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Unidade 3 Abordagens Modernas da Administração Antonio Carlos Pisicchio Evolução do Pensamento em Administração Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Gerente Editorial CRISTIANE SILVEIRA CESAR DE OLIVEIRA Projeto Gráfico TIAGO DA ROCHA Autor ANTONIO CARLOS PISICCHIO O AUTOR Antonio Carlos Pisicchio Olá. Meu nome é Antonio Carlos Pisicchio. Sou formado em Administração pela Universidade Estadual de Londrina e sou Mestre em Administração pela Universidade Federal do Paraná, com uma experiência técnico-profissional na área de administração, estratégia e marketing. Passei por empresas de diversos setores como Engenharia e Construção Civil, Recuperação de Crédito e Educação, atuando em setores de estratégia e inteligência de mercado. Sou apaixonado pelo que faço e adoro transmitir minha experiência de vida àqueles que estão iniciando em suas profissões. Por isso, fui convidado pela Editora Telesapiens a integrar seu elenco de autores independentes. Estou muito feliz em poder ajudar você nesta fase de muito estudo e trabalho. Conte comigo! ICONOGRÁFICOS Olá. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimento de uma nova compe- tência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser priorizadas para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofundamen- to do seu conheci- mento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou dis- cutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últi- mas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma atividade de au- toaprendizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; SUMÁRIO Administração por Objetivos .................................................................. 12 Origem da Administração por Objetivos ........................................................................ 12 Características da APO ................................................................................................................ 13 Estabelecimento Conjunto de Objetivos .................................................. 15 Estabelecimento de Objetivos de cada Departamento ou Função.................................................................................................................................. 16 Interligação entre os Vários Objetivos Departamentais .................... 16 Ênfase na Mensuração e Controle de Resultados .............................. 16 Continua Avaliação, Revisão e Reciclagem dos Planos .................. 16 Participação Atuante dos Gestores e Subordinados ........................ 17 Apoio Intensivo do Staff ........................................................................................... 17 Objetivos ................................................................................................................................................ 17 Como Definir Objetivos? .......................................................................................... 18 Hierarquia dos Objetivos ........................................................................................ 19 Estratégia Organizacional ......................................................................................................... 20 Qual a Diferença entre Estratégia e Tática ................................................ 20 Planejamento Estratégico ...................................................................................... 21 Matriz SWOT ....................................................................................................................23 Ciclo APO ..............................................................................................................................................24 Críticas à Administração por Objetivos............................................................................25 Abordagem Estruturalista .......................................................................27 Origens da Teoria Estruturalista ............................................................................................28 Teoria Burocrática de Weber ...............................................................................29 Sociedade de Organizações .................................................................................................. 30 Organizações Formais .............................................................................................. 31 Organizações Complexas ...................................................................................... 31 O Homem Organizacional ......................................................................................................... 31 Características da Teoria Estruturalista ...........................................................................32 Análise de Organizações ...........................................................................................................33 Organização Formal e Informal ..........................................................................33 Recompensas Materiais e Sociais ...................................................................33 Diferentes Enfoques de Organização............................................................34 Níveis Organizacionais .............................................................................................34 Diversidade de Organizações .............................................................................34 Análise Inter Organizacional .................................................................................35 Tipologia de Organização de Etzioni ................................................................................35 Ambiente Organizacional ..........................................................................................................37 Estratégia Organizacional ..........................................................................................................37 Conflitos Organizacionais ......................................................................................................... 39 Críticas a Teoria Estruturalista ............................................................................................... 40 Abordagem Comportamental ................................................................ 41 Origens da Teoria Comportamental ..................................................................................42 Pressupostos da Teoria Comportamental..................................................43 Teoria da Hierarquia de Necessidades de Maslow ................................................43 O que a Teoria de Maslow Mostra ...................................................................45 Teoria dos Dois Fatores de Herzberg ...............................................................................45 Teoria X e Teoria Y ...........................................................................................................................47 Teoria X ................................................................................................................................47 Teoria Y ................................................................................................................................47 Processo Decisório .......................................................................................................................48 Teoria do Equilíbrio Organizacional................................................................................... 49 Conflitos entre a Organização e seus Participantes ............................................. 50 Liderança ............................................................................................................................................... 51 Críticas à Teoria Comportamental ....................................................................................... 51 Teoria de Sistemas......................................................................................54 Premissas Básicas da Teoria de Sistemas ....................................................................55 Conceito de Sistemas ..................................................................................................................55 Classificação de Sistemas .................................................................................... 56 Componentes dos Sistemas ............................................................................... 56 Organização como um Sistema Aberto ..........................................................................57 ENTRADA ...........................................................................................................................57 AMBIENTE .........................................................................................................................57 REALIMENTAÇÃO ........................................................................................................57 PROCESSAMENTO......................................................................................................57 SAÍDA ....................................................................................................................................57 Modelo de Organização de Katz e Kahn ...................................................................... 58 Contribuições e Críticas à Teoria de Sistemas ..........................................................60 Evolução do Pensamento em Administração 9 LIVRO DIDÁTICO DIGITAL UNIDADE 03 Evolução do Pensamento em Administração10 INTRODUÇÃO Estamos chegando na parte final de nossa disciplina, onde buscamos estudar os conceitos centrais de administração, que são fundamentais para basear os demais aprendizados nessa área. Dessa forma, estudamos inicialmente conceitos básicos como o que é administração, o que faz um administrador, para em seguida nos aprofundarmos e estudar as origens de administração e os primeiros pensadores da área. Dessa forma, estudamos a administração cientifica, teoria clássica, teoria das relações humanas e teoria neoclássica, que foram as primeiras abordagens de administração, sendo predominantes até meados de 1950- 1970, e mesmo após esse período ainda exercem influência tanto nas teorias que veremos a seguir quanto diretamente no trabalho dos administradores. Nessa unidade, veremos teorias mais recentes de administração, essas teorias se iniciaram em decorrência das abordagens clássicas que estudamos na última unidade, buscando resolver algumas das críticas que essas teorias sofrem e ao mesmo tempo focando no desenvolvimento de novos conceitos, inserindo novas áreas de pesquisa e ampliando o escopo e atuação da administração. Evolução do Pensamento em Administração 11 OBJETIVOS Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 3. Nosso propósito é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes objetivos de aprendizagem até o término desta etapa de estudos: 1. Explicar a origem, os conceitos e os avanços propostos pela administração por objetivos. 2. Interpretar o que é a abordagem estruturalista, como ela une os conceitos de burocracia, teoria clássica e relações humanas. 3. Identificar as mudanças propostas pela abordagem comportamental e como ela avança os temas da teoria das relações humanas. 4. Explicar a teoria de sistemas e como ela impacta na visão das organizações. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! Evolução do Pensamento em Administração12 Administração por Objetivos INTRODUÇÃO: Ao término deste capítulo, teremos explorado a teoria da administração por objetivos, uma teoria derivada da teoria neoclássica, que introduziu o chamado planejamento estratégico, e buscou ampliar o conceito de planejamento, objetivos e metas, para dessa forma atingir os resultados que as organizações esperam. E aí, achou interessante? Essa teoria repercute até hoje no planejamento realizado pelas empresas. Ao estudarmos a administração por objetivos, percebemos que, em decorrência dessa teoria, ela busca estabelecer princípios universais, mas também altera o foco da função do administrador para os objetivos organizacionais. Dessa forma, a administração por objetivos entende que a principal função da administração é traçar os objetivos organizacionais e destrinchar esses objetivos em metas para as os demais níveis organizacionais. Para tanto, iremos estudar a origem dessa teoria, o que ela propõe, o processo de planejamento estratégico, como definir objetivos, o ciclo APO e, por fim, veremos quais críticas são feitas a essa abordagem. Origem da Administração por Objetivos A administração por objetivos (APO), surge como um ramo da teoria neoclássica, sendo iniciada por Peter Drucker (1909-2005), que em 1954 publicou o livro The Practice of Management, que trouxe as primeiras ideias ligadas a administração por objetivos Evolução do Pensamento em Administração 13 Figura 1: Peter Drucker Fonte: @commons Neste livro, Drucker defende a mudança do foco da administração das atividades meio (tarefas e processo administrativo), para as atividades fim, ou resultados, dessa forma, o foco deixa de ser “como administrar” para ser “por que administrar”. Dessa forma, Drucker defende um pensamento pragmático para a administração, que deve focar nos resultados a serem obtidos e buscar planejar metas e ações para atingir os objetivos esperados Características da APO Como vimos anteriormente, a APO é uma teoria focada nos objetivos. Dessa forma, defende que gestores e subordinados identifiquem objetivos comuns, definir responsabilidades e com isso guiar todas as atividades da organização para cada objetivo específico. Evolução do Pensamento em Administração14 EXPLICANDO MELHOR: A APO defende que o foco da administração é definir objetivos e planejar ações para atingi-los, buscando se antecipar ao mercado e desenhar ações claras e bem definidas para cumprir tais objetivos. Ao mesmo tempo, a APO acredita que existe vantagem em desenvolver os objetivos de forma conjunta entre gestores e subordinados. Com os objetivos traçados e realizadas as ações para atingi-los, cabe aos gestores avaliar o desempenho das ações, assim, podemos afirmar que outra parte fundamental da APO é a avaliação de desempenho, ou controle dos resultados esperados, a partir do monitoramento desses resultados é que a APO irá traçar novos objetivos e ações, podendo também alterar as ações conforme estão se desenvolvendo. Em resumo, a APO trabalha da seguinte maneira 1. O gestor e subordinados discutem os desempenhos anteriores, avaliam os resultados e formulam objetivos em conjunto; REFLITA: O que você acha de uma gestão mais participativa? Acredita que pode trazer vantagens para as organizações? Será que um funcionário que participa das decisões tem melhor qualidade de vida no trabalho? Será que é possível haver participação de forma organizada? 2. O gestor com base nos objetivos traçados deve organizar os recursos da organização para servir de apoio para as equipes que irão realizar as ações planejadas. Dessa forma, não basta apenas traçar objetivos, mas fornecer apoio para o desenvolvimento desses, seja apoio em recursos financeiros, treinamentos, tempo entre outros fatores; Evolução do Pensamento em Administração 153. As equipes desenvolvem as ações e são monitoradas pelos gestores; 4. Periodicamente, ocorrem reuniões para avaliar o andamento das ações de forma conjunta; 5. A partir dessa avaliação, os processos e tarefas desenvolvidos são reavaliados e possivelmente modificados para atingir os objetivos da melhor forma. SAIBA MAIS: Para entender melhor como a APO enxerga a função dos gestores assista dois filmes, o primeiro O Patriota (2000) de Roland Emerich e O Resgate do Soldado Ryan (1998) de Steven Spilberg, podemos observar as mudanças nas estratégias de guerra ao longo dos anos. No primeiro filme, observamos que os exércitos se movimentavam em grandes blocos, onde cada soldado tem uma única função, no segundo filme, observamos que na guerra mais moderna, cada equipe possui um objetivo e uma meta de tempo para atingir esse objetivo, para tanto, recebem recursos e soldados e devem atingir esse objetivo, de forma similar ao que a APO prega. Segundo Chiavenato (2011), a APO apresentas as seguintes características, que veremos a seguir: Estabelecimento Conjunto de Objetivos Conforme vimos anteriormente, a APO acredita que tanto os gestores quanto os colaboradores podem contribuir para o estabelecimento de objetivos, com seus conhecimentos e experiência. No entanto, cada organização tem um grau de participação diferente da outra. Evolução do Pensamento em Administração16 Estabelecimento de Objetivos de cada Departamento ou Função Para a APO, a organização deve estabelecer objetivos gerais, também chamados de objetivos organizacionais, esses objetivos devem ser segmentados para cada função ou departamento da organização, também é importante definir métricas para garantir o cumprimento desses objetivos. Interligação entre os Vários Objetivos Departamentais Para a APO, é fundamental que haja coerência entre os objetivos organizacionais e os demais objetivos departamentais, dessa forma, todos objetivos estão estritamente ligados e conectados. Ênfase na Mensuração e Controle de Resultados Controlar os resultados e tarefas é fundamental para a APO. Dessa forma, as organizações devem estabelecer objetivos organizacionais, destrinchar esses objetivos em ações que devem possuir objetivos táticos e operacionais. Em todos esses objetivos e ações, a APO foca em determinar mecanismos de controle e mensuração de desempenho, sendo também elementos de difícil implementação e que demanda mais trabalho dos gestores para a APO. Continua Avaliação, Revisão e Reciclagem dos Planos A APO é uma filosofia de trabalho que gira em torno do estabelecimento de objetivos e do alcance desses objetivos, dessa forma, é necessário um acompanhamento constante das ações e tarefas, com métodos de controle e reuniões, que servem de base para o acompanhamento de resultados, a partir disso, os resultados servem de base para novos objetivos e planos de ação. Evolução do Pensamento em Administração 17 Participação Atuante dos Gestores e Subordinados Como vimos, a APO enxerga valor na participação conjunta de gestores e funcionários, tanto no desenvolvimento dos objetivos, quanto na aplicação e controle das ações, sendo necessário o trabalho em conjunto para produzir as informações e controles que baseiam os próximos objetivos e ações. Apoio Intensivo do Staff Como vimos, a APO demonstra que são necessários recursos para desenvolver ações e atingir os objetivos, dessa forma, a gerência deve apoiar constantemente os funcionários, tanto com recursos físicos, treinamentos, informações, conhecimentos e ferramentas para atingir os objetivos. Objetivos Para APO, os objetivos são centrais, o que possibilita a compreensão do que são objetivos, o que definem e como estabelecer esses objetivos da melhor forma. Podemos dessa forma entender que os objetivos proporcionam: 1. Diretriz ou uma finalidade comum; 2. Melhorias no trabalho em equipe, que passa a ser guiado por essa diretriz; 3. Base para avaliação e desenvolvimento de planos e ações; 4. Maior capacidade de previsão do futuro, uma vez que são uma expectativa do futuro, permitindo que a organização tenha um rumo para o seu futuro; 5. Uma melhor distribuição dos recursos, uma vez que, proporcionam prioridades que devem receber esses recursos. Evolução do Pensamento em Administração18 Como Definir Objetivos? Dado a importância da definição dos objetivos possui, é necessário entender como definir objetivos, uma vez que segundo a APO, os objetivos irão guiar toda a estrutura de ações da organização. Assim, segundo Chiavenato (2011) os seguintes critérios são necessários para definir objetivos: 1. Procurar as atividades de maior impacto 2. O objetivos deve ser mensurável, específico e claro. Para tanto, deve- se basear em dados concretos, respondendo às perguntas: Oque? Quanto? Quando? 3. Focalizar os objetivos nas atividades e não nas pessoas 4. Detalhar cada objetivo em metas secundarias 5. Usar linguagem compreensível 6. Indicar resultados a serem atingidos, mas não limitando como atingir o objetivo, dessa forma, deve indicar o quanto e o que, e não como limitar como fazer 7. Deve ser difícil de atingir, porém, deve ser possível de ser atingido REFLITA: Qual é o efeito de estabelecer metas inalcançáveis? Muitas empresas colocam metas muito difíceis de ser alcançadas para evitar premiar resultados, será que no fim das contas o resultado final compensa? Será que as metas são capazes de motivar os funcionários? Evolução do Pensamento em Administração 19 EXPLICANDO MELHOR: Quais são os objetivos mais comuns? Cada organização atua em um segmento diferente, o que acaba gerando objetivos diferentes, porém, alguns dos objetivos mais comuns são: (1) Obter uma posição competitiva no mercado; (2) Desenvolver novos produtos e inovações; (3) Ter eficiência produtiva e qualidade; (4) Responsabilidade social e transparência; (5) Satisfação dos clientes e bom atendimento. Em resumo, para a APO, desenvolver objetivos é fundamental para guiar as ações, dessa forma, os gestores e equipe devem desenvolver objetivos que sejam claros, mensuráveis, de fácil entendimento, possível de ser atingido e que seja capaz de gerar resultados para sustentar a organização. Hierarquia dos Objetivos As organizações não possuem um único objetivo, mas sim um conjunto de objetivos e sub-objetivos, dessa forma, surge o problema de como priorizar e organizar esses objetivos, quais são mais importantes, para resolver esse problema, a APO propõe que se deve organizar os objetivos de acordo com o nível organizacional que se relaciona, dessa forma temos: 1. Objetivos estratégicos: são os objetivos organizacionais, são relacionados ao longo-prazo, abrangem a organização como um todo e possuem uma grande amplitude. 2. Objetivos táticos: são objetivos departamentais, referentes à cada função organizacional (Ex. Marketing, finanças, recursos humanos, pesquisa e desenvolvimento e produção). Abrangem cada departamento ou área e estão relacionados ao médio e curto prazo. 3. Objetivos operacionais: são os objetivos de cada tarefa ou ação, abrangem aquela ação e estão relacionados ao curto prazo. Evolução do Pensamento em Administração20 Exemplo: Um exemplo de definição de objetivos: Uma concessionaria pode estabelecer como objetivo estratégico se tornar a maior concessionaria da região, dessa forma pode colocar para o seu departamento de marketing um objetivo de atingir uma taxa de conversão de 70% das vendas, com isso em mente o gestor de marketing pode organizar uma promoção que tem como objetivo cadastrar 90 clientes novos no sistema da empresa. Estratégia Organizacional Como vimos, para APO, é central a figura do planejamento que é a função responsável por estabelecer os objetivos, a partir desses objetivos, cada organização estabelece sua estratégia e o chamado planejamento estratégico, que veremos a seguir. Qual a Diferençaentre Estratégia e Tática Para entendermos o que é planejamento estratégico e o que é estratégia, é necessário entendermos primeiramente o que é estratégia e qual a diferença em relação a tática, uma vez que usualmente confundimos esses dois termos. A palavra estratégia é derivada do grego stratego, que era como se chamava o comandante militar de um strato, que significa um conjunto de pessoas. Dessa forma, a palavra estratégia surge no contexto militar, indicando um general que é responsável por comandar um grupo. No contexto de organizações, estratégia indica um meio, um conjunto de ações para se atingir objetivos globais, é focada no futuro e no longo-prazo, guiando todas as ações da organização rumo aos objetivos organizacionais ou estratégicos. A estratégia é composta por diversas ações táticas, que são um plano para atingir-se os sub-objetivos que uma vez alcançados irão contribuir para atingir-se os objetivos estratégicos. Evolução do Pensamento em Administração 21 Planejamento Estratégico Tendo definido estratégia, passamos para o processo de planejamento estratégico, que é central para APO, pois é a partir do planejamento estratégico que a organização irá definir sua missão, visão e valores. Além disso, o planejamento estratégico é que irá definir as bases para o desenvolvimento do planejamento tático e desenvolvimento das ações, para tanto, segue-se os seguintes passos: 1. Formulação dos objetivos organizacionais: etapa onde se definem os objetivos globais, de longo-prazo, identificando as alternativas estratégicas, quando a empresa está em operação, deve-se basear na missão, visão e valores da empresa. Caso a organização esteja em formação, deve-se desenvolver a missão, visão e valores da empresa. EXPLICANDO MELHOR: O que é missão, visão e valores? São componentes estratégicos da organização, a missão é a razão de existência daquela organização. Já a visão é como a organização enxerga seu futuro no longo-prazo, e como enxerga o ambiente externo no futuro. Por fim, os valores da empresa definem como a organização deve trabalhar, quais os valores éticos e morais daquela organização. 2. Análise do ambiente externo: uma vez definidos os objetivos, a organização deve analisar o ambiente externo, para compreender o mercado em que a organização atua, qual é a concorrência e competição que sofre e quais fatores globais afetam a organização. 3. Análise interna da organização: além de compreender o ambiente externo, a organização deve fazer uma análise interna, buscando compreender quais recursos dispõe, quais as fraquezas e qualidades de sua estrutura organizacional e como tem desempenhado no passado. Evolução do Pensamento em Administração22 4. Formulação de alternativas estratégicas: essa fase leva em conta os dados, informações e conhecimentos adquiridos nas duas análises anteriores para desenvolver o plano estratégico da organização. Nesse estágio, a organização também desenvolve métricas, controles e metas para o plano estratégico. 5. Desenvolvimento de planos táticos e operacionais: com base nas alternavas estratégicas, a organização planeja quais ações deve desenvolver formulando como agir e quais resultados devem ser obtidos por essas ações, além de estabelecer os controles e metas para essas ações. Figura 2 : Planejamento Estratégico Fonte: Adaptado (CHIAVENATO, 2011) Evolução do Pensamento em Administração 23 Matriz SWOT Como vimos, anteriormente, a organização para desenvolver o planejamento estratégico deve analisar tanto o ambiente externo quanto o ambiente interno, esse modelo fez muito sucesso e até hoje é utilizado, gerando diversas ferramentas como a matriz SWOT ou o modelo CANVAS, no caso vamos focar na matriz SWOT, que é o modelo mais tradicional de análise de fatores para o desenvolvimento do planejamento estratégico. A matriz SWOT, o nome deriva do inglês Strenghts, Weaknesses, Oportunities e Threats. É uma ferramenta utilizada para facilitar a análise interna e externa, ela indica que a organização deve analisar as forças e fraquezas internas e contrapor com as ameaças e oportunidades do ambiente externo, conforme a figura 3 abaixo: Figura 3 : Matriz SWOT FA T O R E S IN T E R N O S FA T O R E S E X T E R N O S FATORES POSITIVOS FATORES NEGATIVOS STRENGTHS (FORÇA) THREATS (AMEAÇAS) WEAKNESSES (FRAQUEZAS) OPORTUNITIES (OPORTUNIDADES) SWOT Fonte: @freepik. Evolução do Pensamento em Administração24 Ciclo APO A APO entende que o planejamento estratégico não é algo fixo e imutável, mas sim um ciclo, onde os resultados obtidos impactam na formulação dos futuros objetivos, sendo um sistema dinâmico requer os seguintes cuidados: 1. Revisão crítica dos planos estratégicos; 2. Esclarecimento dos resultados-chave; 3. Criação de um plano de melhoria que permita mensurar a contribuição de cada gestor; 4. Proporcionar condições e recursos para atingir os objetivos; 5. Uso sistemático da avaliação de desempenho. Figura 4 : Ciclo APO Fonte: Adaptado (CHIAVENATO, 2011). Evolução do Pensamento em Administração 25 Críticas à Administração por Objetivos A APO sofre diversas críticas nas quais destacamos o fato de que o foco excessivo na estratégia pode fazer com que a organização fique muito travada e incapaz de enxergar as mudanças no ambiente externo e se adaptar ao novo contexto. A estratégia, também ajuda a focalizar e reunir os esforços coletivos em torno dos objetivos, porém, pode dificultar o desenvolvimento de novas ideias, mudanças, adaptações e inovações, impossibilitando comportamentos que extravasem positivamente aquilo que foi planejado, levando a rotinas improdutivas. Outra crítica que se faz a APO é o fato que o processo de planejamento estratégico e monitoramento de resultados é constante e, portanto, muito trabalhoso, sendo de difícil aplicação. Muitas vezes as organizações planejam com clareza, porém, falham no desenvolvimento das ações, ao mesmo tempo, existem organizações que falham no planejamento e monitoramento focando apenas nas ações. Também pode-se colocar que o excesso de controles e planejamentos pode tornar a organização lenta e burocrática, podendo também criar uma cadeia de comando muito forte, que por sua vez pode resultar em insatisfação e conflitos. Tudo isso pode se refletir em baixa motivação para os subordinados que podem se sentir extremamente controlados e muito engessados em suas atribuições. RESUMINDO: E então, o que achou da administração por objetivos? Conseguiu compreender como desenvolver um planejamento estratégico e quais os benefícios do planejamento? Podemos, dessa forma, resumir a APO como uma abordagem que foca no planejamento e estabelecimento de objetivos, buscando Evolução do Pensamento em Administração26 estruturar planos e ações coerentes com esses objetivos, e com um monitoramento constante do andamento dessas ações e dos resultados obtidos. Observamos também qual a importância dos objetivos, entendendo que servem como uma ferramenta para motivas e manter a coerência das equipes de trabalho, servindo de base para estruturar as ações e servir de guia para os trabalhos desenvolvidos nas organizações. Aprendemos que os objetivos devem ser claros, mensuráveis, atingíveis e coerentes entre si, sendo divididos em objetivos estratégicos, táticos e operacionais. Outro ponto fundamental dessa abordagem é a planejamento estratégico, vimos que para desenvolver esse planejamento é necessário se fazer uma análise de fatores internos e externos, que geram opções estratégicas e que depois são destrinchadas em planos operacionais e táticos. Por fim, vimos que o excesso de planejamento, o custo tanto em tempo quanto em trabalho para desenvolve-lo junto com um monitoramento constante podem sofre críticas, uma vez que podem engessar a organização e seus funcionários, impedindo de desenvolver açõesdiferentes daquilo que foi planejado anteriormente, o que se reflete em possível insatisfação das equipes. Para finalizar, a APO é uma abordagem que contribuiu para o avança das organizações, ajudou a desenvolver diversas ferramentas de planejamento, que geraram resultados e melhorias para as organizações, até hoje, o modelo de planejamento estratégico é usado por diversas organizações, que observam também as críticas feitas a APO para guiar suas ações. Evolução do Pensamento em Administração 27 Abordagem Estruturalista INTRODUÇÃO: Neste capítulo, observaremos as teorias da organização, mais especificamente a teoria estruturalista, desenvolvida entre 1940 e 1950, se baseando na teoria burocrática do filosofo e sociólogo Max Weber. Ao mesmo tempo, ela busca superar as abordagens clássicas da administração e conciliar essas abordagens com a teoria burocrática e teoria das relações humanas. Para tanto, vamos estudar as origens dessa teoria, suas características, como observa a sociedade de organizações e o homem nessa sociedade, também vamos estudar a análise de organizações e, por fim, observar as críticas que são feitas a essa teoria. A teoria estruturalista tem suas raízes na teoria burocrática de Max Weber (1864 – 1920), essa teoria pregava uma gestão impessoal e focada no desenvolvimento de tarefas especificas, dessa forma se tornou popular e influenciou fortemente a maneira de administrar das organizações e empresas da segunda revolução industrial, é possível observar a influência do modo de pensar burocrático nas abordagens clássicas da administração, uma vez que essas abordagens pregavam a especialização do trabalho, uma divisão do trabalho, impessoalidade e foco na realização de uma única função. Pensando nisso, podemos dizer que as teorias clássicas e a teoria burocrática, possuem um foco interno (tarefas e na organização da estrutura organizacional), porém, com o passar do tempo passou-se a haver uma preocupação com a sociedade de organizações, ou seja, os estudiosos e a sociedade como um todo passaram a entender que o mundo moderno é um mundo formado por organizações, nas quais as pessoas vivem, trabalham, atuam e se relacionam de diferentes formas, ou seja, o foco passa a ser externo, nas relações entre organizações e na relação das pessoas com essas organizações. Evolução do Pensamento em Administração28 Com isso, formou-se a chamada teoria estruturalista, que busca um enfoque inter-organizacional, ou seja, nas relações entre organizações, com o objetivo de ampliar a visão da administração sobre as organizações e sociedade como um todo, além disso, a teoria estruturalista busca incorporar certos valores da teoria das relações humanas e ampliar o escopo para além das organizações industriais (foco da teoria clássica) para todas as organizações. Origens da Teoria Estruturalista Segundo Chiavenato (2011), temos 4 pontos que definiram a origem da teoria estruturalista: 1. Oposição entre a teoria das relações humanas e teoria clássica da administração: a teoria estruturalista compreende que essas teorias são opostas, porém, enxerga que ambas têm pontos válidos, dessa forma busca sintetizar ambas com o apoio da teoria burocrática de Weber. Figura 5 : Origens Teoria Estruturalista Fonte: Elaborado pelo autor (2019). Evolução do Pensamento em Administração 29 2. Visão das organizações como uma unidade social onde grupos interagem: essa visão foi iniciada pela teoria das relações humanas, onde observou-se que existem grupos informais nas organizações, que muitas vezes possuem objetivos em comum com as organizações e muitas vezes possuem objetivos conflitantes. 3. Influencia do estruturalismo nas ciências como um todo: diversos teóricos como Karl Marx, Levy-Strauss e Redcliff-Brown desenvolveram ideias baseadas no estruturalismo, onde buscavam enxergar a sociedade e organizações por meio de suas partes para entender o todo, ao mesmo tempo, compreendendo que as partes em conjunto somam mais que o todo, e que ao mesmo tempo passam a ter certa autonomia. 4. Novo conceito de estrutura: passou-se a compreender que a estrutura é o que permite identificar algo, sendo um conjunto de elementos que permanece inalterado. Teoria Burocrática de Weber Para entender-se a teoria estruturalista, primeiramente devemos compreender a teoria burocrática de Weber, segundo essa teoria, existe um modelo ideal de organização, ou seja, um modelo mais eficiente, e esse modelo são as burocracias, para tanto, as burocracias devem possuir as seguintes características: 1. Normas legais; 2. Comunicações formais; 3. Caráter racional e divisão do trabalho; 4. Impessoalidade; 5. Hierarquia; 6. Rotinas e procedimentos padronizados; 7. Competência técnica e meritocracia; 8. Especialização; Evolução do Pensamento em Administração30 9. Profissionalismo; 10. Previsibilidade. Dessa forma, podemos entender que para Max Weber, uma organização que é claramente estruturada, executa as mesmas tarefas de maneira especializada e com profissionalismo seria a organização ideal. Usualmente, o termo burocracia é utilizado como sinônimo de algo lento, geralmente para designar uma disfunção do serviço público (excesso de papelada, demora, atraso entre outros). Porém, é importante entendermos que para a teoria estruturalista e teoria burocrática, a burocracia é um modelo ideal, uma vez que é clara, reduz erros, é profissional e previsível. Exemplo: Um exemplo de como ideias da teoria burocrática ainda funcionam e podem ser positivas é o restaurante Mac Donald’s, que é um restaurante que sempre tem o mesmo padrão em qualquer lugar, sempre é previsível e possui com tarefas bem divididas, dessa forma, não importa em qual unidade, o cliente sempre sabe que será atendido com a mesma qualidade e padrão. Sociedade de Organizações Um avanço da teoria estruturalista é o fato que ela busca expandir a atuação da administração. Podemos observar que as teorias que vimos anteriormente (Adm. cientifica, teoria clássica, teoria das relações humanas e teoria neoclássica) nascem com o intuito de resolver os problemas das novas organizações industriais, mais especificamente as empresas. A teoria estruturalista entende que a sociedade moderna é formada por um conjunto de organizações, algumas com caráter formal como as empresas e outras organizações como a família, igreja, estado entre outros. Dessa forma, o estruturalismo amplia o estudo de administração ao observar as relações entre as organizações e a relação entre pessoas e organizações. A teoria estruturalista entende que a sociedade passou por um processo histórico de evolução, onde passou de um estado natural, onde Evolução do Pensamento em Administração 31 o homem buscava a subsistência através da natureza, passando por uma etapa do trabalho e uma etapa do capital para chegar ao estado atual, a chamada etapa da organização, onde a natureza, o trabalho e o capital estão submetidos a organizações, ou seja, as organizações estão presentes em todos os aspectos humanos. Para a abordagem estruturalista, as organizações se dividem em organizações formais e organizações complexas, como veremos a seguir: Organizações Formais São as burocracias, organizações formadas de maneira proposital e com um objetivo já estabelecido, é caracterizada por regras, regulamentos, estrutura rígida e hierarquia. A organização formal reduz as incertezas, uma vez que busca sempre desempenhar as tarefas da mesma forma, consegue também se aproveitar da divisão do trabalho e da especialização do trabalho para garantir produtividade. Organizações Complexas São um conjunto de organizações formais que possuem alto grau de complexidade, isto é, um grande tamanho, participação de diversos grupos de pessoas, interesses diversos e muitas vezes conflitantes (Ex. grandes empresas, governos, igreja, escola entre outros).As organizações complexas são o foco de estudos da teoria estruturalista, junto com as pessoas e o ambiente. O Homem Organizacional A teoria estruturalista parte da ideia de que o homem está sempre inserido em um ambiente de organizações complexas, dessa forma, cria sua própria caracterização para o homem, o homem organizacional. Assim, essa teoria enxerga que o homem na sociedade moderna deve estar adaptado para esse novo contexto e deve possuir as seguintes características para conseguir ser bem-sucedido: 1. Flexibilidade: em cada organização o homem está sucedido a exercer papeis diferentes, além disso, ocorrem mudanças constantes Evolução do Pensamento em Administração32 nas organizações, dessa forma, o homem deve ser flexível para se manter nesse ambiente 2. Tolerância a frustrações: as organizações muitas vezes têm normas e interesses conflitantes com os interesses individuais, dessa forma, o homem deve saber tolerar e buscar mediar esses conflitos. 3. Capacidade de adiar as recompensas 4. Permanente desejo de realização: esse desejo auxilia o homem a buscar a cooperação para atingir seus objetivos Figura 6: Indivíduo organizacional Fonte: @freepik Características da Teoria Estruturalista Podemos colocar como a principal característica da teoria é o fato de ser uma teoria com abordagem múltipla, ou seja, não foca em apenas uma coisa, isso é demonstrado pelo foco dessa teoria que estuda não apenas as organizações formais, mas também as organizações informais e a sociedade como um todo. A teoria estruturalista utiliza a chamada análise de organizações para compreender os aspectos das organizações, Evolução do Pensamento em Administração 33 através dessa análise que veremos a seguir será possível perceber a multiplicidade como característica dessa teoria. Análise de Organizações Conforme comentamos anteriormente, a análise de organizações é a técnica utilizada pelos estruturalistas para compreender o fenômeno das organizações, essa análise envolve observar os seguintes aspectos que veremos a seguir. Organização Formal e Informal A teoria estruturalista avança ao entender que as organizações não são apenas formais (como a teoria clássica acreditava) e não apenas aspectos informais (como a teoria das relações humanas defende). Dessa forma é uma abordagem múltipla e busca um posicionamento não ingênuo, pois busca não ter uma posição favorável tanto para um lado como para outro, tendo uma visão não valorativa tanto para o lado do operário quanto para o lado da empresa, dessa forma, entende que deve- se encontrar um equilíbrio entre os aspectos formais e informais. EXPLICANDO MELHOR: A administração clássica se preocupa apenas com o aspecto formal da organização, trabalhando apenas a estrutura organizacional. Já a teoria das relações humanas foca apenas nos funcionários e grupos informais, a teoria estruturalista entende que esses fatores são conflitantes, porém, propõe que se pode equilibrar ambos. Recompensas Materiais e Sociais A teoria estruturalista entende que o ser humano é complexo, dessa forma, afirma que para as organizações motivarem os funcionários devem combinar tanto recompensas materiais (Ex. Salários e promoções) com recompensas sociais (Ex. Reconhecimento, símbolos). Evolução do Pensamento em Administração34 Diferentes Enfoques de Organização Para a teoria estruturalista, as organizações podem ser concebidas segundo duas concepções diferentes: 1. Modelo racional da organização: É uma forma de projetar a organização de acordo com meios formalizados e explicitados, as organizações projetadas dessa forma tentem a parecer mais com burocracias, possuindo um planejamento claro, objetivos específicos e um modo de trabalho modelado e regulado, se aproximando mais das organizações estudadas pelas abordagens clássicas da administração. 2. Modelo natural de organização: É um modo de pensar a organização como um conjunto de partes interdependentes e que trabalham em prol de um todo, essas organizações funcionam de forma mais livre, buscando a sobrevivência por uma adaptação mais natural que ocorre de acordo com o ambiente externo, se aproxima mais das teorias modernas de administração. Níveis Organizacionais A teoria estruturalista entende que todos os níveis organizacionais são relevantes, dessa forma, se constitui como uma abordagem múltipla, uma vez que não foca apenas no nível tático como a administração cientifica e não apenas no nível estratégico como a teoria clássica e neoclássica. Diversidade de Organizações A teoria estruturalista é uma abordagem múltipla pois não foca em apenas um tipo de organização (Ex. A administração clássica foca nas industrias), dessa forma busca entender todos os tipos de organização e não restringe seus estudos a uma única forma de organização, entendendo ser necessário estudar as indústrias, famílias, empresas, governos, entidades, igrejas entre outros. Evolução do Pensamento em Administração 35 Análise Inter Organizacional A abordagem estruturalista inicia uma corrente de estudos que considera as relações entre as organizações e o ambiente, tendo uma visão múltipla ao analisar a organização por dentro e ao mesmo tempo observar sua relação com as outras organizações e com o ambiente em geral. Tipologia de Organização de Etzioni Amitai Etzioni (1929 – presente) é um dos principais teóricos estruturalistas, ele busca fazer uma análise comparativa entre as organizações, para tanto, faz uma classificação das organizações usando como base o tipo de poder que a organização exerce sobre seus componentes. 1. Características da organização: para Etzioni, as organizações possuem 3 características: (1) divisão do trabalho, (2) centros de poder, e (3) substituição de pessoal. Dessa forma as organizações realizam os trabalhos de forma dividida, coordenada por centros de poder, que são responsáveis por delegar funções e recompensas dessa forma exercitado o poder, sendo que nessas organizações as pessoas são substituíveis. 2. Controles: para Etzioni, as organizações exercem 3 tipos de controle diferentes sobre as pessoas: (1) controles físicos, baseados em sanções e restrições físicas, (2) controle material, que é o controle baseado em recompensas materiais, e (3) controle normativo, que é o controle ético e moral. 3. Efeitos do controle: cada tipo de controle exerce um poder de influência diferente sobre os indivíduos: (1) alienatório, o indivíduo sem interesse é forçado a participar, (2) calculista, ocorre quando o indivíduo enxerga vantagem na sua participação com a organização, e (3) moral, quando o sujeito é eticamente forçado a participar. 4. Tipos de organização: dados os tipos de controles e seus efeitos, Etzioni traça 3 tipos de organização: (1) organização coercitivas, Evolução do Pensamento em Administração36 que são aquelas que obrigam as pessoas a participar por meio de controles físicos (Ex. Prisões), (2) organização utilitária, que exercem controle material (Ex. Empresas), e (3) organizações normativas, que exercem controle moral (Ex. Igreja, família). Tabela 1: Tipologia de Etzioni Tipo de Organização Tipo de Poder Controle Utilizado Mantem os membros por meio de: Envolvimento pessoal dos participantes Exemplo Coercitiva Coercitivo Prêmios e Punições Coação, imposição, medo, força e ameaça Sem escolha, com base no temor Prisões, Exército, Estado Normativas Normativo Moral e Ético Convicção, fé, crença e ideologia Moral e motivacional, uma forma de expressão pessoal Igrejas, Hospitais, Partidos Políticos, Grupos. Utilitárias Utilitário Incentivo Econômico Interesse, Vantagem Percebida Calculista, busca de vantagens Empresas Fonte: Adaptado (CHIAVENATO, 2011) REFLITA: Como você enxerga a relação de poder entre as organizações e você? As organizações exercem controlessobre as pessoas? Esse controle é proposital ou natural? Evolução do Pensamento em Administração 37 Ambiente Organizacional Como vimos, a teoria estruturalista acredita que é necessário entender as relações entre as organizações, e não apenas as relações que ocorrem internamente. Dessa forma, enxerga que as organizações vivem em um mundo social, político e econômico, o que gera uma sociedade de organizações, para entender as relações entre as organizações e o ambiente é fundamental entendermos dois fatores: 1. Interdependência entre as organizações e a sociedade: entende que as organizações são sistemas abertos, nenhuma organização existe em si mesma e para si mesma, sendo necessário trocas com o ambiente para assegurar a sobrevivência das organizações, essa dependência que as organizações possuem da sociedade e do ambiente é que faz com que elas mudem e se adaptem conforme a sociedade e ambiente mudam. 2. Conjunto organizacional: ee refere ao conjunto de papeis que as organizações operam. Para os estruturalistas, cada organização e cada pessoa exercem papeis diferentes quando relacionados com outras organizações e o ambiente. Estratégia Organizacional Os estruturalistas também buscaram contribuir com a ideia de estratégia, avançando os tópicos das teorias clássicas e neoclássicas da administração. Dessa forma, acreditam que a estratégia é uma função da política organizacional, que é formada pelo conjunto de indivíduos dentro da organização, afirmam também que existem diferenças entre os indivíduos que impactam a organização, assim, a estratégia envolve escolhas e alocação de recursos escassos de acordo com as negociações e manobras políticas dentro da organização. Evolução do Pensamento em Administração38 Por fim, para os estruturalistas existem dois tipos de estratégia: 1. Estratégias de competição: Envolvem a rivalidade entre as organizações, onde ambas disputam recursos, envolvendo também a interação direta ou indireta das organizações Exemplo: Um exemplo de estratégia de competição é a rivalidade entre Pepsi e Coca-Cola, ambas as empresas atuam em segmentos semelhantes e disputam recursos como clientes, mercados e matérias- primas. Figura 7: Coca cola e Pepsi Fonte: @freepik. Fonte: @freepik Evolução do Pensamento em Administração 39 2. Estratégias de cooperação: Ocorre quando organizações buscam atingir objetivos em comum, agindo como uma só em relação a determinado objetivo. Exemplo: Um exemplo de estratégia de cooperação é a atuação do Sebrae no Brasil, que busca auxiliar as organizações a atingirem objetivos competitivos, para tanto contribui com conhecimentos e trabalha em conjunto com as empresas. Conflitos Organizacionais Os estruturalistas discordam da visão de coerência e concordância entre os objetivos pessoais dos indivíduos e os objetivos organizacionais, acreditam que exista um conflito entre esses interesses, que pode gerar mudanças e inovações nas organizações. Dessa forma, para a teoria estruturalista, ao contrário do que afirma a teoria das relações humanas, não se deve sempre buscar a harmonia dentro das organizações, uma vez que o excesso de harmonia pode trazer um comportamento estável demais e incapaz de adaptação. Ao mesmo tempo não se deve sempre estar em conflito, porém, os conflitos são fatores capazes de gerar mudanças e inovações. Dessa forma, podemos dizer que para os estruturalistas deve haver um equilíbrio entre harmonia e conflito para que as organizações se sustentem no ambiente organizacional em constante mudança. REFLITA: O que você acha disso? Acredita que do conflito podem sair soluções boas? Ou acredita que tudo deve manter-se estável? Evolução do Pensamento em Administração40 Críticas a Teoria Estruturalista Assim como todas as demais teorias, a abordagem estruturalista sofreu e ainda sofre críticas, segundo Chiavenato (2011), as principais críticas são: 1. Inadequação de tipologias: os críticos afirmam que a teoria estruturalista é reducionista ao classificar as organizações apenas por um fator, exemplo disso é a tipologia de Etzioni, que traça perfis de organização baseado apenas na ideia de poder. 2. Teoria de crise: a teoria estruturalista é criticada por outros autores pelo fato de se concentrar demais em organizações com problemas e conflitos, o que faz com que se distancie do todo. 3. Teoria de transição: a teoria estruturalista é uma teoria de transição, pois inicia algumas ideias como análise inter organizacional, servindo de base para outras teorias como a teoria de sistemas RESUMINDO: Podemos colocar que a abordagem estruturalista é a primeira teoria organizacional a considerar a sociedade como uma estrutura composta de diversas organizações, ao mesmo tempo, propõe outra novidade ao colocar que é necessário estudar as relações entre as organizações e ambiente e entre as pessoas e organizações. Nesse sentido, é inovadora ao aproximar teoria das relações humanas, teoria clássica e teoria burocrática. Vimos nesse capítulo que essa abordagem se inicia com a junção das três teorias citadas acima, e que nasce da ideia e buscar-se conciliar essas teorias para entender o ambiente de organizações como um todo. Também aprendemos que a palavra que a principal característica da teoria estruturalista á a multiplicidade, ela busca uma visão ampliada e não ingênua do fenômeno das organizações, dessa forma, enxerga que deve-se considerar tanto a organização formal quanto a informal, tanto recompensas materiais quanto recompensas sociais, tanto o nível Evolução do Pensamento em Administração 41 estratégico quanto os níveis táticos e operacionais, e além disso todas as organizações, não apenas as organizações capitalistas. Exemplo dessa multiplicidade é como a teoria neoclássica entende a estratégia, observa que é mais do que um processo formal, sendo também um resultado das relações políticas que ocorrem dentro da empresa. Outro ponto que demonstra isso é o interesse dessa teoria nos conflitos organizacionais, onde busca uma visão não ingênua do conflito, considerando que este também é capaz de gerar mudanças uteis e inovações. Por fim, podemos afirmar que a teoria estruturalista consegue dar início aos estudos inter-organizacionais, traz importantes considerações sobre como sistemas formais e informais atuam em conjunto e mostra como uma abordagem baseada na multiplicidade é capaz de explicar o fenômeno das organizações. Abordagem Comportamental INTRODUÇÃO: Neste capítulo, estudaremos a abordagem comportamental. Tal teoria, da mesma forma que a APO, é uma derivação de outra teoria que estudamos anteriormente, porém, no caso da abordagem comportamental ela é uma decorrência da teoria de relações humanas.. Essa abordagem da continuidade a teoria das relações humanas, porém, busca se distanciar da visão ingênua sobre o trabalhador, além disso, tenta aprofundar alguns temas iniciados por essa teoria. Veremos a origem e os pressupostos da teoria comportamental, suas considerações sobre o ser humano, sua consideração sobre motivação, suas principais teorias e as críticas que são feitas a essa abordagem. A teoria comportamental ou teoria behaviorista, é uma teoria que começou a se desenvolver a partir de 1950, essa abordagem é derivada Evolução do Pensamento em Administração42 da teoria das relações humanas, incorporando ideias da psicologia organizacional e do trabalho. Essa teoria buscou avançar os temas propostos pela teoria das relações humanas, porém, abandonou as ideias prescritivas dessa teoria, sendo uma abordagem descritiva, ou seja, uma abordagem que busca muito mais explicar os fenômenos do que traçar regras para a resolução de problemas. Podemos então entender que a teoria comportamental mantém o foco nas pessoas e sua relação com as organizações, porém, buscou incorporar ideias mais modernas da psicologia organizacional e abandonao enfoque prescritivo para uma abordagem descritiva. Origens da Teoria Comportamental Como vimos, a teoria comportamental surge a partir de 1950, porém alguns fatos são destaque para o seu desenvolvimento: 1. Oposição à teoria das relações humanas e administração clássica: a teoria comportamental se opõe a essas duas abordagens, buscando ser uma nova forma de entender as organizações formais com o enfoque nas pessoas 2. Rejeição a concepção romântica da teoria das relações humanas: passa-se a ver as pessoas de forma mais clara, entendendo que possuem motivações e que são resultados de suas experiências prévias. 3. Critica aos princípios formais da teoria clássica: a teoria comportamental enxerga que as pessoas são socialmente construídas, dessa forma princípios hierárquicos extremamente rígidos não se mostram eficientes para entender-se o comportamento do indivíduo. 4. Critica ao modelo burocrático: a abordagem behaviorista critica esse posicionamento, uma vez que enxerga que as organizações não podem ser entendidas como estáveis ou como máquinas. Evolução do Pensamento em Administração 43 Pressupostos da Teoria Comportamental Para entendermos a teoria comportamental, é necessário observar os pressupostos que servem de base para o seu desenvolvimento, muitas dessas ideias derivam da psicologia organizacional e aparecem como críticas ao modelo clássico de gestão: 1. O homem é social e possui necessidades: o homem possui necessidades e por isso desenvolve relacionamentos e interdependência de outras pessoas. 2. O homem possui um sistema psíquico: ou seja, cada indivíduo é único e possui características próprias 3. O homem possui linguagem e conhecimento abstrato: refere-se à capacidade de comunicação e aprendizagem do ser humano 4. O homem é apto a aprender: enxerga que as pessoas são capazes de melhorar e modificar comportamentos 5. O comportamento é orientado para objetivos: as pessoas possuem objetivos individuais complexos e que mudam constantemente, esses objetivos estão estritamente relacionados com sua psique e com o convívio social. 6. O homem possui comportamentos dualísticos: ou seja, pode cooperar e competir Teoria da Hierarquia de Necessidades de Maslow Abraham H. Maslow (1908 – 1970), desenvolve uma teoria na qual afirma que a motivação humana é determinada pelas necessidades, e que essas necessidades estão organizadas na forma de uma pirâmide, onde no nível mais baixo encontram-se as necessidades fundamentais e no nível superior as necessidades de auto realização ligadas aos desejos pessoais de cada indivíduo. Evolução do Pensamento em Administração44 Figura 8 : Pirâmide de Maslow Fonte: Elaborado pelo autor (2019) 1. Necessidades Fisiológicas: são as necessidades básicas do ser humano, relacionadas à sobrevivência do indivíduo (Ex. fome, frio, repouso, sono, saúde). Se não forem atendidas tornam impossível outro comportamento que não seja atendê-las. 2. Necessidades de Segurança: são referentes ao perigo e segurança, surgem quando as necessidades fisiológicas estão satisfeitas (Ex. segurança, medo de ser roubado, abrigo). 3. Necessidades Sociais: surgem do comportamento e convívio em sociedade, ocorrem quando as duas necessidades anteriores estão satisfeitas (Ex. Necessidade de associação, amizade, amor, afeição, relacionamentos). 4. Necessidades de Estima: são necessidades relacionadas a como a pessoa se enxerga, incluem o desejo de força, reconhecimento. Estão relacionadas a como a pessoa quer ser considerada pela sociedade. 5. Necessidades de Autorrealização: são as necessidades mais elevadas, ligadas ao ser humano realizar seu potencial e se auto desenvolver. Evolução do Pensamento em Administração 45 O que a Teoria de Maslow Mostra A pirâmide de necessidades de Maslow, nos mostra que para motivar um indivíduo, é necessário atender às suas necessidades, seguindo-se a hierarquia de necessidades, dessa forma, não se pode esperar que um indivíduo esteja autorrealizado se passa fome ou frio. Nem todos os indivíduos são capazes de atingir suas necessidades mais elevadas, muitas vezes acabam parando em um nível de necessidades, sem buscar as necessidades mais elevadas. Quando as necessidades básicas ou mais baixas estão atendidas, as pessoas passam a focar nas necessidades situadas num nível acima, o que acaba dominando seu comportamento, porém, se porventura uma necessidade mais baixa deixar de ser atendida, esse fato irá gerar insatisfação e tensão. Por fim, as pessoas possuem mais de uma motivação, e as necessidades atuam em conjunto sobre as pessoas, dessa forma, o comportamento é motivado pelas necessidades. Teoria dos Dois Fatores de Herzberg Frederick Herzberg (1923 - 2000), foi um psicólogo e consultor empresarial, buscou também estudar a motivação humana no contexto de organizações. Desenvolveu a chamada teoria de dois fatores, onde afirma que existem dois tipos de fatores que influenciam a motivação: 1. Fatores Higiênicos: não confundir com a questão de saúde e higiene, os fatores higiênicos são referentes ao ambiente que envolve as pessoas, incluindo as condições de trabalho, dessa forma, incluem o salário pago, as condições de iluminação, segurança, condições físicas e ambientais. Em seu estudo, Herzberg afirma que no início da revolução industrial esses fatores eram usados para motivar as pessoas, onde o trabalho era considerado algo desagradável e onde apenas se busca dinheiro. Porém, em um contexto mais moderno, observamos que esses fatores apenas evitam a insatisfação dos funcionários e se trazem satisfação é apenas momentânea. Evolução do Pensamento em Administração46 Exemplo: O salário apenas evita que a pessoa se sinta insatisfeita no trabalho, será que uma pessoa que recebe um ótimo salário para realizar uma função que não a agrada se mantem satisfeita e motivada por muito tempo? A teoria de Herzberg afirma que os fatores higiênicos não conseguem sustentar no longo-prazo a satisfação dos funcionários. 2. Fatores Motivacionais: são os fatores internos, relativos ao conteúdo do cargo, reconhecimento, e Autorrealização que o trabalho proporciona as pessoas. Herzberg, afirma que o trabalho possui significado para as pessoas, e é esse significado que é capaz de motivar as pessoas, sendo capaz de manter a pessoa satisfeita no longo-prazo. Figura 9 : Teoria de Dois Fatores de Herzberg Fatores Motivacionais Fatores Higiênicos Trabalho em si Condições de trabalho Realização Administração da empresa Reconhecimento Salário Progresso Relações com o supervisor Responsabilidade Benefícios e incentivos sociais • A satisfação no cargo depende dos fatores motivacionais. • A insatisfação no cargo depende dos fatores higiênicos. MOTIVACIONAISNão Satisfação Satisfação HIGIÊNICOS Insatisfação Nenhuma Satisfação Fonte: Elaborado pelo autor (2019). A teoria de Herzberg nos mostra que a satisfação no ambiente organizacional depende tanto de fatores higiênicos como fatores motivacionais, dessa forma, para proporcionar motivação, Herzberg coloca que é necessário se fazer o enriquecimento do cargo, o que significa substituir as tarefas simples por tarefas mais complexas, dessa forma se acrescenta significado para o cargo e para o trabalho, o que traz motivação e satisfação. Evolução do Pensamento em Administração 47 Teoria X e Teoria Y Douglas McGregor (1906 – 1964), foi um economista que buscou estudar os diferentes estilos de administrar, dessa forma, coloca que existe um estilo pragmático, tradicional e mecanicista (Teoria X) e um outro estilo mais moderno e que leva em conta o comportamento humano (Teoria Y). Teoria X É a concepção tradicional de administração, baseada no pensamento mais tradicional, se baseando em convicções antiquadas sobre o ser humano como: 1. As pessoas são preguiçosas e trabalham apenas motivadas por dinheiro, evitando o trabalho omáximo possível; 2. As pessoas não possuem ambição e não gostam de assumir responsabilidades, pensando apenas em si mesmo e evitando trabalho desnecessário; 3. A natureza humana busca resistir as mudanças, tenta se manter estável e sem mudança; 4. As pessoas são dependentes de ordens e precisam ter a disciplina imposta, dessa forma, precisam ser dirigidas e orientadas constantemente. Com base nessas convicções, as organizações que se baseiam em teoria X possuem um estilo de administração semelhante a aquele pregado na revolução industrial, que considera as pessoas motivadas apenas por dinheiro, busca regular todas as atividades e impor a hierarquia. Dessa forma as pessoas devem ser constantemente orientadas e persuadidas a realizar atividades monótonas e sem mudanças. Teoria Y A teoria Y representa uma abordagem mais moderna de administração, que se baseia em preceitos mais humanistas como: 1. As pessoas não têm desprazer inerente no trabalho, isso vai depender da natureza do trabalho, dessa forma, o trabalho pode também ser uma fonte de satisfação e recompensas; Evolução do Pensamento em Administração48 2. As pessoas não são passivas naturalmente, isso é resultado do processo histórico de suas vidas, que pode ter construído esse tipo de atitude; 3. As pessoas têm motivação e possuem capacidade para assumir responsabilidades e para mudar seu comportamento; 4. O homem possui capacidade para aprender e ser responsável, quando tem uma postura diferente dessa e mais auto defensiva é um resultado de suas experiências insatisfatórias. Com base nessas ideias, a teoria Y desenvolve um estilo de gestão mais participativo, e que entende que o trabalho possui significado, dessa forma, essas organizações possuem decisões mais descentralizadas, buscam ampliar o significado dos cargos, tentam fazer uma gestão mais participativa e acreditam que as pessoas possuem visão crítica para se auto avaliar. REFLITA: E você, qual concepção acredita que é mais adequada? Acha que é possível uma organização mais participativa e que acredite no significado do trabalho? Processo Decisório A teoria behaviorista também buscou entender o processo decisório que ocorre dentro das organizações, decisão é o processo de análise e escolha de alternativas possíveis, sendo composta de 6 elementos: 1. Tomador de decisão; 2. Objetivos; 3. Preferências; 4. Estratégia; 5. Situação; 6. Resultado. Evolução do Pensamento em Administração 49 Nesse processo, o tomador de decisão está inserido em uma situação, pretende alcançar objetivos, ao mesmo tempo possui preferencias e deve desenvolver uma estratégia para trazer um resultado. Assim, o processo decisório ocorre seguindo as seguintes etapas: 1. Percepção da situação; 2. Análise e definição do problema; 3. Definição dos objetivos; 4. Busca de alternativas; 5. Escolha e seleção de uma alternativa; 6. Avaliação e comparação das alternativas; 7. Implementação da estratégia. Além de formular essas etapas, a teoria behaviorista também comenta que as pessoas possuem racionalidade limitada na hora de tomada de decisão, ou seja, sua capacidade individual limita a qualidade da tomada de decisão. Também apontam que existe imperfeições na tomada de decisão e que ao escolher uma opção necessariamente deve- se deixar de lado as demais opções. Teoria do Equilíbrio Organizacional O comportamento organizacional é o estudo da dinâmica das organizações e como os grupos e indivíduos se comportam dentro delas. Esse é um dos focos da teoria behaviorista, que estuda também os motivos pelos quais as pessoas cooperam dentro das organizações, que possui os seguintes conceitos básicos: 1. Incentivos: são os pagamentos feitos pela organização (Ex. prêmios, benefícios e salários) 2. Utilidade de incentivos: cada incentivo possui um valor que varia de acordo com a percepção dos indivíduos (Ex. O mesmo valor de salário possui utilidade diferente para cada pessoa) Evolução do Pensamento em Administração50 3. Contribuições: são os pagamentos que as pessoas fazem a sua organização, normalmente ocorrem na forma de trabalho, conhecimento, dedicação, esforço entre outros. 4. Utilidade das contribuições: a organização também percebe de forma diferente a utilidade dos trabalhos que as pessoas realizam, dessa forma, a utilidade das contribuições é o valor que a organização da para o trabalho das pessoas. Partindo desses conceitos, estipula os seguintes postulados básicos: 1. As organizações são sistemas complexos que possuem várias pessoas e grupos interagindo entre si. 2. Cada participante e cada grupo recebe incentivos em troca das contribuições que realiza. 3. Os participantes se mantem na organização quando os incentivos forem iguais ou maiores que a contribuição que realiza. 4. É através das contribuições das pessoas que a organização gera resultados que possibilitam pagar incentivos para as pessoas. 5. As organizações conseguiram se manter apenas quando as contribuições forem suficientes para propiciar os incentivos para manter as pessoas dentro da organização. Dessa forma, o equilíbrio organizacional ocorre quando a organização é capaz de remunerar seus participantes para mantê-los dentro da organização. Conflitos entre a Organização e seus Participantes Outro tema estudado pelos behavioristas é o conflito entre os objetivos pessoais de cada participante e objetivos organizacionais. Segundo Argyris (1968) existe um inevitável conflito entre o indivíduo e organização e que é incompatível. A organização formal faz exigências aos Evolução do Pensamento em Administração 51 indivíduos que são incongruentes com as necessidades dos indivíduos. Contudo o mesmo autor conclui que também: 1. É possível se integrar as necessidades individuais de auto expressão com os requisitos de produção da organização. 2. As organizações que buscam conciliar objetivos pessoais e organizacionais são mais produtivas. 3. As organizações podem tanto reprimir quanto incentivar o desenvolvimento pessoal. Dessa forma, existe uma interdependência entre as organizações e as pessoas, que possuem objetivos diferentes, porém, ao mesmo tempo é possível que a administração busque conciliar esses objetivos. Liderança A teoria behaviorista também avança na questão da liderança, Likert (1976), traça quatro estilos de liderança: 1. Autoritário explorador: gestão baseada na punição e medo. 2. Autoritário benevolente: baseado na hierarquia. 3. Consultivo: baseado na comunicação vertical, com maioria das decisões vindas do topo. 4. Participativo: baseado no processo decisório em grupos, gestão descentralizada. Kotter (1997) identifica que a liderança deve estabelecer direção, alinhar as pessoas, motivar e inspirar. Dessa forma, a teoria comportamental contribui para entender o que a liderança deve realizar e quais estilos que pode adotar. Críticas à Teoria Comportamental A teoria behaviorista apresenta diversos avanços para a administração, sendo uma teoria focada nas pessoas e que traz uma nova Evolução do Pensamento em Administração52 visão do ser humano no ambiente organizacional, apesar disso, algumas críticas são feitas a essa teoria, onde podemos destacar: 1. Abordagem mais descritiva e menos prescritiva: a teoria behaviorista tem um enfoque muito maior em compreender os fenômenos, dessa forma, acaba por dificultar a aplicação de certos preceitos que defende. 2. Relatividade das teorias de motivação: a abordagem comportamental coloca diversas ideias sobre motivação, conforme vimos anteriormente, porém, essas teorias são relativistas uma vez que colocam que existe variação devido a fatores pessoais e psicológicos. 3. Visão tendenciosa: ao mesmo tempo que possui uma característica descritiva, algumas vezes a teoria behaviorista aponta o “melhor a se fazer”, sendo as vezes tendenciosa para um lado da relação organização-funcionário. RESUMINDO:E aí, conseguiu entender como a teoria comportamental avançou os temas propostos pela teoria das relações humanas? Vimos que a teoria comportamental buscou ter uma visão mais moderna e menos romantizada do ser humano, onde enxerga que as pessoas são socialmente construídas, que são capazes de aprender e que tem seu comportamento motivado de acordo com um conjunto de objetivos. Estudamos duas teorias motivacionais, a de Maslow e a teoria de dois fatores de Herzberg, onde ambas demonstram que as pessoas são motivadas por diversos fatores e dão base para as organizações consigam atender as necessidades de seus trabalhadores. Também estudamos a teoria X e teoria Y, quando vimos que a teoria X é baseada em preceitos mais mecanicistas sobre o trabalho humano, onde enxerga que as pessoas trabalham apenas pela recompensa financeira, Evolução do Pensamento em Administração 53 não assumem responsabilidades, não assumem riscos e não enxergam valor no trabalho. Já a teoria Y enxerga o ser humano como socialmente construído, sendo capaz de aprender, assumir riscos e responsabilidades e tendo seu comportamento explicado pela sua história. Por fim, vimos outros pontos da teoria behaviorista, como sua visão de liderança e equilíbrio organizacional. Dessa forma, a abordagem comportamental enxerga que existem conflitos dentro das organizações causados pelos diferentes objetivos que as pessoas e organizações possuem, ao mesmo tempo, cabe à administração buscar conciliar e implementar significado no trabalho realizado pelas pessoas nas organizações. Podemos, então, resumir a abordagem comportamental como uma abordagem que defende uma administração mais moderna, que considera o significado do trabalho para as pessoas e que busca construir em conjunto com o trabalhador um melhor ambiente que minimize os conflitos entre organização e trabalhador. Evolução do Pensamento em Administração54 Teoria de Sistemas INTRODUÇÃO: Neste capítulo, estudaremos a teoria de sistemas. Ela teve início em 1960, e buscou incluir a ideia de sistemas dentro da organização. Dessa forma, sofreu influência das ciências naturais como biologia e física e, ao mesmo tempo, avançou alguns assuntos iniciados pela teoria estruturalista, como a relação entre organizações e ambiente externo, além de compreender que as organizações são interdependentes. Assim, estudaremos a origem e os princípios básicos da teoria de sistemas, o conceito de sistemas, como as organizações são sistemas e como se relacionam com outros sistemas e por fim veremos as contribuições e críticas feitas a essa teoria. A teoria de sistemas (TS) é um ramo da teoria geral de sistemas, se originou a partir dos trabalhos do biólogo alemão Ludwig von Bertalanffy (1901 – 1972). Assim, a teoria de sistemas surge da ideia das ciências naturais em estudar grupos de elementos e suas interações, possuindo os seguintes pressupostos básicos: 1. Integração entre ciências naturais e sociais; 2. Integração; 3. Estudo de forma abrangente; 4. Princípios unificadores e que atravessam as diversas ciências. Dessa forma, a teoria de sistemas não enxerga o mundo como dividido entre as ciências (Ex. Biologia, química e física), buscando integrar essas ciências para gerar um entendimento maior sobre o universo. A teoria de sistemas se apropria dessas ideias e entende que o mundo das organizações e a sociedade em geral não pode ser entendida de forma separada, dessa forma, busca integrar os conhecimentos sobre organizações. Evolução do Pensamento em Administração 55 Premissas Básicas da Teoria de Sistemas Como vimos anteriormente, a teoria de sistemas tem origem na teoria geral de sistemas (TGS), e busca integrar os conhecimentos de administração, para dessa forma proporcionar uma visão holística, sendo dessa forma uma abordagem global, que segue as 3 premissas básicas abaixo: 1. Existem sistemas dentro de sistemas: A teoria de sistemas enxerga que os sistemas são interdependentes, dessa forma, cada sistema é formado por um conjunto de subsistemas, que são interligados entre si. 2. Os sistemas são abertos: A teoria de sistemas enxerga que o ambiente é formado por sistemas e que esses sistemas interagem entre si. Da mesma forma que os subsistemas são interligados, os sistemas também são interligados, para tanto, é necessário que sejam abertos para fazer trocas entre si e com o ambiente formado de sistemas. 3. As funções dos sistemas dependem de sua estrutura: Cada sistema possui um objetivo específico, que corresponde a seu papel no ambiente. Razões pelas quais a teoria de sistemas se incorporou à administração: 1. Necessidade de sintetizar e unir os conhecimentos produzidos até o momento. Buscando unir as variáveis e explicar fenômenos mais globais; 2. Início da cibernética, que introduziu sistemas e gestão de dados à administração; 3. Sucesso da teoria de sistemas em outras ciências. Conceito de Sistemas Sistemas são o conceito central da TS, dessa forma, é necessário contextualizá-los, assim, podemos afirmar que os sistemas são um Evolução do Pensamento em Administração56 conjunto de elementos interligados para formar um todo, sendo que esse todo apresenta características diferentes que as partes. Assim, todos os sistemas possuem duas características básicas: 1. Proposito ou objetivo: Todo sistema nasce com um objetivo que irá definir como se organiza, dessa forma, os objetivos definem o formato e componentes do sistema. 2. Globalismo ou totalidade: Os sistemas são orgânicos, ou seja, uma mudança em um elemento irá causar impacto no sistema como um todo. Classificação de Sistemas Podemos classificar os sistemas de acordo com: 1. Sua constituição: Dessa forma existem sistemas físicos que são compostos por elementos reais e tangíveis (Ex. Hardware, máquinas, equipamentos) também existem sistemas abstratos que são conceitos ou elementos intangíveis (Ex. Software, ideias, planos) 2. Sua natureza: Nessa classificação existem sistemas fechados, que são aqueles que não realizam trocas com o ambiente, e sistemas abertos, que são aqueles que realizam trocas com o ambiente. Existem sistemas fechados de verdade? Na realidade não existem sistemas que não realizam troca alguma com o ambiente, porém, ao mesmo tempo existem sistemas que realizam pouquíssimas trocas com o ambiente. Todas as organizações são sistemas abertos, isso ocorre pois são um conjunto de esforções coletivos, que possui um objetivo específico e que realiza trocas com o ambiente (Ex. As organizações compram e vendem produtos em trocas com o ambiente). Componentes dos Sistemas Todos os sistemas funcionam em uma lógica de: entrada, processamento, saída, retroalimentação (feedback) e ambiente, conforme a figura a seguir: Evolução do Pensamento em Administração 57 Figura 10 : Componentes de Sistemas AMBIENTE ENTRADA PROCESSAMENTO SAÍDA REALIMENTAÇÃO Fonte: Adaptado (CHIAVENATO, 2011). 1. Entradas: é o elemento inicial do sistema, traz os materiais e recursos para o processamento (Ex. Em uma empresa são os funcionários, matérias primas e máquinas). 2. Processamento: é onde ocorrem a transformação das entradas em saídas (Ex. Um material entra na fábrica e se torna um produto, ou processamento de dados). 3. Saídas: é a consequência do trabalho do sistema, são as saídas que são responsáveis pelo cumprimento do objetivo (Ex. Vendas, Produtos ou dados processados) 4. Ambiente: é o meio que envolve o sistema, responsável por fornecer entradas e receber as saídas do sistema 5. Realimentação (feedback): é a função do sistema que verifica se as saídas estão de acordo com o esperado, é onde as saídas do sistema interagem com o ambiente, fornecendo informações para que o sistema possa mudar e aprimorar-se. Organização como um Sistema Aberto Conforme afirmamos anteriormente, sistemas abertos são aqueles sistemas que realizam trocas com