de 2003. Dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2003. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.741.htm>. Acesso em: 21/10/2021. FARIAS, J. M. D; MINGHELLI, L. C; SORATTO, J. Promoção da saúde: discursos e concepções na atenção primária à saúde. Cadernos Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 28, n. 3, p. 381-389, 2020. FIGUEIREDO, G. L. A. et al. Recomendações e intenções das conferências internacionais para se pensar a Promoção da Saúde. In: FIGUEIREDO, G. L. A.; MARTINS, C. H. G. Políticas, tecnologias e práticas em Promoção da Saúde. São Paulo: Hucitec, 2016. WORLD HEALTH ORGANIZATION. 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Material Teórico Material Complementar Referências Tópicos Especiais do Envelhecimento Humano Baseado em Evidência Científica Introdução Vamos iniciar nossa Unidade de estudo conceituando as mais diversas nuances que envolvem o processo de envelhecimento humano, sendo esse um processo dinâmico, irreversível e progressivo no que tange os seres vivos. Desse modo, você poderá ampliar sua visão sobre como a prática baseada em evidência gerontológica pode implicar diretamente na saúde humana. Leia os materiais complementares com o objetivo de garantir empoderamento sobre a temática estudada na Unidade. Tópicos Especiais do Envelhecimento Humano Baseado em Evidência Científica A ciência vem ganhando cada vez mais notoriedade na sociedade contemporânea, o que pode modificar positivamente todo o contexto que envolve o cuidado multidimensional que abarca a vida humana, bem como a sociedade e o território que ele habita. Nessa perspectiva, a Prática Baseada em Evidência (PBE) se destaca por mediar a integração de fatores múltiplos para buscar a melhor experiência clínica no cenário profissional, ampliando essas estratégias para qualquer área do conhecimento, incluindo o serviço social e o processo de envelhecimento humano. Porém, para se almejar e atingir uma prática de máxima precisão e qualidade técnica e científica, faz-se necessário identificar dentro da essência de sua prática profissional fatores que otimizem a eficácia e segurança para suas futuras intervenções terapêuticas. Atualmente, existem diferentes contextos capazes de potencializar a sua prática profissional. Assim, pensando na evidência científica, você poderá inserir instrumentos avaliativos, protocolos diversos, ferramentas, fomentos e estratégias já consolidadas e utilizadas no rol de 1 / 3 Material Teórico atividades que acercam as áreas de atuação do assistente social, além de evidenciar a experiência clínica adquirida nas práticas de atendimento, com o objetivo de identificar as necessidades individuais e coletivas que englobam o ser, sendo necessário identificar o sujeito como um ser biopsicossocial e espiritual, além de realizar um diagnóstico amplo e assertivo, priorizando uma avaliação eficaz dos riscos e benefícios que envolverá sua conduta. Figura 1 – Anamnese Geriátrica Fonte: Getty Images Frente a essa perspectiva previamente estudada, vale ressaltar que o assistente social precisa ter acesso e compreensão aos conceitos já designados pelo “Código de Ética e Deontologia da Profissão”. Por meio desse documento oficial, você terá acesso aos deveres, como a postura profissional deve ser pautada, o que se exige durante o exercício de sua profissão, sem causar prejuízo ao indivíduo, familiares ou equipe que estejam sob seus cuidados. Além disso, esse documento reconhece seus direitos e prerrogativas que são garantidos pelo ordenamento jurídico, respeitando as preferências, preocupações e expectativas advindas das análises e interpretações realizadas, visando as necessidades e especificidades individuais de cada sujeito e tendo como foco basal o conhecimento por parte do profissional, os fatores contextuais pessoais, sociais, culturais e ambientais do paciente. Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Assim, com a evolução do cenário científico, novas evidências vão surgindo conforme os pesquisadores e profissionais de cada área de conhecimento buscam temáticas a serem estudadas, para assim identificar novos modelos, protocolos, ferramentas, estratégias e técnicas mais confiáveis, para elevar a qualidade dos serviços e assistência prestada. É necessário que o profissional observe de modo amplo e contínuo o indivíduo na sua totalidade, pois a elaboração de condutas específicas proporcionará maior compreensão de quem será atendido. Leitura Código de Ética do/a Assistente Social – Lei 8662/93 O Código de Ética profissional do Serviço Social não interpreta somente os aspectos normativos e deveres profissionais, mas também valores que identificam o projeto societário defendido pela categoria profissional em cada tempo. http://www.cfess.org.br/arquivos/CEP_CFESS-SITE.pdf Quando você pensar no termo prática baseada em evidência científica, é fundamental saber que ele surgiu em meados da década de 1990 e se estrutura em uma combinação composta por um tripé: Figura 2 – Tripé Básico da Evidência Científica Nesse momento, você já pôde perceber a relevância da prática baseada em evidência para sua carreira e na conduta com o envelhecimento humano. Tal demanda se torna fundamental, pois garante subsídios basais para atender esse grupo populacional. Em consonância ao estudado até o momento, para ampliar sua visão, vamos ainda identificar a importância da assistência pautada no modelo humanizado e não humanizado. A experiência da pessoa (incluindo suas preferências); Melhor evidência científica disponibilizada; Experiência profissional (habilidade para melhor definição de tratamento visado às especificidades de cada paciente). Atualmente, o enfoque dos atendimentos em saúde, é baseado na humanização, pois ela abarca a atenção global e total do ser humano, do seu núcleo familiar e dos quesitos básicos que constituem a vida humana. Por meio de ações individuais e coletivas e com auxílio de equipes multidisciplinares, essa abordagem é mais facilitada. A cada dia discussões surgem sobre a relevância dos aspectos que envolvem a prática humanizada em saúde, além de como a prática baseada em evidência pode auxiliar no tratamento das pessoas, incluindo o idoso. Dessa forma, o tratamento deve estar associado à abordagem biopsicossocial e espiritual, atendendo as mais variadas demandas advindas do sujeito. Vamos identificar no Quadro 1 alguns fatores indispensáveis sobre a humanização e a não humanização em saúde. Quadro 1 – Fatores indispensáveis sobre a humanização e a não humanização em saúde Modelo Humanizado/Biopsicossocial e Espiritual Modelo não Humanizado/Bioméd Aborda o indivíduo e a família de maneira individualizada e multidimensional; Proporciona uma visão diferenciada e baseada no acolhimento e empatia; Cumprimenta, chama pelo nome, olha nos olhos e escuta o paciente com atenção; Tratamento apático entre pacient familiares; Abordagem generalista com base quadro geral ou diagnóstico, foca exclusivamente na patologia e nã focando no estado biopsicossocia espiritual; Desconsidera e ignora os medos, desejos, opiniões e crenças dos pacientes e seus familiares; Modelo Humanizado/Biopsicossocial e Espiritual Modelo não Humanizado/Bioméd Demonstra confiança, segurança e apoio para que o paciente compreenda o que será proposto; O profissional é acessível; Respeita as singularidades, intimidade, crenças e desejos do paciente e familiar; Possibilita informações transparentes e proativas quanto ao quadro geral e os resultados obtidos, sempre levando em consideração o estado emocional dos pacientes e familiares; Trata com dignidade o paciente, cuidador e também os familiares; Garante procedimentos que vão de encontro às necessidades do tratamento; Valoriza atenção primária (promoção da saúde); Foca exclusivamente no diagnóstico/tratamento/procedim sem considerar as emoções do paciente; Tem postura de superioridade, menosprezando paciente e sua fam ou inibindo suas dúvidas; Fala da situação do paciente como ele não estivesse naquele moment próximo de você profissional; Possibilita informações muito técnicas ou pouco esclarecedoras lembre-se de ser acessível, cada pessoa possui um grau de inform e compreensão; Sistêmico, engessado e possui vis singular; Puramente curativo, fragmentado promoção da saúde e a prevenção são prioridades; Anamnese ou atendimento rápido sem interesse em ouvir o paciente familiares; Não valoriza a prática baseada em evidência; Dificuldade de trabalhar em equip (centrado na medicina) Define “saúde” como ausência de doença, dor ou defeito. Você percebeu quão limitado e enfraquecido é o modelo biomédico e não humanizado no que tange à atenção em saúde? Nessa perspectiva, a ênfase da conduta profissional deverá ser pautada no modelo biopsicossocial, visto que ele possui em seus pilares o que existe de mais moderno e conceitual na esfera humana, pois identifica o ser humano na sua integralidade. Modelo Humanizado/Biopsicossocial e Espiritual Modelo não Humanizado/Bioméd Prioriza o atendimento biopsicossocial e espiritual, além de possuir conhecimento associado à prática baseada em evidência; Define “saúde” como o completo estado de bem- estar físico, mental e social, incluindo os aspectos espirituais. Concentra-se na patologia, bioquímica e fisiologia ao estudar doença, sem considerar aspectos sociais ou de subjetividade. Importante! A Organização Mundial de Saúde classifica saúde como sendo o estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas com a ausência de doença ou enfermidade, mas incluindo a espiritualidade Figura 3 – Modelo biopsicossocial e espiritual nesse contexto. A percepção dessa terminologia abarca analisar a estrutura corporal, a mente e o contexto social onde o indivíduo está inserido para compreender abrangentemente o estado de saúde. A atenção integral tem a intenção de identificar e classificar os indivíduos, viabilizando enxergar desde a fase de prevenção (atenção primária) quanto a reabilitação em saúde (atenção terciária), o que implica diretamente no processo de tratamento da patologia, identificando atendimento por uma equipe de saúde multiprofissional composta por diferentes profissionais e que trabalhem baseados nos aspectos biológicos, psicológicos, sociais e espirituais que influenciam a vida de um paciente, núcleo familiar e rede social de suporte. Figura 4 – Humanização na prática clínica Fonte: Getty Images Como qualquer outro profissional atuante na saúde, o assistente social deve possuir o conhecimento científico, além da sensibilidade quanto à questão dos conceitos que envolvem os aspectos e atenção em humanização à saúde, visando o reconhecimento do ser humano na sua integridade e singularidade e tendo a consciência do seu papel frente ao aspecto de saúde e doença. O atendimento humanizado, pode possibilitar melhores condições aos usuários, e, assim, o profissional poderá planejar abordagens a curto, médio e longo prazo para auxiliar na saúde do indivíduo. Lembre-se que o modelo não humanizado ainda existe em diversos pilares do cenário de saúde, porém, vale destacar que esse não é o modelo adequado na condução com o paciente. Esse modelo não contempla o ser humano na sua totalidade e deixa lacunas críticas na assistência. Nessa perspectiva, é fundamental conhecer o processo saúde-doença, que implicará diretamente na vida da pessoa idosa. Esse processo se destaca por ser uma expressão utilizada para referenciar todas as variáveis que englobam o ciclo entre a saúde e a doença que acomete o sujeito ou população, e ainda considera que ambas estão integradas e são consequência dos mesmos fatores. De acordo com esse conceito, a determinação do estado de saúde de uma pessoa é um processo complexo que envolve múltiplos fatores, como pode ser visto na Figura 5. Figura 5 – Processo de saúde e doença Importante! O processo de saúde e doença, em síntese, estuda esses elementos na sociedade, analisando a distribuição populacional e os fatores determinantes do risco de doenças, agravos e eventos associados à saúde, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de enfermidades, danos ou problemas de saúde e de Contudo, se um indivíduo necessitar de qualquer tipo de assistência em saúde, deletério de um processo de saúde-doença e/ou para prevenção, ele poderá ser direcionado aos níveis de atenção que permeiam a saúde humana. Esse modelo de organização nacional adota os conceitos preestabelecidos pela classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), que determina três diferentes níveis de atenção à saúde: o primário, o secundário e o terciário. Essa tríade de níveis enfatiza o atendimento ao paciente de acordo com a complexidade necessária para cada particularidade demandada pelo indivíduo. A seguir vamos identificar os níveis de atenção que podem implicar diretamente na busca por assistência que envolve a saúde do indivíduo. proteção, promoção ou recuperação da saúde individual e coletiva, produzindo informação e conhecimento para apoiar a tomada de decisão no planejamento, na administração e na avaliação de sistemas, programas, serviços e ações de saúde. Nível Primário: nesse nível de atenção, a porta de entrada são as Unidades Básicas de Saúde (UBSs), que possuem o papel de promover políticas que são voltadas para promoção, prevenção da saúde humana e redução de risco de doenças no âmbito individual e coletivo. Destaca-se que nessa etapa são fortemente disseminadas campanhas de conscientização, palestras educativas, grupos de saúde, dentre outros fomentos que visam incentivar a população a ter domínio sobre sua saúde. Nesse momento, não se demanda tecnologias avançadas; Nível Secundário: quando se fala nesse nível, a atenção à saúde está focada em maior parte nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), os hospitais e outras unidades de atendimento especializado ou de média complexidade. Nesses espaços, geralmente são realizados procedimentos de cunho interventivo, tratamento de situações crônicas e de doenças agudas. No que tange à demanda tecnológica, os equipamentos são mais modernos e mais precisos. A expectativa na atenção é que os casos recebidos no nível secundário, encaminhados pelo nível primário, possam ser Figura 6 – Níveis de atenção Perceba que a pessoa idosa, ao necessitar de serviços de assistência, pode estar em qualquer nível de atenção e desse modo, a equipe multiprofissional irá demandar assistência baseada na atendidos satisfatoriamente por meio do trabalho dos profissionais e da utilização dos equipamentos que compõem essa etapa de atenção. Na assistência à saúde prestada aos usuários no nível secundário, também estão presentes os serviços de urgência e emergência; Nível Terciário: demanda-se uma atenção mais especializada e com hospitais de grande porte (alta complexidade). Nessas instituições, os tratamentos são mais invasivos, e geralmente a saúde do indivíduo está mais agravada e com risco maior de complicações à saúde. A demanda é altamente tecnológica e com valores altos. Nessa etapa, o paciente, provavelmente, já passou pelos níveis primário e secundário, fato que pode indicar condições patológicas mais graves. necessidade individual do idoso, assim, é necessário um olhar multidimensional e priorizado no que tange a particularidade do ser, e nesse sentido a assistência pautada na humanização, acolhimento e olhar biopsicossocial, poderá interferir na qualidade de vida do paciente. Bem-estar, Qualidade de Vida, Assistência e Atenção em Saúde, Envelhecimento Ativo e Humanização na Prática do Cuidar O envelhecimento humano é um fenômeno crescente mundo afora. Desse modo, faz-se necessário pensar em estratégias diversas que possibilitem o envelhecer enfatizando que a pessoa idosa deve ter qualidade de vida e ser o mais ativo possível, priorizando o convívio social, acesso aos serviços de saúde, lazer, educação, oportunidades de trabalho, aposentadoria, cultura, dentre outras necessidades basais para vida humana. Nessa concepção, quando se fala em qualidade de vida, esse termo pode ser amplamente definido na literatura por estabelecer conceitos relacionados ao bem-estar biopsicossocial e espiritual dos indivíduos. Ademais, Minayo e Coimbra (2010, p.10) definem tal terminologia como: “Uma noção eminentemente humana, que tem sido aproximada ao grau de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e à própria estética existencial. Pressupõe a capacidade de efetuar uma síntese cultural de todos os elementos que determinada sociedade considera seu padrão de conforto e bem-estar. O termo abrange muitos significados, que refletem conhecimentos, experiências e valores de indivíduos e coletividades que a ele se reportam em variadas épocas, espaços e histórias diferentes, sendo, portanto, uma construção social com a marca da relatividade cultural.” De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o termo qualidade de vida é “a percepção do indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (BRASIL, 2013, n. p.), envolvendo o bem-estar espiritual, físico, mental, psicológico e emocional, além dos vínculos sociais, como família e amigos, e também saúde, educação, habitação, saneamento básico e outras circunstâncias da vida. Qualidade de vida e saúde são termos indissociáveis, uma vez que a saúde colabora para melhorar a qualidade de vida das pessoas, que é essencial para que um indivíduo ou comunidade tenha saúde. Figura 7 – Bem-estar geriátrico Fonte: Getty Images Assim, vale destacar que o perfil da pessoa idosa vem ganhando ainda mais destaque e transformações com a evolução vivenciada nas últimas décadas a nível mundial, sendo inseridos em uma sociedade contemporânea e globalizada, que se reformula rapidamente e é dinâmica e altamente tecnológica. Os determinantes e condicionantes que envolvem o processo saúde- doença são multifatoriais e complexos. Nessa contextualização, saúde e doença também possuem relação direta com os fatores socioculturais, a experiência pessoal e o estilo de vida que o idoso possui no cenário atual. Frente às mais diferentes abordagens que abarcam o cuidar geriátrico, a melhoria da qualidade de vida envolve a ampliação das políticas públicas na área da promoção da saúde e da prevenção de doenças, além das possibilidades advindas do avanço da tecnologia, da área da saúde e das práticas baseadas em evidência. Importante! Minayo e Coimbra (2010, p. 14) destacam que “o envelhecimento não é um processo homogêneo, cada pessoa vivencia essa fase da vida de uma forma, considerando sua história particular e todos os aspectos estruturais (classe, gênero e etnia) a eles relacionados, como saúde, educação e condições econômicas”. A boa qualidade de vida na fase geriátrica está relacionada à capacidade funcional, que se relaciona com a autonomia, idade, classe social, renda, escolaridade, condições de saúde, cognição, ambiente e história de vida. Quanto mais ativo o idoso for, maiores as chances de ele ter bem-estar e qualidade de vida elevados. Desse modo, é necessário que você, enquanto profissional, pense na pessoa idosa de modo global, sendo prudente nas buscas constantes por novos subsídios que favoreçam o sujeito frente às necessidades advindas com o avançar da idade. É importante buscar soluções multiprofissionais que vão no sentido de desmistificar a incapacidade depositada socialmente na fase de envelhecimento humano, visto que a maioria da população os enxerga como seres frágeis. Isso se torna um grande desafio, que tende a proporcionar uma atuação transformadora na construção da história desse grupo populacional, visto que o envelhecimento é uma fase típica por possuir características tanto positivas como limitadoras. Assim, justifica-se a necessidade de se discutir estratégias que influenciam a inserção desse grupo populacional na sociedade contemporânea para que se estabeleçam respaldos mais equitativos. De tal modo, pode-se favorecer a promoção do senso de justiça social e minimização dos efeitos de iniquidades e as exclusões sociais sofridas pela pessoa idosa frente ao processo do envelhecimento. Pensando no bem-estar como demandas múltiplas, individuais e coletivas, é interessante que a pessoa idosa esteja inserida no sistema educacional, de trabalho, nos meios de lazer, na prática de atividades físicas e com acesso à cultura, pois pode corroborar positivamente na promoção da saúde desses indivíduos. Clique no botão para visualizar. ACESSE Figura 8 – Atividade Física na Terceira Idade Fonte: Getty Images Vídeo 3° Painel "A Velhice em Pauta" Saúde e Bem-estar Assista a uma palestra interessante sobre qualidade de vida na terceira idade. https://www.youtube.com/watch?app=desktop&v=1gCjW4MyKXI Vale destacar que, no cenário atual, a tecnologia digital permeia a vida do idoso, pois eles estão inseridos no mundo globalizado. Porém, a pessoa idosa tradicionalmente possui menor adesão e adaptação frente às novas tecnologias que vão surgindo com o avançar da globalização se comparado ao público mais jovem. Por outro lado, a disseminação dos meios tecnológicos permitiu a modificação do contexto social existente. Essa tecnologia se tornou acessível para grande parte da população, abrangendo também a população idosa, que tem se inserido gradativamente nessa nova perspectiva. Vídeo Inclusão Digital de Idosos Cresce Cada Vez Mais no País Assista ao vídeo e perceba o crescimento da relação gerontecnológica. Inclusão digital de idosos cresce cada vez mais no país https://www.youtube.com/watch?v=DEl-V6tdP8k Figura 9 – Tecnologia e a pessoa idosa Fonte: Getty Images O aumento do contato que os indivíduos idosos possuem frente às ferramentas digitais resulta em muitos casos de medo de serem excluídos socialmente por não estarem inseridos nesse avanço tecnológico. Alguns fatores que auxiliam para o aumento da aproximação do idoso e da tecnologia são: a curiosidade, a consideração da importância das tecnologias no cotidiano dos seres na atualidade, a aproximação das relações sociais e familiares, o estímulo ao ensino e aprendizagem, ao trabalho, ao lazer, ao passatempo etc. A inclusão da pessoa idosa nas demandas tecnológicas digitais pode facilitar a disseminação de práticas que potencializem sua qualidade de vida. Prensky (2001), em seus estudos, aponta que esse grupo populacional pertence à categoria denominada como imigrantes digitais, ou seja, pessoas que nasceram em um mundo analógico e que hoje vivem em um cenário digital. Já os nativos digitais são aqueles indivíduos nascidos no cenário tecnológico e que convivem bem nessa perspectiva, pois desde seu nascimento possuem relação próxima com tais fomentos. Conceituando os idosos no cenário da tecnologia digital, surge um termo denominado “gerontecnologia” que pode ser definido como uma área interdisciplinar de pesquisa e aplicação que envolve dois campos do saber – a gerontologia e a tecnologia –, relacionando diretamente a evolução dos cenários diversos que abarca a pessoa idosa aos meios digitais e tecnológicos. Ao utilizar tecnologias, a literatura destaca que a pessoa idosa poderá elevar a promoção da autonomia e melhora na autoestima, quesitos indispensáveis para a qualidade de vida. Porém, mesmo com os avanços e acessos vivenciados por esse grupo populacional, é necessário propor diferentes alternativas que apontem a inclusão da pessoa idosa no mundo tecnológico de Importante! O uso da tecnologia digital, associada aos dispositivos como computadores e celulares, poderá proporcionar ao sujeito idoso melhora na autoestima, na habilidade mental, na troca entre os pares, na autoconfiança, no acesso às informações diversas e até mesmo no aspecto de recreação. maneira que se sintam pertencentes a ele, e não mais excluídos, evitando assim o fenômeno de infoexclusão. Vygotsky (1984) destaca que o sujeito idoso, mesmo com funções cognitivas (pensamento, memórias, percepção e atenção) biologicamente modificados pelo processo natural do envelhecimento, poderá construir novos saberes, aprendizagem e conhecimentos. De tal modo, os profissionais terão como objetivo trabalhar em prol de estimular positivamente tais demandas. Quando se fala em saúde aplicada à qualidade de vida na fase do envelhecimento humano, muitas vezes ela pode ser afetada de maneira negativa, ou seja, o surgimento de uma doença debilitante e que ameace a continuidade da vida do sujeito. Nesses casos, o indivíduo pode ser encaminhado para os cuidados paliativos. Desse modo, vamos conceituar a seguir a paliatividade. Fundamentos Básicos dos Cuidados Paliativos A prática paliativa surge como uma das estratégias mais avançadas no cenário contemporâneo de saúde. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os cuidados paliativos se destacam como uma abordagem e assistência promovida por uma equipe multidisciplinar composta por médico, fisioterapeutas, dentista, nutricionista, enfermeiro, assistente social, psicólogo, fonoaudiólogo, capelania, dentre outros profissionais, que têm como objetivo principal a busca por melhorias da qualidade de vida e também da qualidade de morte do paciente e de seus familiares, frente a uma doença que ameace a vida humana, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais. Importante! A prática dos cuidados paliativos teve início oficialmente na década de A prática paliativa deve ser iniciada o mais precocemente possível e pode estar relacionada ao tratamento com a finalidade de auxiliar no manejo dos sintomas desgastantes ao indivíduo e de difícil controle, atendendo na melhora das condições clínicas do paciente. Conforme o avançar da doença flui na vida da pessoa, mesmo em vigência do tratamento com intenção curativa, a abordagem paliativa deve ser ampliada, possibilitando também cuidar dos aspectos psicossociais e espirituais. Na fase terminal de uma doença, em que o paciente possui pouco tempo de vida, a paliatividade se torna prioritária para garantir qualidade de vida, conforto e dignidade. Qualquer indivíduo diagnosticado com alguma doença que ameace a continuidade de sua vida pode ser encaminhado para os cuidados paliativos a fim de minimizar sintomas que diminuíram a qualidade de vida. Não existe idade para encaminhamento dessa prática. Lembre-se 1960, no Reino Unido, pela médica, enfermeira e assistente social Cicely Saunders. Seu trabalho internacionalmente reconhecido inicia o movimento dos cuidados paliativos, que inclui a assistência, o ensino e a pesquisa. A criação do St. Christopher’s Hospice, em Londres, em 1967, é um marco nessa trajetória. Nesse modelo de cuidar, Cicely priorizava a humanização e o lema “frente a uma doença ameaçadora da vida, troque a frase ‘não existe mais nada para fazer’ por ‘existe muito para se fazer para esse paciente’”. que cada profissional da equipe de saúde tem seu papel na demanda de cuidado e assistência. Figura 10 – Humanização na prática paliativa Fonte: Getty Images Vídeo A Morte é um Dia que Vale a Pena Viver Seguindo as definições estipuladas pela OMS em relação aos cuidados paliativos, Byock (2009) aponta outros princípios que fazem parte da conceituação terapêutica paliativa, sendo eles: No cenário nacional, temos muitas referências de profissionais que atuam com cuidados paliativos, com destaque para a médica geriatra e paliativista Ana Claudia Quintana Arantes. Assista ao vídeo “A morte é um dia que vale a pena viver” e compreenda ainda mais sobre o que é atuar com cuidados paliativos. A morte é um dia que vale a pena viver | Ana Claudia Quintana Ara… Deve-se enxergar a morte como um processo natural que atingirá todos os seres vivos; Qualidade de vida/morte é um dos principais objetivos clínicos; https://www.youtube.com/watch?v=ep354ZXKBEs Os cuidados paliativos não visam antecipar a morte, e nem prologam o processo de morrer; A paliatividade tem relação com a ortotanásia, que é o processo natural de morrer; O núcleo familiar, bem como os cuidadores, deve ser amparado desde o início do diagnóstico até o momento de enlutamento; A família pode recusar o tratamento paliativo, sendo um dever da equipe respeitar tal decisão; Na prática paliativa não se prioriza a cura, pois com o avançar da doença em seu ciclo natural, tais terapias vão ficando em vão, o que pode sobrecarregar a saúde psicofísica e social do paciente; Paciente e familiares formam a unidade de cuidados, ou seja, juntos podem seguir dentro do protocolo, amenizando as possíveis angústias e adversidades advindas do tratamento; O controle de sintomas angustiantes e desgastantes é um foco fundamental da assistência prestada pela equipe multiprofissional. Os sintomas devem ser cotidianamente avaliados e efetivamente manejados; As decisões sobre os tratamentos que o paciente for submetido devem ser realizadas em consonância com os preceitos ética. Pacientes e familiares possuem o direito a informações reais acerca de sua condição e devem, ainda, ter acesso às múltiplas opções de tratamento. As decisões devem ser tomadas de maneira compartilhada, respeitando-se valores étnicos e culturais da unidade de cuidado; Cuidados paliativos devem ser realizados por uma equipe ampla em saúde, pois desse modo família e pacientes são assistidos na sua totalidade; Cuidados paliativos não se resumem exclusivamente ao câncer; HIV, Alzheimer, Parkinson, esclerose múltipla, doenças cardiovasculares, dentre outras, são consideradas paliativas; Os profissionais devem buscar sempre pela autonomia, dignidade e independência do indivíduo, pois esses são aspectos fundamentais. Outro aspecto indispensável é a comunicação, pautada na A atenção é um ponto primordial centrada na dignidade humana, dando ênfase na solidariedade e troca de experiências entre o paciente e o profissional da saúde, em atitude que resulta numa “compaixão afetiva”; A experiência do adoecimento deve ser compreendida de uma maneira global e, portanto, os aspectos espirituais também são incorporados na promoção do cuidado; A assistência não se encerra com a morte do paciente, mas se estende no apoio ao luto da família, pelo período que for necessário. A abordagem psicológica pode minimizar as fases do luto e levar conforto aos familiares/cuidadores; Importante! Vamos definir bem alguns conceitos para que fique claro que a prática paliativa não visa antecipar ou prolongar a morte. Eutanásia: pode ser definida como o ato de “antecipar a morte”; Distanásia: considerada a “morte lenta, com sofrimento”; Ortotanásia: representa a “morte natural, sem antecipação ou prolongamento”. Assim, esse conceito está totalmente relacionado à prática paliativa. perspectiva aberta, direta e ativa, especialmente com notícias difíceis, pois pode se elevar o processo de confiança e vínculo com o paciente e a família. A Mulher que Decidiu Enfrentar um Câncer Terminal sem Tratamento Vídeos Vamos assistir a um caso real de uma idosa que optou por encarar seu processo de saúde-doença na perspectiva paliativa. Preste atenção na realidade de uma paciente oncológica e como ela passa a encarar de forma real sua condição. A mulher que decidiu enfrentar um câncer terminal sem tratamento https://www.youtube.com/watch?v=ro248LafNrQ A Mulher que Teve uma Boa Morte Ainda, destaca-se alguns preceitos que devem ser realizados na concepção paliativa: A mulher que teve uma boa morte Controle impecável da dor e outros sintomas angustiantes para o paciente e familiar, seja de ordem física ou psicossocial; Abordagem totalmente relacionada aos aspectos biopsicossociais e espirituais; Conforto, relaxamento e cuidados baseados em uma visão holística; Prevenção de agravos e incapacidades que podem limitar os aspectos e especificidades dos indivíduos; Promoção da independência e autonomia; Manutenção de atividades de vida diária que são significativas para o doente; https://www.youtube.com/watch?v=b8dPnIVajNs Ativação de recursos emocionais e sociais de enfrentamento do processo de adoecimento e fim de vida; Priorizar acesso do doente por meio de uma rede de suporte social (amigos e familiares); Apoio global e orientação à família e cuidadores; Os cuidados paliativos podem ser prestados em unidades de cuidados específicos, hospitais, clínicas, domicílio, instituições de longa permanência, enfermarias, dentre outros espaços de saúde; Estar próximo, ter visão humanizada, acolhedora, sincera e que viabilize as reais necessidades do doente. Vídeo O Serviço Social na Equipe de Cuidados Paliativos em Tempos de Pandemia #PraFalarDeLei Você sabia que o assistente social possui um papel fundamental dentro dos cuidados paliativos? Assista ao vídeo para saber mais. O Serviço Social na Equipe de Cuidados Paliativos em Tempos de … https://www.youtube.com/watch?v=oENh_3jwa_c Chegamos ao final da nossa Unidade de estudo. Perceba a grandeza das possibilidades de temas que estão envolvidos frente ao processo de envelhecimento humano e faça sempre a relação entre sua futura profissão e as mais variadas demandas existentes no cenário contemporâneo do cuidar. Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Aula 1: A Importância de Aprender e Ensinar Cuidados Paliativos – Campanha de CP da Casa do Cuidar 2 / 3 Material Complementar Aula 1: A importância de aprender e ensinar Cuidados Paliativos - … https://www.youtube.com/watch?v=TISz8W4HPFs Conversa sobre a Morte Etapas do Luto – Psicologia – Casule Saúde e Bem-estar Conversa Sobre a Morte Etapas do Luto • Psicologia • Casule Saúde e Bem-estar https://www.youtube.com/watch?v=h1BpOblvVv4 https://www.youtube.com/watch?v=i0RhSf3XfAQ Leitura Manual de Cuidados Paliativos ANCP Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE Cuidados Paliativos: O Papel do Assistente Social na Equipe Multiprofissional Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE A Atuação do Serviço Social junto a Pacientes Terminais: Breves Considerações Clique no botão para conferir o conteúdo. ACESSE http://biblioteca.cofen.gov.br/wp-content/uploads/2017/05/Manual-de-cuidados-paliativos-ANCP.pdf https://revistas.uneb.br/index.php/scientia/article/view/8785/6375 https://www.scielo.br/j/sssoc/a/x3QsGQBwN4Mzc8NQQv46HSQ/?lang=pt BRASIL. Ministério da Saúde. Qualidade de vida em 5 passos. Biblioteca Virtual em Saúde, 2013. Disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/260_qualidade_de_vida.html>. Acesso em: 17/01/2022. BYOCK, I. Principles of Palliative Medicine. In: WALSH, D. et al. Palliative Medicine. Philadelphia, USA: Saunders Elsevier, 2009. p. 33-41. MINAYO, M. C. D. S.; COIMBRA, C. E. A. J. Entre a liberdade e a dependência: reflexões sobre o fenômeno social do envelhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2010. PRENSKY, M. Nativos Digitais, Imigrantes Digitais. Colégio Nova Geração, 2001. Disponível em: <https://colegiongeracao.com.br/novageracao/2_intencoes/nativos.pdf>. Acesso em: 15/11/2021. VYGOTSKY, L. S. A pré-história da linguagem escrita. 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