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Avaliação clínica

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AVALIAÇÃO 
NUTRICIONAL
Bianca Duarte Beck
Avaliação clínica: 
anamnese nutricional 
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Identificar os pressupostos da anamnese clínico nutricional.
 � Avaliar os componentes da anamnese clínico nutricional.
 � Reconhecer a forma de condução da anamnese clínico nutricional.
Introdução
Na avaliação clínica de indivíduos, diversos aspectos devem ser conside-
rados a fim de se definir terapias e diagnósticos adequados. A entrevista 
clínica cria oportunidades para se obter uma boa anamnese, favorecendo 
o reconhecimento do outro, suas necessidades, medos e ansiedades. 
Assim, esta ferramenta representa a base para o exercício do profissional 
no contexto da avaliação nutricional.
Neste capítulo, você irá conhecer os objetivos que justificam a apli-
cação de uma anamnese clínico nutricional, avaliar os componentes 
que estão envolvidos e reconhecer como ela deve ser conduzida na 
prática clínica.
A importância da anamnese
Ao iniciar a abordagem dos pressupostos envolvidos na utilização da anamnese 
clínico nutricional, deve ser esclarecido que o conceito de anamnese clínica é 
utilizado em diversas áreas da saúde. A palavra anamnese é de origem grega, 
seu prefixo ana possui o significado de trazer de novo e o sufixo mnesis quer 
dizer memória, dando a palavra o significado literal de trazer de novo da 
memória. Este conceito é muito significativo, pois a anamnese realizada pelos 
profissionais de saúde, nada mais é do que uma entrevista do profissional de 
saúde com seu paciente, tendo o objetivo de buscar informações que auxiliem 
no diagnóstico ou esclarecimento da situação clínica encontrada. De uma 
forma resumida, é uma entrevista em que o profissional de saúde irá auxiliar 
o paciente a relembrar aspectos relacionados à sua condição clínica.
Por se tratar de uma conduta profissional, a anamnese possui metodologia 
específica, utilizando técnicas que devem ser seguidas com o objetivo de apro-
veitar, ao máximo, o tempo disponível para o atendimento, oportunizando um 
diagnóstico seguro e um tratamento adequado. Na prática clínica, acredita-se 
que uma anamnese bem aplicada seja responsável por 85% do diagnóstico, 
sendo os outros 15% distribuídos em exame clínico (10%) e exames laboratoriais 
(5%). Logo, este dado se torna extremamente importante, porque potencializa 
o conhecimento do profissional em apurar as informações clínicas disponíveis 
para o fechamento de diagnósticos. 
Sendo assim, conceitua-se a anamnese como o processo de registro dos 
fatos relacionados ao princípio e à evolução de uma doença. Resultado de uma 
conversação com um objetivo explícito, conduzido pelo profissional da saúde e 
em que o conteúdo foi elaborado criticamente por ele próprio (SCLIAR, 2000). 
A prática da anamnese é reconhecidamente importante dentro do cenário 
clínico. Para William Osler, médico canadense (1849 ‒ 1919), tão importante 
quanto conhecer a doença que o homem tem, é conhecer o homem que tem a 
doença, o que reforça a relevância da entrevista entre o profissional de saúde 
e o paciente. 
É relevante salientar que a entrevista não é simplesmente para obter uma 
história, muito menos é um exame cruzado do paciente que tenta atender às 
exigências de uma revisão de sistemas. É, basicamente, uma aliança de trabalho 
entre o paciente e o profissional de saúde, com o objetivo de trocar ordenada-
mente quaisquer e todas as informações clinicamente relevantes entre eles. 
O paciente está buscando ajuda, e o profissional possui conhecimento e 
habilidades para ser útil. A perspectiva mais válida para dimensionar a entre-
vista clínica, é como um importante meio de engajar o paciente no controle 
ativo do seu próprio tratamento (BEHRMAN; KLIEGMAN; JENSON, 1997).
Processo de avaliação nutricional
A avalição nutricional é parte integrante do processo de atendimento ou as-
sistência nutricional aos pacientes ou grupos populacionais. Todo o processo 
de cuidado nutricional é iniciado pela avaliação do nutricionista, desta forma, 
a partir da avaliação nutricional, é dado todo o direcionamento. Em relação 
à nutrição, a alimentação e o consumo alimentar determinam a sequência de 
eventos que culmina nas respostas à saúde. 
Avaliação clínica: anamnese nutricional2
No processo de atendimento e assistência nutricional há três etapas 
principais:
 � etapa de avaliação: trata-se da definição de quem é o indivíduo, grupo 
ou população, qual a razão para o estudo ou atendimento, quais são os 
problemas nutricionais possíveis de serem identificados, além das va-
riáveis identificáveis que podem permear esses problemas nutricionais;
 � etapa de diagnóstico: após a etapa de avaliação e por intermédio das 
informações obtidas, então, é traçado o perfil nutricional do indivíduo, 
com a definição de seu diagnóstico nutricional;
 � etapa de intervenção: pela definição de diagnóstico, é possível indicar 
condutas relacionadas à elaboração de planos alimentares, planos edu-
cativos ou prescrições de suplementos e/ou complementos nutricionais.
Anamnese clínica nutricional
Na prática clínica, os sinais, sintomas das enfermidades e condições clíni-
cas diversas são os indicadores que, muitas vezes, auxiliam no diagnóstico 
clínico final. É na aplicação da anamnese clínica nutricional que alguns dos 
principais parâmetros avaliados irão poder contribuir com a determinação 
do diagnóstico nutricional.
Sabe-se que as características clínicas associadas aos sinais e sintomas 
apresentados pelo paciente, deverão ser avaliadas de acordo com a percepção 
do profissional de nutrição. Neste sentido, a experiência profissional está 
diretamente ligada à habilidade de execução de uma boa avaliação, pois os 
profissionais bem treinados podem obter valorosos conhecimentos para o 
diagnóstico com base na avaliação dos sinais subjetivos do paciente (VITOLO, 
2008).
Existem diferentes protocolos validados e estruturados que podem ser 
utilizados como complementos da investigação dos sinais clínicos. Estes pro-
tocolos nada mais são do que metodologias que têm como objetivo específico 
a determinação de um grupo ou situação de risco.
Assim, a anamnese clínica nutricional tem o objetivo de detectar a queixa 
principal do indivíduo, sua história clínica pregressa, seus hábitos alimentares 
e consumo alimentar habitual. A anamnese ou história clínica é de grande 
relevância para se reconhecer e entender as três dimensões do diagnóstico: o 
paciente, a moléstia e as circunstâncias associadas. Além disso, ela é indispen-
sável para o alcance de uma relação satisfatória entre paciente e profissional. 
A importância deste tipo de relacionamento é evidente, já que dele dependerá 
3Avaliação clínica: anamnese nutricional
o grau de confiança que o paciente depositará no profissional, a qualidade das 
informações que serão transmitidas ou, ainda, a colaboração que o paciente 
oferecerá na adesão à conduta terapêutica. Na nutrição, o sucesso da conduta 
depende de mudanças nos hábitos alimentares, estes que, em sua maioria, 
representam um desafio, sendo imprescindível uma relação harmônica do 
binômio paciente‒nutricionista.
Na avaliação nutricional, a anamnese é direcionada para a identificação da 
situação nutricional e, também, os fatores associados a ela. O paciente deve, 
então, ser interrogado sobre fatores que interferem direta ou indiretamente 
no estado nutricional: perda ou ganho ponderal recente; sinais de doenças 
gastrointestinais, como náuseas, vômitos, diarreia; uso de medicamentos que 
interferem na absorção e na utilização dos nutrientes; presença de fatores 
limitantes na ingestão adequada, como anorexia, lesões bucais, dificuldades 
de mastigação; presença de doenças crônicas ou intervenções cirúrgicas; 
etilismo; tabagismo; além de fatores psíquicos que possam interferir na in-
gestão alimentar.
Apesar de importante, a história clínica nutricional não deve ser usada 
isoladamente, uma vez que a capacidadedeste método depende de variáveis, 
como a condição clínica e o tipo de informante (em geral, o paciente ou 
acompanhante) e de entrevistador (no caso, o nutricionista) — situações estas 
que, quando não se apresentam de maneira positiva, podem comprometer a 
eficácia da anamnese. Na maioria das vezes, as dificuldades existentes estão 
na deficiência de comunicação entre o paciente e o profissional de saúde. 
Sendo assim, este último deve estar preparado e saber como irá atuar nas 
diversas situações, tais como:
 � deficiência na fonação ou audição;
 � diferenças de linguagem;
 � depressão do estado de consciência;
 � distúrbios mentais;
 � em crianças, falta de objetividade, incoerência;
 � deficiência de memória e observação;
 � concepções errôneas sobre a moléstia;
 � falta de confiança na nutrição;
 � inibição e/ou distração causadas pela presença de outras pessoas.
Avaliação clínica: anamnese nutricional4
Anamnese 
O conhecimento sobre o indivíduo ou grupo que receberá o atendimento 
nutricional é fundamental dentro da prática clínica do nutricionista. Este 
conhecimento deve ser fundamentado na identificação da alimentação e do 
maior número de fatores que estão associados a ela. Pode-se enumerar alguns 
aspectos relevantes que precisam constar na anamnese:
 � dados demográficos: sexo, idade, dados de moradia e contatos;
 � informações sobre saúde: doenças existentes ou preexistentes, doenças 
familiares, uso de medicamentos e/ou suplementos, hábitos de vida 
(tabagismo, álcool, exercícios físicos, entre outros);
 � informações sobre o comportamento alimentar: conhecimento sobre 
nutrição e alimentação, aspectos cognitivos sobre o comportamento ali-
mentar, relações afetivas e situacionais com os alimentos (preferências, 
aversões, restrições, condições financeiras e físicas para aquisição/ pre-
paro dos alimentos, aspectos demográficos e geográficos relacionados 
à facilidade ou dificuldade no consumo do alimento;
 � uso de medicamentos ou suplementos nutricionais: esta informação é 
muito importante para o planejamento de estratégias que minimizem 
as interações entre medicamento e nutriente.
Componentes da anamnese
Elementos da anamnese
Dentro do campo da saúde, historicamente, a anamnese foi desenvolvida com 
a intenção de direcionar o olhar do médico para a doença, sem considerar a 
pessoa doente. Uma vez que a anamnese é uma entrevista, são necessárias 
a comunicação não verbal, a verbal e a escrita. É papel do profissional de 
saúde avaliar o que o paciente vai formulando no seu discurso para focar nas 
informações desejadas. A valorização do contato com o paciente qualifica uma 
boa anamnese, embora a disponibilidade tecnológica tenha levado muitos a 
considerá-la secundária. É reforçado que nada substitui o contato direto com o 
paciente, o que, principalmente, proporciona uma boa anamnese. Para realizar 
esta prática, entretanto, é preciso dedicação e tempo adequado (VOTRE et 
al., 2009). No contexto geral de avaliação do paciente, alguns aspectos devem 
ser investigados e evoluídos em prontuário, sendo eles:
5Avaliação clínica: anamnese nutricional
 � identificação: é o início do relacionamento com o paciente. Adquire-se 
o nome, idade, sexo, cor (raça), estado civil, profissão atual, profissão 
anterior, local de trabalho, naturalidade, nacionalidade, residência atual 
e residência anterior; 
 � queixa principal (QP): em poucas palavras, o profissional registra a 
queixa principal, o motivo que levou o paciente a procurar ajuda do 
profissional; 
 � história da doença atual (HDA): é registrado tudo o que se relaciona 
à doença atual, sintomatologia, época de início, história da evolução 
da doença, entre outros. Em caso de dor, deve-se caracterizá-la por 
completo;
 � história médica pregressa (HMP): adquire-se informações sobre toda 
a história médica do paciente, mesmo das condições que não estejam 
relacionadas à doença atual;
 � histórico familiar (HF): é perguntado ao paciente sobre sua família 
e suas condições de trabalho e vida. Procura-se alguma relação de 
hereditariedade das doenças; 
 � história pessoal e social: busca-se a informação sobre a ocupação do 
paciente, onde trabalha, reside, se é tabagista, alcoolista ou faz uso de 
outras drogas. Se viajou recentemente, se possui animais de estimação 
(para determinar a exposição a agentes patogênicos ambientais), suas 
atividades recreativas, se faz uso de algum tipo de medicamento (in-
clusive, os da medicina alternativa), pois estas informações são muito 
valiosas para o médico levantar hipóteses de diagnóstico.
Componentes da anamnese nutricional
A anamnese clínica na avaliação nutricional é direcionada para a investigação 
e determinação de uma alimentação insuficiente ou inadequada. Algumas 
questões podem ser respondidas pelo paciente ou acompanhante, e outras 
podem ser colhidas diretamente do prontuário, sem a necessidade de sobre-
carregar o paciente com perguntas já respondidas a outros profissionais. Sob 
o aspecto nutricional, os pontos mais relevantes a serem considerados durante 
a anamnese clínica são (ACUÑA; CRUZ, 2004):
 � história de perda ou ganho de peso recente: é uma das variáveis mais 
avaliadas. Qualquer perda de peso, não intencional, maior que 10% 
é considerada significativa. Investiga-se, também, como ocorreu a 
perda ou ganho, se de forma contínua ou com recuperações, associada 
Avaliação clínica: anamnese nutricional6
a sintomas gastrointestinais ou ao uso de medicamentos, bem como a 
situação mais recente do processo (as duas últimas semanas anteriores 
à internação);
 � presença de sintomas gastrointestinais: anorexia (ausência de apetite), 
hiporexia (redução do apetite), hiperexia (aumento do apetite), disgeusia 
(alterações do paladar), disfagia (dificuldade de deglutir), odinofagia (dor 
ao deglutir), pirose, dor retroesternal associada à pirose, dispepsia (má 
digestão), náusea, vômitos, diarreia, constipação, flatulência (excesso 
de gases no trato gastrointestinal), eructação (eliminação de gases pelo 
trato gastrointestinal alto) e meteorismo (eliminação de gases pelo 
trato gastrointestinal baixo). Além desses aspectos, convém avaliar a 
situação da cavidade oral e suas estruturas, uma vez que fazem parte 
do aparelho digestivo os dentes, a língua, os palatos e a mucosa oral;
 � alterações do padrão alimentar: investiga-se a duração da mudança e 
o tipo de mudança alimentar (quantidade, qualidade dos alimentos ou 
em ambas). Por exemplo, o paciente pode relatar que, nos últimos dias 
antes da internação, não fazia mais refeições sólidas, tolerando melhor, 
apenas, refeições pastosas e apresentando aversão à carne bovina;
 � uso de medicamentos que podem afetar o estado nutricional: medica-
mentos que interfiram na absorção e utilização dos nutrientes, como 
furosemida, hidroclorotiazida, digitálicos (reduzem o apetite), ácido 
acetilsalicílico, anfetaminas (alteram ou diminuem o paladar), anti-
-histamínicos, corticosteroides, psicotrópicos (aumentam o apetite), 
anticoncepcionais orais, suplementos de ferro e vitamina C (alteram 
a absorção de outros nutrientes);
 � antecedentes médicos pessoais e familiares: presença de doenças crôni-
cas, internações e/ou cirurgias prévias, motivo e investigação do caráter 
hereditário e genético da(s) patologia(s). Com relação aos antecedentes 
familiares, sugere-se indagar apenas as condições de saúde de parentes 
de primeiro grau (pais, irmãos e avós);
 � aspectos da história social, econômica e cultural: alguns dados sobre 
estes questionamentos podem interferir na adesão ao tratamento, como 
ocupação, escolaridade, estado civil, religião, condições de moradia, 
renda familiar e/ou individual, presença de etilismo, tabagismo e/ou 
uso de substâncias ilícitas.
É importante ressaltar que durante a anamnese, o roteiro de perguntas não 
deve seguir uma rotina sequencial rígida, podendo o nutricionista concluir a 
entrevista em outros momentos ao longo do acompanhamento, pois, algumas 
7Avaliação clínica:anamnese nutricional
vezes, não é possível colher todas as informações necessárias no primeiro 
atendimento, por vários motivos, como: recusa do paciente por cansaço, sono-
lência, procedimentos de urgência a serem executados imediatamente, horário 
para realização de exames etc.
O artigo traz informações sobre a abordagem nutricional por meio do coaching nutricio-
nal. Esta nova dinâmica de atendimento está em crescimento, se mostrando eficaz na 
prática de condutas e do vínculo estabelecido com o paciente. Confira no link a seguir:
https://goo.gl/5Pqf6z
Condução da anamnese 
Anamnese: encontro terapêutico
De uma forma geral, a prática da anamnese se inicia no primeiro contato do 
indivíduo com o nutricionista. É aconselhado que já no princípio da abordagem 
sejam realizadas perguntas abertas e colaborativas, como por exemplo: “Como 
posso ajudá-lo?” ou, então, “O que te trouxe aqui?”. Também, é sugerido que o 
procedimento não seja finalizado no primeiro encontro, uma vez que a escuta 
aberta e empática possibilita trocas constantes entre nutricionista e paciente. 
Este processo de escuta é considerado uma tecnologia potente, porque, a partir 
dela, é criada uma relação colaborativa e de vínculo terapêutico. Sendo assim, 
não é recomendada a prática de anamnese com perguntas fechadas, é preciso 
estimular o paciente a contar sua história, apresentando as suas questões 
únicas e particulares.
Logo, a escuta terapêutica pode ser definida com um método de responder 
aos outros de forma a incentivar uma melhor comunicação e compreensão das 
preocupações pessoais. É um método ativo e dinâmico, que exige esforço da 
parte ouvinte para identificar os aspectos verbais e não verbais da comunicação.
Também, fica evidenciado que o ambiente onde se realiza o procedimento 
deve ser o mais confortável, privado e discreto possível, mesmo que a anam-
nese seja realizada em uma enfermaria. É necessário assegurar ao indivíduo 
condições éticas de sigilo. Vale ressaltar que, muitas vezes, o paciente pode 
Avaliação clínica: anamnese nutricional8
ter medo e preconceitos com relação ao nutricionista, em função da represen-
tação de um profissional autoritário que limitará as escolhas alimentares e 
apresentará recomendações que funcionam apenas no mundo ideal e, não no 
real. Quebrar esse paradigma não significa apenas romper com uma imagem, 
mas também, com uma prática. Trata-se de uma postura existencial de abertura 
para o outro e para o novo.
Abaixo, você irá conhecer algumas atitudes que podem facilitar a prática 
da anamnese em um encontro terapêutico:
 � usar o nome do paciente entrevistado;
 � mostrar animação, profissionalismo e calor humano;
 � ter cuidado com gestos, palavras, contato visual e tom de voz;
 � não expressar julgamentos;
 � não apresentar atitudes de preconceito e discriminação;
 � compreender reações, inclusive, de choro e/ou silêncio com acolhimento;
 � evitar perguntas fechadas;
 � fazer apenas uma pergunta por vez;
 � apresentar primeiro as questões menos profundas;
 � dar tempo para que o indivíduo discorra satisfatoriamente sobre o 
assunto;
 � fazer perguntas apenas, quando crer que o indivíduo está pronto para 
dar a informação desejada;
 � perguntar com cuidado ou obter a informação em outro momento;
 � não induzir respostas;
 � não tornar a entrevista monótona e mecânica;
 � registrar as informações, mas não ficar totalmente direcionado para o 
computador ou papel;
 � respeitar e compreender diferenças individuais e culturais;
 � ter uma postura de suporte em vez de uma postura de confronto.
Anamnese: instrumento de investigação
Além do encontro terapêutico, a anamnese, também, visa a investigar aspectos 
objetivos e subjetivos que irão fundamentar o cuidado nutricional. A primeira 
questão que deve ser analisada é a definição do foco da anamnese, elegendo o 
indivíduo, a doença ou os incômodos, caso eles ocorram. Além disso, é preciso 
estar atento ao cenário que envolve o caso clínico do paciente, por exemplo, 
pacientes críticos deverão receber uma anamnese que comporte os aspectos 
associados ao seu contexto clínico. 
9Avaliação clínica: anamnese nutricional
Em situações não extremas, é indicado que o foco seja no indivíduo, sendo 
o primeiro passo, a busca pela compreensão sobre o indivíduo que se pretende 
atender, para depois, elucidar os motivos do atendimento e, finalmente, investi-
gar todas as características de alimentação, nutrição, saúde e condições de vida.
A obtenção de informações importantes deve ser realizada pelo uso de uma 
linguagem clara, cuidadosa e sem uso de termos técnicos. É preciso considerar 
a idade do indivíduo, a fim de utilizar a linguagem mais acessível. Em relação 
à forma de condução de uma anamnese clínico nutricional, existem alguns 
aspectos relevantes que são observados:
 � forma de registro;
 � ambiente; 
 � postura do entrevistador;
 � condução do relato;
 � idade do entrevistado;
 � tempo de anamnese.
Forma de registro
Cabe ao nutricionista avaliar a forma mais adequada para registrar a anamnese 
aplicada ao paciente. Existem algumas diferenças referentes à metodologia 
utilizada. Atualmente, com o avanço tecnológico, a informação pode ser 
registrada de forma sistemática durante o seguimento da avaliação nutricional. 
Algumas observações importantes precisam ser ressaltadas, principalmente, 
no que diz respeito à singularidade do paciente avaliado. Por exemplo, a idade, 
já que pacientes idosos poderão exigir uma forma de registro mais detalhada. 
Em relação ao formulário especificamente, o nutricionista poderá utilizar 
formulários com questões predefinidas ou seguir uma linha livre, mas sempre 
utilizando um roteiro que facilite o registro de todas as informações relevantes 
à investigação. As anotações dos dados obtidos durante a anamnese devem 
ser feitas de maneira a não desviar a atenção do paciente. Esta observação é 
relevante, especialmente, quando o nutricionista utiliza o computador para 
realizar o registro. É importante que o nutricionista tenha cuidado para não 
digitar os dados enquanto o paciente estiver falando, justamente para preservar 
o vínculo com entre os dois. 
Outra questão relevante acontece pela utilização do uso de gravadores, que 
devem ser desestimulados. Sabe-se que gravar a conversa inibe o paciente, 
fazendo com que algumas informações importantes se percam durante a 
anamnese. De forma geral, o procedimento deve estabelecer o contato visual 
Avaliação clínica: anamnese nutricional10
entre o entrevistador e o entrevistado, garantindo que o paciente se sinta 
prestigiado com a atenção do profissional.
Ambiente
Em relação ao ambiente, sabe-se que ele deve ser o mais particular e confor-
tável possível. A privacidade do paciente propicia uma maior aquisição de 
informações, além disso, é preciso garantir que as perguntas não sejam feitas 
diante de pessoas que possam intimidar o entrevistador. Ainda, no cenário 
ideal, o conforto deve ser garantido por meio de uma temperatura, iluminação, 
silêncio, comodidade e fluxo de pessoas adequados. Outra questão relevante 
é o distanciamento entre entrevistado e entrevistador, devendo manter uma 
distância de 1 a 1,5 m, proporcionando, assim, uma conversa tranquila.
Postura do entrevistador
O entrevistador tem papel fundamental na anamnese clínico nutricional, por 
isso, ele deve manter uma postura que inicia desde o primeiro momento de 
contato com o paciente. O nutricionista deve chamar o paciente pelo nome, 
se apresentando e esclarecendo sobre sua função. A postura do entrevista-
dor, também, é considerada uma forma de comunicação, pois são mandadas 
mensagens para o paciente durante a entrevista. Logo, o profissional deve 
transparecer calma e tranquilidade, já que sinais de pressa ou reprovação 
podem comprometer a comunicação e a obtenção dos dados. Atitudes de 
cordialidade, como sorrisos e gestos gentis ajudam a estabelecer o vínculo 
entre o paciente e o profissional. Posições que indiquem desigualdade devem 
ser evitadas,além disso nenhuma informação relatada pelo entrevistado deve 
sofrer críticas, nem opiniões pessoais devem ser emitidas.
Condução do relato
O nutricionista precisa convidar o paciente para contar a sua história. Ques-
tionamentos que iniciem com “O que o trouxe aqui?” ou “Como posso ajudá-
-lo?” são maneiras positivas de iniciar o diálogo. O profissional deve ouvir 
atentamente o relato, confirmando o entendimento das informações referidas. 
Expressões como “Entendo”, “Continue” ou “Estou ouvindo” são adequadas 
e confirmam o envolvimento do profissional com o paciente. Entretanto, 
necessário tomar cuidado para não interromper ou complementar a história 
enquanto ela está sendo relatada.
11Avaliação clínica: anamnese nutricional
Em situações de fuga do assunto, o que é comum no cenário clínico, cabe 
ao nutricionista reconduzir a anamnese, buscando resgatar o assunto. Nestes 
casos, o nutricionista pode, de forma sutil, dizer “Entendo, mas voltando ao 
assunto que estávamos falando”.
Durante a condução da anamnese, não se deve induzir respostas espe-
cíficas. Esta observação é relevante, pois em se tratando de alimentação, o 
paciente tende a responder, de forma positiva, às questões que podem agregar 
credibilidade aos seus hábitos alimentares. Assim, o nutricionista deve evitar 
questionamentos que induzam o paciente a respostas, tais como: “Você gosta 
de frutas, não é?”. Para evitar isso, o nutricionista deve preferir o uso de 
perguntas objetivas cujas respostas serão sim ou não. No encerramento da 
anamnese, o profissional deve valorizar a colaboração do paciente, reforçando 
que as informações serão fundamentais no desenvolvimento do planejamento 
nutricional.
Idade do entrevistado
No que se refere à idade dos entrevistados, algumas observações necessitam 
ser ressaltadas. A anamnese aplicada em lactentes deve ser direcionada à 
mãe, ao pai ou responsável. Em crianças com idade pré-escolar e escolar, já 
existe a possibilidade de comunicação entre o entrevistador e o entrevistado. 
Sendo assim, a criança deve se sentir parte integrante do processo, mesmo 
que ocorra a presença dos pais ou responsáveis. Neste contexto, o nutricionista 
faz perguntas direcionadas à criança, utilizando uma comunicação criativa 
e lúdica. O uso de brincadeiras é uma forma positiva de aproximação com 
as crianças. Já, para a aplicação de anamnese em adolescentes, a condução 
da entrevista deve ocorrer de forma informal e descontraída. Geralmente, 
adolescentes respondem de forma positiva, quando o entrevistador demonstra 
interesse por eles.
Tempo da anamnese
É conhecido que a primeira anamnese será sempre mais demorada, o nutricio-
nista deve avisar o paciente do tempo necessário para coletar as informações. 
Ainda, cabe ao nutricionista ficar atento aos sinais de cansaço do paciente. 
Caso isso aconteça, é possível priorizar algumas informações, adiando o 
restante para futuras consultas.
Avaliação clínica: anamnese nutricional12
Condução da anamnese em situações especiais:
 � Pacientes ansiosos: proporcionar tranquilidade e deixar claro que as informações co-
letadas serão utilizadas na prescrição dietética. Como identificar pacientes ansiosos: 
 ■ Respostas rápidas:
 ■ remexer-se na cadeira;
 ■ balançar as pernas;
 ■ apertar as mãos, além de outros sinais.
 � Pacientes hostis: deve-se evitar o confronto, deixar o paciente desabafar e, se o 
motivo da hostilidade for o serviço prestado, desculpar-se do suposto erro. A 
anamnese só deverá ser reiniciada quando o paciente estiver tranquilo.
 � Pacientes emotivos: é necessário dar abertura para o paciente expressar suas emo-
ções. Mantenha-se em silêncio, ofereça uma caixa de lenço e conserve o semblante 
de aceitação e tranquilidade. Aguarde o paciente se recompor e, só então, tente 
reiniciar a anamnese perguntando: “Podemos continuar?”
 � Pacientes com problemas cognitivos (incapazes de fornecer informações claras 
e confiáveis): procurar a colaboração de parentes, amigos, cuidadores e outros.
ACUÑA, K.; CRUZ, T. Avaliação do estado nutricional de adultos e idosos e situação 
nutricional da população brasileira. Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia, 
v. 48, n. 3, p. 345-361, 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/abem/v48n3/
a04v48n3.pdf>. Acesso em: 15 dez. 2018.
BEHRMAN, R. E.; KLIEGMAN, R.; JENSON, H. B. Nelson: tratado de pediatria. 15. ed. Rio 
de Janeiro: Elsevier, 1997.
SCLIAR, M. Literatura e medicina: o território partilhado. Cadernos de Saúde Pública, Rio 
de Janeiro, v. 16, n. 1, p. 245-248, 2000. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/
v16n1/1584.pdf>. Acesso em: 15 dez. 2018.
VITOLO, M. R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Rubio, 2008.
VOTRE, S. J. et al. Pergunte de mais de uma maneira: alternativas para aumentar a eficácia 
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13Avaliação clínica: anamnese nutricional
Leituras recomendadas
BARROS, A. L. B. L. de. Anamnese e exame físico: avaliação diagnóstica de Enfermagem 
no Adulto. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
BORRELL CARRIÓ, F. Avaliar nosso perfil de entrevistadores. In: BORRELL CARRIÓ, F. 
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Revogada. Brasília, DF, 2005. Disponível em: <http://www.cfn.org.br/wp-content/
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BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução CNF n°. 600, de 25 de fevereiro de 2018. Dispõe 
sobre a definição das áreas de atuação do nutricionista e suas atribuições, indica parâ-
metros numéricos mínimos de referência, por área de atuação, para a efetividade dos 
serviços prestados à sociedade e dá outras providências. Brasília, DF, 2018. Disponível 
em: <http://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/resolucoes/Res_600_2018.htm>. 
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SANTOS, J. B. Ouvir o paciente: a anamnese no diagnóstico clínico. Revista Brasília 
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Avaliação clínica: anamnese nutricional14
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