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#metodologia queempodera Rodrigo Camargo Leão Edelmuth Vergilius José Furtado de Araujo Neto Cirurgia I Trauma e Cirurgia Geral luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 2023 © Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos à Editora Sanar Ltda. pela Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. É proibida a duplicação ou reprodução deste volume ou qualquer parte deste livro, no todo ou em parte, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (eletrônico, gravação, fotocópia ou outros), essas proibições aplicam-se também à editoração da obra, bem como às suas características gráficas, sem permissão expressa da Editora. Editora Sanar Ltda. Rua Alceu Amoroso Lima, 172 Caminho das Árvores, Edf. Salvador Office & Pool, 3º andar. CEP: 41820-770, Salvador – BA. Telefone: 0800 337 6262 www.sanarmed.com atendimento.med@sanar.com Apostila Bases da Medicina - Residência Médica: Cirurgia I - Trauma e Cirurgia Geral Rodrigo Camargo Leão Edelmuth Vergilius José Furtado de Araujo Neto Vergilius José Furtado de Araujo Neto Gustavo Almeida Renata Acácio Rocha Richard Veiga Editoração Thiago Almeida Bruno Brum Editora Papagaio Joelma Santos da Conceição Renata Panovich Ferreira Tony Roberson de Mello Rodrigues Matheus Feliciano da Costa Ferreira Vinícius Côgo Destefani Caio Nunes Título | Autores | Coordenador | Líder Editorial | Produção Editorial | Projeto gráfico | Diagramação | Capa | Edição de textos | Conselho editorial | FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Tuxped Serviços Editoriais (São Paulo-SP) Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Pedro Anizio Gomes – CRB-8 8846 A663a Araujo Neto, Vergilius José Furtado de (coord.). Apostila Bases da Medicina – Residência Médica: Cirurgia I - Trauma e Cirurgia Geral / Coordenador: Vergilius José Furtado de Araujo Neto; Autores: Rodrigo Camargo Leão Edelmuth e Vergilius José Furtado de Araujo Neto. – 1. ed. – Salvador, BA : Editora Sanar, 2023. 372 p.; il. E-book: 9.9 Mb; PDF. Inclui bibliografia. ISBN 978-85-5462-462-0. 1. Cirurgia Geral. 2. Medicina. 3. Residência. 4. Trauma. I. Título. II. Assunto. III. Coordenador. IV. Autores. CDD 617 CDU 616-089 ÍNDICE PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO 1. Medicina: Vários campos da medicina / Cirurgia. 2. Medicina: Cirurgia. APOSTILA BASES DA MEDICINA – RESIDÊNCIA MÉDICA: CIRURGIA I - TRAUMA E CIRURGIA GERAL ARAUJO NETO, Vergilius José Furtado de (coord.). Apostila Bases da Medicina – Residência Médica: Cirurgia I - Trauma e Cirurgia Geral. 1. ed. Salvador, BA: Editora Sanar, 2023. E-book (PDF; 9.9 Mb). ISBN 978-85-5462-462-0. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 3 AUTORES RODRIGO CAMARGO LEÃO EDELMUTH Cirurgião geral e cirurgião do aparelho digestivo pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Título de especialista em cirurgia do aparelho digestivo pelo CBCD. Foi médico preceptor da residência de cirurgia geral do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE) entre 2018 e 2020. Além de plantonista cirúrgico do pronto atendimento da mesma instituição, atualmente é Research Fellow na Weill Cornell Medical College, em Nova Iorque. VERGILIUS JOSÉ FURTADO DE ARAUJO NETO Coordenador e professor de cirurgia da Sanar. Possui graduação em medicina pela Faculdade de Medi- cina da Universidade de São Paulo. Atua na área de cirurgia geral e cirurgia de cabeça e pescoço pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. Título de especialista em cirurgia de cabeça e pescoço pela SBCCP. Professor de Técnica opera- tória e cirurgia de cabeça e pescoço na Faculdade de Medicina da Universidade Nove de Julho. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 5 COMO GARANTIR UMA APRENDIZAGEM EFICAZ E UMA RETENÇÃO DURADOURA? Tentar aprender muitas informações e conteúdos juntos e rapidamente pode diminuir a sua habilidade de reter, relembrar e usar esse aprendizado, pois a memorização dos fatos isolados não ajuda a criação de conexões entre os conceitos, além de não estimular a interligação entre o conhecimento prévio e aprendizados novos. Entender e conectar as informações estudadas é essencial tanto para a nossa memória e retenção, quanto para as futuras aprendizagens. Por isso é tão importante garantir que você entendeu o que acabou de estudar e criou as conexões necessá- rias entre os conceitos. Seguem algumas sugestões para que você possa fazer isso de maneira rápida e eficaz durante os seus momentos de estudo: 1. MAPAS MENTAIS O Mapa Mental é uma ferramenta para organizar, memorizar e analisar melhor um conteúdo específico. u Quando fazer: Quando você precisa entender como os conceitos estão inter-relacionados ou memorizar partes importantes do assunto. u Como fazer: A partir do Título e da sua lista de palavras, comece a criar o seu Mapa: a) Enquanto estuda um assunto, comece a escrever uma lista de palavras importantes que você não pode deixar de entender e reter na sua memória. Enquanto faz isso, pense em como essas palavras se conectam entre si. b) Coloque o título no centro da folha. A partir dele, puxe linhas que conectem as informações associadas ao título, que serão algumas das palavras da sua lista. c) Pense em outras conexões subsequentes e vá conectando as palavras umas com as outras seguindo uma lógica, por exemplo: Causa-Efeito, Sintoma-Doença, etc. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 6 Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura? d) Utilize formas geométricas para distinguir as palavras do seu mapa por categorias, por exemplo, use retângulos para todas as palavras que se encaixam na categoria Causas, use eclipses para as palavras que você encaixa em Efeitos. e) Use cores diferentes para deixar o seu mapa mental ainda mais claro e conectado. Defina as cores que você irá utilizar para cada categoria ou cada tipo de conexão. Ilustração de mapa mental. Essa tarefa pode até demorar um pouco mais no começo, mas, com um pouco de prática, você não vai gastar mais do que 10 minutos para garantir um enten- dimento aprofundado e uma aprendizagem mais eficaz e duradoura. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 7 Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura? 2. FLUXOGRAMAS Para que a aprendizagem seja realmente significativa, precisamos tam- bém garantir o entendimento dos contextos e das conexões que existem entre os diferentes assuntos. Através do seu Mapa Mental, você garantiu o seu entendimento e criou as conexões necessárias para entender um conceito específico. Construindo o seu próprio Fluxograma, você poderá expandir o seu entendimento dos assuntos complexos, conectando vários conceitos importantes entre si e com os seus contextos. u Quando fazer: Os Fluxogramas são ideais para consolidar processos e passo a passos! Por exemplo, você pode começar o seu Fluxograma com uma suspeita diagnóstica, para depois passar pela classificação e chegar até o tratamento. u Como fazer: A partir do seu objetivo, defina o título e os assuntos que irão entrar no seu Fluxograma: a) Depois de ter estudado um assunto mais amplo, pense no quadro completo que você precisa entender e saber. A partir disso, crie a lista de palavras, conceitos e frases mais importantes que você precisa incluir para atingir o seu objetivo. b) Coloque o Título no centro da folha. A partir do título, puxe linhas que conectem as infor- mações associadas ao título, que serão algumas das palavras ou frases da sua lista. c) Pense em outras conexões subsequentes e vá conectando as palavras e os conceitos até sentir que o processo e o conteúdo estão completos. d) Defina e siga uma lógica, por exemplo: Sintoma-Suspeita Diagnóstico-Exames-Classifica- ção-Tratamento. e) Utilize formas geométricas para distinguir as palavras do seu fluxograma por categorias, por exemplo, useretângulos para todas as palavras que se encaixam na categoria Causas, use eclipses para as palavras que você encaixa em Efeitos. f) Use cores diferentes para deixar o seu fluxograma ainda mais claro e conectado. Defina as cores que você irá utilizar para cada categoria ou cada tipo de conexão. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 8 Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura? No final, você terá um grande Fluxograma que não só vai garantir o seu entendi- mento, mas facilitará a revisão dos assuntos mais amplos e ajudará o seu cérebro a aprender, reter e saber usar as informações estudadas. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 9 Como garantir uma aprendizagem eficaz e uma retenção duradoura? 3. RESUMOS Para garantir o entendimento e a retenção das informações estudadas, um outro fator importante é a reflexão. Refletir sobre o assunto estudado, como os conceitos importantes se conectam entre eles e como aquele aprendizado pode ser aplicado, ajuda você a fazer as conexões necessárias e organizar as informações recebidas para retê-las na memória. Por isso, uma outra atividade essencial na sua rotina de estudo é escrever Resumos. u Quando fazer: Sempre que estudar! Resumos de fechamento são essenciais para a apren- dizagem. u Como fazer: Para executar essa estratégia você irá precisar só de alguns minutos, mas tam- bém de concentração e reflexão. a) Enquanto estiver estudando, leia e escute com atenção. b) Marque ou grife as palavras chave no texto ou as anote no seu caderno caso você esteja assistindo uma videoaula. c) Assim que terminar de estudar informações novas, olhe para as suas palavras chave e reflita sobre 2 perguntas: • O que acabei de aprender sobre o assunto? • Como isso se conecta ou se relaciona com o que eu já sabia? d) Comece a escrever breves respostas de no máximo 10 linhas para cada uma dessas per- guntas. e) Garanta que o seu texto seja sucinto, sem repetições e descrições desnecessárias, mas que responda bem às perguntas acima. 4. O QUE FAZER COM ESSES MATERIAIS DEPOIS? Estudos recentes comprovam que a retenção das informações na nossa memória depende diretamente da quantidade de vezes que acessamos essas informações. Por isso, estudar um assunto pouco a pouco, e não tudo de vez, e revisar com frequência é muito importante para garantir que na hora da prova você irá conseguir lembrar o que aprendeu sem dificuldades. Para aproveitar melhor o seu tempo de estudo e garantir revisões boas e frequentes, você pode usar os seus Mapas Mentais, Fluxogramas e Resumos criados no momento do estudo para revisar os assuntos já estudados ao longo do ano. Isso irá fortalecer as sinapses criadas e garantir a retenção das informações na memória a longo prazo. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 11 CONHEÇA A APOSTILA O que você precisa saber: Resumo dos principais pontos que você precisa se atentar ao ler o capítulo, direcionando seu estudo para o que realmente cai na prova. Bullets: Conteúdo organizado de forma objetiva e direta, em listas com marcadores, agilizando a localização das informações. Importância/prevalência do capítulo: Frequência do conteúdo em questões de provas de residência. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 12 Conheça a apostila Títulos e subtítulos numerados: Fácil identificação dos diferentes níveis de hierarquia dos tópicos. Dicas: Parte da escrita onde o professor conversa com você e que contém informações essenciais para entender as questões. Subcapítulos em destaque. Número do capítulo. Sumário nas aberturas dos módulos, com indicação dos níveis de importância de cada capítulo. importância/prevalência Indicação da especialidade ou área do capítulo. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 13 Conheça a apostila Questões comentadas: Questões aplicadas nos últimos anos nas principais provas de residência médica. Na primeira parte apresentamos apenas as questões e na segunda o gabarito e os comentários gerais do professor sobre todas as alternativas. Gabarito e comentário das questões, com explicação do professor tanto da resposta correta quanto do motivo de as outras estarem incorretas. Questões sem o gabarito para não direcionar a sua resposta Indicação dos diferentes graus de dificuldade: Indicação da especialidade ou área do capítulo.Título do capítulo. Título do capítulo. Fácil Intermediário Difícil dificuldade: dificuldade: dificuldade: 13 luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 14 Conheça a apostila Fixe seus conhecimentos! Ao final da apostila e de alguns capítulos você encontrará espaços para construir mapas mentais, fluxogramas ou fazer resumos e, assim, fixar seu conhecimento! Mapas mentais: Ao final de cada capítulo você encontrará mapas mentais, sintetizando os assuntos abordados. 14 luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 15 SUMÁRIO TRAUMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 capítulo 1. ATLS – ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO . . . . . 27 1. A – Via aérea e coluna cervical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 2. B – Ventilação e respiração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 3. C – Circulação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 4. D – Avaliação neurológica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 5. E – Exposição (prevenção de hipotermia). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 6. X – XABCDE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32 6.1. Torniquete . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 7. Avaliação secundária . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 7.1. História ampla. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 7.2. Radiografias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 TRAUMA NA GESTANTE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 1. Anatomia da gestante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 2. Fisiologia da gestante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 3. Conduta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36 TRAUMA PEDIÁTRICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 1. A – Via aérea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 1.1. Guedel (cânula orofaríngea) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 1.2. Intubação orotraqueal (IOT) . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 1.3. Via aérea cirúrgica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 2. B – Ventilação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 3. C – Circulação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 3.1. Trauma abdominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 4. D – Neurológico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 16 Sumário 5. E – Exposição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Mapa mental . ATLS – atendimento inicial ao politraumatizado . . . . . . . . . . . . . . 40 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42 capítulo 2. ATLS – VIA AÉREA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 1. A via aérea e a ventilação no trauma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 2. Quando suspeitar de obstrução da via aérea? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 2.1. Cânula orofaríngea (“Guedel”) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54 3. Via aérea definitiva. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 4. Quais as indicações de uma via aérea definitiva? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 4.1. Intubação orotraqueal ou nasotraqueal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55 5. Prevendo uma via aérea difícil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 5.1. Classificação de Mallampati . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 6. Sequência rápida de intubação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 6.1. Sedação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 6.2. Analgesia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57 6.3. Bloqueadores neuromusculares. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 6.4. Manobra de Sellick e BURP . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 6.5. Sequência correta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 6.6. Possíveis complicações da IOT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 7. Via aérea cirúrgica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58 8. Máscara laríngea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59 Mapa mental . ATLS – via aérea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63 capítulo 3. ATLS – TRAUMA TORÁCICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 1. Anatomia superficial do tórax . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 2. Pneumotórax hipertensivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72 2.1. Quadro clínico clássico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 3. Pneumotórax simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 4. Hemotórax maciço. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74 5. Pneumotórax aberto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75 6. Drenagem de tórax . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 6.1. Cuidados com o paciente e com o dreno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 7. Tórax instável e contusão pulmonar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 17 Sumário 8. Tamponamento cardíaco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 8.1. Tratamento (punção de Marfan) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 9. Toracotomia no trauma e zona “perigosa” de Ziedler. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78 9.1. Toracotomia no trauma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 10. Ruptura traumática de aorta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 11. Contusão miocárdica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 Mapa mental . ATLS – trauma torácico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 capítulo 4. ATLS – CHOQUE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . 93 1. Fisiologia do sistema cardiovascular. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 1.1. Pré-carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 1.2. Pós-carga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 1.3. Débito cardíaco e mecanismos extrínsecos para sua manutenção e da pressão arterial 94 1.4. Reflexo barorreceptor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 1.5. Sistema nervoso simpático. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 2. Choque hemorrágico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95 2.1. Precisamos repor o volume perdido e controlar a hemorragia! . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96 2.2. Perda sanguínea estimada e classes do choque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96 2.3. Fonte de sangramento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 2.4. Hipotensão permissiva/reanimação hipotensiva. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 2.5. Reposição de sangue e o protocolo de transfusão maciça . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97 2.6. Resposta à reposição volêmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98 3. Choque cardiogênico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 4. Choque obstrutivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99 5. Choque neurogênico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 5.1. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 6. Choque séptico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100 Mapa mental . ATLS – choque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101 Mapa mental . ATLS – choque (continuação) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 102 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 capítulo 5. ATLS – TRAUMA ABDOMINAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113 1. Anatomia cirúrgica da cavidade abdominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113 1.1. Andares abdominais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113 1.2. Bolsa omental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 1.3. Retroperitônio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 1.4. FAST: focused assesment sonography for trauma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116 1.5. Lavado peritoneal diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118 luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 18 Sumário 1.6. Técnica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118 1.7. Tomografia computadorizada de abdome . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 119 2. Trauma pélvico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 122 2.1. Trauma perineal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125 3. Trauma de transição toracoabdominal e lesão diafragmática. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125 4. Trauma abdominal penetrante. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 126 5. Manobras cirúrgicas no trauma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129 6. Trauma abdominal: lesões de órgãos específicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 6.1. Tratamento conservador ou cirúrgico?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 6.2. Baço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131 6.3. Fígado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 134 6.4. Vias biliares extra-hepáticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136 6.5. Lesão de vesícula biliar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136 6.6. Pâncreas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136 6.7. Duodeno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137 7. Fratura de Chance . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137 7.1. Síndrome do tanque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138 7.2. Delgado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 138 7.3. Cólon e reto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 8. Trauma de grandes vasos: hematoma de retroperitônio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 139 9. Síndrome compartimental abdominal e cirurgia de controle de danos. . . . . . . . . . . . 140 9.1. Etiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140 9.2. Repercussões. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141 9.3. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142 9.4. Tratamento. . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 142 9.5. Cirurgia de controle de danos: damage control . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143 Mapa mental . ATLS – trauma abdominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146 Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 146 Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 147 capítulo 6. ATLS – TRAUMA GENITURINÁRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155 1. Uretra. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155 2. Bexiga . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155 3. Trauma urológico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156 3.1. Trauma uretral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156 4. Trauma vesical . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 156 4.1. Trauma renal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157 Mapa mental . ATLS – Trauma geniturinário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160 Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 160 Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 161 luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 19 Sumário capítulo 7. ATLS – TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169 1. Fisiologia do SNC. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169 1.1. Doutrina de Monro-Kellie. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 170 1.2. Regulação da pressão intracraniana e fluxo sanguíneo cerebral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171 2. Escala de coma de Glasgow . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171 3. Objetivos do tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172 4. Classificação do TCE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173 4.1. TCE leve (Glasgow 13-15) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173 4.2. TCE moderado (Glasgow 9-12) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174 4.3. TCE grave (Glasgow ≤ 8) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 174 5. Lesões intracranianas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176 5.1. Hematoma extradural (epidural) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 176 5.2. Herniação de úncus e tríade de Cushing . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177 5.3. Hematoma subdural. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 177 5.4. Contusões e hematomas intraparenquimatosos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 178 5.5. Lesões cerebrais difusas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 180 Mapa mental . ATLS – trauma cranioencefálico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 181 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182 Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 182 Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 183 capítulo 8. ATLS – TRAUMA DE COLUNA VERTEBRAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191 1. Anatomia da coluna vertebral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191 1.1. Articulações da coluna vertebral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191 1.2. Articulações dos corpos vertebrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191 1.3. Medula espinal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192 1.4. Dermátomos e miótomos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 192 2. Introdução. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193 3. Choque neurogênico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 194 4. Bexiga neurogênica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195 5. Lesões específicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195 Mapa mental . ATLS – trauma de coluna vertebral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 197 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198 Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 198 Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 199 capítulo 9. ATLS – QUEIMADURAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203 1. Pele. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 203 1.1. Epiderme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204 1.2. Derme. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204 2. Classificação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205 luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 20 Sumário 2.1. 1º grau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205 2.2. 2º grau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 206 2.3. 3º grau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 206 2.4. 4º grau . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 207 3. Área de superfície corporal: regra dos 9 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 208 4. Reposição volêmica: fórmula de Parkland . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 209 4.1. Classificação de Lund-Browder . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210 5. Grande queimado e transferência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211 6. Cuidados com a queimadura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211 6.1. Antibioticoterapia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 212 6.2. Tratamento cirúrgico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 212 7. Complicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213 7.1. Insuficiência respiratória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213 7.2. Síndrome compartimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213 7.3. Insuficiência renal aguda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215 7.4. Gastrointestinais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215 7.5. Úlcera de Marjolin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215 8. Queimadura química . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216 9. O que fazer com queimaduras simples no PS? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 216 Mapa mental . ATLS – queimaduras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218 Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 218 Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 219 capítulo 10. TRAUMA VASCULAR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 227 1. Mecanismos de trauma e lesões associadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228 1.1. Trauma contuso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228 1.2. Trauma penetrante . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228 2. Quadro clínico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 228 3. Manejo inicial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229 3.1. USG-doppler arterial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229 3.2. Angiotomografia (angioTC) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 229 3.3. Arteriografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230 4. Síndrome compartimental aguda. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 230 4.1. Etiologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231 4.2. Causas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231 4.3. Diagnóstico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231 4.4. Quadro clínico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231 4.5. Tratamento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231 5. Trauma de grandes vasos: hematoma de retroperitônio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 231 6. Ruptura traumática de aorta. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 232 7. Trauma musculoesquelético . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233 7.1. Controle de sangramento de membros e extremidades. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 234 luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 21 Sumário Mapa mental . Trauma vascular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 236 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237 Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 237 Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 238 capítulo 11. TRAUMA DE FACE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 245 1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 245 2. Abordagem das fraturas ósseas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . 248 2.1. Maxila . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 248 2.2. Órbita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 249 2.3. Nariz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 249 2.4. Mandíbula . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 250 3. Profilaxia com antibiótico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 250 Mapa mental . Trauma de face . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 251 Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 252 Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253 capítulo 12. TRAUMA DE PESCOÇO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 255 1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 255 1.1. Anatomia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 255 1.2. Classificação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 257 1.3. Zonas de trauma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 258 2. Apresentação clínica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 259 2.1. Principais sinais clínicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 259 3. Tratamento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 260 Mapa mental . Trauma de pescoço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 261 Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 262 Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 263 CIRURGIA GERAL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 269 capítulo 13. PRÉ E PÓS-OPERATÓRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 271 1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 271 2. Capacidade Funcional e Status Performance . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 272 2.1. Mets. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 272 2.2. Karnofsky . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 272 3. ASA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 273 4. Exames complementares. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 273 luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 22 Sumário 5. Comorbidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 274 5.1. Hipertensão Arterial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 274 5.2. Insuficiência Cardíaca. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 274 5.3. Coronariopatias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 275 5.4. Arritmias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 275 5.5. DPOC . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 275 5.6. Asma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 276 5.7. Diabetes Melito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 276 5.8. Risco Cardiovascular. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 276 6. Transfusão de hemocomponentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 276 7. Medicamentos no pré-operatório. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277 7.1. Betabloqueadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277 7.2. Anti-hipertensivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277 7.3. Estatinas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277 7.4. Antiagregantes Plaquetários . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277 7.5. Anticoagulantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277 7.6. Corticoides Sistêmicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277 7.7. Antidiabéticos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 277 7.8. Levotiroxina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 278 8. Cuidados nutricionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 278 8.1. Avaliação do Estado Nutricional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 278 8.2. Reabilitação Nutricional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 279 8.3. Via Alimentar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 279 9. Via aérea difícil . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 280 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 281 Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 281 Mapa mental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 282 Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 283 capítulo 14. PRINCÍPIOS DA ANESTESIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 289 1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 289 2. Tipos de anestesia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 289 2.1. Sedação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 289 3. Anestesia Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 290 3.1. Anestesia Raquidiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 291 3.2. Anestesia Peridural . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 292 3.3. Bloqueios Regionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 292 4. Agentes inalatórios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293 4.1. Halotano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293 4.2. Enflurano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293 4.3. Isoflurano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293 4.4. Sevoflurano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293 4.5. Desflurano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293 5. Anestésicos Venosos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293 5.1. Propofol . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293 luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 23 Sumário 5.2. Cetamina . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 294 5.3. Etomidato. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 294 5.4. Benzodiazepínicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 294 5.5. Dexmedetomidina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 294 5.6. Opioides . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 295 6. Bloqueadores neuromusculares (BNM). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 296 6.1. Despolarizantes (Não Competitivos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 296 6.2. Não Despolarizantes (Competitivos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 296 7. Anestésicos locais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 297 Mapa mental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 298 Mapa mental (continuação) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 299 Mapa mental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 300 Mapa mental (continuação) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 301 Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 302 Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 303 capítulo 15. RESPOSTA METABÓLICA E NUTRIÇÃO EM CIRURGIA . . . . . . . 311 1. Resposta Endócrino-metabólica Imunológica ao Trauma (REMIT) . . . . . . . . . . . . . . . . 311 1.1. Resposta Imunológica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 311 1.2. Resposta Metabólica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 312 1.3. Resposta Endócrina. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 313 1.4. Modulação da REMIT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 314 2. SUPORTE NUTRICIONAL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 315 2.1. Avaliação Nutricional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 315 2.2. Pré-Operatório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 315 2.3. Vias de Alimentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 316 2.4. Nutrição Parenteral (NP) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 316 Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 317 Mapa mental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 318 Mapa mental (continuação) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 319 Mapa mental (continuação) . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 320 Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 321 capítulo 16. BASES DA CIRURGIA E PROCEDIMENTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 329 1. Bases da cirurgia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 329 1.1. Profilaxia Antimicrobiana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 329 1.2. Profilaxia de Tromboembolismo Venoso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 331 2. Procedimentos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 332 2.1. Suturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 332 2.2. Acesso Venoso Central . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 334 2.3. Acesso Guiado por Ultrassonografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 337 luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 24 Sumário Mapa mental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 338 Mapa mental (continuação) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 339 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 340 Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 340 Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 341 capítulo 17. COMPLICAÇÕES CIRÚRGICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 345 1. Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 345 2. Complicações da ferida operatória. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 345 2.1. Seroma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 345 2.2. Hematoma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 347 2.3. Infecção de Ferida Operatória. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 347 3. Deiscência de ferida operatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 348 3.1. Ferida Crônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 349 Mapa mental 1 . Complicações de ferida operatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 350 4. Febre no pós-operatório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 351 4.1. Pós-Operatório Imediato (ou Intraoperatório). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 351 4.2. Entre o 2º e o 4º Dia do Pós-Operatório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 351 4.3. Após o 3º Dia de Pós-Operatório. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 352 Mapa mental 2 . Complicações de ferida operatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 353 5. Tromboembolismo venoso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 354 6. Complicações pulmonares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 354 6.1. Atelectasia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 354 6.2. Pneumonia e Pneumonite Pós-Aspiração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 354 Mapa mental 3 . Complicações pulmonares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 356 7. Complicações gastrointestinais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 357 7.1. Íleo Paralítico. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 357 7.2. Deiscências Gastrointestinais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 358 7.3. Fístulas Gastrointestinais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 359 7.4. Outras Complicações . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 360 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 360 Bibliografia consultada . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 360 Mapa mental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 361 Mapa mental (continuação) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 362 Questões comentadas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 363 luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 25 TRAUMA luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 26 TRAUMA Sumário Prevalência/importância 1. ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado . . . . . . . 2. ATLS – Via aérea . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3. ATLS – Trauma torácico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4. ATLS – Choque . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5. ATLS – Trauma abdominal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6. ATLS – Trauma geniturinário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7. ATLS – Trauma cranioencefálico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8. ATLS – Trauma de coluna vertebral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9. ATLS – Queimaduras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10. Trauma vascular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11. Trauma de face . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12. Trauma de pescoço . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 27 Capítulo 1 ATLS – ATENDIMENTO INICIAL AO POLITRAUMATIZADO O QUE VOCÊ PRECISA SABER? u O atendimento inicial ao politraumatizado é composto pela avaliação de diversos parâmetros da vítima. O ABCDE e o AMPLA são dois mnemônicos que ajudam a lembrar de todos esses parâmetros e da ordem correta em que devem ser avaliados. • A: Permeabilidade das vias aéreas e imobilização da coluna cervical; • B: Ventilação; • C: Choque; • D: Neurológico (Glasgow, pupilas e déficits); • E: Exposição – despir o paciente, avaliar e classificar lesões e prevenir hipotermia. • A: Alergias; • M: Medicamentos; • P: Passado médico/prenhez (avaliar antecedentes pessoais e risco de gestação); • L: Líquidos e alimentos ingeridos recentemente; • A: Ambiente relacionado ao trauma e mecanismo de trauma. u No trauma, não se esqueça de saber as peculiaridades dos atendimentos de crianças. Ainda que os parâ- metros e a ordem se mantenham, existem algumas diferenças no manejo e na correção de alterações decorrentes do trauma. BASES DA MEDICINA O protocolo ABCDE do trauma, hoje amplamente conhe- cido e tido como uma das principais práticas de primeiros socorros a vítimas politraumatizadas, nasceu de uma tragédia, assim como muitas das descobertas médicas. O fato ocorreu em 1976, quando o dr. James K. Styner, um ortopedista de Nebraska, e sua família sofreram um grave acidente aéreo em seu avião particular. A queda ocorreu em uma área rural; a violência do impacto foi tamanha que fez com que sua esposa morresse imediatamente e três de seus quatro filhos sofressem graves ferimentos. Sem ninguém por perto e em busca de socorro, Styner acenou para um carro que passava em uma estrada próxima e pediu para que seus filhos fossem levados ao hospital o mais rápido possível. Infelizmente, assim que chegaram lá, o local estava fechado; o médico e seus filhos tiveram que esperar mais de dez horas para ser atendidos. Quando a equipe de atendimento médico finalmente che- gou ao local, a inexperiência e os distúrbios na abordagem dos profissionais impressionaram o dr. Styner, deixando clara a inabilidade do hospital diante de um tratamento de vítimas de acidentes. A tragédia só não foi maior porque, apesar do tempo de espera, tanto Styner quanto seus filhos foram salvos. Mas o episódio mudou a vida do médico para sempre: ele passou a buscar alternativas para a abordagem do traumatizado. Ficou claro que algo deveria ser feito. Com um colega de trabalho, o dr. Paul Collicott, Styner deu início a um programa de otimização da abordagem ao politraumatizado – o que mais adiante se tornaria o proto- colo ABCDE do trauma, conhecido por nós, cujo objetivo principal é reduzir os índices de mortalidade e morbidade de vítimas de qualquer tipo de trauma. O American College of Surgeons editou o protocolo e o publicou como ATLS®. importância/prevalência luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma 28 Foi o início de uma mudança radical na abordagem ao politraumatizado e que em pouco tempo passaria a ser adotada por vários países ao redor do mundo. Figura 1. Foto do avião pilotado pelo dr. Styner, em 1976. Fonte: Kenneth Styner/Wikimedia Commons1. Figura 2. Dr. Styner e seus filhos, todos sobreviventes do acidente de avião. Fonte: Kenneth Styner/Wikipedia2. When I can provide better care in the field with limited resources than what my children and I received at the primary care facility 3/4 there, is something wrong with the system, and the system has to be changed. – James Styner, 1977. Trauma, nos países ocidentais, é a terceira maior causa de morte, perdendo para doenças cardiovasculares e cânceres. Quando consideramos apenas a população menor de 45 anos, ele passa a representar a primeira causa de morte. Desse modo, afeta principalmente a população economicamente ativa, trazendo consequências socioeconômicas importantes, seja pelo óbito em si ou pela morbidade (sequelas definitivas irreversíveis) que pode causar. u 9 mortes/minuto por trauma ou violência; u 5,8 milhões de mortes/ano; u 12% dos gastos mundiais com saúde. Classicamente, a distribuição das mortes no trauma é trimodal, isto é, a mortalidade ocorre em três diferentes picos. Quase 50% dos óbitos ocorrem na cena, logo após o acidente. Para esses casos, o único tratamento é a prevenção. O segundo pico de morte ocorre nas primeiras horas após o trauma e é decorrente de lesões fatais, mas potencialmente tratáveis, como pneumotórax, hemotórax, lesões abdominais, hematomas intracranianos etc. Nós, médicos, conseguimos salvar esses pacientes se agirmos de forma correta e precoce. O terceiro momento ocorre dias ou meses após o trauma, geral- mente por sepse e disfunção de múltiplos órgãos. Com o avanço da Medicina e o melhor atendimento ao paciente, essa curva tem se modificado e torna- do-se bimodal. Isso é observado especialmente em países desenvolvidos, nos quais há um sistema de trauma bem-organizado. O gráfico abaixo facilita nosso entendimento: Figura 3. Note que o segundo pico da curva trimodal tende a desaparecer. A linha representa a mortalidade trimodal clássica, enquanto as barras demonstram dados de 2010 nos EUA. Fonte: Adaptada de Gunst et al3. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1 29 DICA A sequência de tratamento do ATLS sempre será a mesma. Primeiro, vamos tra- tar a maior ameaça à vida – por isso, sem- pre, SEMPRE aplicaremos a sequência AB- CDE, nessa ordem! Não há exceção. Você já deve estar cansado de escutar sobre o ABCDE do trauma, mas vamos reforçar aqui a importância desse conteúdo. Quadro 1. Sequência de atendimento do ATLS. ATLS: ABCDE do trauma A Airways Via aérea e coluna cervical B Breathing Ventilação e respiração C Circulation Circulação D Disability Avaliação neurológica E Exposure Exposição do doente e prevenção de hipotermia Fonte: Elaborado pelo autor. DICA O atendimento inicial do politrau- matizado consiste em uma rápida avalia- ção primária com o objetivo de identificar e tratar imediatamente as situações com risco de morte, não devendo ultrapassar 5 a 10 minutos. FLASHCARD Qual a sequência de atendimento do paciente poli- traumatizado? • A – Via aérea + coluna cervical • B – Respiração • C – Circulação • D – Neurológico • E – Exposição e prevenção de hipotermia 1. A – VIA AÉREA E COLUNA CERVICAL Primeiro, cuidamos da via aérea, porque é ela que mata mais rapidamente! De nada adianta parar o sangramento de ossos longos ou transfundir, se meu paciente está morrendo por hipóxia. Antes da ausculta pulmonar, FAST, Glasgow ou qualquer outro procedimento, temos que avaliar e garantir a permeabilidade da via aérea! Não interessa se há fratura exposta de todos os membros e se o paciente está chocado. O “A” vem antes do “C”. Agora você deve estar pensando: “mas o ATLS não mudou para X-ABCDE?”. A resposta é não! Falaremos sobre isso no final do capítulo. Podemos assumir que pacientes que conseguem verbalizar, isto é, conversar, têm uma via aérea pérvia! FLASHCARD Qual a prioridade no atendimento do paciente poli- traumatizado? Airways (Via Aérea e Coluna Cervical). É também nesse primeiro momento que precisa- mos garantir a proteção da coluna cervical! Muitos pacientes já chegam trazidos pelo resgate com colar cervical em prancha rígida; caso isso não ocorra, é sua obrigação estabilizar a cervical do paciente (primeiro, de forma manual), até que alguém coloque o colar cervical. Não confunda: nesse momento, devemos proteger a coluna cervical, mas não a avaliar. Não é agora quevamos palpar a coluna, perguntar para o doente se ele tem dor ou buscar sinais de trauma raquimedular. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma 30 2. B – VENTILAÇÃO E RESPIRAÇÃO A permeabilidade da via aérea, por si só, não garante ventilação adequada. Uma troca adequada de gases é necessária para que seja possível a oxigenação e a eliminação de dióxido de carbono. Uma boa ventilação exige um funcionamento adequado dos pulmões, da parede torácica e do diafragma. FLASHCARD Quais diagnósticos potencialmente fatais podem ser feitos e tratados no “B” da sequência? • Pneumotórax hipertensivo • Lesão de árvore traqueobrônquica • Hemotórax maciço • Pneumotórax aberto • Tamponamento cardíaco O pescoço e o tórax devem ser expostos, a fim de avaliar veias jugulares, posição da traqueia e movimentos respiratórios. O exame físico do tórax é essencial nesse momento, com inspeção, ausculta e percussão. É nessa etapa que fazemos diagnósticos potencialmente letais, como pneumotórax hiperten- sivo, lesão de árvore traqueobrônquica, hemotórax maciço e pneumotórax aberto. Além de fazer esses diagnósticos, devemos tratá-los imediatamente. FLASHCARD Após constatado o choque, temos que: Buscar a fonte de sangramento, parar o sangramento e repor o volume perdido. 3. C – CIRCULAÇÃO A hemorragia é a principal causa de morte pós- -traumática evitável, por isso temos que identificar rapidamente um potencial sangramento, parar a hemorragia e repor o volume perdido. Lembre-se sempre de que o principal tipo de choque no trauma é o choque hemorrágico. FLASHCARD Quais as possíveis fontes de sangramento no trauma? Tórax, abdome, pelve e retroperitônio, ossos longos e chão (meio externo). Nesse momento, avaliamos o estado hemodinâmico do nosso paciente (pressão arterial, frequência car- díaca, pulso e perfusão periférica). Após constatado o choque, temos que: u Buscar a fonte de sangramento; u Parar o sangramento; u Repor o volume perdido. A hemorragia externa significativa deve ser tratada por compressão manual direta. Os torniquetes são efetivos na exsanguinação em lesões de extremi- dades, mas podem causar lesão isquêmica (ficam reservados para quando a compressão direta não é eficaz). Não devemos utilizar pinças hemostáticas, pois elas podem causar lesões de nervos ou veias. Quadro 2. Possíveis fontes de sangramento no trauma. Possíveis fontes de sangramento no trauma • Tórax • Abdome • Pelve e retroperitônio • Ossos longos • “Chão”: meio externo Fonte: Elaborado pelo autor. 4. D – AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA A avaliação neurológica deve ser rápida e direcio- nada! u Escala de Coma de Glasgow; u Pupilas: tamanho e reatividade; u Sinais de lateralização (déficits motores, pares- tesias ou plegias). luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1 31 Quadro 3. Escala de Coma de Glasgow. Escala de Coma de Glasgow Abertura Ocular 4 Espontânea 3 Estímulo verbal 2 À pressão 1 Ausente Melhor resposta verbal 5 Orientado 4 Confuso 3 Palavras 2 Sons 1 Ausente Melhor resposta motora 6 Obedece ao comando 5 Localiza a dor 4 Não localiza a dor (flexão normal) 3 Decorticação (flexão anormal) 2 Decerebração (extensão anormal) 1 Ausente Melhor escore possível: 15 (O4 + V5 + M6) Pior escore possível: 3 Fonte: Elaborado pelo autor. DICA A Escala de Coma de Glasgow (ECG) baseia-se na abertura ocular, na resposta verbal e na resposta motora. Em 2018 foi proposta uma atualização da escala de coma de Glasgow, na qual a reatividade pupilar entra no cálculo. Mas tomem cuidado, ela NÃO substituiu a escala original e a edição mais recente do ATLS (10ª edição, 2018) não cita essa nova escala! O pró- prio autor do estudo original escreve no artigo que a nova escala (ECG-P: escala de coma de Glasgow pupilar) não deve substituir a escala clássica, mas sim adicionar informações e que ambas deverias ser registradas em prontuários! A ECG-P varia de 1 – 15, pois devemos subtrair da escala original conforme os achados da reatividade pupilar. u Avaliação de reatividade pupilar: W (2) Ambas as pupilas não reagem ao estímu- lo de luz. W (1) Uma pupila não reage ao estímulo de luz. W (0) Nenhuma pupila fica sem reação ao estí- mulo de luz. Por exemplo: se o paciente apresenta um Glasgow 8 (RM 3, RV 3 e AO 2) e não há reflexo fotomotor bilateral, iremos subtrair 2 (8 − 2 = 6). Portanto, ECG-P = 6. FLASHCARD Cite duas medidas obrigatórias no “E”. Exposição completa do paciente e prevenção de hi- potermia. 5. E – EXPOSIÇÃO (PREVENÇÃO DE HIPOTERMIA) A etapa final do ABCDE é exposição e aquecimento do ambiente (Exposure e Environment). Devemos despir todo o paciente e examiná-lo da cabeça aos pés, buscando lesões que podem ter passado despercebidas até o momento. Devemos rodar o paciente em monobloco, visando buscar lesões em dorso, nádegas e períneo. Lem- bre-se: sempre temos que garantir a estabilidade de coluna vertebral. Após exposição completa do paciente e avaliação, devemos prevenir a hipotermia. A temperatura do ambiente deve ser controlada; o paciente precisa ser protegido com cobertores ou manta térmica. Lembre-se: a infusão de fluidos deve ser feita com soro previamente aquecido a 39 graus. Também nessa etapa podemos realizar algumas partes do exame físico ainda não realizadas, além de passar sondas. FLASHCARD Contraindicação absoluta para passagem de SNG? Fratura de base de crânio. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma 32 Lembre-se: no caso de doentes politraumatizados, o toque retal e vaginal faz parte do exame físico. Como o toque pode nos ajudar no trauma? u Sangramento: possibilidade de lesões de alças. u Espículas ósseas: fratura de ossos pélvicos. u Tônus do esfíncter: hipotonia pode sugerir trau- ma raquimedular. Em pacientes chocados, temos que lembrar do choque neurogênico. u Altura da próstata (próstata móvel ou alta/cefa- lizada): classicamente, esse achado pode signi- ficar lesão de uretra. Entretanto, a 10ª edição do ATLS diz que a palpação da próstata não é um sinal confiável de lesão prostática. O toque retal pode ser feito no C (Circulação), pois ajuda a diagnosticar possíveis causas de choque; no D (Neurológico), visando avaliar tonalidade do esfíncter; ou na fase final da avaliação (E). A passagem da sonda vesical de demora pode ter sido feita no C (avaliação da reposição volêmica), mas não é errado deixá-la para o E, ou até mesmo para a avaliação secundária. A passagem de sonda gástrica (nasogástrica ou orogástrica) também pode ser feita agora, tendo como objetivo esvaziar o estômago e prevenir a aspiração de conteúdo gástrico. Não se esqueça: nunca podemos passar sondas por via nasal em pacientes com suspeita de fratura de base de crânio: olhos de guaxinim, sinal de Battle, rinorreia, otorreia, otorragia, rinorragia. Se fizermos isso, podemos locar a sonda dentro do cérebro! 6. X – XABCDE Na abordagem inicial, deve ser dada ênfase à manu- tenção das vias aéreas, à estabilização da coluna cervical, ao controle da hemorragia externa e à imobilização do paciente para o transporte – neste último caso, empregando uma prancha longa. A edição mais recente do PHTLS (2018, 9ª edição) introduziu um novo conceito, o X-ABCDE. A 10ª edi- ção do ATLS (2018) somente menciona o X-ABCDE em um dos capítulos apêndices, quando se refere ao ATLS-OE (U.S. Military’s Advanced Trauma Life Support for the Operational Environment). O ATLS-OE é voltado para um ambiente operacional e hostil, como a guerra. Portanto, preste atenção e tome cuidado! A regra para a prova e para a vida é o ABCDE. A VIA AÉREA vem ANTES do sangramento na MAIORIA das vezes! Afinal, o que é o X-ABCDE? u X – EXsanguinante; u A – Via aérea; u B – Respiração; u C – Circulação; u D– Neurológico; u E – Exposição. O X refere-se a hemorragias exsanguinantes e MUITO severas, como sangramentos arteriais em jato ou maciços. Nesses casos EXCEPCIONAIS, a contenção da hemorragia externa grave deve ser realizada antes mesmo do manejo das vias aérea. Esse conceito é válido para o atendimento pré-hospitalar e em cenários hostis. DICA ATLS é ABCDE! Somente utilize o conceito de XABCDE se o autor for muito claro ao afirmar que há um sangramento arterial ativo e incompatível com a vida! O controle da hemorragia externa maciça pode ser feito de duas maneiras: u Compressão direta u Torniquete (caso o sangramento seja em membros) luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1 33 6.1. TORNIQUETE É uma ferramenta extremamente útil para sangra- mentos importantes de membros, mas deve ficar reservado a casos excecionais e muito graves. Não há um tempo máximo para a utilização do dispo- sitivo, mas sabe-se que, quanto maior o tempo de uso, maior o risco de perda do membro. O torniquete deve ser específico para tal procedimento, pois garrotes improvisados dificilmente conseguem vencer a pressão arterial e cessar o sangramento. Figura 4. Exemplo de compressão direta. Fonte: vzmaze/shutterstock.com4 Figura 5. Utilização correta do torniquete. (A) Colocação acima da lesão, nunca sobre ela. (B) Gire o torniquete até a cessação completa do sangramento. (C) Trave o torniquete. (D) Anote o horário em que ele foi realizado. Fonte: Acervo Sanar. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma 34 7. AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA A avaliação secundária sempre deve ser realizada. Consiste em um exame minucioso, da cabeça aos pés. Assim como na exposição, aqui podemos realizar os toques retais ou vaginais e passar as sondas (vesicais ou gástricas). 7.1. HISTÓRIA AMPLA Para finalizar, guarde a regra da história Ampla! Esse mnemônico pode ser bastante útil no dia a dia, para obter a história do paciente vítima de trauma. Quadro 4. História AMPLA. História Ampla A Alergia M Medicamentos P Passado médico/prenhez L Líquidos e alimentos ingeridos recen-temente A Ambiente relacionado ao trauma/meca-nismo de trauma Fonte: Elaborado pelo autor. 7.2. RADIOGRAFIAS Precisamos solicitar duas radiografias básicas para todo paciente vítima de trauma: u RX de tórax no leito (anteroposterior – AP); u RX de pelve no leito. A radiografia cervical em perfil tem perdido muito espaço, em razão da maior disponibilidade de tomo- grafias nos hospitais; contudo o RX cervical ainda pode ser muito útil – guarde essa informação! Tenha em mente que nenhum exame ou procedi- mento diagnóstico pode atrasar a reanimação do paciente! Exames e procedimentos devem ser rea- lizados na sala de trauma, com aparelhos portáteis. FLASHCARD Quais radiografias podem ser feitas no atendimen- to inicial? RX de tórax no leito (anteroposterior – AP) e Rx de pelve no leito. DIA A DIA MÉDICO XABCDE versus ABCDE. Em grandes centros de trauma, o atendimento do paciente politraumatizado é feito em equipe; de forma ideal, cada médico é responsável por uma das letras do ABCDE – assim, o atendimento acaba sendo simultâneo, e não sequencial, como na teoria. Se você estiver em um hospital menor e for o único médico do plantão, a sequência ABCDE deverá sempre ser res- peitada – mas, claro, com bom senso! Exemplo: Chegou pela porta da emergência um adulto gritando de dor e pedindo socorro, pois cortou a mão com uma serra elétrica; o sangue está jorrando no teto, direto da artéria radial. Fica óbvio que a prioridade, nesse paciente, é comprimir o ferimento que tem sangramento arterial ativo (até porque ele está gritando e, portanto, sua via aérea está pérvia). Se esse mesmo paciente chegasse desacordado, poderíamos perder 5 segundos colocando uma compressa sobre o sangramento e pedir para que a enfermeira ou o auxiliar de enfermagem mantivessem a compressão local, enquanto avaliamos a via aérea e a ventilação. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1 35 TRAUMA NA GESTANTE A gestação é responsável por inúmeras mudanças na fisiologia. Essas alterações podem alterar sinais vitais e sintomas da paciente vítima de trauma, dificultando ou falseando a avaliação inicial. O médico emergencista responsável pelo manejo da gestante traumatizada precisa ter em mente que está a frente de dois pacientes: mãe e feto. Entretanto, o manejo inicial e as prioridades são os mesmos de uma paciente não gestante. DICA O melhor tratamento para o feto está na estabilização clínica da mãe! 1. ANATOMIA DA GESTANTE Com o avançar da gestação, o útero cresce e pro- jeta-se para fora da pelve a partir da 12ª semana. Já na 20ª semana, pode ser palpável ao nível da cicatriz umbilical e, entre a 34ª e 36ª semanas, alcança a margem costal. Com isso, ocorre uma leve compressão do diafragma – elevando-se cerca de 4 cm –, o que produz uma redução no volume residual pulmonar. À medida que a cabeça do feto posiciona-se na pelve para o parto, a altura uterina reduz sutilmente. Nesse estágio, fraturas pélvicas podem causar trauma cranioencefálico fetal. Com o crescimento uterino na linha mediana da cavidade abdominal, as vísceras que antes ocupavam essa região se encontram deslocadas. O intestino delgado desloca-se cefalicamente para o abdome superior. Por conta disso, no trauma fechado, as alças costumam estar protegidas a despeito da vulnera- bilidade uterina, enquanto, no trauma penetrante no abdome superior, podem sofrer lesões extensas. Uma outra desvantagem está na dificuldade em acessar sinais de irritação peritoneal e ascite nessas pacien- tes, em virtude da excessiva distensão da parede abdominal. A bexiga habitualmente se encontra anterior ao útero, logo, também se desloca para a cavidade intra-abdominal, estando mais vulnerável ao trauma. Em adição a isso, sua vascularização está aumentada em virtude da gestação, o que aumenta o risco de sangramentos intensos. A partir da 20ª semana, o útero gravídico é capaz de comprimir as estruturas retroperitoneais (principal- mente quando a gestante assume a posição supina), gerando compressão de aorta e veia cava inferior, que podem produzir: edema de membros inferio- res; diminuição da pré-carga e do débito cardíaco; e dilatação pielocalicial e ureteral, principalmente do lado direito, gerando hidronefrose e hidroureter sem significado patológico. Com o crescimento uterino, sua parede tende a se tornar mais fina e, consequentemente, mais vulne- rável ao avançar do último trimestre. A placenta é uma estrutura pouco elástica e também pode sofrer dano na ocorrência de trauma. Ademais, sua vascularização é maximizada a fim de produzir uma região de baixa resistência para transferência de oxigênio e nutrientes ao feto. Assim, no caso de choque hipovolêmico materno, com o aumento compensatório da resistência periférica há uma redução da oxigenação fetal. A partir do sétimo mês, a sínfise púbica e os espaços entre as articulações sacroilíacas aumentam, favorecendo subluxações e dificultando a interpretação de radiografias pélvicas. 2. FISIOLOGIA DA GESTANTE O volume plasmático aumenta constantemente durante a gestação até chegar a um platô na 34ª semana. Com isso, ocorre o aumento do débito cardíaco de 1 a 1,5 L/minuto – destes, 20% são direcionados à placenta. A frequência cardíaca aumenta em 10 a 15 bpm no terceiro trimestre, enquanto a pressão arterial cai em 10 a 15 mmHg de diastólica e 5 a 10 mmHg de sistólica. O aumento no volume de hemácias não é proporcional ao incremento volumétrico, resultando na redução do hematócrito (anemia fisiológica) para níveis de 31 a 35%. Por conta da volemia aumentada, gestantes podem perder até 1,5 L de sangue – suficientes para levar ao estresse fetal– antes de apresentarem sinais e sintomas de hipovolemia. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma 36 A despeito da redução no volume residual referida anteriormente, ocorre um aumento de 40% (200 mL) no volume corrente pulmonar, que gera uma PaCO2 média de 30 mmHg (alcalose) na gestante. A taxa de filtração glomerular e o fluxo sanguíneo renal costu- mam estar aumentados e, por consequência, a crea- tinina sérica e ureia nitrogenada caem. A alcalose respiratória leva a um aumento da excreção renal de bicarbonato e, assim, tem-se valores menores de bicarbonato sérico (19-20 mEq/L). A contagem de leucócitos aumenta, não sendo incomum valores de 12 mil ou até 25 mil durante o parto. O fibrino- gênio e demais fatores de coagulação se elevam, produzindo um tempo de protrombina e tempo de ativação parcial de tromboplastina encurtados. As plaquetas também podem estar diminuídas. Por fim, o eixo do eletrocardiograma pode estar deslocado em 15 graus para a esquerda e apresentar ondas T achatadas ou invertidas nas derivações III, aVF e precordiais, sem que signifique alteração patoló- gica. Além disso, batimentos ectópicos são mais frequentes durante a gravidez. Quadro 5. Alterações fisiológicas da gestação e suas consequências. Alterações fisiológicas da gestação Consequências Cardiovasculares: u Aumento da volemia; u Elevação da frequência cardíaca (15-20 bpm); u Redução da pressão arterial (2º semestre); u Redução da resistência vascular periférica; u Aumento do volume uterino e da compressão da cava. u Anemia fisiológica (hemodiluição: menor hematócrito); u Dificuldade no diagnóstico de choque hipovolêmico; u Redução do retorno venoso em decúbito dorsal (↓ pré-carga). Pulmonares: u Elevação da cúpula diafragmática (4 cm); u Redução da capacidade residual funcional. u Alcalose respiratória; u Menor tolerância a tempo de apneia/hipoxemia. Renais: u Aumento da TFG; u Aumento do volume plasmático. u Hemodiluição (redução de creatinina e do ácido úrico plasmático). De coagulação: u Aumento dos fatores de coagulação (I, VII, X e XII); u Aumento do fibrinogênio; u Aumento do fator de Von Willebrand. u Risco de tromboembolismo aumentado Gastrointestinais: u Aumento da gastrina; u Redução da atividade do esfíncter esofagiano; u Redução da motilidade gastrointestinal. u Maior risco de broncoaspiração (aumento da secre- ção gástrica). Fonte: Elaborado pelo autor. 3. CONDUTA A regra do ABCDE continua exatamente a mesma na gestante! Existe uma única peculiaridade que precisa ser lembrada! Gestantes no 2º e 3º trimestres são suscetíveis, quando na posição supina, a uma pro- funda hipotensão, devido à compressão aorto-cava provocada pelo útero. Por esse motivo, precisamos posicionar a paciente imobilizada sobre prancha longa inclinada para a esquerda, ou alternativa- mente o útero pode ser deslocado manualmente para a esquerda enquanto a paciente não estiver sobre a prancha. DICA Gestantes no 2º e 3º trimestres de- vem ser posicionadas em decúbito lateral esquerdo a fim de descomprimir a cava. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1 37 TRAUMA PEDIÁTRICO O trauma continua sendo a causa mais comum de morte e de incapacitação na infância. Na infância, a mortalidade por trauma é maior do que a mortalidade por todas as demais causas juntas. A anatomia, a fisiologia e os mecanismos de trauma causam padrões de lesões diferentes daqueles causados nos adultos. As principais causas de trauma na criança são: u Acidente automobilístico; u Afogamento; u Incêndio; u Homicídio/Maus-tratos; u Queda: crianças pequenas (< de 2 meses) caem do colo de pessoas. Já crianças acima dessa idade tendem a cair de móveis. A prioridade de atendimento continua sendo a mesma aplicada ao adulto: sequência ABCDE, sem exceções. Vamos lá. 1. A – VIA AÉREA As alterações anatômicas são muito importantes nesse momento: a língua da criança é maior, assim como suas tonsilas. Sua mandíbula é menor e a via aérea é mais curta e mais estreita (forma de funil). Fica fácil visualizar que sua via aérea tende a ser mais difícil, certo? O grande occipício leva à flexão passiva da coluna cervical e, consequentemente, ao fechamento da via aérea. Para evitar esse cenário, devemos colocar um coxim abaixo de todo o torso da criança, pre- servando o alinhamento neutro da coluna cervical. Quanto menor a criança, maior a desproporção entre o tamanho do crânio e a face, e maior o risco de obstrução da via aérea. Figura 6. Note que o grande occipício faz uma flexão passiva da cabeça e bloqueia a via aérea (a). Quando colocamos um coxim abaixo de todo o torso da criança, permitimos o alinhamento e sua abertura (b). Fonte: Harless et al5. 1.1. GUEDEL (CÂNULA OROFARÍNGEA) Questão para a prova prática: a introdução da cânula de Guedel na criança deve ser cautelosa, e com sua concavidade voltada para baixo (para a língua), pois a ponta da cânula pode lesar o palato (o palato duro da criança ainda é mole!). 1.2. INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL (IOT) O risco de intubação seletiva em crianças é maior, pois sua traqueia é mais curta! Além disso, a obs- trução do tubo traqueal também é mais comum, visto que ele tem um calibre menor. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma 38 FLASHCARD Quais são as indicações de IOT em crianças? Parada cardiocirculatória; falha de manutenção de via aérea pérvia com outros métodos; choque he- morrágico, com necessidade de intervenção cirúrgi- ca; coma; TCE grave. 1.3. VIA AÉREA CIRÚRGICA A cricotireoidostomia cirúrgica é contraindicada em lactentes e crianças (< 12 anos), visto que a cartilagem cricoide é o principal pilar da laringe nessa idade. Em tais casos, devemos realizar cri- cotireoidostomia por punção, ou traqueostomia. Essa é uma das poucas indicações de traqueosto- mia no trauma. 2. B – VENTILAÇÃO FLASHCARD Quando é contraindicada a cricotireoidostomia cirúr- gica em crianças? Em lactentes e crianças (< 12 anos), visto que a cartila- gem cricoide é o principal pilar da laringe nessa idade. A manutenção da via aérea e da ventilação é primor- dial na criança, pois a hipóxia é a principal causa de parada cardíaca evitável. Além disso, a criança apresenta algumas altera- ções anatômicas importantes. A parede torácica da criança é mais mole: os ossos, por ainda não serem completamente calcificados, são mais flexíveis, e fraturas são mais raras. Isso tem dois impactos clínicos importantes: u Fraturas de costelas indicam força significativa. u Crianças podem apresentar contusões pulmo- nares graves, mesmo na ausência de fratura de costelas. 3. C – CIRCULAÇÃO Cuidado! Crianças demoram para apresentar taqui- cardia e hipotensão (são sinais tardios de choque hipovolêmico). Elas conseguem aguentar, sem gran- des repercussões, sangramentos e insultos graves, por apresentarem uma resposta compensatória vigorosa. Isso pode ser perigoso, porque elas não “avisam” ao médico que vão piorar: a piora é abrupta. Veja na Tabela 1 os valores normais dos sinais vitais, pois eles diferem bastante dos adultos. Tabela 1. Sinais vitais normais de acordo com a idade. Sinal Faixa Etária 0 – 12 meses 1 – 2 anos 3 – 5 anos 6 – 12 anos ≥ 13 anos Frequência Cardíaca (bpm) < 160 < 150 < 140 < 120 < 100 Pressão Arterial (mmHg) > 60 > 70 > 75 > 80 > 90 Frequência Respiratória (ipm) > 60 < 40 < 35 < 30 < 30 Débito Urinário 2 mL/kg 1,5 mL/kg 1 mL/kg 1 mL/kg 0,5 mL/Kg Fonte: Elaborada pelo autor. A reposição volêmica por acesso periférico continua sendo a primeira opção, com solução isotônica (soro fisiológico ou ringer lactato aquecido): 20 mL/ kg em bolus. Se ainda for necessária a reposição volêmica após dois bolus de cristaloide, a transfusão sanguínea está indicada.luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1 39 O acesso intraósseo (em fêmur distal ou tíbia proxi- mal) é uma alternativa a pacientes com impossibi- lidade de acesso periférico (após duas tentativas). 3.1. TRAUMA ABDOMINAL Na infância, ferimentos contusos são mais comuns do que lesões penetrantes. A parede muscular é mais mole e mais fina; o fígado e o baço são mais baixos e não tão protegidos pelo arcabouço costal. Portanto, não espere fratura de costelas baixas para suspeitar de lesões desses órgãos. FLASHCARD Os ferimentos contusos são mais comuns do que le- sões penetrantes na infância? Correto. 4. D – NEUROLÓGICO A Escala de Coma de Glasgow também pode ser utilizada para crianças. Entretanto, para menores de 4 anos, precisamos modificar os critérios da resposta verbal. Quadro 6. Escala Verbal Pediátrica (V-Score). Escala verbal pediátrica (V-Score) 5 Palavras apropriadas ou riso social. Fixa o olhar e segue com os olhos 4 Choro consolável 3 Irritação, choro persistente e gemente 2 Inquieto e agitado 1 Não responde Fonte: Elaborado pelo autor. 5. E – EXPOSIÇÃO Assim como no adulto, a hipotermia é preocupante na infância, pois afeta a atividade cardíaca e a coagulação. A criança tem maior superfície corpórea em relação ao peso, e tem a cabeça maior (proporcionalmente) ao resto do corpo. Portanto, ela perde mais calor. Além disso, tem a pele mais fina e menor isolamento pelo tecido subcutâneo. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma 40 Mapa mental. ATLS – atendimento inicial ao politraumatizado. ATLS Atendimento inicial ao paciente vítima de trauma Proteção da coluna cervical A – Via aérea B – Respiração C – Circulação D - Neurológico E – Exposição e controle da hipotermia luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1 41 REFERÊNCIAS 1. Imagem utilizada sob licença da Wikimedia Commons, disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/ File:The_Styner_Plane_after_the_crash.jpg. Acesso em: 31 maio 2022. 2. Imagem utilizada sob licença da Wikipedia, disponível em: https://en.wikipedia.org/wiki/James_K._Styner#/media/ File:James_K_Styner.jpg. Acesso em: 31 maio 2022. 3. Gunst M, Ghaemmaghami V, Gruszecki A, Urban J, Frankel H, Shafi S. Changing epidemiology of trauma deaths leads to a bimodal distribution. Proc (Baylor Univ Med Cent). 2010; 23(4): p. 349-354. 4. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dis- ponível em: https://www.shutterstock.com/pt/image- -photo/surgeon-hands-bloodstained-gloves-presses-s- tump-658908205. Acesso em: 31 maio 2022. 5. Harless J, Ramaiah R, Bhananker SM. Pediatric airway management. Int J Crit Ill Inj Sci. 2014; 4(Issue 1): p. 65-70. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA American College of Surgeons. Advanced Trauma Life Support – ATLS. 10. ed. Chicago: American College of Surgeons; 2018. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma 42 QUESTÕES COMENTADAS Questão 1 (SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE RIBEIRÃO PRETO - 2022) Mulher de 29 anos, gestante de 37 semanas, vítima de agressão do companheiro, dá entrada na admis- são do Pronto-Socorro apresentando sangramento vaginal e os seguintes sinais vitais: FC = 122 bpm; PA = 90 x 60 mmHg, Sat. O2: 92% em ar ambiente. Demais sistemas sem lesões. Abdome com he- matomas em flanco e hipocôndrio esquerdos. A conduta a ser adotada, nesse caso, em relação ao aspecto hemodinâmico, deverá ser: ⮦ Dois acessos intraósseos, tomografia helicoidal multislice de corpo inteiro, expansão volêmica com hemoderivados e soluções cristaloides aquecidas a 39ºC. ⮧ indicar o lavado peritoneal diagnóstico para con- fir- mação de hemorragia intrabdominal, solicitar tipa- gem sanguínea e um acesso venoso central para reposição volêmica. ⮨ acesso venoso central guiado por US POCUS para reposição volêmica, solicitar tipagem san- guínea e hemograma, rX de tórax e bacia, na sala do trauma, e indicar laparotomia imediata. ⮩ deslocar útero para a esquerda, dois acessos ve- nosos periféricos, expansão volêmica, rX da pel- ve, na sala do trauma, e E-FAST + US obstétrico. ⮪ indicar protocolo de transfusão maciça imedia- ta e administrar imunoglobulina para aloimuni- zação RH. Questão 2 (SUS - SP - 2022) Um homem de trinta anos de idade foi levado ao pronto-socorro após ser agredido, com uma paulada na cabeça. Ele falava e respirava sem ruído. Foi colocado o colar cervical, estava eup- neico, com ausculta e expansibilidade pulmonar preservadas, tinha uma frequência cardíaca de 72 bpm e pulso radial amplo e cheio, estava corado e com perfusão periférica normal. Como havia um ferimento cortocontuso no couro cabeludo, foi fei- to um curativo compressivo e solicitado o material para sutura. Enquanto era aguardado o material, a enfermagem acionou a equipe médica para reava- liar o paciente, pois ele estava arresponsivo. Com base nesse caso hipotético, assinale a alternativa que apresenta a melhor conduta nesse momento. ⮦ intubação orotraqueal e tomografia computado- rizada de crânio. ⮧ máscara de oxigênio, cânula orofaríngea e to- mografia computadorizada de crânio. ⮨ máscara de oxigênio, anteriorização da mandí- bula e tomografia computadorizada de crânio. ⮩ cateter de oxigênio, cânula orofaríngea e tomo- grafia computadorizada de crânio. ⮪ cateter de oxigênio, anteriorização da mandíbula e tomografia computadorizada de crânio. Questão 3 (HOSPITAL SÃO JOSÉ DO AVAÍ – 2017) De acordo com a dis- tribuição trimodal das mortes por trauma, é COR- RETO afirmar que: ⮦ Só a prevenção é capaz de reduzir significati- vamente a mortalidade no primeiro pico, já que poucas vítimas podem ser salvas, devido à gra- vidade das lesões. ⮧ Dentre as causas de morte no segundo pico, encontra-se a apneia por traumas cranianos ou raquimedulares. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1 43 ⮨ O primeiro pico é chamado de “hora de ouro” do atendimento pós-trauma. ⮩ Mortes por traumas hepáticos e esplênicos ocor- rem no terceiro pico. ⮪ Morte por lesões viscerais associadas a perdas sanguíneas significativas ocorrem principalmen- te no primeiro pico. Questão 4 (UDI HOSPITAL – MA – 2020) A avaliação primária do pa- ciente politraumatizado deve ser realizada com base no ABCDE do Trauma. Sobre a avaliação primária, é correto afirmar: ⮦ O “D” é a etapa que abrange a avaliação neuro- lógica, sendo realizada com base na Escala de Coma de Glasgow, por meio da qual é possível excluir a hipoglicemia e a intoxicação como cau- sas de rebaixamento do nível de consciência. ⮧ O “A” refere-se unicamente à avaliação e ao es- tabelecimento da patência das vias aéreas, de forma que, quando o paciente consegue comu- nicar-se verbalmente sem dificuldades com o examinador, pode prontamente passar para o “B”. ⮨ O “B” refere-se à respiração e à ventilação, de forma que a presença de corpo estranho e de secreções na cavidade oral deve ser corrigida nessa etapa da avaliação primária. ⮩ No “C”, etapa referente à Circulação com Controle de Hemorragias, os fluídos devem ser adminis- trados criteriosamente, já que a ressuscitação agressiva antes do controle do sangramento de- monstrou aumentar a mortalidade e a morbidade. ⮪ No “E”, pode-se lançar mão de aquecimento de fluidos e de hemocomponentes em aparelhos de micro-ondas até a temperatura de 39°C, com o intuito de evitar hipotermia. Questão 5 (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS – 2017) O trauma é, atualmente, a principal causa de morte entre 1-44 anos, desde o início da década de 1980. As consequências epidemiológicas variam desde óbito até o tratamento médico e hospitalar, com pacientes evoluindo com incapacidadestemporárias ou permanentes. A melhor maneira de evitar essa morbimortalidade e o gasto relacionado a ela está na prevenção do trauma. A mortalidade no trauma está diretamente relacionada ao tempo e à gravi- dade da lesão, podendo ser caracterizada por um fenômeno tipicamente trimodal. A esse respeito, indique a alternativa INCORRETA: ⮦ O primeiro pico de morte abrange os óbitos pra- ticamente irreversíveis, ocorrendo segundos ou minutos depois do trauma, como em TCE grave, trauma raquimedular alto, afundamento maciço de tórax e trauma de grandes vasos. ⮧ O segundo pico de morte acontece entre minutos a horas após o trauma, sendo as causas mais co- muns a insuficiência respiratória aguda por obs- trução de via aérea, hemo ou pneumotórax, TRM com instabilidade cervical e choque hipovolêmico. ⮨ O terceiro pico de morte ocorre dias até meses após o trauma, resultante de complicações e in- tercorrências, como broncopneumonias, síndro- me da resposta inflamatória sistêmica, doenças preexistentes agravadas pelo trauma e infecções. ⮩ O objetivo do ATLS (Advanced Trauma Life Su- port) é centrado em prevenir óbito no segundo pico das mortes por trauma; no primeiro pico, considerando-se o grau de dificuldade de man- ter vivo um paciente grande traumatizado, pouco pode ser feito. ⮪ No método ATLS, pode-se tratar os traumatizados por padronização do atendimento, com avaliação inicial paralela e simultânea aos procedimentos de reanimação, porém, o diagnóstico definitivo deve ser estabelecido logo no primeiro momento. Questão 6 (FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP – 2017) Homem de 22 anos perde o controle da motoci- cleta e colide contra um muro. É levado ao pron- to atendimento por transeuntes. Ao exame físico, apresenta: vias aéreas com estridor respiratório, sangue em cavidade oral e fratura de mandíbula; frequência respiratória (FR) de 32 irpm; oximetria de pulso (ar ambiente) de 96%; tórax com murmú- rio vesicular (MV) diminuído à esquerda, enfisema luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma 44 subcutâneo e crepitação no nível do quarto, quinto e sexto arcos costais; pressão arterial (PA) de 130 × 80 mmHg; frequência cardíaca (FC) de 120 bpm; abdome e pelve sem alterações; Focused Asses- ment With Sonography For Trauma (FAST) negativo; neurológico – Escala de Coma de Glasgow (ECG) 7 e pupilas isofotorreagentes. A sequência adequada das condutas é: ⮦ Cânula de Guedel, colar cervical, toracocentese de alívio, via aérea definitiva. ⮧ Colar cervical, suplemento de oxigênio, via aérea definitiva, drenagem torácica. ⮨ Colar cervical, aspiração da cavidade oral, más- cara laríngea, acesso venoso central. ⮩ Aspiração da cavidade oral, acesso venoso, colar cervical, máscara de Venturi. Questão 7 (SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE – SP – 2020) Um jovem de 18 anos foi vítima de facada no epigástrio. Deu entrada no centro de trauma hipotenso e com veias disten- didas no pescoço. A ausculta pulmonar mostrou murmúrio vesicular presente bilateralmente, ainda que a ventilação fosse superficial. Sequência mais apropriada de atendimento e tratamento: ⮦ Acesso venoso central – radiografia de tórax – FAST (Focused Assessment With Sonography For Trauma) – tipagem e prova cruzada para transfusão sanguínea. ⮧ Intubação traqueal – acesso venoso – FAST (Focused Assessment With Sonography For Trauma) – toracotomia. ⮨ Intubação traqueal – FAST (Focused Assess- ment With Sonography For Trauma) – janela pericárdica. ⮩ Acesso venoso – transfusão sanguínea – peri- cardiocentese. ⮪ Intubação traqueal – radiografia de tórax – FAST (Focused Assessment With Sonography For Trauma) – esternotomia mediana. Questão 8 (UNICAMP – SP – 2018) Homem, 26a, atropelado por um ônibus. Foi levado ao hospital, onde foram consta- tadas fraturas fechadas, de fêmur direito e pelve. Submetido à tração do membro, deixado em repouso e aguardando procedimento cirúrgico das fraturas. No segundo dia de internação apresentou descon- forto respiratório. Exame físico: regular estado geral, FR= 28 irpm; oximetria de pulso (ar ambiente) = 91%, rebaixamento do nível de consciência, petéquias nas axilas. Tomografia de crânio: sem alterações. Angiotomografia de tórax: infiltrado intersticial bi- lateral. AS CONDUTAS SÃO: ⮦ Heparinização plena; antibioticoterapia de largo espectro. ⮧ Antibioticoterapia de largo espectro; fixação das fraturas. ⮨ Heparinização plena; suporte ventilatório. ⮩ Suporte ventilatório; fixação das fraturas. Questão 9 (GRUPO SANTA CASA DE MISERICÓRDIA – MG – 2020) Tendo em vista os princípios da padronização do aten- dimento inicial ao politraumatizado preconizados pelo Suporte Avançado de Vida no Trauma (ATLS), assinale a alternativa INCORRETA. ⮦ Uma história inicial e detalhada não é essencial para iniciar a avaliação do paciente com lesões agudas. ⮧ A avaliação primária não deve ser repetida e deve ser seguida até o final, passando, a seguir, à avaliação secundária. ⮨ O paciente com maior ameaça à vida deve ser atendido primeiro. ⮩ A falta de um diagnóstico definitivo não deve atra- sar a aplicação do tratamento urgente indicado. Questão 10 (HOSPITAL DAS FORÇAS ARMADAS – DF – 2020) Um paciente de 27 anos foi vítima de ferimento por arma bran- ca no sexto espaço intercostal, na altura da linha axilar anterior esquerda. Chegou ao pronto-socorro luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1 45 dispneico, sudoreico, com Glasgow de 14, pulso de 130 bpm, pressão arterial de 80/60 mmHg, fre- quência respiratória de 35 ipm e murmúrio vesicular diminuído no hemitórax esquerdo. Com base nes- se caso hipotético e nos conceitos médicos a ele associados, julgue o item a seguir. A aplicação de uma máscara de oxigênio está indicada no momen- to da chegada do paciente na sala de emergência. ⮦ CERTO ⮧ ERRADO Questão 11 (HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN – SP – 2018) Paciente, 10 anos, vítima de atropelamento em via expressa, sem perda de consciência no local, referindo à equi- pe do resgate muita dor abdominal. Encaminhado ao serviço de referência de trauma. Na entrada na sala de emergência, evoluiu com rebaixamento de nível de consciência e pressão arterial inaudível, ab- dome tenso e equimose periumbilical. A sequência das medidas recomendadas é: ⮦ Abertura de vias aéreas, colocação de colar cervical, entubação orotraqueal, aquisição de 2 acessos venosos periféricos, administração de coloide seguida de hemoderivados, encami- nhamento para tomografia de corpo inteiro para programação de possível intervenção cirúrgica. ⮧ Aquisição de 2 acessos periféricos, administra- ção de 20 mL/kg de cristaloide, podendo ser repetido até 3 vezes; ponderar hemoderivados. Proceder, em seguida, cuidados com a via aérea (abertura seguida de entubação orotraqueal). Encaminhar para centro operatório para lapa- rotomia exploradora. ⮨ Abertura de vias aéreas, colocação de colar cervical, entubação orotraqueal, aquisição de 2 acessos venosos periféricos, administração de cristaloide, ponderar hemoderivados, caso persista hipotenso, bem como infusão de dro- gas vasoativas. Encaminhar para tomografia de corpo inteiro para programação de possível intervenção cirúrgica. ⮩ Abertura de vias aéreas, colocação de colar cervical, entubação orotraqueal, aquisição de 2 acessos venosos periféricos, administração de cristaloide, ponderar hemoderivados, caso per- sista hipotenso, bem como infusão de drogas vasoativas. Encaminhar para centro operatório para laparotomia exploradora. ⮪ Aquisição de 2 acessos periféricos, administra- ção de 20 mL/kg de cristaloide, podendo ser repetido até 3 vezes, ponderar hemoderivados. Proceder, em seguida, cuidados com a via aérea (abertura seguida de entubação orotraqueal). En- caminhar para tomografia de corpo inteiropara programação de possível intervenção cirúrgica. Questão 12 (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – SP – 2018) Homem, 70 anos, vítima de atropelamento por moto em via de média velocidade, há 30 min. A: via aérea pérvia, em uso de prancha rígida e colar cervical. B: murmúrio vesicular presente bilateral, SpO² 88%, FR 22 ir/min, forte dor e escoriações em gradil costal à esquer- da. C: sem sangramento externo ativo, PA 160 X 90 mmHg, FC 95 bc/min, TEC 2s, abdome doloroso em flanco esquerdo, pelve estável. D: Glasgow 12, pupi- las sem alterações, sem déficit neurológico focal. E: dorso e extremidades com pequenas escoriações. Colocada máscara de oxigênio, com melhora da saturação para SpO² 90%. Realizada ultrassonogra- fia à beira do leito (eFAST), que evidenciou: 1 cm de líquido livre em espaço hepatorrenal; “sinal da praia” presente e linhas B ausentes em hemitoráx esquerdo. Antecedentes pessoais: fibrilação atrial em uso de varfarina. Qual a conduta mais adequa- da para esse paciente? ⮦ Drenagem de tórax e laparotomia exploradora. ⮧ Drenagem de tórax, radiografia de tórax e tomo- grafia de crânio e abdome. ⮨ Lavado peritoneal diagnóstico e tomografia de crânio e tórax. ⮩ Radiografia cervical, tórax e pelve e tomografia de crânio. ⮪ Tomografia de corpo inteiro. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma 46 Questão 13 (HOSPITAL SÍRIO-LIBANÊS – SP – 2021) Um paciente de 40 anos, vítima de queda de paraquedas, é trans- ferido para o centro de trauma, devido a trauma raquimedular. Estável, tem nível sensitivo em T10. O esfíncter anal é hipotônico. Na palpação da co- luna vertebral tem muita dor e um hematoma no nível torácico baixo. A prancha rígida usada para o transporte deve ser: ⮦ Retirada apenas após resultado da tomografia. ⮧ Retirada apenas após a volta do reflexo bulbo- -cavernoso ⮨ Prontamente retirada, mantendo-se o paciente imobilizado e movimentando-se o mínimo pos- sível, sempre em monobloco. ⮩ Mantida até esclarecimento do diagnóstico por ressonância nuclear magnética. ⮪ Mantida até a avaliação e liberação pela neuro- cirurgia. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1 47 GABARITO E COMENTÁRIOS Questão 1 dificuldade: Dica do autor: A ATLS continua sendo o mesmo na gestação! Continuamos sempre respeitando o ABCDE. Alternativa A: INCORRETA. Os conceitos do ATLS não mudam na gestante! Não devemos realizar TC em pacientes instáveis e o acesso venoso periférico ca- libroso continua sendo a primeira opção de acesso. Alternativa B: INCORRETA. O LDP é uma opção para avaliar se há sangramento intra-abdominal. Entre- tanto, equimose em flanco sugere sangramento re- troperitoneal, e não intra-abdominal. Além disso, o acesso venoso periférico calibroso continua sendo a primeira opção de acesso. Alternativa C: INCORRETA. O acesso venoso perifé- rico calibroso continua sendo a primeira opção de acesso e ainda não há indicação de laparotomia nesse caso. Alternativa D: CORRETA. Gestantes no 2º e 3º trimes- tres são suscetíveis, quando na posição supina, a uma profunda hipotensão devido à compressão aorto-cava provocada pelo útero (principalmente quando o dorso fetal se situa à direita): síndrome da hipotensão supina. Alternativa E: INCORRETA. Antes de iniciar o protocolo de transfusão maciça, precisamos deslocar o útero e avaliar a resposta da paciente. ✔ resposta: ⮩ Questão 2 dificuldade: Dica do autor: Paciente com TCE que evoluiu com rebaixamento do nível de consciência após a ava- liação intestina! Em pacientes arresponsivos (glas- gow < 9), uma via aérea definitiva é mandatória para evitar a broncoaspiração. Vocês lembram a defini- ção de via aérea definitiva? Presença de um tubo na via aérea, abaixo das pregas vocais com cuff insuflado, fixado no paciente e conectado a uma fonte externa de oxigênio. Alternativa A: CORRETA. A IOT é a primeira opção de via aérea nesses casos. Alternativas B, C, D e E: INCORRETAS. Máscara de oxi- gênio ou cateter de oxigênio não protegem a via aérea de forma adequada. ✔ resposta: ⮦ Questão 3 dificuldade: Resolução: a mortalidade trimodal do trauma refe- re-se ao conceito de que existem três picos de in- cidência de mortalidade decorrentes do trauma. O primeiro, que ocorre imediatamente após o trauma, deve-se a lesões graves, como ruptura completa da aorta e lacerações do SNC. O atendimento mé- dico, mesmo que imediato, não consegue salvar essas vítimas, sendo indicadas, então, medidas de prevenção, com o objetivo de evitar que os aci- dentes aconteçam. Exemplo: lei seca, fiscalização de rodovias, medidas para educação no trânsito. Os outros dois picos de incidência são: minutos a horas após o evento (hemorragias, pneumotoráx, “hora de ouro” no atendimento); dias a semanas, geralmente após complicações intra-hospitalares (sepse, disfunção multiorgânica). ✔ resposta: ⮦ Questão 4 dificuldade: Dica do professor: a questão exige o conhecimen- to das etapas da avaliação primária “ABCDE” do luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma 48 ATLS (o que representa cada letra e o que é feito em cada etapa). Alternativa A: INCORRETA. O “D” é a etapa que abran- ge a avaliação neurológica (nível de consciência; tamanho e reação pupilar). A Escala de Coma de Glasgow permite avaliar, de forma breve, o nível de consciência, tornando possível suspeitar de hipogli- cemia e intoxicação como causas de rebaixamento do nível de consciência. Funciona como uma escala de “triagem”, e não diagnóstica. Alternativa B: INCORRETA. O “A” não se refere apenas à patência das vias aéreas. Enquanto as medidas para estabelecer uma via aérea patente são toma- das, deve-se garantir a restrição do movimento da coluna. Além disso, se o paciente for capaz de se comunicar verbalmente, presume-se que as vias aéreas não estejam em risco imediato, mas é reco- mendada a avaliação repetida da permeabilidade das vias aéreas. Alternativa C: INCORRETA. O “B” refere-se à respiração e à ventilação, quando são identificadas/tratadas lesões, como pneumotórax hipertensivo, hemotó- rax maciço, pneumotórax aberto e lesões traqueais ou brônquicas. A presença de corpo estranho e de secreções na cavidade oral relaciona-se com a pa- tência de vias aéreas, portanto deve ser corrigida na 1ª etapa da avaliação primária, o “A”. Alternativa D: CORRETA. A hemorragia é uma causa importante de morte no contexto do trauma. Por isso, na etapa “C” são avaliados pressão arterial, perfusão, aspecto da pele e do pulso. A 10ª edição do ATLS traz que “Os fluidos são administrados cri- teriosamente, pois a ressuscitação agressiva antes do controle do sangramento demonstrou aumentar a mortalidade e a morbidade”. Alternativa E: INCORRETA. No “E”, deve-se expor o pa- ciente e prevenir a hipotermia. Para isso, pode-se usar um micro-ondas para aquecer fluidos crista- loides, mas ele nunca deve ser usado para aquecer hemocomponentes. ✔ resposta: ⮩ Questão 5 dificuldade: Alternativa A: CORRETA. O 1º pico decorre logo no momento do trauma e é secundário a lesões incompatíveis com a vida. O atendimento médico, mesmo que imediato, não consegue salvar essas vítimas, sendo indicadas, então, medidas de pre- venção, com o objetivo de evitar que os acidentes aconteçam. Exemplo: lei seca, fiscalização de ro- dovias, medidas para educação no trânsito. Alternativa B: CORRETA. A alternativa é autoexpli- cativa! O segundo pico de morte acontece entre minutos e horas após o trauma, sendo as causas mais comuns a insuficiência respiratória aguda por obstrução de via aérea, hemo ou pneumotórax, TRM com instabilidade cervical e choque hipovolêmico. Alternativa C: CORRETA. Alternativa também autoex- plicativa. Não vamos fazer Ctrl+C e Ctrl+V de novo! AlternativaC: CORRETA (?). Interrogamos essa alter- nativa porque ela está parcialmente correta. Real- mente o ATLS é voltando a evitar o óbito no 2º pico. Mas discordamos de que pouco pode ser feito no 1º pico: as medidas de prevenção e saúde pública, como educação no trânsito e consciência, conse- guem mudar esses números. Alternativa E: INCORRETA. O diagnóstico definitivo não é estabelecido no primeiro momento. Pense comigo: Como você vai identificar uma laceração hepática no pré-hospitalar? Pode-se até suspeitar, mas o diagnóstico definitivo só vai se realizado em um segundo momento. Não adianta brigar com a banca e pedir anulação da questão por causa da letra D. A alternativa E realmente está “mais” errada. ✔ resposta: ⮪ Questão 6 dificuldade: Resolução: paciente vítima de trauma com moto, apresenta-se com estridor respiratório, sangue em cavidade oral e fratura de mandíbula. Além disso, está dispneico, embora não esteja hipoxêmico. À ausculta pulmonar, MV diminuído à esquerda e enfisema subcutâneo, sugerindo pneumotórax. Apresenta-se hemodinamicamente estável, sem al- terações no FAST de abdome e pelve. Entretanto, o ECG 7 (< ou = 8) sinaliza a necessidade de uma via aérea definitiva. Para resolver a questão, deve-se lembrar do protocolo ABCDE do Advanced Trauma Life Support (ATLS). De imediato, as alternativas A e D seriam eliminadas, pois a primeira conduta é luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1 49 inserir o COLAR CERVICAL para a estabilização da coluna, além da suplementação de oxigênio (“A”, de airway). Esse paciente certamente precisará de uma VIA AÉREA DEFINITIVA, que, nesse caso, deve ser cirúrgica. Por fim, o seu possível pneumotórax precisará ser drenado, em selo d’água. A máscara laríngea é um excelente dispositivo de via aérea avançada, mas não é uma via aérea definitiva! É um bom instrumento de resgate quando a intubação não é possível ou quando a ventilação sob máscara for insatisfatória (alternativa C incorreta). ✔ resposta: ⮧ Questão 7 dificuldade: Dica do professor: questão fácil cobrando a aborda- gem inicial do paciente politraumatizado. Lembre- -se: a avaliação e manejo sempre devem seguir a ordem do ABCDE. Alternativa A: INCORRETA. O acesso venoso é um procedimento para controle hemodinâmico/car- diovascular (C), e não é o primeiro passo. Não é preconizada a obtenção de acesso venoso central de rotina nos pacientes politraumatizados, sendo a reposição volêmica feita por acesso venoso pe- riférico calibroso. Alternativa B: CORRETA. A – Vias aéreas: paciente instável, apesar de descrição pobre da avaliação de vias aéreas, é candidato à IOT. B – Respiração: sem alterações específicas. C – Cardiovascular: paciente hipotenso, precisa de reposição volêmica (acesso venoso) e busca de foco de sangramento, sendo o FAST um ótimo exame diagnóstico. Alternativa C: INCORRETA. A realização de janela pe- ricárdica após um FAST é redundante, visto que o FAST já permite visualização do saco pericárdico em busca de tamponamento cardíaco. Lembre- -se: a janela é um procedimento diagnóstico, não terapêutico. Alternativa D: INCORRETA. A transfusão sanguínea é recomendada precocemente, mas, em geral, a reposição volêmica sempre é iniciada com crista- loides. O último ATLS coloca a pericardiocentese em segundo plano, reservando-a como procedi- mento temporário a pacientes com suspeita de tamponamento cardíaco e iminência de PCR, até a possibilidade de toracocentese. Alternativa E: INCORRETA. O diagnóstico de tampona- mento cardíaco, nossa principal suspeita, é feito pela clínica associada ao FAST ou à janela pericárdica, com pouco papel da radiografia de tórax. Apesar de a esternotomia mediana ser trazida pelo ATLS como uma opção terapêutica, sabemos que é um procedimento mais demorado e de difícil execução quando comparado à toracotomia, sendo pouco utilizado em pacientes politraumatizados instáveis. ✔ resposta: ⮧ Questão 8 dificuldade: Tema que vem caindo cada vez mais nas provas. Cabe ao aluno detectar um quadro que faz diagnós- tico diferencial com TEP, diante de uma fratura de osso longo. Paciente com CONFUSÃO MENTAL + HIPOXEMIA + RASH PETEQUIAL constitui a tríade da EMBOLIA GORDUROSA. TEP geralmente ocorre APÓS O TERCEIRO DIA DE INTERNAÇÃO, enquanto a embolia gordurosa aparece nas PRIMEIRAS 12-72h, por obstrução da microvasculatura por micropartí- culas de gordura, e consequente vasculite inflama- tória. Qual a conduta diante da embolia gordurosa? SUPORTE (oxigênio + expansão volêmica), já que anticoagulação e trombolíticos não exercem qual- quer efeito benéfico. Como preveni-la? Tratamento ortopédico precoce! ✔ resposta: ⮩ Questão 9 dificuldade: Dica do professor: segundo o ATLS, o tratamento de um paciente vítima de trauma requer avaliação rápida das lesões e instituição de medidas tera- pêuticas de suporte de vida. Para otimizar esse tempo, é desejável uma abordagem sistematiza- da, que possa ser facilmente revista e aplicada. Ela inclui: preparação, triagem, avaliação primária (ABCDE), reanimação, necessidade de transferên- cia do doente, avaliação secundária, reavaliação e monitorização contínuas, além de tratamento de- finitivo. Essa avaliação primária deve ser repetida com frequência para identificar qualquer alteração luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Trauma 50 do estado clínico do doente que indique necessi- dade de intervenção adicional. Alternativa A: CORRETA. A história detalhada ou a avaliação secundária só devem ser iniciadas após a avaliação primária e quando todas as medidas de estabilização tiverem sido tomadas. Alternativa B: INCORRETA. Como citado anteriormen- te, a avaliação primária e a sua repetição frequente são fundamentais para o melhor manejo do paciente vítima de trauma. Alternativa C: CORRETA. Em acidentes com múltiplas vítimas (porém, não em casos nos quais há vítimas em massa, excedendo a capacidade hospitalar e da equipe), aqueles com risco de vida iminente e os doentes com traumas multissistêmicos devem ser atendidos primeiro. Alternativa D: CORRETA. A busca pelo diagnóstico não deve retardar os cuidados iniciais, a fim de es- tabilizar o quadro. ✔ resposta: ⮧ Questão 10 dificuldade: Dica do professor: conforme o ATLS, uma rápida ava- liação do ABCDE no doente traumatizado deverá ser realizada. A – Via aérea com proteção da coluna cervical; B – Ventilação e respiração; C – Circulação com controle da hemorragia; D Disfunção, estado neurológico; E – Exposição/controle do ambiente: despir completamente o doente, mas prevenindo a hipotermia. A prevenção da hipoxemia depende da via aérea protegida e desobstruída e da ventila- ção adequada, e tem prioridade absoluta sobre o controle de todas as outras condições. É obriga- tório assegurar que a via aérea esteja permeável, recebendo oxigênio e com adequado suporte ven- tilatório. Todos os doentes traumatizados devem receber oxigênio suplementar, pois a via aérea e a ventilação são as principais prioridades. ✔ resposta: ⮦ Questão 11 dificuldade: Resolução: Questão sobre ATLS! Paciente de 10 anos, vítima de atropelamento, apresentando-se com muita dor abdominal, evolui com rebaixamento de nível de consciência e instabilidade hemodinâmica, além de abdome tenso e equimose periumbilical. Qual sequência devemos sempre seguir? ABCDE! As únicas alternativas que seguem essa sequência são A, C e D. Entretanto, a A está incorreta, pois, além de escolher “coloides”, não deve ser feita Tomografia Computadorizada nesse paciente instável. A letra C também erra nesse sentido, pois indica TC de corpo inteiro, em lugar de encaminhar o paciente imediatamente para laparatomia, devido à instabili- dade hemodinâmica, em que muito provavelmente o foco é abdominal. ✔ resposta: ⮩ Questão 12 dificuldade: Resolução:A questão nos traz um paciente vítima de politrauma com lesões em todo o corpo. Vamos avaliar o quadro clínico e estabelecer as condutas: 1) TCE moderado (Glasgow = 12). Conduta: TC de crânio. 2) Trauma torácico com fratura de costelas e contu- são pulmonar (dor em gradil costal e SpO2 = 88%). Conduta: TC de tórax. 3) Trauma de abdome contuso (FAST com líquido livre no espaço hepatorrenal). Conduta: TC de ab- dome e pelve. Ou seja, devemos realizar uma tomografia de COR- PO INTEIRO. ✔ resposta: ⮪ Questão 13 dificuldade: Alternativa A: INCORRETA. Já temos o diagnóstico de lesão medular. O paciente tem déficit sensitivo, com dor e hematoma em região torácica baixa. A tomografia não vai alterar o manejo nesse momen- to: o paciente deve manter decúbito dorsal horizon- tal absoluto, com movimentação em monobloco, quando necessário. Alternativa B: INCORRETA. Não precisamos aguardar o retorno do reflexo bulbocavernoso para retirar a prancha, até porque ele pode ficar ausente por se- manas ou meses! Esse reflexo é de grande impor- tância na avaliação dos pacientes com TRM que apresentam choque medular. O choque medular luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Atendimento inicial ao politraumatizado Cap. 1 51 pode ocorrer imediatamente após o traumatismo da medula espinhal, mesmo que a lesão medular não seja completa e permanente, e, nessa situação, o paciente apresenta ausência total da sensibilidade, dos seus movimentos e do reflexo bulbocarvenoso, que normalmente está presente. O retorno desse reflexo, que pode ser obtido por meio da estimula- ção do pênis ou clitóris, provocando contração do esfíncter anal, indica o término do choque medular, permitindo a determinação do déficit neurológico após a lesão. Alternativa C: CORRETA. A prancha é instrumento de TRANSPORTE, e deve ser retirada tão logo quanto possível. Alternativa D: INCORRETA. Assim como foi comenta- do na alternativa A, não precisamos de um exame de imagem mais fidedigno para retirar a prancha. Alternativa E: INCORRETA. A prancha rígida é fator de risco importante para úlcera de pressão, especial- mente em pacientes com déficits sensitivos. Esses não sentem dor local no sacro e não sabem que estão tendo necrose de pele e subcutâneo. ✔ resposta: ⮨ luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 53 Capítulo 2ATLS – VIA AÉREA O QUE VOCÊ PRECISA SABER? u A prioridade no tratamento de um paciente politraumatizado é avaliar a via aérea e colocar colar cervical. u A Intubação Orotraqueal (IOT) é a primeira opção, e está indicada em pacientes com TCE grave (Glasgow ≤ 8). Na impossibilidade de IOT, a cricotireoidostomia está indicada (cirúrgica ou por punção). u A cricotireoidostomia por punção tem um tempo máximo de 30-45 minutos, devido à hipercapnia. u A cricotireoidostomia cirúrgica está contraindicada em crianças < 12 anos. Nesses casos, devemos realizar a traqueostomia cirúrgica de urgência. A traqueostomia, no trauma, é exceção da exceção, e fica reservada a crianças < 12 anos ou em casos de fratura de laringe, cuja intubação não foi possível. u A Sequência Rápida de Intubação (SRI) é: oxigenação, analgesia, sedação, relaxamento muscular; intu- bar com visualização das cordas vocais, insuflar o balonete e auscultar epigástrio e tórax, para checar posicionamento. BASES DA MEDICINA A laringe é um órgão cervical que funciona como uma “tampa” para o pulmão, permitindo que nós possamos comer e respirar pela boca, sem risco de broncoaspi- ração. Ela conta com diversos músculos e cartilagens para exercer essa importante função; como bônus, ainda permite a fala. O entendimento da anatomia da laringe é fundamental para uma boa laringoscopia. Você precisa entender que a laringe é dividida em três andares: a glote, onde estão as pregas vocais (músculo tireoaritenoideo), a supraglote, logo acima, onde estão as primeiras estrutu- ras que devem ser visualizadas, e a subglote, que é onde você quer deixar o cuff insuflado (obtendo, assim, a via aérea definitiva, sem correr o risco de seletivar o tubo). As estruturas vistas na laringoscopia são: W Na supraglote: a epiglote e as aritenoides, na comis- sura posterior, de onde se originam os músculos das pregas vocais. W Na glote: as pregas vocais propriamente ditas e a comissura anterior, onde esses músculos se inserem na cartilagem tireoide da laringe (Figura 1). Figura 1. Visualização ótima da laringoscopia. Fonte: Acervo Sanar. 1. A VIA AÉREA E A VENTILAÇÃO NO TRAUMA A oferta inadequada de sangue oxigenado ao cére- bro e a outros órgãos vitais é o fator que mais rapi- damente leva o doente politraumatizado à morte. importância/prevalência luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Via aérea Trauma 54 A prevenção da hipoxemia depende da via aérea protegida e desobstruída e da ventilação adequada, e tem prioridade absoluta sobre o controle de todas as outras condições. FLASHCARD Qual a primeira conduta no paciente politraumatizado? Avaliar a via aérea. O primeiro passo é avaliar e garantir a permeabi- lidade da via aérea! Sempre! Pacientes que “con- versam” têm uma via aérea pérvia (pelo menos temporariamente). 2. QUANDO SUSPEITAR DE OBSTRUÇÃO DA VIA AÉREA? FLASHCARD Devemos aguardar a redução da saturação e a cia- nose para iniciar medidas de desobstrução de via aérea? Por quê? Não! São sinais tardios. u Respiração ruidosa. u Rouquidão e estridor. u Taquidispneia. u Uso de musculatura acessória e tiragem intercostal. u Hipoxemia. u Cianose (sinais tardios). u Agitação (sinal de hipóxia). u Torpor (sinal de hipercapnia). u Trauma maxilofacial extenso. u Trauma cervical. FLASHCARD Como devemos fornecer oxigênio às vítimas de trauma? Máscara não reinalante, 12-15 l/min. As medidas iniciais para o tratamento da via aérea são as seguintes: u Aspiração orofaríngea com sonda rígida (sangue, saliva, vômitos). u Retirada de corpo estranho (dentes, por exemplo). u Fornecer oxigênio a 100%, em alto fluxo, com máscara não reinalante (pelo menos 10 L/min). u Técnicas básicas: W Manobra de Tração da Mandíbula (Jaw-Thrust). W Manobra de Elevação do Mento (Chin-Lift). W A estabilidade da coluna cervical é de funda- mental importância nesses casos. u Cânula orofaríngea (“Guedel”). Não devemos aguardar queda da saturação ou cia- nose para tratar a via aérea! As medidas acima são válidas para todos os pacientes vítimas de trauma. DIA A DIA MÉDICO Pacientes que toleram Guedel geralmente toleram tubo – isto é, pacientes com nível de consciência rebaixado (ECG ≤ 8) precisam de proteção de via aérea. 2.1. CÂNULA OROFARÍNGEA (“GUEDEL”) A Cânula de Guedel é um dispositivo utilizado para o manejo das vias aéreas. Ela evita que a base da língua obstrua a orofaringe em pacientes com rebai- xamento do nível de consciência. Deve ser utilizada somente em pacientes inconscientes, pois pode estimular o reflexo do vômito. A introdução da cânula orofaríngea no adulto é de “ponta-cabeça”, com sua concavidade voltada para cima e rotação de 180° na transição do palato duro para o palato mole. Já em crianças, a cânula deve ser introduzida com sua concavidade voltada para baixo, pois o palato duro da criança é mole e pode ser facilmente lesado. Nesses casos, a utilização do abaixador de língua é muito útil. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Via aérea Cap. 2 55 Figura 2. Diferentes cânulas orofaríngeas. Fonte: Matheus Kurniawan/Shutterstock.com1. Alguns pacientes podem melhorar o desconforto respiratório ou a hipóxia somente com aspiração da orofaringe, oxigenioterapia e manobras básicas. Caso isso não ocorra, devemos prosseguir para uma intervenção mais agressiva. 3. VIA AÉREA DEFINITIVA Um conceito teórico necessário para a prova é o de via aérea definitiva: tubo na traqueia, com o cuff insuflado abaixodas cordas vocais, fixado, conectado a alguma forma de ventilação assistida, enriquecida com oxigênio. Não podemos confundir: cricotireoidostomia por punção e máscara laríngea não são vias aéreas definitivas! 4. QUAIS AS INDICAÇÕES DE UMA VIA AÉREA DEFINITIVA? u Fraturas maxilofaciais graves. u Risco de obstrução: hematoma cervical, lesão de traqueia ou laringe. u Estridor. u Risco de aspiração: sangramento e vômitos. u Inconsciência: Glasgow ≤ 8. u Apneia. DICA Via aérea definitiva: tubo na tra- queia, com o cuff insuflado abaixo das cordas vocais, fixado, conectado a alguma forma de ventilação assistida, enriquecida com oxigênio. FLASHCARD Qual a indicação de intubação no paciente com le- são neurológica? TCE Grave (Glasgow ≤ 8). 4.1. INTUBAÇÃO OROTRAQUEAL OU NASOTRAQUEAL A via aérea definitiva mais conhecida é a intubação orotraqueal. Sem sombra de dúvida, é nossa pri- meira opção. Contudo, temos que nos lembrar que a intubação nasotraqueal também pode ser realizada se a equipe for habituada à técnica. Todavia, essa técnica tem contraindicações clássicas, como: u Apneia e inconsciência. u Sinais sugestivos de fratura de base de crânio (olhos de guaxinim, sinal de Battle, rinorreia, otorreia). A intubação traqueal (oral ou nasal) deve ser sempre a primeira opção! Caso haja contraindicação formal ou falha na intubação, podemos prosseguir para uma via aérea cirúrgica. As indicações para a via aérea cirúrgica são: u Obstrução da via aérea superior, não passível de intubação. u Trauma facial grave, com hemorragia orofarín- gea extensa. u Fratura de laringe que impossibilite a intubação. u Edema de glote que impossibilite a intubação. O trauma extenso de face não é contraindicação absoluta para a intubação orotraqueal. Há casos em que o trauma é tão extenso que a glote é facilmente visualizada. A via aérea cirúrgica é uma conduta de exceção, quando a intubação naso ou orotraqueal não foi possível. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Via aérea Trauma 56 5. PREVENDO UMA VIA AÉREA DIFÍCIL Devemos estar sempre preparados para uma situa- ção difícil! A IOT pode ser bastante complicada em alguns casos, e existem sinais que nos ajudam a prever esses cenários: u Trauma maxilofacial com deformidade. u Pequena abertura da boca. u Anatomia: pescoço curto, grosso retrognatismo, protrusão da dentição superior. Quadro 1. Opções para manejo da via aérea. Via aérea Sobre Indicações Contraindicações Intubação Orotraqueal • Primeira opção na maioria dos casos Primeira opção • Obstrução da via aérea • Trauma facial grave, com he- morragia orofaríngea extensa • Fratura de laringe que impos- sibilite a intubação • Edema de glote que impos- sibilite a intubação Nasotraqueal • Pode ser realizada se a equipe for habitua- da à técnica • Apneia • Sinais sugestivos de fratura de base de crânio Cirúrgica Cricotireoidostomia • Realizada na mem- brana cricotireoidia- na. Pode ser por pun- ção (máximo de 45 minutos) ou cirúrgica • Primeira opção de via aé- rea cirúrgica se falhou a intubação • < 12 anos (cirúrgica) • Trauma de laringe Traqueostomia • Tecnicamente difícil • É exceção da exce- ção • Após falha de intubação no trauma de laringe • Necessidade de via aérea ci- rúrgica na criança < 12 anos – Fonte: Elaborado pelo autor. 5.1. CLASSIFICAÇÃO DE MALLAMPATI Essa classificação prevê o grau de dificuldade de intubação do paciente. Figura 3. Classificação de Mallampati. Fonte: Huang et al.2 luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Via aérea Cap. 2 57 u Classe I – palato mole, fauce, úvula e pilares amigdalianos visíveis. u Classe II – palato mole, fauce e úvula visíveis. u Classe III – palato mole e base da úvula visíveis. u Classe IV – palato mole totalmente não visível. 6. SEQUÊNCIA RÁPIDA DE INTUBAÇÃO A indução da anestesia por meio da técnica de Sequência Rápida de Intubação (SRI) é utilizada principalmente para proteger as vias aéreas, quando há risco de aspiração do conteúdo gástrico. Essa técnica tem sido utilizada amplamente em pro- cedimentos de emergência quando a anestesia geral está indicada. A SRI consiste na realização de medicação indutora seguida imediatamente de um bloqueador neuromuscular de ação rápida, objetivando inconsciência e paralisia muscular, para realização da intubação. O uso das medicações é precedido por pré-oxigenação, a qual ocorre sem necessidade de ventilação por pressão positiva. A técnica envolve oxigenação prévia, hipnose, anal- gesia, relaxamento muscular e aplicação de pressão na cartilagem cricoide. Deve-se evitar a aplicação de ventilação com pressão positiva até que o tubo traqueal com cuff esteja corretamente posicionado. São necessárias três classes de drogas para a SRI com a finalidade de: u Sedação. u Analgesia. u Relaxamento muscular. FLASHCARD O que é Sequência Rápida de Intubação (SRI)? Oxigenação + analgesia + sedação + relaxamento muscular. 6.1. SEDAÇÃO u Etomidato (0,2-0,4 mg/kg EV): medicação de efeito rápido e tempo de ação curto. Não causa vasodilatação ou depressão miocárdica. DICA Devido ao seu rápido início de ação, meia-vida curta e bom risco-benefício, so- bretudo por não causar alterações na pres- são arterial sistêmica, o etomidato é conhe- cido como um dos melhores agentes seda- tivos para Sequência Rápida de Intubação. u Propofol (2 mg/kg EV): medicação mais comum utilizada para SRI. Tem início rápido (30-45 se- gundos), suprime reflexos de via aérea, induz apneia. Duração de 5 a 10 minutos, medicação de escolha para grávidas. Entretanto, causa hipotensão por vasodilatação venosa e arterial e é inotrópico negativo. u Quetamina (1-2 mg/kg EV): em pacientes com sistema nervoso autonômico intacto, causa au- mento do tônus simpático. Tem ação discreta direta cardiodepressora. A quetamina já é um potente analgésico, não precisando de analge- sia complementar. Tem também efeito bronco- dilatador (medicação de escolha em quadros de broncoespasmo). 6.2. ANALGESIA A analgesia é opcional na SRI. u Fentanil (1-3 µg/kg EV): deve ser infundido três minutos antes da indução. u Lidocaína (1-1,5 mg/kg EV): infundir dois minu- tos antes da indução. Suprime o reflexo de tosse, prevenindo aumentos temporários de pressão intracraniana durante intubação. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Via aérea Trauma 58 6.3. BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES u Succinilcolina (1-1,5 mg/kg EV): tempo de ação em 30 a 60 segundos. Uma das contraindicações ao uso da succinilcolina é ter um anteceden- te pessoal ou familiar de hipertermia maligna. Além disso, um efeito colateral importante é a hipercalemia. DICA Sabemos que a droga fez efeito, pois a maioria dos pacientes apresenta fas- ciculações (espasmos musculares). u Rocurônio (1-1,2 mg/kg EV): tempo de ação em 55 a 75 segundos, com duração de efeito de 53 a 73 minutos. Não traz problemas para pa- cientes hipercalêmicos ou com potencial para hipercalemia. u Cisatracúrio (0,4 mg/kg EV): paciente com hiper- tensão intracraniana estabelecida ou possibilidade. Muita coisa para decorar? Muitos remédios? Muitos nomes? Então guarde os mais clássicos para SRI: u Sedação: etomidato. u Analgesia: fentanil. u Relaxamento muscular: succinilcolina. 6.4. MANOBRA DE SELLICK E BURP A pressão na cartilagem cricoide contra a coluna vertebral tornou-se prática universal durante a indu- ção da anestesia, a fim de permitir a compressão do esôfago e evitar a broncoaspiração. É conhecida como Manobra de Sellick, sendo rotineiramente utilizada. Sua eficácia é bastante controversa. FLASHCARD O que é a Manobra de Sellick? Compressão do esôfago, para evitar broncoaspiração. Não podemos confundir a Manobra de Sellick com a Manobra de BURP (Backward, Upward, Rightward Pressure on the Thyroid Cartilage). O BURP consiste em fazer pressão na cartilagem tireoidiana, emsentido posterior, superior e lateral direito, para facilitar a visualização das cordas vocais. O BURP não tem como finalidade evitar a broncoaspiração. FLASHCARD O que é BURP? Aumento da pressão da tireoide, para visualizar me- lhor as cordas vocais. 6.5. SEQUÊNCIA CORRETA u Oxigenar o doente com oxigênio a 100%. u Manobras de Sellick e BURP. u Administrar um analgésico (ex.: fentanil). u Administrar um sedativo (ex.: etomidato). u Administrar um bloqueador neuromuscular (ex.: succinilcolina). u Intubar por via orotraqueal, com laringoscopia e visualização direta das pregas vocais. u Insuflar o balonete. u Auscultar epigástrio e tórax. 6.6. POSSÍVEIS COMPLICAÇÕES DA IOT As principais alterações ocorridas durante laringos- copia e intubação orotraqueal são: u Aumento de pressão intracraniana. u Aumento de fluxo sanguíneo cerebral. u Aumento da resistência das vias aéreas. u Arritmias ventriculares. u Broncoconstricção. 7. VIA AÉREA CIRÚRGICA A cricotireoidostomia é a técnica cirúrgica de esco- lha, pois, dentre as possíveis, é a mais fácil, rápida e com apresentação de menor sangramento. Ela pode ser: luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Via aérea Cap. 2 59 u Cirúrgica (aberta), com introdução da cânula de cricotireoidostomia na membrana cricotireoi- deana, entre a cartilagem cricoide e a tireoide. u Por punção, com jelco calibroso, geralmente 14, também na cartilagem cricotireoideana. FLASHCARD Adulto com impossibilidade de intubação orotraqueal por extenso trauma de face, em franca insuficiência respiratória. Qual é a conduta? Cricotireoidostomia. A cricotireoidostomia por punção não consiste em uma via aérea definitiva, pois não há cuff insuflado na via aérea! É uma medida temporária, e o doente pode ser oxigenado somente por 30-45 minutos, devido ao acúmulo de CO2 (hipercapnia). A relação de inspiração: expiração é de 1:4 segundos. FLASHCARD Contraindicações de cricotireoidostomia cirúrgica no trauma? Crianças < 12 anos ou insucesso de intubação no trauma de laringe. As poucas contraindicações à cricotireoidostomia cirúrgica são: u Crianças < 12 anos. u Trauma de laringe. Nesses casos, a traqueostomia deve ser realizada. Vale lembrar que a traqueostomia é um procedi- mento de exceção no trauma, pois costuma ser mais trabalhosa e ter maiores complicações. FLASHCARD Quando realizar traqueostomia? Nas contraindicações de cricotireoidostomia. DICA As únicas indicações de traqueos- tomia no trauma são: 1) crianças < 12 anos; 2) insucesso de intubação no trauma de laringe. Quadro 2. LEMON – avaliação de via aérea difícil. LEMON: avaliação de via aérea difícil L Look: inspeção • Mandíbula pequena, língua gran- de, dentes grandes, pescoço curto E Evaluate: regra 3-3-2 dedos • 3 dedos para a abertura da bo- ca (distância entre os incisivos) • 3 dedos colocados abaixo da mandíbula, no assoalho da bo- ca (entre osso hioide e mento) • 2 dedos colocados entre a larin- ge (protuberância tireoideana) e a base da língua M Mallampati • Paciente sentado, olhando em posição horizontal, com a bo- ca aberta, projetando a língua ao máximo O Obstruction • Sinais de obstrução N Neck mobility • A imobilidade do pescoço po- de tornar a intubação difícil ou impossível Fonte: Elaborado pelo autor. 8. MÁSCARA LARÍNGEA A máscara laríngea é um dispositivo supraglótico que pode ser utilizado eletivamente ou para o resgate da via aérea. Apesar de ser de fácil utilização, é um equipamento que só pode ser utilizado por profis- sionais da área da saúde devidamente treinados. Esse dispositivo é uma alternativa ao balão bolsa- -válvula-máscara ou à intubação orotraqueal. Tem papel estabelecido no tratamento dos doentes com via aérea difícil e pode ser empregado nos casos de insucesso da intubação orotraqueal. Lembre-se: não é uma via aérea definitiva. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Via aérea Trauma 60 Figura 4. Máscara laríngea. Fonte: Gaszynski.3 DIA A DIA MÉDICO Não existe via aérea difícil: existem pacientes malposicio- nados e equipe despreparada – você já deve ter ouvido essa frase nos corredores do hospital, especialmente dita pelos anestesistas no centro cirúrgico. É claro que existem vias aéreas mais complicadas, como em pacien- tes superobesos, com Mallampatti 4. Contudo, o preparo pré-laringoscopia é de fundamental importância para uma fácil intubação. Não faça tudo com pressa e na correria. Separe o material, cheque se há alternativas para uma via aérea difícil, converse com a equipe e delegue as funções para cada profissional (quem vai insuflar o cuff, quem vai auscular o paciente após a IOT, quem vai conectar o tubo ao ventilador). Esses pequenos detalhes fazem toda a diferença no dia a dia. O seu objetivo no trauma é ventilar o paciente, não neces- sariamente intubá-lo. O paciente que ventila vive! A ven- tilação pode ser realizada com AMBU (Artificial Manual Breathing Unit) e máscara, máscara laríngea, tubo laríngeo – tanto faz! A intubação é somente uma das formas de ventilação. O maior medo na sala de trauma ocorre quando estamos diante de um paciente que não conseguimos ventilar, tampouco intubar! Nesse caso, precisamos de dispositivos avançados que nos permitam a ventilação, como máscara laríngea, tubo laríngeo ou procedimentos cirúrgicos, como a cricotireoideostomia. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Via aérea Cap. 2 61 Mapa mental. ATLS – via aérea ATLS Atendimento inicial ao paciente vítima de trauma A – Via aérea Avaliação inicial Manobras básicas 1ª opção de via aérea avançada e definitiva Oxigênio Elevação do mento Falha na intubação? Cricotireoideostomia Máscara laríngea é uma opção de via aérea avançada, mas não definitiva Aspiração Tração da mandíbula Retirada de corpo estranho Intubação orotraqueal Falha da crico? Traqueostomia Indicação absoluta de traqueostomia Crico por punção: tempo máximo de 30-45 minutos Crianças < 12 anos Insucesso de intubação no trauma laríngeo luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Via aérea Trauma 62 REFERÊNCIAS 1. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dis- ponível em: < https://www.shutterstock.com/pt/image- -photo/ oropharyngeal-known-pattern-airway-medical- de vice-1648885348>. Acesso em: 14 de outubro de 2022. 2. Huang HH, Lee MS, Shih YL, Chu HC, Huang TY, Hsieh TY. Modified Mallampati classification as a clinical pre- dictor of peroral esophagogastroduodenoscopy tole- rance. BMC Gastroenterol. 2011 Feb 15;11:12. https://doi. org/10.1186/1471-230X-11-12. PMID: 21324124; PMCID: PMC3045355. 3. Gaszynski T. TotalTrack video intubating laryngeal mask in super-obese patients - series of cases. Ther Clin Risk Manag. 2016 Mar 2;12:335-8. https://doi.org/10.2147/ TCRM.S95695. PMID: 27042078; PMCID: PMC4780402. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Conselho Federal de Medicina (BR). Medicina aeroespa cial: orientações gerais para médicos a bordo. Brasília: CFM; 2018. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Via aérea Cap. 2 63 QUESTÕES COMENTADAS Questão 1 (SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE RIBEIRÃO PRETO - 2022) Ho- mem de 19 anos, vítima de queda de motocicleta (sem uso de capacete), deu entrada no Pronto-So- corro. Apresentava trauma facial complexo com pro- fuso sangramento em cavidade oral e nasal, pupilas que reagiam à luz, abertura ocular aos estímulos de pressão, emitia gemidos incompreensíveis pe- riodicamente e seus membros movimentavam--se com flexão de retirada ao estímulo álgico. A condu- ta imediata a ser realizada na sala de emergência deverá ser: ⮦ intubação nasotraqueal. ⮧ cricotireoidostomia por punção. ⮨ traqueostomia. ⮩ máscara laríngea. ⮪ cricotireoidostomia cirúrgica. Questão 2 (FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP - 2021) O blo- queador neuromuscular indicado para intubação em sequência rápida em pacientecom estômago cheio é: ⮦ Pancurônio. ⮧ Atracurio. ⮨ Succinilcolina. ⮩ Vecurônio. Questão 3 (HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RP DA USP -2021) Paciente de 25 anos foi trazido à sala de urgência após ter sido vítima de espancamento há cerca de 8 horas. Sua avaliação inicial confirmou diagnóstico de traumatismo raquimedular cervi- cal, sem outras lesões traumáticas. Após 2 horas de internação, passou a apresentar quadro clínico compatível com insuficiência respiratória. Qual a conduta? ⮦ Somente cricotireoidostomia, intubação con- traindicada ⮧ Intubação orotraqueal ou nasotraqueaL ⮨ Traqueostomia de emergência. ⮩ Ventilação não invasiva até realização de trata- mento cirúrgico definitivo. Questão 4 (FACULDADE DE MEDICINA DE SÃO JOSÉ DO RIO PRETO - SP - 2022) Um jovem de 20 anos, vítima de acidente de trânsito com colisão frontal, foi arremessado com a região cervical em direção ao volante do carro. Na admissão, apresenta franca insuficiência res- piratória, rouquidão, enfisema subcutâneo, dor e crepitação em região cervical anterior. Na avaliação inicial deste paciente, após o insucesso na tentati- va de intubação orotraqueal, a melhor maneira de manter e garantir uma via aérea pérvia é através de: ⮦ Combitube. ⮧ Traqueostomia. ⮨ Cricotireoidostomia cirúrgica. ⮩ Cricotireoidostomia por punção. Questão 5 (SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO – SP – 2021) Um paciente foi levado pelo resgate ao pronto-socorro, luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Via aérea Trauma 64 com colar cervical e em prancha rígida, após colidir com o seu carro contra um poste. Estava alcoolizado e não usava cinto de segurança. No local, foi visto o sinal do alvo no vidro dianteiro do carro. Ao exame físico de entrada, encontrava-se arresponsivo, com respiração ruidosa e oximetria de pulso marcando 85% de saturação de oxigênio. Tinha equimose pe- riorbitária bilateral, lacerações na face e provável fratura de ramo direito da mandíbula. Com base nesse caso hipotético, assinale a alternativa que apresenta a melhor conduta imediata. ⮦ Intubação orotraqueal ⮧ Intubação nasotraqueal ⮨ Cricotireoidostomia por punção ⮩ Cricotireoidostomia cirúrgica ⮪ Traqueostomia Questão 6 (PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO – CAMPUS SOROCABA) A cricotireoidostomia: ⮦ não deve ser realizada em crianças com menos de 12 anos. ⮧ deve ser realizada apenas em pacientes que não são bons candidatos à traqueostomia. ⮨ requer o uso de um tubo endotraqueal com me- nos de 4 mm de diâmetro. ⮩ pode ser substituída pela traqueostomia per- cutânea. Questão 7 (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO CASSIANO ANTÔNIO DE MORAES – UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO) Paciente submetido à colectomia, evoluiu com choque sép- tico e se mantém grave em cuidados intensivos na Unidade de Terapia Intensiva, submetido à assistên- cia ventilatória mecânica com tubo orotraqueal há 10 dias. Após discussão junto à equipe da UTI e à equipe cirúrgica assistente, optou-se pela realização de procedimento objetivando minimizar possíveis complicações futuras associadas à entubação pro- longada. O procedimento correto a ser escolhido é: ⮦ Cricotireoidostomia ⮧ Pleurostomia ⮨ Laringectomia ⮩ Traqueostomia Questão 8 (ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO PARANÁ – PR) Paciente de 22 anos, vítima de agressão, é trazido ao pronto-so- corro com múltiplas lacerações em face e crânio, rebaixamento do nível de consciência e instável hemodinamicamente. Em relação ao manejo inicial desse paciente, assinale a assertiva que contenha a conduta inicial mais adequada. ⮦ Intubação orotraqueal ⮧ Via aérea cirúrgica – traqueostomia ⮨ Iniciar protocolo de reanimação maciça ⮩ Tomografia computadorizada de crânio Questão 9 (SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO – 2020 – SP) Um paciente de 57 anos de idade foi encaminhado ao pronto-socorro após ter sido vítima de explosão em ambiente fechado, com inalação de monóxido de carbono, sendo arremessado contra um pilar. Queixa-se de muita dor abdominal, está agitado, com ultrassom FAST positivo, Glasgow de 14, fre- quência cardíaca de 156 bpm, pressão arterial de 80 x 60 mmHg e má perfusão periférica. A avalia- ção das queimaduras mostrou superfície de área queimada maior que 70%. Com base nessa situa- ção hipotética, a prioridade no atendimento inicial do paciente será realizar: ⮦ Laparotomia exploradora, devido ao FAST po- sitivo, se o paciente estiver instável hemodina- micamente. ⮧ Reposição volêmica pela regra de Parkland, de- vido à extensa queimadura. ⮨ Tomografia de corpo inteiro, para melhor avalia- ção das lesões. ⮩ Drenagem de tórax, para tratar o pneumotórax do paciente. ⮪ Intubação orotraqueal, para proteger a via aérea do paciente. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Via aérea Cap. 2 65 Questão 10 (FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – 2020) Ho- mem, 22a, vítima de colisão frontal de carro a 90 km/hora, em banco dianteiro, sem usar cinto de se- gurança, colidindo a cabeça contra o para-brisas. Exame físico na cena: inconsciente, FR = 30 irpm, FC= 110 bpm, PA = 130x80 mmHg; oximetria (más- cara de oxigênio 10 litros/minuto) = 90%, trauma de face, sangue em cavidade oral e anisocoria. Após duas tentativas frustradas de intubação orotraqueal com o uso de medicações apropriadas, optou-se pela ventilação através de máscara laríngea. Ad- mitido após 20 minutos em ambiente hospitalar, mantinha boa saturação de oxigênio e estabilida- de hemodinâmica após receber 500 mL de Ringer lactato. A CONDUTA É: ⮦ Manter a ventilação pela máscara laríngea e to- mografia computadorizada de crânio. ⮧ Providenciar uma via aérea definitiva e tomogra- fia computadorizada de corpo inteiro. ⮨ Manter a ventilação pela máscara laríngea e tomografia computadorizada de corpo inteiro. ⮩ Realizar cricotireoidostomia por punção e tomo- grafia computadorizada de crânio. Questão 11 (UNIFESP – 2020) Homem, 42 anos, é admitido na sala de emergência com hipotensão arterial, taquicar- dia e rebaixamento do nível de consciência, após queda de andaime. Havendo necessidade de via aérea definitiva (intubação), qual das drogas abaixo está CONTRAINDICADA para esse procedimento? ⮦ Fentanil ⮧ Etomidato ⮨ Cetamina ⮩ Succinilcolina ⮪ Noradrenalina Questão 12 (FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – 2020) Ho- mem, 22a, procura atendimento médico por aci- dente na região cervical anterior com linha de cerol. Exame físico: PA = 124x78 mmHg, FC = 80 bpm, FR= 16 irpm, oximetria de pulso (ar ambiente) = 97%; neurológico: Escala de Coma de Glasgow = 15 e pupilas isofotorreagentes; região cervical: le- são cortante horizontal em torno de 2,5 cm abaixo da cartilagem tireoide, com entrada e saída de ar conforme movimento respiratório e mínimo san- gramento. A CONDUTA INICIAL É: ⮦ Via aérea definitiva ⮧ Sutura do ferimento ⮨ Curativo compressivo ⮩ Radiograma de região cervical luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Via aérea Trauma 66 GABARITO E COMENTÁRIOS Questão 1 dificuldade: Y Dica do autor: Autor que saber se o aluno conseguiu compreender que a face do paciente está comple- tamente deformada e que não é possível tentar a intubação orotraqueal (rauma facial complexo com profuso sangramento em cavidade oral e nasal). Além disso, paciente rebaixado com glasgow < 9. Precisamos garantir uma via aérea definitiva para evitar broncoaspiração. Alternativa A: INCORRETA. Traumas extensos de face estão associados a fratura de base de crânio e, por este motivo, a passagem de qualquer dispositivo por via nasal deve ser evitada. Alternativa B: INCORRETA. A cricotireoidostomia por punção é uma excelente alternativa para ventilar o paciente na urgência. Entretanto, como não há cuff na via aérea, não conseguimos proteger o paciente de um quadro de broncoaspiração. Alternativa C: INCORRETA. A traqueostomia no trauma é conduta de exceção e ficareservada para quando há contraindicação de cricotireoidostomia cirúrgi- ca: (i) crianças < 12 anos ou (ii) impossibilidade de intubação no trauma de laringe. Alternativa D: INCORRETA. Da mesma forma que a cricotireoidostomia por punção, a máscara laríngea não é uma via aérea definitiva. Alternativa E: CORRETA. A cricotireoidostomia é uma via aérea definitiva e está indicada em casos de fratura maxilofacial grave, quando a intubação não for possível. ✔ resposta: ⮪ Questão 2 dificuldade: Y Dica do autor: As características ideais do blo- queador neuromuscular a ser utilizado na ISR com- preendem um rápido início de ação, para minimi- zar o risco de aspiração, um tempo de ação curto e previsível, para facilitar o retorno da ventilação espontânea se houver falha de intubação, e míni- mos efeitos hemodinâmicos ou sistêmicos. Com características farmacológicas favoráveis como rápido início de ação, curta duração e relaxamento satisfatório, a succinilcolina ou suxametônio, um re- laxante muscular despolarizante, é ainda a escolha dos anestesistas e intensivistas na abordagem de pacientes com estômago cheio ou com preditivos de via aérea difícil, mesmo após seis décadas de uso. Um artigo de revisão intitulado “INTUBAÇÃO TRAQUEAL E O PACIENTE COM O ESTÔMAGO CHEIO” traz o seguinte trecho que finaliza a discus- são dessa questão: “[...] Em uma meta-análise que comparou a frequência de condições excelentes de intubação traqueal, os autores concluíram que a succinilcolina foi mais eficaz quando comparada ao rocurônio”. ✔ resposta: ⮨ Questão 3 dificuldade: Y Dica do autor: Estamos frente a um paciente com TRM e que evolui com insuficiência respiratória, muito provavelmente secundária ao próprio TRM, pois a lesão foi alta (cervical). Alternativa A: INCORRETA. Não existe contraindica- ção para intubação nesse caso. Alternativa B: CORRETA. A intubação é o procedimen- to padrão nos casos de urgência. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Via aérea Cap. 2 67 Alternativa C: INCORRETA. A traqueostomia é proce- dimento eletivo e raramente deve ser utilizada em cenários de urgência, pois é um procedimento mais complexo e com maiores riscos de complicações. Esse paciente provavelmente irá necessitar de uma traqueostomia definitiva, visto sua lesão medular alta. Entretanto, ela deve ser realizada em um se- gundo momento, não na urgência. Alternativa D: INCORRETA. A VNI não consegue prote- ger a via aérea e, portanto, a intubação está indicada. ✔ resposta: ⮧ Questão 4 dificuldade: Y Dica do autor: Estamos frente a um clássico trauma de laringe! Mecanismo de trauma é compatível, há rouquidão, enfisema subcutâneo e crepitação cer- vical anterior! O tratamento do trauma de laringe é a IOT por profissional experiente ou a traqueostomia! Alternativa A: INCORRETA. Não podemos passar ne- nhum dispositivo as cegas no trauma de larínge. Alternativa B: CORRETA. Uma das poucas indicações de traqueostomia no trauma é o insucesso de intu- bação no trauma de larínge. Alternativa C: INCORRETA. A cricotireoidostomia ci- rúrgica é formalmente contraindicada nos traumas de laringe. Alternativa D: INCORRETA. Realmente a cricotireoi- dostomia por punção pode ser realizar na urgência, mas o autor perguntou qual a MELHOR forma de ventilar o paciente. A cricotireoidostomia por pun- ção não é uma via aérea definitiva. ✔ resposta: ⮧ Questão 5 dificuldade: Y Dica do professor: questão bastante controversa. Certamente ficamos entre IOT e cricotireoideosto- mia. O autor é bastante enfático e informa que o trauma de face foi extenso, com provável fratura de mandíbula. Por esse motivo, muitos assinalaram “cricotireoidostomia”. Entretanto, o autor não falou se havia sangue em cavidade oral ou grande defor- midade em boca, que impossibilitasse a intubação (ou tentativa de intubação). A questão é maldosa, e a banca não aceitou recurso. Alternativa A: CORRETA. A intubação costuma prece- der uma via aérea cirúrgica. Alternativa B: INCORRE- TA. Lesões sugestivas de fratura de base de crânio são contraindicações absolutas para passagem de qualquer dispositivo por via nasal. Alternativa C: INCORRETA. A cricotireoidostomia por punção é uma opção nos casos de trauma de face, entretanto a melhor opção é a cricotireoidostomia cirúrgica! Alternativa D: INCORRETA. Certamente muitos mar- caram essa alternativa. Mas lembre-se de que a intubação sempre pode ser tentada! Vejam esta questão da UFRJ (2017): “Jovem, 28 anos, após acidente automobilístico com colisão frontal apre- senta sangramento nasal e oral profuso, fratura de mandíbula bilateral e encontra-se em insuficiência respiratória. O acesso à via aérea deve ser feito através de”. O gabarito foi “cricotireoideostomia”. Alternativa E: INCORRETA. Traqueostomia no trauma é exceção da exceção! Só existem duas indicações de TQT no trauma: (i) impossibilidade/falha de intu- bação no trauma de laringe; (ii) crianças < 12 anos quando há falha na IOT. Não podemos fazer crico- tireoidostomia cirúrgica em crianças. ✔ resposta: ⮦ Questão 6 dificuldade: Y Dica do professor: consiste na abertura da membra- na cricotireoidiana, permitindo a comunicação com o meio externo. É um procedimento de emergência com o intuito de obter uma garantia de respiração temporária quando a intubação orotraqueal não for efetiva. Pode ser ABERTA/CIRÚRGICA, com intro- dução de uma cânula, ou POR PUNÇÃO, quando há introdução de um jelco calibroso (geralmente 14). A crico por punção NÃO É uma via aérea definitiva, pois não há cuff insuflado. Além disso, deve ser temporária (30-45 minutos). De forma geral, a crico é a VA cirúrgica de escolha, por ser mais facilmente executada e reduzir sangramento. Há duas contrain- dicações: I) crianças < 12 anos; II) trauma de laringe. Nesses casos, deve-se optar pela traqueostomia. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Via aérea Trauma 68 Por fim, a crico é indicada geralmente a pacientes com via aérea obstruída (sangramento profuso, unidades dentárias ou outros artefatos) com trau- ma de face grave, culminando em impossibilidade de intubação. Alternativa A: CORRETA. Alternativa B: INCORRETA. A traqueostomia deve ser realizada na impossibilidade de crico. Alternativa C: INCORRETA. Utiliza-se um tubo em C, geralmente com diâmetro maior (os de alguns fa- bricantes têm 5,6 mm). Alternativa D: INCORRETA. A traqueostomia é um pro- cedimento mais complexo e, portanto, realizado na impossibilidade da crico. ✔ resposta: ⮦ Questão 7 dificuldade: Y Dica do professor: após um período prolongado de intubação orotraqueal, podem surgir lesões la- ringotraqueais. Por conta disso, está indicada a realização de traqueostomia, visando à prevenção dessas lesões. Atualmente, não existe um consenso que define o tempo exato para indicar a traqueos- tomia nesses casos, mas geralmente estão aptos ao procedimento aqueles pacientes que não terão desmame num período de 1-3 semanas da intuba- ção orotraqueal. Alternativa A: INCORRETA. A cricotireoidostomia é um procedimento temporário, devendo ser conver- tida para uma traqueostomia dentro de 24-72h. Por isso, não é a mais recomendada para esse paciente. Alternativa B: INCORRETA. A pleurostomia é uma in- tervenção cirúrgica que consiste na resseção de uma ou duas costelas, para abertura do tórax. Ela é mais usada em casos de empiema, não tendo nenhuma indicação nesse caso. Alternativa C: INCORRETA. A laringectomia é a res- secção da laringe, não tendo nenhuma indicação nesse caso. Alternativa D: CORRETA. Como foi dito acima, o melhor procedimento para prevenção de lesões laringotra- queais pós-intubação prolongada é a traqueostomia. ✔ resposta: ⮩ Questão 8 dificuldade: Y Dica do professor: questão direta sobre trauma em paciente de 22 anos, com lacerações em face e crânio, rebaixamento do nível de consciência e ins- tabilidade hemodinâmica. Nesse caso,o protocolo a ser seguido é o ABCDE, e há necessidade de via aérea definitiva (indicada em trauma maxilofacial extenso, distorção anatômica, impossibilidade de visualização de cordas vocais, dentre outros), sendo a intubação orotraqueal a via preferencial. Alternativa A: CORRETA. Alternativa B: INCORRETA. A traqueostomia é uma possibilidade quando não é possível a realização da IOT ou de cricotireoidostomia, mas não se constitui via aérea definitiva. Alternativa C: CORRETA. O protocolo de reanima- ção maciça é indicado para pacientes em choque hemorrágico classe IV: hipotenso, FC > 140 bpm, FR > 35 irpm, débito urinário ausente, confuso/ letárgico. Alternativa D: INCORRETA. Pacientes instáveis he- modinamicamente não devem ser submetidos à tomografia computadorizada de crânio. Alternativa E: INCORRETA. A cricotireoidostomia ci- rúrgica pode ser utilizada quando não se consegue ou há contraindicação à realização da IOT. ✔ resposta: ⮨ Questão 9 dificuldade: Y Dica do professor: moçada, o paciente está em es- tado gravíssimo, mas não se deixe levar por isso! O avaliador quer a CONDUTA INICIAL mais adequea- da, e ela é bem simples. Estamos tratando de um paciente com trauma abdominal com FAST positivo e evidentemente em choque, com 70% da superfí- cie corporal queimada. Tudo ocorreu num ambien- te FECHADO e houve INALAÇÃO de CO2. Mesmo luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Via aérea Cap. 2 69 sem esse comemorativo, como fazemos questão de enfatizar, a prioridade no trauma é sempre a VIA AÉREA do paciente. ABCDE. Nesse caso, nada de cânula, nada de máscara. O correto é partir para uma intubação de sequência rápida, de preferência realizada por profissional experiente, porque a cada minuto que passa há edema, e a laringoscopia se torna mais dificultosa. ✔ resposta: ⮪ Questão 10 dificuldade: Y Dica do professor: lembre-se de um conceito impor- tante: máscara laríngea NÃO é via aérea definitiva. Precisamos garantir a via aérea desse paciente antes de prosseguir com a tomografia de corpo inteiro. Alternativa A: INCORRETA. Esse paciente tem indica- ção de tomografia de corpo inteiro devido à cinética do trauma. Além disso, é inviável aceitar saturação de 90% em TCE grave! Alternativa B: CORRETA. Precisamos providenciar ra- pidamente uma via aérea definitiva. A intubação no ambiente hospitalar e com equipe bem-treinada é factível, uma vez que o insucesso de intubação se deu no pré-hospitalar. Alternativa C: INCORRETA. Essa alternativa acerta na TC de corpo inteiro, mas erra na manutenção da máscara laríngea. Alternativa D: INCORRETA. Como mencionado na dica, a crico por punção deve ser feita em situações es- peciais e tem limite de tempo, completamente ina- propriada para o caso. ✔ resposta: ⮧ Questão 11 dificuldade: Y Dica do professor: paciente vítima de trauma após queda de andaime, que se encontra instável – hipo- tenso, rebaixado, taquicárdico e taquipneico. Como você é um ninja bom de prova, viu logo que a per- gunta da questão é: Qual droga NÃO UTILIZAR na obtenção de via aérea desse paciente? Vamos dis- cutir as assertivas: Alternativa A: NÃO PODE! O fentanil é um agonista dos receptores opioides. Seus efeitos começam dentro de dois a três minutos após a administração; sua duração de ação é de 30 a 60 minutos. O fentanil pode causar depressão respiratória e hipotensão. Em pacientes com status hemodinâmico tênue, o fentanil deve ser evitado ou administrado em do- ses mais baixas. Alternativa B: PODE! A estabilidade hemodinâmica associada ao etomidato torna-o um medicamento particularmente útil para a intubação de pacientes hipotensos, bem como para pacientes com pato- logia intracraniana, quando a hipotensão deve ser evitada. O etomidato causa um leve aumento na resistência das vias aéreas, mas pode ser usado em pacientes com broncoespasmo. Alternativa C: PODE! É recomendada tanto no pacien- te estável com broncoespasmo grave quanto no paciente em choque e instável (de preferência em baixa dose: 1 mg /Kg). Além disso, vem ganhando popularidade nessa circunstância, pois permite ao paciente manter o movimento respiratório enquanto fornece analgesia, amnésia e sedação. Suas pro- priedades analgésicas permitem que seja usada como o único agente nas vias aéreas traumatizadas com sangue, quando é improvável que a anestesia tópica funcione efetivamente. Alternativa D: PODE! A succinilcolina é absolutamente contraindicada em pacientes com histórico pessoal ou familiar de hipertermia maligna e em pacientes considerados com alto risco de desenvolver hiper- calemia grave (grandes queimados). Alternativa E: PODE! Não utilizada diretamente na intubação, mas sim como “solução-padrão” de no- radrenalina preparada e disponível para manejar prontamente hipotensão pós-intubação. ✔ resposta: ⮦ luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Via aérea Trauma 70 Questão 12 dificuldade: Y Dica do professor: paciente com lesão em via aé- rea potencialmente fatal só reforça o óbvio: VIA AÉREA É PRIORIDADE. O comprometimento das vias aéreas é uma das principais causas de morte imediatamente após o trauma. Em caso de dúvi- da, geralmente é melhor intubar precocemente, principalmente em pacientes com instabilidade hemodinâmica ou com lesões significativas em face ou pescoço, o que pode levar a inchaço e dis- torção das vias aéreas. Uma vez estabelecida uma via aérea, é importante protegê-la bem e garantir que não seja desalojada no momento em que o pa- ciente for deslocado. Em um paciente consciente, a avaliação inicial das vias aéreas pode ser reali- zada da seguinte maneira: (I) Comece fazendo ao paciente uma pergunta simples (por exemplo: “Qual é o seu nome?”). (II) Observe rosto, pescoço, tórax e abdome quanto a sinais de grau de dificuldade respiratória, incluindo taquipneia, uso de acessó- rios ou músculos assimétricos, padrões anormais de respiração e estridor. (III) Inspecione a cavida- de orofaríngea quanto a interrupções; lesões nos dentes ou na língua; sangue, vômito ou secreções. (IV) Observe se existem obstáculos para a coloca- ção de um laringoscópio e tubo endotraqueal. (V) Inspecione e apalpe o pescoço anterior em busca de lacerações, hemorragia, crepitação, inchaço ou outros sinais de lesão. resposta A: principais características o fato de ser car- dioestável e gerar leve aumento de PA e FC. Além disso, ela é indicada para pacientes com broncoespasmo devido a seu efeito broncodilatador. Seu principal efeito colateral é o potencial de causar agitação e sintomas indesejáveis ao despertar. Alternativa B: INCORRETA. O midazolam é um seda- tivo com grande potencial de causar hipotensão. Alternativa C: INCORRETA. O propofol, assim como o midazolam, também tem grande potencial car- diodepressor. Alternativa D: INCORRETA. O fentanil é um droga anal- gésica opioide, sem efeito sedativo. ✔ resposta: ⮦ luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 71 Capítulo 3ATLS – TRAUMA TORÁCICO O QUE VOCÊ PRECISA SABER? u Alguns traumas devem ser diagnosticados e tratados ainda na avaliação primária e no momento em que são identificados, pois apresentam risco imediato à vida do paciente. São eles: pneumotórax hipertensivo, pneumotórax aberto, hemotórax maciço, tamponamento cardíaco e lesão de árvore traqueobrônquica. u No pneumotórax hipertensivo, temos a diminuição do débito cardíaco por compressão cardíaca direta. O diagnóstico é clínico; a conduta inicial é a toracocentese de alívio (punção torácica com jelco calibroso). Importante: classicamente, a punção de alívio era feita na linha hemiclavicular, no 2º espaço intercostal; agora, ela pode ser feita no local da drenagem de tórax (linha axilar, 4º ou 5º espaço). u A percussão é fundamental nesses casos: no pneumotórax hipertensivo, temos hipertimpanismo, enquanto no hemotórax nota-se macicez à percussão. u A conduta final para ambos é a drenagem sob selo d’água.u Lembre-se: no tamponamento cardíaco, temos a Tríade de Beck: hipotensão, abafamento das bulhas cardíacas e distensão jugular. O diagnóstico pode ser dado por FAST; o tratamento é a Punção de Marfan. 1. ANATOMIA SUPERFICIAL DO TÓRAX BASES DA MEDICINA Diversas linhas imaginárias facilitam as descrições ana- tômicas, a identificação de áreas do tórax e a localização de lesões, como ferimentos por Ferimentos por Armas Brancas (FAB). W Linha média: indica a interseção do plano mediano com a parede anterior do tórax. W Linhas hemiclaviculares: são paralelas à linha média; cruzam os pontos médios das clavículas. W Linha axilar anterior: corre verticalmente ao longo da prega axilar anterior (que é formada pela margem do peitoral maior). W Linha axilar média: corre do ápice da axila; é paralela à linha axilar anterior. W Linha axilar posterior: também paralela à linha axilar anterior; traçada verticalmente, ao longo da prega axilar posterior. importância/prevalência luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma torácico Trauma 72 Figura 1. Anatomia da região torácica. Fonte: Acervo Sanar. FLASHCARD Quais traumas devem ser diagnosticados e tratados na avaliação primária? 1. Pneumotórax hipertensivo e aberto; 2. Hemotórax maciço; 3. Lesão de árvore traqueobrônquica; 4. Tam- ponamento cardíaco. O trauma torácico é uma importante causa de morte. Entretanto, muitas dessas mortes poderiam ser evitadas por meio de diagnósticos e medidas tera- pêuticas imediatas. A maioria dos traumas de tórax não precisa de tratamento cirúrgico (menos de 10% dos traumas torácicos fechados e somente de 15% a 30% dos traumas de tórax penetrantes). Os traumas a seguir colocam o paciente vítima de trauma em risco iminente de morte; portanto, devem ser diagnosticados e tratados na avaliação primária: u Pneumotórax hipertensivo. u Pneumotórax aberto. u Hemotórax maciço. u Lesão de árvore traqueobrônquica*. u Tamponamento cardíaco. Existem outros diagnósticos potencialmente letais, mas que podem ser tratados tanto na avaliação primária quanto na secundária: u Pneumotórax simples. u Hemotórax simples. u Contusão cardíaca. u Ruptura traumática de aorta. u Lesão de diafragma. u Lesão esofágica. u Tórax instável com contusão pulmonar*. * Essa foi uma grande mudança na mais recente versão do ATLS (10ª edição, 2018), pois, até então, o tórax instável com contusão pulmonar entrava como uma lesão com risco de morte imediata; agora, é um diagnóstico de lesão potencialmente letal! Além disso, a lesão de árvore traqueobrôn- quica agora é um diagnóstico diferencial, com risco de morte imediata. 2. PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO FLASHCARD Murmúrio vesicular – MV abolido, com hipertimpa- nismo + hipotensão + turgência jugular + desvio de traqueia. Diagnóstico e conduta? Pneumotórax hipertensivo e descompressão imediata seguida de drenagem de tórax. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma torácico Cap. 3 73 Quando muito volumoso, o pneumotórax pode acar- retar desvio do mediastino, impedindo o refluxo venoso ao coração, com consequente diminuição importante do débito cardíaco. Quando isso ocorre, chamamos o pneumotórax de hipertensivo. Portanto, o pneumotórax hipertensivo é causa de instabilidade hemodinâmica! Seu diagnóstico é clínico, e não podemos fazer RX nesses casos! Não confunda com pneumotórax simples. 2.1. QUADRO CLÍNICO CLÁSSICO u MV reduzido ou abolido. u Hipertimpanismo. u Desvio de traqueia. u Enfisema de subcutâneo. u Turgência jugular (se o paciente não apresentar choque hemorrágico associado). u Hipotensão e taquicardia. A medida salvadora é a descompressão imediata no 5º espaço intercostal, na linha axilar média, com agulha grossa (jelco 14 ou 16). Não podemos nos esquecer de que a punção é medida de urgência e transforma o pneumotórax hipertensivo em pneu- motórax simples. Logo após a punção, devemos realizar a drenagem de tórax em selo d’água, no 5º espaço intercostal, em linha axilar média. FLASHCARD Conduta no pneumotórax hipertensivo? Descompressão imediata seguida de drenagem de tórax em selo d’água, no 5º EIC, em linha axilar média. Por esse motivo, houve mudança do local de des- compressão! Agora, a inserção da agulha deverá ser realizada no mesmo local da drenagem de tórax (5º espaço intercostal, na linha axilar média). O novo ATLS também sugere que a descompres- são pode ser feita com o próprio dedo no espaço pleural (finger thoracostomy), no lugar da introdução da agulha. DICA Na nova edição do ATLS (10ª edição, 2018), há uma discussão quanto à eficácia da descompressão torácica em 2º espaço intercostal, visto que o sucesso da punção com agulha é muito variável, devido à es- pessura da parede torácica, ao acotovela- mento do cateter e a outras complicações técnicas ou anatômicas. Figura 2. Finger thoracostomy. Fonte: Acervo Sanar. Figura 3. Rx com pneumotórax hipertensivo à esquerda. *Notem que há desvio do mediastino e vasos da base. Essa radio- grafia não deveria existir. Fonte: Yok_onepiece/Shutterstock.com1. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma torácico Trauma 74 3. PNEUMOTÓRAX SIMPLES FLASHCARD No pneumotórax simples, há instabilidade hemodi- nâmica. Certo ou errado? Muito errado. Não confunda pneumotórax hipertensivo com pneu- motórax simples! No pneumotórax simples não há instabilidade hemodinâmica (hipotensão e taqui- cardia). Somente temos os achados pulmonares: u MV reduzido ou abolido u Hipertimpanismo à percussão O pneumotórax simples não é diagnóstico de extrema urgência. Caso não seja diagnosticado no atendimento inicial, poderá ser visto e tratado na avaliação secundária. Contudo, temos que ter em mente que um pneumotórax simples não tratado pode evoluir para hipertensivo ao longo do atendi- mento (hipotensão e taquicardia!). O tratamento consiste na drenagem torácica fechada em selo d’água. Nesses casos, não precisamos realizar a descompressão torácica com jelco ou dedo! Figura 4. RX de tórax com pneumotórax simples à esquerda. Fonte: therads/Shutterstock. com2. 4. HEMOTÓRAX MACIÇO Por definição, temos um hemotórax maciço quando há a drenagem de mais de 1.500 mL de sangue da cavidade pleural. Mas podemos inferir que seja um hemotórax volumoso quando o paciente está chocado e há macicez à percussão (sinal indireto de que há acúmulo de líquido na cavidade pleural). FLASHCARD Quantos mL de sangue são necessários para definir hemotórax maciço? 1.500 mL. Como podemos diferenciar o hemotórax vo- lumoso do pneumotórax hipertensivo, já que ambos os pacientes vão apresentar sinais de insuficiência respiratória e choque e terão re- dução ou ausência total dos MV! A percussão é essencial nesses casos. Quadro 1. Diferenciais no exame físico: pneumotórax hipertensivo X hemotórax volumoso. Pneumotórax hipertensivo Hemotórax volumoso Hipertimpânico à percussão Macicez à percussão Veias jugulares distendidas (se não houver choque hemorrágico associado) Jugulares colabadas (choque hemorrágico) Fonte: Elaborado pelo autor. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma torácico Cap. 3 75 Figura 5. Velamento completo do hemotórax esquerdo, compatível com hemotórax volumoso. Note que há desvio de traqueia à direita. Fonte: Salim et al.3 Além da drenagem de tórax, podemos tentar a autotransfusão nesses pacientes (se o hospital dispuser de tais recursos). FLASHCARD Qual a conduta no hemotórax maciço? Drenagem pleural sob selo d’água. A indicação da toracotomia de urgência não deve ser baseada somente no volume de sangue após a drenagem, mas sim, no estado hemodinâmico do paciente após as medidas iniciais. Sabemos que pacientes que apresentem saída de mais de 1.500 mL de sangue na drenagem inicial ou saída de 200 mL/h por 2 a 4 horas pós-trauma têm altas chances de ser submetidos à toracotomia de urgência.FLASHCARD Qual o volume de sangue no dreno de tórax que cos- tuma indicar a toracotomia de urgência? 1.500 mL de sangue ou saída de 200 mL/h por 2 a 4 horas pós-trauma. Figura 6. Dispositivo de autotransfusão. Fonte: Acervo do autor (Dr. Rodrigo Edelmuth). 5. PNEUMOTÓRAX ABERTO O pneumotórax aberto ocorre quando há grandes lesões da parede torácica (defeito de pelo menos 2/3 da luz traqueal). O tratamento do pneumotórax aberto no atendimento inicial é a oclusão do orifício em parede torácica, com curativo oclusivo de três pontas (formando uma válvula unilateral). Logo após a realização do curativo, devemos prosseguir com a drenagem de tórax. FLASHCARD Qual a conduta no pneumotórax aberto? Curativo oclusivo de três pontas, seguido de drena- gem sob selo d’água. Na inspiração, o curativo fecha o orifício no tórax e impede a entrada de ar na cavidade pleural. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma torácico Trauma 76 Figura 7. Curativo de três pontas para tratamento do pneumotórax aberto. Note que o curativo faz uma válvula. Fonte: Acervo Sanar. DICA Não podemos utilizar o orifício do trauma para realizar a drenagem de tórax! Sempre devemos fazer outro orifício! FLASHCARD Qual o tratamento definitivo no pneumotórax aberto? Toracotomia de urgência. O tratamento definitivo do pneumotórax aberto é cirúrgico (toracotomia de urgência). Cabe ao médico do pronto-socorro realizar as medidas iniciais para que o paciente consiga chegar ao centro cirúrgico com vida. 6. DRENAGEM DE TÓRAX Vimos que a drenagem de tórax é um dos principais tratamentos para lesões torácicas, devendo ser utilizada em diversas situações: pneumotórax sim- ples, pneumotórax hipertensivo, hemotórax maciço, hemotórax, pneumotórax aberto etc. Alguns conceitos referentes ao dreno de tórax cos- tumam cair em prova. Vamos revisá-los. 6.1. CUIDADOS COM O PACIENTE E COM O DRENO u Manter o curativo do dreno seco. u O paciente deve deambular livremente, desde que o selo d’água seja mantido abaixo do nível da incisão no tórax. u Fisioterapia respiratória intensiva. u Analgesia. u Radiografias de tórax de controle (tomografia não é necessária de rotina). DICA Quando retirar o dreno? W Causa-base revertida. W Baixo débito (número é divergente na li- teratura, mas volume deve ser < 50-200 mL/24 h). W Débito seroso. W Pulmões expandidos na radiografia. W Ausência de escape aéreo. W Paciente em ventilação espontânea (sem pressão positiva por CPAP ou ven- tilação mecânica). 7. TÓRAX INSTÁVEL E CONTUSÃO PULMONAR Ocorre quando há perda da estabilidade da caixa torácica (pelo menos dois pontos de fratura em duas costelas consecutivas). FLASHCARD É possível apresentar contusão pulmonar sem fra- tura de costelas? Sim, em crianças. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma torácico Cap. 3 77 Temos que associar a fratura de múltiplas costelas com um trauma de alta energia! Portanto, prova- velmente há contusão do parênquima pulmonar associado. Essa regra não vale para crianças. Elas podem apresentar contusão pulmonar sem fraturas, pois sua caixa torácica é mais compressível, com ossos menos calcificados. DICA Associar fratura de costelas e de esterno com a contusão pulmonar! Exce- ção: crianças! FLASHCARD Quais fraturas são necessárias para que haja tórax instável? Fratura de pelo menos duas costelas consecutivas, em dois ou mais lugares. Figura 8. Velamento importante de hemitórax esquerdo. No cenário de trauma, pode corresponder à contusão pulmonar. Fonte: Karim4. A contusão pulmonar é diagnóstico diferencial importante no trauma torácico! Sempre devemos suspeitar de contusão em pacientes que não apre- sentem hemo/pneumotórax e mantenham queda de saturação após medidas iniciais. FLASHCARD Restrição volêmica/balanço hídrico negativo + anal- gesia + fisioterapia (pressão positiva) referem-se ao tratamento de qual lesão traumática? Contusão pulmonar. Não existe tratamento específico para a contusão pulmonar, mas medidas de suporte em geral. O tripé do tratamento consiste em: u Analgesia potente (com uso de opioides, se ne- cessário, e até mesmo bloqueio do plexo neu- rovascular). Pacientes com dor tendem a não inspirar completamente, piorando a atelectasia. u Fisioterapia respiratória intensiva, com ventila- ção positiva (VNI), se possível. A fisioterapia tem como objetivo expandir o pulmão lesado. u Restrição hídrica/balanço hídrico negativo. Essa medida geralmente é realizada de forma tardia, após 24 a 28 h do trauma, pois, no manejo inicial, esses pacientes precisam de reposição volêmica agressiva. Caso não haja contraindicação formal à restrição volêmica (ex.: choque hemorrágico), devemos restringir a infusão de volume, a fim de “secar” o pulmão, permitir melhor troca gasosa e evitar derrame pleural. Na presença de tórax instável com contusão pul- monar grave, pode haver necessidade de intubação orotraqueal, a fim de assegurar uma ventilação adequada. DICA Fratura de costelas altas e clavícu- la: força intensa! Trauma muito importante, com alto risco de mortalidade, devido às lesões associadas. DICA Fratura de costelas “baixas” (10ª – 12ª): suspeitar de lesões intra-abdominais. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma torácico Trauma 78 8. TAMPONAMENTO CARDÍACO O tamponamento cardíaco costuma estar asso- ciado a lesões penetrantes, mas também pode ser secundário a traumas com impacto direto em região anterior do tórax. É de difícil diagnóstico, mas representa uma importante causa de mortalidade no trauma. FLASHCARD Qual a tríade clássica no tamponamento cardíaco? Hipotensão, abafamento de bulhas cardíacas e dis- tensão jugular. A presença de sangue na cavidade pericárdica impede que o coração bata de forma adequada, pois bloqueia a diástole e seu enchimento. A presença de 100 mL no saco pericárdico já é suficiente para ser responsável por alterações clínicas! Classicamente, esses pacientes podem apresentar a Tríade de Beck: u Hipotensão. u Abafamento de bulhas cardíacas. u Distensão jugular. FLASHCARD Qual exame complementar pode fazer esse diag- nóstico? FAST. Na prática, a Tríade de Beck está presente em somente 35% dos casos, mas, na sua prova, ela estará! Fique tranquilo! Esses pacientes também podem apresentar pulso paradoxal, que é a redução de ≥ 10 mmHg na PAS durante a inspiração. Lembre-se do FAST! Ele é extremamente importante nesses casos e faz o diagnóstico. A pericardiocentese (ou punção de Marfan) é uma medida heroica que pode esvaziar o saco pericár- dico. Se possível, a punção pericárdica deve ser realizada guiada por ultrassom. A janela pericárdica é o procedimento padrão-ouro nesses casos, mas é um procedimento cirúrgico que requer equipe trei- nada e especializada. O tratamento definitivo deve ser de urgência, em um centro especializado, com o cirurgião do Trauma (toracotomia de urgência). 8.1. TRATAMENTO (PUNÇÃO DE MARFAN) A pericardiocentese (ou Punção de Marfan) realizada às cegas (isto é, sem o auxílio do ultrassom) pode ser considerada medida heroica, pois a taxa de sucesso é muito baixa. Devemos realizar a punção sempre guiada por imagem, com uma agulha calibrosa. FLASHCARD Qual o tratamento temporário para o tamponamen- to cardíaco? Punção de Marfan. Deve-se introduzir um jelco calibroso à esquerda do apêndice xifoide, em ângulo de 45º com a pele, e em direção ao ombro esquerdo/ponta da escápula esquerda, até a aspiração de sangue. O médico deve estar atento ao traçado do ECG/monitor cardíaco, pois alterações podem significar contato com o miocárdio. A retirada de pequenos volumes (15-20 mL) já promove uma melhora na hemodinâmica enquanto o paciente não é admitido para a cirurgia. O tratamento definitivo deve ser de urgência, em um centro especializado e com cirurgião de trauma (toracotomia anterolateral esquerda de urgência).FLASHCARD Qual o tratamento padrão-ouro para o tamponamen- to cardíaco? Toracotomia. 9. TORACOTOMIA NO TRAUMA E ZONA “PERIGOSA” DE ZIEDLER Nos ferimentos cardíacos, 70% deles provêm de lesões na Região de Ziedler. Seus limites são: luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma torácico Cap. 3 79 u Superiormente: linha horizontal sobre o Ângulo de Louis (2º espaço intercostal) OU manúbrio. u Inferiormente: linha horizontal imaginária sobre o processo xifoide (10º espaço intercostal). u Lateral direita: borda paraesternal direita. u Lateral esquerda: linha axilar anterior esquerda. Figura 9. Zona “perigosa” de Ziedler. Fonte: Acervo Sanar. 9.1. TORACOTOMIA NO TRAUMA A toracotomia de urgência costuma ser o tratamento definitivo para alguns traumas torácicos: u Hemotórax maciço com instabilidade hemodinâ- mica após drenagem de tórax e tratamento inicial. u Tamponamento cardíaco. u Pneumotórax aberto. u Lesão traqueobrônquica com insuficiência res- piratória grave. Não confunda toracotomia de urgência com toraco- tomia de ressuscitação! A toracotomia de urgência é o tratamento definitivo para algumas afecções traumáticas, após a abordagem inicial! Já a toraco- tomia de ressuscitação é uma medida heroica e de exceção, realizada na própria sala de trauma. Tem por objetivo realizar a massagem cardíaca interna e tratar, de forma temporária, algum ferimento fatal. A única indicação para toracotomia de reanima- ção é quando há PCR em AESP, em doentes com ferimentos torácicos penetrantes, na presença de cirurgião habilitado. 10. RUPTURA TRAUMÁTICA DE AORTA É importante causa de morte na cena! Uma aorta rompida e não tamponada é causa de morte evi- dente. Contudo, 20% desses pacientes sobrevivem a essa lesão, pois apresentam ruptura incompleta junto do ligamento arterioso e formam um hema- toma que contém parcialmente o sangramento. DICA O local mais comum de ruptura é a aorta descendente, junto ao ligamento arte- rioso e distal à artéria subclávia esquerda. FLASHCARD Qual o mecanismo de trauma que deve levar à sus- peita de lesão de aorta? Desaceleração. O mecanismo de trauma, com desaceleração, é um dos fatores que devem levar à suspeita diagnóstica. A radiografia de tórax com alargamento de medias- tino é crucial nesses casos! Quadro 2. Principais achados na radiografia de tórax no trauma de aorta. Principais achados na radiografia de tórax no trauma de aorta • Alargamento do mediastino • Má visualização do contorno aórtico • Desvio de traqueia para a direita • Rebaixamento do brônquio-fonte esquerdo • Elevação do brônquio-fonte direito • Cap apical na pleura esquerda (derrame extrapleural apical) • Cap apical na pleura esquerda (derrame extrapleural apical) • Fraturas de 1º e 2º arcos costais • Alargamento das interfaces paraespinhais Fonte: Elaborado pelo autor. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma torácico Trauma 80 Figura 10. Radiografia com alargamento de mediastino. Fonte: Radiology St. Vincent’s University Hospital5. Caso haja suspeita diagnóstica – seja pelo meca- nismo de trauma, seja por algum achado radiológico –, devemos prosseguir com a investigação. A TC helicoidal de tórax com contraste é o exame de escolha nesses casos. DICA O exame padrão-ouro para o diag- nóstico de lesão de aorta no trauma é a tomografia computadorizada helicoidal de tórax com contraste. FLASHCARD Qual o exame padrão-ouro para o diagnóstico de le- são de aorta no trauma? TC helicoidal de tórax com contraste. O hematoma de mediastino estável não é prioridade no tratamento se estiver diante de outras lesões que ameaçam a vida do doente (laparotomia explora- dora em casos de choque hemorrágico com origem abdominal ou craniectomia descompressiva em TCE grave). Nesses casos, o tratamento conservador com controle da pressão arterial está indicado. DICA Não podemos assumir que o cho- que refratário seja decorrente da rotura traumática de aorta! Se o paciente apre- senta rotura de aorta, não faleceu na cena e continua hipotenso, temos que buscar outra fonte de sangramento! Inicialmente, pode-se controlar a frequência cardíaca e a pressão arterial com analgésicos e betabloquea- dores (se não houver contraindicações), almejando uma FC < 80 bpm e uma PAM de 60 a 70 mmHg. Após a estabilização e a resolução das outras lesões, a intervenção cirúrgica especializada pode ser rea- lizada, por cirurgia aberta ou endovascular. 11. CONTUSÃO MIOCÁRDICA O paciente pode apresentar fratura esternal ou de arcos costais, escoriações torácicas e sentir des- conforto torácico. O paciente traumatizado pode apresentar hipotensão, arritmias, alterações na mobilidade da parede cardíaca e alterações eletro- cardiográficas. Podem ocorrer diversas alterações eletrocardiográficas, como no segmento ST, fibrila- ção atrial, taquicardia sinusal. A troponina pode se apresentar elevada na confusão miocárdica, mas seu uso no diagnóstico de contusão miocárdica é inconclusivo. Pacientes com contusão miocárdica diagnosticada por alterações eletrocardiográficas têm um risco aumentado para arritmias e devem ser monitorizados durante as primeiras 24 horas. DIA A DIA MÉDICO FAST estendido (E-FAST) Cada vez mais o FAST vem ganhando espaço na sala de trauma, e alguns centros já realizam o E-FAST. Esse tema nunca foi cobrado em prova, mas é bastante atual. Utili- zando o mesmo aparelho de ultrassom, podemos avaliar tórax/cavidade pleural, a fim de diagnosticar pneumotórax ou hemotórax. A localização do probe deve ser na região anterior do tórax, entre o 3º e o 5º espaços intercostais, na linha hemiclavicular. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma torácico Cap. 3 81 Figura 11. A – localização do probe na região anterior do tórax, entre o 3º e o 5º espaços intercostais da linha hemiclavicular direita; B – imagem ultrassonográfica pulmonar normal (presença de linhas A e B). Fonte: Flato et al.6 DIA A DIA MÉDICO A avaliação pode ser dinâmica ou estática. Na avaliação dinâmica (Modo B), o operador enxerga em tempo real o deslizamento entre a pleura visceral e parietal (Lung Slide). É um vídeo real do momento! O normal é enxergar o deslizamento das pleuras. A ausência desse achado é um sinal indireto de que existe ar entre as pleuras. Na presença de um pneumotórax, não há o deslizamento entre as pleuras, pois o ar existente entre elas inibe o deslizamento pleural. Figura 12. FAST estendido demonstrando as costelas e a linha pleural. Fonte: Flato et al.6 Figura 13. Identificação das estruturas. Fonte: Flato et al.6 Figura 14. Fonte: Flato et al.6 luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma torácico Trauma 82 DIA A DIA MÉDICO Podemos também utilizar o modo estático (Modo M), que faz uma foto do momento. O transdutor deverá ser colocado firmemente na posição desejada, não podendo haver movimentação da sonda, para que o exame não seja um falso-positivo. Com o transdutor parado no local desejado, ativa-se o Modo-M (modo estático). Veja as imagens a seguir: Figura 15. Sinal da praia: normal. Ausência de pneumotórax. Fonte: Adaptado de Flato et al.6 Figura 16. Código de barras: pneumotórax. Fonte: Adaptado de Flato et al.6 luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma torácico Cap. 3 83 Mapa mental. ATLS – trauma torácico ATLS Atendimento inicial ao paciente vítima de trauma B – Ventilação Risco de morte imediata Pneumotórax hipertensivo Hemotórax maciço Pneumotórax aberto Lesão laringotraqueal Tamponamento cardíaco Toracocentese de alívio no 4º EIE, na linha axilar (mesmo local da drenagem) Drenagem de tórax e reposição volêmica adequada Curativo em 3 pontas e drenagem torácica Manutenção da via aérea e necessidade de reparo cirúrgico Pericardiocentese guiada por ultrassom seguida de toracotomia de urgênciaLesões que podem ser diagnosticada na avaliação secundária • Contusão pulmonar e tórax instável • Pneumotórax simples • Hemotórax • Contusão cardíaca • Ruptura traumática de aorta • Lesão diafragmática • Lesão esofágica luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma torácico Trauma 84 REFERÊNCIAS 1. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, disponível em: <https://www.shutterstock.com/ima- ge-photo/chest-xray-showing-tension-pneumothorax- -on-1585665964>. Acesso em: 04 de novembro de 2022. 2. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, disponível em: <https://www.shutterstock.com/ima- ge-photo/pneumothorax-free-air-right-hemithorax-ten- sion-1969239361>. Acesso em: 04 de novembro de 2022. 3. Salim S, Ganeshram P, Patel AD, Kumar AA, Vemuri D, Jeyachandran V, et al. Unilateral hemothorax in a 46 year old South Indian male due to a giant arteriovenous hemodialysis fistula: a case report. Cases J. 2008 Oct 7;1(1):225. https://doi.org/10.1186/1757-1626-1-225. PMID: 18840271; PMCID: PMC2567296. 4. Karim. Chest X-ray of a pulmonary contusion. Wikimedia Commons [Internet]; fev 2006 [acesso em 04 nov 2022]. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/ File:Pulmonary_contusion.jpg 5. Radiology St. Vincent’s University Hospital. Mediastinal widening – CXR [Internet]; 2022 [acesso em 04 nov 2022]. Disponível em: http://www.svuhradiology.ie/case-study/ mediastinal-widening-cxr/ 6. Flato UAP, Guimarães HP, Lopes RD, Valiatti JL, Flato EMS, Lorenzo RG. Utilização do FAST-Estendido (EFAST-Exten- ded Focused Assessment with Sonography for Trauma) em terapia intensiva. Rev Bras Ter Intensiva 2010;22(3):291- 299. https://doi.org/10.1590/S0103-507X2010000300012. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Dietrich A. Pneumoperitônio. Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular. [Internet]. [acesso em 2020]. Disponível em: http://www.sbccv.org.br/residentes/Pneumoperitonio.asp. Gerstenmaier JF. Radiology Quiz 22191. Radiopaedia [Internet]. [acesso em 27 out 2019]. Disponível em: https://prod-images. static.radiopaedia.org/play/1758/entry/23570/case/22191/ studies/22216?lang=us. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma torácico Cap. 3 85 QUESTÕES COMENTADAS Questão 1 (UNICAMP – SP – 2018) Homem, 21a, é levado à Unidade de Pronto Atendimento após queda de uma viga de concreto sobre tórax. Exame físico: PA = 100x70 mmHg, FC = 110 bpm, FR= 36 irpm, oximetria de pulso (sob máscara de O2 15l/min) = 89%; Tórax: escoriações, hematomas e crepitação à palpação à direita, movimento paradoxal, murmúrio vesicular diminuído em base direita. Radiograma de tórax no leito: opacificação no terço médio e inferior direito e fraturas em dois pontos do quinto ao oitavo arcos costais. A HIPÓXIA É CAUSADA POR: ⮦ Movimento paradoxal pelo retalho móvel. ⮧ Contusão pulmonar e dor pelas fraturas. ⮨ Hipotensão arterial. ⮩ Hemotórax à direita. Questão 2 (INSTITUTO DE ASSISTÊNCIA MÉDICA AO SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL – SP – 2021) Um paciente de 56 anos sofreu trauma por guindaste na região lateral direita do tórax. Foi levado pelos colegas de trabalho ao pron- to-socorro e deu entrada no setor de emergência com área de crepitação em costelas (8.a, 9.a e 10.a) do lado direito, que se movimentava irregularmente durante a respiração (paradoxal). Murmúrio vesi- cular presente e simétrico, crepitações à palpação de costelas (8.a, 9.a e 10.a) do lado direito, sem fe- rimentos locais. Frequência cardíaca de 120 bpm, frequência respiratória de 28 ipm e pressão arte- rial de 140 x 90 mmHg. Com base nessa situação hipotética, assinale a alternativa que apresenta, correta e respectivamente, a lesão mais provável e a abordagem inicial. ⮦ Pneumotórax hipertensivo e toracocentese com agulha. ⮧ Hemotórax maciço e drenagem torácica imediata. ⮨ Tamponamento cardíaco e pericardiocentese. ⮩ Pneumotórax aberto e realização de curativo de três pontas. ⮪ Tórax instável e promover oxigenação adequada, podendo ser utilizado desde o oxigênio por más- cara até a intubação, se houver hipóxia. Questão 3 (ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL - 2021) São con- dutas aceitas no paciente vítima de trauma com he- mopericardio e tamponamento cardíaco, EXCETO: ⮦ Pericardiocentese subxifoidea. ⮧ Janela pericárdica. ⮨ Mediastinoscopia para descompressão peri- cárdica. ⮩ Toracotomia submamária esquerda. Questão 4 (UNIEVANGÉLICA DE ANÁPOLIS – 2016) Paciente vítima de colisão entre moto e caminhão é admitido na emer- gência, trazido pelo Corpo de Bombeiros, com colar cervical e prancha. Encontrava-se com vias aéreas pérveas, queixando-se de dor torácica, saturação de oxigênio de 95% com máscara de oxigênio e estável hemodinamicamente. O murmúrio vesicular estava discretamente reduzido à esquerda. Realizou to- mografia de tórax, que demonstrou hemotórax em hemitórax esquerdo e alargamento mediastinal. Nesse caso, qual a melhor conduta? luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma torácico Trauma 86 ⮦ Drenagem torácica, analgesia e observação. ⮧ Aortografia. ⮨ Ressonância nuclear magnética. ⮩ Toracotomia anterior esquerda. Questão 5 (HOSPITAL REGIONAL DE MS – ROSA PEDROSSIAN – 2017) A drenagem torácica fechada com selo d’água é um procedimento médico rotineiro, muito utilizado no tratamento de afecções resultantes de trauma torá- cico. Quando da ocorrência de hemotórax maciço, qual volume de sangue drenado de imediato indi- ca a realização de uma toracotomia de urgência? ⮦ > 750 mL ⮧ > 2000 mL ⮨ > 900 mL ⮩ > 1000 mL ⮪ > 1500 mL Questão 6 (H. U. BETTINA FERRO DE SOUZA/JOÃO BARROS BARRETO – 2017) L. H. S., feminino, 56 anos, deu entrada no PS com ferimento por arma branca localizada na Zona de Ziedler. Paciente falando, murmúrio vesicular dimi- nuído à esquerda, pulso – 86 bat/min, pele quente e TA – 110 x 70 mm/Hg. Glasgow 15. Após a drena- gem torácica à esquerda, que deu saída a 150 mL de sangue, paciente encontra-se estável hemodi- namicamente. A melhor conduta é: ⮦ Internação para cirurgia torácica. ⮧ Toracotomia anterior esquerda. ⮨ Janela pericárdica. ⮩ Toracotomia anterolateral ⮪ Toracotomia anterior direita. Questão 7 (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2018) Homem de 44 anos foi vítima de colisão automóvel x automóvel. Chegou ao pronto-socorro imobilizado em prancha rígida, com colar cervical. Realizada drenagem torácica à direita por pneumotórax. Na avaliação clínica, de- tectou-se tórax instável com contusão pulmonar, sem outras lesões. Foi encaminhado para a UTI, onde chegou lúcido, ainda com dor em hemitórax direito, SatO2 de 94% com máscara de Venturi a 40%, frequência respiratória de 30 incursões por minuto; frequência cardíaca de 115 bpm, pressão arterial de 120 x 70 mmHg e Glasgow 15. Indique três medidas de suporte recomendas para o trau- ma torácico desse paciente: ⮦ Intubação traqueal, sedação e ventilação mecâ- nica protetora. ⮧ Melhora da analgesia, pressão positiva não in- vasiva e antibioticoterapia profilática. ⮨ Melhora da analgesia, pressão positiva não in- vasiva e evitar sobrecarga hídrica. ⮩ Intubação traqueal, fixação cirúrgica das coste- las e evitar sobrecarga hídrica. Questão 8 (HOSPITAL ORTOPÉDICO DE GOIÂNIA – 2018) É critério para retirada de dreno de tórax em pacientes submeti- dos à drenagem pleural fechada: ⮦ Ausência de oscilação de líquido em sistema coletor. ⮧ Telerradiografia de tórax sem velamento de seio costofrênico. ⮨ Ausência de fuga aérea em selo d’água. ⮩ Ausência de dor pleural. ⮪ Melhora da leucocitose após drenagem de em- piema pleural. Questão 9 (HOSPITAL SÍRIO-LIBANÊS – SP – 2021) Vítima de queda de motocicleta, um homem de 32 anos foi atendido e estabilizado na sala de emergência, permanecen- do estável todo o período. A cinética do trauma foi baixa, porém o paciente tem dor à palpação de gra- deado costal esquerdo. A radiografia de tórax não mostra alteração pleural, mas identificafratura do oitavo arco costal esquerdo. Pelo achado, foi sub- metido à tomografia que, além da fratura, mostra pneumotórax laminar à esquerda. Pulso: 90 bpm, FR: luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma torácico Cap. 3 87 14 irpm, saturação de O2: 98%, PA: 120 × 70 mmHg. Diagnóstico e conduta: ⮦ Pneumotórax simples. Drenagem com pigtail. ⮧ Pneumotórax oculto. Drenagem com dreno tu- bular fino. ⮨ Pneumotórax simples. Observação. ⮩ Pneumotórax associado à fratura. Drenagem, independentemente dos sinais vitais. ⮪ Pneumotórax oculto. Observação. Questão 10 (HOSPITAL DO AÇÚCAR – 2018) Paciente de 70 anos, mas- culino, tabagista 40 anos/maço, admitido no pron- to-socorro do hospital com queixa de dor torácica em hemitórax direito, de início súbito, e dispneia ao repouso. Ao exame físico, taquipneico, taquicárdico, cianose de extremidades e PA=120 x 80 mmHg. No exame do tórax, apresentava diminuição do murmú- rio vesicular à direita e frêmito toracovocal reduzido ipsilateralmente, frequência respiratória de 32 irpm, SatO2 de 80%. Solicitado RX de tórax, demonstrou discreto pneumotórax à direita (15%). Qual é a melhor conduta para o caso acima? ⮦ Acompanhamento clínico ⮧ Punção pleural ⮨ Toracotomia ⮩ Drenagem pleural Questão 11 (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ – 2017) São sinais radio- lógicos da hérnia diafragmática traumática: ⮦ Hemopneumotórax esquerdo e baço visível do hemitórax esquerdo. ⮧ Hemopneumotórax esquerdo e pneumomedias- tino direito. ⮨ Apagamento do seio costofrênico esquerdo e pneumomediastino direito. ⮩ Apagamento do seio costofrênico esquerdo e sonda nasogástrica visível no hemitórax es- querdo. ⮪ Apagamento do músculo psoas ilíaco à direita. Questão 12 (SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE/SÃO PAULO – 2017) Vítima de atropelamento por auto, um paciente de 78 anos tem fratura de três arcos costais à esquerda, com hemotórax. Foi feita a drenagem de tórax, com saída de 300 mL de sangue. Não há outras lesões. Orientações que devem ser dadas a esse paciente: ⮦ Manter selo d’água em pressão negativa (aspirar o dreno). Repouso relativo no leito. ⮧ Repouso no leito, troca diária do curativo do dreno. ⮨ Manter o curativo do dreno seco. Deambular li- vremente, desde que o selo d’água seja mantido abaixo do nível da incisão no tórax. ⮩ Manter coluna d’água de pelo menos 20 cm. Re- pouso absoluto no leito. ⮪ Tomografia de controle pós-drenagem do tórax. Fisioterapia. Questão 13 (HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN - 2022) Um rapaz de 28 anos, vítima de queda de motocicleta, necessitou de drenagem de tórax por hemotórax associado a fratura de dois arcos costais à direita. Não apre- senta outras lesões significativas. Está estável e consciente. Está hoje no quinto dia pós-drenagem. Débitos diários do dreno: 1o dia: 400 mL, conteúdo hemático; 2o dia: 300 mL, conteúdo sero-hemático, escuro (espesso); 3o dia: 300 mL, conteúdo sero- -hemático, claro; 4o dia: 150 mL, conteúdo seroso; 5o dia: 90 mL, conteúdo seroso. O dreno continua oscilante. Não há evidência de escape aéreo, mes- mo com manobra de Valsalva. Murmúrio vesicular presente bilateralmente, simétrico. FR: 14 irpm; sa- turação: 98%, em ar ambiente. Em relação à retirada do dreno, é correto afirmar: ⮦ Independentemente do débito, manter o dreno, pois ainda está oscilante. ⮧ Retirar apenas quando o débito for inferior a 50 mL por dia. ⮨ Sacar já, pois o débito é inferior a 100 mL por dia, sendo o conteúdo seroso. ⮩ Ponderar a retirada apenas após nova avaliação tomográfica. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma torácico Trauma 88 Questão 14 (HOSPITAL MILITAR DE ÁREA DE SÃO PAULO - 2021) Paciente, vítima de acidente por arma branca em hemitórax esquerdo, foi submetido a drenagem torácica em selo d’água com saída inicial de 1600ml de sangue. Qual a conduta recomendada para o caso? ⮦ Tipagem sanguinea para transfusão ⮧ Toracotomia de emergência ⮨ Colocação de mais um dreno torácico ⮩ Tomografia de tórax ⮪ Toracoscopia luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma torácico Cap. 3 89 GABARITO E COMENTÁRIOS Questão 1 dificuldade: Y Dica do professor: paciente vítima de trauma to- rácico apresenta-se com hipoxemia. Ao exame do tórax, nota-se, além de outros comemorativos, pre- sença de “movimento paradoxal”, que nada mais é do que o colabamento do segmento lesionado quando o indivíduo inspira, e o abaulamento quan- do ele expira. Isso é típico de TÓRAX INSTÁVEL, determinado quando temos fraturas de DOIS OU MAIS ARCOS COSTAIS CONSECUTIVOS, sendo que cada arco está fraturado em no mínimo DOIS PON- TOS. Entretanto, lembremos que o componente que tem MAIOR PESO para levar o indivíduo com tórax instável à insuficiência respiratória NÃO é apenas a respiração paradoxal em si. Certamente, para ter causado esse estrago, o trauma deve ter sido bas- tante forte, sendo comum acontecer CONTUSÃO PULMONAR. Associado a isso, é um paciente que está sentindo uma intensa DOR, e não é para me- nos. Uma analgesia potente é um dos pilares do tratamento dessa condição. ✔ resposta: ⮧ Questão 2 dificuldade: Y Dica do professor: questão clássica de tórax instá- vel com contusão pulmonar. O paciente apresenta respiração paradoxal (ele inspira e o tórax afunda). Para que exista um tórax instável, são necessários pelo menos dois pontos de fratura em duas ou mais costelas consecutivas). Alternativa A: INCORRETA. Pneumotórax hipertensivo é igual à ausência de murmúrios vesiculares e hiper- timpanismo de um lado, associado à hipotensão. Pode haver também desvio de traqueia e turgência jugular. O tratamento para o pnmtx hipertensivo realmente é a toracocentese de alívio (punção de alívio), com agulha grossa (Jelco 14). Classicamente, o local de punção seria o 2º espaço intercostal, em linha hemiclavicular. Mas, desde 2018, a 10ª edição do ATLS sugere realizar a toracocentese no mesmo local da drenagem de tórax (4º ou 5 º EIE, entre as linhas axilares média e anterior). Alternativa B: INCORRETA. No hemotórax maciço, há ausência de MV e macicez à percussão. O trata- mento consiste na drenagem de tórax. Alternativa C: INCORRETA. Classicamente, o tam- ponamente cardíaco se aprensenta pela tríade de Beck: (i) hipotensão, (ii) abafamento de bulhas, (iii) estase jugular. O tamponamento cardíaco costuma ser secundário a traumas penetrantes no pré-cordio. O diagnóstico pode ser feito por meio do ultrassom FAST, pela punção de alívio (punção de Marfan) ou uma janela pericárdica. Tanto a pericardiocentese quanto a janela pericárdica podem aliviar os sinto- mas e servir de ponte para o tratamento cirúrgico definitivo (toracotomia de urgência). Alternativa D: INCORRETA. Para haver um pneumotó- ax aberto, existe a necessidade de ter um ferimento aberto na parede torácica, de pelo menos 2/3 do diâmetro da traqueia. A clínica é a mesma do pneu- motórax (MV reduzidos ou abolidos + hipertimpanis- mo). O tratamento inicial consiste no curativo de 3 pontas e na drenagem torácica em OUTRO orifício. Já o tratamento definitivo costuma ser cirúrgico, para reconstruir a parede do tórax. Alternativa E: CORRETA! Qual o tripé do tratamento da contusão pulmonar? (i) Analgesia, (ii) fisioterapia respiratória intensiva e (iii) balanço hídrico negati- vo. Pacientes com dor não conseguem ventilar de forma adequada e fazem inspirações superficiais, o que impede a expansão alveolar. A hiper-hidratação luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma torácico Trauma 90 “encharca” os pulmões/alvéolos e também prejudi- ca a troca gasosa. ✔ resposta: ⮪ Questão 3 dificuldade: Y Dica do autor: Questão bem direta! Exceto a me- diastinoscopia, todas as alternativas são opções para o tratamento do tamponamento cardíaco! A pericardiocentese com agulha, guiada por ultrassom é uma medida temporária que pode salvar vidas, a janela pericárdicaé uma alternativa melhor a pun- ção e a toracotomia é a conduta padrão e definitiva para lesões cardíacas! ✔ resposta: ⮨ Questão 4 dificuldade: Resolução: quando suspeitamos de lesão traumá- tica de aorta (trauma por desaceleração associa- do a alterações radiográficas, sendo a principal o alargamento mediastinal), devemos confirmá-la através de exame mais fidedigno, sendo os princi- pais a angiotomografia e a arteriografia, para poste- riormente realizar tratamento adequado. Devemos lembrar também de que o paciente vítima dessa lesão apenas chega vivo ao hospital porque não houve ruptura completa da aorta (o sangramen- to geralmente é contido por tecidos periaórticos pleurais ou pela túnica adventícia do vaso). Sendo assim, como não há descrição de instabilidade he- modinâmica e o paciente está saturando 95% com máscara de oxigênio, está contraindicado realizar drenagem torácica nesse momento, devido ao risco de destamponamento da lesão e possível ruptura. Primeiro devemos realizar a aortografia para con- firmar o diagnóstico de trauma de aorta. ✔ resposta: ⮧ Questão 5 dificuldade: Y Dica do autor: devemos saber as indicações de toracotomia. São elas: • hemotórax maciço ou seja, drenagem imediata de 1.500 mL (ou 1/3 da volemia) pelo dreno tubular da toracoscopia ou saída de 200 a 300 mL/h nas 2 a 4 primeiras horas (principal) • lesões penetrantes na parede anterior com tampo- namento cardíaco • feridas na caixa torácica com grandes dimensões • lesões de vasos nobres no tórax com instabilidade hemodinâmica • lesões traqueobrônquicas extensas • evidência de perfu- ração esofageana. Resolução: para fazer a toracotomia de urgência, o volume de sangue drenado é > 1.500 mL. ✔ resposta: ⮪ Questão 6 dificuldade: Y Dica do autor: o correto nesse caso seria investigar o pericárdio, com o FAST! Entretanto, o autor não nos deu essa alternativa. Não adianta brigar com a questão. É melhor marcar a alternativa “menos pior”! Alternativa A: INCORRETA. Não necessariamente pre- cisamos do cirurgião torácico nesse caso. Alternativa B: INCORRETA. A saída de 150 mL de san- gue da drenagem não indica toracotomia. Alternativa C: CORRETA. Lembrar da Zona de Ziedler: pode ter havido lesão cardíaca, fazendo um tampo- namento. Portanto, é necessário que se faça uma janela pericárdica para investigação. Alternativa D: INCORRETA. Não há indicação de to- racotomia. Alternativa E: INCORRETA. Não há indicação de to- racotomia. ✔ resposta: ⮨ Questão 7 dificuldade: Alternativa A: INCORRETA. Paciente estável hemodi- namicamente, saturando 94%, não requer IOT. Alternativa B: INCORRETA. Não há indicação de anti- bioticoterapia na contusão pulmonar. Alternativa C: CORRETA. Em pacientes estáveis, sem hipóxia, podemos otimizar a analgesia, fazer pres- são positiva não invasiva e tomar cuidado com a hidratação, pois pode piorar o quadro pulmonar. Alternativa D: INCORRETA. Como na Alternativa A, não há necessidade de IOT; não fazemos fixação das costelas. ✔ resposta: ⮨ luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma torácico Cap. 3 91 Questão 8 dificuldade: Y Dica do autor: questão direta acerca de critérios de retirada de dreno de tórax. Vamos recordar os critérios para a retirada do dreno de tórax: esta- bilidade hemodinâmica e melhora dos sintomas do paciente, pulmões totalmente expandidos na radiografia de tórax e, em casos de derrame pleu- ral, a melhora do débito do dreno (inferior a 100 mL em 24h); em diagnóstico de pneumotórax, a ausência de fuga aérea em selo d’água por mais de 48h a 72h. ✔ resposta: ⮨ Questão 9 dificuldade: Y Dica do professor: questão para o aluno que gos- ta de trauma e sempre acompanhava os casos no pronto-socorro. O pneumotórax oculto é definido como um pneumotórax visto na tomografia com- putadorizada, mas não na radiografia simples. Alternativa A: INCORRETA. Claro que o pneumotórax em questão é um pneumotórax simples (há ar na cavidade pleural, sem repercussão hemodinâmica). Mas, por definição, ele foi visto somente na tomo- grafia. Então, é um pneumotórax oculto. Alternativa B: INCORRETA. O diagnóstico está correto, mas a conduta não. Pneumotórax pequenos, que não são visíveis na radiografia e unicamente na to- mografia, podem (e geralmente são) ser manejados de forma conservadora. Alternativa C: INCORRETA. A conduta do pneumo- tórax simples após trauma é sempre a drenagem, isto é, se o pneumotórax é visto na radiografia, ele deve ser drenado. Alternativa D: INCORRETA. A drenagem não é man- datória nesse caso. Alternativa E: CORRETA. Atualmente a conduta mais aceita é a conservadora, com reavaliação e nova radiografia em 24h e 48h, para garantir que não houve aumento do pneumotórax. ✔ resposta: ⮪ Questão 10 dificuldade: Y Dica do autor: questão fácil sobre tratamento do pneumotórax. Paciente com provável pneumotó- rax espontâneo chega ao PS sintomático, FR 32, Sat 80%. Alternativa A: INCORRETA. Paciente extremamente sintomático! A conduta expectante transformará esse pneumotórax em hipertensivo, levando o pa- ciente a óbito. Alternativa B: INCORRETA. A punção é realizada so- mente no pneumotórax hipertensivo. Alternativa C: INCORRETA. A cirurgia não está indica- da nos casos de pneumotórax simples. Alternativa D: CORRETA. A drenagem pleural é a con- duta padrão nos casos de pneumotórax. ✔ resposta: ⮩ Questão 11 dificuldade: Resolução: na presença de uma hérnia diafragmática com herniação, o conteúdo intra-abdominal tende a migrar para a região intratorácica, sendo os prin- cipais achados radiológicos o apagamento do seio costofrênico e a visualização da sonda nasogástrica em região intratorácica. Geralmente, essas lesões são mais diagnosticadas à esquerda, pois o fígado dificulta a herniação à direita. ✔ resposta: ⮩ Questão 12 dificuldade: Resolução: Após drenagem, o selo d’água deve ser trocado a cada 24 horas, sendo posicionado no piso, ficando abaixo do paciente. A inspeção e a troca diária do curativo são obrigatórias. Caso não haja contraindicações à deambulação, o paciente poderá deambular com o dreno, evitando outras complicações associadas ao decúbito contínuo (trombose, atelectasias etc.). ✔ resposta: ⮨ luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma torácico Trauma 92 Questão 13 dificuldade: Y Dica do autor: Vamos relembrar quais as condi- ções para retirada do dreno de tórax? • Causa base revertida. • Baixo débito (número é divergente na literatura, mas volume deve ser < 50-200 mL/24h). • Débito seroso. • Pulmões expandidos na radiografia. • Ausência de escape aéreo. • Paciente em ventilação espontânea (sem pressão positiva por CPAP ou ventilação mecânica). Alternativa A: INCORRETA. Não podemos retirar o dreno se houver escape aéreo (saída de bolhas). A oscilação do mesmo é esperada e normal. Alternativa B: INCORRETA. Mais importante que o débito do dreno é o aspecto do mesmo e o quadro global do paciente e sua evolução. Alternativa C: CORRETA. Alternativa D: INCORRETA. A reavaliação por tomogra- fia fica reservada em casos duvidosos ou quando a evolução do paciente foge do curso esperado. ✔ resposta: ⮨ Questão 14 dificuldade: Y Dica do autor: O hemotórax maciço é caraterizado por acúmulo de > 1.500 ml de sangue ou um terço da volemia, na cavidade torácica. Essa condição é mais frequentemente ocasionada por feridas torá- cicas que acometem vasos sistêmicos ou hilares, no entanto, traumas torácicos fechados também podem levar a esta complicação. Alternativa A: INCORRETA. No trauma, pacientes com óbvia perda de sangue grave ou contínua devem ser transfundidos imediatamente com sangue do tipo O-, não sendo necessário aguardar o resultado da tipagem sanguínea. Alternativa B: CORRETA. A toracotomia de urgência deve ser realizada quando houver saída imediata de ≥ 1.500 ml de sangue pelo dreno ou houver rit- mo de drenagem de 200 ml/h, nas primeiras duas a quatrohoras. Alternativa C: INCORRETA. Não há indicação de se co- locar mais um dreno, pois neste caso esse paciente necessita de uma intervenção cirúrgica. Alternativa D: INCORRETA. A indicação para a ob- tenção de uma TC de tórax em um paciente com trauma torácico penetrante requer a estabilidade hemodinâmica. Alternativa E: INCORRETA. A videotoracoscopia pode ser indicada para “investigação” em indivíduos com hemotórax, que apresentam lesão no diafragma. ✔ resposta: ⮧ luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 93 Capítulo 4ATLS – CHOQUE O QUE VOCÊ PRECISA SABER? u Sempre temos que nos lembrar da sequência ABCDE em um politraumatizado. Manejo da via aérea, colar cervical e avaliação da ventilação vêm antes do controle hemodinâmico. Isso é seguir o ATLS. u Choque hemorrágico: sempre é a principal hipótese diagnóstica; a conduta inicial diante de um paciente nesse estado é repor volume (dois acessos periféricos calibrosos) e achar a fonte de sangramento. TCE não é causa de choque hemorrágico. u Não podemos assumir que temos só uma causa de choque. Devemos saber diferenciar os outros choques. Choque cardiogênico: contusão miocárdica; choque obstrutivo: tamponamento cardíaco e pneumotórax hipertensivo; choque neurogênico: perda do sistema simpático = hipotensão sem taquicardia; e choque séptico: associado a lesões de vísceras, tem apresentação tardia. 1. FISIOLOGIA DO SISTEMA CARDIOVASCULAR 1.1. PRÉ-CARGA BASES DA MEDICINA É a pressão de enchimento à qual o ventrículo se submete ao final da diástole – ou seja, é a pressão ventricular exer- cida pelo Volume Diastólico Final (VDF), ao final do seu enchimento. Essa pressão depende do VDF, que, por sua vez, é determinado pelo retorno venoso. Numa situação em que há diminuição do retorno venoso, a pré-carga ventricular é consequentemente reduzida, como nos casos de sangramentos agudos decorrentes de trauma. 1.2. PÓS-CARGA BASES DA MEDICINA É a pressão na aorta que se opõe à saída de sangue do ventrículo. Essa pressão aórtica depende da resistência vascular da circulação sistêmica. Dessa forma, a pós-carga pode ser considerada a resistência que a circulação oferece à ejeção do sangue. Com a elevação da pós- -carga (por conta de uma vasoconstricção periférica, por exemplo), o ventrículo esquerdo responde primeiro com o bombeamento de um volume de ejeção diminuído, o que ocasiona o aumento do Volume Sistólico Final (VSF), já que “sobra” mais sangue em seu interior após a sístole. Em situações ideais, o retorno venoso se mantém cons- tante; portanto, o aumento do VSF é acompanhado por uma elevação no VDF e, consequentemente, por um aumento no comprimento das fibras miocárdicas. Devido à Lei de Frank-Starling, essa alteração no comprimento diastólico final das fibras finalmente possibilita ao ven- trículo bombear um volume de ejeção normal contra a maior pós-carga; porém, à custa de maior pressão de enchimento envolvida. importância/prevalência luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Choque Trauma 94 1.3. DÉBITO CARDÍACO E MECANISMOS EXTRÍNSECOS PARA SUA MANUTENÇÃO E DA PRESSÃO ARTERIAL BASES DA MEDICINA O Débito Cardíaco (DC) é definido como a quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada minuto. Pode variar pela modificação na frequência do batimento car- díaco (isto é, Frequência Cardíaca – FC) ou no volume do sangue ejetado pelos ventrículos em cada batimento cardíaco (Volume Sistólico Ejetado – VSE). Em termos matemáticos, o débito cardíaco pode ser expresso como produto da frequência cardíaca e do volume de ejeção → DC = FC x VSE. Conforme essa equação demonstra, uma compreensão de como a atividade cardíaca é controlada pode ser obtida considerando-se como são regulados a frequên- cia cardíaca e o volume de ejeção. A FC é regulada pela atividade de marca-passo do coração, e o volume de ejeção está diretamente relacionado com o desempe- nho miocárdico. De maneira geral, mecanismos extrínsecos que visam à manutenção do débito cardíaco podem agir sobre a pré ou a pós-carga, melhorando indiretamente o desempenho cardíaco. Mas, como dito, tais mecanismos têm um limite fisioló- gico, como explicitado com a distensão excessiva das fibras miocárdicas. 1.4. REFLEXO BARORRECEPTOR BASES DA MEDICINA Alterações súbitas na pressão sanguínea arterial (e, con- sequentemente, na pós-carga) desencadeiam um reflexo que evoca uma alteração inversa na FC. Os barorrecep- tores localizados no arco aórtico e nos seios carotídeos são responsáveis por esse reflexo. Os barorreceptores respondem primariamente à pressão sanguínea. Eles enviam impulsos para o tronco cerebral (núcleos do trato solitário do bulbo) através de fibras aferentes dos nervos vago e glossofaríngeo. A resposta a esses sinais também envolve alterações na atividade simpática e na secreção do Hormônio Antidiurético (ADH). Desse modo, uma diminuição na pressão sanguínea aumentará a atividade simpática e a secreção de ADH. Um aumento na pressão tende a reduzir a atividade dos nervos simpáticos. 1.5. SISTEMA NERVOSO SIMPÁTICO BASES DA MEDICINA O Sistema Nervoso Simpático atua de diferentes maneiras para promover a elevação da pressão arterial: W Elevando a FC, pois intensifica a automaticidade das células do nó AS (aumentando, assim, o débito car- díaco), W Aumentando diretamente a contratilidade miocárdica (aumentando, assim, o volume sistólico ejetado), W Promovendo vasoconstricção periférica de arteríolas, para manutenção da pressão arterial e venoconstricção (que, por sua vez, mobiliza mais sangue para circulação, elevando-se a pré-carga e o débito cardíaco). luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Choque Cap. 4 95 Figura 1. Fisiologia do controle da pressão arterial. Pré-Carga Pós-Carga Volume FCSistólico Contra�lidade miocárdica Débito cardíaco Resistência periférica PA Fonte: Acervo do autor. Uma vez garantida a via aérea, a ventilação e a respiração, podemos prosseguir para a avaliação hemodinâmica do doente. FLASHCARD Qual a causa mais comum de choque no paciente ví- tima de trauma? Hemorragia. Quais tipos de choque podemos encontrar no paciente politraumatizado? u Choque hemorrágico. u Choque não hemorrágico. W Choque obstrutivo. W Choque cardiogênico. W Choque distributivo (inclui o choque séptico e o choque neurogênico). 2. CHOQUE HEMORRÁGICO FLASHCARD Conduta inicial em um paciente com choque he- morrágico? Repor o volume e controlar a hemorragia. DICA O choque hemorrágico é – dispara- do – a principal causa de choque no trau- ma. Todo choque em pacientes politrau- matizados é secundário à hemorragia, até que se prove o contrário. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Choque Trauma 96 2.1. PRECISAMOS REPOR O VOLUME PERDIDO E CONTROLAR A HEMORRAGIA! Devemos tratar com reposição volêmica todo doente em choque! A conduta inicial consiste em dois aces- sos venosos calibrosos, de preferência em fossas anticubitais, com a infusão de 1 l de cristaloide aquecido a 39°C. O volume inicial a ser infundido foi tema de discussão nas últimas edições do ATLS. Na 8ª edição (2008), a infusão inicial era de 2 litros; na 9ª edição (2012), modificou-se para 1 a 2 litros; finalmente, na edição atual (2018), esse volume inicial foi alterado para 1 litro! Portanto, fique atento a pegadinhas na prova. Não sabemos se a banca estará tão atualizada! FLASHCARD O que fazer quando não conseguimos o acesso pe- riférico? Punção intraóssea, dissecção de safena ou aces- so central. O importante é saber que a infusão deve ser con- trolada e rigorosa, baseada na resposta clínica do doente! Não podemos infundir muito volume de uma única vez sem antes reavaliar nosso paciente. Caso o acesso periférico não seja possível, temos três opções: u Dissecção de veia safena. u Punção intraóssea (platô tibial, úmero, porção distal do fêmur ou esterno).u Acesso venoso central. 2.2. PERDA SANGUÍNEA ESTIMADA E CLASSES DO CHOQUE É fácil entender que, no choque hemorrágico, nosso paciente estará taquicárdico e malperfundido. A volemia reduzirá à custa de sangramento; con- sequentemente, o volume sistólico será menor. Na tentativa de manter um débito cardíaco adequado, nosso organismo tentará compensar isso com taquicardia. Observe a Figura 1, para compreender melhor. O choque hemorrágico é subdividido em quatro classes, conforme sua gravidade e volume de perda sanguínea. Houve uma mudança importante na última edição do ATLS, que retirou dados objetivos/ numéricos e os substituiu por setas, representando redução, normalidade ou elevação do parâmetro. As tabelas vão facilitar seu entendimento. Tabela 1. Estimativa de perda sanguínea – ATLS 9ª edição. Estimativa de perda sanguínea – ATLS 9ª edição Parâmetros Classe I Classe II Classe III Classe IV Perda sanguínea (mL) Até 750 mL 750-1500 mL 1500-2000 mL > 2000 mL Perda sanguínea (%) Até 15% 15-30% 30-40% > 40% Fc < 100 100-120 120-140 > 140 PA Normal Normal Diminuída Diminuída Pressão de pulso Normal ou aumentada Diminuída Diminuída Diminuída Fr 14-20 20-30 30-40 > 35 Diurese mL/h > 30 20-30 5-15 Desprezível Estado mental Levemente ansioso Moderadamente ansioso Ansioso, confuso Confuso, letárgico Reposição volêmica Cristaloide Cristaloide Cristaloide e sangue Cristaloide e sangue Fonte: American College of Surgeons.1 luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Choque Cap. 4 97 Tabela 2. Estimativa de perda sanguínea – ATLS 10ª edição (2018). Estimativa de perda sanguínea – ATLS 10ª edição (2018) Parâmetros Classe I Classe II Classe III Classe IV Perda sanguínea (%) Até 15% 15-30% 31-40% > 40% Fc ← → ← → / ↑ ↑ ↑ / ↑ ↑ PA ← → ← → ← → / ↓ ↓ Pressão de pulso ← → ↓ ↓ ↓ Fr ← → ← → ← → / ↑ ↑ Diurese mL/h ← → ← → ↓ ↓↓ Glasgow ← → ← → ↓ ↓ Déficit de base 0 a – 2 mEq/L -2 a – 6 mEq/L -6 a – 10 mEq/L -10 ou menos mEq/L Transfusão Expectante Possível Sim Protocolo de transfusão maciça Fonte: American College of Surgeons.2 2.3. FONTE DE SANGRAMENTO Temos que lembrar: não adianta encher um balde furado. Precisamos encontrar a fonte de sangra- mento e controlá-la! Etiologia do choque hemorrágico: u Tórax. u Abdome. u Pelve e retroperitônio. u Ossos longos. u “Chão”: meio externo. 2.4. HIPOTENSÃO PERMISSIVA/ REANIMAÇÃO HIPOTENSIVA FLASHCARD O que é hipotensão permissiva? É aceitar uma PA um pouco abaixo do normal, a fim de evitar um sangramento maior. A reanimação deve ser balanceada, isto é, podemos aceitar uma pressão arterial um pouco abaixo do normal, pois a elevação da pressão arterial, de forma muita rápida, sem o controle da hemorragia, pode fazer com que a perda sanguínea seja exacerbada. A esse conceito, dá-se o nome de hipotensão per- missiva. A exceção a essa regra ocorre em pacientes com TCE, pois eles precisam de maior pressão arterial média para manter a pressão de perfusão cerebral (PPC = PAM – PIC). DICA O TCE é contraindicação à hipoten- são permissiva. 2.5. REPOSIÇÃO DE SANGUE E O PROTOCOLO DE TRANSFUSÃO MACIÇA E quando vamos transfundir? Temos que repor sangue de forma precoce em alguns casos. A transfusão costuma estar indicada para pacientes com choque hemorrágico graus III e IV e pacientes que responderam transitoriamente, ou não responderam, à infusão de cristaloides. FLASHCARD No paciente com TCE, deve-se manter uma PAM maior para manter a pressão de perfusão cerebral? Sim. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Choque Trauma 98 DICA A nova edição do ATLS já diz que a transfusão de sangue é possível em choque hemorrágico grau II (vide Tabela 2)! FLASHCARD Qual a indicação de transfusão no trauma? Choque hemorrágico graus III e IV. A transfusão de mais de dez concentrados de hemá- cias nas primeiras 24 horas associada à transfusão de plaquetas e plasma é conduta de exceção e fica reservada a politraumatizados muito graves, com choque hemorrágico intenso (grau IV). A essa conduta, dá-se o nome de Protocolo de Transfusão Maciça. Esse tema nunca foi cobrado em prova, mas sabemos que é algo muito discutido na Universidade de São Paulo (USP). As principais complicações desse protocolo são: hipocalcemia, hipercalemia e alcalose respiratória. Outra novidade na nova edição do ATLS é o uso do ácido tranexâmico (transamin), um fármaco antifi- brinolítico que atua no controle da hemorragia se prescrito até 3 horas após o trauma. Há indicação em traumas graves com choque hemorrágico graus III e IV, que geralmente evoluem com coagulopatia. DICA Choque hemorrágico grave, pacien- te morrendo: transfusão maciça e ácido tranexâmico. Não precisamos decorar a tabela completa sobre a estimativa de perda sanguínea, mas podemos guardar alguns pontos-chave. Observe as Tabelas 1 e 2 e as dicas abaixo: u Paciente sem qualquer alteração (até mesmo sem taquicardia) = grau I. u Paciente com pressão normal, mas taquicárdico = grau II; hipotensão = graus III ou IV (lembrar de fazer transfusão). u Grau IV é o doente muito grave, já letárgico e evoluindo a óbito. FLASHCARD Quais os sinais vitais que devem ser avaliados na re- posição volêmica? Redução de FC, elevação da PA, melhora da perfusão periférica, melhora do status neurológico e ausência de taquidispneia. 2.6. RESPOSTA À REPOSIÇÃO VOLÊMICA Existem diversas maneiras de avaliar a resposta da infusão volêmica no paciente vítima de trauma. Todos os sinais vitais precisam ser avaliados, e nossa meta deve ser: u Redução da frequência cardíaca. u Elevação da PA, próximo a valores normais. u Melhora da perfusão periférica (menor tempo de enchimento capilar). u Melhora do status neurológico. u Ausência de taquidispneia. FLASHCARD Qual o melhor parâmetro para avaliar a resposta à reposição volêmica? Diurese acima > 0,5 mL/Kg/h. Entretanto, guarde que a melhor maneira de avaliar a reposta à reposição volêmica é a diurese! u 0,5 mL/kg/h em adultos. u 1 mL/kg/h em menores de 12 anos. u 2 mL/kg/h em menores de 1 ano. DICA A diurese adequada de um politrau- matizado adulto deve ser > 0,5 mL/kg/h! luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Choque Cap. 4 99 Quadro 1. Avaliação da resposta à ressuscitação volêmica. Avaliação da resposta à ressuscitação volêmica Boa resposta Resposta transitória Ausência de resposta Sinais Vitais Retorno à normalidade • Melhora transitória • Nova queda de PA • Aumento da FC Não houve alteração Perda de sangue estimada Mínima (< 15%) Moderada (15-40%) Grave (> 40%) Necessidade de transfusão Baixa Moderada a alta Imediata Necessidade de cirurgia Possível Provável Muito provável Fonte: American College of Surgeons.2 DICA O ácido tranexâmico é um medi- camento usado para neutralizar o siste- ma fibrinolítico (bloqueia a formação de plasmina) – ou seja, é classificado como antifibrinolítico, inibindo a dissolução do coágulo já formado. Fazemos uma dose de ataque de 1 g IV em bolus, seguida por uma dose de manutenção de 1 g IV a cada 8 horas. Mas muito cuidado: as evidências atuais só recomendam que seja infundido até 3 horas após o trauma! 3. CHOQUE CARDIOGÊNICO O choque cardiogênico é secundário à falência da bomba cardíaca; no cenário de trauma, sua principal etiologia é a contusão miocárdica direta. O impacto direto na região pré-cordial é fundamental para levan- tar a suspeita diagnóstica (hematoma em região anterior do tórax, fratura do esterno, deformidade de direção em veículo automotor etc.). Além da hipotensão, esses pacientes podem apre- sentar arritmias e dor torácica anginosa! Altera- ções no ECG e elevação da troponina podem estar presentes. DICA Contusão miocárdica: fratura/afun- damento de esterno + hipotensão + arrit- mias. FLASHCARD Quando suspeitar de choque cardiogênico? O paciente terá uma contusão miocárdica caracteri- zada por fratura ou impacto no esterno, hipotensãoe arritmias (presentes no ECG). Outras causas (muito raras) de choque cardiogênico são: rotura de miocárdio, dissecção de coronárias, trombose de coronárias/IAM ou lesão valvar. 4. CHOQUE OBSTRUTIVO FLASHCARD Quais as causas mais comuns de choque obstrutivo? Tamponamento cardíaco e pneumotórax hipertensivo. Esses pacientes apresentam hipotensão secundária à redução do volume sistólico. A bomba cardíaca não funciona corretamente, mas não por problemas no coração/miocárdio. O miocárdio está preservado, mas não consegue vencer a pressão externa, por qualquer que seja o motivo. As duas causas mais comuns são: u Tamponamento cardíaco. u Pneumotórax hipertensivo. Nesses casos, existe a obstrução do fluxo sanguíneo. Lembre-se: o FAST é extremamente importante nos casos de tamponamento cardíaco. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Choque Trauma 100 5. CHOQUE NEUROGÊNICO É uma afecção rara, mas pode ser vista quando há lesões medulares altas (cervical ou torácica alta, acima de T6). O choque neurogênico é um choque distributivo! É resultado da perda do tônus simpá- tico, que gera vasoplegia e vasodilatação, levando à hipotensão. Notem que não há redução do débito cardíaco nesses casos, pois a hipotensão é secundária à vasodilatação periférica! u Hipotensão. u Bradicardia ou normocardia (não há taquicardia compensatória, pois houve perda do sistema simpático). FLASHCARD No choque neurogênico ocorre vasodilatação, causan- do uma hipotensão por perda do sistema simpático? Sim. 5.1. TRATAMENTO Uso cauteloso de vasopressores (é a única indica- ção de fármaco vasoativo no trauma!). A infusão de fluidos não alterará a pressão nesses pacientes, pois há vasodilatação de todo o sistema. DICA TCE isolado não causa choque. Temos que pesquisar outras lesões. Quadro 2. Choque hemorrágico ou neurogênico? Choque hemorrágico ou neurogênico? Choque hemorrágico Choque neurogênico Fc Taquicardia Normal ou bradicardia Extremidades/ perfusão Frias, pálidas Quentes, pegajosas Responsivo a fluidos Responde Não responde Tratamento Cristaloides e sangue Droga vasoativa Fonte: American College of Surgeons.2 6. CHOQUE SÉPTICO É causa incomum de choque logo após o trauma, mas pode ocorrer naqueles casos em que o aten- dimento médico foi retardado por algum motivo. Geralmente está associado a lesões de vísceras ocas ou traumas musculoesqueléticos. DICA A lesão esofágica é muito rara, mas deve ser lembrada em casos de choque séptico sem causa aparente após 48 a 72 horas de trauma torácico fechado. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Choque Cap. 4 101 Mapa mental. ATLS – choque ATLS Atendimento inicial ao paciente vítima de trauma Choque Choque hipovolêmico Hemorrágico Não hemorrágico PRINCIPAL CAUSA DE CHOQUE NO TRAUMA! Exs.: desidratação ou pancreatite aguda grave Classificação: • Grau 1 • Grau 2 • Grau 3 • Grau 41L de solução cristaloide aquecida Acesso venoso periférico calibroso Hipotensão permissiva Avaliar necessidade de transfusão precoce Avaliar no choque grau 2 Choques graus 3 e 4: sempre continua… luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Choque Trauma 102 Mapa mental. ATLS – choque (continuação) Obstrutivo DistributivoCardiogênico Tamponamento cardíaco Pneumotórax obstrutivo TEP NeurogênicoTrauma cardíaco contuso Pericardiocentese guiada de US + toracotomia Toracocentese de alívio no 4o EIE, linha axilar média SépticoIAM …continuação Choque não hipovolêmico luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Choque Cap. 4 103 REFERÊNCIAS 1. American College of Surgeons. Advanced Trauma Life Support – ATLS. 9th ed. Chicago: American College of Surgeons; 2012. 2. American College of Surgeons. Advanced Trauma Life Support – ATLS. 10th ed. Chicago: American College of Surgeons; 2018. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Choque Trauma 104 QUESTÕES COMENTADAS Questão 1 (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - 2021) O choque hipo- volêmico ocorre por grande déficit de volume de líquido com ou sem perda de sangue. Sendo que a causa mais comum é: ⮦ Queimaduras. ⮧ Diarreia e vômitos. ⮨ Perda de sangue. ⮩ Sequestro de líquido para o terceiro espaço. ⮪ Queimadura elétrica. Questão 2 (HOSPITAL EVANGÉLICO DE VILA VELHA – ES – 2020) Sobre o choque no trauma, é correto afirmar, EXCETO: ⮦ A hemorragia é a causa mais comum de choque no trauma. ⮧ Fratura de pelve isolada pode cursar com cho- que grave. ⮨ A primeira alteração no choque hemorrágico é a queda da pressão arterial. ⮩ O choque neurogênico se caracteriza por hipoten- são e frequência cardíaca normal ou diminuída. ⮪ Lesões intracranianas isoladas não causam choque. Questão 3 (FACULDADE DE MEDICINA DO ABC – 2015) Em qual das alter- nativas descritas a seguir a variável hemodinâmica NÃO está de acordo com o diagnóstico de um cho- que hipovolêmico classe IV? ⮦ Perda sanguínea acima de 40% da volemia. ⮧ Frequência cardíaca superior a 140 bpm. ⮨ Paciente confuso, letárgico. ⮩ Diurese entre 10-15 mL/h. Questão 4 (ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL – 2016) O mais aceito conceito de “choque” é o de “perfusão ina- dequada dos tecidos”. Qual é a principal razão do choque neurogênico? ⮦ Dilatação e rapto volumétrico nos MMII. ⮧ Perda de tônus simpático. ⮨ Perda de força ejetora. ⮩ Diminuição da capacidade ventilatória. ⮪ Sequestro sanguíneo em vísceras abdominais. Questão 5 (GRUPO SANTA CASA DE MISERICÓRIDA – MG – 2020) A prin- cipal causa do choque no trauma é a hipovolemia. O choque hemorrágico pode ser dividido nas clas- ses I, II, III e IV. A perda de sangue estimada, em percentual do volume sanguíneo, para as classes I, II, III e IV é, respectivamente, de: ⮦ 0, 20, 30 e 40. ⮧ até 15, de 15 a 30, de 30 a 40 e maior que 40. ⮨ até 5, de 5 a 10, de 10 a 20 e maior que 20. ⮩ até 10, de 10 a 20, de 20 a 25 e maior que 25. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Choque Cap. 4 105 Questão 6 (PREFEITURA MUNICIPAL DE CASCAVEL – 2018) Com relação aos tipos de choque, assinale V para verdadeiro e F para falso: ( ) Tamponamento cardíaco, pneumotórax simples e tromboembolismo pulmonar são exemplos de causas de um choque obstrutivo extracardíaco. ( ) O choque hipovolêmico ocorre devido à redução do volume sanguíneo em relação ao espaço vascular total, levando à queda das pressões e ao volume de enchimento diastólico ventricular. ( ) Choque séptico, anafilático e neurogênico são exemplos de choque distributivo. ( ) O choque cardiogênico caracteriza-se pela falên- cia da bomba cardíaca, levando ao aumento das pressões e dos volumes de enchimento sistólico ventricular. Assinale a alternativa correta: ⮦ V – V – V – V ⮧ V – F – F – V ⮨ F – V – V – F ⮩ F – V – F – V ⮪ F – F – F – F Questão 7 (HOSPITAL E MATERNIDADE DONA IRIS – GO – 2020) Das al- ternativas, qual NÃO corresponde ao choque hipo- volêmico? ⮦ Configura uma das principais causas de morte evitáveis no trauma, nesse contexto sendo res- ponsável por 30 a 40% dos óbitos e a principal causa de choque. ⮧ As novas estratégias de reposição volêmica do paciente traumatizado incluem reduzir a perda sanguínea, restabelecer a perfusão tecidual e a abordagem precoce da coagulopatia, que se resumem a grandes reposições de cristaloides e hemácias. ⮨ A coagulopatia iatrogênica no trauma configura quadro desencadeado por reposição volêmica excessiva com hemodiluição e depleção de fato- res de coagulação, que, associada à coagulopatia aguda desencadeada pelo próprio trauma, aci- dose metabólica e hipotermia, poderia levar a quadro de hemorragia de difícil controle. ⮩ A Reanimação de Controle de Danos (RCD) é um tipo de reanimação balanceada, principalmente usando o esquema 1:1:1; Hipotensão permissi- va (com pressão arterial sistólica entre 70-90 mmHg e PAM =50mmHg por até 1h em casos selecionados), com proposta inicial de 1.000 mL de cristaloides em vez de 2.000 mL, e reposição precoce de hemoderivados, principalmente em perdas de volemia maiores de 30%, fazem parte da nova abordagem no choque hipovolêmico. Questão 8 (HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN – SP – 2018) Paciente, 10 anos, vítima de atropelamento em via expressa, sem perda de consciência no local, referindo à equi- pe do resgate muita dor abdominal. Encaminhado ao serviço de referência de trauma. Na entrada na sala de emergência, evoluiu com rebaixamento de nível de consciência e pressão arterial inaudível, ab- dome tenso e equimose periumbilical. A sequência das medidas recomendadas é: ⮦ Abertura de vias aéreas, colocação de colar cervical, entubação orotraqueal, aquisição de 2 acessos venosos periféricos, administração de coloide, seguido de hemoderivados, enca- minhado para tomografia de corpo inteiro para programação de possível intervenção cirúrgica. ⮧ Aquisição de 2 acessos periféricos, administra- ção de 20 mL/kg de cristaloide, podendo ser repetido até 3 vezes, ponderar hemoderivados. Proceder, em seguida, cuidados com a via aérea (abertura seguida de entubação orotraqueal). Encaminhar para centro operatório para lapa- rotomia exploradora. ⮨ Abertura de vias aéreas, colocação de colar cervical, entubação orotraqueal, aquisição de 2 acessos venosos periféricos, administração de cristaloide, ponderar hemoderivados, caso persista hipotenso, bem como infusão de dro- gas vasoativas. Encaminhar para tomografia de corpo inteiro para programação de possível intervenção cirúrgica. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Choque Trauma 106 ⮩ Abertura de vias aéreas, colocação de colar cervical, entubação orotraqueal, aquisição de 2 acessos venosos periféricos, administração de cristaloide, ponderar hemoderivados, caso per- sista hipotenso, bem como infusão de drogas vasoativas. Encaminhar para centro operatório para laparotomia exploradora. ⮪ Aquisição de 2 acessos periféricos, administra- ção de 20 mL/kg de cristaloide, podendo ser repetido até 3 vezes, ponderar hemoderivados. Proceder, em seguida, cuidados com a via aérea (abertura seguida de entubação orotraqueal). En- caminhar para tomografia de corpo inteiro para programação de possível intervenção cirúrgica. Questão 9 (ESCOLA MULTICAMPI DE CIÊNCIAS MÉDICAS – RN – 2020) O diagnóstico de choque hipovolêmico deve incluir: ⮦ A confirmação de hipóxia. ⮧ O achado de acidose. ⮨ A documentação da presença de hipotensão arterial. ⮩ A evidência de perfusão tecidual inadequada. Questão 10 (SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DO ESTADO DE PERNAMBU- CO – PE – 2018) Mulher, 21 anos, atropelada há 1 hora, admitida em choque (PA: 80 x 40 mmHg) e deso- rientada. FAST positivo para sangue em janela es- plênica. Prescrito ácido tranexâmico e levada para cirurgia. O uso desse ácido promove: ⮦ Imunocompetência por estímulo de células B. ⮧ Neuroproteção por ativação glial. ⮨ Menos infecção por ação bactericida. ⮩ Inibição da resposta metabólica ao trauma. ⮪ Antifibrinólise, diminuindo sangramento. Questão 11 (UNIVERSIDADE DO ESTADO PAULISTA – SP – 2018) Mulher de 58 anos, vítima de acidente automobilístico, colisão carro x carro. EF: consciente, orientada e imobilizada em prancha rígida e colar cervical. FC = 110 bpm, PA = 90 x 60 mmHg, MV + sem ruídos adventícios, abdome globoso, doloroso à palpação de flanco e hipocôndrio esquerdos, com presença de hemato- ma e discreta irritação peritoneal em hipocôndrio esquerdo. Hb: 9,8 g/dL. Após infusão endovenosa de 3 litros de cristaloide, paciente apresenta FC = 95 bpm e PA = 110 x 60 mmHg. Realizou TC de ab- dome: laceração esplênica de 3 cm de profundidade, com presença de líquido periesplênico. A conduta é: ⮦ Laparotomia exploradora ⮧ Videolaparoscopia diagnóstica ⮨ Observação do paciente em esquema de UTI ⮩ Lavado peritoneal diagnóstico Questão 12 (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO – SP – 2018) Homem, 70 anos, vítima de atropelamento por moto em via de média velocidade, há 30 min. A: via aérea pérvia, em uso de prancha rígida e colar cervical. B: murmúrio vesicular presente bilateral, SpO2 88%, FR 22 ir/min, forte dor e escoriações em gradil costal à esquer- da. C: sem sangramento externo ativo, PA 160 X 90 mmHg, FC 95 bc/min, TEC 2s, abdome doloroso em flanco esquerdo, pelve estável. D: Glasgow 12, pupilas sem alterações, sem déficit neurológico fo- cal, E: dorso e extremidades com pequenas escoria- ções. Colocada máscara de oxigênio, com melhora da saturação para SpO2 90%. Realizada ultrassono- grafia à beira do leito (eFAST), que evidenciou: 1 cm de líquido livre em espaço hepatorrenal; “sinal da praia” presente e linhas B ausentes em hemitoráx esquerdo. Antecedentes pessoais: fibrilação atrial em uso de varfarina. Qual, das opções abaixo, é a primeira escolha para reversão do efeito anticoa- gulante cumarínico da varfarina? ⮦ Complexo protrombínico ⮧ Plasma fresco congelado e vitamina K ⮨ Concentrado de plaquetas ⮩ Crioprecipitado ⮪ Protamina luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Choque Cap. 4 107 Questão 13 (HOSPITAL DAS CLÍNICAS DE GOIÁS – GO – 2018) Em casos de fratura de coluna associada à lesão raquimedular, em pacientes com choque neurogênico, observam- -se as seguintes alterações clínicas: ⮦ Taquicardia, débito urinário baixo e extremida- des frias. ⮧ Bradicardia, débito urinário baixo e extremida- des frias. ⮨ Taquicardia, débito urinário normal e extremi- dades quentes. ⮩ Bradicardia, débito urinário normal e extremida- des quentes. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Choque Trauma 108 GABARITO E COMENTÁRIOS Questão 1 dificuldade: Y Dica do autor: Questão simples e direta. A princi- pal causa de choque hipovolêmico é secundária a hemorragia! Especialmente dentro do cenário de trauma. ✔ resposta: ⮨ Questão 2 dificuldade: Y Dica do professor: ninja, questão sobre choque co- brando a ALTERNATIVA INCORRETA! Bom, houve uma mudança na 10ª edição do ATLS, que retirou dados objetivos/numéricos, substituindo-os por setas, que representam redução, normalidade ou elevação do parâmetro. Aqui não há muito o que fazer: imprima a tabela e cole-a na parede. Revi- se-a SEMPRE. As setas podem apontar para cima (aumento do parâmetro), para baixo (redução do parâmetro) ou para os lados (normalidade). Os pa- râmetros avaliados são: Frequência Cardíaca (FC), Pressão Arterial (PA), Pressão de Pulso (PP), Fre- quência Respiratória (FR), Diurese e Glasgow. CLAS- SE I – 15% de perda. A maioria dos parâmetros não se altera. A transfusão é considerada expectante. CLASSE II – 15-30% de perda. Frequência cardía- ca elevada; pressão de pulso reduzida. Transfusão possível. CLASSE III – 31-40% de perda. FC eleva- da; PA normal ou reduzida; PP reduzida; FR normal ou aumentada; diurese reduzida; queda na pontua- ção do Glasgow. Transfusão indicada. CLASSE IV – > 40% de perda. FC consideravelmente elevada; PA reduzida; PP reduzida; FR elevada; diurese con- sideravelmente reduzida; queda na pontuação do Glasgow. Transfusão maciça indicada. Alternativa A: CORRETA. Choque no trauma = choque hemorrágico até que se prove o contrário. Alternativa B: CORRETA. Lembre-se de que a fratura de pelve tem alta mortalidade e correlação direta com choque hemorrágico e lesões intra-abdominais. Pelves instáveis sangram MUITO; como a maioria dos sangramentos, têm origem venosa, e apenas fixação óssea pode cessá-lo. Temos três opções de tratamento para fratura de pelve: (1) tamponamento pré-peritoneal (packing), (2) arteriografia com em- bolização e (3) fixação externa. Alternativa C: INCORRETA. Primeiro existe uma ta- quicardia compensatória. A hipotensão só estará presente a partir do choque grau III (> 1.500 mL de sangue perdido). Alternativa D: CORRETA. O choque medular ocorre por interrupçãodas fibras nervosas simpáticas, abaixo do nível da lesão. A inervação parassimpática (vago) prevalece sem oposição, resultando em bradicardia, vasodilatação, hipotensão, aumento da capacidade venosa, hipovolemia relativa, arreflexia, paralisia flá- cida, íleo adinâmico e atonia vesical, diferentemente do choque NEUROGÊNICO, um choque distributivo que ocorre por conta da perda da resistência vas- cular periférica, devendo ser corrigido com volume e droga vasoativa. Alternativa E: CORRETA. Antes de um sangramento intracraniano repercutir hemodinamicamente, o paciente já teria falecido por lesão cerebral secun- dária à hipertensão intracraniana. ✔ resposta: ⮨ luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Choque Cap. 4 109 Questão 3 dificuldade: Resolução: no choque classe IV, o paciente se encontra muito grave, e um dos órgãos mais afetados é o rim, que reduz a diurese para praticamente anúria. Todas as outras alternativas estão corretas. Estimativa de perda sanguínea – ATLS 9ª edição Parâmetros Classe I Classe II Classe III Classe IV Perda sanguínea (mL) Até 750 mL 750-1.500 mL 1.500-2.000 mL > 2.000 mL Perda sanguínea (%) Até 15% 15-30% 30-40% > 40% FC < 100 100-120 120-140 > 140 PA Normal Normal Diminuída Diminuída Pressão de pulso Normal ou aumentada Diminuída Diminuída Diminuída FR 14-20 20-30 30-40 > 35 Diurese mL/h > 30 20-30 5-15 Desprezível Estado mental Levemente ansioso Moderadamente ansioso Ansioso, confuso Confuso, letárgico ✔ resposta: ⮩ Questão 4 dificuldade: Y Dica do autor: questão fácil, que deseja saber a razão principal do choque neurogênico. Alternativa A: INCORRETA. A dilatação e o acúmulo de volume se dão em toda a periferia, e não somen- te nos MMII. Alternativa B: CORRETA. O choque neurogênico é causado pela súbita diminuição do tônus vascular simpático por lesão no Sistema Nervoso Central. Alternativa C: INCORRETA. Perda de força ejetora ocorre no choque cardiogênico. Alternativa D: INCORRETA. Diminuição de capacida- de ventilatória não se relaciona à fisiopatologia do choque neurogênico. Alternativa E: INCORRETA. O volume intravascular do paciente no choque neurogênico fica retido na periferia devido à perda do tônus simpático, e não nas vísceras abdominais. ✔ resposta: ⮧ Questão 5 dificuldade: Y Dica do professor: o choque hipovolêmico é ca- racterizado pela diminuição do volume sanguíneo circulante, resultando em um débito cardíaco re- duzido, que não supre as demandas teciduais. A diminuição da volemia reduz as pressões car- díacas de enchimento, gerando um menor volume sistólico, que é compensado, inicialmente, pela taquicardia. Quando essa compensação não é mais possível, ocorre redução absoluta do débito cardíaco, resultando em hipoperfusão tecidual. A clínica do choque hipovolêmico inclui rebaixa- mento do nível de consciência, hipotensão arterial, extremidades frias, taquipneia, taquicardia, oli- gúria, pele fria e pegajosa, entre outros achados. A primeira intervenção a ser realizada no paciente com essa condição é a reposição volêmica, a fim de evitar um quadro de isquemia generalizada e disfunção orgânica múltipla. Geralmente, preco- niza-se a reposição de 20-30 mL/kg, via acesso venoso periférico. Em seguida, é preciso identi- ficar e corrigir prontamente a causa do choque hipovolêmico. Esse tipo de choque pode ser cau- sado por hemorragia, desidratação ou sequestro luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Choque Trauma 110 de líquidos para o terceiro espaço. Independen- temente da causa, o choque é dividido em quatro classes, com base na perda de sangue estimada, em percentual do volume sanguíneo, sendo que: Classe I: < 15%; Classe II: 15-30%; Classe III: 30- 40%; Classe IV: > 40%. ✔ resposta: ⮧ Questão 6 dificuldade: Y Dica do autor: questão sobre os tipos de choque e suas fisiopatologias. Assertiva I: FALSA. O tamponamento cardíaco e o tromboembolismo pulmonar são choques obstru- tivos extracardíacos, mas o pneumotórax simples, não. Nesse caso, o pneumotórax deve ser hiperten- sivo, para tratar de choque obstrutivo. Assertiva II: VERDADEIRA. A redução das pressões e do volume de enchimento diastólico ventricular é justamente a característica do choque hipovolêmico. Assertiva III: VERDADEIRA. Nos choques séptico, anafilático e neurogênico ocorre um acúmulo de sangue nos vasos periféricos, levando ao chamado “choque distributivo”. Assertiva IV: FALSA. O choque cardiogênico realmen- te caracteriza-se pela falência da bomba cardíaca, mas com queda das pressões e volumes de enchi- mento sistólico ventricular. ✔ resposta: ⮨ Questão 7 dificuldade: Y Dica do professor: choque hipovolêmico é questão clássica! Cai na prova junto aos conhecimentos do ATLS! O choque hipovolêmico é um dos grandes responsáveis por óbitos associados a trauma. Nos últimos anos, ele foi bastante redescutido median- te algumas terapêuticas a serem aplicadas, princi- palmente a expansão volêmica, que não é mais o clássico “Pega 2 acessos 14 e corre 2 litros de soro aberto”. Sabemos que a infusão de volume (exce- to sangue) causa diluição e acaba aumentando a mortalidade do paciente por propiciar boa parte da tríade letal: acidose, coagulopatia e hipotermia. Alternativa A: CORRETA. O choque hipovolêmico é altamente prevalente no trauma, podendo ser de diferentes origens, sejam sangramentos externos ou internos Alternativa B: INCORRETA. A reposição de cristaloide de grande volume não criteriosa causa uma anemia dilucional, dificulta a hemostasia do corpo, causa acidose e não entrega oxigênio e substrato para a periferia. A reposição de cristaloide ainda é utiliza- da, mas deve ser mais criteriosa, incluive usando conceitos como “hipotensão permissiva”. Alternativa C: CORRETA. Como dito na dica e na alter- nativa B, a hemodiluição é extremamente danosa para o paciente. Alternativa D: CORRETA. Alternativa ótima para es- tudar! Ela resume os conceitos do tratamento do choque hipovolêmico no trauma. ✔ resposta: ⮧ Questão 8 dificuldade: Resolução: Questão sobre ATLS! Paciente de 10 anos, vítima de atropelamento, apresentando-se com muita dor abdominal, evolui com rebaixamento de nível de consciência e instabilidade hemodinâmica, além de abdome tenso e equimose periumbilical. Qual sequência devemos sempre seguir? ABCDE! As únicas alternativas que seguem essa sequência são A, C e D. Entretanto, a A está incorreta, pois, além de escolher “coloides”, não deve ser feita Tomografia Computadorizada nesse paciente instável. A letra C também erra nesse sentido, pois indica TC de corpo inteiro, em lugar de encaminhar o paciente imediatamente para laparatomia, devido à instabili- dade hemodinâmica, em que muito provavelmente o foco é abdominal. ✔ resposta: ⮩ luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Choque Cap. 4 111 Questão 9 dificuldade: Y Dica do professor: o diagnóstico de choque hipo- volêmico pode (e algumas pessoas defenderiam que deve) ser feito de forma clínica. Nem sempre dispomos de exames complementares rápidos ou monitorização para conseguir diagnosticar um cho- que hipovolêmico com base em pressão arterial, nível de lactato ou base excess; por isso, saiba que, na suspeita de choque hipovolêmico, parâmetros clínicos – tempo de enchimento capilar, frequên- cia cardíaca e nível de consciência – nos ajudam a diagnosticar com um bom nível de acurácia. Portan- to, encontrar hipóxia após uma gasometria, dosar lactato ou medir a pressão arterial não são proce- dimentos necessários para diagnóstico de choque hipovolêmico. Se você encontra um paciente vítima de trauma, com sangramento externo ou suspeita de sangramento interno, apresentando aumento da frequência cardíaca, tempo de reechimento capilar prolongado e rebaixamento do nível de consciência, você está diante de um choque hipovolêmico, até que se prove o contrário. ✔ resposta: ⮩ Questão 10 dificuldade: Resolução: O ácido tranexâmico é um medicamento usado para neutralizar o sistema fibrinolítico, por bloquear formação de plasmina mediante a inibição da atividade proteolítica dos ativadores de plasmi- nogênios, que inibem a dissolução dos coágulos – ou seja, é classificado como antifibrinolítico, di- minuindo sangramento. ✔ resposta: ⮪ Questão 11 dificuldade: Resolução: Questão controversa, pois temos uma paciente com lesão esplênica de baixo grau, está- vel hemodinamicamente, que poderia receber uma conduta expectante e suporte de UTI. No entanto o enunciado traz “discreta irritação peritoneal”. O autor foi falho ao escrever discreta, pois peritonite franca é uma indicação para laparotomia exploradora, mas peritonite discreta é algo extremamente subjetivo. A banca considerou como correta a observação em UTI; a dor a que se referiu provavelmente se tratava da presença de líquido periesplênico mostrado na TC de abdome. ✔ resposta: ⮨ Questão 12 dificuldade: Resolução: Questão bastante discutível, com infor- mações discordantes na literatura! Paciente víti- ma de trauma, 70 anos, com estabilidade hemo- dinâmica, em que precisamos reverter a ação do anticoagulante (varfarina). Para reversão do efeito anticoagulante do cumarínico, podemos utilizar uma associação de medicações, como complexo protrombínico, plasma fresco, crioprecipitado, fator VIIa recombinante e concentrados de fatores. Para o paciente em questão, que está estável hemodi- namicamente, o adequado seria realizar vitamina K + Complexo protrombínico. Infelizmente a questão não trouxe essa associação, e a banca considerou que o mais correto, nesse caso específico, seria fazer o complexo protrombínico. ✔ resposta: ⮦ Questão 13 dificuldade: Resolução: questão sobre fisiopatologia e apresen- tação do choque neurogênico, um tipo de choque distributivo. Deve-se lembrar que é um choque que cursa com aprisionamento de volume intravascular na periferia por perda de tônus vascular simpático, ausência de taquicardia reflexa, manutenção de dé- bito urinário e nível de consciência, extremidades quentes e secas. ✔ resposta: ⮩ luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e Fixe seus conhecimentos! 112 FIXE SEU CONHECIMENTO COM RESUMOS Use esse espaço para fazer resumos e fixar seu conhecimento! _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 113 Capítulo 5ATLS – TRAUMA ABDOMINAL O QUE VOCÊ PRECISA SABER? u A principal fonte de sangramento no choque hemorrágico por trauma é o abdome! u É contraindicada a realização de TC abdominal em paciente com instabilidade hemodinâmica. u Paciente com trauma abdominal, instável e FAST positivo, a conduta deverá ser laparotomia. u Pacientes com lesão penetrante em transição toracoabdominal devem ser submetidos à laparoscopia. u O órgão mais acometido em trauma contuso é o baço, seguido pelo fígado. 1. ANATOMIA CIRÚRGICA DA CAVIDADE ABDOMINAL Vamos falar um pouco sobre a anatomia da cavidade abdominal voltada para a prática cirúrgica. 1.1. ANDARES ABDOMINAIS BASES DA MEDICINA A cavidade peritoneal é dividida pelo mesocólon transverso em dois andares: W Supramesocólico W Inframesocólico O andar supramesocólico contém fígado, estômago, baço, ligamento falciforme, omento menor e a maior parte do omento maior, além da bolsa omental. Já o andar inframe- socólico pode ser subdividido em direito (ou parte superior) e esquerdo (ou parte inferior), pela raiz do mesentério, e contém as alças jejunais e ileais, emolduradas pelos colos ascendente, transverso e descendente. Figura 1. Imagem demonstrando o andar supramesocólico (em azul) e o andar inframesocólico (em vermelho). Essa divisão se dá pelo mesocólon transverso (amarelo). Fonte: Acervo Sanar. importância/prevalência luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Trauma 114 1.2. BOLSA OMENTAL BASES DA MEDICINA A bolsa omental, ou retrocavidade dos epíplons, é um espaço virtual, amplo e irregular situado, em sua maior parte, posterior ao estômago e omento menor. É uma dependência da cavidade peritoneal com a qual se comu- nica pelo forame epiploico (Forame de Winslow). Os limites da bolsa omental são: W À esquerda: hilo esplênico. W À direita: comunica-se com a cavidade peritoneal, pelo Forame de Winslow. W Inferiormente: no recesso inferior da bolsa omental, entre a parede anterior e a parede posterior do omento maior (na altura do cólon transverso). W Superiormente: entre o fígado e o diafragma, como o recesso superior da bolsa omental. W Anteriormente: omento menor (ligamento hepatogás- trico e hepatoduodenal). W Posteriormente: pelo peritônio que recobre o pâncreas, suprarrenal esquerda, parte do rim esquerdo. O Forame de Winslow (ou forame omental) esta- belece a comunicação entre a cavidade peritoneal maior e a retrocavidade dos epíplons (ou bolsa omental). Seus limites são representados porliga- mento hepatoduodenal anteriormente, veia cava posteriormente, fígado superiormente e duodeno inferiormente. Figura 2. Seta demonstrando o Forame de Winslow. Fonte: Acervo Sanar. Figura 3. Manobra de Pringle: clampeamento do pedículo hepático para controle vascular em sangramentos hepáticos. Note que o cirurgião coloca o dedo dentro do forame de Winslow, para realizar essa manobra. Fonte: Acervo Sanar. 1.3. RETROPERITÔNIO BASES DA MEDICINA O retroperitônio é um espaço anatômico atrás (retro) da cavidade abdominal. Ele não tem estruturas anatômicas específicas que o delimitem. É a região situada entre a parede abdominal posterior e o peritônio parietal posterior. O conhecimento da anatomia retroperitoneal é essencial para a realização de cirurgias abdominais. As principais estruturas retroperitoneais são: u Pâncreas. u Maior parte do duodeno (com exceção da parte inicial da 1ª porção). u Cólon ascendente, cólon descendente. u Grandes vasos: aorta abdominal e veia cava inferior. u Rins, ureteres e suprarrenais. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Cap. 5 115 Figura 4. Relação do cólon com o peritônio. Note que o cólon ascendente e o cólon descendente são fixos, pois são órgãos retroperitoneais. Já o cólon transverso e o sigmoide são móveis, pois situam-se na cavidade peritoneal. Fonte: Acervo Sanar. FLASHCARD Qual a principal fonte de sangramento no choque he- morrágico por trauma? Abdome! Podemos dividir este tema em quatro partes: u Trauma abdominal fechado. u Trauma abdominal penetrante. u Trauma em transição toracoabdominal. u Trauma pélvico. u Trauma abdominal contuso. FLASHCARD Quais as principais vísceras acometidas no trauma abdominal contuso? Órgãos sólidos: baço e fígado. Não podemos esquecer que a principal etiologia do choque no trauma é a hemorragia e de que o abdome é o principal foco de sangramento! As vísceras parenquimatosas (baço e fígado) são os principais órgãos lesados no trauma abdominal fechado! Mas como confirmar tudo isso? u O mecanismo de trauma é extremamente im- portante! u O exame físico só tem valor em pacientes cons- cientes e com peritonite! Nesses casos, a lapa- rotomia exploradora está indicada. u Temos três exames complementares que pode- mos usar para nos auxiliar: W Lavado Peritoneal Diagnóstico (LPD). W FAST (Focused Assessment Sonography for Trauma). W Tomografia Computadorizada de Abdome (TC). DICA Exame físico abdominal normal não garante que não exista lesão de vísceras! luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Trauma 116 Quadro 1. Comparação entre LPD, FAST e TC no trauma abdominal contuso – ATLS. LPD FAST TC Vantagens • Diagnóstico precoce • Alta sensibilidade • Pode detectar lesão intestinal • Feito à beira-leito • Diagnóstico precoce • Não invasivo • Rápido • Pode ser repetido • Alta sensibilidade • Feito à beira-leito • Alta especificidade e sensi- bilidade • Não invasivo • Avalia bem retroperitônio, par- tes moles e ossos Desvantagens • Invasivo • Interfere nos achados de USG e TC subsequentes • Baixa especificidade • Não avalia retroperitônio nem diafragma • Operador dependente • Não avalia diafragma • Não avalia retroperitônio • Não pode ser feito à beira-leito • Estabilidade hemodinâmica é mandatória Indicações • Trauma fechado instável • Trauma penetrante sem indicação de laparotomia imediata • Trauma fechado instável • Trauma penetrante sem indi- cação de laparotomia imediata • Trauma fechado estável • Traumas penetrantes sem in- dicação de laparotomia ime- diata, especialmente de dor- so e flanco Fonte: Elaborado pelo autor. 1.4. FAST: FOCUSED ASSESMENT SONOGRAPHY FOR TRAUMA A avaliação ultrassonográfica direcionada para o trauma é de extrema importância e está indicada para pacientes instáveis hemodinamicamente, quando há suspeita de sangramento intra-abdo- minal. O FAST tem alta sensibilidade e baixa espe- cificidade, isto é: ele consegue dizer se há líquido livre na cavidade, mas não identifica a origem do líquido (sangue, líquido entérico, bile, urina etc.). No cenário de trauma com um paciente instável, pode- mos assumir que esse líquido seja sangue, mas não conseguimos saber a etiologia do sangramento. FLASHCARD Trauma de abdome e choque. Exame? FAST ou LPD. DICA Trauma abdominal em paciente ins- tável? FAST ou LPD. Não podemos nos esquecer que o FAST é um exame operador-dependente! Contudo, nas mãos de radio- logistas experientes, tem alta sensibilidade quando há pelo menos 250-300 mL de líquido livre na cavi- dade. É bastante útil para detecção de sangramento proveniente de vísceras parenquimatosas (baço e fígado), mas tem baixa acurácia para lesões de vísceras ocas (estômago, delgado e cólon) devido ao baixo volume de líquido na cavidade. FLASHCARD Trauma de abdome, instabilidade hemodinâmica e FAST positivo. Conduta? Laparotomia! DICA Paciente instável e FAST positivo? Laparotomia exploratória é mandatória! FLASHCARD Quais as 4 janelas do FAST? Espaço hepatorrenal, espaço esplenorrenal, janela suprapúbica e saco pericárdico. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Cap. 5 117 É um exame fácil, rápido e não invasivo. As janelas do FAST são: u Saco pericárdico (avalia tamponamento cardíaco). u Espaço hepatorrenal (Espaço de Morrison). u Espaço esplenorrenal (quadrante superior es- querdo). u Janela suprapúbica (Fundo de saco de Douglas). DICA O FAST avalia líquido livre na cavida- de peritoneal; portanto, lesões retroperito- neais, de pâncreas ou de duodeno podem existir, mesmo com FAST negativo! Figura 5. Localização do probe US – presença de líquido no Espaço de Morrison (FAST+). Fonte: Flato et al.1 Figura 6. Espaço hepatorrenal normal (Espaço de Morrison Fonte: Secretaria Estadual da Saúde – PE2. Figura 7. FAST positivo em quadrante superior direito (Espaço de Morrison) – imagem anecoica (preta) entre o rim e o fígado (indicada pela seta). Fonte: UNICAMP3. Figura 8. FAST positivo em quadrante superior direito: líquido livre (L) entre o fígado (F) e o diafragma (*). R: rim Fonte: Acervo do autor (Dr. Rodrigo Edelmuth). luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Trauma 118 Figura 9. Janela suprapúbica normal: a grande imagem preta (anecoica) é a bexiga Fonte: UNICAMP3. 1.5. LAVADO PERITONEAL DIAGNÓSTICO O LPD ainda é tema frequente de prova, apesar de ser raramente realizado na prática. Na ausência do FAST ou de pessoa habilitada a fazê-lo, podemos utilizar o LPD, pequeno proce- dimento cirúrgico realizado à beira-leito; portanto, existe a necessidade de médico com conhecimentos básicos de cirurgia. Pode ser realizado em trauma abdominal fechado em pacientes instáveis. Lembre-se: o abdome é a principal fonte de san- gramento. Quando não devemos realizar o LPD? Caso nosso paciente já tenha indicação absoluta de cirurgia! u Ferimentos por arma de fogo u Vítimas de FAB com peritonite u Eviscerados u Peritonite em pacientes com trauma fechado 1.6. TÉCNICA Devemos entrar na cavidade peritoneal na linha média, geralmente em região infraumbilical (exceção para traumas pélvicos e gestantes). A fácil aspira- ção de sangue, conteúdo entérico ou bilioso, fibras vegetais ou fezes é indicativa de lesão de víscera oca, e a laparotomia está indicada! Caso contrário, devemos lavar a cavidade peritoneal com 1.000 mL de solução cristaloide aquecida, aguardar que ela se espalhe adequadamente pela cavidade peritoneal e aspirar o líquido (mínimo de 200 mL). O teste será positivo se tivermos evidências diretas de conteúdo entérico, bilioso ou fecaloide. Se o teste for inconclusivo, o material deve ser enviado para análise laboratorial. DICA Assim como o FAST, o LPD avalia somente a cavidade peritoneal; portanto, lesões retroperitoneais, de pâncreas ou de duodenopodem existir, mesmo com LPD negativo. Quadro 2. LPD positivo. LPD positivo • Conteúdo entérico, bilioso ou fecaloide (fibras vegetais) • Aspiração de sangue de forma fácil (> 10 mL) • > 100 mil hemácias por mm3 • > 500 leucócitos por mm3 • Presença de bactérias (Coloração por Gram) Fonte: Elaborado pelo autor. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Cap. 5 119 1.7. TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE ABDOME FLASHCARD Trauma de abdome e estabilidade hemodinâmica. Exame? TC. A TC com contraste é mais completa e mais deta- lhada que FAST ou LPD, pois pode trazer mais informações ao cirurgião. Tem alta sensibilidade e especificidade, podendo informar sobre a presença e a extensão de lesões de órgãos específicos, além de conseguir avaliar lesão de órgãos retroperito- neais e pélvicos. A TC consegue facilmente fazer o diagnóstico de pneumoperitônio e de lacerações de vísceras parenquimatosas (especialmente baço, fígado e rins), além de estimar o volume de líquido na cavidade. Entretanto, é um exame caro, nem sempre disponível e que requer a infusão de contraste. FLASHCARD Qual a contraindicação absoluta para realização de TC de abdome no trauma? Instabilidade hemodinâmica. DICA É condição obrigatória que o pacien- te esteja hemodinamicamente estável para realizar a TC! Já sabemos que a TC facilmente faz o diagnóstico de lesões de órgãos sólidos. Mas e as vísceras ocas (estômago, delgado e cólon)? A sensibilidade da TC para lesões de vísceras ocas é menor, mas, havendo pneumoperitônio, a conduta é cirúrgica, pois ar livre na cavidade peritoneal significa ruptura de alguma víscera oca. Em alguns casos, podemos encontrar líquido livre na cavidade. Como prosseguir? A maioria dos traumas hepáticos e esplênicos demanda tratamento conservador (> 80%). Portanto, na prova, cirurgia vai ser exceção, ficando reservada a pacientes muito graves, que não responderam à infusão de volume, transfusão e terapia por radio- logia intervencionista. Quadro 3. Manejo do trauma abdominal contuso com líquido livre em TC. Líquido livre na TC Conduta Com lesões de órgãos sólidos • Podemos assumir que esse líquido é sangue proveniente de lesão do órgão lesado (baço, fí- gado, pâncreas, rim etc.). • Conforme órgão lesado e grau da lesão. • Conduta pode ser expectante em pacientes es- táveis com traumas esplênicos ou hepáticos. • Conduta cirúrgica ou por radiologia intervencio- nista em pacientes instáveis com lesões maiores. Sem lesões de vísceras parenquimatosas • Um grande desafio para cirurgiões! • O líquido pode ser entérico/fecaloide (lesão de alças, estômago, cólon). • Sangue: pode ser secundário à lesão de me- sentério. • Urina: lesão de bexiga. • Se paciente instável hemodinamicamente ou com peritonite: conduta cirúrgica. • Se paciente estável e sem peritonite: geralmente a videolaparoscopia diagnóstica está indicada para buscar as lesões descritas ao lado. • A conduta expectante, com exame físico seria- do, não está completamente errada. Fonte: Elaborado pelo autor. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Trauma 120 Figura 10. Marca do cinto de segurança: tipicamente, esse achado está relacionado à lesão de mesentério. Na TC, é possível visualizar líquido livre na cavidade abdominal (sangue), sem lesão de víscera parenquimatosa. Fonte: USP4. DICA Grandes centros de trauma, espe- cialmente em São Paulo, costumam indicar videolaparoscopia diagnóstica para pacien- tes com líquido livre em TC e sem lesão de víscera oca, mesmo para aqueles estáveis hemodinamicamente e sem peritonite. Veja as questões no final do capítulo, a fim de melhor entender esse tema. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Cap. 5 121 Fluxograma 1. Conduta do trauma abdominal fechado baseada em TC. TC de abdome Pneumoperitônio Laparotomia Ausência de pneumoperitônio Lesão de víscera parenquimatosa Conduta conforme órgão lesado e grau de lesão Sem lesão de órgão sólido Sem líquido livre Presença de líquido livre Observação Suspeitar de lesão de mesentério ou de vísceras ocas • Líquido em grande quantidade • Mecanismo de trauma importante (marca do cinto de segurança) • Dor intensa • Alteração de sinais vitais Ausência de suspeita clínica Exame físico seriado Monitorização Exames laboratoriais seriado Provável Cirurgia Fonte: Acervo do autor. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Trauma 122 Fluxograma 2. Fluxograma na conduta do trauma abdominal fechado. Peritonite Cirurgia Estável hemodinamicamente Instabilidade hemodinâmica TC de abdome FAST ou LPD Se positivo = cirurgia Negativos: buscar outros focos de sangramento Trauma abdominal fechado Ausência de peritonite ou impossibilidade de avaliar Fonte: Acervo do autor. 2. TRAUMA PÉLVICO A fratura de pelve tem alta mortalidade e correlação direta com choque hemorrágico e lesões intra-ab- dominais! Pelves instáveis sangram muito! A maioria dos san- gramentos tem origem venosa; portanto, cessa com a fixação óssea. Uma minoria tem origem arterial e, consequentemente, maior mortalidade. As fraturas pélvicas podem ser de alguns tipos: u Compressão anteroposterior (fratura em livro aberto): 15 a 20% dos casos u Compressão lateral: 60 a 70% dos casos u Força de cisalhamento vertical: 5 a 15% Após atendimento inicial e exame físico da pelve, devemos fazer a radiografia de pelve, exame essen- cial na sala de trauma. Figura 11. Fratura em livro aberto. Note a importante disjunção da sínfise púbica. Fonte: Panella et al.5 Inicialmente, a estabilização da pelve pode ser feita com lençol, ainda na sala de trauma. O lençol deve ser colocado com tensão ao redor da pelve, a fim de fechar o anel pélvico, que está deformado. Ele deve ser posto na altura dos trocanteres maiores. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Cap. 5 123 Além do lençol, existem dispositivos específicos para fixação temporária da pelve, como faixas e cintas, mas eles não estão disponíveis facilmente no dia a dia. Figura 12. Opções de fixação temporária de pelve: lençol ou dispositivos específicos. Lembre-se: altura dos trocanteres maiores. Fonte: Acervo Sanar. Essa fixação (lençol ou cinta) é temporária; ela vai reduzir o sangramento, mas não vai cessá-lo completamente! Costuma ser eficaz somente para sangramentos venosos. FLASHCARD Três opções de tratamento para fratura de pelve? • Arteriografia com embolização • Tamponamento pré-peritoneal • Fixação externa Lembre-se: existe uma relação direta entre trauma pélvico e lesões intra-abdominais. Portanto, deve- mos investigar se existe líquido livre na cavidade. Esse paciente provavelmente estará instável, por isso será submetido a FAST ou LPD. Caso esses exames venham negativos, podemos assumir que o choque hemorrágico tem origem na fratura pélvica. E qual a conduta nesses casos? Temos três opções de tratamento para fratura de pelve: u Tamponamento pré-peritoneal (packing). u Arteriografia com embolização. u Fixação externa. A arteriografia com embolização é o melhor exame para tentar controlar sangramento com origem arterial e costuma ser a primeira opção antes da fixação externa. Quando indisponível, pode ser substituída pelo tamponamento pré-peritoneal com compressas. Após esses procedimentos, o paciente deverá ser submetido à fixação externa da pelve pela ortopedia. Quando a laparotomia exploradora está indicada, o cirurgião pode realizar o packing no mesmo tempo cirúrgico e depois encaminhar o doente para a fixação externa. Infelizmente, essa conduta não é regra absoluta. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Trauma 124 Fluxograma 3. Manejo do trauma pélvico Avaliação inicial e fixação com lençol/cintaSIM Laparotomia Arteriografia Fixação externa Sangue intraperitoneal? (FAST + ou LPD +) Packing NÃO Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 13. Exemplo de fixação externa da pelve. Fonte: Yo_onepiece/Shutterstock .com6. Figura 14. Exemplo de fixação externa da pelve. Fonte: Acervo do autor. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Cap. 5 125 2.1. TRAUMA PERINEAL O trauma perineal extenso costuma estar associado a pacientes politraumatizados graves e com fraturas pélvicas. A lesão nessa região, com perda de partes moles, requer um tratamento específico, devido às altas taxas de infecções e complicações. Figura 15. Extensa lesão perineal. Fonte: USP4. Seu tratamento consiste em: u Limpeza do ferimento. u Desbridamento. u Hemostasia. u Tamponamento com compressas. u Colostomia/derivação de trânsito/transversos- tomia. u Lavagem do coto distal. u Antibioticoterapia sistêmica. u Curativos programados. O fechamento dessas lesões, seja com sutura pri- mária ou retalho cutâneo, nunca deve ser realizado! 3. TRAUMA DE TRANSIÇÃO TORACOABDOMINAL E LESÃO DIAFRAGMÁTICA Ferimentos penetrantes dessa zona podem cursar com lesão diafragmática em até 40% dos casos. No entanto, a real incidência é desconhecida pelo grande número de doentes com lesões assintomá- ticas. Lesões associadas ao trauma diafragmático estão presentes na maioria das vezes, sendo pul- mão, estômago, fígado, baço e colón os órgãos mais lesados. Também pode haver lesão diafragmática em trauma contuso, especialmente quando há compressão do abdome (aumento súbito da pressão intra-ab- dominal). A hérnia diafragmática é mais comum do lado esquerdo, pois à direita está o fígado, que, teorica- mente, impede que alças ascendam ao tórax. Mas isso não é regra absoluta! A lesão diafragmática pode vir a cursar com sintomas somente no futuro, secundária à compressão de vísceras ocas na hérnia diafragmática. Quadro 4. Limites da transição toracoabdominal. Anterior 4º espaço intercostal Posterior Ponta da escápula Lateralmente 6º espaço intercostal Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 16. Abdome e transição toracoabdominal. Fonte: Acervo Sanar. No cenário de trauma, como podemos fazer esse diagnóstico? u Mecanismo de trauma. u RX sugestivo (veja as imagens). u Bolha gástrica intratorácica ou presença de al- ças no tórax. u Presença de SNG no tórax. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Trauma 126 Figura 17. RX de tórax, hérnia diafragmática à esquerda. Fonte: Garcia et al7. FLASHCARD Qual é a conduta de escolha para lesão em transição toracoabdominal? Videolaparoscopia. Mas então… O que cai na prova? A conduta. Atenção agora! Pacientes com lesão em transição toracoabdominal devem ser submetidos à lapa- roscopia para avaliação do diafragma! Não existe exame de imagem que avalie bem sua integridade; assim, nada de pedir TC ou FAST! DICA Hénia diafragmática = videolaparos- copia diagnóstica e terapêutica. FLASHCARD Qual o órgão mais lesado em FAF e FABs? FAF = delgado FAB = fígado 4. TRAUMA ABDOMINAL PENETRANTE Quadro 5. Quais os órgãos mais lesados, de acordo com o tipo de trauma? Tiro = Tripa (FAF = lesão de delgado) Batida = Baço (Trauma fechado = lesão esplênica) Facada = Fígado (FAB = lesão hepática) Fonte: Elaborado pelo autor. O trauma abdominal penetrante pode ser decorrente de armas brancas (FAB) ou por projéteis de arma de fogo (FAF). Essa distinção é importante, pois o tipo de lesão intra-abdominal varia conforme o tipo de ferimento: FLASHCARD Conduta em FAF abdominal? Laparotomia. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Cap. 5 127 Tabela 1. Tipos de lesões conforme mecanismo de trauma. Trauma por arma de fogo • Delgado (50%) • Cólon (40%) • Fígado (30%) • Estruturas vasculares (25%) Trauma por arma branca • Fígado (40%) • Delgado (30%) • Diafragma (20%) • Cólon (15%) Fonte: Elaborada pelo autor. Pacientes com FAF em região anterior do abdome têm uma chance extremamente elevada de lesões intra-abdominais. Por esse motivo, a conduta cirúr- gica é indicada na maioria dos casos de FAF! DICA Tiro no abdome = laparotomia ex- ploradora! em caso de facada, depende… Trauma penetrante por arma branca. Ferimentos por arma branca no abdome podem ou não penetrar a cavidade abdominal. Por esse motivo, a laparotomia nem sempre é indicada (dife- rentemente da conduta nos FAFs). E agora? Quando vamos indicar cirurgia nesses casos? Quadro 6. Indicações absolutas de cirurgia em casos de FAB. Cirurgia se: • Evisceração • Instabilidade he- modinâmica • Sinais claros de peritonite • Sangramento di- gestivo (hematê- mese, sangue em SNG ou sangue retal) Fonte: Elaborado pelo autor. O FAST é mandatório para FAB em andar superior, a fim de avaliar pericárdio e afastar lesão cardíaca! Em pacientes estáveis e sem peritonite, a exploração digital da ferida deve ser realizada (com luva estéril e anestesia local) para avaliar se houve violação da cavidade peritoneal. Havendo violação da cavidade, ou em caso de dúvida/suspeita, a internação é mandatória, com exame físico seriado, exames laboratoriais e vigi- lância hematimétrica (Hb 8/8 horas) por 24 horas! DICA A penetração da cavidade por si só não é indicação absoluta de cirurgia! Se durante a internação o paciente apresentar insta- bilidade hemodinâmica ou peritonite, a laparotomia deve ser realizada. Caso ele permaneça estável e sem peritonite, mas apresente queda de hemo- globina (> 3 g/dL) ou leucocitose, existem altas chances de laparotomia. Nesse caso, a tomografia computadorizada pode auxiliar na conduta. Para facilitar a vida, veja o fluxograma! luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Trauma 128 Fluxograma 4. Conduta em ferimento por arma branca (FAB). Exploração digital Estabilidade hemodinâmica, sem peritonite, sem evisceração e sem sinais de sangramento pelo TGI Evidência de penetração na cavidade ou supeita de penetração Internação: exame �sico seriado e Hb 8/8h instabilidade hemodinâmica Cirurgia se queda de Hb, leucocitose, peritonite ou Sem penetração da cavidade Iniciar dieta, reavaliação e possível alta Instabilidade hemodinâmica, peritonite, evisceração ou sangramento diges�vo = CIRURGIA Fonte: Acervo do autor. Essa conduta mais conservadora é a apresentada pelo próprio Sabiston, mas sabemos que cada vez mais esses pacientes têm sido submetidos à videolaparoscopia diagnóstica quando abordados em centros de referência para trauma. Ainda não há estudo significativo comparando a abordagem conservadora apresentada com a videolaparoscó- pica, mas é válido ressaltar que bancas de grandes centros de trauma podem cobrar a conduta como sendo a videocirurgia. Quadro 7. Resumo para última hora. Trauma abdominal penetrante por arma de fogo • Delgado > Cólon > Fígado • Conduta é cirúrgica luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Cap. 5 129 Trauma abdominal penetrante por arma branca • Fígado > Delgado > Diafragma > Cólon • Instabilidade hemodinâmica, peritonite, evisceração ou sinais de sangramento digestivo: conduta cirúrgica • Pacientes estáveis e sem peritonite: exploração da ferida • Se exploração positiva: exame físico seriado e Hb 8/8 h Trauma abdominal fechado • Vísceras parenquimatosas: Baço > Fígado; risco de hematomas retroperitoneais • Sinais claros de peritonite = cirurgia • Exame físico normal não afasta lesão! • Instabilidade hemodinâmica = FAST ou LPD • Estabilidade hemodinâmica = tomografia de abdome • FAST ou LPD positivos e instabilidade = laparotomia Trauma penetrante em transição toracoabdominal • Videolaparoscopia diagnóstica ou observação clínica seriada • Tomografia não avalia bem lesões diafragmáticas Fonte: Elaborado pelo autor. Lembre-se de que, quando o ferimentopor arma branca acomete flanco ou dorso e o paciente se apresenta estável, está indicada a tomografia com- putadorizada de abdome com triplo contraste (intra- venoso, oral e retal). 5. MANOBRAS CIRÚRGICAS NO TRAUMA Existem algumas manobras clássicas que podem ser utilizadas no intraoperatório, para acessar órgãos lesados. Veja as explicações e imagens a seguir: Figura 18. Manobra de Pringle: clampeamento do pedículo hepático para controle vascular em sangramentos hepáticos. Fonte: Acervo Sanar. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Trauma 130 Figura 19. Manobra de Cattel-Brasch: mobilização medial do cólon direito, a fim de acessar as estruturas retroperitoneais (veia cava inferior, aorta, vasos renais e vasos ilíacos). Fonte: Acervo Sanar. Figura 20. Manobra de Kocher: mobilização medial do duodeno retroperitoneal (2ª porção) e cabeça do pâncreas: acesso ao pâncreas, face posterior do duodeno, veia cava inferior, aorta e vasos renais. Fonte: Acervo Sanar. Figura 21. Manobra de Kocher. Fonte: Acervo Sanar. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Cap. 5 131 Figura 22. Manobra de Mattox: mobilização medial do cólon esquerdo para exposição da aorta e seus ramos (em especial, controle vascular do tronco celíaco e artéria mesentérica superior). Fonte: Acervo Sanar. 6. TRAUMA ABDOMINAL: LESÕES DE ÓRGÃOS ESPECÍFICOS 6.1. TRATAMENTO CONSERVADOR OU CIRÚRGICO? O tratamento conservador só pode ser considerado se tiver sido feita TC para estadiar o grau da lesão. Uma condição obrigatória para tratamento não operatório é a estabilidade hemodinâmica. Em caso de tratamento cirúrgico, sempre optar pela menor cirurgia possível, limitando-se a corrigir somente o que foi lesado. Por exemplo: Na laparotomia por um trauma esplênico, foi encon- trado um cisto ovariano. A conduta deve ser somente referente ao baço. Não devemos abordar o cisto. 6.2. BAÇO É o órgão mais acometido em traumas contusos. FLASHCARD Qual o órgão mais acometido em traumas contusos? Baço. DICA Batida = lesão de Baço. Um sinal clínico clássico é o Sinal de Kehr: dor referida em ombro ou escápula esquerda. FLASHCARD O que é o Sinal de Kehr? Dor referida em ombro ou escápula esquerda. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Trauma 132 Quais os pré-requisitos para o tratamento conser- vador? u Estabilidade hemodinâmica (sinal de sangramen- to controlado). u Ausência de peritonite franca. u Lesões até grau 3 (isso é algo MUITO discutível, pois lesões grau 4 ou 5 em pacientes estáveis e sem peritonite podem ser submetidas a trata- mento conservador em alguns centros específi- cos de trauma). FLASHCARD Conduta cirúrgica na lesão esplênica? Instabilidade hemodinâmica + TC com lesão grau ≥ IV (“baço = 4 letras”). As indicações de laparotomia para lesão esplênica têm sido cada vez menores devido à presença da radiologia intervencionista com a embolização de vasos e melhores condições das UTIs. Tabela 2. Classificação do trauma esplênico. Grau Hematoma Laceração I • Subcapsular < 10% • < 1 cm II • Subcapsular 10-50% • Intraparenquimatoso < 5 cm • 1-3 cm, sem comunicação com vasos trabeculares III • Subcapsular > 50% OU em expansão • Subcapsular roto • Intraparenquimatoso ≥ 5 cm OU em expansão • > 3 cm ou envolvendo vasos trabeculares IV – • Hilo esplênico (devascularização > 25%) V – • Fragmentação esplênica • Lesão hilar com desvascularização Fonte: Moore et al.8 luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Cap. 5 133 Figura 23. Classificação do trauma esplênico. Fonte: Acervo Sanar. Quais as opções cirúrgicas terapêuticas? Quando o tratamento conservador não é possível, devido à piora clínica ou à ausência de radiologia intervencionista, podemos optar por: u Esplenorrafia (sutura do parênquima). u Esplenectomia parcial. u Esplenecotmia total. A rafia do baço e a esplenectomia parcial vêm sendo pouco utilizadas. Como geralmente indicamos cirurgia apenas para casos muito graves (grau V), em que há avulsão do hilo esplênico e desvascularização do ór- gão, a única conduta possível é a esplenectomia total. Mesmo lesões esplênicas graves, com múltiplas lacerações de parênquima, podem ser tratadas de forma conservadora se o paciente estiver muito bem clinicamente, sem peritonite e sem choque, como na Figura 24. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Trauma 134 Figura 24. Trauma esplênico grau IV/V. Fonte: USP4. DICA A vacinação contra pneumococo, meningo e haemophilus é mandatória após esplenectomias totais. A vacinação deve ser realizada somente 14 dias após a esplenectomia. 6.3. FÍGADO É o órgão mais acometido em perfuração por arma branca, e o segundo mais acometido em trauma fechado. FLASHCARD Qual o órgão mais acometido em perfuração por arma branca? Fígado. DICA Facada = lesão de Fígado. A opção pelo tratamento conservador segue a mesma linha de raciocínio do trauma de baço. O paciente deve estar hemodinamicamente estável e sem peritonite. FLASHCARD O que é a Manobra de Pringle? Clampeamento das estruturas do hilo hepático. DICA Estabilidade hemodinâmica e au- sência de peritonite são critérios obrigató- rios para o tratamento conservador! Assim como no trauma de baço, a indicação de laparotomia tem sido cada vez mais rara, e o trata- mento conservador tem ganhado o cenário. Sempre que possível, vamos indicar observação clínica com exame físico e Hb seriado. Se existir a possibilidade de angioembolização pela parte da radiologia inter- vencionista, deve-se sempre optar por ela antes da cirurgia (tratamento mais agressivo). luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Cap. 5 135 Em traumas hepáticos muito graves, a cirurgia de controle de danos costuma ser uma opção (veja a seção de Cirurgia de Controle de Danos). Caso a conduta cirúrgica seja tomada, devemos sempre optar por ressecções hepáticas pequenas ou compressões manuais com compressas. O que é a Manobra de Pringle? É o clampeamento do hilo hepático, isto é, da tríade portal (veia porta, artéria hepática e via biliar comum). Ao realizar essa manobra, todo o fluxo venoso e arterial do fígado é bloqueado. DICA A Manobra de Pringle é essencial no trauma hepático. Caso o sangramento hepático cesse ao realizar essa manobra, podemos assumir que ele tinha origem portal ou arterial. Por outro lado, sangramentos que não melhoram com essa conduta tendem a ser da veia cava inferior (segmento retro-hepático) ou das veias hepáticas. Figura 25. Manobra de Pringle: clampeamento do pedículo hepático para controle vascular em sangramentos hepáticos. Fonte: Acervo Sanar. Quadro 8. Classificação de trauma hepático. Graus Descrição da lesão I • Hematoma subcapsular, < 10 % de superfície de área • Ruptura capsular, < 1 cm de profundidade parenquimatosa II • Hematoma subcapsular, 10-50% de superfície de área • Intraparenquimatoso < 10 cm em diâmetro • Ruptura capsular 1-3 cm profundidade parenquimatosa, < 10 cm de comprimento III • Hematoma subcapsular, > 50% de área superficial de ruptura subcapsular ou hematoma parenquima- toso; hematoma intraparenquimatoso > 10 cm ou em expansão • Laceração > 3 cm de profundidade parenquimatosa IV • Ruptura parenquimatosa envolvendo 25% a 75% do lobo hepático ou 1-3 segmentos de Couinaud V • Ruptura parenquimatosa envolvendo > 75% do lóbulo hepático ou > 3 segmentos de Couinaud dentro de um único lobo • Lesões venosas justapostas, ou seja, veia retro-hepática VI • Veias hepáticas principais centrais/cava; avulsão hepática Fonte: Moore et al.9 luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Trauma 136 6.4. VIAS BILIARES EXTRA-HEPÁTICAS FLASHCARD Conduta cirúrgica na lesão hepática?Instabilidade hemodinâmica ou TC com lesão grau ≥ VI (“fígado = 6 letras”). O reparo do colédoco pode ser primário (rafia sim- ples) em casos de lesões pequenas e simples. Muitos autores ainda acreditam que há necessidade do Dreno de Kehr (dreno em T dentro da via biliar), mas a medicina baseada em evidência vem trazendo essa discussão à tona novamente. Em transecções e perdas teciduais importantes, a anastomose biliodigestiva (hepaticojejunostomia em Y de Roux) passa a ser a conduta de escolha. DICA Independentemente do tipo de le- são, a drenagem da cavidade abdominal é mandatória. Não confunda: drenagem da cavidade (colocar o dreno na cavidade peritoneal, junto à rafia ou anastomose) é diferente de drenagem da via biliar (colocar o dreno dentro da via biliar). 6.5. LESÃO DE VESÍCULA BILIAR Muito simples: a conduta é a colecistectomia! 6.6. PÂNCREAS O pâncreas é órgão retroperitoneal; por esse motivo, o trauma pancreático tende a ser mais raro. Geral- mente, lesões pancreáticas não são isoladas e costumam estar associadas a lesões de outros órgãos. Traumas da cabeça do pâncreas têm asso- ciação com o duodeno, enquanto traumas esplê- nicos podem estar associados a lesões da cauda do pâncreas. DICA Mecanismo de trauma pancreático clássico: acidentes de bicicleta com crian- ças, com trauma abdominal direto pelo gui- dão em abdome superior. O mecanismo de trauma mais comum para lesões de pâncreas e duodeno refere-se a traumas contusos em abdome superior (especialmente epigastro): impacto do guidão de bicicleta ou esmagamento por tanque de lavar roupa (Síndrome do Tanque – veja tópico específico a seguir). O tratamento difere dos traumas de baço e fígado, porque a maioria tem indicação cirúrgica. Didatica- mente, pode ser dividido em: u Porção proximal (cabeça + processo uncinado; à direita da veia mesentérica superior; íntima relação duodeno e colédoco). Frequentemente associada à lesão duodenal (2ª e 3ª porções) e lesões de via biliares. u Porção distal (corpo + cauda; à esquerda da veia mesentérica superior; próxima ao baço). Asso- ciação com trauma esplênico. Qual cirurgia? FLASHCARD Qual a principal complicação pós-operatória no trau- ma de pâncreas? Fístula pancreática. Depende de ter havido lesão do ducto pancreático principal e da localização do trauma! u Sem lesão do ducto pancreático principal → dre- nagem com ou sem reparo cirúrgico. u Com lesão do ducto pancreático principal: W Lesão do corpo e cauda → pancreatectomia distal corpocaudal e drenagem da cavidade. W Lesão de cabeça → duodenopancreactomia (cirurgia de Whipple): cirurgia muito mórbida e demorada. Casos muitos raros de trauma e alta mortalidade. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Cap. 5 137 DICA A drenagem da cirurgia é parte fun- damental do tratamento, visto o altíssimo risco de fístula pancreática. A principal complicação pós-operatória no trauma de pâncreas é a fístula pancreática, acompanhada ou não de abscesso. DICA Quanto mais próxima à cabeça do pâncreas, maior a gravidade e maior o grau da lesão. Quadro 9. Classificação de trauma de pâncreas. Graus Descrição da lesão I • Contusão pequena, sem lesão do ducto • Laceração superficial, sem lesão do ducto II • Contusão importante, sem lesão no ducto ou perda de tecido • Laceração importante, sem lesão no ducto ou perda de tecido III • Transecção distal ou lesão parenquimatosa, com lesão do ducto IV • Transecção proximal ou lesão parenquima-tosa envolvendo ampola V • Ruptura maciça da cabeça pancreática Fonte: Moore et al.9 6.7. DUODENO Lembre-se: o duodeno é, em sua maior parte, retro- peritoneal (2ª e 3ª porções). Assim como o pâncreas, o duodeno é mais difícil de ser acometido! DICA Mecanismo de trauma duodenal clássico: acidentes de bicicleta com crian- ças (guidão em abdome superior) ou coice de cavalos em epigastro. 6.7.1. Sinais radiológicos (RX/TC) u Gás no retroperitônio (retropneumoperitônio: delineando rins). 6.7.2. Tipos e conduta u Retropneumoperitônio (perfuração) é sempre cirúrgico. u Contusão de duodeno: quadro clínico clássico é "come e vomita", pois o hematoma da parede duodenal vai levar a um afinamento da luz (cau- sando um quadro de obstrução alta). A conduta pode ser conservadora, de jejum oral por duas semanas, com dieta por sonda nasoenteral e des- compressão gástrica (sonda nasogástrica aberta). Quadro 10. Classificação de trauma de duodeno. Graus Descrição da lesão I • Hematoma envolvendo uma porção única do duodeno • Laceração de espessura parcial, sem per- furação II • Hematoma envolvendo mais de uma porção do duodeno • Ruptura < 50% da circunferência III • Ruptura de 50%-75% da circunferência da segunda porção do duodeno • Ruptura de 50%-100% da circunferência da pri- meira, terceira e quarta porções do duodeno IV • Ruptura envolvendo mais de 75% da circun- ferência da segunda porção do duodeno • Envolvendo ampola ou ducto biliar comum distal V • Ruptura maciça duodenopancreática • Desvascularização do duodeno Fonte: Moore et al.9 7. FRATURA DE CHANCE É um tipo de fratura de vértebras toracolomba- res: envolve uma divisão horizontal da vértebra, começando no processo espinhoso e nas lâminas, estendendo-se pelos pedículos e corpo vertebral, sem causar dano às estruturas ligamentares. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Trauma 138 FLASHCARD Quais órgãos abdominais têm correlação com fratura de vértebra lombar? Duodeno ou pâncreas. A Fratura de Chance resulta do mecanismo de flexão-distensão da coluna e apresenta forte asso- ciação com o uso do cinto de segurança e lesões intra-abdominais frequentes (especialmente duo- deno e pâncreas). DICA Marca do cinto de segurança e fra- tura de vértebra lombar? Risco de lesão de duodeno e pâncreas. Figura 26. Fratura de Chance. Fonte: Birch et al.10 7.1. SÍNDROME DO TANQUE É um tipo específico de trauma provocado pela queda de um tanque de lavar roupas sobre uma criança. O mecanismo do trauma inicia-se quando uma criança se pendura em um tanque que não esteja fixado no chão e este cai sobre a criança. O epigástrio é a região mais atingida; nela, os órgãos que mais sofrem o trauma são pâncreas e o duodeno. O tórax vem a seguir, podendo ocorrer traumatismos de arcos costais e lesão cardíaca. Na síndrome do tanque, o diagnóstico é habitualmente de um trauma fechado, que poderá ter uma ou mais vísceras atingidas; consequentemente, os sinais e sintomas estarão na dependência da víscera atin- gida e das condições em que ocorreu o acidente. Figura 27. Síndrome do tanque. Fonte: Acervo do autor. 7.2. DELGADO Lesão de delgado não é lesão de duodeno: não confunda! DICA O sinal do cinto de segurança tem uma correlação direta com trauma de del- gado e trauma de mesentério. Qual a cirurgia? u Lesão pequena (< 50% da circunferência do del- gado): rafia primária. u Lesão grande (> 50% da circunferência do delga- do): ressecção e anastomose. A sutura de lesões grandes não pode ser realizada devido ao risco de estenose. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Cap. 5 139 7.3. CÓLON E RETO O segmento mais afetado é o transverso, por ser mais anteriorizado que os demais. Qual a cirurgia? 1. Lesões pequenas (< 50% da circunferência da parede): rafia primária se: W Pouco tempo entre trauma e cirurgia (4 a 6 horas). W Estável hemodinamicamente. W Ausência de lesão vascular dessa área. 2. Colectomia segmentar com anastomose primária W Paciente se encontra estável hemodinamica- mente, mas não preenche os critérios acima. 3. Colectomia segmentar com colostomia e sepul- tamento do coto distal (Cirurgia de Hartmann) W Paciente com instabilidade hemodinâmica = Hartmann (sepultamento do coto distal e confecção de colostomia terminal com alça proximal). 4. Lesão de reto baixo(reto extraperitoneal): deri- vação de trânsito intestinal e drenagem de pelve e reto. Quadro 11. Classificação de trauma de cólon. Graus Descrição da lesão I • Contusão ou hematoma sem desvascula- rização • Laceração de espessura parcial, sem per- furação II • Laceração < 50% da circunferência III • Laceração ≥ 50% da circunferência, sem transecção IV • Transecção do colón V • Transecção do cólon com perda de tecido segmentar • Segmento desvascularizado Fonte: Moore et al.9 Quadro 12. Classificação de trauma de reto. Graus Descrição da lesão I • Contusão ou hematoma sem desvascula- rização • Laceração de espessura parcial, sem per- furação II • Laceração < 50% da circunferência III • Laceração ≥ 50% da circunferência IV • Laceração de espessura total com exten-são no períneo V • Segmento desvascularizado Fonte: Elaborado pelo autor. 8. TRAUMA DE GRANDES VASOS: HEMATOMA DE RETROPERITÔNIO A principal causa de hematomas retroperitoneais são os ferimentos penetrantes de abdome. Por serem retroperitoneais, esses sangramentos são, em geral, tamponados naturalmente pelo organismo. Por esse motivo, os pacientes não apresentam franco choque hemorrágico nem líquido livre na cavidade peritoneal. Os hematomas retroperitoneais são divididos em três zonas. Figura 28. Divisão dos hematomas de retroperitônio (Zonas 1, 2 ou 3). Zona 1 Zona 3 Zona 2Zona 2 Fonte: Acervo Sanar. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Trauma 140 Os hematomas de Zona 1 são da linha média, secun- dários a lesões da aorta ou de seus principais ramos. São considerados graves e demandam abordagem cirúrgica imediata. Os hematomas da Zona 2 têm localização lateral, ao redor da loja renal. Geralmente são decorrentes de lesões dos vasos renais ou do parênquima renal. O hematoma ocasionado por lesão abdominal pene- trante deve sempre ser explorado cirurgicamente. No trauma abdominal fechado, devemos explorar apenas os hematomas que estiverem em expansão! A Zona 3 é a porção inferior do abdome (região pél- vica). Hematomas dessa região são secundários a fraturas pélvicas (mais comum) ou lesão dos vasos ilíacos. De forma geral, a conduta não é cirúrgica, pois seu “destamponamento” pode resultar em intenso sangramento. Métodos alternativos, como angioembolização ou packing (tamponamento pré- -peritoneal com compressas), são boas opções nesse caso. Quadro 13. Conduta conforme localização do hematoma retroperitoneal. Zona Principais estruturas Conduta I Aorta, veia cava inferior, origem dos vasos renais e principais vasos viscerais (tronco celíaco, mesentérica superior e mesentérica inferior), duodeno e pâncreas Abordagem cirúrgica sempre II Adrenais, rins, vasos renais, ureter e cólon Se ferimento penetrante = cirurgia Se ferimento contuso = exploração somente se hematoma em expansão ou sangramento ativo III Vasos ilíacos, ureter distal, sigmoide e reto Conduta não cirúrgica: embolização ou packing pré-peritoneal Fonte: Elaborado pelo autor. 9. SÍNDROME COMPARTIMENTAL ABDOMINAL E CIRURGIA DE CONTROLE DE DANOS A Síndrome Compartimental Abdominal (SCA) é uma complicação grave, secundária ao aumento exagerado da Pressão Intra-Abdominal (PIA), cau- sando significativa morbidade e mortalidade. A PIA, em situações fisiológicas, não se mantém acima de 5-10 mmHg. Elevação acima de 12 mmHg já é considerada patológica, sendo denominada Hipertensão Intra-Abdominal (HIA). Tabela 3. Classificação da HIA. Grau Pressão I 12-15 mmHg II 16-20 mmHg III 21-25 mmHg IV > 25 mmHg Fonte: Elaborada pelo autor. A Síndrome Compartimental Abdominal (SCA) é uma situação grave, decorrente da elevação sus- tentada e intensa da Pressão Intra-Abdominal (PIA), com consequentes disfunções orgânicas). Temos a ocorrência de SCA quando a PIA supera valores de 20 mmHg associados à disfunção orgânica. 9.1. ETIOLOGIA Qualquer anormalidade que induza à elevação da pressão no interior da cavidade abdominal pode levar à HIA. Destacaremos as mais comuns para a sua prova: u Pós-operatório de hérnias volumosas com perda de domicílio. u Trauma abdominal e pós-operatório de trauma abdominal. u Complicações de abdome agudo inflamatório (em especial, pancreatite e diverticulite). u Pós-operatório de cirurgias abdominais complexas. u Transfusão maciça. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Cap. 5 141 u Sepse. O trauma contuso com hemorragia intra-abdomi- nal é a causa mais comum de HIA e SCA. Nesses casos, há distensão importante e edema das alças secundário ao trauma e à grande infusão de volume (cristaloides e sangue). 9.2. REPERCUSSÕES As consequências da SCA são muitas e multior- gânicas: u No território abdominal, ocorre redução da perfu- são esplâncnica (o que gera acidose e dilatação intestinal, piorando a HIA e com pronunciada re- dução da perfusão renal – insuficiência renal). u A pressão comprime o diafragma e transmite-se ao tórax, gerando uma hipertensão intratoráci- ca conjunta. Acontece transtorno ventilatório restritivo e necessidade de elevação dos pa- râmetros ventilatórios na ventilação mecânica (PEEP). O retorno venoso também é prejudica- do, diminuindo a pré-carga e, por conseguinte, o débito cardíaco. Vamos traduzir isso para um português bem sim- ples? A pressão dentro do abdome aumenta; por- tanto, tudo que está lá dentro fica apertado (sob pressão). Se está apertado, não consegue funcionar direito, chegando menos sangue às alças (isquemia mesentérica), com menor perfusão renal (oligúria e IRA). A pressão intratorácica aumenta também, comprime os pulmões e impede uma ventilação adequada. Não é fácil? Fizemos um esquema para facilitar o entendimento: Fluxograma 5. Fisiopatologia da SCA. ⬆ Pressão Intratorácica ⬆ PIC ⬇ Retorno VenosoIRA ⬇ Fluxo renal ⬇ Débito Urinário ⬇ Débito cardíaco⬇ Volume de ejeção ⬆ Volume diastólico final ⬆ Resistência vascular periférica ⬆ Pressão venosa central ⬆ Pressão em via aérea Isquemia de extremidades Isquemia orgânica Aumento da pressão abdominal Hipoxemia Hipercarbia Dificuldade de ventilação Fonte: Elaborado pelo autor. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Trauma 142 Quadro 14. Repercussões clínicas da HIA. Repercussões clínicas Sistema Nervoso Central: • Elevação da PIC • Diminuição da PPC Sistema cardiovascular: • Hipovolemia • Diminuição do débito cardíaco • Diminuição do retorno venoso • Aumento da PAP e da PVC • Aumento da resistência vascular periférica Sistema respiratório: • Elevação da pressão intratorácica • Aumento das pressões ventilatórias • Diminuição da complacência torácica • Alteração da relação ventilação/perfusão Sistema digestivo: • Diminuição do fluxo sanguíneo esplâncnico • Isquemia de mucosa e aumento da translocação bacteriana Sistema urinário: • Diminuição do débito urinário • Diminuição da perfusão renal • Diminuição da taxa de filtração glomerular Parede abdominal: • Diminuição da complacência abdominal Fonte: Elaborado pelo autor. 9.3. DIAGNÓSTICO O diagnóstico da SCA deve ser realizado por meio da mensuração da pressão intravesical, que deve ocorrer com instilação de 25 mL de solução salina estéril intravesical; o transdutor de pressão deve ser “zerado” no ponto de cruzamento da projeção da linha axilar média com a crista ilíaca. 9.4. TRATAMENTO Os princípios básicos essenciais para o tratamento de HIA e SCA são os seguintes: u Monitorização seriada da PIA. u Otimização da perfusão sistêmica e da função orgânica. u Instituição de intervenções clínicas específicas para controle e redução da PIA. u Descompressão cirúrgica imediata para PIA re- fratária às medidas anteriores. Ações como reduzir o tônus da musculatura tora- coabdominal com sedação, analgesia e bloqueio neuromuscular potencialmente reduzem a PIA para níveis mais baixos. O uso de sonda nasogástrica,enema e descompressão endoscópica são outros métodos simples e minimamente invasivos que podem auxiliar no manejo desses pacientes. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Cap. 5 143 Agentes estimuladores da motilidade gastrintesti- nal – como bromoprida, metoclopramida ou neos- tigmina – ainda não demonstraram evidências confiáveis de seus efeitos sobre a evacuação do conteúdo intraluminal do intestino e a consequente diminuição do volume total da víscera. No entanto, tais medicamentos são rotineiramente utilizados por diversos serviços. DICA Atenção: todas essas medidas são adjuvantes! O tratamento padrão-ouro é a descompressão cirúrgica por meio de lapa- rotomia xifopúbica mediana. Uma vez aplicada a cirurgia de controle de danos no caso de pacientes politraumatizados ou resol- vidas as causas primárias que induziram a SCA, o abdome deve preferencialmente ser deixado aberto, em peritoniostomia. Quadro 15. Tratamento da SCA. • Reduzir o tônus da musculatura toracoabdominal ⁃ Sedação ⁃ Analgesia ⁃ Bloqueio neuromuscular • Redução da pressão intra-abdominal ⁃ Sonda nasogástrica ⁃ Sonda retal/enema ⁃ Descompressão endoscópica • Estimuladores da motilidade gastrintestinal ⁃ Bromoprida ⁃ Metoclopramida ⁃ Neostigmina • Laparotomia descompressiva Fonte: Elaborado pelo autor. 9.5. CIRURGIA DE CONTROLE DE DANOS: DAMAGE CONTROL Esse não é um tema muito cobrado nas provas de R1, mas vamos aproveitar o contexto e rever alguns conceitos básicos! O paciente politraumatizado crítico apresenta um desarranjo metabólico importante, secundário a um ciclo vicioso composto por acidose metabó- lica, hipotermia e coagulopatia. Esse ciclo, se não cessado, levará o paciente à exaustão fisiológica e à morte, mesmo sob as mãos do mais habilidoso cirurgião. A cirurgia de controle de danos visa, por- tanto, controlar de maneira não definitiva as lesões do doente, antes que a tríade letal se instaure. FLASHCARD Qual é a tríade letal no paciente politraumatizado? Hipotermia, acidose metabólica e coagulopatia. A ideia é abreviar a cirurgia, levar o paciente para a UTI com o “abdome aberto” (curativo a vácuo, peri- toneostomia ou Bolsa de Bogotá), tentar estabilizar o doente e melhorar seu estado clínico para, num segundo momento, realizar o tratamento cirúrgico definitivo. DICA Tríade letal: hipotermia, acidose metabólica e coagulopatia. Se estivermos diante de um trauma muito grave, com um paciente chocado, recebendo muito volume de sangue, e o autor nos disser que ele está hipotérmico e com pH baixo, devemos lembrar da Cirurgia de Controle de Danos! Ela consiste em: u Controle do sangramento (tamponamento hepá- tico com compressas). u Controle da contaminação da cavidade: sutura de orifícios ou ressecção de alças. Não devemos reconstruir o trânsito ou realizar anastomoses nesse momento! Podemos deixar alças gram- peadas em fundo cego. Após um período de aproximadamente 24 a 72 horas na UTI, esses pacientes deverão ser submetidos a novo procedimento cirúrgico (second look) para controle definitivo das lesões. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Trauma 144 Figura 29. Grande edema de alças após cirurgia de urgência por diverticulite aguda complicada. Perceba que não há possibilidade de fechamento da cavidade abdominal sem aumento da pressão intra-abdominal. Fonte: Acervo do autor. Figura 30. Curativo de peritoneostomia a vácuo (Cirurgia de Controle de Danos). Fonte: Acervo do autor (Dr. Rodrigo Edelmuth). DIA A DIA MÉDICO ULTRASSOM NA SALA DE TRAUMA Desde a década de 1980, o ultrassom em trauma vem ganhando espaço na literatura médica, sobretudo nos serviços de emergência. Na Europa, esse método diag- nóstico tem sido utilizado também na fase pré-hospitalar, para avaliação do doente traumatizado. Vários estudos comparativos entre ultrassom, tomografia e lavado peri- toneal já foram realizados a fim de avaliar a utilidade diagnóstica de cada método. O ultrassom em trauma é realizado na própria sala de reanimação, por equipe trei- nada, permitindo um diagnóstico oportuno de hemorragia potencialmente fatal e indicação precoce de tratamento cirúrgico. Inicialmente, o exame foi dirigido para a região abdominal; em 1996, adotou-se o termo FAST (Focused Abdominal Sonogram for Trauma). Posteriormente, no mesmo ano, o método foi incluído nos programas de treinamento do Suporte Avançado de Vida no Trauma (ATLS) do Colégio Americano de Cirurgiões, e ampliou-se a definição do FAST para o que hoje conhecemos como avaliação focada por ultrassonografia para o paciente com trauma (Focused Assessment with Sonography for the Trauma Patient). No Brasil, o ultrassom em emergências e trauma é utilizado em diversos serviços de urgência, na maioria das vezes com o exame sendo realizado pelo médico radiologista, com formação específica. Poucos serviços do país dis- põem de radiologista de plantão nas 24 horas do dia, e menos ainda têm um aparelho de ultrassom disponível na sala de urgência do pronto-socorro. O ultrassom em emergências e trauma deve ser realizado por um médico com a devida capacitação. Sabe-se que é um método operador-dependente, com alta sensibilidade e espe- cificidade em mãos treinadas, usualmente de médicos radiologistas, mas o exame pode ser realizado por outro especialista, desde que adequadamente treinado. É uma arma propedêutica importantíssima que vem ganhando cada vez mais espaço, mesmo em pacientes estáveis. Não temos dúvidas de que o ultrassom é o novo estetoscópio. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Cap. 5 145 Mapa mental. ATLS – trauma abdominal Trauma abdominal Contuso Penetrante Estabilidade hemodinâmica Estável Aponeurose íntegra Conduta expectante Limpeza local, sutura, profilaxia contra tétano e alta Conduta cirúrgica em 99% dos casos Laparotomia de urgência se: • Evisceração • Choque • Peritonite • Sangramento digestivo Alguns centros de trauma sugerem realizar TC em casos específicos FAF Instável Evidência de penetração na cavidade Videolaparoscopia Utilizada em alguns centros de trauma • Internação • Jejum • Hb seriado Laparotomia de urgência se: • Evisceração • Choque • Peritonite • Sangramento digestivo • Queda Hb • Leucocitose FAB TC LDP ou FAST Se negativos, há indicação de exploração digital Conduta conforme achados tomográficos FAST + FAST negativo Laparotomia Buscar outras fontes de choque luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Trauma 146 REFERÊNCIAS 1. Flato UAP, Guimarães HP, Lopes RD, Valiatti JL, Flato EMS, Lorenza RG. Utilização do FAST-Estendido (EFAS- T-Extended Focused Assessment with Sonography for Trauma) em terapia intensiva 299. Rev Bras Ter Intensiva. 2010;22(3):291-9. 2. Secretaria Estadual da Saúde – PE. Prova de Residência Médica; 2020. 3. Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP – SP. Prova de Residência Médica; 2021. 4. Universidade de São Paulo – USP – SP. Prova de Resi- dência Médica; 2019. 5. Panella A, Notarnicola A, Solarino G, Moretti B. "Open-book" pelvic fracture with soft tissue serious damage in a child. Strategies Trauma Limb Reconstr. 2015 Apr;10(1):55- 7. https://doi.org/10.1007/s11751-015-0216-4. PMID: 25750134; PMCID: PMC4395564. 6. Imagem utilizada sob licença da Shutterstock.com, dispo- nível em: <https://www.shutterstock.com/image-photo/ pelvis-hip-xray-showing-closed-fracture-1566386308>. Acesso em: 04 de novembro de 2022. 7. Garcia LS, Melo ASA, Cañete LAQ. Traumatic rupture of the diaphragm with pericardial diaphragmatic hernia. Radiol Bras. 2018;51(5):347-8. https://doi.org/10.1590/0100- 3984.2017.0060 8. Moore EE, Cogbil TH, Malangoni MA, Jurkovich G, Cham- pion HR. Scaling system for organ specific injuries. The American Association for the Surgeryof Trauma [Internet]. 1996 [acesso em 27 out 2019]. Disponível em: http://www. aast.org/library/traumatools/injuryscoringscales.aspx. 9. Moore EE, Cogbill TH, Jurkovich GJ, Shackford SR, Malan- goni MA, Champion HR. Organ injury scaling: spleen and liver (1994 revision). J Trauma. 1994;38(3): 323-4. 10. Birch A, Walsh R, Devita D. Unique mechanism of chance fracture in a young adult male. West J Emerg Med. 2013 Mar;14(2):147-8. https://doi.org/10.5811/west- jem.2012.9.12646. PMID: 23599852; PMCID: PMC3628464. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA American College of Surgeons. Advanced Trauma Life Support – ATLS. 9. ed. Chicago: American College of Surgeons; 2012. Asfar S, Khoursheed M, Al-Saleh M, Alfawaz AA, Farghaly MM, Nur AM, et al. Management of liver trauma in kuwait. Med Princ Pract. 2014;23(2):160-6. Gerstenmaier JF. Radiology Quiz 22191. Radiopedia. [Internet]. [acesso em 27 out 2019]. Disponível em: https://radiopaedia. org/cases/22191/studies/22216?lang=us. Mandell SP. Overview of the diagnosis and initial management of traumatic retroperitoneal injury. UpToDate [Internet]; 2018 [acesso em 27 out 2019]. Disponível em: https://www.uptodate. com/contents/overview-of-the-diagnosis-and-initial-mana- gement-of-traumatic-retroperitoneal-injury. Mattox KL, Moore EE, Feliciano DV. Trauma. 7th ed. New York: The McGraw-Hill Companies; 2012. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Cap. 5 147 QUESTÕES COMENTADAS Questão 1 (PROCESSO SELETIVO UNIFICADO - MG - 2021) Paciente vítima de trauma penetrante por arma branca em região periumbilical, admitido com evisceração discreta de omento (1,0cm) e dor abdominal difusa. Dentre as opções abaixo, assinale a MELHOR CONDUTA nesse caso: ⮦ Higienização da ferida, redução do omento, su- tura da pele e observação rigorosa do paciente. ⮧ Indicação de laparotomia exploradora de ur- gência. ⮨ Realização de lavado peritoneal diagnóstico em busca de sinais de lesão de víscera oca. ⮩ Realização de tomografia computadorizada de abdome e pelve. Questão 2 (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2019) Mulher de 24 anos, vítima de atropelamento por motocicleta é admi- tida em centro hospitalar de trauma. Encontra- -se com via aérea pérvia, murmúrios vesiculares presentes e simétricos, frequência cardíaca 90 bpm, pressão arterial 115 x 75 mmHg, tempo de enchimento capilar normal, consciente, orientada, pupilas isocóricas e fotorreagentes. Dor abdomi- nal em flanco e hipocôndrio esquerdos. Realizada tomografia de abdome, demonstrada a seguir. As demais fases do exame não trouxeram informa- ções adicionais. Qual é a conduta? ⮦ Laparotomia para esplenectomia. ⮧ Laparotomia para “controle de danos”. ⮨ Tratamento não operatório. ⮩ Laparoscopia para hemostasia. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Trauma 148 Questão 3 (ASSOCIAÇÃO MÉDICA DO RIO GRANDE DO SUL – 2017) Em ví- timas de trauma abdominal penetrante por projétil de arma de fogo, é correto afirmar que: ⮦ A regra é a indicação cirúrgica, independente- mente do estado hemodinâmico da vítima. ⮧ A regra é a observação clínica, operando apenas se houver instabilidade hemodinâmica. ⮨ Deve-se tratar todos os casos com laparotomia ressuscitativa. ⮩ Deve-se tratar os casos com relaparotomias programadas. ⮪ Deve-se tratar os casos com peritoniostomia. Questão 4 (HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN – SP – 2017) Passagei- ro do banco da frente (carona), 34 anos, com cinto de segurança, foi vítima de acidente automobilístico contra um anteparo fixo. Chega ao pronto-socorro 30 minutos após o acidente, imobilizado em pran- cha longa, com colar cervical locado e hemodina- micamente normal. Ao exame físico, nota-se equi- mose transversal e horizontal ao longo da região do hipogástrio, exatamente onde estava o cinto de segurança. Refere mínima dor à palpação abdo- minal. O exame Focused Abdominal Sonogram for Trauma – (FAST) mostra presença de líquido livre na cavidade abdominal confirmado por tomografia de abdome, a qual não mostra lesão de vísceras parenquimatosas. A principal causa dos achados de imagem é: ⮦ Perfuração de cólon ⮧ Lesão de intestino delgado ⮨ Hematoma duodenal ⮩ Fratura de bacia ⮪ Ruptura de estômago Questão 5 (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2018) Homem de 24 anos foi vítima de ferimento por faca em 7º espa- ço intercostal, linha axilar média esquerda. Está hemodinamicamente estável e sua radiografia de tórax é normal. Qual é a conduta para o caso? ⮦ Ultrassom de abdome (FAST) ⮧ Tomografia de tórax e abdome ⮨ Laparoscopia ⮩ Drenagem de tórax Questão 6 (FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA UNICAMP – SP – 2018) Homem, 34 anos, sem comorbidades, realizou to- mografia computadorizada com contraste endo- venoso por trauma abdominal contuso, na qual se evidenciou lesão hepática. São indicações de tra- tamento não operatório, exceto: ⮦ Queda na hemoglobina de 12 g/dL para 9 g/dL. ⮧ Presença de extravasamento de contraste (blush) na lesão. ⮨ Moderada quantidade de líquido livre intraperi- toneal, em dois quadrantes. ⮩ Existe disponibilidade de hemoderivados. Questão 7 (SANTA GENOVEVA COMPLEXO HOSPITALAR – 2017) No trau- ma abdominal contuso, a víscera MAIS frequente- mente lesada é: ⮦ Intestino delgado. ⮧ Diafragma. ⮨ Íleo. ⮩ Baço. Questão 8 (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS – SP – 2021) Homem, 21a, chega ao pronto-socorro vítima de acidente motociclístico. Exame físico: consciente, orienta- do, PA= 117 x 78 mmHg, FC = 92 bpm, FR = 16 irpm, oximetria de pulso (ar ambiente) = 99%; abdome: escoriações em parede anterior priumbilical. Rea- lizado FAST (Focused Assessment With Sonogra- phy For Trauma): luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Cap. 5 149 As interações das imagens acima – 1 (espaço he- patorrenal), 2 (espaço esplenorrenal) e 3 (fundo de saco) – são, respectivamente: ⮦ Positivo, negativo, negativo. ⮧ Positivo, positivo, negativo. ⮨ Negativo, positivo, positivo. ⮩ Negativo, negativo, positivo. Questão 9 (UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – 2018) Homem de 24 anos foi vítima de ferimento por faca em 7º espaço in- tercostal, linha axiliar média esquerda. Está hemo- dinamicamente estável e sua radiografia de tórax é normal. Qual é a conduta para o caso? ⮦ Tomografia de tórax e abdome ⮧ Laparoscopia diagnóstica ⮩ Ultrassom FAST ⮪ Drenagem de tórax Questão 10 (HOSPITAL SÍRIO-LIBANÊS – SP – 2021) Um rapaz de 23 anos foi vítima de colisão de moto x auto. No pronto-so- corro, tem a via aérea pérvia e o exame pulmonar é normal. FR: 14 irpm. Saturação de O2 em ar am- biente: 95%. Pulso: 120 bpm, PA: 100 x 60 mmHg, tempo de enchimento capilar: 3 segundos. A pelve é estável. Sondagem vesical: hematúria. Glasgow: 14. Tem escoriações em tórax e abdome e fratura fechada de rádio direito, com pulso distal presen- te. Após reanimação volêmica, fez tomografia de corpo inteiro, com os seguintes achados: fratura de maxilar, hemossinus, fratura dos 3 arcos costais inferiores à esquerda, hemotórax, lesão esplênica grau II e lesão renal grau II. Foi submetido à dre- nagem de tórax, com saída de 200 mL de sangue. Recebeu 3 litros de cristaloide aquecido. Apresenta agora: pulso: 100 bpm, PA: 110 x 80 mmHg. Melhor conduta, em condições ideais, em relação às lesões de baço e de rim: ⮦ Embolização da lesão renal; tratamento conser- vador da lesão esplênica. ⮧ Condução não operatória (observação em terapia intensiva) tanto da lesão do rim quanto do baço. ⮨ Cirurgia imediata (laparoscopia ou laparotomia), para reparo das lesões ou retirada do órgão. ⮩ Embolização de ambas as lesões. ⮪ Esplenectomia, preservando-se o rim, caso não haja hematoma em expansão, no intraoperatório. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Trauma 150 Questão 11 (HOSPITAL ISRAELITA ALBERT EINSTEIN - 2022) Um homem de 35 anos de idade foi atropelado e levadoao pron- to-socorro inconsciente e já intubado. Na chegada: pulso: 100 bpm; PA: 120 × 80 mmHg. Os pulsos são cheios. Não tem sinais externos significativos de trauma. Não há suspeita clínica de fraturas. A to- mografia de corpo inteiro não mostra lesões intra- cranianas nem no tórax. No abdômen, mostra lesão hepática grau III, com líquido livre peri-hepático e na pelve. As condições hemodinâmicas se mantêm. Melhor conduta em relação ao trauma abdominal: ⮦ Laparoscopia, para afastar lesão de alça intes- tinal. ⮧ Tratamento não operatório. ⮨ Laparotomia, com correção da lesão hepática e drenagem. ⮩ Arteriografia. Questão 12 (HOSPITAL PRÓ-CARDÍACO - RJ - 2021) Homem, 45 anos de idade, vítima de ferimento por arma branca (faca de cozinha) em região abdominal, durante tentativa de assalto. Trazido por familiares ao pronto socorro, com tempo de transporte de 20 minutos. Admissão: paciente contactante, fonação preservada, ausculta torácica sem alterações, frequência respiratória: 20 incursões/minuto, saturação periférica de O₂, em ar ambiente: 97%, frequência cardíaca: 88 batimentos/ minuto, pressão arterial: 110 x 90 mmHg. Abdome plano com ferida corto contusa, de 3cm em região de flanco direito, com pequeno sangramento local. Na tentativa de exploração digital, não foi possível definir se houve penetração na cavidade. Qual deve ser a conduta inicial neste caso? ⮦ Indicar laparotomia exploradora de urgência. ⮧ Internar; hemoglobina e hematócrito de 6/6 ho- ras + antibioticoterapia. ⮨ Indicar a realização de videolaparoscopia diag- nóstica. ⮩ Solicitar tomografia de abdome e pelve, com contraste endovenoso. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Cap. 5 151 GABARITO E COMENTÁRIOS Questão 1 dificuldade: Alternativa A: INCORRETA. A redução digital de um paciente eviscerado é má prática médica e está completamente proscrita. Alternativa B: CORRETA. Quais as indicações de lapa- rotomia em vítima de trauma penetrante? (i) evisce- ração (ii) peritonite (iii) instabilidade hemodinâmica (iv) sangramento digestivo. Alternativa C: INCORRETA. O LPD não tem indicação no trauma penetrante. Fica reservado para casos de trauma abdominal contuso em pacientes instáveis. Alternativa D: INCORRETA. a tomografia não alteraria em nada na conduta. Esse paciente já tem indica- ção absoluta de cirurgia, pois está eviscerado. A tomografia poderia ser realizada caso ele estives- se estável hemodinamicamente com o ferimento penetrante, mas SEM evisceração. ✔ resposta: ⮧ Questão 2 dificuldade: Comentário: Tema cada vez mais cobrado em pro- va: tratamento conservador de trauma de vísceras parenquimatosas! Mesmo com um baço “explodi- do”, essa conduta é possível em pacientes estáveis hemodinamicamente, clinicamente bem e sem pe- ritonite! Nessas questões, o autor vai nos colocar diante de dois cenários distintos: 1. Paciente grave, chocado, com muita dor e que responde mal à reanimação volêmica inicial. 2. Paciente também grave, mas que respondeu ao atendimento inicial: melhoraram os parâmetros clínicos (não está mais hipotenso nem taquicárdico) e tem dor, mas não tem peritonite. A conduta no paciente 1 é cirúrgica; já no paciente 2 refere-se à internação em UTI com Hbs seriados e exame físico constante. ✔ resposta: ⮨ Questão 3 dificuldade: Comentário: Em mais de 90% dos casos de trauma penetrante por arma de fogo em abdome, a indi- cação é de cirurgia, independentemente do estado hemodinâmico do paciente. Porém, se o trauma for em flancos ou dorso e o paciente estiver estável, podemos solicitar uma TC de abdome para melhor investigação. Contudo, a regra é indicar cirurgia. ✔ resposta: ⮦ Questão 4 dificuldade: Comentário: Vítima de acidente automobilístico, que estava no banco da frente (carona) do carro, apre- senta-se com equimose transversal e horizontal ao longo da região do hipogástrio, exatamente no local do cinto de segurança. Ao FAST, presença de líquido livre na cavidade abdominal, confirmado por TC de abdome, que não mostra lesão de vís- ceras parenquimatosas, como fígado ou baço, as mais comuns no trauma contuso. Portanto, esta- mos diante de uma provável lesão de víscera oca, bastante sugestiva diante de um quadro de trauma abdominal com líquido livre + ausência de lesão em víscera oca. Pela localização e maior exposição aos traumas, o intestino delgado é que provavelmente foi lesionado nesse paciente em questão. ✔ resposta: ⮧ luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Trauma 152 Questão 5 dificuldade: Comentário: A questão nos traz um paciente vítima de ferimento penetrante em região toracoabdomi- nal. O exame padrão-ouro para avaliar essa região é a laparoscopia. Sempre temos que pensar em lesão diafragmática! ✔ resposta: ⮨ Questão 6 dificuldade: Comentário: O manejo de lesões hepáticas em trau- ma abdominal contuso, sem outros achados, pode ser realizado de maneira conservadora na maioria dos casos estáveis. Sinais de instabilidade hemo- dinâmica, peritonite e pneumoperitônio são indica- tivos de tratamento cirúrgico. A presença de Blush na lesão indica sangramento ativo, e a CD inicial pode ser arteriografia com embolização. Se falhar, é indicado tratamento cirúrgico. ✔ resposta: ⮧ Questão 7 dificuldade: Comentário: É a típica questão que demanda um conteúdo decorado. Segundo o ATLS, o baço é o órgão mais acometido nos traumas abdominais fechados (40 a 55%), seguido de fígado (35-45%) e intestino delgado (10%). Batida = lesão de Baço. ✔ resposta: ⮩ Questão 8 dificuldade: Y Dica do professor: questão direta de radiologia! O autor não nos pergunta a conduta nesse caso, mas qual seria? Temos um paciente estável com FAST positivo. Ele deve realizar uma tomografia de abdome para melhor avaliar a etiologia desse líquido. A laparotomia sem a tomografia não está indicada, pois ele está estável! Alternativa A: CORRETA. Na primeira imagem, con- seguimos ver líquido livre no espaço hepatorrenal (espaço de Morison). Repare que há uma imagem hipoecoica (preta) entre o rim e o fígado. O FAST da figura 2 é NEGATIVO. Não há líquido entre o baço e o rim. Perceba que, ao redor dos orgãos, há uma linha hiperecoica (branca), demarcando a cápsula do orgão. A última figura demonstra o fundo de saco (janela pélvica). A imagem central preta (hipoecoi- ca) é a bexiga cheia de líquido. Não há imagens (hipoecoicas) pretas ao redor dela, demonstrando que não há líquido livre. ✔ resposta: ⮦ Y Obs.: A banca anulou a questão, pois a figura 2 ficou mal impressa e escura no dia da prova. Questão 9 dificuldade: Comentário: Questão fácil para o aluno que reco- nheceu que se trata de um ferimento em transição toracoabdominal, pois o FAB foi abaixo do 5º EIE. Nesses casos, precisamos afastar lesão diafrag- mática, e o único método fidedigno para isso é a laparoscopia diagnóstica. ✔ resposta: ⮧ Questão 10 dificuldade: Y Dica do professor: trauma abdominal contuso com lesão de orgãos parenquimatosos é questão clás- sica de prova! Cada vez mais as condutas tendem a ser conservadoras. As condutas cirúrgicas ficam reservadas a pacientes muito graves, que mantêm instabilidade hemodinâmica mesmo após o aten- dimento inicial, reposição volêmica e que apresen- tem peritonite. Alternativa A: INCORRETA. O autor não nos disse que há blush arterial (extravasamento arterial). Em caso positivo, haveria indicação de embolização por ar- teriografia. Alternativa B: CORRETA. O paciente encontra-se rela- tivamente bem, sem peritonite e estável hemodina- micamente após reposição volêmica inicial. Alternativa C: INCORRETA. A cirurgia de urgência nes- ses casos fica reservada para pacientes instáveis, que não respondem ao manejo inicial com crista- loides e/ou sangue. Alternativa D: INCORRETA. Como já dito, a emboliza- ção só tem indicação quando há extravasamento de contraste na tomografia. luanaargon@id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma abdominal Cap. 5 153 Alternativa E: INCORRETA. Não há indicação de esple- nectomia em pacientes com boa resposta, mesmo com trauma grave do orgão (que não é o caso). ✔ resposta: ⮧ Questão 11 dificuldade: Y Dica do autor: Questão cada vez mais clássica em prova: qual a conduta em trauma hepático, esplênico ou renal (vísceras parenquimatosas) em paciente com relativa estabilidade hemodinâmica? A mais conservadora possível! Alternativa A: INCORRETA. A videolaparoscopia no trauma tem duas importantes indicações: (i) avaliar lesão diafragmática em FAB na região tóraco-abdo- minal ou (ii) avaliar lesão de serosas, mesentério ou bexiga quando a TC evidencia líquido livre na cavida- de na ausência de lesão de víscera parenquimatosa. Alternativa B: CORRETA. O que indica a cirurgia nos traumas abdominais contusos é o quadro geral do paciente e seu estado hemodinâmico, não o grau da lesão na tomografia. Alternativa C: INCORRETA. Indicamos cirurgia somen- te para pacientes instáveis hemodinamicamente ou para aqueles que não responderam a reposição volêmica inicial. Alternativa D: INCORRETA. A arteriografia com embo- lização (radidologia intervencionista) fica reservada quando há sangramento arterial visto na tomografia (blush arterial). ✔ resposta: ⮧ Questão 12 dificuldade: Y Dica do autor: Estamos frente a um FAB em flan- co! Não confundam com o manejo de FAB em pa- rede anterior. Alternativa A: INCORRETA. A laparotomia, sem exa- mes de imagem, está indicada somente nos casos de: evisceração, peritonite, choque ou sinais de sangramento do TGI (hematêmese, enterorragia, sangue em SNG ou toque retal). Alternativa B: INCORRETA. Essa conduta estaria cor- reta para FAB em parede anterior sem os sinais descritos acima. Alternativa C: INCORRETA. A videolaparoscopia é um excelente método para avaliar cavidade peritonetal (FAB de parede anterior). Nos flancos, precisamos lembrar de lesões renais e retroperitoneais. Alternativa D: CORRETA. Para lesões de flanco e dor- so, precisamos solicitar tomografia com constras- te venoso em 3 fases: arterial, venosa e excretora. ✔ resposta: ⮩ luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e Fixe seus conhecimentos! 154 FIXE SEU CONHECIMENTO COM RESUMOS Use esse espaço para fazer resumos e fixar seu conhecimento! _____________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________ luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 155 Capítulo 6ATLS – TRAUMA GENITURINÁRIO O QUE VOCÊ PRECISA SABER? u Precisamos nos lembrar de três orgãos: uretra, bexiga e rins. u Trauma uretral: saber diferenciar lesão de uretra anterior de posterior. A conduta na urgência sempre vai ser cistostomia. u Trauma vesical: a rotura foi intra ou extraperitoneal? A primeira é de tratamento cirúrgico. Na segunda, basta passar uma sonda vesical de alívio e aguardar. u O manejo do trauma renal costuma ser conservador: lembre-se de como manejar o trauma hepático e esplênico. BASES DA MEDICINA Vamos aproveitar e relembrar rapidamente a anatomia do trato geniturinário? 1. URETRA BASES DA MEDICINA A uretra é dividida em duas porções: segmento anterior e segmento posterior. A porção anterior é composta pela uretra navicular, peniana e bulbar. Já a posterior é com- posta pelas uretras prostática e membranosa. 2. BEXIGA BASES DA MEDICINA A bexiga é um órgão muscular oco e tem um formato tetraédrico, com teto, duas paredes laterais e a base ou o assoalho. Seu tamanho, sua forma e suas relações dependem de sexo, idade e quantidade de urina. Sua relação com o peritônio é de fundamental importância para melhor compreender o trauma vesical: a bexiga é recoberta por peritônio na parte superior, que continua como lâmina parietal anterior na face ventral. Em sua região posterior, a bexiga reflete-se sobre o útero, na mulher, e sobre o reto, no homem. Em sua base, a região de forma triangular formada pelos dois óstios ureterais e pelo orifício interno da uretra é chamada de trígono vesical. importância/prevalência luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma geniturinário Trauma 156 3. TRAUMA UROLÓGICO Vamos dividir esse tópico em três: u Trauma uretral. u Trauma vesical. u Trauma renal. 3.1. TRAUMA URETRAL A lesão uretral é associada mais frequentemente a fraturas pélvicas ou à “queda a cavaleiro”. Por ser mais longa e mais exposta do que a feminina, a uretra masculina é envolvida com maior frequência. A uretra pode ser lesionada em dois diferentes locais: u Uretra posterior. u Uretra anterior. A lesão de uretra posterior (segmentos prostático e membranoso) tem relação direta com fraturas pélvicas. A porção membranosa é mais acometida do que a porção prostática. Isso é fácil de entender quando lembramos que a porção prostática está mais protegida, pois está dentro da próstata. Já a lesão de uretra anterior (uretra peniana e bulbar) tem associação com trauma contuso, fraturapeniana, queda a cavaleiro (esmagamento da uretra) e lesões iatrogênicas. DICA Trauma Pélvico tem relação com lesão de uretra Posterior (segmentos pros- tático e membranoso). DICA Lesão de uretra Anterior (uretra pe- niana e bulbar) = queda A cavaleiro. Os principais sintomas são uretrorragia, retenção urinária com distensão da bexiga, equimose perineal, sangue no saco escrotal e próstata em posição alta identificada ao toque retal (próstata flutuante). FLASHCARD Qual a tríade clássica da lesão de uretra? Uretrorragia, retenção urinária e bexigoma. E qual a tríade clássica da lesão de uretra? u Uretrorragia. u Retenção vesical: incapacidade de urinar. u Globo vesical palpável (bexigoma). Quadro 1. Quando suspeitar de lesão de uretra? • Trauma pélvico • Uretrorragia • Equimose perineal • Sangue no saco escrotal • Próstata cefalizada/próstata flutuante • Globo vesical palpável (bexigoma) Fonte: Elaborado pelo autor. O cateterismo vesical está formalmente contrain- dicado nesses casos, pois pode agravar a lesão. O diagnóstico é feito por meio da uretrografia retró- grada, e o tratamento consiste na cistostomia supra- púbica. A uretroplastia é realizada tardiamente. 4. TRAUMA VESICAL A lesão da bexiga é mais frequente após trauma- tismo fechado, geralmente associado à fratura de bacia (70% dos casos) ou à contusão, acometendo o andar inferior do abdome. FLASHCARD Qual é o exame de escolha para avaliar trauma vesical? Uretrocistografia retrógrada. A lesão da bexiga pode ser extraperitoneal ou intraperitoneal. As lesões extraperitoneais estão associadas à fratura da pelve por perfuração dos fragmentos ósseos. Já a ruptura intraperitoneal é secundária a traumatismos fechados em andar inferior de abdome, sobretudo se a bexiga estiver cheia (ocorre explosão da bexiga). luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma geniturinário Cap. 6 157 O principal sinal de lesão vesical é hematúria franca. Se estivermos diante de uma suspeita de lesão de bexiga, devemos solicitar uma cistografia retrógrada. DICA A uretrocistografia retrógrada é o exame de escolha para avaliar trauma vesical. A cistografia da ruptura intraperitoneal é bastante clássica e tem mais chances de cair na prova! Nes- sas imagens, conseguimos ver contraste dentro da cavidade peritoneal (o contraste sobe e fica entre as alças). Veja as imagens a seguir: Figura 1. I - Cistografia retrógrada mostrando lesão intraperitoneal de bexiga (note o extravasamento do contraste para a cavidade peritoneal). II - Cistografia retrógrada com lesão extraperitoneal de bexiga: o contraste não extravasa para cima e se mantem junto da bexiga, especialmente à direita. Fonte: HIAE1. Já a cistografia da ruptura extraperitoneal é mais rara e de difícil visualização. Cuidado! O tratamento varia de acordo com o tipo de lesão: u Lesões intraperitoneais: laparotomia com rafia da lesão. u Lesões extraperitoneais: conduta conservadora com descompressão vesical (Sonda de Foley por pelo menos 14 dias). 4.1. TRAUMA RENAL O trauma renal é pouco frequente e está presente em somente 10% dos traumas abdominais fechados. Sempre devemos suspeitar em caso de acidentes automobilísticos com contusão direta e fratura de costelas inferiores, sobretudo se houver hematúria! Lembre-se disto: a hematúria, apesar de inespecífica, é a manifestação mais frequente do trauma renal. FLASHCARD Quando pensar em trauma renal? Hematúria + história de contusão em flanco. DICA Trauma renal: hematúria + história de contusão em flanco ou região lombar. Na suspeita de lesão renal, o exame padrão-ouro é a TC de abdome com contraste em três fases (arterial, venosa e excretora). Mas cuidado! Não podemos nos esquecer de que a estabilidade hemo- dinâmica é condição obrigatória para a realização da tomografia. A lesão renal pode ser classificada conforme a Figura 2: Figura 2. Classificação do trauma renal. Fonte: Acervo Sanar. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma geniturinário Trauma 158 Quadro 2. Classificação do trauma renal. Classificação do trauma renal Conduta I • Contusão ou hematoma subcapsular não expansivo. Sem laceração parenquimatosa. ConservadoraII • Hematoma perirrenal não expansivo. Laceração do córtex renal com extensão inferior a 1 cm. Sem extravasamento urinário. III • Laceração parenquimatosa superior a 1 cm. Sem ruptura do sistema coletor ou extra-vasamento urinário. IV • Laceração atingindo córtex, medula e sistema coletor. • Lesão da artéria ou veia renais segmentares, com hemorragia contida. Controverso… V • Várias lacerações de grau 4: rim completamente fragmentado. • Avulsão do pedículo com desvascularização renal. Cirúrgico Fonte: Moore et al.2 A conduta conservadora representa quase 90% dos procedimentos em trauma renal fechado! Lesões de graus I, II e III sempre são de conduta expectante, com repouso, analgesia, reavaliação clínica e vigilân- cia hematimétrica. Há quem defenda cirurgia para os traumas renais grau IV, mas a tendência é ado- tarmos uma conduta não operatória em pacientes hemodinamicamente estáveis, sobretudo quando a lesão do rim foi decorrente de contusão abdominal. As indicações cirúrgicas em pacientes estáveis ficam reservadas para quando há extravasamento urinário extenso, lesão do “pedículo renal” ou trom- bose de veia renal. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma geniturinário Cap. 6 159 Mapa mental. ATLS – Trauma geniturinário Trauma urinário Uretra Rim Bexiga • Uretrorragia • Equimose perineal • Bexigoma/retenção urinária Anterior Pacientes estáveis Lesão intraperitoneal Avaliar grau da lesão por TC • Queda a cavaleiro • Trauma contuso • Fratura peniana • Lesão iatrogênica Cistostomia Posterior Instabilidade hemodinâmica Lesão extraperitoneal Fraturas pélvicas LaparotomiaConduta minimamente invasiva/expectante na imensa maioria dos casos SVD por 14 diasLaparotomia para rafia Cistostomia luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma geniturinário Trauma 160 REFERÊNCIAS 1. Hospital Israelita Albert Einstein – HIAE. Prova de resi- dência médica, especialidades cirúrgicas; 2019. 2. Moore EE, Cogbill TH, Jurkovich GJ, Shackford SR, Malan- goni MA, Champion HR. Organ injury scaling: spleen and liver (1994 revision). J Trauma. 1994; 38(3): 323-4. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA Bladder Rupture Intraperitoneal and Extraperitoneal. Learning radiology [Internet]; 2015 [acesso em 27 out 2019]. Disponí- vel em: http://learningradiology.com/archives04/COW%20 101-Bladder%20Rupture/bladderrupturecorrect.htm. Christ Emergency Medicine. ACMC Emergency Medicine [Internet]; 2014 [acesso em 27 out 2019]. Disponível em: http://www.christem.com/acmcem-conf-notes/2014/5/29/ conference-notes-5-28-2014.html. Cury J, Mesquita JLB, Pontes J, Oliveira LCN, Cordeiro M, Coelho RF. Trauma urológico. Rev Med (São Paulo). 2008;87(3):184-94. Nourian A. Bladder Rupture. Radiopaedia [Internet]; 2005-2022 [acesso em 27 out 2019]. Disponível em: https://radiopaedia. org/cases/bladder-rupture-5?lang=us. Platter DL, Vaccaro JP, Nelson EL. Bladder Trauma Imaging. Medscape [Internet]; 2018 [acesso em 27 out 2019]. Disponível em: https://emedicine.medscape.com/article/377735-o- verview. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma geniturinário Cap. 6 161 QUESTÕES COMENTADAS Questão 1 (SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS - BAHIA - 2021) Paciente, 32 anos de idade, sexo feminino, vítima de aci- dente de motocicleta, há 45 minutos, é trazida ao Pronto Socorro pelo SAMU. A paciente estava na moto usando capacete e foi ejetada para mais de 10 metros, após a colisão. Chega ao hospital em prancha rígida e usando colar cervical; foi infundido 1500mL de solução cristaloide por cateter venoso periférico no pré-hospitalar. Ao exame inicial, Via aérea pérvia, mantido colar cervical,SatO2: 94% com cateter de O2 15L/min; murmúrios vesicula- res bem distribuídos e sem ruídos adventícios, FR: 18ipm; Bulhas rítmicas e normofonéticas em dois tempos, FC: 130bpm, PA: 82x52mmHg, abdome in- dolor à palpação, pelve instável e toque retal sem alterações; D: escala de coma de Glasgow=13, pu- pilas isocóricas e fotorreagentes; escoriações em abdome e pelve. Realizada ultrassonografia focada para o trauma, na sala de emergência, não sendo evidenciado líquido livre em cavidade. Foi realizada também uma radiografia de pelve, na sala do trau- ma. De acordo com o caso clínico e o exame de imagem, Indique o exame complementar que deve ser realizado, caso a paciente apresente hematoma em períneo e hematúria. ⮦ Urografia excretora. ⮧ Uretrocistografia retrógrada. ⮨ Cistoscopia. ⮩ Tomografia computadorizada de abdome e pelve. ⮪ Limites auxiliares para tratamento da hemorra- gia oculta por embolização. Questão 2 (HOSPITAL CENTRAL DA POLÍCIA MILITAR/RJ – 2014) No trauma de bexiga, as opções abaixo estão corretas, EXCETO: ⮦ A associação com fratura de ossos da pelve é bastante comum. ⮧ Hematúria é o sinal mais frequente. ⮨ As lesões extraperitoneais costumam ser cau- sadas por perfuração de fragmentos ósseos adjacentes. ⮩ As lesões de reto associadas ocorrem principal- mente no trauma aberto. ⮪ O manejo da maioria das lesões intraperitoneais é conservador, não cirúrgico, devendo apenas manter sonda de Foley por 14 dias. Questão 3 (USP – SP – 2018) Homem de 36 anos de idade é vítima de acidente automobilístico (colisão entre dois au- tomóveis de passeio). Chega ao pronto-socorro de um hospital terciário imobilizado por colar cervical e com vias aéreas protegidas. No exame clínico, está hemodinamicamente estável. Pontuação na Escala de Coma de Glasgow: 15; apresenta dor à palpação de flanco esquerdo. O resultado do FAST na sala de emergência é negativo. A tomografia computadorizada de abdome e pelve evidenciou volumoso hematoma perirrenal à esquerda e ex- travasamento de contraste na fase arterial. Qual é a conduta para o caso? ⮦ Nefrectomia total esquerda. ⮧ Embolização por arteriografia. ⮨ Laparotomia exploradora e controle de danos. ⮩ Observação clínica em terapia intensiva. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma geniturinário Trauma 162 Questão 4 (UNIVERSIDADE DE RIO VERDE – GO – 2020) Paciente de 35 anos, vítima de acidente motociclístico, com trauma direto em bacia por compressão, junto ao tanque da motocicleta. Não apresentou lesões associadas (crânio, tórax, abdome), exceto por escoriações em membro superior direito. Após avaliação inicial (ABCDE), apresentou dificuldade para urinar, porém tinha RX de bacia normal. Qual a melhor hipótese diagnóstica e conduta? ⮦ Trauma de bexiga extraperitonial, sondagem vesical de demora. ⮧ Trauma de uretra bulbar, uretrografia retrógrada e cistostomia. ⮨ Trauma de uretra posterior, uretrografia retró- grada e cistostomia. ⮩ Trauma de uretra prostática, uretrografia retró- grada e sondagem vesical de demora. Questão 5 (H.U. BETTINA FERRO DE SOUZA/JOÃO BARROS BARRETO – PA – 2020) Paciente, sexo masculino, 35 anos, foi trazido ao Pronto Atendimento com história de acidente au- tomobilístico. No acidente, houve esmagamento da região perineal pelas ferragens do automóvel, mas sem outros traumas evidentes (membros, crania- no, tórax ou abdome). Após o atendimento inicial, observou-se que o paciente não conseguia urinar e a rotina da radiologia do trauma não evidenciou fratura da bacia. A hipótese diagnóstica e a condu- ta adequada são: ⮦ trauma de uretra posterior, uretrografia retrógra- da e cistostomia. ⮧ trauma de uretra bulbar, sondagem vesical de demora. ⮨ trauma de uretra posterior, sondagem vesical de demora. ⮩ trauma de uretra bulbar, uretrografia retrógrada e cistostomia. ⮪ trauma de uretra prostática, uretrocistoscopia e sondagem vesical de demora. Questão 6 (HOSPITAL DA AERONÁUTICA DE SÃO PAULO – SP – 2020) Pa- ciente, sexo masculino, 48 anos, chegou à UPA com história de queda em domicilio com impacto abdominal, referindo intensa dor em região de hi- pogástrio acompanhado de hematúria. Após reali- zação de exames de imagem, verificou-se trauma de bexiga intraperitoneal. Qual a melhor conduta? ⮦ Cistostomia. ⮧ Sondagem vesical com irrigação da bexiga para aliviar a hematúria + Cistostomia. ⮨ Cirurgia imediata. ⮩ Sondagem vesical, cistostomia e acompanha- mento do fechamento da lesão vesical com USG 2/2 dias. Questão 7 (SECRETARIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO DE VOLTA REDON- DA – RJ – 2020) Paciente admitido vítima de atropela- mento. Após estabilizado, realizada passagem de sonda vesical de demora. Esse procedimento está contraindicado se houver: ⮦ Uretrorragia. ⮧ Hematúria. ⮨ Sangue no toque retal. ⮩ Fratura de fêmur. ⮪ Equimose extensa em flanco. Questão 8 (HOSPITAL SÍRIO LIBANÊS – SP – 2021) Vítima de colisão de moto com poste, um homem de 22 anos tem dor em hipogástrio e hematúria. Na investigação, a tomografia de corpo inteiro, feita com contras- te venoso, mas apenas com fase arterial e portal, evidenciou líquido livre em pelve. Não teve outros achados, exceto fratura estável de bacia. Diagnós- tico mais provável e melhor conduta: ⮦ Nada se pode afirmar − Uretrocistografia retró- grada. ⮧ Lesão de uretra posterior − Exploração cirúrgica. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma geniturinário Cap. 6 163 ⮨ Trauma renal − Fazer a fase excretora da tomo- grafia, para planejamento cirúrgico. ⮩ Lesão de bexiga extraperitoneal − Sondagem vesical. ⮪ Lesão de bexiga intraperitoneal − Exploração cirúrgica. Questão 9 (SECRETARIA MUNICIPAL DE ADMINISTRAÇÃO DE VOLTA REDON- DA – RJ – 2020) Paciente masculino, 15 anos, vítima de politrauma por queda de bicicleta, apresenta fratura de pelve, uretrorragia, retenção urinária e hemato- ma perineal, qual a porção da uretra é afetada com maior frequência? ⮦ Uretra membranosa. ⮧ Uretra bulbar. ⮨ Uretra Prostática. ⮩ Uretra Peniana. ⮪ Uretra Anterior. Questão 10 (UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ – BELÉM – PA) O órgão do trato urinário mais comumente lesado no trauma é: ⮦ rim. ⮧ bexiga. ⮨ uretra. ⮩ ureter direito. ⮪ ureter esquerdo. Questão 11 (HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES – UFRN – 2010) Ten- do recebido uma joelhada no flanco direito, durante uma partida de futebol, um jogador do Jardim Fu- tebol Clube é levado para o hospital. Ao urinar, ele apresentou hematúria macroscópica, e foi, então, realizada uma tomografia de abdome, que revelou trauma renal grau II (pequena laceração cortical e hematoma perirrenal). De acordo com a American Association for the Surgery of Trauma, para o caso desse paciente a conduta adequada é: ⮦ exploração cirúrgica da lesão, com renorrafia. ⮧ internação, repouso no leito e dosagem seriada do hematócrito. ⮨ drenagem do hematoma por via percutânea. ⮩ tratamento ambulatorial e orientação de não praticar esportes. Questão 12 (SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE SÃO PAULO – SP – 2017) Ho- mem, 23 anos, vítima de queda de moto com trauma em região lombar esquerda é atendido na sala de emergência. Seus dados vitais são: pressão arte- rial igual a 90 x 60 mmHg, pulso de 110 batimentos por minuto, frequência respiratória de 22 movimen- tos respiratórios por minuto e escala de coma de Glasgow igual a 14. Ausculta pulmonar normal e FAST negativo. A sonda vesical mostra hematúria. O paciente refere dor em região lombar esquerda, na qual nota-se hematoma local. Foi realizada repo- sição volêmica com 1000 mL de solução cristaloide aquecida, com boa resposta. Devido à cinemática do trauma, realizou-se tomografia de corpo inteiro, que mostrou lesão renal grau IV, segundo a classi- ficação da American Association for the Surgery of Trauma (AAST), com blush. A melhor conduta em relação a esse achado, é realizar: ⮦ lombotomia e nefrectomia esquerda. ⮧ tratamentonão operatório. ⮨ laparotomia mediana e nefrectomia esquerda. ⮩ drenagem do hematoma guiado por ultrasso- nografia. ⮪ cistoscopia e passagem de duplo J, que deve ser mantido por duas semanas. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma geniturinário Trauma 164 GABARITO E COMENTÁRIOS Questão 1 dificuldade: Y Dica do autor: Hematoma perineal e hematúria são achados sugestivos de trauma uretral que podem acompanhar fratura pélvica, assim, na suspeita dessa lesão não devemos realizar a sondagem ve- sical e sim proceder à uretrocistografia retrógrada. ✔ resposta: ⮧ Questão 2 dificuldade: Resolução: Discorre sobre trauma de bexiga, cujo sin- toma típico é a hematúria macroscópica. O trauma de bexiga pode apresentar ruptura intraperitoneal (trauma contuso) ou extraperitoneal (associado à fratura de bacia, podendo cursar com lesões de ou- tros órgãos pélvicos, como o reto), e o tratamento diverge de acordo com o local da ruptura. O trauma de bexiga intraperitoneal é mais grave e necessita de intervenção cirúrgica para sutura do órgão, en- quanto o trauma extraperitoneal é tratado de forma conservadora, apenas com sondagem vesical de demora por 10 a 14 dias. ✔ resposta: ⮪ Questão 3 dificuldade: Resolução: Questão que nos traz um paciente com trauma renal, com extravasamento de contraste e volumoso hematoma perirrenal, e que a conduta em um ambiente que disponha de serviço de radiologia intervencionista é que seja realizada a embolização por arteriografia (Letra B correta). Atualmente a tendência é evitar ao máximo procedimentos inva- sivos, como a laparotomia nos casos de traumas abdominais com acometimento de vísceras paren- quimatosas (fígado, baço ou rins). ✔ resposta: ⮧ Questão 4 dificuldade: Y Dica do professor: No trauma abdominal, a lesão uretral é mais associada a fraturas pélvicas ou à "queda à cavaleiro". Visto que a uretra masculina é mais exposta que a feminina, os homens acabam sofrendo mais lesão uretral. A uretra pode ser lesio- nada em seu segmento anterior (peniana e bulbar, associação com trauma contuso, fratura peniana, esmagamento e lesões iatrogências) ou posterior (prostático e membranoso, associação com fra- turas pélvicas). A tríade clássica da lesão uretral é composta por: uretrorragia, retenção vesical e globo vesical palpável (bexigoma). Sendo assim, o cateterismo vesical está formalmente CONTRAIN- DICADO, visto que pode agravar a lesão. O diag- nóstico é feito através da uretrografia retrógrada, e o seu tratamento consiste na cistostomia supra- púbica, com realização de uretroplastia em outro tempo. Sabendo do mecanismo do trauma desse caso (contuso), a lesão de uretra provavelmente é anterior (em segmento peniano ou bulbar). ✔ resposta: ⮧ Questão 5 dificuldade: Y Dica do professor: Vamos ao raciocínio: a uretra é dividida em anterior (bulbar e peniana) e poste- rior (membranosa e prostática). A lesão da uretra anterior ocorre geralmente em traumas diretos da região perineal, ao passo que a uretra posterior ge- ralmente é lesada quando há fratura de bacia. Essa luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma geniturinário Cap. 6 165 questão, pela ausência de fratura, nos aproxima do diagnóstico de lesão de uretra anterior. Sempre que há essa suspeita (como em casos de sangue pelo meato, hematomas na região perineal ou obstrução urinária), não devemos fazer a sondagem do pacien- te e o exame feito é a uretrografia retrógrada. Se confirmado, devemos fazer uma cistostomia, pre- ferencialmente cirúrgia, para eliminação de urina. Alternativa A: INCORRETA. Para uretra posterior, es- peraríamos fratura de pelve. Alternativa B, C e E: INCORRETAS. Nunca devemos sondar paciente diante da suspeita ou confirmação de trauma de uretra. ✔ resposta: ⮩ Questão 6 dificuldade: Y Dica do professor: A lesão da bexiga pode ser ex- traperitoneal ou intraperitoneal. A lesão intraperito- neal ocorre comumente associada a traumatismos fechados em andar inferior de abdome (como no caso em questão), principalmente se a bexiga estiver cheia, ocorrendo "explosão" da bexiga. A cistografia da ruptura intraperitoneal é clássica, podendo-se observar o extravazamento do contraste para a ca- vidade peritoneal, entre as alças intestinais (pode formar uma imagem "em orelha de cachorro"). O tratamento da lesão intraperitoneal é a laparotomia imediata com rafia da lesão. Alternativas A, B e D: INCORRETAS. A conduta conserva- dora fica reservada para a lesão extraperitoneal, para qual se preconiza a realização de descompressão vesical com sonda de foley por no mínimo 14 dias. ✔ resposta: ⮨ Questão 7 dificuldade: Y Dica do professor: O melhor e mais utilizado pa- râmetro para avaliar resposta à reposição volêmi- ca é a diurese, motivo pelo qual todo paciente em choque deve ter o débito urinário monitorizado por sonda vesical, a menos que haja contraindicações. Em situações como trauma de bacia a sondagem vesical deve sempre ser precedida pelo exame do períneo. O objetivo do exame deve ser garantir a integridade do trato urinário antes da inserção da sonda e inclui o toque retal para investigação de crepitação, presença de espículas ósseas e alte- rações do tônus esfincteriano. Também deve-se atentar para presença de sangue no meato uretral, hematoma escrotal, equimose perineal e achados como espículas ósseas durante o toque retal. Todas essas circunstâncias contraindicam a sondagem vesical e a conduta preconizada é a uretrocistogra- fia retrógrada após estabilização hemodinâmica. Esse método permite avaliação da uretra anterior masculina e consiste em exame radiológico com introdução retrógrada de contraste por via uretral. ✔ resposta: ⮦ Questão 8 dificuldade: Y Dica do professor: A lesão da bexiga é mais fre- quente após traumatismo fechado, geralmente associado à fratura de bacia (70% dos casos) ou à contusão, acometendo o andar inferior do abdome. Temos um paciente com trauma, hematúria e dor em hipogastro! Alternativa A: INCORRETA. A tomografia já evidenciou que há líquido na cavidade abdominal. Alternativa B: INCORRETA. A lesão de uretra cursa com uretrorragia, retenção urinária (incapacidade de urinar), bexigoma, equimose perineal, sangue no saco escrotal e próstata em posição cefalizada ao toque retal (próstata flutuante). Mais especifi- camente, a lesão de uretra posterior (segmentos prostático e membranoso) tem relação direta com fraturas pélvicas. Enquanto a lesão de uretra anterior (uretra peniana e bulbar) tem mais associação com trauma contuso, fratura peniana, queda à cavaleiro (esmagamento da uretra) e lesões iatrogênicas. Alternativa C: INCORRETA. O trauma renal não cursa com líquido livre intraperitoneal, pois os rins são vísceras retroperitoneais. Alternativa D: INCORRETA. As lesões extraperitoneais de bexiga estão associadas à fratura da pelve por perfuração dos fragmentos ósseos. A conduta está correta e é conservadora com descompressão vesical (sonda de Foley por 14 dias). Entretanto, a lesão extraperitoneal não cursa com líquido livre intra cavitário. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma geniturinário Trauma 166 Alternativa E: CORRETA. A tomografia nos informa que há líquido livre intraperitoneal, isto é, houve le- são de alguma lguma víscera dentro da cavidade peritoneal. ✔ resposta: ⮪ Questão 9 dificuldade: Y Dica do professor: A uretra masculina pode ser nos segmentos anterior e posterior. A anterior é com- posta pela navicular, peniana e bulbar. A posterior é composta pelas uretras prostática e membranosa, que apresentam maior possibilidade de lesões. Le- são da uretra anterior geralmente ocorre por trau- ma direto, enquanto que da posterior associa-se a trauma de maior magnitude, como fraturas de pelve. A rotura da uretra membranosa é, entre as lesões uretrais, a mais frequente. Em pacientes com sinaise sintomas sugestivos, como dor ao urinar, incapacidade de urinar ou uretrorragia, o diagnós- tico é confirmado por uretrografia retrógrada. Esse procedimento sempre deve preceder o cateterismo. ✔ resposta: ⮦ Questão 10 dificuldade: Y Dica do professor: os órgãos mais lesados no trau- ma abdominal contuso são o baço (40% a 55%) e fígado (35% a 45%), seguido do mesentério e dos rins. Já no trauma perfurante temos predomínio das lesões no fígado, intestino delgado, diafragma e cólon. ✔ resposta: ⮦ Questão 11 dificuldade: Y Dica do professor: Classificação do Trauma renal Conduta I Contusão ou hematoma subcapsu- lar não expansivo. Sem laceração parenquimatosa. ConservadoraII Hematoma perirrenal não expansi- vo. Laceração do córtex renal com extensão inferior a 1 cm. Sem extra- vasamento urinário. III Laceração parenquimatosa superior a 1 cm. Sem ruptura do sistema coletor ou extravasamento urinário. IV Laceração atingindo córtex, medula e sistema coletor. Lesão da artéria ou veia renais seg- mentares, com hemorragia contida. Controverso… V Várias lacerações de grau 4: rim completamente fragmentado. Avulsão do pedículo com desvascu- larização renal. Cirúrgico A conduta conservadora representa quase 90% no trauma renal fechado! Lesões graus I, II e III sempre são de conduta expec- tante, com repouso, analgesia, reavaliação clínica e vigilância hematimétrica. Há quem defenda cirurgia para os traumas renais grau IV, mas a tendência atual é adotarmos uma conduta não operatória em pacientes hemodinamicamente estáveis, sobretudo quando a lesão do rim foi decorrente de contusão abdominal. Um aliado importante no sucesso de tratamento não operatório é a angioembolização seletiva guiada por radiologia intervencionista, principalmente quando identificado pseudoaneurisma ou fístula arteriove- nosa na TC. O tratamento cirúrgico tem fica reservado quando há hemorragia renal com instabilidade hemodinâmica e risco de óbito OU hematoma perirrenal pulsátil em Zona II de retroperitônio (significa trauma renal Grau V). ✔ resposta: ⮧ luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma geniturinário Cap. 6 167 Questão 12 dificuldade: Y Dica do professor: Lembre-se! Atualmente, cada vez mais indicamos tratamentos não operatórios e menos invasivos para as lesões traumáticas. Alternativas A e C: INCORRETAS. Paciente sem indica- ção de laparotomia exploradora, pois se encontra estável hemodinamicamente nem apresenta lesão renal que exija tratamento operatório (Grau V). Alternativa B: CORRETA. Paciente apresenta lesão renal grau IV, no momento sem indicação de lapa- rotomia. Todavia, essa lesão deve ser bem carac- terizada quanto à presença de blush arterial, que indica sangramento ativo e demanda algum tipo de controle do sangramento, podendo ser realizada arteriografia; e quanto à lesão de via coletora, que demanda a colocação de um cateter duplo J para drenagem da via urinária (Alternativa E incorreta). Alternativa D: INCORRETA. Não realizamos drenagem percutânea de hematomas renais, salvo em casos de eventuais infecções. ✔ resposta: ⮧ luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e Fixe seus conhecimentos! 168 FIXE SEU CONHECIMENTO COM FLUXOGRAMAS Use esse espaço para construir fluxogramas e fixar seu conhecimento! FIXE SEU CONHECIMENTO COM MAPAS MENTAIS Use esse espaço para construir mapas mentais e fixar seu conhecimento! luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e 169 Capítulo 7 ATLS – TRAUMA CRANIOENCEFÁLICO O QUE VOCÊ PRECISA SABER? u Classificação de TCE de acordo com o Glasgow: • Leve: ≥ 13. • Moderado: 9-12. • Grave: grave: ≤ 8. u Fratura de base do crânio: Sinal do guaxinim e Sinal de Battle u Conduta nos TCE graves: • Inicial: IOT. • Manter a PAS acima de 100-110 mmHg. • Administração de manitol e solução salina hipertônica é exceção. • A hiperventilação profilática (PaCO2 < 25 mmHg) não deve ser utilizada. A meta é manter PaCO2 no limite inferior da normalidade (PaCO2 = 35 mmHg). u Hematoma extradural: • Artéria meníngea média, osso temporal. • TC → lente biconvexa. • Intervalo lúcido. u Hematoma subdural: • Veias-ponte. • Alcoolistas e idosos. • TC → lesão em lua crescente. • HIC progressiva. u Diferenciar concussão cerebral de lesão axonal difusa. 1. FISIOLOGIA DO SNC BASES DA MEDICINA Para entender facilmente as consequências do TCE, precisamos compreender alguns conceitos básicos da fisiologia intracraniana: W Regulação da pressão intracraniana. W Doutrina de Monro-Kellie. W Fluxo sanguíneo cerebral e autorregulação. importância/prevalência luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma cranioencefálico Trauma 170 1.1. DOUTRINA DE MONRO-KELLIE BASES DA MEDICINA O crânio é um compartimento fechado e não compressí- vel. Por esse motivo, se algo novo aparece lá dentro (ex.: um hematoma), algo tem que sair! Na fisiologia normal, o organismo primeiro retira líquor e depois o sangue venoso, tentando compensar. Entretanto, esse meca- nismo de compensação tem um limite. A partir de certo ponto, o volume arterial será comprometido, resultando em isquemia, e o parênquima cerebral será comprimido. A Doutrina de Monro-Kellie explica de forma fácil esse mecanismo! Figura 1. Doutrina de Monro-Kellie sobre a compensação intracraniana para massas em expansão. O volume do conteúdo intracraniano permanece constante. Se a adição de uma massa, tal como um hematoma, resultar na saída forçada de um volume igual de Líquido cefalorraquidiano (LCR) e sangue venoso do crânio, a Pressão Intracraniana (PIC) permanece normal. Entre- tanto, quando esses mecanismos de compensação são esgotados, ocorre um aumento exponencial da PIC, mesmo para um pequeno aumento no volume do hematoma. Fonte: Acervo Sanar. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma cranioencefálico Cap. 7 171 1.2. REGULAÇÃO DA PRESSÃO INTRACRANIANA E FLUXO SANGUÍNEO CEREBRAL BASES DA MEDICINA A autorregulação cerebral é definida como a habilidade do sistema cerebrovascular em manter o Fluxo Sanguíneo Cerebral (FSC) constante em um intervalo de Pressão Arterial Média (PAM) amplo por meio de mecanismos fisiológicos diversos. Para manter essa perfusão cons- tante, os vasos intracranianos se contraem e se dilatam de acordo com a necessidade. Traduzindo: o FSC é constante, mesmo com a variação da PAM (dentro do intervalo de 50-150 mmHg)! Quando a PAM fica abaixo desses limites, pode haver hipoperfusão tecidual. Por outro lado, quando a PAM ultrapassa esses limites, existe risco de dano cerebrovascular, com lesão da musculatura lisa vascular e perda da barreira hematoencefálica. Vamos dar um exemplo para facilitar: trauma abdomi- nal isolado, com sangramento esplênico grave, PA 70 x 50 mmHg (PAM 57 mmHg), sem TCE. Paciente claramente em choque hemorrágico grave, mas o cérebro ainda não está sofrendo esse sangramento, pois o FSC tende a ser constante em PAM > 50 mmHg. Entretanto, o TCE com- promete diretamente a autorregulação cerebral! Se esse mesmo paciente tivesse um TCE associado, o cérebro já estaria sofrendo com hipoperfusão tecidual. O conteúdo intracraniano é inicialmente capaz de com- pensação quando surge uma nova massa intracraniana (hematoma extradural ou subdural). Uma vez que o volume dessa massa atinja um limite crítico, frequentemente ocorre um aumento rápido da pressão intracraniana, que pode levar à redução ou cessação do fluxo sanguíneo cerebral. Figura 2. Curva Volume-Pressão. Fonte: Acervo Sanar. BASES DA MEDICINA A pressão intracraniana pode reduzir o fluxo cerebral e causar ou exacerbar a isquemia. Vamos relembrar os conceitos e valores normais da fisiologia? W Pressão Intracraniana normal: 10 mmHg. W Pressão de Perfusão Cerebral (PPC) = Pressão Arterial Média – Pressão Intracraniana (PIC). PPC = PAM – PIC BASES DA MEDICINA A pressão intracraniananormal é de 10 mmHg. Pressões maiores que 20 mmHg têm relação direta com prognós- ticos piores. Já a PPC normal é de 80 mmHg. Agora que entendemos essa fórmula, fica fácil perceber por que precisamos manter a pressão arterial nesses pacientes! Pacientes hipotensos terão uma pressão de perfusão cerebral menor e, consequentemente, risco de isquemia. As lesões cranioencefálicas encontram-se entre os tipos de trauma mais frequentes. Muitos pacientes morrem antes de chegar ao hospital, e quase 90% das mortes pré-hospitalares relacionadas ao trauma envolvem lesão cerebral. As vítimas sobreviventes de TCE frequentemente apresentam dano neurofi- siológico que resulta em invalidez, comprometendo o trabalho e as atividades sociais. Portanto, mesmo uma pequena redução na mortalidade e na morbi- dade secundária ao TCE teria importante impacto socioeconômico. 2. ESCALA DE COMA DE GLASGOW A Escala de Coma de Glasgow (ECG) é utilizada mundialmente e reconhecida como um instru- mento valioso na avaliação do estado neurológico de pacientes em geral – não somente vítimas de trauma. Essa escala é avaliação obrigatória no “D” do paciente vítima de trauma. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma cranioencefálico Trauma 172 Quadro 1. Escala de Coma de Glasgow. Abertura Ocular 4 Espontânea 3 Estímulo verbal 2 À pressão 1 Ausente Melhor resposta verbal 5 Orientado 4 Confuso 3 Palavras inapropriadas 2 Sons incompreensíveis 1 Ausente Melhor resposta motora 6 Obedece ao comando 5 Localiza a dor 4 Não localiza a dor (flexão normal) 3 Decorticação (flexão anormal) 2 Decerebração (extensão anormal) 1 Ausente Melhor escore possível: 15 (O4 + V5 + M6); Pior escore possível: 3 Fonte: Elaborado pelo autor. Em 2018 foi proposta uma atualização da escala de coma de Glasgow, na qual a reatividade pupilar entra no cálculo. Mas tomem cuidado, ela NÃO substituiu a escala original e a edição mais recente do ATLS (10ª edição, 2018) não cita essa nova escala! O pró- prio autor do estudo original escreve no artigo que a nova escala (ECG-P: escala de coma de Glasgow pupilar) não deve substituir a escala clássica, mas sim adicionar informações e que ambas deverias ser registradas em prontuários! A ECG-P varia de 1 a 15, pois devemos subtrair da escala original conforme os achados da reatividade pupilar. u Avaliação de reatividade pupilar: W (2) Ambas as pupilas não reagem ao estímu- lo de luz. W (1) Uma pupila não reage ao estímulo de luz. W (0) Nenhuma pupila fica sem reação ao estí- mulo de luz. Por exemplo: se o paciente apresenta um Glasgow 8 (RM 3, RV 3 e AO 2) e não há reflexo fotomotor bilateral, iremos subtrair 2 (8 − 2 = 6). Portanto, ECG-P = 6. 3. OBJETIVOS DO TRATAMENTO O objetivo do tratamento para portadores de TCE deve ser a prevenção da lesão secundária. Para isso, precisamos garantir oxigenação e perfusão cerebral, isto é, manter a pressão e a saturação de oxigênio: u PAS > 100-110 mmHg. u SatO2 > 95%-98%. u PaO2 > 100%. DICA Na verdade, a meta de PAS varia de acordo com a idade, mas, se você não quiser decorar mais números, lembre-se de PAS > 110 mmHg! Tabela 1. Alvo de PAS para pacientes com TCE grave. Idade PAS 15-49 anos ≥ 110 mmHg 50-69 anos ≥ 100 mmHg > 70 anos ≥ 110 mmHg Fonte: Elaborada pelo autor. luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma cranioencefálico Cap. 7 173 4. CLASSIFICAÇÃO DO TCE Podemos classificar o TCE em leve, moderado ou grave, conforme a Escala de Coma de Glasgow. FLASHCARD De acordo com a Escala de Coma de Glasgow, como classificamos os TCEs? • Leve: ≥ 13 • Moderado: 9 − 12 • Grave: ≤ 8 Tabela 2. Gravidade do TCE conforme a Escala de Coma de Glasgow. Glasgow Gravidade ≥ 13 Leve 9-12 Moderado ≤ 8 Grave Fonte: Elaborada pelo autor. 4.1. TCE LEVE (GLASGOW 13-15) O TCE leve é definido por uma história de desorien- tação, amnésia ou perda transitória da consciência em um doente que está consciente e falando. Se o doente estiver assintomático, completamente acordado, em alerta e neurologicamente normal, poderá ser observado por algumas horas, reexami- nado e, se ainda estiver normal, receber alta com segurança. Em alguns casos, precisaremos internar esse paciente para observação seriada: u Traumatismo penetrante de crânio. u Piora do nível de consciência. u Cefaleia moderada ou grave. u Intoxicação significativa por álcool/drogas. u Fratura de crânio. u Perda de LCR (otorreia, rinorreia). u Outros traumas importantes associados. u Déficits neurológicos focais. FLASHCARD TCE leve: a partir de qual idade a TC de crânio é mandatória? 65 anos. Quando devemos realizar a Tomografia Computado- rizada (TC) de crânio? Em todos os TCE moderados e graves! No TCE leve, somente em algumas situações. Quadro 2. Indicações de TC no Trauma Cranioencefálico leve. Alto risco para intervenção neurocirúrgica Risco moderado para lesões cerebrais em TC • Glasgow < 15 até 2 horas após o trauma • Suspeita de fratura de crâ- nio • Suspeita de fratura de base de crânio (hemotímpano, olhos de guaxinim, hema- toma de Battle, otorreia, rinorreia) • Vômitos (mais de 2 epi- sódios) • Idade > 65 anos • Uso de anticoagulantes • Perda de consciência > 5 minutos • Amnésia para fatos an- teriores ao impacto (> 30 minutos) • Mecanismo de trauma pe- rigoso (atropelamento, eje- ção de veículo, queda de altura maior que 1 metro ou 5 degraus) • Déficits neurológicos fo- cais Fonte: Elaborado pelo autor. Figura 3. Hematoma em mastoide (Sinal de Battle): sugestivo de fratura de base de crânio. Fonte: Becker et al.1 luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma cranioencefálico Trauma 174 Figura 4. Olhos de guaxinim (hematoma periorbitário). Fonte: Acervo do autor (Dr. Rodrigo Edelmuth). FLASHCARD Quais as principais fraturas de base do crânio? Sinal do guaxinim e sinal de Battle. 4.2. TCE MODERADO (GLASGOW 9-12) E o TCE moderado? Não temos muito o que falar sobre o TCE moderado. Ele não cai em prova! Mas precisamos saber: u Internação sempre. u Avaliação neurocirúrgica sempre. u TC de crânio sempre. 4.3. TCE GRAVE (GLASGOW ≤ 8) FLASHCARD Definição de TCE grave? Glasgow ≤ 8. Primeira regra: intubação sempre! Mesmo que o paciente esteja sem dispneia e com saturação de 99% em ar ambiente! Precisamos garantir a via aérea de todos os pacientes com Glasgow < 9! Devemos manter o cérebro perfundido e oxigenado! Esses pacientes precisam manter a PAS > 100 ou 110 mmHg e uma saturação de oxigênio > 98%! Além disso, existem outras medidas: u Cabeceira elevada e centrada (30° ou 45°) – me- dida simples e eficaz que melhora a perfusão intracraniana. u Sedação com propofol, midazolam e opioides, pois a agitação pode aumentar a Pressão Intra- craniana (PIC). Esses agentes têm potencial para ajudar na redução da PIC, mas não são isentos de efeitos colaterais. Em geral, pacientes vítimas de TCE grave com HIC são sedados de forma intensa ou moderada nos primeiros dias após o trauma. A avaliação dessa sedação pode ser feita conforme a Escala de Agitação e Sedação de Richmond (RASS). luanaargon@ id.uff.br | d0100471-254f-4a95-92b3-d0b6a489998e ATLS – Trauma cranioencefálico Cap. 7 175 Quadro 3. Escala de Agitação e Sedação de Richmond (RASS). RASS Classificação Descrição 4 Combativo Combativo, violento, representando risco para a equipe 3 Muito agitado Puxa ou remove tubos ou cateteres, agressivo verbalmente 2 Agitado Movimentos despropositados frequentes, briga com o ventilador 1 Inquieto Apresenta movimentos, mas que não são agressivos ou vigorosos 0 Alerta e calmo – −1 Sonolento Adormecido, mas acorda ao ser chamado (estímulo verbal) e mantém os olhos abertos por mais de 10 segundos −2 Sedação leve Despertar precoce ao estímulo verbal, mantém contato visual por menos de 10 segundos −3 Sedação moderada Movimentação ou abertura ocular ao estímulo verbal,