Buscar

Doença Inflamatória Pélvica: Agentes e Manifestações


Prévia do material em texto

Luana Jucá - TXIV
	VULVOVAGINITE
	AGENTE ETIOLÓGICO
	MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
	Vaginose Bacteriana
	Gardenerella vaginalis
	· Corrimento fino, homogêneo, branco acinzentado
· Odor de peixe podre
· Ausência de prurido e irritação vulvar
	Candidíase
	Candida albicans
	· Corrimento vaginal = “queijo cottage” branco e aderindo as paredes
· Eritema e edema de vulva e vagina
· Prurido
· Sem odor
	Tricomoníase
	Trichomonas vaginallis
	· Corrimento fétido, verde-amarelado e bolhoso
· Prurido, irritação vulvar, dispaurenia
· Colo em framboesa
DEFINIÇÃO:
Denomina-se doença inflamatória pélvica a síndrome clínica inflamatória e infecciosa decorrente da ascensão de microrganismos do trato genital inferior (vagina e colo do útero) para o trato genital superior, podendo comprometer endométrio, tubas, ovários, peritônio pélvico e estruturas adjacentes. Como consequência, podem ocorrer endometrite, salpingite, ooforite e pelviperitonite, dependendo do grau de acometimento. A propagação ocorre predominantemente por via canalicular (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018).
AGENTES:
A maioria dos casos é decorrente de agentes patogênicos sexualmente transmitidos, como N. gonorrhoeae e C. trachomatis. Uma minoria de casos agudos não são transmitidos sexualmente, mas associados a germes que colonizam o trato genital inferior ou entéricos, como Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealyticum, Peptococcus spp., Peptoestreptococcus spp., Bacteroides spp., Escherichia coli, Streptococcus agalactiae e Campylobacter spp., além de patógenos respiratórios (por exemplo, Haemophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae, estreptococos do grupo A e Staphylococcus aureus). Os aeróbios facultativos da microbiota são considerados agentes causadores potenciais (MENEZES et al., 2020).
EPIDEMIOLOGIA:
A maior parte dos casos de doença inflamatória pélvica (DIP) estão relacionados à uma infecção sexualmente transmissível. Segundo Sabbatucci et al.,(2019), a infecção genital causada por Chlamydia trachomatis (CT) é a infecção sexualmente transmissível mais comumente relatada em toda a Europa. Dos quase 1 milhão de casos de DIP diagnosticados anualmente, 20% ocorrem em adolescentes. Embora muitas bactérias causemDIP, Neisseria gonorrhoeae (GC) e Chlamydia trachomatis (CT) são mais frequentes (JICHLINSKI et al., 2018). 
A prevalência de DIP ao longo da vida foi mais alta em mulheres com comportamento sexual e histórico de saúde sexual, colocando-as em risco aumentado de doenças sexualmente transmissíveis (KREISEL et al., 2017). 
Historicamente, até 5% das infecções por clamídia não tratadas causam DIP nas primeiras semanas após a infecção. No ano seguinte à infecção por clamídia não tratada, 9,5% das mulheres desenvolveram DIP; no entanto, até 30% delas desenvolveram a doença após infecção gonocócica e por clamídia concomitante. Uma vez que o sexo feminino tema inflamação do trato genital superior, até 15–20% subsequentemente desenvolvem infertilidade, com uma grande proporção desta infertilidade sendo TFI (infertilidade por fator tubário) (ANUALECHI et al., 2019).
Segundo Khanet al.,(2017), a DIP é rara em mulheres que fizeram laqueadura e naquelas na pós-menopausa. Em um estudo transversal de base comunitária dirigido por Khanet al.,(2017), no qual se analisou a prevalência de DIP em mulheres na pós-menopausa, foi encontrada uma prevalência média de 11,55% da doença, já que a menopausa resulta na diminuição da colonização. Entretanto, essa prevalência foi ligada, principalmente, à vaginose bacteriana, lesões intraepiteliais do colo do útero e ao próprio comportamento de mulheres mais velhas, já que não se expõem mais a tantos fatores de risco, como múltiplos parceiros e instrumentação uterina.
De acordo com Costa lira et al.,(2017), em Manaus, situado no estado do Amazonas, o germe infeccioso mais frequente nas mulheres com vida sexualmente ativa, em qualquer faixa etária,e nvolvida com causadores de DIP foi a Clamídia trachomatis. Além disso, Jennings et al.,(2020) relat aque, em relação à incidência de DIP, a ocorrência é maior em mulheres com idades entre 15 e 25 anos
QUADRO CLÍNICO: 
De acordo com Cuba (2017), o quadro clínico pode ser, muitas vezes, confundido com apendicite aguda, sendo um diagnóstico mais preciso associado à presença de corrimento vaginal com características mucopurulentas e alterações na palpação. Jennings et al.,(2020) acrescenta que as mulheres com DIP podem apresentar dor abdominal inferior ou pélvica, dispareunia e/ou sangramento vaginal anormal, que ajuda na diferenciação diagnóstica. Além disso, muitos pacientes podem ser assintomáticos, sendo isto evidenciado, segundo Curry et al.,(2019), por mulheres com infertilidade por fator tubário que apresentam evidências histológicas de DIP, apesar de não possuírem diagnóstico prévio.
Pandolfi (2017) ainda diz que 60% das DIP’s são assintomáticas, ou são sintomas vagos como dispareunia de profundidade, sangramento irregular, disúria, podendo vir acompanhados de manifestações clínicas gastrointestinais, sendo essa forma relacionada com a clamídia.
DIAGNÓSTICO:
TRATAMENTO:
FATORES DE RISCO:
Idade jovem, comportamentos sexuais inseguros, menor nível socioeconômico, prática anticoncepcional e tabagismo (MING; MCDERMOTT, 2015). Para Popa et al., (2019), mulheres com vida sexual ativa, menores de 25 anos, com múltiplos parceiros, que não usa anticoncepcionais e mora em uma área com prevalência de infecções sexualmente transmissíveis (IST’s) possuem um risco aumentado. Além dos fatores já relatados, segundo Curryet al., (2019) o início de atividade sexual precoce (antes dos 15 anos) e histórico de IST’s ou DIP juntam-se a esses fatores. 
Segundo Pandolfi (2017), a idade é um fator de risco entre 15 e 25 anos, que se eleva com início da atividade sexual mais precoce, principalmente por imaturidade do epitélio cervical, frequência, número de parceiros sexuais e uso de preservativos. Sobre o uso de anticoncepcionais orais (CO), as taxas de progesterona, o seu efeito de espessamento do muco cervical e ciclos anovulatórios frequentes são fatores que não impedem a ascensão da inflamação para o trato genital superior, mas a torna menos grave, ao passo que essas consequências do uso de CO dificultam a ascensão das bactérias. Além disso, histórico de manipulação uterina (colocação de DIU, histeroscopia) também se apresenta como um fator de risco.

Mais conteúdos dessa disciplina