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RESENHA E ANÁLISE FÍLMICA DO FILME ESTRELAS ALÉM DO TEMPO

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RESENHA E ANÁLISE FÍLMICA DO FILME “ESTRELAS ALÉM DO TEMPO”
O longa “Estrelas além do tempo” retrata a história real de três mulheres negras que trabalharam na NASA e tiveram papéis fundamentais na exploração espacial estadunidense. Katherine G. Johnson, Dorothy Vaughan e Mary Jackson chamadas de computadores foram contratadas pela West Area Computers para fazer cálculos manualmente para o programa espacial da NASA. O filme foca na personagem de Katherine Johnson que, desde criança, apresentou características de capacidade intelectual acima da média, especialmente no que se referia à matemática, e acompanha um recorte da carreira das três amigas, todas trabalhando no projeto da NASA que colaborou diretamente para levar os Estados Unidos ao espaço e para o desenvolvimento da tecnologia espacial do último século. 
O filme tem a potencialidade, tanto de problematizar a imagem masculina como a étnica-racial do cientista, além de possibilitar discutir a física de foguetes, sendo muitas vezes delicado ao mostrar vários recortes possíveis de opressão. Constantemente Vivian Mitchell é abertamente racista com Katherine, Dorothy e Mary, mesmo sendo mulher. Assim, como Jim Johnson é machista em certa ocasião com Katherine, mesmo sendo negro. Com isso, mostra-se a dupla opressão sofrida pelas mulheres.
É interessante notar que desde o início, a NASA acabou sendo um ambiente progressista, mas que ainda mantém o racismo da época. A certa altura, um policial parando mulheres na estrada sem motivo insinuou que ele não sabia que a NASA estava contratando mulheres negras. E para sair dessa situação amedrontadora, elas fingem que conhecem os astronautas de perto, impressionando o homem. A situação é engraçada e triste ao mesmo tempo, já que aquela artimanha só se faz necessária por culpa da abordagem gratuita. A NASA também possui banheiros, ambientes de trabalho e até uma cafeteira segregada. Quando Katherine, ao mudar de cargo, entra na sala e ocupa seu espaço de trabalho, dezenas de cabeças de homens brancos viram-se para ela, marcando o estranhamento daquela circunstância para eles.
O racismo na sociedade de Virgínia está em exibição quando Mary tenta se tornar uma engenheira. O Estado ainda seguia a política de segregação racial em 1961, dificultando o acesso da população negra a direitos básicos. Mesmo sendo plenamente qualificada, ela precisaria de cursos adicionais em uma escola segregada para brancos. Indignando-se com a situação, ela fala: "Toda vez em que temos uma chance de avançar, eles movem a linha de chegada”. A expressão “toda vez”, delineia bem o racismo não apenas como um sistema de proibição, mas como uma força também de banimento de espaços arduamente conquistados.
Apesar do filme ser baseado em fatos reais, é necessário ressaltar que algumas partes não foram completamente fiéis ao que realmente ocorreu. Essas divergências são normais e, em geral, servem para ajudar na narrativa cinematográfica, dando mais dramaticidade, porém em “Estrelas além do Tempo” se instaura uma problemática, uma vez que o diretor Theodore Melfi erra fortemente com o personagem Al Harrison. 
Inicialmente o personagem apenas se apresenta contraditório pois, ao mesmo tempo que auxiliava no processo de dessegregalização dos banheiros das mulheres na NASA, não se opunha a nenhum absurdo que acontecia diante de seus olhos com Katherine. Porém, o próprio personagem não existe, sendo colocado um homem branco como salvador apenas para que ele agisse corretamente. Na cena do banheiro, a real Katherine Johnson começou a frequentar o banheiro das mulheres brancas sem que ninguém precisasse intervir em seu nome (WILLIS, 2017).
Segundo o próprio diretor Melfi “Quem se importa com quem faz a coisa certa desde que seja a coisa certa?”. Aparentemente não foi entendido o peso da representatividade no cinema, uma vez que com a inserção desse falso personagem retira-se o protagonismo das mulheres e assume que o racismo não era algo institucionalizado e que deveria ser debatido amplamente.
Portanto, é possível concluir que ao mesmo tempo que os filmes, entre outros produtos culturais, reproduzem uma determinada realidade social, eles influenciam socialmente os receptores. Nesse sentido, os filmes configuram instrumentos capazes de pensar o mundo, pois encenam histórias, ficcionais ou não, que representam os dilemas reais da sociedade. No entanto, os filmes com temática científica, em particular, desempenham um papel central na criação de opiniões e concepções sobre as ciências sociais e naturais, criando imagens que permanecem como mitos sociais dos assuntos apresentados.
REFERÊNCIAS
ESTRELAS Além do Tempo. Direção: Theodore Melfi. Produção: Theodore Melfi, Jenno Topping, Pharrell Williams, Donna Gigliotti e Peter Chernin. Estados Unidos: 20th Century Studios, 2017. (127 min).
WILLIS, K. "Hidden Figures” Director Defends Decision to Add Fictitious White Savior Scenes to Movie. Atlanta Black Star, 01 fev. 2017. Film. Disponível em: https://atlantablackstar.com/2017/02/01/hidden-figures-director-defends-decision-add-fictitious-white-savior-scenes-movie/. Acesso em: 22, nov. 2022.