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Thais Alves Fagundes DOENÇAS BENIGNAS DA MAMA E RASTREAMENTO DO CÂNCER DE MAMA EXAME DAS MAMAS Exame físico das mamas: · Inspeção Estática · Inspeção Dinâmica · Avaliação linfonodal · Palpação Mamária · Expressão aréolo-papilar Inspeção estática: · Paciente sentada na mesa de exame, mãos estendidas ao longo do corpo. · Examinador posicionado à frente da paciente. Realizar a ectoscopia das mamas sob boa luminosidade. · Observar: simetria de ambas as mamas, o contorno mamário, se existe abaulamentos, retrações ou alterações de pele (lesões, hiperemia, edema ou ulceração), das aréolas (forma, tamanho) e simetria dos mamilos (desvio da direção em que os mamilos apontam, descamação, erosão, fissuras, se são salientes, achatados ou invertidos). Inspeção dinâmica: · Intuito de, com a movimentação dos músculos peitorais, evidenciar alteração não perceptível à inspeção estática. · Paciente deve movimentar os braços para frente e para trás; para cima e para baixo. · Observar alterações como retração, abaulamento, depressão ou deformação do contorno mamário. Avaliação linfonodal: linfonodos supra e infraclaviculares e linfonodos axilares. Palpação das mamas: · Paciente em decúbito dorsal, sem travesseiro e com as mãos atrás da nuca na mesa de exames. · Palpar todos os quadrantes da mama e região retro-areolar, detalhadamente, qualquer alteração deve ser anotada. · Na presença de nódulo, observar localização, tamanho, consistência, mobilidade, contorno, sensibilidade e fixação à pele ou tecidos adjacentes e profundos. Divisão da mama em quadrantes: Expressão mamária: · Compressão do sistema ductal situado abaixo da aréola. · Mais comuns secreções lácteas e serosas. Secreções sanguíneas e aquosas possuem mais significado patológico. DOENÇAS BENIGNAS DA MAMA Mastalgia: · Sintoma na síndrome pré-menstrual (alta prevalência no menacme) e nas alterações fibrocísticas benignas. · Manifestação: cíclica (alterações pré-menstruais, associada a ação da progesterona, sem alteração ao US) ou acíclica. · US de mamas: cistos, áreas de ectasia ductal e tumores benignos subjacentes. Fluxo papilar: · Maioria de etiologia benigna, carcinoma em 10-15% dos casos. · Benignidade: bilateral, multiductal, galactorreico, amarelado, acinzentado ou esverdeado, após a expressão papilar. · Papiloma · Ectasia ductal · Fibrose periductal · Malignidade: unilateral, uniductal, seroso ou hemorrágico, espontâneo, em mulheres na perimenopausa. · Fluxo hemorrágico: diagnóstico e exames de imagem para exclusão de papilomas e câncer Mastite lactacional/puerperal: · Infecção da glândula mamária durante o ciclo gravídico puerperal, por fissura na mama e contaminação secundária. · Após o ingurgitamento ocorre proliferação bacteriana. · 1-5% das mulheres que amamentam. 50% dos casos em primíparas. · 2-3 semanas após o parto principalmente. · Diagnóstico: · Clínico: hiperemia da pele, temperatura elevada. · Laboratorial: cultura da secreção, US (abcesso mamário). · Tratamento: Cefalexina 500 6/6h por 7 dias. Ordenha do leite. Analgésicos e anti-inflamatórios. Não inibir a lactação. Mastite periareolar: · Doença infecciosa em área distal do ducto, não associada ao ciclo gravídico puerperal. · Maior incidência em fumantes. · Idade média de 30 anos. · Origina abcessos recidivantes ou evolui com drenagem espontânea e fistulização periareolar, pp. se tabagismo persiste. · Associada a metaplasia escamosa do epitélio colunar do revestimento do ducto: · Produzindo estreitamento distal, estase e acúmulo de restos celulares. · Evoluindo com: · Dilatação da parte proximal. · Infecção secundária por anaeróbios, gram + (estreptococos e estafilococos) e gram - (E. Coli). · Tratamento: Metronidazol e cefalexina. Drenagem quando ocorrer flutuação. OBS.: na mastite o tratamento com antibiótico deve ser preferentemente guiado por cultura e antibiograma. Fibroadenoma: · Proliferação do tecido ductal, principalmente de estroma conjuntivo, rechaçando áreas da glândula mamária que se posiciona formando pseudocápsula. · Presença de mastalgia cíclica não interfere na probabilidade do diagnóstico de fibroadenoma. · Neoplasia mamária benigna mais frequente, predomínio na raça negra. · Idade média 15-25 anos. · Bilateral em 7%; múltiplo em 15-20%. · Mamografia: BIRADS 2 ou 3. · Exames complementares (US) deve ser avaliado (dispensável em mulheres jovens a depender do caso). RASTREAMENTO DO CÂNCER DE MAMA (SCREENING) CÂNCER DE MAMA Epidemiologia: · Câncer mais comum entre as mulheres. · Maior prevalência entre 45 a 55 anos · OMS 1.050.000 casos novos/ ano (mundo). · Brasil 56,2 casos/ 100 mil mulheres / ano · Número de mortes 16.724 mulheres · Se diagnosticado e tratado oportunamente, o prognóstico é relativamente bom Diagnóstico: · Exame ideal para o diagnóstico precoce ainda não foi perfeitamente desenvolvido. · Auto exame: sem efeito na redução da mortalidade por Ca de mama · Mamografia: · Método de escolha · Questionável a eficácia na redução da mortalidade RASTREAMENTO DO CÂNCER DE MAMA (SCREENING) Aumentar benefícios, em termos de sobrevida global e qualidade de vida, de mulheres diagnosticadas como portadoras de câncer. FATORES DE RISCO · Idade > 40 anos · Antecedente pessoal de câncer ovário · História de lesão pré-invasora · Hiperplasia ductal ou lobular atípica HF de Ca de mama · Parentes 1º e 2º grau · Especialmente se bilateral ou pré-menopausa · Nuliparidade · Primeira gravidez após 30 anos · Distúrbios hereditários · Mutação BRCA1/ BRCA2 · Síndrome de Li Fraumeni · Síndrome de Cowden · Menarca precoce (< 11 anos) · Menopausa tardia (> 55 anos) · Raça branca · Aumento de peso na pós-menopausa · Terapia de reposição hormonal · Contraceptivo hormonal? · Sedentarismo · Dieta rica em gordura · Álcool / tabagismo · Radiação / poluentes CÂNCER DE MAMA HEREDITÁRIO (5-10%) · Idade precoce (< 45 anos) · Bilateral/ ou mais que um sítio · 2 ou mais parentes afetados · Independe da idade · Homem · Câncer de ovário · Câncer peritoneal e de trompas DIAGNÓSTICO · Mamografia: padrão ouro · US mamas: · Papel coadjuvante na elucidação diagnóstica · Melhor método complementar à MMG · RNM: complementar à MMG em situações específicas · Tomossíntese: · MMG 3D · Imagens tomográficas reconstituídas a partir de imagem de mama comprimida em MMG digital. · Procedimentos invasivos: PAAF; Core biopsy; Biópsias incisionais / excisionais MAMOGRAFIA Incidências mamográficas: · Craniocaudal · Médio-lateral oblíqua · Incidências adicionais: · Compressão localizada · Ampliação · Perfil (lateral-medial ou médio-lateral) · Manobra de Eklund (implantes) Classificação: BI-RADS Densidade mamográfica: BI-RADS: Categoria 0: inconclusiva, relaciona geralmente a mamas densas, mais comum quando o rastreio é iniciado de forma precoce, pode ser necessário complementação diagnóstica. Encaminhar para o mastologista que avaliará indicação de US. Categoria 1: achado normal. Categoria 2: achados benignos. Categoria 3: achados provavelmente benignos, linfonodo ou fibroadenoma. Categoria 4: achados suspeitos de malignidade. Encaminhar para mastologista, indicação de biópsia guiada por US. Risco de câncer. Categoria 5: altamente sugestivo de malignidade. Encaminhar com urgência para mastologista, indicação de biópsia guiada por US. Alto risco para câncer. Categoria 6: classificação para o acompanhamento de lesões malignas (casos malignos previamente confirmados por biópsia). US MAMAS · Nódulo com margens irregulares, hipoecogênico, textura heterogênea. · Diâmetro ântero-posterior > que latero-lateral. · Presença de sombra acústica posterior. · Contornos micronodulares. RNM · Complementar a mamografia em situações especificas. · Não deve ser usada de forma isolada. · Não deve ser interpretada sem mamografia prévia. · Ajuda na localização de lesões impalpáveis. · Indicações: · Carcinoma oculto. · Mamas com prótese. · Avaliação pré-cirúrgica conservadora em pacientes de alto risco. · Sensibilidade e especificidade: · Exame de maior sensibilidadepara o Ca de mama (90% Independe da densidade do parênquima mamário). · Especificidade (50 a 70%). · Grande taxa de falso-positivos · Exige meio de contraste – gadolínio.
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