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Etica _ Unidade 3

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02/03/2023, 10:11 Ética e Profissionalismo em Nutrição
https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839120 1/31
Autoria: Ma. Maria Izabel de Souza Taboada
Revisão técnica: Dra. Juliana Paludo Vallandro
ÉTICA E PROFISSIONALISMO EM
NUTRIÇÃO
DIREITO HUMANO À
ALIMENTAÇÃO
ADEQUADA
02/03/2023, 10:11 Ética e Profissionalismo em Nutrição
https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839120 2/31
Introdução
No decorrer desta unidade, serão apresentados os conceitos e fundamentos
relacionados aos aspectos e à abrangência do direito humano à alimentação
adequada (DHAA). Para tanto, serão propostas algumas re�exões interessantes:
qual é a dimensão do DHAA? Como a ética se relaciona como direito à
alimentação? O quanto são conhecidas as situações em que ocorre a violação
ao DHAA e insegurança alimentar?
Inicialmente, conheceremos o conceito de DHAA de forma mais completa,
entendendo seu surgimento, importância e abrangência. No avançar da leitura,
aprenderemos sobre segurança alimentar e nutricional, soberania alimentar,
como devem ser realizadas e sua relação inseparável com o DHAA.
Também estudaremos como os princípios da ética se associam diretamente ao
DHAA, conheceremos os desa�os para a sua realização e os atores envolvidos.
Além disso, compreenderemos o que e quais são as violações ao DHAA, assim
como o impacto que a pandemia do COVID-19 vem causando no que diz respeito
à segurança alimentar e nutricional no Brasil.
Bons estudos!
 
Tempo estimado de leitura: 40 minutos.
O direito humano à alimentação adequada (DHAA) é contemplado na Declaração
Universal de Direitos Humanos (DUDH), publicada em 1948, em seu art. 25:
“Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à
sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação,
cuidados médicos […]” (ONU, 1948, on-line). No entanto, a de�nição de DHAA foi
ampliada em 2010, por meio da Emenda Constitucional n. 64, quando a
alimentação enquanto um direito humano passou a integrar a Constituição
Federal.
3.1 Direito humano à alimentação adequada(DHAA)
02/03/2023, 10:11 Ética e Profissionalismo em Nutrição
https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839120 3/31
Contudo, vale mencionar que a realização desse direito permanece um desa�o!
Leão (2013) nos explica que os direitos humanos são regidos por princípios
universais, inalienáveis, indivisíveis, interdependentes e inter-relacionados. Esses
princípios os tornam impossíveis de serem cumpridos sem a existência dos
demais.  São universais porque se aplicam a todas as pessoas, sem exceção;
são inalienáveis porque não podem ser cedidos voluntariamente, nem tirados
por ninguém; são indivisíveis, pois direitos políticos, civis, culturais, sociais e
econômicos são necessários para uma vida digna, não podendo haver a
realização de um em detrimento de outro; e são interdependentes e inter-
relacionados porque a realização de um requer a garantia do outro.
Nesse sentido, para falarmos de DHAA, é necessário
incluirmos os direitos humanos, os quais devem ser
garantidos a todos os seres humanos, ou seja, aqueles que,
unicamente, pertencem à espécie humana. 
Conforme o art. 25 da DUDH, deve-se assegurar acesso à
liberdade, à igualdade, ao trabalho, à terra, à moradia, à água,
aos alimentos de qualidade… Em resumo, devem ser
garantidas condições que permitam uma vida digna.
O direito à alimentação adequada é um direito humano
inerente a todas as pessoas de ter acesso regular, permanente
e irrestrito, quer diretamente ou por meio de aquisições
financeiras, a alimentos seguros e saudáveis, em quantidade e
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Essa de�nição de DHAA foi o�cializada em 2002 por um relator da Organização
das Nações Unidas (ONU). Frente a ela, é direito de todo ser humano ter uma
alimentação adequada e saudável, do ponto de vista da saúde, do respeito à
cultura alimentar, da sustentabilidade econômica, social e ambiental, da
disponibilidade e do acesso permanente aos alimentos de qualidade, sem
comprometer outras necessidades inerentes a uma vida digna, como educação,
moradia, emprego e lazer (GUERRA; CERVATO-MANCUSO; BEZERRA, 2019).
Entretanto, o DHAA não se limita apenas ao combate à fome. É necessário a
todos os seres humanos mais que apenas receber o aporte de energia e
nutrientes necessários para sua sobrevivência. Leão (2013, p. 28, grifos nossos)
menciona que a alimentação deve ser entendida, em um sentido mais amplo,
como um “[…] processo de transformação da natureza em uma gente saudável e
cidadã”.
qualidade adequadas e suficientes, correspondentes às
tradições culturais do seu povo e que garantam uma vida livre
do medo, digna e plena nas dimensões física e mental,
individual e coletiva. (LEÃO, 2013, p. 27)
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Figura 1 - Representação das dimensões da alimentação adequada
Fonte: Elaborada pela autora, baseada em LEÃO, 2013.
#PraCegoVer
Na figura, temos as dimensões da alimentação
adequada. Há um círculo no centro a indicando.
As setas estão relacionadas à diversidade, à
qualidade sanitária, à adequação nutricional, ao
fato de ser livre de contaminantes, agrotóxicos e
organismos geneticamente modificados, ao
acesso a recursos financeiros ou naturais (terra e
água, por exemplo), ao respeito e à valorização
da cultura alimentar nacional e regional, ao
acesso à informação e à realização de outros
direitos.
A expressão direito humano à alimentação adequada se estende a todas as
pessoas da sociedade, e não somente àquelas que não têm acesso. A
alimentação adequada está ligada a várias dimensões e ao modo como cada
uma delas é entendida se dá conforme a realidade de cada grupo, sociedade
e/ou cultura. Por exemplo, a realização do DHAA para a população indígena não
ocorre da mesma forma que para uma população urbana. Há diferenças, ainda,
relacionadas às fases do crescimento de cada indivíduo, a�nal, a alimentação
adequada para um bebê não é a mesma que para um adulto, certo?
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Assim, as diversidades vão além. Uma pessoa com carência nutricional precisa
ter acesso aos alimentos adequados para suprir suas necessidades especí�cas
e realizar o DHAA. Já pessoas que possuem recursos para adquirir alimentos
precisam de informação para fazerem escolhas saudáveis. Dessa forma, é
possível perceber que os mais variados grupos, em algum momento, precisarão
de ações especí�cas para a garantia de seus direitos.
Figura 2 - Igualdade de acesso aos alimentos
Fonte: Gajus, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de três crianças
formando um círculo. Elas estão com as mãos
estendidas para a frente, com as palmas viradas
para cima. Cada uma segurando um pedaço de
maçã.
Diante desse cenário, para a realização do DHAA, são necessárias algumas
condições baseadas em quatro conceitos, conforme observamos a seguir.
Disponibilidade de alimento
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Pode ser direta, com produção agrícola, criação de animais ou
cultivo de plantas; assim como também pode se dar pelo
consumo de alimentos comercializados. 
Consumo apropriado, de acordo com padrões alimentares,
incluindo o aleitamento materno. A adequação também é
entendida como níveis seguros de aditivos químicos em
alimentos, como agrotóxicos, conservantes, hormônios, entre
outros. Além disso, para a realização da adequação, é
necessário que se tenha acesso �nanceiro ao alimento,
considerando sabor, variedade e aceitação, conforme
regionalidade, cultura, religião e características de grupo de
pessoas. 
Econômico e físico. O diz respeito aos recursos
necessários para comprar os alimentos com regularidade,
enquanto o acessoimplica em disponibilidade de
alimentos para as pessoas que vivem em locais de difícil
acesso, vítimas de desastres naturais, guerras ou que vivem em
situação de vulnerabilidade (moradores de rua, pessoas sem
renda �xa, entre outros).
econômico
físico
Adequação
Acesso
Estabilidade
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O DHAA é regido por leis nacionais e internacionais, reconhecido como direito
fundamental a todos os seres humanos. Porém, ter esse direito garantido e
poder usufruir dele não é uma realidade para muitas pessoas, tanto no Brasil
quanto no mundo afora. Aliás, por ser um direito inalienável, indivisível,
interdependente e inter-relacionado, sua não garantia e proteção podem gerar
situações de insegurança alimentar e nutricional, o que, consequentemente,
podem afetar a saúde das pessoas, resultando em doenças crônicas, carências
nutricionais, entre outras situações (GUERRA; CERVATO-MANCUSO; BEZERRA,
2019).
3.1.1 Segurança alimentar
Começamos a estudar o DHAA e toda sua
complexidade. Como já descobrimos, a garantia
de uma alimentação adequada, de acesso pleno
e constante, envolve uma série de condições:
disponibilidade, acesso, estabilidade e
adequação. Sendo assim, com base nos
conhecimentos adquiridos até o momento,
pesquise e dê exemplos práticos de cada um
desses princípios!
VAMOS PRATICAR?
O acesso e a disponibilidade a alimentos adequados e de
qualidade, direta ou indiretamente, precisam ocorrer de forma
estável e constante.
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De acordo com a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (LOSAN),
mais precisamente Lei n. 11.346, de 15 de setembro de 2006, temos o seguinte:
Kepple e Segall-Corrêa (2011) complementam que o conceito de segurança
alimentar e nutricional é bastante abrangente por envolver questões de acesso a
alimentos de qualidade, práticas de produção sustentáveis, hábitos alimentares
saudáveis e direitos humanos.
Art. 3º A segurança alimentar e nutricional consiste na
realização do direito de todos ao acesso regular e permanente
a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem
comprometer o acesso a outras necessidades essenciais,
tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde
que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental,
cultural, econômica e socialmente sustentáveis. (BRASIL, 2006,
on-line)
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A expressão segurança alimentar começou a ser utilizada durante a Primeira
Guerra Mundial (1914-1918) e tinha relação com a capacidade de os países
produzirem seus alimentos, a �m de não �carem vulneráveis a embargos, cercos
e outras razões políticas ou militares. Já em 1945, na ocasião da criação da
Organização das Nações Unidas (ONU), o conceito se dividia entre aqueles que
a�rmavam ser a alimentação um direito humano e os que a�rmavam que os
alimentos deveriam ser garantidos por mecanismos de mercado, como o Fundo
Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial.
Após a Segunda Guerra Mundial, a segurança alimentar passou a ser
considerada uma questão de disponibilidade de alimentos insu�ciente. A partir
disso, forram criadas iniciativas para a assistência alimentar que consistiam em
utilizar os excedentes da produção de países ricos para suprir os países mais
pobres.
Diante da ideia de que a insegurança alimentar se dava por uma di�culdade dos
países mais pobres em produzir seus alimentos, foi criada uma iniciativa
chamada Revolução Verde entre os anos de 1960 e 1970. Leão (2013)
mencionar que foi uma experiência para aumentar a produção de alimentos em
países carentes e que se baseou no uso de sementes de alto rendimento,
fertilizantes, pesticidas, irrigação e mecanização, associados a novas variedades
genéticas, diretamente dependentes de insumos químicos.
O �lme O Poço, dirigido por Galder Gaztelu-Urrutia, se passa em uma
prisão diferente e revela a gravidade do problema da insegurança
alimentar e fome. Enquanto poucos recebem muito em seus pratos,
diversos indivíduos �cam de estômagos vazios. A produção está
disponível na Net�ix. Vale assistir!
VOCÊ QUER VER?
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Figura 3 - Disponibilidade de alimentos
Fonte: marilyn barbone, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de uma mesa de
madeira acinzentada com diversos alimentos
distribuídos por cima. Há sementes, frutas,
legumes e verduras organizados de maneira
harmoniosa, formando um quadrado.
O desenvolvimento de técnicas de cultivo  que favoreceram o aumento da
produção de alimentos no mundo se destaca com um dos principais benefícios
trazidos pela Revolução Verde. Por outro lado, prejuízos nas esferas ambientais,
econômicas e sociais foram observados, como redução da biodiversidade,
menor resistência a pragas, êxodo rural e contaminação do solo e dos alimentos
com agrotóxicos.
Apesar do real aumento na produção mundial de alimentos, o problema no
manejo da distribuição e fome não foi solucionado pelas ações da Revolução
Verde.   Constatou-se que a fome — a qual ainda assola diversos locais no
mundo — é causada pela falta de acesso à terra para produzir e ausência de
recursos para adquirir alimentos de qualidade. Não é um problema de produção
de alimentos.
A partir dos anos de 1980, observou-se uma redução no custo dos alimentos,
decorrentes de ganhos contínuos de produtividade na agricultura, o que
potencializou a produção, gerando excedentes e aumentando os estoques. Os
excedentes alimentares foram disponibilizados à população por meio de
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alimentos industrializados, sem que houvesse a eliminação da fome (LEÃO,
2013).  Nesse momento, reconheceu-se que a insegurança alimentar era uma
questão de falta de acesso físico e econômico aos alimentos. 
Na década de 1980 e início de 1990, o conceito de segurança alimentar foi
ampliado para acesso a alimentos seguros (não contaminados por insumos
físicos, químicos ou biológicos), de qualidade e produzidos de forma
sustentável, equilibrada e de acordo com as características culturais de cada
local. Foi assim que a de�nição foi modi�cada para segurança alimentar e
nutricional.  
Entende-se por soberania alimentar a capacidade de decisão e autonomia que
os países têm no que se refere ao que produzir e consumir. A autonomia,
embutida na concepção e nas condições de vida e trabalho dos agricultores
familiares, re�ete na produção de alimentos de qualidade, seguros,
diversi�cados e adequados à cultura local, assim como em estratégias
permanentes e duradouras no âmbito social, econômico e sustentável, em todas
as etapas da cadeia de produção de alimentos (BURITY et al., 2010).
3.1.2 Soberania alimentar
Na obra Convivência com o Semiárido Brasileiro: Autonomia e
Protagonismo Social, organizada por Irio Luiz Conti e Edni Oscar
Schroeder, traz um entendimento sobre as questões de DHAA, segurança
alimentar e soberania alimentar em terras semiáridas. Além disso, aborda
quanto ao per�l e à história dessas regiões, assim como sua relação com
DHAA, mostrando todo o potencial presente para a garantia de uma vida
digna. Leia clicando no botão abaixo!
Acesse (http://plataforma.redesan.ufrgs.br/biblioteca/mostrar_bib.php?
COD_ARQUIVO=17909)
VOCÊ QUER LER?
http://plataforma.redesan.ufrgs.br/biblioteca/mostrar_bib.php?COD_ARQUIVO=17909
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Figura 4 - Soberania alimentar: produção agrícola
Fonte: Jen Watson, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de um grupo de
homens trabalhando na produção agrícola. Doisdeles estão mexendo em uma máquina de
triturar, enquanto os demais seguram sacos com
produtos para trituração. Ao fundo, podemos
observar mais sacos empilhados e um céu azul
com nuvens.
O surgimento do conceito de soberania alimentar impulsionou o aumento da
produção agrícola, incluindo o surgimento, também, de novas tecnologias, uso
de agentes químicos para acelerar o crescimento de plantas e frutos, bem como
pesticidas para combater pragas. O impacto do uso indiscriminado dessas
substâncias para as gerações de trabalhadores rurais e camponeses foi imenso,
além dos danos ambientais e sociais envolvidos. 
Apesar dos esforços, as iniciativas para fazer a soberania alimentar acontecer
não foram su�cientes para combater o problema de insegurança alimentar.
Mesmo com o aumento da produção, o sistema agrícola não garantia acesso,
disponibilidade e qualidade de alimentos a todas as pessoas de forma
igualitária.
Pensando nesse contexto, antes de seguirmos com nossos estudos, acompanhe
a proposta de atividade a seguir e responda à questão adequadamente!
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Leia o excerto a seguir.
“[…] o direito dos povos de de�nir suas próprias políticas e
estratégias sustentáveis de produção, distribuição e consumo
de alimentos que garantam o direito à alimentação para toda a
população, com base na pequena e média produção,
respeitando suas próprias culturas e a diversidade de modos
[…]”.
BURITY, V. et al. Direito humano à alimentação adequada no
contexto da segurança alimentar e nutricional. Brasília:
ABRANDH, 2010. p. 162. Disponível em: https://www.redsan-
cplp.org/uploads/5/6/8/7/5687387/dhaa_no_contexto_da_san.pdf
(https://www.redsan-
cplp.org/uploads/5/6/8/7/5687387/dhaa_no_contexto_da_san.pdf  ).  Acesso
em: 14 jun. 2021.
A respeito do assunto, considerando nossos estudos até o
momento, o excerto anterior está tratando de qual conceito?
a. Direito humano à alimentação adequada (DHAA).
(ATIVIDADE NÃO PONTUADA)
TESTE SEUS CONHECIMENTOS
https://www.redsan-cplp.org/uploads/5/6/8/7/5687387/dhaa_no_contexto_da_san.pdf%C2%A0
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Retomando, diante desses problemas, começaram a aparecer e amadurecer
movimentos sociais a partir do surgimento da Via Campesina: um movimento de
trabalhadores rurais e camponeses que defendiam que cada povo tem o direito
de de�nir suas políticas agrícolas e alimentares.
b. Segurança alimentar e nutricional.
c. Soberania alimentar.
d. Sustentabilidade alimentar e nutricional.
e. Direito humano à alimentação e nutrição (DHAN).
VERIFICAR
A Via Campesina é de�nida como “[…] um
movimento internacional de camponeses e
camponesas, pequenos e médios produtores,
mulheres rurais, indígenas, sem terras, jovens
rurais e trabalhadores agrícolas” (VIA
CAMPESINA, 2007, [s. p.]). Nesse contexto,
realize uma pesquisa sobre a proposta e as
consequências geradas. Depois, compartilhe
com seus colegas!
VAMOS PRATICAR?
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Dizer que um indivíduo ou grupo está em um estado de segurança alimentar
signi�ca que ele tem acesso garantido à alimentação adequada e condições de
saúde para aproveitar os benefícios do alimento ingerido. Quando se associam à
segurança alimentar e nutricional (SAN), o DHAA e a soberania alimentar, inclui-
se o acesso e a disponibilidade estáveis aos alimentos, com a produção destes
realizada de modo sustentável, econômico, ambiental e socialmente.
Nesse sentido, podemos dizer que os conceitos de DHAA, SAN e soberania
alimentar são inter-relacionados e interdependentes. Em outras palavras, não há
como tratá-los de forma isolada.
Para que o DHAA seja garantido, são necessárias ações políticas e sociais que
ofereçam condições individuais e coletivas para garantir o acesso a alimentos
seguros e saudáveis. Essas políticas, para serem efetivas, necessitam de um
3.1.3 DHAA, SAN e SA: ponto de convergência
De acordo com Burity et al. (2010), a Vila Santo Afonso é uma
comunidade da cidade de Teresina/PI. Em 2003, ela recebeu uma visita de
um relator para o direito humano à alimentação adequada. Em conjunto
com a comunidade, a área foi desapropriada em 2004. Devido à ausência
de serviços públicos de qualidade, discriminação sofrida pelos moradores
e proximidade de lagoas, muitas pessoas venderam seus lotes a preços
muito baixos, o que levou à desagregação e dispersão da população, que
lutava pela regularização da área.
Pesquisas realizadas pelo Piauí revelaram que a porcentagem de famílias
em estado de insegurança alimentar grave na Vila Santo Afonso era de
54,34%. A média de insegurança alimentar grave no Brasil, na época, era
de 6,50%, o que torna o dado ainda mais preocupante. Apenas 3,51% das
famílias da Vila Santo Afonso vivia em estado de segurança alimentar,
enquanto a média brasileira de famílias era de 65,20%. Esse estado de
insegurança alimentar era decorrente de diversas de�ciências em
serviços básicos, como saneamento, transporte, educação e saúde. A
maioria das famílias vivia de renda gerada por trabalhos temporários e
informais, fato que prejudicava o acesso aos direitos fundamentais.
ESTUDO DE CASO
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modelo de desenvolvimento com o objetivo de alimentar a população de forma a
valorizar a autonomia dos pequenos produtores.
Dessa forma, é preciso que se garanta o direito dos povos de deliberarem sobre
suas próprias políticas e estratégias sustentáveis de produção, distribuição e
consumo de alimentos, de acordo com cada cultura e região (BURITY et al.,
2010).
A bioética como instrumento de defesa dos direitos humanos é uma forma de
intervir em situações persistentes que não deveriam mais ocorrer. A própria
Declaração Universal sobre Bioética e Direitos Humanos (DUBDH) tem como
3.2 Bioética e alimentação
Estamos estudando os conceitos de DHAA, SAN
e soberania alimentar, incluindo sua
interdependência. Assim, baseando-se no caso
apresentado anteriormente sobre a comunidade
da Vila Afonso e sua luta para a garantia de seus
direitos, relacione quais princípios de direitos
humanos não estão garantidos na situação e
discuta com seus colegas em um debate.
VAMOS PRATICAR?
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base a garantia dos direitos humanos por meio da ética e justiça social,
reforçando o comprometimento da bioética com as pessoas mais vulneráveis e
necessitadas, com ações ligadas a interesses coletivos.
Pessini, Siqueira e Hossne (2010) nos explicam que a junção entre bioética e
direitos humanos está em sintonia com os desa�os de nosso tempo, com o
reconhecimento dos direitos humanos, assumindo-se a responsabilidade de
proteger a vida e dignidade humana.
A não male�cência pode ser relacionada ao não abandono social, à prevenção
em saúde e responsabilidade política. Já a justiça está ligada à promoção dos
direitos, à priorização em saúde, ao monitoramento das desigualdades, à
discriminação, ao controle e à sustentabilidade do sistema. Há   relação, ainda,
entre autonomia e controle social, participação da comunidade, prevenção,
educação e con�dencialidade. Por �m, temos o paralelo entre a bene�cência e a
qualidade do sistema de saúde.
O art. 14 da DUBDH sobre responsabilidade social e saúde
trata do direito de todos à nutrição adequada e água de boa
qualidade, assim como  delega essa responsabilidade aos
governos e à sociedade. Desse modo, temos que os escopos
das declarações de direitos se convergem com os objetivos
das políticas de segurança alimentar e nutricional.
Nesse contexto a bioética se envolve com a proteção dos
menos favorecidos e vulneráveis por meio de seus princípios
de justiça, solidariedade,autonomia, bene�cência e não
male�cência (JONSEN; SIEGLER; WINSLADE, 2012).
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Diante do cenário em que vivemos, para que a bioética possa se aproximar dos
problemas de uma coletividade — principalmente em locais onde há níveis altos
de desigualdade social —, é necessário que se envolva em questões políticas,
econômicas, sociais, culturais, democráticas e ambientais.
Como ética e bioética defendem a dignidade humana, os princípios de justiça,
solidariedade, autonomia e bene�cência fazem parte da orientação de respeito e
liberdade de escolha. Contudo, a simples adoção de princípios não é e�ciente se
não houver aplicabilidade. Logo, a bioética deve ser incorporada na elaboração
de políticas públicas para contribuir com o desenvolvimento de sociedades que
garantam os direitos humanos, incluído o direito à alimentação adequada.
Como já sabemos, o DHAA é intrasferível, indivisível, inalienável, inter-
relacionado e interdependente, por isso, não pode ser compensado, transferido
ou substituído. O não cumprimento de sua garantia pelo Estado constitui um ato
ilícito.
Rosaneli (2016) cita que a promoção da garantia do DHAA é bastante
abrangente e perpassa diversos aspectos, envolvendo a promoção de:  reforma
agrária, agricultura familiar,  políticas de abastecimento,  incentivo às práticas
agroecológicas,  vigilância sanitária dos alimentos,  abastecimento de água e
saneamento básico,  alimentação escolar,  atendimento pré-natal de qualidade
e não discriminação de povos, etnia e gênero. 
3.2.1 Desafios do DHAA
Herbert de Souza, conhecido como Betinho, foi um sociólogo brasileiro e
ativista dos direitos humanos. Em 1993, fundou a Ação da Cidadania,
programa de luta pela vida e contra a miséria, combatendo a fome e o
desemprego. Também coordenou a primeira Conferência Nacional de
Segurança Alimentar em 1994 e, entre tantos feitos, escreveu nove livros,
entre eles a obra A Centopeia que Pensava, Ética e Cidadania e A Cura da
AIDS. Para saber mais sobre a biogra�a de Betinho, acesse o link:
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biogra�co/herbert-
jose-de-sousa (http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-
biogra�co/herbert-jose-de-sousa).
VOCÊ O CONHECE?
http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/herbert-jose-de-sousa
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Figura 5 - Desafios do direito à alimentação adequada
Fonte: AkulininaOlga, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia aproximada de uma
pessoa em condições vulneráveis segurando um
pedaço de pão. O indivíduo tem as mãos sujas e
veste uma camiseta azul escuro.
No momento em que vivemos, a realização de cada um desses aspectos
constitui um desa�o. O atual modelo de produção de alimentos é um desa�o
para a realização do DHAA porque favorece a oferta de produtos processados e
ultraprocessados, com alta densidade energética e quantidades excessivas de
açúcar, gorduras de má qualidade nutricional e sódio.
Uma vez que o consumo desse tipo de alimento aumenta a cada dia — seja pela
oferta abundante, seja pelos preços relativamente acessíveis e pela praticidade
—, ocorre uma transformação no padrão alimentar. Tal mudança se torna
conveniente diante da transformação cultural determinada por longas jornadas
de trabalho, urbanização acelerada e pouco tempo para realizar as refeições. Há,
também, intensa publicidade para esse tipo de produto, o que impacta
diretamente as práticas alimentares, especialmente em grupos mais vulneráveis.
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De acordo com Carvalho e Rocha (2013, p. 282), “O PAA
apresenta como objetivo central garantir o acesso aos alimentos
em quantidade, qualidade e regularidade necessárias às
populações em situação de insegurança alimentar e nutricional
e promover a inclusão social no campo, por meio do
fortalecimento da agricultura familiar. O programa prevê duas
etapas importantes: o suprimento alimentar à população e o
estímulo à pequena produção e a seu consumo”.
CARVALHO, L. R. T.; ROCHA, D. G. Programa de Aquisição de
Alimentos: a lente bioética na segurança alimentar.  Revista
Bioética, São Paulo, v. 2, n. 21, p. 278-290, 2013. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/bioet/a/VqYjDCQCwCmBJW8YmSKqX3d/?
lang=pt&format=pdf.
(https://www.scielo.br/j/bioet/a/VqYjDCQCwCmBJW8YmSKqX3d/?
lang=pt&format=pdf.) Acesso em: 14 jun. 2021.
A ética tem relação direta com o DHAA, visto que essa ciência
humana tem como base a dignidade humana e proteção da
vida. Sendo assim, baseado nesses conceitos, analise as ações
listadas na sequência e as relacione conforme seus respectivos
princípios.
(ATIVIDADE NÃO PONTUADA)
TESTE SEUS CONHECIMENTOS
https://www.scielo.br/j/bioet/a/VqYjDCQCwCmBJW8YmSKqX3d/?lang=pt&format=pdf.
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Outro desa�o à garantia do DHAA se trata da situação de fome e insegurança
alimentar e nutricional no Brasil devido à pandemia de COVID-19. Segundo
pesquisas realizadas, a situação de algum grau de insegurança alimentar
acometia 36,7% de 68 milhões de lares pesquisados, sendo 4,5% em
1. Proteção.
2. Inclusão social.
3. Direito humano.    
4. Equidade.
(   ) Promover o acesso à alimentação em quantidade, qualidade
e regularidade.
(   ) Preços levam em conta as diferenças regionais e a realidade
da agricultura familiar.
(     ) Ações de articulação com cooperativas e demais
organizações de agricultores familiares.
(   ) Seguro que deverá cobrir 100% do valor da produção.
Agora, assinale a alternativa com a sequência correta.
a. 3, 4, 2, 1.
b. 2, 4, 3, 1.
c. 1, 2, 4, 3.
d. 4, 1, 2, 3.
e. 2, 4, 3, 1.
VERIFICAR
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insegurança alimentar grave. Contudo, esse quadro se agravou com a pandemia.
Estudos mostram que um em cada cinco brasileiros precisaram comprar
alimentos e não puderam por falta de dinheiro. Diante dessa situação, o governo
lançou programas de transferência de renda (auxílio emergencial), mas não foi
su�ciente para mudar o quadro (DAUFENBACK; COELHO; BÓGUS, 2021).
O grande desa�o no momento atual é o manejo dessa crise e, ainda, repensar
mudanças para que a garantia do DHAA seja uma realidade.
Entre os diversos desa�os apresentados para a realização do DHAA, ainda
existem aqueles que estão relacionados ao conhecimento sobre esse direito,
como: 
Grande parte da população não conhece seus direitos.
Mesmo em casos em que se tem conhecimento sobre os
direitos humanos, grande parte das pessoas ainda pensa
que esses direitos são restritos a “presos”, “bandidos” e
outras pessoas em situação de vulnerabilidade.
A Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) foi lançada em
2013. Trata-se de um conjunto de políticas públicas que têm por objetivo
respeitar, proteger, promover e prover os direitos humanos à saúde e
alimentação. Entre as ações estratégicas da PNAN, destacam-se: atenção
primária, políticas de promoção da equidade em saúde, vigilância
alimentar e nutricional, entre outras. Você pode ler o documento para se
aprofundar no assunto. Acesse pelo link:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_alimentac
ao_nutricao.pdf
(https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_alimentac
ao_nutricao.pdf).
VOCÊ SABIA?
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_alimentacao_nutricao.pdf
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Frente aos desa�os apresentados, o combate à desigualdade é principal fator
que di�culta o acesso pleno à alimentação de qualidade. Tal desa�o requer
açõesque vão além de políticas sociais. A existência de leis e políticas públicas
infelizmente não garante a realização do DHAA. É necessário que indivíduos,
sociedade e Estados conheçam e dividam suas responsabilidades.
O Brasil é o país mais rico da América Latina, grande produtor e exportador de
alimentos, mas encontra grandes di�culdades para garantir plenamente o DHAA
em função da desigualdade e exclusão social. A insegurança alimentar, em
consequência disso, viola o mais básico dos direitos humanos, que é a
alimentação adequada para manter uma vida digna.
Muitas pessoas conhecem, de certa forma, seus direitos,
porém não têm conhecimento de que têm direito de exigir
que sejam garantidos.
3.2.2 Violações do DHAA
Com base nos conhecimentos obtidos e nos
princípios do PNAN, re�ita e discuta: você
conhece alguém que sofra de algum problema
decorrente de má alimentação,
independentemente de ser por falta ou excesso
na quantidade ou qualidade? Como é a atenção
à saúde dessa pessoa? Ela sabe o que é o
DHAA? Sabe que pode exigir a garantia desse
direito?
VAMOS PRATICAR?
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A violação ao DHAA ocorre toda vez que não se cumprem os deveres de garantia
a esse direito. O descumprimento pode ser direto ou indireto, por meio de
interferências de órgãos de administração ou omissão de um Estado na adoção
de medidas necessárias para a realização das responsabilidades previstas em
lei.
Figura 6 - Representação de insegurança alimentar
Fonte: Chadolfski, Shutterstock, 2021.
#PraCegoVer
Na figura, temos a fotografia de duas latas em
cima de uma fogueira improvisada na calçada de
uma rua. Há uma pessoa de pé atrás e duas
jarras coloridas no chão, assim como parte de
um carro visível.
De acordo com publicação da Ação Brasileira pela Nutrição e Direitos Humanos
(2013), as violações ao DHAA são situações em que as pessoas estão: 
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- Passando fome, ou seja, não têm alimentos em quantidade e
qualidade adequada, de forma regular, para satisfazer suas
necessidades alimentares e nutricionais ou dos integrantes da
sua família;
- Em insegurança alimentar e nutricional, ou seja, pessoas que
não têm a certeza ou garantia de que terão acesso a
alimentos em quantidade e qualidade adequada, no momento
presente ou no futuro próximo, devido a situações de
desemprego, subemprego, baixa remuneração e
impossibilidade de cultivar, por exemplo;
- Passando sede ou com acesso inadequado ou dificultado à
água limpa e a saneamento de qualidade;
- Desnutridas, ou seja, já apresentam alterações físicas
resultantes da falta de alimentação adequada, tais como:
perda acentuada de peso, desaceleração ou interrupção do
crescimento em crianças, alterações na pele, anemia,
alterações da visão, entre outros;
- Mal nutridas, ou seja, apresentam alterações típicas de
deficiências de nutrientes (anemias, hipovitaminoses e outras
carências específicas) ou decorrentes de alimentação e/ou
modo de vida não saudável (obesidade, aumento de
colesterol, pressão alta, diabetes, doenças do coração). (LEÃO,
2013, p. 67)
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A riqueza no Brasil é concentrada, porém, não só sob a forma de renda, mas,
também, de terras. Estas dizem respeito a um dos principais recursos para
produção de alimentos. Consequentemente, se não há acesso à produção de
alimentos, tem-se uma desigualdade econômica. Desigualdade maior que de
raça, etnia, gênero ou social. Desigualdade entre quem come e quem não come,
como citou Josué de Castro, médico ativista no combate à fome.
CONCLUSÃO
A pandemia do COVID-19 causou e tem causado
impactos sociais, psicológicos e econômicos.
Essa situação gerou um retrocesso na luta para
a garantia do DHAA. Estima-se que mais da
metade dos domicílios no país (59,4%) se
encontra em situação de insegurança alimentar,
segundo levantamento feito por pesquisadores.
Nesse contexto, leia ao artigo Implicações da
Pandemia COVID-19 para a Segurança Alimentar
e Nutricional no Brasil
(https://www.scielo.br/j/csc/a/mFBrPHcbPdQC
PdsJYN4ncLy/?format=pdf&lang=pt). Depois,
faça uma resenha a respeito do assunto e
debata sobre o tema com seus colegas!
VAMOS PRATICAR?
https://www.scielo.br/j/csc/a/mFBrPHcbPdQCPdsJYN4ncLy/?format=pdf&lang=pt
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Chegamos ao �m do material. Aqui, pudemos conhecer e nos profundar quanto
ao direito humano à alimentação adequada. Vimos que o conceito de DHAA
abrange todas as pessoas, de todos os lugares, em todas as fases da vida e
além. Também pudemos conhecer os princípios que fazem dele indivisível e
inalienável, as formas de garantia e os âmbitos nos quais devem haver ações
necessárias para sua realização. 
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
aprender sobre o conceito de DHAA e sua abrangência;
entender como se deu o processo para tornar o DHAA um
direito indivisível, inalienável, interdependente e inter-
relacionado;
compreender como DHAA, segurança alimentar e
nutricional e soberania alimentar se complementam;
entender o que são e de que forma ocorrem as violações
ao DHAA, especialmente frente ao quadro pandêmico que
estamos vivendo;
analisar os desa�os cada vez mais crescentes para a
realização do DHAA de forma plena.
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Referências
02/03/2023, 10:11 Ética e Profissionalismo em Nutrição
https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839120 29/31
BRASIL. Lei n. 11.346, de 15 de setembro de 2006. Cria o Sistema
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – SISAN com vistas em
assegurar o direito humano à alimentação adequada e dá outras
providências. Brasília: Congresso Nacional, 2006. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11346.htm
(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11346.htm). Acesso em: 14 jun. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica. PNAN: Política Nacional de
Alimentação e Nutrição. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. Disponível
em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_alimentac
ao_nutricao.pdf
(https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_alimenta
cao_nutricao.pdf). Acesso em: 14 jun. 2021.
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segurança alimentar e nutricional. Brasília: ABRANDH, 2010. Disponível
em: https://www.redsan-
cplp.org/uploads/5/6/8/7/5687387/dhaa_no_contexto_da_san.pdf
(https://www.redsan-
cplp.org/uploads/5/6/8/7/5687387/dhaa_no_contexto_da_san.pdf).
Acesso em: 14 jun. 2021.
CARVALHO, L. R. T.; ROCHA, D. G. Programa de Aquisição de Alimentos: a
lente bioética na segurança alimentar. Revista Bioética, São Paulo, v. 2, n.
21, p. 278-290, 2013. Disponível em:
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lang=pt&format=pdf
(https://www.scielo.br/j/bioet/a/VqYjDCQCwCmBJW8YmSKqX3d/?
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https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_alimentacao_nutricao.pdf
https://www.redsan-cplp.org/uploads/5/6/8/7/5687387/dhaa_no_contexto_da_san.pdf
https://www.scielo.br/j/bioet/a/VqYjDCQCwCmBJW8YmSKqX3d/?lang=pt&format=pdf
http://plataforma.redesan.ufrgs.br/biblioteca/mostrar_bib.php?COD_ARQUIVO=17909
02/03/2023, 10:11 Ética e Profissionalismo em Nutrição
https://ambienteacademico.com.br/mod/url/view.php?id=839120 30/31COD_ARQUIVO=17909
(http://plataforma.redesan.ufrgs.br/biblioteca/mostrar_bib.php?
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http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/herbert-jose-de-sousa
https://www.scielo.br/j/csc/a/5RKJPVxWBRqn3R5ZZC49BDz/?format=pdf&lang=pt
02/03/2023, 10:11 Ética e Profissionalismo em Nutrição
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HAA_SAN.pdf
(http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/seguranca_alimentar/D
HAA_SAN.pdf). Acesso em: 14 jun. 2021.
O POÇO. Direção: Galder Gaztelu-Urrutia. Espanha: Net�ix, 2019. 1 DVD
(94 min.), son., color.
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incertezas. São Paulo: Centro Universitário São Camilo/Loyola, 2010.
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segurança alimentar e nutricional no Brasil. Ciência & Saúde Coletiva,
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http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/seguranca_alimentar/DHAA_SAN.pdf
https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos
https://www.scielo.br/j/csc/a/mFBrPHcbPdQCPdsJYN4ncLy/?format=pdf&lang=pt

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