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Carla Bertelli – 4° Período – Revisar a morfofisiologia do reto e ânus – Compreender a epidemiologia, etiologia, fisiopatologia, manifestações clínicas, fatores de risco e diagnóstico da Constipação Intestinal e Hemorroidas Na pelve, o colo sigmoide se une ao reto, que desce ao longo da metade inferior do sacro em uma posição retroperitoneal. O reto não possui tênias, sua camada muscular longitudinal é completa e bem desenvolvida, de modo que ele consegue gerar fortes contrações para defecação. Apesar do nome, ‘’reto’’, ele possui várias curvas fechadas. Internamente, essas curvas são representadas como três pregas transversas do reto (ou válvulas retais), que evitam que as fezes sejam eliminadas junto com o flato (gases) O canal anal é a última subdivisão do intestino grosso, tem cerca de 3cm de comprimento. Uma parte do levantador do ânus é responsável por manter o ângulo da junção anorretal, um ângulo agudo entre o ânus e o reto que contribui para a continência fecal. Internamente, existem pregas longitudinais da mucosa chamadas de colunas anais, e são essas colunas que contém as porções terminais da artéria e veia retais superiores – os vasos hemorroidais. Essas colunas se juntam e formam válvulas anais. Os bolsos superiores a essa válvula são os seios anais que liberam muco para auxiliar na passagem fecal. Existe uma linha pectinada (forma de pente), região insensível a dor. A parede do canal anal contém o músculo esfíncter interno do ânus (espessamento da camada muscular) e o esfíncter externo do ânus. O esfíncter externo contrai voluntariamente para inibir a defecação, já o esfíncter interno contrai involuntariamente, para impedir que as fezes saiam. Microscopicamente, sua parede se assemelha à do intestino delgado, com algumas alterações. • Epitélio mucoso simples prismático, contendo células caliciformes (muco) e absortivas (água e eletrólitos) • Não existem vilosidades • Contém mais tecido linfoide na submucosa, considerando sua ampla flora bacteriana O canal anal e uma zona de transição epitelial na qual o epitélio simples prismático do intestino muda para epitélio estratificado pavimentoso. Na extremidade mais inferior do canal anal, a mucosa se funde com a pele verdadeira que circunda o ânus. O reto geralmente fica vazio e os esfíncteres contraídos. Quando as fezes são impulsionadas para o reto, o estiramento da parede inicia o reflexo de defecação. Mediado pela medula espinal sacral, esse reflexo parassimpático sinaliza as paredes do colo, sigmoide e reto a contraírem o esfíncter interno do ânus e relaxar. Se uma pessoa decidir postergar a defecação, as contrações reflexas terminam e o reto relaxa. Outro movimento de massa ocorre alguns minutos depois, iniciando mais uma vez o reflexo da defecação, até que a pessoa decida defecar ou até que a vontade se torne inevitável. Durante a defecação, a musculatura do reto contraí para expelir as fezes. Esse processo é suplementado pela contração voluntária do diafragma e músculos da parede do abdome, aumentando a pressão intra-abdominal, e do músculo levantador do ânus, que ergue o canal anal, deixando as fezes em uma posição inferior ao ânus. A contração tônica do músculo puborretal é importante para manter a continência. Durante a defecação os nervos parassimpáticos sacrais relaxam este músculo, facilitando a retificação do ângulo retoanal. A distensão do reto resulta em relaxamento transitório do esfíncter anal interno por meio das Carla Bertelli – 4° Período inervações simpática intrínseca e reflexa. A medida que as contrações sigmoides e retais, combinados com o esforço para evacuar, que aumenta a pressão intra-abdominal, elevam a pressão dentro do rato, o ângulo retossigmoide abre-se a 15 graus. O relaxamento voluntário do esfíncter anal externo em resposta a sensação produzida pela distensão permite a evacuação das vezes. A defecação também pode ser postergada voluntariamente mediante a contrações do esfíncter anal externo. MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia E Fisiologia. 3ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2009 • Queixa comum na prática clínica que se refere à defecação difícil, infrequente ou aparentemente incompleta persistente. • Fezes endurecidas e em pelotas ocorrem com trânsito lento, enquanto fezes aquosas e amolecidas estão relacionadas a um trânsito rápido. É frequentemente tratada com base na impressão do paciente de que há um distúrbio na função intestinal. No entanto, o termo constipação tem significados variados para diferentes pessoas. As fezes podem ser muito duras ou muito pequena para alguns, enquanto para outros a defecação é muito difícil ou pouco frequente. A Constipação não é uma doença, é um sintoma, e como sintoma pode indicar várias doenças. Em outras palavras, muitas pessoas consideram a constipação a dificuldade para evacuar, fezes duras e diminuição na frequência das evacuações, porém é uma sensação subjetiva de difícil definição. Achados consideram a constipação como a evacuação intestinal abaixo de 3x na semana e na qualidade das fezes. Um estudo mais elaborado mostra a definição como: defecação insatisfatória caracterizada por reduzido número de evacuações e dificuldade para evacuar, pelo menos nos últimos 3 meses. Essa dificuldade para evacuar inclui: • Fezes endurecidas • Necessidade de esforço para evacuar • Sensação de evacuação incompleta • Necessidade de manobras manuais para facilitar a evacuação. – Geralmente resulta da ingestão inadequada e fibras ou líquidos, ou distúrbios do trânsito colônico ou da função retal. Essas alterações são causadas por distúrbios neurogastrenterológicos, determinados fármacos e idade avançada, ou estão associados a um grande número de doenças sistêmicas que afetam o TGI. Constipação de inicio recente pode ser um sintoma de doença orgânica significativa, inclusive tumor, irritação ou estenose. – Estudos na américa do Norte dizem que a prevalência varia de 2 a 27%. A constipação auto- referida nos Estados Unidos e no Reino Unido é mais prevalente em mulheres e acima de 60 anos. Após ajuste para esses fatores, é mais comum em indivíduos com pouca atividade física diária, baixa renda e baixa escolaridade. A prevalência de constipação crônica aumenta com a idade, mais dramaticamente em pacientes com 65 anos de idade ou mais (relacionada a uma etiologia multifatorial). Nesta faixa etária mais avançada, aproximadamente 26% dos homens e 34% das mulheres queixam-se de constipação Na infância, meninos em geral apresentam maior incidência do que as meninas. Já na fase adulta essa situação inverte, sendo até duas vezes mais frequente na mulher. Pessoas mais sedentárias também tem dificuldade para evacuar, além da questão alimentar também contribuir para isso. Os fatores de risco para seu aparecimento incluem sexo feminino, inatividade física, baixo nível educacional e social, uso de medicamentos e depressão. Um estudo sugeriu Carla Bertelli – 4° Período que adultos que consomem um baixo índice de calorias têm maior risco de desenvolver constipação. – A constipação pode ser conceitualmente considerada como um movimento desordenado das fezes através do cólon ou anorreto, uma vez que, com poucas exceções, o trânsito através do trato gastrointestinal proximal geralmente é normal. A desaceleração do trânsito colônico pode ser idiopática ou pode ser devido a causas secundárias. Segundo o livro Gastro Essencial, podemos classificar a constipação intestinal em 3 grupos: Primária, Secundária ou Orgânica e Idiopática ou Funcional. Constipação Intestinal Primária – É provocada por situações inerentes aos hábitos de vida do paciente ou por circunstâncias geralmente banais. Nesse caso a anatomia do órgão está preservada. – Ingesta reduzida de fibras e até mesmo pode apresentar desnutrição. A presença de fibrasacelera o trânsito colorretal, aumenta o peso das fezes e a frequência das evacuações. A ausência de ingesta da água também influencia na defecação. – Não tem uma influência tão significativa, porém, a inatividade física, principalmente em idosos, associada à postura antifisiológica para defecar, colabora para a ocorrência de constipação. – Pode ocorrer constipação devido alteração hormonal e compressão extrínseca do útero gravídico sobre o intestino. çã – O bloqueio voluntário e repetido do desejo de evacuar provoca alterações, por vezes definitivas, nos mecanismos sensoriais, de tal forma que a chegada de mais fezes no reto não é capaz de provocar o desejo de evacuar. Em pacientes com síndrome do cólon irritável, podem ocorrer alterações do limiar de sensibilidade à pressão provada pela distensão retal, apresentando hipoatividade do reflexo da defecação. çã – A posição ereta que o homem evolui com o passar do tempo reduziu a velocidade de progressão do bolo alimentar devido às angulações formadas no estômago e alças intestinais. – Durante viagens, é comum a mudança de hábito intestinal. á – A inexistência de locais adequados pode inibir o reflexo da defecação. Constipação Intestinal Secundária – Ocasionada por uma doença sistêmica, iatrogenia, ou por problemas psicossociais. As situações mais frequentes são doença do cólon, doenças neurológicas, distúrbios endócrinos, medicamentos e distúrbios psiquiátricos. ç ó – Qualquer condição que provoque o estreitamento anatômico ou bloqueio mecânico do lúmen intestinal pode produzir constipação intestinal, como por exemplo em tumores, hérnias, estenoses, diverticulites, endometriose, cirurgias, prolapso interno do reto, retocele, proctite, fissura anal. (causas extraintestinais e extraluminais também) ç ó – Lesões no SNC ou SNP frequentemente produzem constipação intestinal. Quando a lesão é central ou medular podem evoluir para obstipação intestinal. Quando a lesão é central, a constipação intestinal se deve ao comprometimento neuromotor intestinal. Já nas lesões medulares, a magnitude do problema está na dependência do segmento acometido. ú ó ó – Os distúrbios metabólicos quase sempre geram uma diminuição de água no organismo, além de reduzir a peristalse. Carla Bertelli – 4° Período Medicamentos – Um grande número de drogas, por diversos mecanismos, pode induzir a constipação intestinal. ú á – Pacientes que sofrem de ansiedade, depressão e outros distúrbios psiquiátricos mais sérios geralmente apresentam constipação. Constipação Intestinal Idiopática Não Funcional – Nessa situação não há nenhuma alteração na rotina diária do paciente que possa justificar o sintoma. Geralmente o problema é crônico, muitas vezes se iniciando na infância, e respondem mal ao tratamento convencional. É dividido em 3 grupos: Constipação intestinal com trânsito normal, com trânsito lento e obstrução anorretal. â – Trânsito colônico e frequência das evacuações são normais, porém os pacientes sentem dificuldade ao evacuar ou as fezes são endurecidas. â – Tempo prolongado no trânsito das fezes através do cólon, podendo ser devida a uma disfunção da musculatura colônica ou na inervação intrínseca. Isso diminui a peristalse, aumentando a permanência do bolo fecal no cólon. çã – Existe uma falência do mecanismo de coordenação da evacuação. Ocorre uma contração da musculatura da pelve, ao invés do relaxamento, durante a evacuação, resultando em acúmulo de bolo fecal na região retossigmoidiana. ó – Deve ser realizada em 3 planos: orgânico, funcional e psicológico. â Inclui saber no quadro clínico a história a respeito do inicio dos sintomas. Indagar sempre sobre os hábitos alimentares e a realização de atividade física e ingestão de água. Pacientes constipados apresentam sintomas como: sensação de evacuação incompleta, necessidade de esforço, fezes endurecidas, necessidade de manobras manuais, diminuição da frequência das evacuações, desconforto abdominal ou retal, flatulência, estufamento e dor abdominal. Em casos de constipação intestinal crônica o paciente pode apresentar cefaleia, irritabilidade, distensão abdominal, anorexia, desânimo. No exame físico deve ser realizado no sentido de excluir doença orgânica. O exame do abdome releva distensão, hérnias, massas palpáveis ou sinais de fecaloma. A ausência de sensações cutâneas ao redor do ânus pode indicar lesão neurológica. Importante realizar a inspeção perianal. O toque retal fornece informações sobre o tônus dos esfíncteres, calibre do canal anal, presença de lesões, abcessos, tumores e fístulas. • í ó – Avaliação da glicemia em jejum e testes de avaliação da tireoide. Exame de sedimento urinário e urocultura também são importantes devido a frequente associação entre constipação intestinal e infecção urinária • – Observa a mucosa retal, utilizada com intuito de afastar doenças orgânicas • – Casos suspeitos de malignidade • ó como Enema Opaco (afastar possibilidade de carcinoma, avalia tamanho do intestino, presença de divertículos, megacólon, estenoses). Defecografia, que permite avaliar a anatomia e a dinâmica da evacuação, podendo diagnosticar prolapso retal, enterocele, retocele. • çã â ô – permite entender o movimento do bolo fecal através do cólon. Utiliza-se a técnica de administração por via oral de um marcador radiopaco realizando Carla Bertelli – 4° Período radiografias seriadas. Considera-se patológica a retenção de 20% do contraste ao final do 5° dia. • – Mede a pressão da região anorretal. • ó – Registra a atividade elétrica do cólon • í • çã â çã – pode ser feito através da defecografia. Permite avaliar o comprimento e a pressão da abertura do canal anal e estudar o ângulo anorretal. ó : É necessário levar em conta os elementos imaginários do paciente. É essencial obter uma história de vida do paciente, no sentido de detectar algum trauma ou conflito não resolvido. O livro do Harrison traz como exames para investigação da constipação grave a Avaliação do Trânsito Colônico (com marcadores radiopacos, método válido e simples onde é feito uma radiografia simples do abdome 5 dias depois da ingestão do marcador, devendo indicar 80% da eliminação do marcador) e Exames Anorretais e do Assoalho Pélvico (manometria anorretal, defecografia e teste neurológico) WALD, Arnold. (2022). Etiology and evaluation of chronic constipation in adults - UpToDate. https://www.uptodate.com/contents/etiology-and-evaluation- of-chronic-constipation-in- adults?search=constipa%C3%A7%C3%A3o%20intestinal&s ource=search_result&selectedTitle=6~150&usage_type=def ault&display_rank=6 DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo F. Gastroenterologia Essencial, 4ª edição. Grupo GEN, 2011. 978-85-277-1970-4. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85- 277-1970- Hemorroidas são vasos dilatados do plexo hemorroidário no canal anal. Os sintomas consistem em irritação e sangramento. A trombose hemorroidária geralmente é dolorosa. O diagnóstico é feito por inspeção ou anuscopia. O tratamento é sintomático ou com banda elástica, escleroterapia por injeção, fotocoagulação infravermelha ou, às vezes, cirurgia. • A pressão aumentada nas veias da área anorretal leva a hemorroidas. • As hemorroidas podem ser externas ou internas. • As hemorroidas externas estão localizadas abaixo da linha dentada e são recobertas por epitélio escamoso. • Normalmente ocorrem nas zonas anterior direita, posterior direita e lateral esquerda. As veias do plexo venoso retal varicosas no canal anal se chamam hemorroidas; muitas vezes elas resultam do esforço no parto ou na defecação. Como elas estão esticadas e inflamadas, as veias intumescidas latejam e incham na luz do canal anal. As hemorroidasinternas ocorrem acima da linha pectinada e as hemorroidas externas ocorrem abaixo dela. As hemorroidas externas coçam e doem mais, mas apenas as hemorroidas internas tendem a sangrar. Cerca de 75% dos americanos desenvolvem hemorroidas em algum momento de suas vidas. Várias hemorroidas costumam ser tratadas amarrando-as em sua base com pequenas tiras de borracha — depois desse procedimento, elas murcham e caem. Elas também podem ser injetadas com um agente endurecedor ou expostas à eletricidade ou luz infravermelha forte para coagular o sangue no seu interior. Os tratamentos que parecem desagradáveis são simples e eficazes, tendo eliminado em grande parte as difíceis remoções cirúrgicas que antes eram realizadas. As características da doença hemorroidária incluem sangramento, prurido anal, prolapso e dor devido à trombose. As hemorroidas são estruturas vasculares normais no canal anal, originadas de um canal de tecido conjuntivo arteriovenoso que drena para as veias hemorroidais superior e inferior. https://www.uptodate.com/contents/etiology-and-evaluation-of-chronic-constipation-in-adults?search=constipa%C3%A7%C3%A3o%20intestinal&source=search_result&selectedTitle=6~150&usage_type=default&display_rank=6 https://www.uptodate.com/contents/etiology-and-evaluation-of-chronic-constipation-in-adults?search=constipa%C3%A7%C3%A3o%20intestinal&source=search_result&selectedTitle=6~150&usage_type=default&display_rank=6 https://www.uptodate.com/contents/etiology-and-evaluation-of-chronic-constipation-in-adults?search=constipa%C3%A7%C3%A3o%20intestinal&source=search_result&selectedTitle=6~150&usage_type=default&display_rank=6 https://www.uptodate.com/contents/etiology-and-evaluation-of-chronic-constipation-in-adults?search=constipa%C3%A7%C3%A3o%20intestinal&source=search_result&selectedTitle=6~150&usage_type=default&display_rank=6 https://www.uptodate.com/contents/etiology-and-evaluation-of-chronic-constipation-in-adults?search=constipa%C3%A7%C3%A3o%20intestinal&source=search_result&selectedTitle=6~150&usage_type=default&display_rank=6 https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-1970- https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-277-1970- Carla Bertelli – 4° Período Existe uma classificação em: Hemorroidas Externa e Hemorroidas Internas As hemorroidas internas são classificadas de acordo com o prolapso do canal anal: • – Visualizadas na anoscopia e podem inchar no lúmen, porém não ocorre prolapso para baixo da linha denteada. • – Prolapsam para fora do canal anal com defecação ou esforço, mas reduzem espontaneamente • – Prolapsam para fora do canal anal com defecação ou esforço e requerem redução manual • – São irredutíveis e podem estrangular As hemorroidas costumam ser assintomáticas ou podem ser ligeiramente protrusas. As hemorroidas não costumam causar prurido anal, a menos que estejam significativamente prolapsadas. Pode ocorrer trombose nas hemorroidas externas, causando edema, congestão e dor. Raramente, elas ulceram e produzem sangramento leve. A higiene da região perianal pode se tornar difícil. As hemorroidas internas tipicamente se manifestam com sangramento após a evacuação; o sangue pode ser notado no papel higiênico e algumas vezes no vaso sanitário. As hemorroidas internas podem ser desconfortáveis, mas não são tão dolorosas quanto a trombose hemorroidária externa. As hemorroidas externas às vezes provocam produção e perda de muco e sensação de eva- cuação incompleta. As hemorroidas estranguladas ocorrem quando a protrusão e a constrição diminuem o suprimento sanguíneo. Podem causar dor, ocasionalmente seguida por necrose e ulceração. - A verdadeira prevalência de hemorroidas é incerta, pois o desconforto anorretal é frequentemente atribuído a hemorroidas sintomáticas. Em uma grande pesquisa transversal realizada nos Estados Unidos, a prevalência autorrelatada de hemorroidas sintomáticas foi de 4,4%. A prevalência foi igual em ambos os sexos, com pico entre as idades de 45 e 65 anos e declinando a partir de então. O desenvolvimento de sintomas antes dos 20 anos foi incomum. – As veias hemorroidárias são estruturas anatômicas localizadas na camada submucosa no reto inferior e podem ser externas ou internas dependendo de estarem abaixo ou acima da linha denteada. Ambos os tipos de hemorroidas coexistem frequentemente. As hemorroidas surgem de um plexo ou almofada de canais arteriovenosos dilatados e tecido conjuntivo. As hemorroidas internas surgem do coxim hemorroidário superior. Suas 3 localizações primárias (lateral esquerda, anterior direita e posterior direita) correspondem aos remos terminais das veias e é inervado visceralmente, portanto essas hemorroidas não são sensíveis à dor, toque ou temperatura. As hemorroidas externas surgem do plexo hemorroidário inferior. Eles são cobertos por epitélio escamoso modificado (anoderma), que contém numerosos receptores somáticos de dor, tornando-as extremamente dolorosas na trombose. As hemorroidas internas e externas se comunicam e drenam para as veias pudendas internas, e finalmente para VCI. O desenvolvimento de hemorroidas sintomáticas tem sido associado ao avanço da idade, diarreia, gravidez, tumores pélvicos, sentar por muito tempo, esforço, constipação crônica e pacientes em uso de anticoagulação e terapia antiplaquetária, embora não esteja claro se a associação é causal A patogênese das hemorroidas internas sintomáticas não é bem compreendida, mas pode ser devido aos seguintes fatores: • Deterioração do tecido conjuntivo que ancora hemorroidas • Hipertrofia ou aumento do tônus do esfíncter anal interno • Distensão anormal das anastomoses arteriovenosas dentro dos coxins hemorroidários • Dilatação anormal das veias do plexo venoso hemorroidário interno. çõ í – Aproximadamente 40% das pessoas acometidas são assintomáticas. O sangramento hemorroidário é quase sempre indolor e está associado a uma evacuação, embora possa ser espontâneo. O sangue é tipicamente vermelho brilhante e cobre as fezes no final da defecação ou pode pingar no vaso sanitário. Ocasionalmente, o sangramento pode ser abundante e pode ser exacerbado por esforço. Em casos raros, a perda crônica de sangue pode causar anemia por deficiência de ferro com sintomas associados de fraqueza, dor de cabeça, irritabilidade e graus variados de fadiga e intolerância ao exercício Carla Bertelli – 4° Período Os pacientes podem queixar-se de incontinência fecal leve, secreção de muco, umidade ou sensação de plenitude na área perianal devido a uma hemorroida interna prolapsada. Irritação ou coceira da pele perianal é um sintoma comum da doença hemorroidária. Os pacientes podem apresentar início agudo de dor perianal e um "caroço" perianal palpável de trombose. A trombose é mais comum com hemorroidas externas em comparação com hemorroidas internas. As tromboses das hemorroidas externas podem estar associadas à dor excruciante, pois a pele perianal sobrejacente é altamente inervada e torna-se distendida e inflamada As hemorroidas internas trombosadas também podem causar dor, mas em menor grau do que as hemorroidas externas. Uma exceção é quando as hemorroidas internas se tornam prolapsadas, estranguladas e desenvolvem alterações gangrenosas devido à falta de suprimento sanguíneo associada. ó - Deve-se suspeitar de hemorroidas sintomáticas em pacientes com sangue vermelho vivo no reto, prurido anal e/ou início agudo de dor perianal. O diagnóstico é estabelecido pela exclusão de outras causas de sintomas semelhantes e pela visualização de hemorroidas. ó í — O sangramento hemorroidário é caracterizado pela passagem indolor de sangue vermelho vivo pelo reto com a evacuação. A defecação dolorosa não está associada a hemorroidas, a menos que seja trombosada, e é sugestiva de fissura anorretal,proctite, fístula perirretal, abscesso, síndrome da úlcera retal solitária, câncer retal ou pólipo anal. O início agudo de dor perianal com edema perianal sugere a presença de uma hemorroida trombosada. í — Começamos inspecionando cuidadosamente a borda anal e a área perianal para hemorroidas externas, hemorroidas internas prolapsadas, fissuras, fístulas, abcessos, neoplasias e condilomas. O toque retal deve ser realizado em decúbito ventral ou lateral esquerdo em repouso e com esforço. O toque retal deve incluir palpação de massas, flutuação, sensibilidade e caracterização do tônus do esfíncter anal. As hemorroidas internas geralmente não são palpáveis no exame digital na ausência de trombose. Uma hemorroida trombosada é extremamente sensível à palpação e um trombo pode ser palpável dentro da hemorroida. A presença de espessamento ou cicatriz na linha média posterior ou rugosidade do anoderma liso é sugestivo de uma fissura anal parcialmente cicatrizada. – Realizada para avaliar o canal anal e o reto distal. Os feixes hemorroidários internos aparecem como veias azul-arroxeadas salientes. As hemorroidas internas prolapsadas aparecem como massas rosa-escuras, brilhantes e às vezes dolorosas na margem anal. çã - O exame laboratorial contribui pouco e não é recomendado rotineiramente, mas se for realizado e for identificada anemia ou deficiência de ferro, a avaliação endoscópica deve ser realizada. çã ó - Em pacientes com menos de 40 anos com mínimo de sangue vermelho vivo por reto e sem anemia, deficiência de ferro, dor abdominal, diarreia, sintomas sistêmicos, fatores de risco para câncer colorretal ou doença inflamatória intestinal ou outras indicações para encaminhamento para avaliação endoscópica, não realizamos nenhuma avaliação endoscópica adicional se forem encontradas hemorroidas no exame físico ou na anoscopia. No entanto, em pacientes com mais de 40 anos, realizamos uma colonoscopia • Anuscopia • Algumas vezes, sigmoidoscopia ou colonoscopia As hemorroidas mais dolorosas, trombosadas, ulceradas ou não, são observadas à inspeção do ânus e reto. A anuscopia é essencial na avaliação das hemorroidas sangrantes ou não. O sangramento retal só deve ser atribuído a hemorroidas depois da exclusão de condições mais graves (por sigmoidoscopia ou colonoscopia). Hemorrhoids: Clinical manifestations and diagnosis - UpToDate. (n.d.). Retrieved August 25, 2022, from https://www.uptodate.com/contents/hemorrhoids-clinical- manifestations-and-diagnosis?source=bookmark
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