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POLÍTICAS 
EDUCACIONAIS 
NO BRASIL
 
SST
SKITNEVSKY, MARIA VERA PEREIRA
DA SILVA, NESTOR ALMEIDA
Políticas Educacionais e Funcionamento 
da Educação / MARIA VERA PEREIRA SKITNEVSKY, 
NESTOR ALMEIDA DA SILVA 
Ano: 2020
nº de p.: 18
Copyright © 2020. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.
3
POLÍTICAS EDUCACIONAIS 
NO BRASIL
Apresentação
Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a) aos nossos estudos de Políticas Educacionais 
no Brasil. Nesta unidade, você está convidado(a) a conhecer os meandros das 
políticas públicas educacionais, entendendo como se originam as leis e como elas 
são elaboradas, por meio dos percursos formais que as fundamentam. 
Abordaremos a história das políticas para a educação no Brasil, desde a vinda dos 
primeiros professores ao Brasil, os jesuítas, até a elaboração da Lei de Diretrizes 
e Bases, discutindo também tendências atuais para as políticas educacionais por 
meio do entendimento da influência de mecanismos socioeconômicos e políticos e 
da influência da globalização, da revolução tecnológica e das novas tendências do 
mundo do trabalho. Bons estudos!
Políticas públicas educacionais no 
contexto brasileiro
As políticas públicas educacionais da educação básica brasileira fazem parte 
do rol das políticas sociais de Estado, como veremos na Constituição Federal de 
1988. A educação básica compreende a educação infantil, o ensino fundamental, 
o ensino médio e a educação de jovens e adultos (EJA). As políticas educacionais 
são implantadas após um processo de elaboração, sobre o qual discutiremos 
mais adiante. Adiantamos inicialmente que, como política social, o governo tem a 
obrigação da implantação de políticas educacionais e deve se responsabilizar pela 
aplicação e verificação da qualidade. Entretanto, poderemos observar, ao longo dos 
estudos, que a realidade brasileira política impõe uma efemeridade à legislação, 
que, por ser promulgada como programas governamentais e não de Estado, 
fica prejudicada quanto à garantia da aplicação das leis educacionais, devido à 
descontinuidade dos governos no poder. 
4
A legislação da educação básica brasileira na atualidade é fundamentada na 
democracia participativa, como resultado do que foi promulgado pela Constituição 
Federal de 1988, a partir da redemocratização do país em 1985. O direito de todos 
à educação aparece na Carta Magna pela primeira vez no Capítulo dos Direitos 
Sociais, Art. 6º:
São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a 
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção 
à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma 
desta Constituição. (BRASIL, 1988)
Especificamente, os artigos 205, 206, 208, 210 e 214 preconizam os parâmetros 
da educação básica, sendo o Art. 205 o que fundamenta a elaboração de toda a 
legislação educacional:
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, 
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando 
ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da 
cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988)
Veja, a seguir, alguns outros artigos referentes à educação e o assunto sobre o qual 
cada um dispõe.
1. Art. 207: promulga a autonomia didático-científica das universidades.
2. Art. 209: trata do direito do ensino pela iniciativa privada.
3. Art. 210: aborda as questões relativas ao ensino, aos conteúdos e à garantia 
do respeito aos valores culturais e religiosos
4. Art. 211: refere-se à organização dos sistemas de ensino divididos entre a 
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
5. Art. 212: trata da regulamentação dos recursos financeiros a serem destina-
dos aos sistemas de ensino.
6. Art. 213: estipula a forma de destinação dos recursos financeiros à educação 
básica.
5
Por fim, no último artigo destinado à educação, 
o art. 214, a Constituição dá um passo de suma 
importância ao estabelecer o Plano Nacional de 
Educação.
“A lei estabelecerá o plano nacional de educação 
[...], visando à articulação e ao desenvolvimento 
do ensino em seus diversos níveis e à integração 
das ações do poder público que conduzam à:”
 I - erradicação do analfabetismo; 
 II - universalização do atendimento escolar; 
 III - melhoria da qualidade do ensino; 
 IV - formação para o trabalho; 
 V - promoção humanística, científica e 
tecnológica do País. (BRASIL, 1988).
Passemos, então, à contextualização histórica das políticas educacionais, com o 
intuito de possibilitar a compreensão aprofundada do estado atual da educação 
básica brasileira. 
De início, destacamos que as políticas educacionais 
sempre foram pensadas para a construção do país e 
projeção da sociedade brasileira. Sendo assim, desde 
os primeiros passos, com a chegada dos jesuítas da 
Companhia de Jesus, a primeira preocupação foi a 
de educar os indígenas de acordo com os princípios 
europeus. Para isso, os professores da Companhia 
tinham como missão catequizar os indígenas com 
instruções para a formação sacerdotal. O governo 
colonial só assumiu a educação após a expulsão dos 
jesuítas.
Padre Jesuíta
Fonte: Wikimedia Commons.
6
A preocupação do Estado passou a ser a de dar continuidade à educação das 
crianças e jovens pertencentes às nobres famílias portuguesas que aqui vieram 
residir. Assim, o eixo educacional passou da preocupação com a educação do povo 
indígena à elite social. Mesmo com a implantação de políticas educacionais voltadas 
para um projeto de nação nos períodos colonial e imperial, a preocupação estava 
centrada nas questões econômicas e controle da escravidão, e a educação era 
controlada pela elite católica. Esse contexto de exclusão e de elitismo educacional 
perdurou mesmo após a Proclamação da República. Tal conduta resultou em um 
índice de 65% de analfabetismo no Brasil no final da década de 1920. 
Somente com a Segunda República, iniciada em 1930, a política educacional passa 
a acompanhar as necessidades da recente industrialização e urbanização do país, 
que deixava de ter uma economia totalmente dependente do sistema agrário. 
Para tanto, o letramento, a matemática e o ensino profissionalizante passaram a 
ter prioridade, com vistas à formação de mão de obra para servir ao crescimento 
industrial. Segundo Libâneo, Oliveira e Toschi (2012, p. 152), “as escolas técnicas 
multiplicaram-se – de 1933 a 1945, passaram de 133 para 1.368, e o número de 
matrículas, de 15 mil para 65 mil”. 
A educação passou a ser um importante carro-chefe da propaganda republicana, 
e, assim, foram inaugurados imponentes prédios escolares nas principais cidades 
brasileiras. Dessa forma, o princípio do direito de todos à educação e o dever do 
Estado nesse contexto passaram a fundamentar as políticas educacionais. 
Veja, no quadro a seguir, uma síntese das principais reformas e movimentos 
educacionais da educação brasileira.
Resumo da evolução da história da educação brasileira
Ano Evento Objetivo Principais expoentes Fim
1549 Chegada dos jesuítas a Salvador.
Catequizar os indígenas 
e formar sacerdotes 
entre os jovens colonos 
portugueses.
Manuel da 
Nóbrega, José 
de Anchieta, 
Antônio Vieira.
1759
Expulsos por 
Marquês de 
Pombal.
1759 Reforma Pombalina.
Modernizar a 
administração da colônia 
e a educação com os 
ideários iluministas.
Marquês de 
Pombal.
1789 
Intervenção de 
Dona Maria I.
1789 Instituição dos educandários.
Reformulação da 
educação e instituição 
de planos de ensino.
Dona Maria 
I, Rainha de 
Portugal.
1792
Chegada 
da Corte 
portuguesa.
7
1808 Corte portuguesa no Brasil.
Estudos superiores, 
nomeação de professores 
para diversas cadeiras, 
colégios particulares 
leigos e religiosos para 
meninos e meninas.
D. João VI, 
Bispo José 
Joaquim 
Azeredo 
Coutinho.
1822
Independência 
do Brasil.
1824 Constituição brasileira.
Método educacional 
mútuo e funcionamento 
uniforme das escolas, 
responsabilização 
das províncias pelaeducação.
Martim 
Francisco 
Ribeiro de 
Andrada.
1889 
Proclamação 
da República.
1889 Primeira República.
Expansão da rede 
escolar, alfabetização 
de trabalhadores para 
formar mão de obra 
para o trabalho urbano, 
criação dos Grupos 
Escolares.
Benjamin 
Constant e os 
pioneiros da 
educação ou 
escolanovistas 
(abrangendo a 
Era Vargas).
Revolução de 
1930.
1930 Início da Era Getúlio Vargas.
Criação do Ministério 
da Educação e Saúde, 
reordenar a população, 
medidas higienistas, 
ensino laico, ensino 
técnico-profissional, 
descentralização do 
ensino.
Francisco 
Campos, 
Anísio 
Teixeira.
1937
Estado Novo.
1937
Estado Novo. 
Ditadura de Getúlio 
Vargas.
Controle da educação 
pelo Estado, 
desenvolvimento do 
ensino secundário 
frequentado pelas 
elites urbanas e ensino 
profissionalizante para 
as classes populares.
Gustavo 
Capanema, 
Lourenço 
Filho, 
Fernando de 
Azevedo.
1945
Queda do 
Estado Novo.
1945 Redemocratização do país.
Normatização do ensino 
normal e do primário 
para crianças e do 
supletivo para jovens e 
adultos, 1ª LDB, criação 
do MEC.
Anísio 
Teixeira, 
Clemente 
Mariani.
1964
Golpe Militar. 
8
1964 Regime de ditadura militar.
Controle dos recursos 
destinados à 
educação pelo Estado, 
responsabilização do 
ensino de 1º grau aos 
municípios, implantação 
do MEC/Usaid, com 
ensino de 2º grau 
profissionalizante, 
Plano Nacional 
de Alfabetização, 
perseguição 
dos professores 
universitários.
Vários 
ministros da 
Educação, 
não houve um 
destaque.
1985
Esgotamento 
da ditadura 
militar.
1985 Redemocratização do país.
Elaboração da LDB 
nº 9.394/96 com a 
participação de diversos 
setores da sociedade, 
implantação de diversas 
políticas públicas 
educacionais para a 
melhoria da qualidade de 
ensino, universalização 
da educação básica, 
expansão do ensino 
universitário, inovações 
tecnológicas, avaliações 
externas e internas, 
expansão da rede 
privada de ensino.
Paulo Freire, 
Gilberto 
Freire, Sérgio 
Buarque de 
Holanda, 
dentre outros 
pedagogos e 
sociólogos.
Atualidade.
Fonte: Skitnevsky; Silva (2017).
O quadro demonstra que, embora sob o governo 
ditatorial de Getúlio Vargas, a educação passou 
por alguns avanços, porém, não estava livre das 
disputas ideológicas entre a elite liberal e a Igreja. 
Isso redundava em perda da possibilidade de uma 
educação de qualidade que abrangesse a maioria 
dos brasileiros. Queremos destacar que, para 
propor avanços no campo educacional, o grupo dos 
Pioneiros da Educação, liderado pelo escolanovista 
Anísio Teixeira, lançou o histórico Manifesto 
dos pioneiros da Educação Nova, em 1932. Os 
educadores intelectuais do grupo reivindicavam 
uma política educacional que priorizasse a escola 
pública, gratuita, obrigatória e laica.
Anísio Teixeira, líder do grupo 
Pioneiros da Educação
Fonte: Wikimedia Commons.
9
As críticas tecidas em Manifesto dos pioneiros da Educação 
Nova, lançado em 1932, são, quase todas, cabíveis à atualidade, 
mesmo após tantas modificações sociais e o processo mundial de 
globalização. Para ler o Manifesto na íntegra, acesse: http://www.
histedbr.fe.unicamp.br/revista/edicoes/22e/doc1_22e.pdf.
Saiba mais
A Constituição Federal de 1937 acolheu várias propostas dos Pioneiros da 
Educação. No entanto, com a ditadura de Getúlio Vargas, inaugurada em 1937, 
houve um grande retrocesso no campo da educação, embora tivesse sido 
iniciada a descentralização do ensino, ou seja, o governo federal passou a legar a 
responsabilidade da educação aos municípios da federação. Em princípio, esta seria 
uma política democratizante, mas o que se observou foi a elite e a Igreja exercendo 
o controle educacional e mantendo uma educação conservadora e não unificadora 
do sistema de ensino. 
Entre os anos de 1942 e 1946, são promulgadas as leis orgânicas de Gustavo 
Capanema, ministro da Educação. Essas leis tinham cunho centralizador e 
desobrigavam o Estado de “manter e expandir o ensino público, ao mesmo tempo, 
porém, que decretava as reformas de ensino industrial, comercial e secundário e 
criava, em 1942, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai)” (LIBÂNEO; 
OLIVEIRA; TOSCHI, 2012, p. 155). Percebemos, mais uma vez, que a educação se 
coloca a serviço da indústria, em detrimento da formação filosófica, psicológica e 
de pesquisa. Tais fundamentos eram direcionados à elite conservadora. 
No período da Lei Gustavo Capanema, os intelectuais, preocupados com o 
rumo da educação, promoveram debates em que discutiam propostas para a 
democratização, bem como para a melhoria da qualidade e do currículo. Somente 
com a promulgação da Constituição Federal de 1946 e da primeira Lei de Diretrizes 
e Bases da Educação (Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961), foram tomadas 
medidas para a descentralização do ensino com vistas à democratização, e o 
Estado passou a ser responsabilizado pela criação de seus sistemas de ensino. 
Nesse período de redemocratização do país é que foi promulgada a Lei nº 1.920, de 
25 de junho de 1953, que criou o Ministério da Educação e Cultura (MEC).
10
Com a ditadura militar iniciada no golpe de 1964, foi promulgada nova LDB, a de nº 
5.692. A descentralização do ensino tomou nova faceta quando as políticas públicas 
educacionais atribuíram a responsabilidade do ensino de primeiro grau aos municípios, 
mas com forte controle de destinação de verbas e de medidas administrativas, o que 
tornou os municípios dependentes das decisões do governo federal.
Manifestação estudantil contra a ditadura militar
Fonte: Wikimedia Commons.
Com a redemocratização do país na década de 1980, e a promulgação da 
Constituição Federal de 1988 e da atual LDB/9.394, de 1996, novas políticas 
públicas foram promulgadas com vistas à descentralização do ensino, à melhoria 
da qualidade, aos debates em torno da questão curricular, à criação de organismos 
de financiamento e entidades governamentais de apoio aos sistemas de ensino dos 
estados e dos municípios.
Os documentos oficiais para a educação, sobretudo as Diretrizes Curriculares 
Nacionais da Educação Básica, estabelecem bases nacionais comuns para 
a educação básica e conferem elementos norteadores para que as diversas 
instituições educacionais formulem suas próprias práticas em conformidade com 
suas realidades locais. Dessa forma, discutir sobre a educação brasileira requer um 
olhar problematizador sobre os aspectos que envolvem o ato de educar, sejam eles 
externos ou internos à escola. 
As políticas públicas educacionais brasileiras na atualidade são reflexos de 
demandas internacionais, impulsionadas pela globalização, de acordo com as 
demandas socioeconômicas e culturais internas. Por esse motivo, a atual LDB, que 
é ratificada pela Constituição Federal, vem passando por modificações.
11
Tendências atuais para as políticas 
educacionais no país
A atualidade socioeconômica e as questões relacionadas à elaboração das 
políticas sociais têm colocado a educação no centro das discussões sociais, em 
virtude da dinâmica das mudanças ocorridas no campo político e, em paralelo, 
das demandas da população, que apresenta exigências para o enfrentamento dos 
novos modelos econômicos que afetam a vida produtiva de todos. A elaboração 
das políticas educacionais tem como viés os interesses sociais, mas perpassam as 
decisões governamentais. 
No contexto da redemocratização do país após o golpe militar de 1964, a qualidade 
da educação passou por questões que envolveram a universalização do ensino, 
ampliação do número de escolas e, ao mesmo tempo, a contenção econômica. 
Tais medidas geraram a deterioração da gestão das redes públicas, além do 
rebaixamento salarial dos professores (LIBÂNEO; OLIVEIRA; TOSCHI, 2012).
Democratização do país e educação com a participação de todos
Fonte: Plataforma Deduca (2018).
A partir da década de 1990, com o advento da globalização, da revolução 
tecnológica, da Conferência Mundial sobre Educação para Todos e das Metas 
para a Educação da Unesco, a qualidade do ensinorecebeu novas conotações 
frente às novas demandas impostas pela sociedade do conhecimento, impondo a 
necessidade da reformulação urgente da legislação educacional.
Em meados da década de 1990, programas governamentais para 
a melhoria do ensino público passaram a ser implantados, tais 
como: Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), distribuição 
de livros didáticos, recursos multimídias (TV Escola, criação e 
distribuição de softwares educacionais), distribuição de verbas 
diretamente para as escolas, avaliações externas, dentre outros.
Atenção
12
As recentes transformações sociais e econômicas, com a mundialização 
tecnológica, trazem novas tendências educacionais, que exigem mudanças tanto 
nas políticas públicas como na atuação dos educadores. Essas mudanças devem 
ter como objetivo o alcance de uma qualidade de ensino que não perca a função 
primordial da escola, que é a de ensinar e construir a cidadania. O próprio conceito 
de cidadania vem passando por modificações que influenciam as tendências para 
as políticas educacionais. Segundo Terra (2016),
[a] ideia clássica de “cidadania” corresponde à primeira geração de direitos 
fundamentais, identificada em termos históricos com o Liberalismo e o 
Estado Moderno. Hoje, após sucessivas gerações de direitos, fala-se de 
uma “nova cidadania”, ou em uma “cidadania ampliada”. Essa cidadania 
seria aquela do cidadão contemporâneo, que vive em uma época e em 
um mundo (globalizado/informatizado) cujos valores são bem diferentes 
daqueles que existiam, por exemplo, no tempo da Revolução Industrial 
Inglesa (século VXIII) ou da Revolução Francesa (século XVIII). (TERRA, 
2016, p. 18)
Diante do contexto nacional contemporâneo, novas formas de pensar a educação 
devem estar presentes nas políticas educacionais. Para compreender melhor as 
novas tendências, vejamos, a seguir, quais são as novas demandas de mudança 
para a educação, levando em conta a realidade social.
Trabalhador flexível e polivalente: valorização 
da educação formadora: habilidades cognitivas, 
competências sociais e pessoais.
Capitalismo e escola: finalidades compatíveis 
com os interesses de mercado.
13
Desenvolvimento social e econômico: modificam 
os objetivos e as prioridades da escola.
Exigência de mercado: modificações nos 
interesses, necessidades e valores escolares.
Revolução tecnológica: mudança de práticas, 
meios de comunicação e desenvolvimento de 
informática.
Alteração na prática docente: motivação dos 
professores a trabalharem com novas tecnologias.
Fonte: adaptado de Libâneo, Oliveira e Toschi (2012).
Vemos, portanto, que a realidade se impõe à educação, com vistas a uma formação 
que atenda primordialmente ao mundo do trabalho e à formação do homem que se 
encaixe na concorrência neoliberalista. Entretanto, devemos ter em mente que, no 
contexto da revolução tecnológica, a educação deve assumir, ao lado da formação 
para a cidadania, a finalidade de desenvolver habilidades técnicas e sociais para 
14
servir ao mundo do trabalho. Logo, a educação é a apropriação de saber social e 
o desenvolvimento de potencialidades, com vistas à formação integral do homem, 
ou seja, o desenvolvimento físico, social, profissional, político, cultural, afetivo, 
filosófico, dentre outros.
Economia, políticas públicas e 
afirmativas para a educação no Brasil: 
origem e evolução
A formulação das políticas públicas educacionais emerge das demandas sociais, 
políticas e econômicas, e deve ter como objetivo principal a elaboração de leis que 
visem a uma educação de qualidade, participação democrática, inclusão e formação 
para a cidadania. As políticas públicas resultam das discussões realizadas no 
âmbito das escolas, envolvendo educadores, alunos e comunidade, e são formuladas 
com a participação de diversos setores da sociedade, debates com intelectuais da 
educação e de outras áreas científicas e sociais, gestores, comunidade e políticos. 
Os documentos reivindicatórios originados nos debates acerca dos problemas e 
propostas educacionais devem adquirir força política. Para que isso ocorra, entram 
em cena outros setores sociais que manifestam interesse na educação nacional, 
como a indústria, o mercado e os prestadores de serviços. Com a legitimação das 
propostas, elas passam a fazer parte da pauta governamental e podem passar por 
adequações propostas pelos atores sociais citados. 
Historicamente temos o exemplo do Manifesto dos pioneiros da Educação 
Nova, liderado por Anísio Teixeira, com o título “A reconstrução do Brasil”, de 
1930, assinado por 26 pensadores da educação. Esse documento influenciou 
a formulação das políticas públicas educacionais a partir da década de 1930 e 
passou para o registro histórico como um marco da influência política na educação, 
em virtude de o teor reivindicatório possuir uma análise bastante contundente 
da realidade do povo brasileiro e das injustiças sociais naquele contexto, que 
dificultavam enormemente o desenvolvimento educacional. 
15
A responsabilidade dos governos está em 
elaborar as leis após os debates, implantá-las e 
acompanhar sistematicamente as aplicações e 
mudanças ocorridas no atendimento educacional.
Os fundamentos básicos para a formulação das 
políticas públicas educacionais brasileiras estão 
expostos na Constituição Brasileira de 1988, no 
Capítulo III:
A educação, direito de todos e dever do Estado 
e da família, será promovida e incentivada com 
a colaboração da sociedade, visando ao pleno 
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o 
exercício da cidadania e sua qualificação para o 
trabalho. (BRASIL, 1988)
A partir da Constituição são formuladas as políticas afirmativas para a educação, e 
na contemporaneidade a legislação também se origina de contextos e de decisões 
internacionais, de acordo com a realidade e com as leis de cada país, com o objetivo 
de oferecer educação escolarizada a seu povo. Assim, o governo brasileiro assumiu, 
a partir dos anos de 1990, os desafios para inserir a educação brasileira nos 
patamares internacionais apresentados na Conferência Mundial sobre Educação 
para Todos, realizada em Jomtien, na Tailândia, em 1990. 
O marco da Conferência foi a formulação da Declaração Mundial sobre Educação 
para Todos (EPT). Para termos a dimensão da relevância dessa conferência, 
vejamos que, além da Unesco, organizadora do evento, houve o patrocínio das 
seguintes organizações: Fundo das Nações Unidas para a infância (Unicef), 
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e Banco 
16
Mundial (BID). As metas educacionais elencadas pela Unesco para os países 
passaram a ser monitoradas com a presença de observadores internacionais, 
com base nas orientações contidas no documento Satisfação das Necessidades 
Básicas de Aprendizagem e Plano de Ação para Satisfazer as Necessidades Básicas 
de Aprendizagem. No ano de 2017, a Unesco lançou as metas para se alcançar o 
Objetivo de Desenvolvimento Sustentável de Educação 2030 (ODS 4).
A partir dos compromissos firmados perante a Unesco, vimos os Estados da 
confederação brasileira se tornarem responsáveis pelo cumprimento das metas, 
estabelecendo as suas próprias. Com isso, as secretarias de educação estaduais 
passaram a rever suas políticas educacionais. Nós professores, gestores, bem 
como a comunidade escolar, tivemos que rever alguns dos nossos conceitos no 
exercício da profissão, pois, se antes das metas da Unesco trabalhávamos apoiados 
nos Projetos Político-Pedagógicos, vimo-nos desafiados também a levar em 
consideração em nossos planejamentos as questões qualitativas e quantitativas 
advindas das avaliações externas, além de trabalhar com materiais recebidos 
prontos que teriam a função de melhorar a qualidade do ensino. 
As avaliações externas, assim como novas metodologias de ensino, formação de 
professores e gestores, relacionamento com a comunidade, passaram a fazer parte 
da configuração governamental. 
Nossa vivência no cotidiano escolar demonstrou que recebemosmateriais prontos 
e temos acesso a informações apenas da utilização dos materiais a serem 
postos em funcionamento nas salas de aula e nas reuniões pedagógicas com os 
professores. Em realidade, diante de tais medidas governamentais, faz-se necessária 
a participação dos professores nos seus colegiados, pois dessa forma poderão atuar 
criticamente e no coletivo buscar apoio para impulsionar mudanças na legislação. 
No tocante às práticas educacionais, nem sempre os esforços dos profissionais 
no interior das escolas, tampouco os governamentais, conseguiram suplantar os 
desafios impostos pelos órgãos internacionais, visto que, para além de focar a 
questão da educação, o alcance das metas também está intrinsecamente ligado 
às questões econômicas, aos modelos de investimentos políticos, à valorização 
dos profissionais do magistério e do próprio processo de condução das políticas 
governamentais nas esferas federais, estaduais e municipais.
17
Fechamento
Chegamos ao fim da nossa primeira unidade. Pudemos comentar sobre os 
conceitos de políticas educacionais e sobre a elaboração das políticas educacionais 
a partir da chegada dos primeiros professores em nosso país, os jesuítas, 
atravessando as políticas educacionais ao longo da história da educação brasileira. 
Confira, a seguir, uma síntese da unidade: 
• As políticas públicas educacionais fazem parte do rol das políticas sociais do 
governo e são implantadas após um longo processo de debates, adequações 
e influências político-sociais. 
• Após a expulsão dos jesuítas do Brasil, a educação passou a ter um caráter 
elitista, pois foi direcionada para os filhos das famílias nobres portuguesas. 
Esse contexto de exclusão e de elitismo educacional perdurou mesmo após 
a Proclamação da República. 
• A partir de 1930, o Brasil saiu do sistema econômico agrário e entrou defi-
nitivamente na industrialização. Para isso, precisou formar mão de obra e 
pessoas com conhecimentos escolares para servir à indústria. Dessa forma, 
as escolas se multiplicaram, sobretudo as voltadas para o ensino profissio-
nalizante. 
• Os períodos de governo ditatoriais impuseram políticas educacionais de con-
trole na distribuição de verbas e de medidas administrativas, fragilizando e 
tornando os municípios totalmente dependentes das decisões federais. 
• A LDB atual, promulgada em 1996, tem como princípios fundamentais a 
Constituição Brasileira de 1988, e vem passando por modificações desde as 
metas acordadas na Declaração Mundial sobre Educação para Todos (EPT). 
As metas da educação para o Brasil vêm sendo monitoradas pela Unesco.
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Referências
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9.394/96, Brasília: Casa 
Civil, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9394. htm. 
Acesso em: 27 jun. 2018.
______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: 
Casa Civil. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ 
constituicaocompilado.htm. Acesso: 18 jun. 2018.
LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F. de; TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas, 
estrutura e organização. 10. ed. São Paulo: Cortez, 2017.
TERRA, M. de L. E. (org.). Políticas públicas e educação. São Paulo: Pearson 
Education do Brasil, 2016.

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