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ESTADO DE SANTA CATARINA FUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DIRETORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO GERÊNCIA DE PESQUISA E CONHECIMENTOS APLICADOS NÚCLEO DE ATIVIDADES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO CAPACITAÇÃO EM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO: Políticas, Teorias e Práticas Educacionais Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação Santa Catarina São José, 2023. ESTADO DE SANTA CATARINA FUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DIRETORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO GERÊNCIA DE PESQUISA E CONHECIMENTOS APLICADOS NÚCLEO DE ATIVIDADES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO CAPACITAÇÃO EM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO: Políticas, Teorias e Práticas Educacionais Governador Jorginho dos Santos Mello Vice-Governadora Marilisa Boehm Secretário de Educação Aristides Cimadon FUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL Presidente da FCEE Jeane Rauh Probst Leite Diretoria de Ensino, Pesquisa e Extensão Fernanda Martello Hermes Gerência de Pesquisa e Conhecimentos Aplicados Andrea Rumpf Supervisão de Atividades Educacionais Nuclear Grazielle Franciosi Da Silva Coordenação do NAAH/S-SC Sandra Duarte Hottersbach Elaboração Ananda Ludwig Burin Vânia Pires Franz de Matos Colaboração Equipe do NAAH/S-SC ESTADO DE SANTA CATARINA FUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DIRETORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO GERÊNCIA DE PESQUISA E CONHECIMENTOS APLICADOS NÚCLEO DE ATIVIDADES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO Sumário 2. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS ALTAS HABILIDADES/SUPERDIOTAÇÃO 26 2.1. Contextualizando as AH/SD nas Políticas Públicas 27 2.2. NAAH/S 34 2.3. O NAAH/S de Santa Catarina 35 2.3.1. Ingresso no NAAH/S-SC 36 2.3.2. A avaliação no NAAH/S-SC 37 2.3.3. O Atendimento aos alunos no NAAH/S-SC 38 2.4. Aceleração escolar 40 2.5. Expansão dos serviços 41 2.6. Referências 44 ESTADO DE SANTA CATARINA FUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DIRETORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO GERÊNCIA DE PESQUISA E CONHECIMENTOS APLICADOS NÚCLEO DE ATIVIDADES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO 2. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS ALTAS HABILIDADES/SUPERDIOTAÇÃO Ananda Ludwig Burin1 Apesar dos esforços que vêm sendo feitos há algumas décadas para que alunos com AH/SD recebam atendimento educacional especializado nas escolas de ensino regular da Educação Básica e Centros Especializados de Atendimento, as políticas públicas nacionais apresentam uma grande descontinuidade e fragmentação de suas ações. Segundo Delou (2001), alunos com AH/SD podem ser reconhecidos pelo alto desempenho escolar, mas não são incluídos nas práticas pedagógicas escolares de alto nível conforme preconiza a legislação. Eles, também, não têm “acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo as capacidades de cada um”, como previsto na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996). Para que alunos com AH/SD sejam incluídos é preciso mais. É preciso professores especializados para as salas de aulas regulares e para o atendimento educacional em salas de recursos ou em programas de enriquecimento ou de aprofundamento. 2.1. Contextualizando as AH/SD nas Políticas Públicas A Educação Especial é uma modalidade da educação escolar definida, no Art. 3º da Resolução CNE/CEB Nº 2, de 11 de Fevereiro de 2001, como sendo [...] uma proposta pedagógica que assegure recursos e serviços educacionais especiais, organizados institucionalmente para apoiar, complementar, suplementar e, em alguns casos, substituir os serviços educacionais comuns, de modo a garantir a educação escolar e promover o desenvolvimento das potencialidades dos educandos que apresentam necessidades educacionais especiais, em todas as etapas e modalidades da educação básica (BRASIL, 2001a, p. 1). Ao se estudar as políticas públicas para alunos com AH/SD no Brasil, constata-se que desde 1924 foram realizadas ações voltadas para identificação e posterior atendimento desses alunos. Porém o primeiro registro de identificação e atendimento realizado aos alunos 1 Mestre (2019) e Graduada (2010) em Matemática pela UFSC e Especialista em Educação Especial (2014) pela UCDB, atualmente é Professora da Oficina de Lógica e Matemática do Núcleo de atividades de Altas habilidades/superdotação - NAAHS da Fundação Catarinense de Educção Especial - FCEE. ESTADO DE SANTA CATARINA FUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DIRETORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO GERÊNCIA DE PESQUISA E CONHECIMENTOS APLICADOS NÚCLEO DE ATIVIDADES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO superdotados, no Brasil, é do ano de 1929, quando a Reforma do Ensino Primário, Profissional e Normal do Estado do Rio de Janeiro previu o atendimento educacional dos Super-Normaes. Apesar dos esforços, essa iniciativa não garantiu o direito declarado na legislação, uma vez que não foi acompanhada de uma política pública estadual ou federal, que universalizasse o atendimento escolar a estes alunos (DELOU, 2012). No mesmo ano, o governo do estado de Minas Gerais convidou a psicóloga russa Helena Antipoff2 (1892 – 1974) para lecionar a cadeira de psicologia experimental, na Escola de Aperfeiçoamento Pedagógico em Belo Horizonte, a fim de formar educadores que promoveriam uma grande reforma de ensino com base nos princípios da “escola ativa”. Helena Antipoff3 Aluno da fazenda Rosário na Oficina de cerâmica, 19604. No início da década de 30 surgem as três primeiras publicações brasileiras da área, escritas por dois teóricos, professores de escolas públicas, sendo elas: “Educação dos Super-Normaes” de Leoni Kaseff lançado em 1931 e “O problema da educação dos bem dotados” e “O Dever do Estado Relativamente à Assistência aos Mais Capazes” escritos por Emílio Pinto e publicados respectivamente em 1932 e 1933. Nestas foram constatadas tanto a preocupação dos professores da elite brasileira com os filhos da classe trabalhadora, como a crítica relacionada às atividades escolares dos “bemdotados”, consideradas [...] flagrantemente fictícias, em virtude da relativa facilidade com que eles solucionavam os problemas de classe. Como pouco se esforçam, é claro que não aprendem a trabalhar. Tornam-se irrequietos e desatentos; há mesmo 4Fonte:https://pgl.gal/wp-content/uploads/2015/09/HELENA-ANTIPOFF-Aluno-na-oficina-de-cer%C3%A2mic a-da-Fazenda-Rosario-1960.jpg 3Fonte: https://cdpha.pro.br/wp-content/uploads/2020/09/HelenaAntipoff.jpg 2 Informação disponível em: http://fha.mg.gov.br/pagina/memorial/helena-antipoff . https://pgl.gal/wp-content/uploads/2015/09/HELENA-ANTIPOFF-Aluno-na-oficina-de-cer%C3%A2mica-da-Fazenda-Rosario-1960.jpg https://pgl.gal/wp-content/uploads/2015/09/HELENA-ANTIPOFF-Aluno-na-oficina-de-cer%C3%A2mica-da-Fazenda-Rosario-1960.jpg https://cdpha.pro.br/wp-content/uploads/2020/09/HelenaAntipoff.jpg http://fha.mg.gov.br/pagina/memorial/helena-antipoff ESTADO DE SANTA CATARINA FUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DIRETORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO GERÊNCIA DE PESQUISA E CONHECIMENTOS APLICADOS NÚCLEO DE ATIVIDADES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO uma tendência geral à indisciplina. Não desenvolvem a atenção e o espírito de observação (PINTO, 1933, p. 103). Entre as muitas ideias inovadoras que trouxe para o Brasil, Antipoff salientou a da educação dos “excepcionais”. Fundadora da Sociedade Pestalozzi de Belo Horizonte, em 1938, identificou oito crianças super-normaes. Segundo Novaes (1979), em 1945, Antipoff reuniu nessa sociedade, alunos bem-dotados que, em pequenos grupos, desenvolveram estudos em literatura, teatro e música. Foram os primórdios do que hoje se conhece como atendimento especializado para alunos com AH/SD. Sua influência foi fundamental para a educação dos alunos com AH/SD. Em âmbito nacional, surge em 1961 a Lei 4.024 (BRASIL, 1961), que fixou as Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB e dedicou os Art. 88 e 89 a educação dos excepcionais que, segundo Antipoff referia-se ao tratamento especial, no sistema geral de ensino, aos deficientes mentais, aos que tinhamproblema de conduta e aos superdotados (DELOU, 2012). Porém apenas em 1967, o Ministério de Educação e Cultura criou uma comissão para estabelecer critérios de identificação e atendimento a estes alunos que eram chamados de superdotados (NOVAES, 1979; DELOU, 2012). Em Santa Catarina, por intermédio do Decreto nº 692 de 1963 (SANTA CATARINA, 1963), o governo determinou, em parceria com a iniciativa privada, o funcionamento dos serviços de educação especial nos quais proveria os serviços e a cedência de professores. Tendo em vista a expansão desse serviço surgiu a necessidade da estruturação de uma instituição pública que tivesse como propósito “definir as diretrizes de funcionamento de educação especial em âmbito estadual e promover a capacitação de recursos humanos e a realização de estudos e pesquisas ligadas à prevenção, assistência e integração da pessoa com deficiência” (SANTA CATARINA, 2009), criando assim, em maio de 1968 a estrutura hoje denominada Fundação Catarinense de Educação Especial – FCEE, que tem como missão “Definir e coordenar a política de educação especial do Estado de Santa Catarina, fomentando, produzindo e disseminando o conhecimento científico e tecnológico desta área”5. Em agosto de 1971, a LDB tem sua segunda edição publicada através da Lei nº 5692, que previa, explicitamente, que os alunos que apresentassem deficiências físicas ou mentais, os que encontrassem atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados deveriam receber tratamento especial, de acordo com as normas fixadas pelos 5 Disponível em http://www.fcee.sc.gov.br/index.php/institucional/sobre-a-fcee/missao . http://www.fcee.sc.gov.br/index.php/institucional/sobre-a-fcee/missao ESTADO DE SANTA CATARINA FUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DIRETORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO GERÊNCIA DE PESQUISA E CONHECIMENTOS APLICADOS NÚCLEO DE ATIVIDADES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO Conselhos de Educação (BRASIL, 1971). E em 1976 surge a definição que utilizamos até os dias atuais, considerando crianças superdotadas e talentosas as que [...] apresentassem notável desempenho e/ou elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual geral; aptidão acadêmica específica; pensamento criador ou produtivo; capacidade de liderança; talento especial para artes visuais, dramáticas e musicais; capacidade psicomotora (BRASIL, 1976, p. 2). As modalidades de atendimento educacional recomendadas em 1971 acrescentaram-se a monitoria e a aceleração de estudos ou as duas modalidades conjugadas. O enriquecimento e a aceleração de estudos foram reafirmados como modalidades de atendimento educacional próprias para os superdotados, podendo, inclusive, ser combinadas conforme as condições da escola. Com a aceleração, levantou-se a possibilidade do término de parte dos estudos antes mesmo da conclusão plena do ensino fundamental. O Projeto Prioritário n.º 35/71 previa ainda que “no caso dos alunos superdotados haverem terminado antes da idade normal parte dos estudos do ensino de 1º grau (Ensino Fundamental), poderão frequentar simultaneamente escolas de 2º grau (Ensino Médio) que tenham matrículas por disciplina” (BRASIL, 1976, p. 4). Importantes associações aliados aos alunos com AH/SD são criadas em 1978, Associação Brasileira para Superdotados – ABSD, e 1991, a Associação Brasileira para Altas Habilidades/Superdotação – ABAHSD6, porém as atividades da ABSD encerraram-se em 2002 e da ABAHSD em 2015 por falta de incentivos políticos e econômicos (MATOS; MACIEL, 2016). Atualmente as pessoas com superdotação contam com o apoio do ConBraSD7, que é uma organização não governamental sem fins lucrativos que visa a contribuir com a defesa dos direitos das pessoas com AH/SD e atua fortemente na área, promovendo bienalmente encontros nacionais que debatem temas atuais e a legislação relacionada às AH/SD (BURIN, 2019). Em relação ao oferecimento de atendimento educacional especial para alunos superdotados, o Brasil não apresentou muitos avanços, embora a Constituição de 1988 garanta o “acesso ao ensino obrigatório e gratuito” e o “acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um” (BRASIL, 1988). Como um grande avanço ao cenário educacional, surge em 1996 a nova Lei de Diretrizes e Bases para a Educação Nacional (BRASIL, 1996) revogando sua congênere de 1971. Desde então novos conceitos foram introduzidos e a falta de consenso em relação aos 7 Informação disponível em: http://conbrasd.org/wp/ . 6 Informação disponível em: http://www.altashabilidades.com.br/cgi-bin/home.asp# . http://conbrasd.org/wp/ http://www.altashabilidades.com.br/cgi-bin/home.asp ESTADO DE SANTA CATARINA FUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DIRETORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO GERÊNCIA DE PESQUISA E CONHECIMENTOS APLICADOS NÚCLEO DE ATIVIDADES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO termos ainda está presente entre os estudiosos brasileiros. Variações conceituais como superdotados, bem dotados, altas habilidades, altas habilidades/superdotação, superdotação, mais capazes, capazes e talentosos estão sendo utilizados (DELOU, 2007. FREITAS; PÉRES, 2014). Hoje existe uma orientação do Conselho Brasileiro para Superdotação que o termo correto a ser utilizado é pessoas com altas habilidades/superdotação. Em seu Art. 59, a nova LDB estabelece que os sistemas de ensino assegurem aos educandos com necessidades especiais “currículos, métodos, recursos educativos e organizações específicos, para atender às suas necessidades”. Ela prevê também “Acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível de ensino regular”. Em relação a educação superior, define que “os alunos que tenham extraordinário aproveitamento nos estudos, demonstrado por meio de provas e outros instrumentos de avaliação específicos, aplicados por banca examinadora especial, poderão ter abreviada a duração dos seus cursos, de acordo com as normas dos sistemas de ensino” (BRASIL, 1996). Em 2001, tornando as legislações referentes às AH/SD mais claras, é apresentado o Plano Nacional de Educação – PNE que, além de reconhecer o baixo número de alunos identificados, define como um de seus objetivos: 26 – Implantar gradativamente, a partir do primeiro ano deste plano, programas de atendimento aos alunos com altas habilidades nas áreas artísticas, intelectual ou psicomotora (BRASIL, 2001b). Quanto ao tipo de atendimento que os alunos com AH/SD devem receber, surgem no mesmo ano, o Parecer nº 17/2001 que trata da “elaboração de normas, pelos sistemas de ensino e educação, para o atendimento da significativa população que apresenta necessidades educacionais especiais” (BRASIL, 2001c, p.2) e a Resolução nº 2/2001 que institui as Diretrizes Nacionais para a educação de alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, na Educação Básica, em todas as suas etapas e modalidades. Esta Resolução descreve em seu Artigo 8º As escolas da rede regular de ensino devem prever e prover na organização de suas classes comuns: IX–atividades que favoreçam, ao aluno que apresente altas habilidades/superdotação, o aprofundamento e enriquecimento de aspectos curriculares, mediante desafios suplementares nas classes comuns, em sala de recursos ou em outros espaços definidos pelos sistemas de ensino, inclusive para conclusão, em menor tempo, da série ou etapa escolar, nos termos do Artigo 24, V, “c”, da Lei 9.394/96. (BRASIL, 2001a, p.3). ESTADO DE SANTA CATARINA FUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DIRETORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO GERÊNCIA DE PESQUISA E CONHECIMENTOS APLICADOS NÚCLEO DE ATIVIDADES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO Foi nessa mesma resolução que o termo Altas Habilidades/Superdotação foi adotado pela primeira vez no Brasil. O Decreto 6.571/08 (BRASIL, 2008), reforça a política destinando aos alunos com necessidades educacionais especiais,o dobro dos recursos do FUNDEB repassados às escolas que ofereçam AEE, o Parecer CNE/CEB Nº 13/2009 (BRASIL, 2009) dá subsídios com vistas à elaboração de diretrizes operacionais regulamentando o atendimento educacional especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial, a Resolução CNE/CEB 4/2010 (BRASIL, 2010) define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica apontando como, quando, onde e quem ofertará esse serviço de AEE. Ressalta-se que para os alunos com AH/SD, são indicadas adaptações curriculares que ofereçam programas de enriquecimento escolar e de aprofundamento de estudos, cuja finalidade é de ajustar o ensino ao nível do desenvolvimento real dos alunos. Estas propostas podem ser realizadas tanto nas salas de aulas regulares como nas salas de atendimento educacional especializado ou salas de recursos, por áreas de talento ou de interesse. Logo são de competência da escola. O Decreto 6.571 de 2008 é substituído pelo Decreto 7.611 de 2011 que “dispõe sobre a Educação Especial, o atendimento educacional e dá outras providências” (BRASIL, 2011). Nele é garantido ao aluno com AH/SD o Atendimento Educacional Especializado – AEE gratuito, que deve ser oferecido de forma transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino. De acordo com o INEP8, o decreto define ainda que o AEE [...] compreende um conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos, organizados institucional e continuamente, prestados de forma complementar à formação de estudantes com deficiência e transtornos globais do desenvolvimento; e suplementar à formação de estudantes com altas habilidades/superdotação (BRASIL, 2011). Mudanças significativas no contexto Brasileiro ocorrem com a instauração do segundo PNE em 2014 que define novas vinte metas para o sistema educacional para os próximos dez anos. O texto traz apenas uma alteração significativa em relação à Educação Especial, a qual garante o AEE para a população de quatro a dezessete anos com necessidades educacionais especiais (BRASIL, 2014). Essa alteração impulsiona modificações nos artigos da LDB de 1996 sob Lei nº 13.632/2018 que dispõe sobre educação e aprendizagem ao longo da vida, estabelece que a partir de sua publicação a oferta de Educação Especial, terá início na 8 http://portal.inep.gov.br/web/educacenso/duvidas-educacao-especial ESTADO DE SANTA CATARINA FUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DIRETORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO GERÊNCIA DE PESQUISA E CONHECIMENTOS APLICADOS NÚCLEO DE ATIVIDADES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO educação infantil e estender-se-á ao longo da vida (BRASIL, 2018). Essa alteração tem significativa importância para os alunos da Educação Especial, pois garante a eles o atendimento especializado desde os primeiros anos de vida, até sua formação profissional (BURIN, 2019). As legislações mais atuais em relação à Educação Especial, em Santa Catarina, é a Resolução nº 100/2016 do CEE/SC, que define Educação Especial como “a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para o atendimento das necessidades educacionais especiais de alunos com deficiência, transtorno do espectro autista, transtorno de déficit de atenção/hiperatividade e altas habilidades/superdotação” (SANTA CATARINA, 2016b, p. 1), estabelece o Serviço de Estimulação Essencial a alunos de zero a seis anos, o AEE dos seis aos dezessete anos e a Educação Profissional dos 14 aos 17 anos, e define o público-alvo da Educação Especial no estado como sendo: Alunos com deficiência são aqueles que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. I. Alunos com deficiência auditiva [...] II. Alunos com deficiência visual [...] III. Alunos com deficiência física [...] IV. Alunos com deficiência múltipla [...] V. Alunos com surdocegueira [...] VI. Alunos com deficiência intelectual [...]. Alunos com transtorno do espectro autista [...]. Alunos com transtorno do déficit de atenção/hiperatividade [...]. Alunos com altas habilidades/superdotação demonstram potencial elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas: intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, além de apresentar grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em áreas de seu interesse (SANTA CATARINA, 2016b. p. 2-3). É neste documento que se oficializa o termo Atendimento Educacional Especializado se referindo às salas de atendimento para alunos com necessidades educacionais especiais, garantindo aos alunos superdotados a aceleração nos cursos ou anos “sempre que se constatarem altas habilidades ou atendimento pessoal das expectativas de aprendizagem, correspondentes a todas as disciplinas ou áreas de estudo oferecidas no ano ou curso em que o aluno estiver matriculado” (SANTA CATARINA, 2016b. p. 5). Em 2017 ocorre a reformulação do Programa Pedagógico no âmbito da Política de Educação Especial no estado de Santa Catarina. O Programa objetiva o atendimento à pessoa com deficiência, Transtorno Global do Desenvolvimento /Transtorno do Espectro do Autismo – TEA, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade – TDAH e superdotação, porém em seu art. 5º, que trata as áreas em que o AEE será oferecido, o aluno com AH/SD não é citado, ficando seu atendimento atrelado ao que trata no parágrafo único: “Nas ESTADO DE SANTA CATARINA FUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DIRETORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO GERÊNCIA DE PESQUISA E CONHECIMENTOS APLICADOS NÚCLEO DE ATIVIDADES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO localidades onde não é possível apresentar atendimento educacional especializado em área específica, será instituído o atendimento denominado Misto” (SANTA CATARINA, 2017, apud BURIN, 2019). Ainda tratando das legislações atuais o Governo de Santa Catarina apresenta uma proposta de atualização de sua Política de Educação Especial apontando que o AEE será “disponibilizado na rede regular de ensino, no contraturno, com o objetivo de complementar ou suplementar o processo de aprendizagem dos estudantes” (SANTA CATARINA, 2018, p.41) público-alvo da Educação Especial. O documento traz quais são os objetivos desse atendimento e as competências do professor do AEE salientando as atribuições desse professor e do assessor/orientador no atendimento aos alunos com AH/SD que passa a ocorrer em sala específica denominada AEE-AH/SD (BURIN, 2019). Assim compete ao professor do AEE-AH/SD “suplementar e enriquecer o processo de aprendizagem, realizar avaliação processual dos estudantes atendidos e assessorar o(s) professor(es) regente(s) e as famílias dos estudantes. E ao assessor/orientador do AEE-AH/SD: orientar o professor do AEE, desenvolver projetos para a identificação de estudantes com AH/SD, realizar avaliação pedagógica inicial para identificar indicadores de AH/SD, orientar os demais profissionais da(s) escola(s) e famílias do(s) estudante(s) atendido(s) e realizar capacitações na área” (BURIN, 2019, p.39). Hoje, sabe-se que, apesar das políticas públicas serem bem claras a respeito dos alunos com AH/SD, estes escondem suas capacidades e potencialidades em inúmeras histórias de fracasso escolar, a fim de não serem excluídos do convívio social por serem inteligentes ou por serem capazes de desempenho escolar bem-sucedido (DELOU, 2001). 2.2. NAAH/S Como já citado no capítulo anterior, segundo Virgolim (2014) de 15% a 30% da população possuem AH/SD e, enquanto parcela da educação especial, estes alunos possuem o direito de ter suas habilidades trabalhadas na rede regular de ensino – o que na maioria das vezes não ocorre. Os dados obtidos no Censo Escolar de 2005 sugerem que o número de alunos detectados estava (e ainda está) muito aquém do desejável e apontaram a necessidadede melhorar a identificação, a avaliação e o atendimento dos alunos com AH/SD, além da qualificação profissional dos professores para este fim. Esta situação justificou, em 2006, a implantação no país de centros de atendimento especializado, cujo objetivo geral é: ESTADO DE SANTA CATARINA FUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DIRETORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO GERÊNCIA DE PESQUISA E CONHECIMENTOS APLICADOS NÚCLEO DE ATIVIDADES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO Promover a identificação, o atendimento e o desenvolvimento dos alunos com AH/S das escolas públicas da educação básica, possibilitando sua inserção efetiva no ensino regular e disseminando conhecimento sobre o tema nos sistemas educacionais, nas comunidades escolares, nas famílias em todos os Estados e Distrito Federal (BRASIL, 2006, p.16). Como ponto de partida, o MEC/SEESP realizou cursos de formação de professores e disponibilizou recursos didáticos e materiais para a estruturação desses centros. Foram instituídos então, em todos os Estados e no Distrito Federal do Brasil, os Núcleo de Atividades de Altas Habilidades/Superdotação, os NAAH/S criados para o atendimento às pessoas com AH/SD, para a orientação às famílias e para a formação continuada aos professores (BRASIL, 2006). Como embasamento teórico, foi utilizada na criação dos NAAH/S a metodologia dos pesquisadores Renzulli e Reis (1986). Atualmente, o NAAH/S-SC ainda utiliza como referencial básico suas contribuições teórico-metodológicas, porém tendo em vista o desenvolvimento de outras teorias que também auxiliam a compreender as AH/SD, os núcleos usam suportes teóricos também de diferentes pesquisadores para melhor atender sua população. 2.3. O NAAH/S de Santa Catarina O NAAH/S-SC, por ser um núcleo que atende a necessidades educacionais especiais de alunos superdotados, foi implantado na FCEE e desde sua criação vem desenvolvendo ações para que as pessoas com indicativos de AH/SD sejam identificadas e atendidas, e para promover a disseminação dessa temática visando amenizar os mitos que envolvem essa população. É um espaço destinado ao atendimento educacional especializado a alunos com indicadores de AH/SD, o qual promove estratégias de identificação e atendimento para o desenvolvimento das habilidades e talentos dos alunos do Ensino Fundamental e Médio da Educação Básica. Em Santa Catarina, o Núcleo tem como missão definir e coordenar a política de atendimento ao aluno com AH/SD do sistema regular de ensino, com o objetivo Fomentar e difundir o conhecimento científico na área das AH/SD, orientando quanto à implantação de serviços de atendimento educacional especializado para alunos com AH/SD em todo o estado; Avaliar alunos com indicadores de AH/SD, identificando suas áreas de interesse específico, e promover atendimento educacional especializado; e Desenvolver metodologias para identificação e atendimento de alunos com AH/SD através de pesquisas científicas (SANTA CATARINA, 2016a, p. 35). ESTADO DE SANTA CATARINA FUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DIRETORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO GERÊNCIA DE PESQUISA E CONHECIMENTOS APLICADOS NÚCLEO DE ATIVIDADES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO Segundo Burin (2019) o Núcleo também é responsável por “assessorar a rede de ensino (regular, técnico e superior) e capacitar os profissionais da educação quanto à identificação, avaliação e ao atendimento dos alunos; realizar estudos e pesquisas na área das AH/SD; elaborar material didático, técnico e de divulgação; propor e/ou assessorar cursos de graduação e pós-graduação na área das AH/SD; prestar orientação e suporte psicológico às famílias; promover o atendimento educacional especializado a alunos com AH/SD; propor parcerias com instituições a fim de atender às necessidades dos alunos; garantir aos alunos que apresentam AH/SD acesso aos recursos específicos necessários a seu atendimento educacional; e gerenciar a implantação de salas de AEE-AH/SD no Estado” (p. 47). Para tal, o NAAH/S-SC atua conforme as diretrizes operacionais elencadas no programa de implantação de núcleos de atividades de AH/SD do MEC, através de três frentes de trabalho: (1) Unidade de atendimento à família: é composta por psicólogos e pedagogos, e sempre que necessário estes profissionais solicitam o auxílio dos professores das salas de atendimento. Esta unidade presta orientações e devolutiva do relatório final de avaliação dos alunos aos seus responsáveis, também é responsável por promover grupos e reuniões de pais para discussão e orientação, apoia e orienta os professores (das salas de atendimento especializado e também da escola regular) e os demais profissionais da área da educação em relação às características de personalidade e de aprendizagem dos alunos e dá suporte psicológico e emocional à família (BURIN, 2019); (2) Unidade de atendimento ao professor: é composta por pedagogos, psicólogos e professores das salas de atendimento. Esta unidade presta assessoria nas escolas dos alunos matriculados no NAAH/S-SC ou nos AEE-AH/SD, orientando professores e demais profissionais quanto à identificação e seu atendimento na rede regular, oferece cursos de formação continuada de profissionais da educação e desenvolve pesquisas em busca de novas estratégias de identificação e atendimento dos alunos com indicadores de AH/SD. Ao psicólogo e aos pedagogos cabe também a orientação aos professores das salas de atendimento educacional especializado (BURIN, 2019); e (3) Unidade de atendimento ao aluno: é composta pelos pedagogos, que fazem a avaliação inicial (primeira identificação de indicadores nos alunos), buscam e formam parcerias com entidades parceiras e organizam passeios e visitas de estudos a fim de prestar a suplementação em áreas específicas de interesse dos alunos; pelo psicólogo que faz orientações aos alunos e avaliação através dos testes de inteligência ou criatividade, caso seja necessário; e pelos professores das salas de atendimento que prestam o atendimento ESTADO DE SANTA CATARINA FUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DIRETORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO GERÊNCIA DE PESQUISA E CONHECIMENTOS APLICADOS NÚCLEO DE ATIVIDADES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO suplementar ao aluno (suplementação, enriquecimento curricular, atividades do Tipo I, II, III e IV9), desenvolvimento da criatividade, fazem a verificação da intensidade dos indicadores de AH/SD, a avaliação processual e desenvolvimento do relatório dos alunos e promovem a socialização entre pares (BURIN, 2019). 2.3.1. Ingresso no NAAH/S-SC Hoje o Núcleo está estruturado de forma que o ingresso dos alunos pode ocorrer por três meios conforme apresentado na Tabela 1. Tabela 1- Meios de ingresso dos alunos no NAAH/S-SC (1) Indicação pela família: Este método de ingresso ocorre quando profissionais da educação, amigos, colegas, psicólogos, médicos, ou a própria família identificam indicadores de AH/SD no sujeito. Os responsáveis legais da criança devem entrar em contato com o NAAH/S-SC10 e agendar uma avaliação. (2) Indicação por alto desempenho em competições: Alunos que apresentarem um alto desempenho em competições (receber medalha OBMEP ou apresentar uma obra de arte em feiras na escola, por exemplo) são indicados a participar de uma ou mais oficinas a fim de passar por avaliação processual e confirmar ou não comportamento de superdotação11. (3) Busca intencional: frequentemente o NAAH/S-SC faz busca intencional de alunos nas escolas da rede pública aplicando instrumento de identificação de indicadores de AH/SD ou desenvolvendo concursos e competições (tal como o Concurso de Desenho do NAAH/S da FCEE realizado em 201312, por exemplo) em busca de talentos escondidos nas escolas. Ressalta-se que não há necessidade de laudo médico para identificar, avaliar ou atender alunos com indicadores de AH/SD, tenho em vista que questões relacionadas à aprendizagem são avaliadas por equipe da área educacional. FONTE: Adaptado de BURIN, 2019, p. 48-49. 12Informação disponível em: http://naahssc.blogspot.com/2013/08/naahs-sc-lanca-o-i-concurso-de-desenho.html . 11 O conceito de comportamento de superdotação será apresentado no capítulo 5- Teoria de Renzulli para as AH/SD. 10 O agendamento pode ser feito através dos telefones: 3664-4897 ou 3664-4896. 9 As Atividades do Tipo I, II, III e IV fazem parte do Modelo Triádico de Enriquecimento de Renzulli (2014). http://naahssc.blogspot.com/2013/08/naahs-sc-lanca-o-i-concurso-de-desenho.html ESTADO DE SANTA CATARINA FUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DIRETORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO GERÊNCIA DE PESQUISA E CONHECIMENTOS APLICADOS NÚCLEO DE ATIVIDADES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO Diversas são as formas de indicação de alunos13, porém indica-se que o contato para agendar uma avaliação inicial ao aluno no NAAH/S-SC seja feito pelo responsável deste indivíduo, pois além de ser parte fundamental do processo avaliativo, é ele que transporta o educando até o Núcleo (BURIN, 2019). 2.3.2. A avaliação no NAAH/S-SC A avaliação dos alunos no Núcleo é processual, isto é, indica a prática de examinar a aprendizagem ao longo de diversas atividades realizadas. Inicialmente indica-se que a família procure o Núcleo para agendar uma triagem (avaliação inicial) que consiste em “entrevista com a família, entrevista com o aluno, preenchimento de ficha de identificação e de instrumentos de identificação de indicadores de AH/SD, apresentação de boletim escolar, carteira de identidade e CPF e, se existir, materiais de produção do aluno” (BURIN, 2019, p.49). Para complementar a avaliação inicial, o pedagogo responsável utiliza materiais didáticos-pedagógicos para identificar quais habilidades, características e área de interesse o aluno apresenta. Em alguns casos, o aluno passa por uma avaliação com o psicólogo a fim de detectar alguns indicadores de AH/SD (cabe ao psicólogo decidir a necessidade da utilização de testes de inteligência e/ou criatividade). Ao final do processo de avaliação inicial do aluno, a equipe multifuncional do NAAH/S-SC realiza um estudo de caso, trazendo todas as informações pertinentes do indivíduo, para verificar a existência e a consistência de indicadores de AH/SD (BURIN, 2019). Os alunos que não apresentam indicadores são desligados do NAAH/S-SC após receber um relatório descritivo referente à sua avaliação inicial; os que apresentam indicadores, mas não são identificados a uma área de interesse específica, são encaminhados à Oficina de Atividades Exploratórias I (umas das seis Oficinas oferecidas no Núcleo); e os alunos que apresentam indicadores em alguma área de interesse específico são encaminhados às respectivas Oficinas. Caso o aluno apresente interesse em áreas específicas não contempladas pelas Oficinas do NAAH/S-SC, ele será encaminhado a entidades parceiras ou profissionais que atendam suas necessidades educacionais especiais em suas respectivas áreas (BURIN, 2019). A avaliação processual dos alunos continua por aproximadamente três meses na Oficina preestabelecida durante a avaliação inicial. Atividades diferenciadas são utilizadas 13 Serão apresentadas em capítulo posterior. ESTADO DE SANTA CATARINA FUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DIRETORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO GERÊNCIA DE PESQUISA E CONHECIMENTOS APLICADOS NÚCLEO DE ATIVIDADES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO para a busca de outros indicadores e/ou para a verificação da consistência dos mesmos. Concomitante a isso, a equipe pedagógica e psicológica do Núcleo investigam a vida escolar do aluno em busca de informações pertinentes as AH/SD. Se, durante este processo, for identificado comportamento de superdotação14 no aluno, esse sujeito continua em atendimento no NAAH/S-SC na(s) Oficina(s) que representa(m) áreas de seu interesse, e caso não apresente, ele será desligado do serviço. 2.3.3. O Atendimento aos alunos no NAAH/S-SC Após constatado o comportamento de superdotação, os alunos da rede regular de ensino passam a ser atendidos no NAAH/S-SC com o intuito não apenas de dar continuidade às observações dos indicadores de AH/SD, mas também com o objetivo de desenvolver as habilidades identificadas. As salas de atendimento do NAAHS-SC comportam seis oficinas mais duas oficinas extras conforme apresentado na Tabela 2: Tabela 2 - Oficinas do NAAH/S-SC Oficina de Atividades Exploratórias I e II , que atendem os alunos com indicadores de AH/SD que ainda não possuem uma área de interesse ou habilidade específica, proporcionando atividades que estimulem seu potencial, suas curiosidades e criatividade. Essas Oficinas servem como modelo de funcionamento das Salas de AEE-AH/SD implantadas em diversos municípios do Estado; Oficina de Robótica Educacional, que tem por objetivo desenvolver as competências necessárias para o uso teórico e prático da tecnologia, bem como o estudo de conceitos multidisciplinares; Oficina de Leitura e Produção Textual, que busca estimular as habilidades de leitura e escrita, ampliando a competência e desenvolvendo a habilidade dos alunos nessa área; Oficina de Artes Plásticas/Visuais, que visa desenvolver as habilidades na área de Artes, orientando os alunos quanto ao aprimoramento de técnicas, utilização de recursos e contribuindo para o desenvolvimento de uma linguagem artística; e Oficina de Lógica e Matemática, que promove a suplementação acadêmica na área da matemática, identifica interesses específicos e desenvolve a habilidade dos alunos nessa área. 14 Segundo Teoria de Renzulli e Reis (1986). ESTADO DE SANTA CATARINA FUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DIRETORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO GERÊNCIA DE PESQUISA E CONHECIMENTOS APLICADOS NÚCLEO DE ATIVIDADES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO Oficinas Extras: Música e Teatro. Estas oficinas surgem conforme a demanda dos estudantes e visam avaliar e desenvolver as habilidades dos sujeitos que possuem interesse na área. FONTE: Adaptado de BURIN, 2019, p. 49-50. Os atendimentos aos alunos acontecem uma vez por semana no contraturno do período escolar do aluno, com duração de três horas mais trinta minutos de intervalo para lanche (proposto pela instituição) e interação entre seus pares (BURIN, 2019). As Oficinas do NAAH/S-SC realizam o planejamento das atividades, que podem ser de forma individual ou coletiva (grupos de no máximo quatro alunos) levando em conta a área específica de interesse do aluno e valorizando os diferentes estilos e ritmos de aprendizagem. Todas as atividades desenvolvidas nos encontros, bem como o desenvolvimento destas pelo aluno, são registradas em forma de diário, para com isso, ao final do ano (o mesmo final de ano letivo das escolas regulares) os profissionais que participaram do processo avaliativo e atendimento desse aluno emitirem um relatório à família. O registro das produções dos alunos é organizado em forma de portfólio individual, que poderá ser entregue ao aluno no final do ano. A equipe responsável pelo atendimento ainda proporciona a esses alunos visitas a eventos e instituições que promovam atividades específicas, objetivando ampliar o conhecimento dos alunos através de contato com profissionais das mais diversas áreas do conhecimento. Alunos que já atingiram notável desempenho com produções semelhantes à de profissionais são encaminhados e incentivados a apresentarem seus produtos em estágios, exposições, tutorias, etc. 2.4. Aceleração escolar A aceleração consiste na flexibilização do currículo, permitindo avançar e cumprir em menor tempo as séries escolares. De acordo com Cupertino (2008): A aceleração é mais uma forma de flexibilizar sistemas educacionais muito cristalizados, desta vez por permitir ao aluno que pule etapas da formação regulamentar. Pode se dar de maneiras diferentes: pela entrada precoce na escola, pela dispensa de cursos, ou pelo estabelecimento de programas de estudos acelerados, flexíveis no ritmo, tarefas e/ou áreas de conhecimento (p. 50). ESTADO DE SANTA CATARINAFUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DIRETORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO GERÊNCIA DE PESQUISA E CONHECIMENTOS APLICADOS NÚCLEO DE ATIVIDADES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO Entre os objetivos da aceleração de estudos encontram-se (DELOU, 2007): (a) ajustar o ritmo de ensino às potencialidades dos estudantes, a fim do desenvolvimento de um trabalho ético racional; (b) fornecer um nível apropriado de desafio escolar a fim de evitar o tédio oriundo da repetição das aprendizagens; (c) reduzir o período de tempo necessário para o estudante completar a escolarização tradicional, incluindo-se a entrada precoce na escola ou na universidade. Atualmente existem 18 tipos de Aceleração de Estudos e o Brasil prevê todos eles na LDB e nos documentos legais, dela, decorrentes, conforme Tabela 3: Tabela 3 - Tipos de aceleração vigentes no Brasil 1. Ingresso antecipado no Jardim de Infância (LDB, Art. 24, II - c); 2. Ingresso antecipado no Ensino Fundamental (LDB, Art. 24, II - c); 3. Saltar séries ou anos (LDB, Art. 24, II - c); 4. Avanço contínuo (LDB, Art. 24, V- c); 5. Ensino segundo o ritmo do estudante (LDB, Art. 4º, V); 6. Aceleração de matérias / Aceleração parcial (LDB, Art. 24, IV); 7. Classes combinadas (LDB, Art. 24, IV); 8. Plano de estudos compactado (LDB, Art. 23); 9. Plano de estudos abreviado (LDB, Art. 23); 10. Mentores (previsto nos Programas com orientação acadêmica como a iniciação científica, PET e todas as demais bolsas); 11. Programas extracurriculares (previsto nos Projetos Pedagógicos dos cursos de Graduação, e nas bolsas de pesquisa e extensão); 12. Cursos à distância (LDB, Art. 32, § 4º); 13. Graduação antecipada (LDB, Art. 47, § 1º); 14. Curso simultâneo/paralelo; 15. Colocação Avançada (LDB, Art. 24, IV); 16. Créditos por provas (LDB, Art. 47, § 2º); 17. Aceleração universitária (LDB, Art. 47, § 2º); 18. Ingresso antecipado no Ensino Médio, pré-vestibular ou universidade (apenas comprovando documentação relativa aos níveis de ensino anteriores, LDB. FONTE: http://superdotadosetalentos.blogspot.com.br/p/aceleracao-de-estudos.html Vale ressaltar que o processo de aceleração deve ser cuidadoso. O profissional precisa avaliar, além do conhecimento acadêmico e da capacidade intelectual, aspectos como o desenvolvimento emocional e a maturidade, e até mesmo o crescimento físico, para não criar incompatibilidades muito grandes. http://superdotadosetalentos.blogspot.com.br/p/aceleracao-de-estudos.html ESTADO DE SANTA CATARINA FUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DIRETORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO GERÊNCIA DE PESQUISA E CONHECIMENTOS APLICADOS NÚCLEO DE ATIVIDADES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO “A progressão deve ser suave e contínua de forma a não gerar lacunas sérias na formação global da criança” (SABATELLA; CUPERTINO, 2007). 2.5. Expansão dos serviços No início das atividades os serviços prestados diretamente aos alunos eram nucleares, porém desde 2016 o NAAH/S-SC oficializou a implantação de Salas de Atendimento Educacional Especializado para alunos com AH/SD (AEE-AH/SD) em diversos municípios do Estado, através da publicação do documento Diretrizes para implantação de atendimento educacional especializado para alunos com altas habilidades/superdotação. Esse movimento vem descentralizando e expandindo o serviço alcançando um maior número de alunos identificados e atendidos (BURIN, 2019). Como projeto piloto para a implantação dos AEE-AH/SD, em 2014 o NAAH/S-SC assessorou a abertura de dois serviços para alunos com AH/SD no Estado: o Serviço de Atendimento Educacional Especializado – SAEDE em AH/SD na EEB Altamiro Guimarães, no município de Antônio Carlos, por ela possuir um alto número de alunos identificados através da premiação da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas – OBMEP. Ainda no ano de 2014 orientou também a abertura de atendimento a alunos com AH/SD no Centro Associativo de Atividades Psicofísicas Patrick - CAPP, instituição congênere a FCEE, no município de Chapecó. No ano de 2015 foi autorizada pela FCEE a abertura SAEDE-AH/SD na EEB Sagrado Coração de Jesus, no município de Canoinhas, e na EEB Druziana Sartori também no município de Chapecó. Atualmente, todos esses serviços são definidos com AEE-AH/SD. Com a publicação da primeira versão do documento o projeto de expansão intensificou-se sendo sete Pólos de AEE-AH/SD pelo Estado apenas no ano de 2016 e mais sete Pólos no ano de 2017. Em 2018 houve a atualização do documento das Diretrizes para o AEE-AH/SD sendo denominado como “Diretrizes para o atendimento educacional especializado para alunos com altas habilidades/superdotação” e reformulado no início do ano de 2020 chegando a sua versão final15. 15 Este documento faz parte das Diretrizes para o atendimento educacional especializado (AEE) na rede regular de ensino de Santa Catarina e encontra-se disponível em: https://www.fcee.sc.gov.br/downloads/biblioteca-virtual/educacao-especial/temas-gerais/1400-diretrizes-para-o-a tendimento-educacional-especializado-aee-na-rede-regular-de-ensino-de-santa-catarina https://www.fcee.sc.gov.br/downloads/biblioteca-virtual/educacao-especial/temas-gerais/1400-diretrizes-para-o-atendimento-educacional-especializado-aee-na-rede-regular-de-ensino-de-santa-catarina https://www.fcee.sc.gov.br/downloads/biblioteca-virtual/educacao-especial/temas-gerais/1400-diretrizes-para-o-atendimento-educacional-especializado-aee-na-rede-regular-de-ensino-de-santa-catarina ESTADO DE SANTA CATARINA FUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DIRETORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO GERÊNCIA DE PESQUISA E CONHECIMENTOS APLICADOS NÚCLEO DE ATIVIDADES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO Até o segundo semestre de 2022, ao todo 32 Pólos foram implantados no Estado de Santa Catarina e destes 31 estão em funcionamento e 02 iniciarão os atendimentos ao aluno em 2023, conforme apresentados na Tabela 4. Tabela 4 - Implantação de AEE-AH/SD em Santa Catarina Quant. CRE Escola-Região/cidade 01 18º - Grande Florianópolis EEB Altamiro Guimarães (Antônio Carlos) 02 EEB Prof Eloísa Maria Prazeres de Faria (Biguaçu) 03 EEB Simão José Hess (Florianópolis) 04 EEB Dom Jaime de Barros Câmara (Palhoça) 05 17ª - Itajaí EEB Pedro Paulo Philippi (Itajaí) 06 23ª - Joinville EEB Jandira D’Ávila (Joinville) 07 24ª - Jaraguá do Sul EEB Heleodoro Borges (Jaraguá do Sul) 08 27ª - Lages EEB Frei Nicodemos (Lages) 09 EEB Vidal Ramos (Lages) 10 EEB Elza Deeke (Otacílio Costa) 11 12ª - Rio do Sul EEB Paulo Cordeiro (Rio do Sul) 12 15ª - Blumenau EEB João Widemann (Blumenau) 13 19ª - Laguna EEB José Rodrigues Lopes (Garopaba) 14 20ª - Tubarão EEB Henrique Fontes (Tubarão) 15 EEB Pref. Osny Pereira (Jaguaruna) 16 36ª - Braço do Norte EEB Dom Joaquim (Braço do Norte) 17 21ª-Criciúma EEB Heriberto Hulse (Criciúma) 18 22ª - Araranguá EEB Maria Garcia Pessi (Araranguá) 19 EEB João Colodel (Turvo) 20 11ª - Curitibanos EEB Prof. Antônio Francisco de Campos (Curitibanos) 21 07ª - Joaçaba EEB Nelson Pedrini (Joaçaba) 22 08ª - Campos Novos EEB Paulo Blasi (Campos Novos) 23 06ª - Concórdia CEJA (Concórdia) 24 26ª – Canoinhas EEB Sagrado Coração de Jesus (Canoinhas) 25 30ª – Dionísio Cerqueira EEB Theodureto Carlos de Faria Souto (Dionísio Cerqueira) 26 02ª – Maravilha EEB Juscelino Kubitschek 27 4ª - Chapecó EEB Zélia Scharf 28 EEB Geni Comel (Chapecó) ESTADO DE SANTA CATARINA FUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DIRETORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO GERÊNCIA DE PESQUISA E CONHECIMENTOS APLICADOS NÚCLEO DE ATIVIDADES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO 29 EEB Druziana Sartori (Chapecó) 30 EEB Zitta Flasch (Chapecó) 31 CEJA (Chapecó) 32 CAPP - Instituição Conveniada FONTE: Elaborado pelo autor. Conforme exposto ao longo deste capítulo, fica claro que a legislação que ampara os alunos com necessidade educacionais especiais prevê o atendimento especializado do aluno com AH/SD. Por este motivo, o aluno com AH/SD precisa ser identificado na escola, espaço esse primordialque deve oferecer atendimento a esses alunos, cidadãos como os demais e que têm direito à educação de qualidade e de alto nível. Além disso, recomenda-se, às escolas de Educação Básica, o estabelecimento de parcerias com instituições de Ensino Superior a fim de não só identificar os alunos que apresentem AH/SD, como também, encaminhá-los a espaços onde a pesquisa científica os estimula a pensar, a investigar e a descobrir, transformando, assim, a sociedade onde vivem. Neste capítulo você conheceu a legislação que ampara o sujeito com AH/SD. As teorias, características e modelos educacionais que permeiam nossa prática de trabalho com esses alunos serão abordados em capítulos posteriores. Espero que estejam gostando do curso até o momento. Bons estudos! 2.6. Referências BRASIL. Lei nº 13.632, de 6 de marco de 2018. altera a lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (lei de diretrizes e bases da educação nacional), para dispor sobre educação e aprendizagem ao longo da vida. Diário Oficial da União, Poder Executivo Brasília, DF, 2018. BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o plano nacional de educação (PNE) e dá outras providencias. Diário Oficial da União, Poder Executivo Brasília, DF, v. 26, 2014. BRASIL. Decreto Nº 7.611, De 17 De Novembro De 2011. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm . Acesso em 17 ago 2016. BRASIL. Resolução Nº 4, De 13 De Julho De 2010. Disponível em http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_10.pdf . Acesso em 17 ago 2016. BRASIL. Parecer CNE/CEB Nº 13 de 24 set 2009. Disponível em http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/pceb013_09_homolog.pdf . Acesso em 17 ago 2016. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/rceb004_10.pdf http://portal.mec.gov.br/dmdocuments/pceb013_09_homolog.pdf ESTADO DE SANTA CATARINA FUNDAÇÃO CATARINENSE DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DIRETORIA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO GERÊNCIA DE PESQUISA E CONHECIMENTOS APLICADOS NÚCLEO DE ATIVIDADES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO BRASIL. Decreto Nº 6.571, De 17 De Setembro De 2008. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/Decreto/D6571.htm . Acesso em 17 ago 2016. BRASIL. Saberes e práticas da inclusão : desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos com altas habilidades/superdotação. [2. ed.] / coordenação geral SEESP/MEC. Brasília : MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006. 143 p. (Série: Saberes e práticas da inclusão) BRASIL. Resolução nº 2, de 11 de setembro de 2001a. 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