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Maria Luiza Sena – Med XIV FASA MORFOFISIOLOGIA DO RETO E ÂNUS ANATOMIA O reto é uma câmara que começa no fim do intestino grosso, imediatamente após o cólon sigmoide, e que termina no ânus. Em geral, o reto permanece vazio, pois antes de chegarem nele, as fezes ficam armazenadas no cólon descendente. O ânus é a abertura na extremidade do tubo digestivo, através da qual as fezes saem do corpo. O reto mede aproximadamente 15cm de comprimento e se situa anteriormente ao sacro e cóccix. Os 2-3cm terminais do IG são chamados canal anal. A abertura do canal anal para o exterior (ânus), é guardada pelo músculo esfíncter interno do ânus (músculo liso – involuntário) e pelo esfíncter externo do ânus (músculo esquelético – voluntário). Normalmente, estes esfíncteres mantêm o ânus fechado, exceto durante a eliminação das fezes. O reto humano é caracterizado por várias flexuras -> flexura sacral, anorretal do canal anal e flexuras laterais do reto (superior, inferior e intermediária). A parte terminal dilatada do reto, situada diretamente superior ao diafragma da pelve (músculo levantador do ânus) e corpo anococcígeo, e sustentada por eles, é a ampola do reto. ❖ A ampola do reto recebe e retém a massa fecal que se acumula até que seja expelida durante a defecção -> a capacidade de relaxamento da ampola do reto para acomodar a chegada inicial e subsequente de material fecal é essencial para manter a continência fecal. PLEXOS VASCULARES O plexo venoso retal submucoso circunda o reto e comunica-se com o plexo venoso vesical nos homens e com o plexo venoso uterovaginal nas mulheres. O plexo venoso retal tem duas partes: o plexo venoso retal interno, imediatamente profundo à túnica mucosa da junção anorretal, e o plexo venoso retal externo subcutâneo, externamente à parede muscular do reto. A vascularização da região anorretal é constituída por uma rica rede de arteríolas e vênulas que se comunicam diretamente, formando os corpos cavernosos e os plexos hemorroidários. Plexo hemorroidário interno -> localiza-se no espaço submucoso do canal anal, acima da linha pectínea, sendo formado por uma rede de vasos sanguíneos calibrosos. É vascularizado pelos 3 ramos terminais da artéria retal superior, 2 à direita e 1 lateral esquerdo. Drena para o sistema portal pela veia retal superior, tributária da mesentérica inferior. Plexo hemorroidário externo -> situa-se no espaço subcutâneo do canal anal, abaixo da linha pectínea, sendo vascularizado pelos ramos terminais das artérias retais inferiores, e drena para a circulação sistêmica (VCI) pelas veias retais inferiores, tributárias das veias pudendas e ilíacas internas. ! Ambos os plexos se comunicam, por apresentarem anastomoses arteriovenosas entre si. INVERVAÇÃO Inervação simpática -> provém da medula espinal lombar, conduzida pelos nervos esplâncnicos lombares e dos plexos hipogástrico/pélvico e pelo plexo periarterial das artérias mesentérica inferior e retal superior. Inervação parassimpática -> provém do nível S2-S4 da medula, seguindo pelos nervos esplâncnicos pélvicos de dos plexos hipogástricos inferiores esquerdo e direito até o plexo retal. Todas as fibras aferentes viscerais seguem as fibras parassimpáticas retrogradamente até os gânglios sensitivos de nervos espinais S2- S4. HISTOLOGIA RETO Mucosa -> epitélio intestinal com enterócitos colunares simples e muitas células caliciformes. Na zona de transição anal, o epitélio colunar se achata e eventualmente se torna epitélio escamoso estratificado não queratinizado. Submucosa -> tecido conjuntivo frouxo, folículos linfoides e plexo de Meissner. Muscular -> musculatura interna circular e externa longitudinal. Contempla o plexo de Auerbach. APG 08 - CONSTIPAÇÃO E DOENÇA HEMORROIDÁRIA Maria Luiza Sena – Med XIV FASA CANAL ANAL Zona colorretal -> é equivalente à estrutura histológica do reto com epitélio colunar simples. Pregas de membrana mucosa preenchidas com pequenas artérias formam coxins na parede. Zona de transição -> lembra a estrutura histológica do reto, mas apresenta tanto epitélio colunar quanto escamoso estratificado. São características: pregas submucosa transversais com criptas e glândulas anais (ductos epiteliais tubulares). Anoderma (“zona branca”) -> possui epitélio estratificado escamoso não queratinizado, que é associado com o esfíncter anal interno. Essa zona apresenta neurônios sensitivos densamente agrupados. Zona cutânea -> lembra a estrutura histológica da pele, com epitélio escamoso estratificado queratinizado. É fortemente pigmentada e possui todas as estruturas associadas com a pele, como suor e glândulas sebáceas, corpúsculos de Pacini e folículos pilosos. FISIOLOGIA - REFLEXO DA DEFECÇÃO Os movimentos peristálticos em massa empurram o material fecal do colo sigmoide para o reto. A distensão resultante da parede retal estimula os receptores de estiramento, que iniciam um reflexo de defecação que resulta na defecação, a eliminação das fezes do reto por meio do ânus. O reflexo de defecação ocorre do seguinte modo: em resposta à distensão da parede retal, os receptores enviam impulsos nervosos sensitivos para a medula espinal sacral. Impulsos motores da medula viajam ao longo dos nervos parassimpáticos de volta para o colo descendente, colo sigmoide, reto e ânus. A contração resultante dos músculos longitudinais retais encurta o reto, aumentando assim a pressão em seu interior. Esta pressão, junto com contrações voluntárias do diafragma e dos músculos abdominais, além do estímulo parassimpático, abrem o músculo esfíncter interno do ânus. ❖ O músculo esfíncter externo do ânus é controlado voluntariamente. Se for voluntariamente relaxado, a defecação ocorre e as fezes são expelidas através do ânus; se for voluntariamente contraído, a defecação pode ser adiada. Contrações voluntárias do diafragma e dos músculos abdominais auxiliam na defecação ao aumentar a pressão no interior do abdome, que empurra as paredes do colo sigmoide e do reto para dentro. Se a defecação não ocorrer, as fezes voltam para o colo sigmoide até que a próxima onda de peristaltismo em massa estimule os receptores de estiramento, novamente produzindo a vontade de defecar. ! Em crianças, o reflexo de defecação provoca esvaziamento automático do reto, porque o controle voluntário do músculo esfíncter externo do ânus ainda não se desenvolveu. O número de defecações em um determinado período de tempo depende de vários fatores, como a dieta, a saúde e o estresse. A variação normal de atividade intestinal vai de 2-3 defecações por dia a 3-4 defecações por semana. CONSTIPAÇÃO INTESTINAL Constipação intestinal não é uma doença, mas meramente um sintoma, podendo indicar várias doenças. Apresenta diferentes significados para diferentes pacientes, dependendo do que cada um considera padrão normal de defecação. Por ser de difícil definição, foram desenvolvidos critérios objetivos baseados na frequência das evacuações para se chegar a uma definição satisfatória. ❖ Estudos populacionais revelaram que 94-100% das pessoas sadias apresentam entre 3 evacuações por dia e uma exoneração 3x/semana. Esses achados permitiram definir constipação intestinal, de uma maneira simplista, como a evacuação intestinal abaixo de 3x/semana. Porém, de acordo com os Critérios de Roma, não devemos nos fixar apenas no número de evacuações, mas também na qualidade delas. Um grupo de estudo do Colégio Americano de Gastrenterologia sugere uma definição: defecação insatisfatória caracterizada por reduzido número de evacuações e dificuldade para evacuar, pelo menos nos últimos 3 meses. ❖ Fezes endurecidas ou em cíbalos. ❖ Necessidade de esforço para evacuar. ❖ Sensação de evacuação incompleta. ❖ Sensação de obstrução anorretal.❖ Necessidade de usar manobras manuais para facilitar a evacuação. ! Há críticas sobre a utilização dos Critérios de Roma. CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DAS FEZES Tamanho -> pacientes constipados relatam fezes finas como um lápis, ou volumosas, ou fragmentadas em vários tamanhos, como fezes de cabra. Peso fecal -> o peso normal pode variar de 35-450g por evacuação. Consistência -> pode ser determinada pela força necessária para passa-las por um tubo fino. Existem variações. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA Frequência -> a maioria da população geral evacua 1x/dia, e raramente alguém evacua menos de 5x/semana. Porém, essa frequência pode ser alterada por inúmeros fatores. EPIDEMIOLOGIA Constipação intestinal é um dos sintomas mais comuns na Medicina. É a 2ª queixa mais frequente na gastrenterologia, perdendo apenas para a dor abdominal. Entretanto, devido às dificuldades para definir o que é hábito intestinal normal, torna-se difícil avaliar a incidência real. Em inquérito realizado em um hospital geral, envolvendo grande número de pacientes, somente 38% disseram nunca terem tido constipação intestinal. ❖ Idade -> a ocorrência da constipação intestinal aumenta muito após os 60 anos, por etiologia multifatorial. ❖ Sexo -> meninos em geral apresentam maior incidência do que meninas, o que se inverte na idade adulta, sendo até 2x mais frequente na mulher. ❖ Sedentarismo -> pessoas sedentárias têm maior dificuldade para evacuar e o fazem com menor frequência. ETIOLOGIA A constipação geralmente resulta da ingestão inadequada de fibras ou líquidos, ou de distúrbios do trânsito colônico ou da função retal. Essas alterações são causadas por distúrbios neutogastrenterológicos, determinados fármacos e idade avançada, ou estão associadas a grande número de doenças sistêmicas que afetam o TGI. Algumas causas comuns de constipação intestinal são incapacidade de reagir ao desejo urgente de defecar, enfraquecimento dos músculos abdominais, inatividade e repouso no leito, gestação e hemorroidas. FISIOPATOLOGIA A fisiopatologia da constipação intestinal pode ser classificada em 3 grupos gerais: constipação intestinal com trânsito normal, constipação intestinal com trânsito lento e distúrbios da defecação ou evacuação retal. Constipação intestinal com trânsito normal (ou constipação intestinal funcional) -> caracteriza-se por dificuldade percebida de defecar e, em geral, melhora com o aumento da ingestão de líquidos e fibras. Os pacientes sentem dificuldade para evacuar e/ou apresentam fezes endurecidas. Esses pacientes podem ter dor associada à constipação intestinal e há sobreposição com a SII com predominância de constipação intestinal. Constipação intestinal com trânsito lento -> se caracteriza por defecação infrequente, comumente é causada por distúrbios da função motora do intestino grosso. ❖ Doença de Hirschsprung é um exemplo extremo de constipação intestinal com trânsito lento, no qual as células ganglionares do intestino distal estão ausentes porque houve uma falha durante o desenvolvimento; o intestino fica mais estreito na área que não contém células ganglionares. Esse tipo de constipação caracteriza-se por um prolongado tempo no trânsito das fezes através do cólon. Essa lentidão pode ser devida a uma disfunção da musculatura colônica ou na inervação intrínseca. Essas alterações acarretarão uma diminuição na peristalse normal, em decorrência de uma redução no número e amplitude das contrações que são responsáveis pelo movimento de massa -> a ausência/diminuição destes movimentos resulta em prolongada permanência do bolo fecal no cólon. Distúrbios da defecação -> são atribuídos mais comumente às anormalidades da coordenação muscular do assoalho pélvico ou do esfíncter anal. DIAGNÓSTICO Baseia-se no relato de defecação infrequente, esforço para defecar, eliminação de fezes duras e em bolotas, ou sensação de esvaziamento incompleto depois de defecar. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA O toque retal é realizado para determinar se há impactação fecal, estenose anal ou massas retais. Também é importante excluir a possibilidade de que a constipação intestinal seja sinal de outra doença. Os exames que determinam o tempo de trânsito colônico e a função defecatória são reservados aos casos refratários. INDÍCIOS CLÍNICOS Anamnese: ❖ Esforço prolongado para expelir fezes. ❖ Adoção de posturas incomuns no vaso sanitário para facilitar a expulsão das fezes. ❖ Suporte do períneo ou manipulação digital do reto para facilitar o esvaziamento retal. ❖ Incapacidade de expelir o líquido do enema. Toque retal: ❖ Inspeção -> ânus projetado para a frete durante as tentativas de simular a tensão durante a defecação. A margem anal desce <1cm ou >4cm. Períneo projeta-se para baixo durante o esforço e mucosa retal prolapsa através do ânus. ❖ Palpação -> alto tônus do esfíncter anal em repouso impede a entrada fácil do dedo do examinador. A pressão do esfíncter anal durante a compressão voluntária é minimamente maior do que o tônus em repouso. Há dor à palpação do músculo Puborretal através da parede retal posterior. Manometria anorretal e expulsão do balão: ❖ Tônus médio em repouso do esfíncter anal > 80 cmH2O ou pressão de compressão > 240 cmH2O. ❖ Falha de expulsão do balão apesar da adição de 200 g de peso. Radiografia abdominopélvica: ❖ Área de gás retal >9cm². DOENÇA HEMORROIDÁRIA A doença hemorroidária surge quando há́ congestão, dilatação e aumento dos corpos cavernosos do canal anal formando grandes emaranhados vasculares, submucosos e/ou subcutâneos, flexíveis, que se enchem de sangue, constituindo os mamilos hemorroidários. Hemorroidas são veias ao redor do ânus ou do reto que se inflamam ou dilatam. Durante o movimento intestinal, essas veias dilatam-se e retraem-se, geralmente voltando ao tamanho normal. No entanto, o esforço repetido para evacuar, seja por intestino preso ou fezes endurecidas, pode dificultar o processo de drenagem do sangue e provocar a formação de hemorroidas. As hemorroidas podem ser externas ou internas. Quando externas, assemelham-se às varizes ou a pelotas de sangue e são visíveis na borda do ânus. Quando internas, localizam-se acima do esfíncter anal e causam sintomas mais agudos. EPIDEMIOLOGIA É uma afecção das mais frequentes, sendo, impossível precisar sua real prevalência. Incide em ambos os sexos, em todas as raças e idades, com maior incidência na 4ª década de vida, ocorrendo raramente na infância e adolescência. Estima-se que 10 milhões ou mais de indivíduos, cerca de 5-12% dos adultos, nos EUA, apresentem sinais/sintomas relacionados com hemorroidas a cada ano, provocando mais de 1 milhão de consultas ambulatoriais a cada ano. A prevalência de doença hemorroidária é menor nos países em desenvolvimento. A dieta ocidental típica pobre em fibras e rica em gorduras está associada à constipação, ao esforço excessivo para defecar e ao desenvolvimento de hemorroidas sintomáticas. ETIOLOGIA O desenvolvimento de hemorroidas sintomáticas tem sido associado a: ❖ Avanço da idade. ❖ Diarreia. ❖ Sedentarismo -> diminui o estímulo para a digestão dos alimentos e a irrigação sanguínea do ânus. ❖ Obesidade -> o excesso de peso aumenta a pressão nas veias abdominais. ❖ Gravidez -> por conta da pressão que o feto exerce sobre as veias da parte inferior do abdome. ❖ Tumores pélvicos. ❖ Repouso prolongado. ❖ Esforço. ❖ Constipação crônica. ❖ Pacientes em uso de anticoagulação e terapia antiplaquetária, embora não esteja claro a associação causal. Os agravantes estão relacionados com hábitos defecatórios errôneos, tais como: insistência em evacuar todos os dias, esforçar para defecar em um determinado horário por conveniência ou forçar o esvaziamento total do conteúdoretal de uma só́ vez. FISIOPATOLOGIA Apesar da noção comum de que as hemorroidas são sempre anormais, na verdade são estruturas normais identificáveis até feto. Hemorroidas são coxins vasculares constituídos por tecido conjuntivo, músculo liso e arteríolas e veias. Funcionalmente, ajudam na continência fecal geral, servindo como uma junção maleável que melhora a vedação do canal anal. Os plexos hemorroidários são uma parte normal do canal anal. As estruturas vasculares contidas nesse tecido ajudam na continência e impedem que o músculo esfinctérico seja danificado. 3 complexos hemorroidários principais atravessam o canal anal: ❖ Lateral esquerdo ❖ Anterior direito Maria Luiza Sena – Med XIV FASA ❖ Posterior direito. O ingurgitamento e o esforço excessivo para defecar levam ao prolapso desse tecido para dentro do canal anal. Com o passar do tempo, o sistema de apoio anatômico do complexo hemorroidário enfraquece, expondo esse tecido ao segmento externo do canal anal, onde é suscetível a uma possível lesão. CLASSIFICAÇÃO (GRAU DE PROLAPSO ANAL) A mais utilizada está relacionada com a localização do mamilo hemorroidário no canal anal e com a presença ou não do seu prolapso. Os mamilos apresentam consistência amolecida e forma abaulada, podendo serem internos, externos ou mistos. Mamilo hemorroidário interno -> é subclassificados, de acordo com a presença/ausência de seu prolapso para o exterior do canal anal: ❖ 1º grau -> mamilo hemorroidário interno que não prolaba pelo canal anal quando da evacuação aos esforços. ❖ 2º grau -> quando ele prolaba através do canal anal durante o esforço evacuatório, exteriorizando-se pelo ânus, porém retraindo-se, espontaneamente, cessado esse esforço. ❖ 3º grau -> mamilo que prolaba à evacuação e/ou aos esforços e não retorna espontaneamente, necessitando ser recolocado digitalmente para o interior do canal anal. ❖ 4º grau -> mamilo interno permanentemente prolabado pelo canal anal, sem possibilidade de ser recolocado para o interior. As hemorroidas surgem de um plexo de vasos arteriovenosos dilatados em conjunto com o tecido conjuntivo que o cerca. ❖ Hemorroidas internas -> são próximas ou acima da linha pectínea. Surgem do plexo venoso superior. O epitélio colunar sobrejacente é visceralmente inervado; portanto, essas hemorroidas não são sensíveis à dor, toque ou temperatura. ❖ Hemorroidas externas -> surgem do plexo venoso inferior. Eles são cobertos pelo epitélio escamoso modificado, que contém numerosos receptores somáticos de dor, tornando as hemorroidas externas extremamente dolorosas na trombose. ! Hemorroidas internas e externas se comunicam e drenam para as veias pudendas internas e, finalmente, para a VCI. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A doença hemorroidária pode ser assintomática e só́ diagnosticada ao exame físico. Porém, a maioria dos enfermos apresenta diferentes sintomas e sinais, com vários graus de intensidade. São eles: sangramento, prolapso, exsudação perianal e desconforto anal. Os pacientes geralmente procuram seu médico por duas razões: sangramento e protrusão. Dor é menos comum quando comparada às fissuras e, se estiver presente, é descrita como uma dor difusa e imprecisa devido ao ingurgitamento do tecido hemorroidário. Dor intensa pode indicar uma trombose hemorroidária. Sangramento hemorroidário -> é descrito como sangue vermelho- brilhante sem dor, no vaso sanitário ou no papel higiênico. Alguns pacientes podem ter sangramento significativo, que pode ser causa de anemia; contudo, a presença de uma neoplasia colônica deve ser excluída nos pacientes anêmicos. Os pacientes que se apresentam com massa proeminente se queixam de incapacidade de manter a higiene perianal e, com frequência, estão preocupados com a presença de um câncer. DIAGNÓSTICO O diagnóstico de doença hemorroidária é feito pelo exame físico. O médico faz a inspeção da região perianal para possível evidência de trombose ou escoriação, seguida por um exame digital minucioso. A anoscopia é realizada com a devida atenção à posição conhecida da doença hemorroidária. Durante o exame, o médico pede ao paciente que faça esforço significativo para evacuar. Se isso for difícil para o paciente, a manobra pode ser executada com o paciente sentado no vaso sanitário. O médico observa o prolapso tecidual. ❖ É importante diferenciar o aspecto circunferencial de um prolapso retal de espessura total da natureza radial das hemorroidas que sofrem prolapso. Esse exame define o estágio e a localização dos complexos hemorroidários. Maria Luiza Sena – Med XIV FASA TRATAMENTO O tratamento para as hemorroidas sangrantes baseia-se no estágio da doença. Em todos os pacientes com sangramento, deve ser considerada a possibilidade de outras causas. Nos pacientes jovens sem história familiar de câncer colorretal, a doença hemorroidária pode ser tratada primeiro e, depois, realiza-se um exame colonoscópico caso o sangramento continue. São prescritos banhos de assento, suplementos de fibras e emolientes fecais. Outros tratamentos para hemorroidas sangrantes são os procedimentos realizados no consultório, incluindo ligadura elástica, coagulação com infravermelho e escleroterapia. Para o tratamento cirúrgico da doença hemorroidária, os procedimentos de escolha são hemorroidectomia excisional, desarterialização trans-hemorroidária (THD) ou hemorroidectomia com grampeador. ❖ Todos os métodos cirúrgicos são igualmente eficazes no tratamento das hemorroidas sintomáticas de 3º e 4º graus. No entanto, levando-se em consideração que a hemorroidectomia suturada envolve a remoção do tecido redundante até a margem anal, devem ser removidos também os pólipos cutâneos anais de aspecto desagradável.
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