Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ENDOMETRIOSE Beatriz N ferreira O QUE É? · Patologia benigna crônica, caracterizada pela presença de tecido endometrial (estroma e glândulas endometriais) ectópico (fora da cavidade uterina) hormônio-dependente. · Endométrio migrou para fora do útero, podendo ir para qualquer lugar que há peritônio. · Doença poligênica e multifatorial, resultante da interação genética com fatores ambientais envolvidos. · Maior prevalência em mulheres na menacme. · Pode chegar a 10% ou 15% → 1 em 10 mulheres têm a patologia. · Mulheres com infertilidade: 20% a 50% · Mulheres com dor pélvica crônica: 20% a 50% · Dismenorreia: 50% · Em algumas jovens/adolescentes alguns dos casos estão relacionados a malformações mullerianas e quadros de obstrução do canal vaginal. FATORES QUE PODEM ESTAR ENVOLVIDOS NO DESENVOLVIMENTO DA PATOLOGIA HORMONAIS, GENÉTICOS E AMBIENTAIS · Como é uma doença hormônio-dependente essa irá depender do estrogênio, por isso no período pos-menopausa a sua incidência é menor. · No tecido endometrial: · Aumento da produção de estrogênio no tecido endometrial pela elevada atividade da enzima aromatase (catalisa a testosterona → estradiol). · Redução da enzima 17b-hidroxiesteroide-desidrogenase tipo 2 (inativa o estrogênio) · Por conta disso é possível utilizar no tratamento, medicamentos inibidores de COX-2 e inibidores de aromatase. · Estudos indicam que há maior risco caso tenha antecedente familiar positivo para endometriose. · Nutrição e dieta podem influenciar. · Alto consumo de carne vermelha, gordura trans, ingestão de álcool e diminuição com dieta rica em vegetais e omega-3. LOCAIS DE ACOMETIMENTO · Ovário (+ comum) · Fundo de saco posterior (de Douglas)/Região retrocervical · Ligamentos útero-sacros · Fossa ovariana · Peritônio Pélvico · Intestino (retossigmoide, íleo e apêndice cecal) · Bexiga · Ureter · Cicatrizes abdominais · Diafragma QUADRO CLÍNICO · Basicamente 3 situações: ASSINTOMÁTICAS, DOR E INFERTILIDADE → Pacientes Sintomáticas · Principal sintoma é dor · Dismenorreia · Dor pélvica crônica · Dispareunia DOR PÉLVICA CRÔNICA · Dor acíclica por pelo menos 6 meses. DISPAREUNIA · Dor de profundidade. Comum pacientes ter lesões em região retrocervical e ligamentos útero-sacros → dores. LEMBRAR da fisiopatologia da dor que está relacionada ao processo inflamatório local, às aderências geradas em decorrência da doença e também as lesões em nervos pélvicos. → As lesões respondem a estímulos hormonais e geram respostas inflamatórias mais intensas no período menstrual.. . OUTROS SINTOMAS DE ACORDO COM O LOCAL ACOMETIDO TRATO URINÁRIO (invadiu bexiga e/ou ureteres) · Podem apresentar sintomas cíclicos como disúria e hematúria. · Quando o quadro é mais grave e invadiu e/ou comprimiu o ureter pode apresentar quadro de hidronefrose/obstrução urinária. INTESTINAL · Podem apresentar sintomas cíclicos: disquezia, constipação ou diarreia, hematoquezia (sangramento intestinal) e dores abdominais. · Quadros obstrutivos: mais raros em lesões de retossigmóide, podem ocorrer em lesões ileocecais. INFERTILIDADE · Lesões podem levar a aderências, alterando a anatomia da pelve e até obstruindo as tubas uterinas. · Podem impedir a captura e o transporte do oocito pela tuba. · Resposta inflamatória no local da doença pode levar a alterações da qualidade dos óvulos e da receptividade endometrial. 6 Ds DA ENDOMETRIOSE EXAME FÍSICO · Para lesões leve: pode ser normal · Abdominal: · Só serão palpados os grandes endometriomas ovarianos · Comum dor à palpação de andar inferior do abdômen · Ginecológico: · Toque vaginal - preferência: unidigital e bimanual: tamanho uterino tende a ser normal, sua posição (com as aderências), pode ser mais comum encontrar o útero retrovertido e fixo, mobilização de colo pode ser dolorosa,, palpação de anexos (se houver endometriomas de ovários) podem ser palpados e toque de região de fundo de são posterior podem ser encontrados nódulos de lesões retrocervical/ligamento útero-sacro. DIAGNÓSTICO · SEMPRE necessário ter uma suspeita CLÍNICA · Para diagnóstico definitivo: · Apenas quando tiver uma amostra histológica comprovando a presença de tecido endometrial nas lesões. · Exames: · Ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal · Ressonância magnética de abdômen e pelve (com contraste endovenoso e gel vaginal) · CA-125 → não deve ser usado para diagnóstico · Colonoscopia e cistoscopia · Laparoscopia · Padrão-ouro: Laparoscopia com biópsia das lesões. · Diagnóstico diferencial · Doença inflamatória pélvica · Adenomiose · Tumores ovarianos · Síndrome do intestino irritável · Cistite intersticial · Fibromialgia CLASSIFICAÇÃO DA ENDOMETRIOSE · Superficial (peritoneal) · Peritônio · Profunda · Passa o peritônio e atinge a camada muscular → maior parte é intestinal. · lesões infiltrativas com mais de 5mm de profundidade · Ovariana (endometrioma de ovário) · Adenomiose (endométrio dentro do miométrio). TRATAMENTO · Sempre individualizado · Se atentar nas lesões · Se atentar ao quadro clínico: assintomáticas, quadros álgicos e infertilidade. PACIENTES ASSINTOMÁTICAS - TRATAMENTO · Pacientes assintomáticas e com lesões mínimas → apenas acompanhamento clínico → CONDUTA EXPECTANTE · Após a menopausa → lesões tendem a regredir PACIENTES SINTOMÁTICAS - TRATAMENTO DOR - TRATAMENTO → Inibir a produção de estrogênio. · Contraceptivos combinados (contínuos ou cíclico) · Progesterona · Atua ocasionando uma decidualização e atrofia dos implantes endometriais. · Efeitos colaterais: spotting, ganho de peso e retenção hídrica. · DIU de levonorgestrel · Mirena, têm objetivo de controle da dor. · Análogos de GnRH · Ligam-se aos receptores de GnRH e bloqueiam o eixo → menopausa medicamentosa. · Inibem FSH e LH → anovulacao e hipoestrogenismo · Mais eficazes que a pílula. · Efeitos colaterais da menopausa!!!!!!!!! (fogachos, ressecamento vaginal, aumento do risco de osteoporose e risco cardiovascular). · Tratamento temporário: 6 meses. · Danazol · Possui ação androgênica e inibe a secreção de GnRH a esteroidogênese. · Gestrinona: antiprogestágeno com efeito androgênico. · Inibidores da aromatase: Inibem a conversão de androgênios em estrogênios. · AINE · Nas crises álgicas · Inibem não seletivamente as isoenzimas (COX-1 e COX-2) · Ibuprofeno, naproxeno e ácido mefenâmico. · Contraceptivos combinados (estrogênio + progesterona) CIRURGIA - TRATAMENTO · Apenas quando há falha de tratamento clínico. · OU quando o quadro álgico se mantém de forma muito significativa mesmo com o uso de medicação. · Tentar dissecar todas as lesões possíveis (ooforectomia), além de coletar material para o estudo anatomopatológico. · Se há desejo reprodutivo: CONSERVADORA (ooforoplastia - retirada apenas do endometrioma)! Preservando útero e ovários no intuito de tentar restabelecer a anatomia local. INFERTILIDADE - TRATAMENTO · Cirurgia ou técnicas de reprodução assistida? · Sintomas? · Reserva ovariana? · Condições financeiras? · Sabe-se que a laparoscopia com ressecção dos focos de endometriose pode aumentar as taxas de gestação em pacientes com endometriose leve/moderada. Mas sempre há risco de diminuir a reserva avariada caso sejam abordadas lesões ovarianas. · Importante sempre discutir com a paciente sobre a possível coleta e congelamento de óvulos antes do procedimento.
Compartilhar