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Unidade III HOSPITALIDADE: TURISMO, HOTELARIA E GASTRONOMIA Prof. Rodrigo Stolf Sejam bem-vindos! Essa aula foi elaborada para apresentar, ao longo da história, o desenvolvimento da hospitalidade no Brasil. Para traçar esse caminho, optou-se por demonstrar os principais fatos que contribuíram para a evolução desse setor. Será apresentada também a importância da gastronomia como patrimônio cultural. Introdução A carta de Pero Vaz de Caminha ao Rei de Portugal, Dom Manuel, traz o primeiro registro da hospitalidade portuguesa no Brasil. Um fragmento da carta narra o contato inicial entre as duas principais tradições de hospitalidade que estarão presentes no início da formação do país: a hospitalidade indígena e a hospitalidade portuguesa. Evolução da hospitalidade no Brasil Relatando o primeiro contato dos indígenas com a esquadra de Cabral, Pero Vaz de Caminha narra que: “o Capitão mandou por por baixo da cabeça de cada um seu coxim (...). E deitaram um manto por cima deles; e consentindo, aconchegaram-se e adormeceram”. As raízes da hospitalidade portuguesa que irão permear o Brasil combinam os princípios do Cristianismo e influências étnicas de diferentes povos, como os árabes. Evolução da hospitalidade no Brasil Sobre a hospitalidade indígena brasileira, Jean de Léry (1557), referindo-se à hospitalidade oferecida pelos índios Tupinambás, coloca que: “Quando alguém quer dormir na aldeia onde se encontra, o velho manda armar uma bonita rede branca, e, embora não faça frio nessa terra, manda acender três ou quatro fogueiras em torno da rede, já por causa da umidade, já por ser de tradição”. Evolução da hospitalidade no Brasil Discorrendo sobre a hospitalidade brasileira proporcionada aos viajantes, Belchior & Poyares (1987) expõe que: As descrições dos viajantes que andaram pelas cidades e vararam os sertões acentuam a hospitalidade de seus habitantes. Principalmente no interior (...). E essa se dava não somente pelo sentimento de gratificação, como também, por lhe facultar contato com um mundo distante, do qual não contavam com seguidas oportunidades para conhecer as novidades. Evolução da hospitalidade no Brasil As primeiras formas de hospitalidade encontradas em São Paulo e em diversas localidades do país foram a religiosa e a familiar. A generosa acolhida brasileira, herança portuguesa, em particular a paulistana, é demonstrada, fisicamente, pela frequência da presença do quarto de hóspedes na planta das residências, desde a época bandeirista. Evolução da hospitalidade no Brasil Os quartos de hóspedes eram indispensáveis nas melhores casas em todo Brasil e eram utilizados para recepção dos forasteiros não exclusivamente em função do dever cristão de acolhimento, mas também porque a generosidade do anfitrião era um fator de prestígio na sociedade. Em alguns casos, poderia haver interesses nessa relação com a troca de mercadorias por hospedagem. Evolução da hospitalidade no Brasil Hospitaleiros, francos e amigos dos estrangeiros são em extremos sóbrios (...). Fui hospedar-me em casa de um parente dos meus dois companheiros de viagem, primeiro teto brasileiro em que fruí as doçuras da hospitalidade e daí por diante tive sempre ocasião de reconhecer os cuidados afetuosos e tocantes com que o povo brasileiro exercita esse dever de caridade (...). Há hotéis e hospedarias: no interior é cousa que não se encontra. O viajante sabe que em qualquer parte em que houver um morador, há de ser por ele acolhido e tratado, não tendo mais do que apresentar-se à sua porta. Evolução da hospitalidade no Brasil A hospitalidade portuguesa, como virtude, deixou no Brasil suas marcas desde os tempos coloniais, manifestadas no acolhimento proporcionado pelos moradores aos viajantes que porventura passassem pelas cidades ou suas residências. Todavia, as formas comerciais em que ela se exprimiu, demoraram a consolidar-se. Para tanto, foi inegável o influxo dos usos e costumes trazidos por imigrantes ingleses e franceses, depois da abertura dos portos, e da expansão econômica que dela resultou. Início da hospitalidade comercial em São Paulo Contando com longa tradição no setor, Portugal, Inglaterra e França foram, pois, as origens imediatas do desenvolvimento da hospitalidade comercial no Brasil. De acordo com relatos dos viajantes, sabe-se que, em São Paulo, o forasteiro que chegasse à cidade na segunda metade do século XVI teria muito poucas opções de lugares para se acomodar e alimentar. Início da hospitalidade comercial em São Paulo Sobre esse aspecto, Afonso Taunay (Bruno, 1954) assinala: em fins do primeiro século, já o poder municipal achava preciso que a Vila de São Paulo tivesse qualquer coisa que, não chegando ainda a ser uma hospedaria, fosse pelo menos um arremedo de restaurante. O procurador do conselho mostrou, em 1599, que era necessário haver quem vendesse “coisas de comer e beber, que viva por isto e tenha forasteiros em persendissem de comer”. Foi nomeado hoteleiro oficial Marcos Lopes, que teria de fornecer carne, beiju, farinha e outras coisas. Em 1603, a cigana Francisca Rodrigues abriu na povoação uma estalagem do mesmo estilo. Início da hospitalidade comercial em São Paulo Portanto, é bem provável que a partir desse período, seguindo o crescimento da vila e de sua população, outros empreendimentos de hospitalidade, como os ranchos para tropeiros, as tavernas, pensões e estalagens tenham começado a se estabelecer e a se desenvolver com diferentes nomes, mas com a mesma função, buscar oferecer abrigo e alimento para os viajantes. Para os portugueses era preciso colonizar o país e isso significava explorar o seu interior em busca de riquezas. Para esse propósito foram criadas as expedições dos bandeirantes. Evolução da hospitalidade no Brasil Os caminhos abertos pelos bandeirantes, mais tarde usados no trânsito de pessoas e produtos entre o litoral e as regiões mineradoras, fizeram surgir os primeiros focos de hospedagem pelo interior do Brasil. Ranchos toscos e rústicos, inicialmente improvisados à beira das estradas para abrigar os viajantes, assemelhados às antigas estalagens europeias, foram o embrião da atividade hoteleira e comercial nessas regiões. Deve-se a esses ranchos a nascente hotelaria em nosso país e a origem de centenas de cidades. Evolução da hospitalidade no Brasil Auguste de Saint-Hilaire, em 1816, apresenta uma descrição do rancho e sua importância para época: dá-se este nome a alpendres mais ou menos vastos destinados a abrigar os viajantes e suas bagagens. São os habitantes, cujas terras estão próximas à estrada, que os fazem construir. Não se paga hospedagem, mas ao pé do rancho há uma venda em que o proprietário vende o milho que serve de alimento aos animais dos itinerantes; indeniza-se, assim, amplamente da despesa que fez para levantar o rancho, e citaram-me o nome de proprietários que possuem até cinco ranchos à beira da estrada. Evolução da hospitalidade no Brasil Fonte: Rancho Largo do Bexiga – 1862-3. Foto: Militão Augusto de Azevedo (Lago, 2001, p. 110). Rancho que era ponto de encontro das numerosas tropas de mulas criadas na região de Sorocaba, que constituíam o principal meio de transporte de carga antes da estrada de ferro e um dos negócios mais prósperos da região desde o século XVIII. Uma outra forma conhecida de alojamento era a chamada “hospedagem casada”, onde o viajante só recebia acomodação e alimento para os animais se utilizasse um outro tipo de serviço, que poderia ser o emprego de guia, escravos, aluguel de mulas entre outros. Os ranchos desempenharam o papel de não somente de fornecer descanso e abrigo para os viajantes e animais, mas também como meio para o deslocamento das fronteiras econômica e demográficapara o interior do país. Evolução da hospitalidade no Brasil Sobre a alimentação do tropeiro nos ranchos, destaca-se a jacuba, mistura de farinha de milho, rapadura e água, prato comido frio e que estava presente em diversos desses locais. Cada rancho poderia ser uma venda e oferecer alimentos aos animais e visitantes, mas, muitas vezes, os tropeiros também traziam sua alimentação própria. Evolução da hospitalidade no Brasil Como são chamados os primeiros meios de hospedagem que surgiram para abrigar viajantes? a) Estalagens. b) Ranchos. c) Hotel. d) Taberna. e) Pensão. Interatividade Como são chamados os primeiros meios de hospedagem que surgiram para abrigar viajantes? a) Estalagens. b) Ranchos. c) Hotel. d) Taberna. e) Pensão. Resposta A fundação da Academia de Direito em São Paulo, em 1827, trouxe para a cidade pessoas de diversas regiões do país, por consequência, houve um aumento imediato da necessidade de fornecer hospedagem e alimentação aos estudantes. Foi a Academia de Direito que, principalmente, arrancou a capital da província do seu sono colonial e foi a presença dos estudantes que criou condições para que se inserissem em sua existência, alterando a sua estrutura e os costumes tradicionais, os hotéis, restaurantes, cafés, as casas de diversão, o teatro e as atividades intelectuais. Início da hospitalidade comercial em São Paulo A vida nas repúblicas provocou um rompimento abrupto do austero código do sobrado e da família. Os estudantes introduziram novas modas no vestuário. As caçadas, a natação, o flerte, as bebidas e o hábito de se reunirem para discussão e divertimento levaram a vida para as ruas, ao ar livre, criaram a necessidade de tavernas e livrarias e inauguraram o sentimento da comunidade. A cidade de São Paulo, no período de 1828 até aproximadamente os anos de 1870 ou 1872, foi, sobretudo, um burgo de estudantes. Início da hospitalidade comercial em São Paulo Nos primeiros vinte e cinco anos de funcionamento da abertura da Faculdade formaram-se cento e trinta e oito paulistas (da capital e interior), cento e oitenta e um cariocas ou fluminenses, cem mineiros, cinquenta e seis baianos, quarenta e oito gaúchos, onze maranhenses e nove mato-grossenses. Portanto, a chegada desse contingente de fora trouxe, como primeira consequência, a necessidade de achar lugar para alojá- los. Alguns alunos moraram nos primeiros anos na própria Academia, em celas antes ocupadas pelos frades franciscanos. Início da hospitalidade comercial em São Paulo Outra forma de hospedagem utilizada pelos estudantes da época foram as pensões. Entre 1872 e 1876 começou a aparecer uma ou outra casa de pensão em que se hospedavam acadêmicos. Em geral, essas eram de tratamento e preços democráticos. O Almanaque da Província de São Paulo para 1885 cita a pensão da Viúva Reis como a melhor e mais cara alternativa de Hospedagem para os estudantes. Pode-se dizer que muitas pensões apresentam sua inserção histórica em São Paulo como alternativa de hospedagem para estudantes no rastro da abertura da Faculdade de Direito, em 1827, conforme demonstra essa fotografia, retratada alguns anos depois. Início da hospitalidade comercial em São Paulo Fonte: Pensão Ítalo-Brasileira. Foto: Aurélio Becherini (Pontes, 2003, p. 116). O primeiro detalhe a verificar nessa figura é a proximidade da pensão da região do Largo São Francisco, o que é um indício bastante fidedigno de que os estudantes deveriam fazer uso dela para hospedagem. A fotografia também demonstra, por meio do nome do estabelecimento, o costume de empregar a língua estrangeira para destacar a origem do proprietário com intuito de atrair mais clientes. Conforme se observa nos próximos registros: Início da hospitalidade comercial em São Paulo Fonte: Pensão Giordano Bruno. Foto: Aurélio Becherini (Pontes, 2003, p. 64). Fonte: Pension Pour Artistes. Foto: Aurélio Becherini (Pontes, 2003, p. 65). O sistema predominante de hospedagem para estudantes era o das repúblicas. Geralmente, agrupadas em determinadas ruas ou áreas da cidade. No começo do século atual, sabe-se de repúblicas de estudantes localizadas quase sempre nas imediações do largo da Sé ou travessas das ruas do bairro da Liberdade e da Glória. Ressalta-se que, em São Paulo, bairros como da Liberdade continuam atualmente a abrigar uma grande concentração de pensões e repúblicas estudantis. Início da hospitalidade comercial em São Paulo Sobre os locais que forneciam alimentação na cidade no início do século XIX, observa-se o seguinte fato: Em 1847, o americano Samuel Greene Arnold escrevia que havia na cidade uma única pousada: “pequeno estabelecimento”. Hotéis propriamente ditos não existiam, funcionando na cidade apenas dois restaurantes que, em geral, não davam hospedagem. Sabe-se que durante esse tempo, em São Paulo, como em outras cidades brasileiras, as casas comerciais fizeram as vezes de hotéis hospedando seus fregueses do interior. Início da hospitalidade comercial em São Paulo Os primeiros hotéis que se instalaram em São Paulo, em meados do século XIX, hospedavam somente forasteiros; viajantes não suficientemente importantes a ponto de serem recebidos nas residências da elite local. Somente em torno de 1854 começaram a aparecer os primeiros hotéis que ofereciam hospedagem, sem carta de recomendação. Início da hospitalidade comercial em São Paulo Quem estabeleceu a primeira classificação para as hospedarias paulistanas foi o viajante inglês Richard Burton, no século XVIII, categorizando a hospedagem existente em: primeira categoria: simples pouso de tropeiro, local onde os tropeiros e viajantes acampavam para preparar o almoço ou passar a noite ao relento; segunda categoria: representada pelo telheiro coberto ou rancho ao lado das pastagens. Tinha, algumas vezes, paredes externas e mais raramente compartimentos interiores. Dormia-se na terra batida tal como no pouso; Início da hospitalidade comercial em São Paulo terceira categoria: venda, correspondente à pulperia dos hispano-americanos. Consistia numa casa de moradia e um alpendre para abrigar a carga das mulas. Algumas mercadorias eram vendidas e os forasteiros hospedavam-se em quartos precários a preços exorbitantes, era uma mistura de venda e hospedaria; quarta categoria: estalagem ou hospedaria; quinta categoria: hotéis. Nessa época, os principais hotéis da cidade, como o dos franceses Charles e Fontaine, somente hospedavam quem possuísse carta de recomendação. Início da hospitalidade comercial em São Paulo A partir de 1870, na cidade de São Paulo, ocorre um acelerado desenvolvimento urbano, são criadas condições econômicas, empregos, aumento da classe média, novos bairros, comerciantes e profissionais, novos serviços e atividades. Perde-se parte do significado as relações pessoais, porém são criadas as condições para os hotéis de classe. Também é preciso reforçar que os meios de transporte e sua evolução foram decisivos para o crescimento do setor da hospitalidade no país. Início da hospitalidade comercial em São Paulo A vinda da família real, em 1808, trouxe a necessidade de se estabelecer novos serviços de hospitalidade, como os meios de hospedagem, em especial os hotéis, cafés, restaurantes, confeitaria entre outros. A chegada da família real trouxe junto milhares de imigrantes, a família real, todos os nobres, os oficiais superiores, os altos funcionários e suas famílias, o que totalizava mais de 10 mil pessoas. Logicamente, a fixação da corte portuguesa no Rio de Janeiro acabou por trazer um repentino aumento nas relações comerciais locais, em especial aquelas ligadas à hospitalidade comercial. Início da hospitalidade comercial no Rio de Janeiro A inserção dos hotéis na vida socialdas cidades foi muito importante. No Rio de Janeiro, a Corte portuguesa trouxe esse impulso, promovendo festas, saraus artísticos e trazendo artistas de companhias estrangeiras para os palcos cariocas. A partir daí, os hotéis também se incorporaram aos divertimentos da cidade. Começaram discretamente, exibindo bandas de música e, em pouco tempo, já promoviam os primeiros bailes carnavalescos em salões, jantares para sociedade e outros eventos. Início da hospitalidade comercial no Rio de Janeiro Também em outras regiões do país, a estrutura de hospitalidade começou a se formar e modificar na metade do século XIX. No Rio Grande do Sul, a cidade de Porto Alegre inaugurou, em 1870, o Hotel del Siglo, tido como sofisticado e localizado na Praça da Alfândega. Em Minas Gerais, o Hotel Caxambu foi criado em 1881, e o Grand Hotel Pocinhos instalado na Cidade de Caldas, em 1886. Início da hospitalidade comercial no Brasil O acontecimento mais impactante para a evolução da hospitalidade no Brasil foi a imigração, não apenas pela exigência de acomodações para os imigrantes, mas também pela experiência que traziam nos serviços de gastronomia, turismo e hotelaria europeu. No Rio Grande do Sul, por exemplo, de 1859 a 1875, o Governo da Província registrou o número de 12.563 estrangeiros, das seguintes nacionalidades: alemães (8.412), austríacos (1.452), italianos (729), franceses (648), suíços (263) e outros (105). Início da hospitalidade comercial no Brasil Em São Paulo, de 1895 a 1900, a população foi de 130 mil habitantes para 240 mil. Em 1905, desembarcaram, em São Paulo, os primeiros sírios e libaneses. Mais de 50 mil sírios chegariam nas décadas seguintes. Em 1908, chegaram as primeiras 165 famílias japonesas. Anos depois, principalmente a partir da Segunda Guerra, chegariam mais de 500 mil. Em 1914, o estado já abrigava 1,8 milhão de imigrantes, dos quais 845 mil eram italianos. Início da hospitalidade comercial no Brasil O estímulo à industrialização no Brasil, provocado pela Primeira Guerra Mundial, gerou um grande surto de desenvolvimento na região. Somente após a Segunda Guerra Mundial, com as grandes transformações tecnológicas e o desenvolvimento industrial crescente, a hospitalidade no Brasil passou a se aperfeiçoar e criar conceitos próprios, diferenciando as diversas categorias de estabelecimentos e criando regras e normas que direcionassem suas atividades. Início da hospitalidade comercial no Brasil De acordo com a primeira classificação dos meios de hospedagem, a qual tipo de hospedagem correspondia a quarta categoria? a) Estalagens ou hospedarias. b) Hotel. c) Venda. d) Ranchos. e) Pensão. Interatividade De acordo com a primeira classificação dos meios de hospedagem, a qual tipo de hospedagem correspondia a quarta categoria? a) Estalagens ou hospedarias. b) Hotel. c) Venda. d) Ranchos. e) Pensão. Resposta A atividade turística capta os aspectos econômicos do Patrimônio e os aproveita para sua conservação, gerando fundos, educando a comunidade e influindo em sua política. É um fator essencial para muitas economias nacionais e regionais e pode ser um importante fator de desenvolvimento quando é administrado adequadamente. Gastronomia e turismo cultural A tradição, o folclore, a gastronomia, a música, a dança, as festas ou os cotidianos comportamentos humanos de hospitalidade, a amizade e a comunicação entre as pessoas converteram-se quase sempre no fator fundamental das atividades turísticas. Uma das principais motivações das viagens é conhecer a cultura, a história, manifestações artísticas, o artesanato, a gastronomia e os costumes dos povos. Gastronomia e turismo cultural Nesse momento de crescente globalização, a proteção, conservação, interpretação e apresentação da diversidade cultural e do patrimônio cultural de qualquer país ou região é um importante desafio. Para a adequada gestão desse patrimônio, é essencial comunicar seu significado e a necessidade de sua conservação tanto para a comunidade anfitriã como para seus visitantes. Gastronomia e turismo cultural Gastronomia é cultura. Envolve políticas públicas eficientes para tornar a alimentação – traço marcante da identidade de um povo – símbolo nacional e necessária do desenvolvimento do turismo em um país. Devemos discutir a alimentação a partir de um produto turístico e cultural. A gastronomia é um patrimônio cultural e deve ser inserida nesse contexto para que possa provocar mudanças na política, economia, na cultura e sociedade sob diversos aspectos. Gastronomia e turismo cultural No Brasil, o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico Nacional) tem trabalhado em iniciativas para agregar saberes e sabores ao acervo memorial do país. Através de inventários, têm-se documentado práticas e receituários e o objetivo é fazer um mapeamento dos sistemas culinários. Gastronomia como patrimônio cultural O feijão, o acarajé, os doces de Pelotas, no RS, e a farinha já fazem parte da lista. Outras ações como o Museu da Gastronomia Baiana também vêm reforçar a necessidade de arregimentar as bases para a valorização desse patrimônio, que é a nossa comida com toda a sua diversidade. Gastronomia como patrimônio cultural Temos pesquisadores se debruçando sobre o tema da alimentação, eventos esporádicos, entre outras atividades, mas ainda falta maior produção acadêmica, pública e comercial sobre a área. O que falta é um processo de comunicação eficiente, que se interesse em disseminar conhecimento especializado. Tratar de temas abordando a comida sob aspectos sociais, culturais, artísticos e de entretenimento. Gastronomia como patrimônio cultural O Patrimônio Cultural Imaterial do País, ou simplesmente patrimônio imaterial, é um conceito relativamente recente. Em seu sentido original, ou mais restrito, “patrimônio” significa “herança familiar” ou “conjunto de bens familiares”, que são transmitidos a seus membros de geração em geração. Gastronomia como patrimônio cultural Esse significado tornou-se mais amplo quando passou a referir- se a um conjunto de bens culturais pertencentes a comunidades maiores do que a família, como o povo de uma região ou de um país. Ou melhor, quando se passou a considerar produtos culturais, como “bens”, como algo que possui valor – de uso, de encanto ou de troca – e que deve ser preservado para poder ser transmitido às gerações futuras. Gastronomia como patrimônio cultural A obra literária de Machado de Assis, por exemplo, é parte do patrimônio cultural de todos os brasileiros, assim como a região do Pelourinho, em Salvador (BA), a música de Heitor Villa-Lobos, etc. No entanto, todos esses exemplos têm caráter material, palpável, concreto, que se traduz no texto dos livros de Machado, nas partituras das músicas de Villa-Lobos, ou nas construções do Pelourinho. Gastronomia como patrimônio cultural Como a ideia de patrimônio cultural, a princípio, abrangia a importância histórica de diversos locais em cidades brasileiras, pensava-se principalmente em sítios arquitetônicos, em edificações. Por oposição a isso, surgiu a ideia de um patrimônio imaterial (que não é feito de matéria) ou intangível (que não pode ser tocado), onde se insere a gastronomia. Gastronomia como patrimônio cultural Segundo a Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura –, constituem o patrimônio imaterial as tradições e expressões orais, as artes do espetáculo, as práticas sociais, as lendas, mitos e ritos transmitidos de geração a geração e recriados pelas comunidades e grupos em função de seu meio, de sua interação com a natureza e sua história. Com o título de Patrimônio Imaterial, um bem tende a ganhar mais visibilidade e a receber mais atenção dasociedade e das autoridades, o que beneficia sua preservação. Gastronomia como patrimônio cultural De acordo com o IPHAN, Patrimônio Imaterial significa: as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares que lhes são associados; que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural. Gastronomia como patrimônio cultural A gastronomia é considerada um patrimônio de que tipo? a) Material. b) Cultural e material. c) Imaterial. d) Tangível. e) Arquitetônico. Interatividade A gastronomia é considerada um patrimônio de que tipo? a) Material. b) Cultural e material. c) Imaterial. d) Tangível. e) Arquitetônico. Resposta Este patrimônio cultural imaterial, que se transmite de geração em geração, é constantemente recriado pelas comunidades e grupos em função de seu ambiente, de sua interação com a natureza e de sua história, gerando um sentimento de identidade e continuidade, contribuindo, assim, para promover o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana. Gastronomia como patrimônio cultural Os saberes ou modos de fazer são atividades desenvolvidas por atores sociais conhecedores de técnicas e de matérias- primas que identificam um grupo social ou uma localidade. As celebrações são ritos e festividades associados à religiosidade, à civilidade e aos ciclos do calendário, que participam fortemente da produção de sentidos específicos de lugar e de território. Registro de bens culturais de natureza imaterial As formas de expressão são formas não linguísticas de comunicação, associadas a determinado grupo social ou região, traduzidas em manifestações musicais, cênicas, plásticas, lúdicas ou literárias. Lugares são espaços onde ocorrem práticas e atividades de naturezas variadas, tanto cotidianas quanto excepcionais, que constituem referência para a população. Registro de bens culturais de natureza imaterial viola de Cocho (instrumento musical); Círio de Nazaré (livro de celebrações – Belém Pará); samba de roda do recôncavo baiano (livro de registros); ofício das paneleiras de goiabeiras (livro dos saberes) Vitória – ES; o samba do Rio de Janeiro; o frevo de Recife e Olinda; a Feira de Caruaru (PE); o Círio de Nazaré; a capoeira; o ofício das baianas de acarajé. Processos registrados Partir de um agente oficial público, privado ou ONG (órgãos públicos e/ou privados ou organizações não governamentais). A gastronomia como patrimônio local está sendo incorporada aos novos produtos turísticos orientados a determinados nichos de mercado. Gastronomia como patrimônio cultural A gastronomia como patrimônio abre a possibilidade de incorporar pessoas da própria comunidade, garantindo, principalmente, o desenvolvimento sustentável da localidade e/ou atividade. Apresenta como benefício: capacidade de gerar receita; gerar empregos na localidade. Gastronomia como patrimônio cultural Nem sempre a gastronomia é o principal motivador de deslocamento (motivo de viagem): Criação de rotas temáticas: rota do vinho; rota da cachaça (MG); rota das fazendas de café (SP); expedição do Rio São Francisco (MG); rota turística Caminho de Farroupilha (RS), etc. Gastronomia como patrimônio cultural As rotas gastronômicas podem ser organizadas em função de um produto ou de um traço cultural característico que lhe dá nome e tem como interesse primordial o incentivo de consumo do produto característico, bem como conhecimento deste. Sua função é de promover desenvolvimento da região e agir em conjunto com secretarias de turismo local (turismo, pecuária, pesca, agricultura, turismo, etc.). Nem sempre os produtos objetivos das rotas, são e/ou necessitam ser incorporados pela comunidade local. Gastronomia como patrimônio cultural criação de uma base de dados com todos os atrativos turísticos, culturais e gastronômicos; preparação de um mapa onde se localizam os atrativos importantes; projeto de circuitos que combinem arte e gastronomia, assim como outros aspectos de interesses turísticos; realização de visitas de campo para assegurar que os serviços oferecidos reunam um mínimo de qualidade e os tempos estimados para as visitas sejam corretos; Preparação das rotas gastronômicas submissão das propostas a um painel de especialistas, composto por operadores de turismo e agentes de viagem das cidades onde se quer captar o fluxo turístico, para conhecer opinião. Avaliações futuras das rotas. Preparação das rotas gastronômicas Objetivo maior das rotas gastronômicas: Promover o conhecimento entre diversas civilizações, culturas e religiões, mostrando suas inter-relações e influências recíprocas. Envolve pessoas, paisagem local, costumes locais, alimentos, bebidas, etc. As rotas gastronômicas em função da cultura têm por objetivo mostrar os valores culturais de determinada localidade tendo como eixo o prato típico da região. Gastronomia como patrimônio cultural Exemplo: 1ª Associação das baianas de acarajé do Brasil – 1999. Envolvimento de várias entidades. Alcance do produto e receita como sinônimo de patrimônio cultural. Gastronomia como patrimônio cultural Rotas dos Italianos (RS) Possibilita conhecer os costumes e tradições dos primeiros colonos italianos que chegaram no lugar até o final do século XIX. Envolve o preparo de pratos típicos, vinhos, danças, etc. Gastronomia como patrimônio cultural Originaram outras rotas tais como: Caminho das Colônias; Estrada do Imigrante; Rota dos Tropeiros. Estas rotas se valem da gastronomia como elemento de recuperação cultural. Gastronomia como patrimônio cultural patrimônio intangível: alimentação; crescimento; armazenamento; cocção; higiene e limpeza; (gastronomia = museus etnográficos). Gastronomia como patrimônio cultural Museu Scotch whisky Heritage Centre – Edimburgo, Escócia; Museu da Cerveja de Valdívia – Chile; Museu do Vinhos – França (vários); Museu da Cerveja e do café no Brasil; Museu da gastronomia Baiana. Gastronomia como patrimônio cultural Qual o principal benefício de incorporar a gastronomia como patrimônio? a) Capacidade de gerar receita e empregos. b) Melhorar a indústria. c) Melhorar a imagem da localidade e seus pratos. d) Acrescentar novos projetos arquitetônicos. e) Não há muitos benefícios. Interatividade Qual o principal benefício de incorporar a gastronomia como patrimônio? a) Capacidade de gerar receita e empregos. b) Melhorar a indústria. c) Melhorar a imagem da localidade e seus pratos. d) Acrescentar novos projetos arquitetônicos. e) Não há muitos benefícios. Resposta ATÉ A PROXIMA
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