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1 APRENDIZAGEM E ASPECTOS COGNITIVOS DO AUTISMO 1 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 2 2. TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA ......................................................... 3 2.1 Questões de Cognição, Comportamento, Socialização e Rotinas ................. 7 2.2 Questões de Comunicação e Linguagem no Espectro do Autismo ................ 8 2.3 Questões Sensoriais no TEA........................................................................ 10 3. INTERVENÇÃO PRECOCE ............................................................................... 11 3.1 Modelos de Ensino ....................................................................................... 12 3.2 Trabalhos Relacionados ............................................................................... 13 3.3 Protótipo ....................................................................................................... 16 3.4 Resultados Preliminares .............................................................................. 20 4. TRABALHOS FUTUROS ................................................................................... 21 4.1 Ambiente Digital de Aprendizagem Eduquito ............................................... 21 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 27 2 1. INTRODUÇÃO O termo Transtorno do Espectro Autista (TEA) é utilizado para definir um conjunto de sintomas relacionados à atividade cognitiva e de comunicação . No conjunto de sintomas característicos do TEA, destacam-se perturbações na linguagem, dificuldade para comunicação e comportamentos estereotipados e repetitivos. Em pesquisa realizada pelo órgão norte-americano Center of Diesease Control and Prevention em 2011, o autismo pode estar em duas ou até seis pessoas em cada mil, ou seja, uma pessoa em cada cento e sessenta e seis. Caracterizando o termo autismo para a síndrome TEA e o termo autista para pessoas com TEA, apesar de existir um espectro autista com vários níveis de dificuldade. O protótipo desenvolvido foi projetado para crianças com o nível mais severo do espectro autista, porém pode ser aplicado a todos os níveis do espectro. As novas tecnologias da informação e comunicação (NTIC’s) atualmente representam uma possibilidade de inovação nos recursos didáticos, especialmente no desenvolvimento de pessoas que carecem de medidas educativas especiais. Schlunzen afirma que tecnologias podem constituir um recurso fundamental para possibilitar a comunicação de pessoas com necessidades educativas especiais, permitindo um melhor desenvolvimento cognitivo. 3 Na elaboração do game foi fundamentada na metodologia ABA (Appied Behavior Analysis – Análise do Comportamento Aplicada) como abordagem para intervenção comportamental no tratamento de sintomas do autismo. 2. TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é um transtorno do desenvolvimento neurológico, caracterizado por dificuldades de comunicação e interação social e pela presença de comportamentos e/ou interesses repetitivos ou restritos. Esses sintomas configuram o núcleo do transtorno, mas a gravidade de sua apresentação é variável. Trata-se de um transtorno pervasivo e permanente, não havendo cura, mesmo que a intervenção precoce possa alterar o prognóstico e suavizar os sintomas. Além disso, é importante enfatizar que o impacto econômico na família e no país, também será alterado pela intervenção precoce intensiva e baseada em evidência. Deste modo, este documento está substancialmente focado no diagnóstico e intervenção precoces. 4 O TEA tem origem nos primeiros anos de vida, mas sua trajetória inicial não é uniforme. Em algumas crianças, os sintomas são aparentes logo após o nascimento. Na maioria dos casos, no entanto, os sintomas do TEA só são consistentemente identificados entre os 12 e 24 meses de idade. Por exemplo, aos 6 meses de idade, Ozonoff e colaboradores não encontraram diferenças entre bebês que mais tarde receberam o diagnóstico de TEA e aqueles que continuaram a desenvolver-se tipicamente no que diz respeito à frequência de comportamentos sociais e comunicativos próprios dessa idade (sorriso social, vocalizações dirigidas e olhar para o rosto de outras pessoas). Entretanto, diferenças na frequência desses comportamentos eram claramente perceptíveis aos 12 e/ou 18 meses de idade. Há também evidência de que, a partir dos 12 meses de idade, as crianças que mais tarde recebem o diagnóstico de TEA distinguem-se claramente daquelas que continuam a desenvolver-se tipicamente em relação à frequência de gestos comunicativos (apontar) e da resposta ao nome. Outros sinais já aparentes aos 12 meses de idade incluem o manuseio atípico de objetos (enfileirar ou girar os brinquedos) e/ou sua exploração visual. Não obstante essa evidência, o diagnóstico do TEA ocorre, em média, aos 4 ou 5 anos de idade. Essa situação é lamentável, tendo em vista que a intervenção precoce está associada a ganhos significativos no funcionamento cognitivo e adaptativo da criança. Alguns estudiosos tem até mesmo sugerido que a intervenção precoce e intensiva tem o potencial de impedir a manifestação completa do TEA, por coincidir com um período do desenvolvimento em que o cérebro é altamente plástico e maleável. Não é surpreendente, portanto, que a busca por sinais precoces do autismo continua sendo uma área de intensa investigação científica. Alguns marcadores potencialmente importantes no primeiro ano de vida incluem anormalidades no controle motor, atraso no desenvolvimento motor, sensibilidade diminuída a recompensas sociais, afeto negativo e dificuldade no controle da atenção. São sinais sugestivos no primeiro ano de vida: Perder habilidades já adquiridas, como balbucio ou gesto dêitico de alcançar, contato ocular ou sorriso social; Não se voltar para sons, ruídos e vozes no ambiente; Não apresentar sorriso social; - baixo contato ocular e deficiência no olhar sustentado; Baixa atenção à face humana (preferência por objetos); 5 Demonstrar maior interesse por objetos do que por pessoas; Não seguir objetos e pessoas próximos em movimento; Apresentar pouca ou nenhuma vocalização; Não aceitar o toque; Não responder ao nome; Imitação pobre; Baixa frequência de sorriso e reciprocidade social, bem como restrito engajamento social (pouca iniciativa e baixa disponibilidade de resposta); Interesses não usuais, como fixação em estímulos sensório-viso-motores; Incômodo incomum com sons altos; Distúrbio de sono moderado ou grave; Irritabilidade no colo e pouca responsividade no momento da amamentação. A avaliação formal do Desenvolvimento Neuropsicomotor é fundamental e indispensável e faz parte da consulta pediátrica. Nos últimos anos, as estimativas da prevalência do autismo têm aumentado dramaticamente. Nos Estados Unidos da América, por exemplo, de 1 para cada 150 crianças de 8 anos em 2000 e 2002, a prevalência do TEA aumentou para 1 para cada 68 crianças em 2010 e 2012, chegando à prevalência de 1 para cada 58 em 2014, mais que duplicando o número de casos durante esse período. Esse aumento na prevalência do TEA é, em grande parte, um resultado da ampliação dos critérios diagnósticos e do desenvolvimento de instrumentos de rastreamento e diagnóstico com propriedades psicométricas adequadas. Embora a identificação e o acesso à intervenção ocorram em menor frequência em certos grupos socais do que em outros, o TEA manifesta-se em indivíduos de diversas etnias ou raças e em todos os grupos socioeconômicos. Sua prevalência é maior em meninosdo que em meninas, na proporção de cerca de 4:18. Estima- -se que em torno de 30% dos casos apresentam deficiência intelectual. O TEA é também frequentemente associado a outros transtornos psiquiátricos (transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, depressão e ansiedade) e a outras condições médicas (epilepsia; transtornos genéticos). Dificuldades motoras são também relativamente comuns entre indivíduos com TEA, embora sua presença não seja necessária para o diagnóstico. 6 Quando é detectado qualquer atraso, a estimulação precoce é a regra. Retardar a estimulação significa perder o período ótimo de estimular a aquisição de cada habilidade da criança. O TEA é causado por uma combinação de fatores genéticos e fatores ambientais. Estudos comparando gêmeos idênticos e gêmeos fraternos mostram que a taxa de concordância do TEA é significativamente maior entre os primeiros do que entre os segundos, sugerindo um forte componente genético na etiologia do autismo. De fato, há evidência de que a arquitetura genética do TEA envolve centenas ou milhares de genes, cujas variantes, herdadas ou de novo, e comuns ou raras na população, compreendem múltiplos modelos de herança. Apesar de claramente importantes, os fatores genéticos não atuam sozinhos, sendo sua ação influenciada ou catalisada por fatores de risco ambiental, incluindo, entre outros, a idade avançada dos pais no momento da concepção, a negligencia extrema dos cuidados da criança, a exposição a certas medicações durante o período pré-natal, o nascimento prematuro e baixo peso ao nascer. O DSM-V classifica a Síndrome de Asperger dentro do TEA. Os pacientes com Síndrome de Asperger apresentam diagnóstico mais tardio, pois geralmente não há atraso de linguagem verbal e a cognição é preservada. O comprometimento da linguagem pode ser verificado através de um discurso de mesma entonação, empobrecido na linguagem não-verbal e no entendimento da linguagem de sentido figurado. Podem apresentar olhar nos olhos não sustentado, com tendência a desviar o olhar com frequência, face pouco expressiva, pouco interesse no outro, teoria da mente deficiente, interesses restritos, pouca socialização, dentre outros. Há também aqueles pacientes que apresentam habilidades supranormais que podem ser as mais variadas possíveis. Assim que uma criança apresenta comprovados atrasos ou desvios no desenvolvimento neuropsicomotor, ela deve ser encaminhada para avaliação e acompanhamento com médico especializado em desenvolvimento neuropsicomotor, com avaliação formal para TEA com o Psiquiatra Infantil ou o Neuropediatra. 7 2.1 Questões de Cognição, Comportamento, Socialização e Rotinas Os pacientes com TEA apresentam alterações comportamentais relacionadas às habilidades de comunicação e socialização podendo estar associadas a déficits cognitivos. Desta forma, torna-se importante a avaliação individualizada destes pacientes, a fim de direcionar a terapia através de estimulação, por práticas baseadas em evidências, de forma precoce e intensiva e treinamento de pais e cuidadores realizada por profissional capacitado, geralmente o psicólogo. A estimulação para a aprendizagem e desenvolvimento de habilidades sociais e cognitivas por meio de estratégias de ensino visa promover a neuroplasticidade, acelerando as sequências do desenvolvimento infantil. Assim que a avaliação comportamental é realizada, são delineados os objetivos de cada intervenção. Além do programa de estimulação a abordagem do comportamento da criança é ampla e envolve vários aspectos de sua vida que devem ser avaliados e monitorados para um melhor prognóstico: Rotina diária da criança: Adequação nutricional; horário de início do sono, duração e qualidade; tempo e conteúdo de telas em relação ao que é recomendado para cada idade; atividades ao ar livre; modalidade de brincadeiras; horário e adequação escolar; agenda de atividades extracurriculares e terapias complementares; cabe ao pediatra orientar, discutir e monitorar as famílias em relação ao segmento em das recomendações já publicadas nos documentos científicos da Sociedade Brasileira de Pediatria e a Academia Americana de Pediatria sobre as rotinas saudáveis e brincadeiras. Família: Investigar tempo qualitativo dos pais e familiares destinados ao paciente; qualidade das relações envolvendo parentalidade e conjugalidade; presença de fatores de risco para estresse tóxico; presença de doenças nos cuidadores 8 (depressão, transtornos psiquiátricos, traços autísticos e outros problemas); quantidade, idade, estado de saúde e emocional de irmãos. Segundo Araújo, o bem estar e envolvimento de todos os membros da família são imprescindível para o melhor aproveitamento do potencial de neurodesenvolvimento dos pacientes com TEA. O Pediatra tem um importante papel no acolhimento, instrumentalização, capacitação e incentivo aos pais em relação às questões destacadas. Escola: Adequações escolares em relação ao conteúdo e planejamento pedagógico, inclusão escolar com possibilidade de monitor individual a fim de potencializar a aprendizagem e socialização com seus pares segundo legislação vigente. 2.2 Questões de Comunicação e Linguagem no Espectro do Autismo Figura 1: Tratamento para autismo. Fonte: Dantas, 2005. Muito frequentemente o diagnóstico diferencial entre os transtornos do espectro do autismo (TEA) e algum distúrbio de comunicação pode ser necessário. As quatro principais alternativas, relacionadas à comunicação e linguagem, que demandam consideração cuidadosa são: surdez (ou deficiências auditivas graves), distúrbios específicos de linguagem (DEL), apraxia de fala da infância (AFI) e distúrbios de comunicação social. O desenvolvimento das técnicas de diagnóstico e intervenção precoce, associado a políticas públicas cada vez mais eficientes nessa área tem permitido que 9 as deficiências auditivas sejam diagnosticadas cada vez mais cedo e que a intervenção adequada seja proporcionada, frequentemente para crianças com menos de 1 ano. Entretanto, os sintomas do TEA podem ser confundidos ou estar sobrepostos aos da surdez. Ausência de reação a sons, não reconhecimento de vozes ou palavras familiares, além de pouca responsabilidade social, podem gerar esse tipo de dúvida diagnóstica. Em geral, quando há concorrência de autismo e surdez, um dos dois transtornos é diagnosticado mais tardiamente. Aspectos como intenção comunicativa, respostas ao uso sistemático de alguns gestos, contato ocular e características da brincadeira podem possibilitar o diagnóstico diferencial ou a presença de características autísticas em crianças diagnosticadas com surdez. Nesses casos, intervenções mais “permanentes” como o implante coclear, precisam ser consideradas com muito cuidado. Os distúrbios específicos de linguagem dificilmente são diagnosticados antes dos 3 ou 4 anos de idade pois, embora em geral haja um importante déficit do desenvolvimento da linguagem, essas crianças em geral são primeiramente diagnosticadas como tendo um atraso de linguagem. As dificuldades graves de comunicação, entretanto, frequentemente resultam em menos participação em atividades sociais e aparente desinteresse pela comunicação. Ausência de linguagem e aparente desinteresse pelo contato social podem ser características facilmente associadas aos TEA. Muitas vezes, um período relativamente curto de terapia fonoaudiológica focada na interatividade pode possibilitar esse diagnóstico diferencial. Mais recentemente o diagnóstico de Apraxia de Fala da Infância (AFI) tem sido atribuído no Brasil a um número muito grande de crianças. Internacionalmente, considera-se que a AFI atinge uma criança em mil. Ou seja, trata-se de um transtorno raro. O diagnóstico de apraxia de fala está relacionadoa dificuldades no planejamento motor da fala, que resulta em importante ininteligibilidade, principalmente porque as trocas fonêmicas são inconsistentes e a articulação imprecisa. Embora frequentemente as crianças com TEA não apresentem dificuldades articulatórias relevantes, quando há suspeita de um transtorno motor da fala, em geral 10 é muito difícil obter a sua colaboração para avaliações sistemáticas de fala. Novamente a intenção comunicativa é o elemento mais importante para o diagnóstico diferencial. O DSM 5 propõe o quadro de Distúrbio de Comunicação Social como um dos transtornos do desenvolvimento. A American Speech-Language and Hearing Association (ASHA) chama atenção para o fato de que todas as crianças com TEA têm problemas de comunicação social. Mas esses problemas não são suficientes para o diagnóstico no espectro do autismo. 2.3 Questões Sensoriais no TEA Pesquisas apontam que crianças com TEA respondem a experiências sensoriais de forma diferente de seus pares sem deficiência e essas respostas são muito heterogêneas. Indivíduos com TEA vivenciam dificuldades na percepção, integração e modulação de suas respostas a estímulos sensoriais diários, e essas dificuldades estão presentes ao longo da vida, com impacto significativo nas atividades de vida diária e acadêmicas. Apesar da heterogeneidade das características sensoriais, análise fatorial realizada por Tomchek, Huebner e Dunn44 apontou uma estrutura de 6 fatores, que caracterizam os principais comportamentos observados em crianças com TEA: 1. Baixa energia/fraqueza: parece ter músculos fracos, não consegue carregar objetos pesados, tem preensão fraca, etc. 2. Sensibilidade tátil/ao movimento: reage agressivamente ao toque; evita andar descalço, especialmente na grama ou areia; fica ansioso ou estressado quando os pés não tocam o chão; tem medo de altura ou movimento. 3. Sensibilidade gustativa/olfativa: come apenas alguns sabores; escolhe alimentos pela textura; evita alguns sabores e cheiros tipicamente comuns na alimentação de crianças. 4. Sensibilidade auditiva/visual: não consegue trabalhar com barulho ao fundo; tem dificuldades em terminar tarefas se o rádio/TV está ligado; tampa os 11 ouvidos com as mãos; fica incomodado com luzes brilhantes; cobre os olhos para protegê-los da luz. 5. Procura sensorial/distraibilidade: fica muito excitado durante atividades com movimento; pula de uma atividade para outra de maneira que interfere no brincar; tem dificuldade em prestar atenção; toca pessoas ou objetos; produz barulhos estranhos. 6. Hiporresponsividade: parece não notar quando o rosto e mãos estão sujos; não responde quando o nome é chamado, apesar da audição estar boa; parece não ouvir o que lhe é dito; deixa a roupa embolada no corpo. O paciente com TEA pode apresentar uma ou mais alterações descritas acima, e é importante que ela seja avaliada por um profissional, geralmente terapeuta ocupacional, habilitado a avaliar e intervir nas disfunções de integração sensorial. 3. INTERVENÇÃO PRECOCE O tratamento padrão-ouro para o TEA é a intervenção precoce, que deve ser iniciada tão logo haja suspeita ou imediatamente após o diagnóstico por uma equipe interdisciplinar. Consiste em um conjunto de modalidades terapêuticas que visam aumentar o potencial do desenvolvimento social e de comunicação da criança, proteger o funcionamento intelectual reduzindo danos, melhorar a qualidade de vida e dirigir competências para autonomia, além de diminuir as angústias da família e os gastos com terapias sem bases de evidência científicas. Cada criança com TEA apresenta necessidades individualizadas, que estão de acordo com a sua funcionalidade, sua dinâmica familiar e a quantidade de recursos que a comunidade oferece e, portanto, necessita de uma avaliação terapêutica personalizada que permita o estabelecimento de um plano individualizado de intervenção. Dentre as modalidades terapêuticas estão: Modelo Denver de Intervenção Precoce para Crianças Autistas: estimulação intensiva e diária baseada em Análise do Comportamento Aplicada (ABA), visando promover interações sociais positivas e naturalistas com a finalidade 12 do aumento da motivação da criança para as competências sociais, a aprendizagem e o desenvolvimento da comunicação receptiva e expressiva e das habilidades cognitivas e motoras; Estimulação Cognitiva Comportamental baseada em (ABA): programa comportamental amplamente utilizado e reconhecido, que visa desenvolver habilidades sociais e comunicativas, ao lado da redução de condutas não adaptativas, partindo de estratégias de reforço; “Coaching Parental”: orientações familiares e treinamento dos pais, visando manejo do comportamento dos cuidadores, adequações de rotinas e co- responsabilização para estimulação; Comunicação suplementar e alternativa: a partir do uso de sinais, gestos, símbolos e figuras (como o PECS- Sistema de Comunicação por Troca de figuras) em autistas não-verbais; Método TEACCH (Tratamento e Educação para Crianças Autistas e com outros prejuízos na comunicação): mais utilizado no campo da educação, implica na estruturação do ambiente pedagógico-terapêutico, com o estabelecimento de rotinas e o planejamento da sequência e duração das atividades; Terapia de integração sensorial: para crianças autistas que demonstram alterações no processamento sensorial; Outras estratégias podem envolver o recurso de um acompanhante terapêutico e aparelhos de alta tecnologia, incluindo jogos e aplicativos desenvolvidos especificamente para o desenvolvimento de habilidades comunicativas. O tratamento deve envolver a equipe de saúde, a equipe pedagógica e a família. 3.1 Modelos de Ensino Segundo o Centro de Terapias Comportamentais, o ensino por meio de tentativas discretas é uma metodologia específica utilizada para maximizar a aprendizagem. A metodologia que adota essa estratégia é denominada ABA e trata- se de um processo utilizado no desenvolvimento de várias habilidades, como cognição, comunicação e socialização. A técnica envolve dividir a capacidade em partes menores, ensinar cada capacidade individualmente até ser aprendido, permitir uma prática repetida durante 13 um período concentrado de tempo, providenciar ajudas e a sua extinção conforme necessária e recorrer a procedimentos de reforço. A terapia ABA tem sido a com melhores resultados, pois “recorre-se” à observação e à avaliação do comportamento do individuo, no sentido de potenciar a sua aprendizagem e promover o seu desenvolvimento e autonomia. O modelo TEACCH (Treatment and Education of Autistic and Related Communication Handicapped Children) consiste em uma intervenção específica, caracterizada por adequar o ambiente a criança com o propósito de reduzir a ansiedade, possibilitando melhor aprendizagem. Esta metodologia fundamenta sua dinâmica funcional através do fornecimento de padrões de referência, especialmente visuais. O modelo TEACCH proporciona, através de um ambiente bem estruturado e organizado, a garantia de padrões de referência, padrões esses que são muito importantes para crianças autistas, como para crianças com dificuldades cognitivas. PECS (Picture Exchange Communication System) consiste em uma metodologia baseada no método ABA, onde é utilizada uma pasta de plástico revestida com velcro e em figuras que serão afixadas nela. Esse método possui seis fases, onde na primeira o estudante troca uma figura por um item por ele desejado. Em seguida o estudante procura pelas figuras que mais gosta, mas que estão dispostas a uma distância maior. A terceira fase tem o propósito de discriminar os itens desejados. Na quarta fase o estudante aprende a formar frases, por meio da utilização das figuras. Na penúltima fase o estudante aprendea responder perguntas utilizando as figuras e na ultima cria comentários por meio da justaposição das figuras. A metodologia PECS pode ser aplicada não somente em crianças, mas em diferentes fases de desenvolvimento e em diferentes transtornos. 3.2 Trabalhos Relacionados Ferramentas computacionais para ensino de crianças autistas O jogo Coelho Sabido é desenvolvido pela empresa Riverdeep Interactive Learning Limited para ser utilizado em computadores desktop. A missão do jogo é auxiliar no aprendizado de palavras. É voltado para a educação infantil. Sua interatividade permite as crianças brincarem e testarem seus conhecimentos. Na Fig. 1 temos uma tela do jogo Coelho Sabido. 14 Figura 2: Tela demonstrando o ambiente do jogo Coelho Sabido. Fonte: Dantas, 2005. Tela demonstrando o ambiente do jogo Coelho Sabido O jogo LED-ME apresenta um jogo de computador para a integração em ambientes de estimulação multissensorial, para ser jogado por crianças com deficiência intelectual. O jogador controla um objeto em um ambiente bidirecional em vários ambientes com o propósito de auxiliar na orientação espacial, conforme mostrado na Figura. Figura 3: Orientação Espacial. Fonte: Dantas, 2005. 15 O navegador ZAC-Browser – Zone for Autistic Children possui uma interface simples de navegação e ajustada às necessidades de crianças autistas. O ZAC- Browser é disponibilizado nos idiomas inglês, francês e espanhol e torna a tarefa usual de navegar internet mais acessível às crianças autistas. Barbosa propõe um modelo para aquisição do conhecimento das cores. A aplicação tem o objetivo de desenvolver a capacidade cognitiva na aquisição das cores básicas e seus nomes. Os utilizadores têm disponível uma tela simples com um desenho gráfico pensado nas pessoas com TEA, de modo a não dispersar sua atenção. As cores são dispostas em forma de peças de quebra-cabeças, onde as peças representam as cores, conforme a Fig. 4. Figura 4: Ambiente do aplicativo voltado ao ensino de cores. Fonte: Dantas, 2005. A ferramenta e-kids consiste em um teclado especial, desenvolvido para ser acoplado a um computador para interação com um software desenvolvido com a finalidade de aplicar a metodologia ABA de tentativas discretas. O ambiente proposto no e-kids é composto de um profissional de psicologia ou psicopedagogia que conduzirá o processo de aprendizagem, de uma criança que utilizará a aplicação e de um microcomputador onde estará disponível a aplicação. 16 Na Fig. 5 podemos observar o ambiente proposto para o e-kids. Figura 5: Ambiente proposto para o e-kids. Fonte: Dantas, 2005. 3.3 Protótipo Para atingir os objetivos propostos, foram desenvolvidos o game G-TEA, uma ferramenta para auxilio dos profissionais da psicologia que lidam com crianças autistas. A ferramenta tem como objetivo auxiliar os profissionais a ensinarem inicialmente as cores, algo tão elementar, mas de grande dificuldade para crianças com autismo. O G-TEA foi projetado seguindo a metodologia da Analise do Comportamento Aplicado – ABA, dividindo-se em pequenas tarefas o aprendizado da cor escolhida, seguido de reforços positivos toda vez que acertar e não havendo interações negativas, podendo o profissional inferir quando necessário para estimular o aprendizado da criança. A. Fluxo do game G-TEA O G-TEA se apresenta como um game com o propósito de auxiliar profissionais da área de psicologia no ensino das cores para crianças autistas. Inicialmente o profissional define as configurações iniciais do game, selecionando a cor a ser trabalhada. Após a escolha da cor é exibida uma tela contendo a amostra da cor escolhida, que tem como propósito servir de reforço para o profissional no ensino da referida cor. Após a exibição da amostra é iniciado a interação da criança com o G-TEA, onde será apresentada uma tela contendo n posições, com m interações determinado de acordo com a fórmula (1). mn + 1 Determinam a quantidade de interações 17 m de modo a reforçar o aprendizado da cor, garantindo que a criança percorra todas as n posições da tela, somando-se mais uma interação para o reforço da aprendizagem. A cada fase será incrementada mais uma posição na tela, representando diferentes níveis no game. Este processo repete-se durante todas as fases do game, como mostra o fluxo apresentado na figura abaixo. Figura 6: Fluxo de execução do game G-TEA. Fonte: Dantas, 2005. 1) Iniciando o G-TEA: Na tela inicial o profissional fará uso dos elementos dispostos para configurar o ambiente de aprendizado da cor escolhida, como segue a descrição abaixo: 18 a) Botão de identificação da criança: Ao pressionar o botão de identificação, será exibida uma tela onde o profissional irá informar o nome da criança, Fig. 6 (a). b) Botão de habilitação do áudio: No botão de habilitação do áudio temos as opções de desabilitar ou habilitar o áudio do game, pois o som pode ser incômodo para algumas crianças, Fig. 6 (b). c) Paleta de cores: Na tela inicial é disposta uma paleta contendo seis cores básicas do cotidiano, onde o profissional irá escolher qual cor será trabalhada, Fig. 6 (c). d) Botão de Instrução: Ao pressionar o Botão de Instrução é exibida uma tela contendo as instruções necessárias para a utilização do game, também são exibidos os contatos dos desenvolvedores, Fig. 6 (d). Figura 7: Tela inicial do G-TEA. Fonte: Dantas, 2005. 2) Aplicando o G-TEA: Neste tópico descrevemos como será a utilização do G-TEA, discriminando todas as telas exibidas no processo de aprendizagem da cor escolhida durante a utilização do game. a) Tela de amostra: Esta tela nos mostra a interação do profissional com a criança, onde o profissional apresentará a amostra exibida na tela do G-TEA, indicando como referência a cor a ser trabalhada, além de demonstrar a utilização do 19 game. As cores apresentadas nas telas de amostra obedecerão ao tamanho de cada bloco, de acordo com cada fase. b) Tela de aprendizado da cor: Esta tela será utilizada pela criança para poder fazer interações nas posições dispostas na tela, onde a criança deverá pressionar a cor trabalhada. A cada acerto da criança a ferramenta apresenta um reforço positivo sonoro, caso contrário o G-TEA não apresenta retorno, aguardando o reforço positivo do profissional. A cor aparecerá em posições alternadas, de modo a aplicar o método de tentativas discretas (ABA), inferindo no conhecimento da referida cor. Terminada a interação desta tela, será apresentada novamente a tela de amostra, com o propósito de instruir a criança, como um reforço positivo no aprendizado da cor. As demais fases conterão os mesmos elementos, incrementados em uma posição. c) Tela de pontuação: Ao termino do game o G-TEA apresentará uma tela contendo a pontuação, como reforço positivo para o estímulo da criança, trabalhando seu cognitivo emocional. d) Tela de resultados: Na tela de resultados serão exibidos os resultados correspondentes a cada fase, contendo a quantidade detalhada de interações no game como a quantidade de toques em outros botões, a quantidade de toques fora dos botões, o total de toques e o tempo gasto para conclusão de cada fase. Essa tela tem o propósito de auxiliar o profissional na avaliação do aprendizado da criança. A tela de resultados pode ser visualizada na Fig. 7. Figura 8: Tela de resultados do G-TEA. Fonte: Dantas, 2005. B. Ferramentas utilizadas: 20 No desenvolvimento do G-TEA utilizamos a ferramenta Construct 2 [5], desenvolvida pela empresa Scirra. O Construct 2 possibilita um desenvolvimento ágil de jogos 2D para as principais plataformasdo mercado. A programação em Construct 2 se dá por meio de uma linguagem visual com recursos drag and drop (arrastar e soltar). O game G-TEA foi projetado para tablets por ser um equipamento de fácil manuseio, onde a interação se dá por toques. Uma plataforma bastante utilizada em tablets é o sistema Android. Por esse motivo exportamos o projeto criado no Construct 2 para a plataforma Android a partir da versão 2.3. Contudo, podendo ser portado para outras plataformas. 3.4 Resultados Preliminares Os testes do G-TEA foram realizados na Associação de Amigos dos Autistas do Piauí, localizado a Rua José Clemente Pereira, S/N, Bairro Primavera na capital Teresina, no estado do Piauí, Brasil e aplicado inicialmente em 3 (três) crianças autistas. Notou-se na primeira criança o interesse de imediato de usar a ferramenta, devido ao tablet ser um objeto novo em seu cotidiano, estimulando seu interesse em manuseá-lo. Observou-se ainda, que a cada interação com game, mais entusiasmada a criança ficava para realizar todas as fases do G-TEA. A segunda criança rejeitou a utilização do tablet, possivelmente por não ter existido um contato prévio com a tecnologia ou não estar disposto a realizar a atividade proposta. A terceira criança teve um pouco mais de dificuldade no inicio, mas com os reforços positivos do game e do profissional, a mesma começou a descobrir como interagir com o G-TEA e conseguiu realizar as tarefas dispostas nas fases. 21 4. TRABALHOS FUTUROS Pretende-se estender o G-TEA para trabalhar não somente com o aprendizado das cores, mas também no ensinoaprendizagem dos numero, das letras, dos sons, dentre outros para auxiliar os profissionais da Psicologia, Psicopedagogia, Fonoaudiologia, educação, dentre outros. A distribuição do GTEA será feita de forma gratuita para o público em geral através de um repositório web. Portanto apresentando o G-TEA como uma importante ferramenta no auxilio aos profissionais da psicologia em solucionar as dificuldades de aprendizado das cores em crianças com o Transtorno do Espectro Autista. Concluindo, que o G-TEA atingiu seu objetivo de auxiliar o profissional no ensino das cores para crianças autistas, devido despertar o interesse de estarem aprendendo como se estivessem jogando. O G-TEA será submetido a uma amostra maior de crianças, com o propósito de uma análise melhor de seus resultados. 4.1 Ambiente Digital de Aprendizagem Eduquito Um ambiente de aprendizagem constitui-se por elementos presente num processo educativo: os sujeitos que nele participam, os recursos e metodologias 22 utilizadas no processo e os espaços e tempos possíveis dentro do processo imbuído também de uma concepção de aprendizagem que permeai todo o processo. Evidentemente, nosso interesse especial centra-se em ambientes que incorporam entre seus recursos, ferramentas digitais/computacionais e embasados numa concepção sócio-histórica da aprendizagem. Desta forma definimos ambiente digital de aprendizagem como ambiente centrado no aprendiz e nas suas necessidades, com recursos tecnológicos digitais (de hardware e de software) para apoio à comunicação/interação e construção de conhecimento. Os ADE são constituídos então, por um conjunto de programas (integrados ou não) o professor/mediador e os seus alunos, as ações desenvolvidas nele apoiadas por uma metodologia de ensino e aprendizagem calcada na epistemologia construtivista/interacionista permitindo aos alunos, a partir da interação/manipulação dos objetos e do ambiente e da interação com os demais participantes do processo de ensino e aprendizagem (professor e colegas) a construção do seu conhecimento.[11] Do ponto de vista da teoria sócio-histórica os ADAs são signos estruturados fortemente na linguagem que os transforma em ferramenta cognitiva e semiótica e como tal em mediadores culturais que atuam sobre cada ZDP dos sujeitos participantes. A mediação entre sujeito e objeto é feita, não apenas pelos recursos projetados e disponíveis dentro do ambiente (instrumentos), mas também pela interação com outros sujeitos que constituem um contexto semiótico repleto de novas significações que infleunciam o processo de construção do próprio pensamento e da tomada de consciência. O Eduquito1 foi idealizado e projetado pela equipe do NIEE2 (Núcleo de Informática na Educação Especial) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul com apoio do CNPq – Comissão Nacional de Pesquisa do Brasil. O objetivo fundamental do Eduquito é ser um ambiente computacional que possibilite o trabalho por Projetos de Aprendizagem seguindo a concepção epistemológica embasada na Teoria Sócio-Histórica. O termo projeto ganhou recentemente um uso bastante frequente na escola pensado como um guia para a ação do aluno. Foi Dewey que em 1886 trouxe esta noção para a educação e influenciou a pedagogia moderna, numa crítica à pedagogia por objetivos. Dewey propus uma pedagogia aberta que coloca-se o aluno como ser ativo no centro do processo de formação através de aprendizagens contextualizas e significativas [15]. 23 De encontro a essa visão, e partindo de uma perspectiva Sócio-Histórica, a equipe do NIEE preocupasse em desenvolver ADAs centrandos na pedagogia por projetos. Desta forma, foi criado o ambiente Eduquito que parte de uma concepção diferenciada de ambiente de Educação a Distância deixando de lado a ênfase em cursos Web para centrar-se em projetos de aprendizagem promovendo a interação e comunicação, espaços para reflexão e de produção pessoal e colaborativa. O Eduquito foi desenvolvido, também, pensando em Pessoas com Necessidades Especiais(PNEs) de diversas faixas etárias para promover a inclusão digital. A estrutura do Eduquito tem como elemento central, a ferramenta que cria e disponibiliza Projetos. Que conta com outros recursos de forma a apoiar a organização do trabalho do grupo, como por exemplo, a ferramenta Agenda de Atividades onde os participantes podem definir as etapas necessárias no projeto e controlar o andamento das mesmas. A comunicação entre os participantes e o compartilhamento dos trabalhos desenvolvidos são pontos centrais no desenvolvimento de projetos e por isso são apoiados por ferramentas de comunicação e de colaboração como o Correio, Grupos, Recados, Diário, Bate-Papo etc. De forma geral podemos agrupar os recursos em quatro áreas: comunicação, ação, reflexão e acompanhamento. Sinteticamente cada área descreve-se a seguir: a) Recursos de Comunicação: Correio: permite a comunicação entre os participantes, a partir de um correio interno do ambiente com as mesmas funcionalidades de um correio tradicional; Chat: são salas de conversas que podem ser criadas por qualquer participante, na versão atual em formato de texto e figuras, mas encontra-se em desenvolvimento uma versão com áudio para atender pessoas com deficiência visual e com escrita de sinais para atender as pessoas surdas; Quadro de Avisos: este é um espaço para deixar avisos para os participantes. O recado fica disponível e visível para todos os participantes, podem ter texto, imagens e formatar a fonte e o fundo do mesmo; Informações Urgentes: espaço para comunicações importantes seja do administrador, do mediador ou do criador do projeto; 24 Fórum: é possível criar vários fóruns dentro de um projeto, e como no chat, qualquer participante pode abrir fóruns e participar dos mesmos; Histórias Colaborativas: é um espaço para criação de histórias em quadrinhos de forma colaborativa, onde cada participante pode acrescentar textos ou imagens a uma história grupal. b) Recursos para a Ação: Projetos: o usuário pode ver e visitar os projetos disponíveis além de propor seu próprio projeto. Para isso bastapreencher um formulário simples com o resumo do projeto e convidar as pessoas a participar. Agenda de Atividades: Este recurso permite organizar o projeto com atividades sugeridas por qualquer participante. Grupos: neste espaço são definidos os grupos. Como no resto do ambiente, o aluno pode optar por criar um grupo, participar num grupo já existente ou trabalhar individualmente; Espaço de Produção: é uma área de trabalho, que segue a metáfora do Windows Explorer, na qual é possível armazenar trabalhos referentes aos projetos, ou particulares de cada aluno. (O aluno pode compartilhar ou não esses materiais Midiateca: espaço para compartilhamento de materiais em diversos formatos que possam servir para o desenvolvimento do projeto (tutoriais, programas, vídeos, áudios, etc.). c) Recursos para a Reflexão: Quem sou eu: oferece um espaço para o usuário fornecer uma série de informações pessoais e, se desejar, enviar sua fotografia ou escolher um personagem que o represente, gravar um pequeno vídeo ou um áudio. Meu Diário de Bordo: é um espaço reservado para reflexões pessoais com acesso restrito. d) Recursos de Acompanhamento (configurar): Acessos: são relatórios de acessos quantitativos organizados por ferramentas ou por datas. A finalidade destas ferramentas é auxiliar o professor no acompanhamento do aluno. 25 Relacionamento: são relatórios por sujeito sobre as suas interações no ambiente organizada por pessoas que interage e ferramentas utilizadas. e) Recursos do Administrador: formam parte do ambiente, mas seu acesso é restrito. Estes recursos permitem realizar backup, autorizar usuários, tornar alunos em mediadores, entre outros. Com relação à computação, relacionando à construção e melhoramento do ambiente Eduquito resultados encontrados indiretos, pois as categorias encontradas e aprofundadas na pesquisa tanto no relativo com a interação social como com as ações mediadoras podem ser aplicadas no desenvolvimento de ambientes de aprendizagens digitais mais adaptados aos sujeitos sejam estes ou não com necessidades especiais. A questão da mediação, discutida, mostra de grande importância no desenvolvimento de processos educativos. O ponto de vista pedagógico, o papel do mediador seu ajuste nas ajudas oferecidas dentro das categorias identificadas de controle, autocontrole e auto-regulação são importantes para a autonomia do aluno e a apropriação do conhecimento. Num processo de educação, muitas vezes “esses ajustes” são feitos no andamento das aulas presenciais a partir da “leitura” do contexto intersubjetivo estabelecido no grupo. Tal contexto contem elementos linguísticos e extralinguísticos que aportam conhecimento sobre a definição de situação compartilhada. Porém nos ambientes digitais de aprendizagem a “leitura” do contexto intersubjetivo é empobrecida pois as interfaces de tais ambientes são estruturada em torno a elementos linguísticos. Uma das possibilidades de solução é construir sistemas de agentes que permitam detectar aspectos extralinguísticos a partir de marcadores verbais que possibilitem uma mediação compartilhada entre agentes e humanos. Desta forma, o mediador teria mais tempo para acompanhar o processo de auto-controle dos seus alunos concentrando-se em ajudas qualitativamente superiores buscando a auto-regulação. Para isto estamos atualmente pesquisando alternativas para a formalização e o reconhecimento das estratégias de mediação utilizando conceitos e técnicas da IA Cognitiva e de agentes pedagógicos para promover a mediação compartilhada. Finalmente, destacando que o uso do computador em especial de ambientes digitais de aprendizagem acompanhados de 26 estratégias de mediação adequadas e adaptados aos sujeitos mostra relevantes e importantes no desenvolvimento cognitivo e na promoção da interação social de sujeitos com autismo levando em consideração o grau de autismo e as próprias características pessoais dos sujeitos. Principalmente porque os ambientes digitais permitem modelar níveis de complexidade controláveis ajustando o uso do às necessidades de cada sujeito. Em segundo lugar, e como consequência do anterior, esses ambientes são suficientemente complexos como para que as pessoas que interagem com eles precisem realizar níveis de abstração diferenciados (interação sujeito-computador, interação sujeito-computador-sujeito) levando a criar modelos mentais. Sendo que os modelos mentais representacionais de uma interação homem- máquina são infinitamente mais simples que os modelos mentais necessários para compreender uma relação homem-homem, mas, o computador pode ser o primeiro passo no desenvolvimento de modelos mais complexos. 27 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABA Centro de Terapias Comportamentais, disponível em: http://www.centroaba.com/pt/index.php?option=com_content&view=art icle&id=53&Itemid=59. Acessado em: julho, 2013. F. B. Assumpção, “AUTISMO Conceito e diagnóstico”. Em Síndromes Revista Multidisciplinar de Desenvolvimento Humano, Ano 1 – nº 2. [7] H. F. A. Barbosa, “Análise do recurso a novas tecnologias no ensino de autistas”. 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Sousa, “e-kids: Uma Ferramenta no Auxílio da Aprendizagem, de Crianças Portadoras de Disfunção Global do Desenvolvimento (Autista), baseada no método ABA”. L. M. C. Santarosa. Inclusão Digital: espaço possível para pessoas com necessidade educacionais especiais. In: Cadernos de Educação Especial, n° 20. 2002. L. M. Passerino. Pessoas com Autismo em Ambientes Digitais de Aprendizagem: estudo dos processos de Interação Social e Mediação. Tese de Doutorado, UFRGS. 2005. P. Watzlawick et al. Pragmática da Comunicação Humana: um estudo dos padrões, patologias e paradoxos da interação. São Paulo: Editora Cultrix. 1967. M. Tomasello. Origens Culturais da Aquisição do Conhecimento Humano. São Paulo: Marins Fontes. 2003. J. Werstch. Vygotsky y la formación social de la mente. Serie Cognición y desarrollo humano. Barcelona: Ed. Paidós. 1988. 28
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