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Câncer de cabeça e pescoço LAYANE SILVA CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS ETIOLOGIA Neste grupo estão envolvidas 4 doenças em regiões diferentes: carcinoma de células escamosas (mais comum), glândulas salivares, tireoide e paratireoide, sendo que entre eles os mais prevalentes são CEC e tireoide. Curiosidade! Observa-se que, em alguns países europeus, a taxa de câncer de garganta por HPV é superior à taxa de câncer de garganta por cigarro. Tabagismo Da mesma forma que o câncer de pulmão, o principal fator de risco para câncer de cabeça e pescoço desse tipo é o tabagismo, incluindo as formas de tabagismo não usuais/menos comuns como rapé (risco de câncer de cavidade nasal), cachimbo (alto risco de câncer de boca) e charuto. Portanto, outras formas de tabagismo podem estar associadas ao câncer de cabeça e pescoço. Etilismo (associado ao tabagismo em 75% dos casos) Em geral, o álcool está muito associado ao tabaco, ocorrendo simultaneamente em 75% dos casos, ou seja a cada 10 pacientes com câncer de cabeça e pescoço, 7-8 fumam e bebem. Infecção pelo HPV (sorotipos 16 e 18) É um fator de risco muito importante, visto que o papiloma vírus (HPV) é um vírus de transmissão sexual, composto por vários sorotipos, entre eles os mais relacionados ao câncer de orofaringe são os sorotipos 16 e 18. Curiosidade! O HPV cursa com uma doença que responde muito melhor à quimioterapia e à radioterapia - assim, quando o câncer é causado pelo HPV há um melhor prognóstico. Próteses dentárias (traumatismos) Entre fatores menores estão pacientes com prótese dentária mal ajustada que causam ferimento na boca ou pacientes que tem má higiene dentária. Nesses casos, observa-se que a inflamação crônica do tecido pode causar alterações nesse tecido que predispõe ao surgimento de câncer. Assim, qualquer área exposta a uma inflamação contínua vai sofrer metaplasia - isto ocorre por exemplo no colo do útero e no esôfago de Barrett - que posteriormente gera um câncer. Portanto, traumas crônicos na região da boca podem causar CEC. LESÕES PRÉ-MALIGNAS Da mesma forma que existem as neoplasias intraepiteliais cervicais (NICs), na boca, também existem 2 tipos de lesões pré-malignas. São áreas de displasia celular, ou seja, dis de anormal, ou seja, há alguma formação anormal nessas células que ainda não configura como câncer. Leucoplasia Consiste em placas brancas (leuco), que pode ser difícil diferenciar de candidíase oral - para isso deve-se passar uma espátula na região, se for cândida ela irá sair na raspagem, e se estiver aderido é leucoplasia. Eritroplasia Consiste em placas vermelhas (erito). Nesse caso de paciente com lesão pré-maligna, é necessário realizar biópsia para confirmar que não há câncer instalado e orientar que ele pare de fumar - se ele parar de fumar, a chance de reverter o processo é de 80-90%. Sítio simultâneo/sequencial (10 – 15%) Quando a pessoa fuma, todo o corpo, mas principalmente a área em contato com o cigarro, predispõe ao câncer, isto é denominado campo de cancerização. Assim, quando o paciente fuma as regiões expostas incluem: boca, garganta, esôfago e vias respiratórias, portanto, não é incomum o paciente ter câncer de boca e esôfago simultaneamente, por exemplo. Estes são chamados de tumores sincrônicos, que consistem em 2 tumores primários ocorrendo de forma simultânea, em função de um motivo em comum (tabagismo). Portanto, a doença pode aparecer de forma simultânea ou sequencial em 10-15% dos casos, sendo que toda a área exposta ao tabagismo pode ser ponto de surgimento de tumor primário. ANAMNESE O quadro clínico depende de onde está localizada a doença, sabe-se que a região da cabeça e pescoço inclui cavidade oral (incluindo língua, gengiva, lábios superior e inferior, mucosa jugal), faringe (nasofaringe, orofaringe e hipofaringe), cavidade nasal, seios paranasais e laringe - assim a depender do local de surgimento do tumor, há diferentes sinais e sintomas. Dor A dor normalmente é um sinal de invasão - se por exemplo houver um tumor de boca doloroso, há provável invasão do ramo mandibular do trigêmeo. LAYANE SILVA Odinofagia Consiste na dor ao engolir, está associada a tumor de faringe e laringe. Sinais de obstrução Obstrução nasal/Dispneia: se o tumor estiver na região do nariz, pode causar obstrução nasal e dispneia. Rouquidão (glote): a disfonia está associada a casos de tumor na glote. Trismo (infiltração massetérica): o tumor pode infiltrar o masseter provocando trismo, que é um estado no qual o tônus muscular é tão forte que o paciente não consegue abrir a boca. Disfagia: está associada a tumores na base da língua, hipofaringe e esôfago cervical. Perda auditiva (trato auditivo, nasofaringe): a tuba auditiva desemboca na nasofaringe, então um tumor nessa região pode obstruir a tuba, causando uma sensação de pressão ou até dor no ouvido. História prévia de carcinoma ou radioterapia Deve-se questionar história prévia de câncer ou de radioterapia, pois ela pode predispor o desenvolvimento de tumores secundários, então o paciente pode realizar um tratamento com radioterapia por algum motivo, e após alguns anos ele desenvolve câncer no local em que foi realizada a radioterapia. Fatores de risco (tabagismo, principalmente) Deve-se questionar os fatores de risco com ênfase para o tabagismo (carga tabágica). Observa-se uma lesão que possivelmente já tem invasão do seio maxilar, visto que o dente já está todo envolvido pela lesão - além disso, chama atenção nesse caso o estado dentário ruim, que é um fator de risco importante. Importante! Toda ferida na boca que não melhora em 14 dias deve ser biopsiada porque pode ser um câncer! Observa-se que as amígdalas do paciente estão quase se unindo, isto em um paciente que fuma ou que tem relação sexual sem proteção, pode ser um câncer de cabeça e pescoço do tipo células escamosas. Além disso, a amígdala, por ser um órgão linfóide (possui linfócitos), pode ser um sítio primário de um linfoma. Disfagia alta (“engasgos”) Manifesta-se como engasgos. Hemorragia leve e intermitente O paciente pode ter hemorragia leve e intermitente, mas é importante atentar que existem estruturas vasculares na região do pescoço, como a jugular e a carótida, portanto, os tumores podem crescer e comprimir essas estruturas causando hemorragias fatais se envolver esses 2 vasos. Linfadenomegalia cervical (mais comum) Por vezes, o mais comum é o surgimento de linfadenomegalia cervical, assim, em geral, o paciente busca consulta por estar com um “caroço” no pescoço, que é um linfonodo doente. Esta doença pode ser do próprio linfonodo, como um linfoma, ou pode ser um ponto de metástase de algum tumor, como um tumor de cabeça e pescoço. Esse linfonodo cervical tem as seguintes características: aderido, duro, indolor e > 1 cm. EXAME FÍSICO Inspeção Inspeção da face e pescoço, rinoscopia e oroscopia Observar presença de próteses dentárias Mensuração do tumor Palpação bimanual Orofaringe Fossas amigdalianas Laringoscopia indireta Visualização da faringe e laringe utilizando um pequeno espelho curvo para avaliar os sintomas na faringe e laringe. Palpação cervical Nesse caso, há duas úlceras na face lateral da língua. LAYANE SILVA Durante a palpação deve-se individualizar o músculo esternocleidomastoideo para tentar encontrar algum linfonodo alterado. Níveis dos linfonodos cervicais A palpação cervical é muito interessante, pois o pescoço é dividido em níveis: (I) região submentoniana, (II, III e IV) região do músculo esternocleidomastóideo, (V) região atrás do esternocleidomastóideo, e (VI) região à frente do esternocleidomastóideo. É importante palpar por níveis e descrever as lesões e sua localização, assim, deve-se informar como é o linfonodo que está alterado e em qual nível ele está localizado. I. ANATOMIA Pelo nível cervical em que está o linfonodo, é possível supor em qual estrutura está o sítio primário desse paciente. Desse modo é possível prever qual o sítio primário do câncer, seja ele de cabeça e pescoço ou não - vistoque outros tipos de câncer, como câncer de mama, podem causar metástase no pescoço. Importante! Nessa região também é importante investigar neoplasias cutâneas. II. EXAME NEUROLÓGICO Existem alguns sinais neurológicos que podem estar associados a cânceres de cabeça e pescoço, entre eles: Hiposmia: bulbo olfatório, cavidade nasal, seios paranasais Na anatomia, o nervo olfatório chega na cavidade nasal através da lâmina crivosa do etmóide, então se o tumor crescer na região da fossa nasal para cima, o paciente pode manifestar anosmia/hiposmia. Perda sensorial: infra-orbital (seio maxilar), naso- faríngea (VI-VII / XI-XII) Do mesmo modo que no nariz, o tumor pode invadir a região do olho causando cegueira e pode acometer o nervo naso-faríngeo. Síndrome de Horner: invasão de linfonodos cervicais, disseminação extra-laríngea, invasão simpática (pulmão) Assim como no câncer de pulmão, pode haver a síndrome de Claude-Bernard-Horner no câncer de cabeça e pescoço, caracterizada por miose (fechamento da pupila), ptose (“olho caído”) e anidrose ipsilateral (perda da capacidade de suar em um dos lados). Esses sintomas ocorrem pois na região cervical há compressão do gânglio estrelado cervical, que é do sistema nervoso simpático que vai para a face. O sistema simpático utiliza a adrenalina e noradrenalina (sistema de luta ou fuga), que na face podem causar abertura dos olhos, midríase (dilatação da pupila) e sudorese. No entanto, quando há algum tumor na região de cabeça e pescoço comprimindo o gânglio estrelado, há comprometimento da inervação simpática daquele lado causando miose, ptose e anidrose ipsilateral (síndrome de Horner). LAYANE SILVA O principal exame é o exame físico do paciente, pois a palpação e a inspeção já guiam o diagnóstico, seguido da fibronasolaringoscopia que é capaz de visualizar estruturas mais profundas, como parte interna do nariz, nasofaringe e laringe. No exame, se houver alguma lesão na cavidade nasal ou laringe já é possível fazer a biópsia. Fibronasolaringoscopia Se ao exame físico não houver lesões ou alterações que indiquem o sítio primário, solicita-se uma fibronasolaringoscopia para avaliar nariz e garganta. Assim, percebe-se que muitas vezes o paciente vai à consulta pela metástase, e é essencial buscar o sítio primário da doença. células escamosas são encontradas no epitélio/revestimento. Portanto, suspeita-se que esse acometimento linfonodal é secundário a algum outro tumor primário, como está localizado no pescoço, a principal suspeita é um câncer de cabeça e pescoço com metástase em linfonodo cervical. Revisão! O principal fator de risco para câncer de cabeça e pescoço é o tabagismo, seguido do HPV sorotipos 16 e 18, que é responsável pelo câncer de orofaringe. Observa-se na laringoscopia direta, uma diferença entre as pregas vocais, em uma delas percebe-se vermelhidão pelo excesso de vascularização (visto que o tumor precisa de sangue). Este quadro pode se manifestar com disfonia/rouquidão, sintoma que auxilia em termos de prognóstico, pois o paciente tende a ir para o médico precocemente - entre os tumores de laringe, os que ocorrem na glote em geral tem diagnóstico mais precoce. O padrão de metástase é linfonodos no pescoço e para os linfonodos do pescoço e pulmões, por isso é obrigatório realizar uma radiografia ou tomografia de tórax - preferencialmente uma TC pelo grau de eficácia no diagnóstico. Radiografia / TC de tórax Se suspeita de acometimento do osso, pode-se solicitar uma radiografia panorâmica de mandíbula. Radiografia panorâmica de mandíbula A endoscopia digestiva alta é solicitada para avaliar o esôfago do paciente pela disseminação do campo de cancerização - visto que pacientes que fumam podem ter metaplasia no esôfago. EDA É utilizada para visualizar os vasos sanguíneos e a vascularização das estruturas - visto que se há um linfonodo doente/cancerígeno é possível visualizar um volume circulatório muito alto. Ultrassonografia cervical com Doppler O paciente abaixo provavelmente foi a consulta queixando- se de um caroço no pescoço, cuja maior probabilidade é de ser um linfonodo ou um aglomerado de linfonodos. Assim, as hipóteses diagnósticas para esse caso, além de câncer de cabeça e pescoço, são abscesso, paracoccidioidomicose (PCM), histoplasmose - já, do ponto de vista oncológico pode ser um linfoma, metástase pulmonar, metástase de câncer de pele, entre outros. Posteriormente, o paciente foi encaminhado com a biópsia que indicou um carcinoma de células escamosas, o que exclui o diagnóstico de linfoma - visto que no linfonodo existem apenas linfócitos, e as Tomografia computadorizada de cabeça e pescoço Na tomografia é possível visualizar um linfonodo aumentado, que está muito próximo dos vasos cervicais, assim, há uma chance alta de rompimento causando hemorragia - este tipo de hemorragia só será contida com uma cirurgia para realizar a ligadura dos vasos cervicais abaixo do tumor para conseguir salvar o paciente. Se suspeita de invasão de base de crânio, órbita e espaço parafaríngeo, é necessário solicitar uma ressonância magnética. RNM Se estiver disponível, é possível pedir um PET-CT para avaliação sistêmica a partir do contraste fluordeoxiglicose (FDG). PET-CT EXAMES COMPLEMENTARES LAYANE SILVA PAAF (punção aspirativa por agulha fina) Aberta Incisional Excisional: ocorre em casos onde foi retirado um pólipo durante uma EDA, ou quando é retirada uma mancha por completo da pele para análise. A biópsia pode ser feita de algumas formas, entre elas: Na maioria dos casos é feita uma biópsia aberta, na qual é retirado o linfonodo doente, que é enviado para análise. A diferença entre biópsia incisional e excisional é que na excisional é retirada a lesão por completo, já na incisional é retirado um fragmento ou apenas um linfonodo para dar o diagnóstico. Biópsia Questão de prova! A histologia mais comum é o carcinoma de células escamosas! Importante! No estadiamento, na maioria das vezes, o estádio 4 é quando a doença já tem metástase, mas no caso do câncer de cabeça e pescoço há uma exceção, pois se o paciente tiver um tumor local muito grande ou muito acometimento de linfonodo, mesmo sem ter metástase é considerado estádio 4. TRATAMENTO Cirurgia O câncer de cabeça e pescoço é um dos que mais faz o paciente sofrer, tanto esteticamente, quanto funcionalmente, pois o paciente pode perder a fala ou ficar traqueostomizado ou usar gastrostomia pelo resto da vida. Além disso, são tumores que até matar o paciente, perpassa uma via crucis de sofrimento local - pois não são tumores que se disseminam rapidamente e matam o paciente como o tumor de pâncreas ou estômago. Boa parte desse aspecto, deve-se ao fato de que a cirurgia é o principal tratamento curativo, e os cirurgiões de cabeça e pescoço visam apenas retirar o tumor a qualquer custo, independente da estética, deixando ressecções grosseiras na face do paciente. Por isso, tem sido aprimoradas as técnicas de reconstrução de face e pescoço, através de enxertos, titânio ou impressão 3D para realizar a órtese. Importante! Os tumores de garganta são mais difíceis de operar, pois exigem que o paciente use traqueostomia e gastrostomia para o resto da vida, e consequentemente aprender a se comunicar de outra forma. Habitualmente, os tumores de garganta, laringe e cavidade nasal são tratados sem cirurgia, apenas com quimioterapia e radioterapia - se não houver resposta ou se houver recaída, deve-se oferecer a cirurgia. Portanto, deve ser feita a ressecção do tumor com margens livres, e como existem linfonodos que podem ser acometidos na região do pescoço, deve ser feito o esvaziamento cervical - em geral, os pacientes ficam com o pescoço mais fino pela retirada dos linfonodos cervicais. ESTADIAMENTO LAYANE SILVA A radioterapia precisa ser feita no tumor primário e nos linfonodos cervicais, e seus efeitos colaterais podem incluir: vermelhidão na pele e mucosite. Esta é a inflamação das mucosas, assim, a boca do paciente fica queimada por dentro, o quereduz o apetite e provoca perda de peso - por vezes, durante o tratamento é necessária a prescrição de sonda para que ele consiga se alimentar. Radioterapia isolada Importante! Se o tumor invadir os vasos da região cervical, ele é considerado irressecável, nesse caso só é feita quimioterapia e radioterapia. Observa-se um volume aumentado na região do pescoço que não é o tumor primário, mas é um acometimento linfonodal importante, localizado no nível 5 da região cervical - percebe-se que a cirurgia de ressecção é extensa e invasiva. Lesão do nervo acessório Uma complicação que pode ocorrer durante a cirurgia é a lesão do nervo acessório, que é o nervo que se dirige ao músculo trapézio - por conseguinte sua lesão leva a queda do ombro. É importante fazer a radioterapia junto com a quimioterapia (Cisplatina) para que uma impulsione o efeito da outra. Radioterapia concomitante (Cisplatina, Cetuximabe) Às vezes o tumor é muito grande e a radioterapia teria que usar um campo muito extenso e, consequentemente, queimar muito tecido do paciente - nesses casos, é possível fazer uma quimioterapia neoadjuvante. Esta, também chamada de quimioterapia de indução, atua reduzindo o tamanho do tumor para facilitar o papel da radioterapia posteriormente. QT de indução (TPF ou TP) Se o paciente tem metástase, o tratamento passa a ser paliativo através de quimioterapia ou imunoterapia. Assim, nos casos de câncer de cabeça e pescoço, o paciente deve ter acompanhamento de profissionais como odontologista, nutricionista e, principalmente, o fonoaudiólogo - visto que se o paciente operar a laringe (laringectomia), ele ficará sem falar. Entre as técnicas que existem para que o paciente consiga se comunicar estão: escrita, placas com letras, de forma mais moderna, um aparelho fonatório - este é um aparelho que interpreta o movimento da musculatura e solta o som - ou com uso da voz esofágica, na qual o paciente fala arrotando. QT paliativa (Cetuximabe, TC, Gencitabina, MTX) Nivolumabe, Pembrolizumabe Importante! Prioridades no tratamento: erradicação (radicalidade), funcionalidade e estética! PREVENÇÃO As medidas preventivas para câncer de cabeça e pescoço são combater o tabagismo e o etilismo, uso de preservativo e vacinação para o HPV - esta previne também o câncer de colo de útero. LAYANE SILVA A vacinação para o HPV deve ser feita preferencialmente antes de iniciar a vida sexual, e a maior taxa de soroconversão é de 9-14 anos, mas é possível vacinar as mulheres até os 26 anos ou até os 45 anos. Isto porque como são vários tipos diferentes de HPV, por mais que já tenha ocorrido a relação sexual, pode ser que não tenha tido contato com um dos subtipos cancerígenos. Atualmente, a melhor vacina contra o HPV é quadrivalente, atua contra os sorotipos 6 e 11 que causam condiloma aculminado e 16 e 18 que causa câncer, e o esquema é feito em 3 doses. Revisão dos principais pontos! CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS (1) O principal fator de risco é tabagismo, seguido de HPV sorotipos 16 e 18; (2) As duas lesões pré-malignas são eritroplasia e leucoplasia, que são formas in situ; (3) Os sinais e sintomas irão se manifestar de acordo com a localização da doença: se for na língua há dificuldade na fala, lesões locais (ferida ou verruga, ou seja, pode ser tanto ulcerada quanto exofítica) e dor; se for na orofaringe há disfagia, odinofagia e sangramento; se for nariz há sangramento, obstrução nasal, voz anasalada e se crescer pode invadir a órbita; se for próximo a tuba auditiva pode causar zumbido, pressão e abafamento no ouvido; se for na laringe há disfonia, e se crescer muito pode causar estridor (tumor tampa a passagem do ar); (4) A anamnese e o exame físico são essenciais, lembrar de palpar os linfonodos; (5) O exame de imagem mais importante é a fibronasolaringoscopia; (6) O estadiamento desse paciente será feito pelo TNM através de tomografia do face, pescoço e tórax, pois o padrão de metástase é para o pulmão; (7) Nem todo tumor estágio 4 tem metástase, se o tumor localmente for avançado tanto o primário quanto os linfonodos já é considerado um estágio 4; (8) O padrão-ouro de tratamento é a cirurgia de ressecção tanto do tumor primário quanto dos linfonodos (esvaziamento cervical); (9) Se o tumor estiver em uma região na qual a cirurgia será muito traumática, pode-se fazer quimioterapia (Cisplatina) e radioterapia; (10) Entre as medidas de prevenção destacam-se: abandono do tabagismo e a vacinação contra o HPV. TUMORES DE GLÂNDULAS SALIVARES Na anatomia existem dois tipos de glândulas salivares, que são (1) as glândulas maiores: parótida, submandibular e sublingual e (2) glândulas menores que estão espalhadas pela cavidade oral. Importante! Portanto, também é possível ter tumor de glândula salivar dentro da boca, então nem todos os tumores que aparecem na boca são CEC, podem ser também tumores de glândulas salivares. A principal relação anatômica da parótida é o nervo facial, portanto, a principal complicação da cirurgia de parótida é a paralisia facial. PATOLOGIA Os tumores de glândulas salivares representam 5% dos tumores cérvico-faciais, e são 5 vezes mais frequente nas glândulas maiores (70% ocorrem nas parótidas). 15% dos tumores de parótidas 50% dos tumores de submandibulares 90% dos tumores de glândulas menores Quanto ao risco de malignidade de acordo com a localização do tumor tem-se que os tumores malignos são: Portanto, as glândulas menores tem maior potencial de desenvolver câncer (tumor maligno) do que as maiores. Malignidade Os tumores de glândulas salivares tem origem principalmente nas células ductais. Origem É importante diferenciar o quadro de parotidite, linfadenomegalia (pode-se confundir o aumento do linfonodo com a glândula salivar), cisto branquial, cisto epitelial ou tumor mesenquimal. O mais comum é confundir com a parotidite, mas ela irá se manifestar de forma aguda, dolorosa, febre, PCR elevado e hemograma com leucocitose - já o câncer é mais insidioso, ou seja, o tumor cresce lentamente. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Representa 70% dos tumores parotídeos e 50% de todos os tumores de glândulas salivares, sendo comum em mulheres na 5ª década de vida e tem recorrência frequente. Adenoma pleomórfico TIPOS DE TUMORES Cistoadenoma papilar linfomatoso (Warthin) Representa 5% dos tumores parotídeos, 10% são bilaterais, sendo comum em homens na 6ª e 7ª décadas de vida LAYANE SILVA DIAGNÓSTICO Nesse caso, observa-se um tumor na região cervical, que não apresenta vermelhidão e possivelmente tem crescido a semanas de forma indolor, trata-se de um tumor de glândula maior (parótida). No exame de imagem é possível visualizar uma formação de vasos sanguíneos importante, o que aumenta a suspeita de tumor maligno. Corresponde a malignidade mais frequente, em geral acomete as parótidas. Oncocitomas monomórficos (raros) Carcinoma mucoepidermóide Importante! Entre os tipos de tumores, o carcinoma mucoepidermóide representa o tumor maligno mais frequente das glândulas salivares. Glândulas maiores PAAF Excisão local com margem Uma vez que há suspeita de tumor de glândulas salivares, ou seja, presença de sinais de malignidade (dor, paralisia facial, aumento súbito da glândula e linfadenomegalia), o paciente será encaminhado para a biópsia, que pode ser: Glândulas menores Se for um tumor de glândulas menores, deve-se fazer a inspeção e palpação da região a procura de nódulos, na maioria são tumores malignos e é feita a biópsia incisional em todos. TRATAMENTO Ressecção com margem, preservando o nervo facial; Os tumores de glândulas salivares respondem muito mal à quimioterapia, portanto o tratamento curativo é cirúrgico, através de: Importante! Sempre que o tumor for na parótida, é essencial que o bom cirurgião preserve o nervo facial. Reconstrução do nervo facial, se for funcionante no pré-operatório (enxerto com nervo auricular ou sural) Por vezes, a própria presença do tumor já compromete a função do nervo e às vezes fica difícil preservá-lo nessa situação, para issoexistem técnicas de reconstrução do nervo facial - estas tem uma taxa de sucesso baixa, pois o nervo dificilmente regenera. Importante! Se alto grau malignidade, pode-se indicar radioterapia pós-operatória (adjuvante). Linfadenectomia cervical Quimioterapia tem baixa resposta (Cisplatina + Vinorelbina) É necessária a retirada dos linfonodos através do esvaziamento cervical Em casos de metástase pode-se realizar quimioterapia, no entanto, há uma baixa resposta, pois a maioria são tumores de grau baixo. Abordagem da parótida Na abordagem da parótida, a incisão é extensa, e é possível visualizar o nervo facial que deve ser preservado. Abordagem da glândula submandibular Revisão dos principais pontos! TUMORES DE GLÂNDULAS SALIVARES (1) As glândulas maiores são parótida, submandibular e sublingual, e as glândulas menores estão espalhadas na cavidade oral; (2) As glândulas menores tem maior potencial maligno, assim, os tumores são mais comuns nas glândulas maiores, mas quando acontecem nas menores a probabilidade de ser maligno é maior; (3) O nervo facial não pode ser lesado, pois pode causar paralisia facial - portanto na cirurgia o nervo facial tem que ser poupado; (4) Os tumores de glândulas salivares respondem mal à quimioterapia, então sempre que possível deve-se priorizar o tratamento cirúrgico. LAYANE SILVA FISIOLOGIA DA TIREOIDE A estrutura da tireoide na lâmina possui células organizadas para formar um folículo, que dentro possui colóide, que possui uma substância denominada iodo, do qual depende toda a função da glândula. Portanto, observa-se a célula tireoidiana e no espaço entre os folículos estão as células parafoliculares que irão conduzir a calcitonina - estas são avermelhadas pois possuem muitos vasos sanguíneos. Assim, a célula pega o iodo por cima, o processa, faz o hormônio e já o libera no sangue para todo o corpo. TUMORES DE TIREOIDE E PARATIREOIDE ANATOMIA DA TIREÓIDE A tireoide é uma glândula puramente endócrina, que é responsável pela produção de T3, T4 e calcitonina - esta atua no metabolismo do cálcio, cuja regulação ocorre retirando o cálcio do sangue quando está alto e colocando no osso. Por outro lado, o movimento contrário é feito pelo paratormônio (PTH), assim, toda vez que o cálcio no sangue está baixo, ele retira do osso e coloca no sangue - portanto, PTH e calcitonina tem efeitos antagônicos na calcemia, a calcitonina abaixa e o PTH aumenta. A célula que produz a calcitonina é chamada de célula parafolicular ou célula C, esta pode causar um tipo específico de câncer de tireoide. No entanto, os principais tumores de tireoide não irão surgir dessas células, mas sim das células do folículo, que produzem o T3 e o T4. Traqueia Nervo laríngeo recorrente Paratireoides De forma geral, a tireoide está localizada no pescoço e terá um lobo esquerdo e um direito, e uma região central denominada istmo. Quanto às relações anatômicas, é importante avaliar as seguintes estruturas: Logo atrás da tireóide está a traquéia, então se os tumores crescerem muito, eles podem causar insuficiência respiratória. Além disso, existe o nervo laríngeo recorrente que passa logo atrás da tireóide e vai para a laringe, especificamente para as cordas vocais, então se o tumor cresce, ele pode comprimir esse nervo causando disfonia. Atrás da tireóide, existem 4 glândulas que são as paratireóides, que atuam produzindo o paratormônio, e podem ter tumores nascendo dela. Assim, se há um tumor de paratireóide produtor de paratormônio, o paciente manifestará hipercalcemia, ou seja, o cálcio vai sair em excesso do osso deixando-o osteoporótico (poroso). Esse processo depende do seguinte mecanismo de regulação da tireóide: o hipotálamo vai produzir o TRH que vai na hipófise, que produzirá TSH (hormônio tireoestimulante), este irá estimular a tireóide a produzir T3 e T4, e por feedback negativo, toda vez que eles estão altos ocorre inibição do eixo, e se estiverem baixos ocorre estimulação do eixo. Portanto, se o TSH estimula as células tireoidianas na glândula saudável, ele também estimula o câncer - então da mesma forma que o estrógeno estimula a célula maligna da mama, o TSH estimula a célula maligna da tireóide. Então no caso de um paciente que trata câncer de tireoide, o ideal é que ele se mantenha com TSH mais baixo possível - visto que não existe um inibidor de TSH, mas é possível controlar o nível de TSH. EPIDEMIOLOGIA Os tumores de tireoide são muito frequentes, cerca de 3 a 7% dos adultos apresentam nódulos tireoidianos à palpação. Atualmente, tem sido comum incluir no check up um USG de tireoide e cerca de 25% dos adultos apresentam nódulos à USG, principalmente nas mulheres. No entanto, é muito comum uma mulher tem um nódulo ou um cisto na tireoide e isso não ter nenhum significado clínico, visto que a maioria dos nódulos são assintomáticos e benignos. LAYANE SILVA Além disso, a calcitonina será típica de um tumor específico da tireoide que é o carcinoma medular, e o CEA pode indicar um tipo específico de tumor chamado de carcinoma anaplásico. DIAGNÓSTICO Idade Sexo Sintomas de hipertireoidismo Radiação prévia Progressão dos sintomas PAAF Para diagnóstico será feita a anamnese, cujos principais fatores são: Em geral, é uma doença de pessoas jovens (até 40 anos). O sexo mais frequentemente acometido é o feminino. Lembrar que o paciente com hipertireoidismo manifesta uma atividade metabólica acelerada, causando sudorese, tremores, exoftalmia, taquicardia, insônia, perda de peso e diarréia. É importante questionar esses sintomas pois às vezes o tumor está produzindo hormônio em excesso. É importante questionar pois a radiação pode ser uma causa de câncer. Importante avaliar de que forma esses sintomas estão evoluindo. No exame físico é importante avaliar as características do nódulo e presença de linfadenomegalia. Ademais, para dar o diagnóstico serão feitos exames complementares como: Nesse caso será utilizada a classificação de Bethesda, assim, quando é feita a PAAF (punção por agulha fina) guiada por ultrassonografia no nódulo na tireoide, ele será classificado de I até o VI - sendo que a cirurgia da glândula será indicada a partir do Bethesda IV. Ultrassonografia com Doppler Marcadores: TSH e T4 livre + Tireoglobulina + Calcitonina + CEA O grande marcador do câncer de tireoide será a tireoglobulina, que é um exame dosado no sangue produzido exclusivamente pela tireoide. I. TUMORES DIFERENCIADOS Os tumores diferenciados são semelhantes à tireoide, por isso consomem iodo, em geral acometem pessoas jovens, tem crescimento lento, disseminação linfática e tem uma longa sobrevida. Entre os tumores diferenciados existem 2 tipos: o carcinoma papilífero e o carcinoma folicular. Incidência anual: 4 casos/100.000 habitantes 1% de todas as neoplasias 0,5% da mortalidade por câncer Tumores malignos TIPOS DE TUMORES MALIGNOS Existe uma grande divisão dos tumores tireoidianos, que podem ser: (1) diferenciados e (2) indiferenciados. Carcinoma papilífero Tireoidectomia total Tratamento com iodo radioativo no pós-operatório Supressão do TSH ad eternum Representa 85% dos cânceres tireoideanos, que normalmente se manifesta como um nódulo solitário em adulto jovem; se dissemina pelos linfonodos (linfonodos palpáveis) em 80% das crianças e 20% dos adultos; e pode haver ocorrência de metástases, principalmente ósseas e pulmonares. Nesse caso, o tratamento consiste em: Por serem tumores bem diferenciados e, consequentemente, dependentes de iodo, é realizada a iodoterapia. Carcinoma folicular Carcinoma células de Hurthle: variante mais agressiva Entre os tumores bem diferenciados da tireóide, o mais comum é o carcinoma papilífero, seguido do folicular. Este representa 10% dos tumores malignos, tem aparecimento mais tardio que o papilífero, e disseminação linfática rara (7%). Em geral, apresenta maior tendência a metástases pulmonar, óssea e hepática, que podem aparecer em até 10 anos após tratamento (metástase tardia). De forma geral, o tratamento e seguimentosão similares ao papilar, mas o prognóstico é um pouco pior. TIPOS DE TRATAMENTOS SUPRESSÃO DE TSH AD ETERNUM Como o TSH estimula a célula da tireoide, ele pode causar uma recaída da doença, por isso é necessário suprimir o TSH do paciente aumentando a dose da levotiroxina - T4 (Puran). Então quando o paciente retira a glândula, o T4 fica baixo e o TSH fica alto pois o corpo entende que está faltando estímulo para a produção de T3 e T4, e quando o paciente recebe a levotiroxina artificial/sintética, o corpo reduz o nível de TSH, cujo normal é de 0,3 a 5. Em pacientes com hipotireoidismo que estão fazendo tratamento com Puran, o ideal é que o TSH se mantenha dentro da faixa da normalidade, mas se for por uma questão de câncer, deve-se manter a dose suficiente para que o TSH fique abaixo de 0,3. Se por exemplo houver um paciente oncológico em uso de Puran com TSH normal, é importante aumentar a dose da levotiroxina para negativar o TSH, que tem que estar abaixo do normal. RADIOIODOTERAPIA Tratamento no qual é injetado iodo radioativo que é captado pela célula, e ao entrar nela, causa morte celular. Tumores > 4 cm Linfonodo positivo Extravasamento de cápsula tireoidiana Portanto, esse tratamento só é indicado nos tumores bem diferenciados após a retirada da glândula de acordo com alguns critérios - assim, é possível tratar o paciente sem realizar a quimioterapia. Nem todos os pacientes que operam a tireoide precisam realizar o iodo radioativo posteriormente, este seguimento só está indicado se: Sabe-se que a tireoide é protegida por uma “capa”, se o tumor cresce para além dessa cápsula, há uma chance maior de recaída da doença. LAYANE SILVA Complicações da radioiodoterapia Supressão transitória da medula Inflamação das glândulas salivares Infertilidade transitória Malformação fetal Similar ao tratamento da quimioterapia, pode haver leucopenia e plaquetopenia transitória. Portanto, gestantes não podem realizar esse tratamento - por ser um tumor de pessoas mais jovens, se, por exemplo, uma mulher de 36 anos tem o diagnóstico de câncer de tireoide e está no segundo trimestre de gestação, deve-se realizar a cirurgia e iniciar a reposição hormonal. Se após o resultado da biópsia indicar um tumor que ultrapassa a cápsula tireoidiana, deve-se aguardar o parto, e logo depois indica a iodoterapia, que impede a paciente de amamentar - portanto é necessário bloquear lactação com cabergolina. Se por exemplo, há um paciente que operou e iniciou o tratamento com hormônio, e depois de 15 dias no resultado da biópsia informou que era um tumor de 6 cm, ou seja, será necessário a radioiodoterapia. Nesse caso, deve-se retirar o hormônio por 1 mês para fazer o tratamento com iodo radioativo e tão logo que o tratamento for concluído, deve-se reintroduzir o hormônio. Portanto, para fazer o tratamento é necessário manter TSH elevado induzindo hipotireoidismo ou oferecer ao paciente uma injeção de TSH recombinante para não retirar o hormônio. Pesquisa de metástases de corpo inteiro: pode ser utilizado o I-123, preferencialmente Pré-requisitos Tireoidectomia total TSH elevado: hipotireoidismo ou TSH recombinante Sabe-se que o PET-CT é um exame usado para estadiar os cânceres, se há um tumor dependente de iodo, a melhor maneira de rastrear a metástase é pesquisar a captação de iodo. Portanto, a pesquisa de metástase de corpo inteiro é similar ao PET-CT, mas no lugar do FDG (glicose) é utilizado iodo radioativo. O TSH estimula a célula que fica ávida pelo iodo, portanto para fazer o tratamento com iodo é interessante que o TSH esteja alto para manter as células ávidas pelo iodo. Se para abaixar o TSH, deve-se aumentar o hormônio, para aumentar o TSH deve-se retirar o hormônio. Importante! Esse raciocínio serve apenas para aplicar esse exame e para o tratamento com iodoterapia, pois o paciente que tratou o câncer precisa que o TSH fique abaixo do normal. Acompanhamento: tireoglobulina e anti-tireoglobulina; USG de região cervical Observações No tratamento é utilizado apenas o I-131, são utilizadas atividades de 30 a 250 mCi, e nesse período o paciente necessita de internação para atividades maiores que 50 mCi. Assim, é interessante que o paciente esteja em um Quarto Terapêutico, isto porque ele precisa ficar 1 semana sem ter contato com gestante ou crianças pequenas, utilizando banheiro individual em casa, dar 2 descargas após usar o vaso sanitário, não pode fazer xixi no ralo do banheiro. Todas essas medidas são feitas com objetivo de eliminar o material radioativo, não necessário ao tratamento, em ambiente hospitalar. Importante! Só são tratados com iodo os carcinomas diferenciados: papilífero e folicular. Curiosidade! O iodo precisa ser transportado em uma caixa de chumbo para não disseminar a radiação. Curiosidade! Mesmo no hospital o paciente fica isolado da equipe em um quarto separado que comunica através dessa janela para não transmitir a radiação. Importante! Raramente é necessário interromper uma gravidez por causa de um câncer, pois muitas quimioterapias a partir do segundo trimestre podem ser feitas sem causar malformação fetal - por vezes pode ocorrer um retardo de crescimento intrauterino, mas o abortamento não é necessário. Curiosidade! A leucemia, por ser uma doença que mata o paciente em poucos dias e cujos remédios em sua maioria induzem a malformação fetal, pode ser necessário parto prematuro se ela estiver no terceiro trimestre ou abortamento se for no início da gestação. TIREOIDECTOMIA TOTAL Se ao realizar a PAAF, o paciente foi classificado como estágio IV ou mais na classificação de Bethesda, é indicada a retirada da glândula para o tratamento curativo. Complicações da tireoidectomia Hematoma Infecção Lesão do nervo laríngeo recorrente Lesão de paratireoides Todos os pacientes saem da cirurgia com um dreno na região da cirurgia pelo menos por 24 horas. No caso de lesão do nervo laríngeo recorrente, o paciente vai manifestar disfonia. Se a paratireoide for lesada, irá faltar o paratormônio - PTH, assim, o paciente terá hipocalcemia, que trará manifestações como tetania, fraqueza, tremores, etc. Essa lesão é identificada a partir da dosagem sanguínea de cálcio, mas há 2 sinais clínicos que estão associados aos níveis baixos de cálcio: Sinal de Trousseau: inicialmente, deve-se aferir a pressão do paciente se por exemplo a pressão está 120x80, soma os valores e faz a média (120+80=200; 200/2 = 100), posteriormente deve-se inflar o manguito até o valor médio (100), durante esse processo o paciente fará esse movimento de contração, que é um sinal de hipocalcemia. LAYANE SILVA Importante! Nada na oncologia tem 100% de garantia, então não há garantia de que o tumor saiu por completo, pode haver alguma célula neoplásica que desprendeu e pode germinar. Assim, nenhum tratamento oncológico oferece 100% de curabilidade, por isso, diante da gravidade da doença sempre são usadas mais de uma forma de tratamento. A hipocalcemia será tratada com a reposição de cálcio, ou seja, apenas será oferecido cálcio para o paciente. De forma geral, o bom cirurgião de cabeça e pescoço identifica a paratireoide e o nervo e os retira sem lesar. Ademais, quando a paratireóide é retirada de forma inadvertida é possível reimplantar no pescoço do paciente. Carcinoma anaplásico Tratamento Consiste em outro tipo de tumor indiferenciado da tireoide, é um dos tumores mais agressivos, representa 1% dos tumores malignos, mais comum em mulheres após a 5ª década de vida. Esses tumores ocasionalmente resultam da evolução do papilífero ou folicular, formando uma massa sólida, invasiva, com crescimento rápido, que manifesta sintomas obstrutivos respiratórios e digestivos. Assim, normalmente o paciente morre por insuficiência respiratória pois o tumor cresce tanto que comprime a traqueia. Além disso, linfadenopatia cervical e metástase pulmonar são comuns. Raramente curativo, geralmente são feitas ressecções alargadas com esvaziamento cervical bilateral e radio e quimioterapia pós-operatóriasSinal de Chvostek: ocorre quando ao tocar na face percutindo o nervo facial, o paciente simula uma crise convulsiva focal daquele lado. II. TUMORES INDIFERENCIADOS Os tumores indiferenciados são diferentes do tecido tireoidiano, por isso são independentes de iodo, ocorrem após a 5ª década de vida, são mais invasivos, recorrentes, tem uma capacidade de metástase maior (metastatizante) e uma sobrevida curta. Carcinoma medular NEM-2A: feocromocitoma, hiperparatireoidismo, carcinoma medular e doença de Hirschsprung NEM-2B: feocromocitoma, neuroma da mucosa GI, megacólon, anomalias esqueléticas e carcinoma medular Tireoidectomia total com esvaziamento cervical central e bilateral Dosar calcitonina e CEA no pós-operatório Supressão tireoideana permanente Representa 7% dos tumores malignos, é um tumor sólido, duro, iodo negativo com calcitonina elevada, com padrão familiar em 20% dos casos. Por ser um tumor indiferenciado/pouco diferenciado, não é dependente de iodo (iodo negativo) e tem como marcador a calcitonina, portanto, o cálcio do paciente estará baixo pois a calcitonina estará elevada. Além disso, o carcinoma medular tem associação com as seguintes síndromes de NEM (Neoplasia Endócrina Múltipla), ou seja, existem vários tecidos glandulares envolvidos: Também pode estar relacionada com a mutação do gene RET, esta quando identificada deve-se realizar tireoidectomia total até 6 anos de idade, pois a chance de câncer medular é altíssima. Tratamento Se estes marcadores estiverem elevados, deve-se suspeitar de metástases miliares hepáticas. De forma geral, há um pior prognóstico que o papilífero e folicular. Importante! Lembrar que esse é um tumor não diferenciado, portanto, não depende de iodo, ou seja, a radioiodoterapia não funciona nesse caso. Linfomas e sarcomas Linfoma: poliquimioterapia + radioterapia A tireoide também pode ser sítio de linfomas e sarcomas, que representam 1% dos tumores malignos, sendo que os linfomas estão fortemente associados à tireoidite de Hashimoto. Tratamento Sarcoma: cirurgia + radioterapia + quimioterapia (resposta ruim) LAYANE SILVA Adenomas (90%) Pode chegar até 35g Remoção cirúrgica TUMORES DE PARATIREOIDES Habitualmente existem 4 paratireoides, e elas podem causar tumores benignos ou malignos, que serão produtores de paratormônio. Portanto, os tumores de paratireoide produz PTH, que em excesso irá retirar o cálcio do osso, deixando-o osteoporótico, e jogar no sangue causando hipercalcemia, que manifesta por exemplo crise convulsiva. Posteriormente, o cálcio do sangue elevado começa a se deposita em órgãos aonde não poderiam ser depositados, um dos mais comuns e mais perigosos é o rim, assim, começa a calcifica os rins do paciente. Ademais pode calcificar o pâncreas ou até mesmo o estômago causando uma úlcera gástrica. Carcinoma (< 1%) Nódulo duro Hipercalcemia profunda Hiperparatireoidismo (0,1-0,3%) Adenomas paratireoideanos Hiperparatireoidismo primário com sintomas ósseos ou renais Úlcera péptica secundária ao hiperparatireoidismo Pancreatite secundária ao hiperparatireoidismo Para impedir esse processo, o tratamento é retirar a glândula (paratireoidectomia), sobretudo quando a calcemia está muito elevada. Então se o paciente tiver úlcera péptica, pancreatite ou insuficiência renal pela calcificação, maior é a urgência. Importante! Tanto maior a urgência quanto maior a calcemia! Importante! Na cirurgia deve-se retirar apenas a glândula que está doente, então se das 4 apenas 1 está doente, apenas esta que foi acometida é retirada para manter a função das demais. Revisão dos principais pontos! TUMORES DE TIREOIDE (1) Após o tratamento oncológico o TSH tem que ficar abaixo de 0,3 e será suprimido com o aumento da levotiroxina; (2) Para fazer o tratamento com iodo radioativo é interessante que o TSH esteja aumentado, para isto deve-se retirar o hormônio ou oferecer o TSH recombinante; (3) Apenas os tumores bem diferenciados de tireóide podem ser tratados com iodo, que são papilífero e folicular; (4) Nem todo paciente que opera a tireoide precisa fazer iodo depois, as indicações são: tumor > 4 cm, linfonodo positivo e invasão da cápsula.
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