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CAPITULO 1

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UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE 
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROJECTO DO CURSO 
 
Manual de apoio 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Por: Borges Chambal 
 
Maputo, 2005. 
 
 
 
 
 
 
 
2 
PROJECTO DE INSTALAÇÕES QUÍMICAS 
 
 
 
 
 
 
ÍNDICE 
 
 
 
 
 INTRODUÇÃO 
 
1. GENERALIDADES 
 
1.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES 
1.2 GESTÃO DE PROJECTOS 
1.3 ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DUM PROJECTO INDUSTRIAL 
1.4 LAY OUT GERAL DA INSTALAÇÃO 
1.5 SEGURANÇA E SAÚDE OCUPACIONAL 
1.6 TRATAMENTO DOS EFLUENTES INDUSTRIAIS 
 
2 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS NUM PROCESSO QUÍMICO 
 
2.1 FACTORES QUE AFECTAM OS CUSTOS 
2.2 JUROS E CUSTOS DE INVESTIMENTO 
2.3 FONTES DE CAPITAL 
 
3 DEPRECIAÇÃO 
 
4 MÉTODOS DE ESTIMATIVA DOS CUSTOS 
 
5 AVALIAÇÃO ECONÓMICA DE PROJECTO 
 
6 OPTIMIZAÇÃO DUM PROJECTO 
 
7 CUSTOS E ENQUADRAMENTO CONTABILÍSTICO 
 
8 COMPOSIÇÃO TÍPICA DO RELATÓRIO DUM PROJECTO INDUSTRIAL 
 
9 PROJECTO DE EQUIPAMENTO E SUA FABRICAÇÃO 
 
10 PLANEAMENTO DUM PROJECTO. MÉTODO PERT/CPM 
 
 
ANEXOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
Uma instalação química compreende uma série de operações e processos 
que visam a transformação quantitativa e qualitativa de matéria 
bruta, não processada, em produtos de maior utilidade ou de maior 
valor acrescentado. O desenvolvimento dum projecto industrial é um 
processo que requer o uso dos princípios da engenharia e teorias 
associadas, combinadas com os aspectos de realização prática das 
operações industrial. É, pois, um trabalho complexo que só pode ser 
realizado com envolvimento dum numeroso grupo de especialistas, cada 
qual com uma acção específica, sendo a função principal do engenheiro 
responsável pelo projecto, a condução e a coordenação de todas as 
actividades essenciais e a gestão dos recursos do projecto (recursos 
humanos, materiais e financeiros). A selecção da tecnologia para o 
processo e dos materiais de construção, a análise do mercado e das 
patentes, a localização do projecto e sua dimensão, as infra-
estruturas locais e os dispositivos legais, os aspectos económicos e 
políticos, constituem exemplos típicos das questões vitais, tratadas 
durante a concepção dum projecto industrial. Um projecto bem sucedido 
é aquele que resulta numa unidade concreta, operacional e viável. 
 
O engenheiro de projecto não pode ser "expert" em toda a gama de 
matéria tratada e por conseguinte, o seu mérito é frequentemente 
determinado pela sua habilidade em aplicar princípios básicos, factos 
e métodos coerentes, para alcançar um objectivo útil: o projecto 
completo. Uma etapa isolada da realização dum projecto é de pouco 
benefício, até que todas as outras sejam completadas, combinadas e 
traduzidas num projecto real, funcional e economicamente rentável. O 
engenheiro de projecto deve, pois, prever com segurança que a unidade 
projectada vai funcionar exactamente como previsto e ser capaz de 
gerar lucro, que é ao fim e ao cabo, o objectivo central dum projecto 
industrial. A viabilidade económica é, sem dúvida, o critério chave e 
determinante para a tomada da decisão final de se investir ou não num 
projecto. Por isso, a economia aplicada é parte essencial do projecto 
duma instalação química. O engenheiro de projecto deve ter sempre em 
consideração o papel dos custos e benefícios. Tem de saber avaliar 
rigorosamente o investimento necessário, o seu retorno, os custos de 
exploração e outros indicadores económicos. Tem de saber também 
compôr o relatório do projecto, apresentar e defende-lo, pois em 
vários ocasiões a decisão final não compete a equipa que elabora o 
projecto, mas sim ao investidor, ou cliente. 
 
Portanto, a responsabilidade principal do engenheiro químico é em 
resumo: projectar (dimensionar e seleccionar), e operar com uma 
instalação industrial numa base económica efectiva; o que em última 
instância equivale dizer: Projecto completo  viabilidade do 
processo inquestionável. Eis o objectivo central do projecto duma 
instalacao química. 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
CAPÍTULO I 
 
 
1. GENERALIDADES 
 
1.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES 
 
PROJECTO 
 
• Conjunto sistematizado de informação destinada a fundamentar uma 
decisão de investimento. 
 
• Conjunto de actividades e tarefas específicas não repetitivas, 
sequencialmente independentes, com determinados objectivos para 
serem atingidos dentro de determinadas especificações; possuindo 
um tempo de realização limitado (data de início e da finalização 
especificadas), recursos limitados (trabalhadores e equipamento) e 
financiamento limitado (capital). O projecto é uma intenção que 
estrutura metódica e progressivamente uma realidade futura. 
 
CLASSIFICAÇÃO DOS PROJECTOS 
 
a) Segundo o sector em que estão inseridos: 
 
- Agrícolas 
- Industriais 
- De serviços 
- Etc. 
 
b) Segundo o tipo de investimento: 
 
- Projecto novo – projecto de raíz 
- Projectos de substituição 
- Projectos de expansão 
- Projectos de modernização 
- Projectos estratégicos 
- Etc. 
 
c) Segundo o plano de realização: 
 
- Investimento pontual – exploração contínua. 
Exemplo: Fábrica construída num ano para operar em trinta. 
- Investimento contínuo – Exploração contínua. 
Exemplo: jazigos de petróleo. 
- Investimento pontual – exploração pontual. 
Exemplo: Árvore (custo de plantação vs madeira) 
- Investimento contínuo – exploração pontual. 
Exemplo: Folresta(despesas de conservação vs produção) 
 
 
PROJECTOS DIRECTAMENTE PRODUTIVOS (PDP) 
 
Visam a criação, renovação ou expansão de actividades de produção de 
bens ou serviços, susceptíveis de transação a preços estabelecidos no 
 
 
6 
mercado (ex. Produção agrícola, industrial, comércio, transporte, 
hotelaria, produção de energia, etc.). 
 
 
PROJECTOS NÃO DIRECTAMENTE PRODUTIVOS (PNDP) 
 
Visam a criação, renovação ou expansão das actividades de suporte as 
produtivas (ex. Educação, formação profissional, investigação 
científica, infra-estruturas de transporte, etc.), ou se destinam a 
assegurar a vida colectiva (polícia, exército, administração, etc.) 
ou ainda, a melhorar a vida individual ou colectiva (saúde pública, 
habitação, defesa do meio ambiente, actividades recreativas, 
culturais e religiosas, segurança social, etc.). 
 
O principal critério de distinção é a natureza e o modo de formação 
do preço: 
 
Nos PNDP O preço, ou é impossível de estabelecer individualmente, ou 
intervêm outros factores que não os componentes do seu 
custo industrial, comercial e encargos figurativos (juros 
de capital, salários, prémios de risco, etc.). 
 
Nos PDP O preço é aplicado com base em métodos analíticos de 
determinação da rendibilidade económico-financeira, os 
quais permitem chegar a medidas quantitativas, tais como: 
VAL (Valor Actual Líquido), TIR (Taxa Interna de 
Rendibilidade), Período de recuperação do investimento, 
Relação custo/benefício, Relação capital/produto, etc. 
 
 
 
INVESTIMENTO 
 
Do ponto de vista estritamente financeiro, investimento é qualquer 
aplicação de capitais a prazo. Do ponto de vista técnico-económico, 
investimento é toda a operação que tem por objectivo, adquirir ou 
criar meios utilizáveis pela empresa, por um certo período de tempo. 
Tais meios podem ser, por exemplo: 
 
- Imobilizações (terrenos, infra-estruturas, edifícios, 
instalações, equipamentos, viaturas, etc.). 
 
- Estudos, projectos, investigação, capital de investimento. 
 
- Direitos, patentes, licenças, marcas, trespasses, etc. 
 
- Formação e treinamento do pessoal. 
 
- Títulos de participação. 
 
- Existências necessárias ao normal funcionamento da empresa 
(capital circulante). 
 
- Etc. 
 
 
 
7 
Os investimentos podem também classificar-se em: 
 
a) Investimentos de substituição 
 
Que se destinam a criar ou renovar o capital existente, 
envelhecido por causas internas ou externas (uso, avarias, 
obsolência do capital derivado do processo técnico). 
 
b) Investimento de expansão 
 
Que se destina a colmatar as insuficiênciasna posição 
comercial da empresa, derivadas de: crescimento do consumo dos 
bens produzidos, solicitação pelo mercado de diversificação da 
gama de produção, etc. 
 
As alternativas típicas para a resolução do problema são: a 
ampliação da unidade produtiva, criação duma unidade produtiva 
nova, recurso ao sub-contracto, ampliação do números de "horas-
homens". 
 
 
c) Investimento de modernização 
 
Destina-se a reduzir os custos de produção, ou seja: 
investimento em equipamentos novos, permitindo economias de 
mão-de-obra e outros consumos; investimento na melhoria dos 
produtos existentes, permitindo reduzir o seu custo; melhoria 
na qualidade ou serviço prestado; investimento em produtos 
inteiramente novos. 
 
Trata-se de investimentos que exigem um estudo comparativo com 
a situação pré-existente, de modo a apurar-se a rendibilidade 
marginal do novo projecto de modernização. 
 
Na prática, são estabelecidos os elementos de cálculo da 
rendibilidade (custo de investimento, contas previsionais de 
exploração, cash flow) para a situação dinâmica com o projecto 
de modernização e sem o projecto de modernização. A diferença 
dos cash flows (com e sem o projecto), comparada com o valor do 
investimento de modernização, permite apurar os diversos 
indicadores da rendibilidade. 
 
 
d) Investimentos estratégicos. 
 
Existem duas categorias: 
 
- Investimentos que visam reduzir o risco (protecção da 
empresa quanto ao abastecimento em quantidade, qualidade e 
preço, ou acompanhamento do progresso técnico, através da 
investigação). 
 
- Investimentos de carácter social (criação na empresa de 
ambiente favorável ao trabalho). 
 
 
 
8 
Os investimentos estratégicos não são especificamente motivados 
por critérios de rendibilidade imediata. 
 
 
RENDIBILIDADE 
 
a) Do ponto de vista empresarial, pode-se definir rendibilidade, 
como sendo a aptidão duma certa combinação de factores de 
produzir lucro. 
 
Em termos de análise de projectos, é a aptidão, a priori 
calculada para um empreendimento, de assegurar a completa 
recuperação do capital investido e criar um rendimento 
financeiro adicional, suficiente para cobrir os juros de 
capital (próprio ou alheio) e remunerar a actividade de 
direcção e o seu risco. 
 
No quadro da empresa são concebidas medidas parcelares de 
rendibilidade (rendibilidade de vendas, de produção, etc.). A 
rendibilidade do ponto de vista da empresa pode também ser 
vista como sendo o resultado da contraposição da grandeza 
monetária do investimento, a grandeza monetária dos benefícios 
da sua exploração, durante o período da sua vida útil. 
 
 
b) Do ponto de vista social, são considerados todos os efeitos 
directos ou indirectos da decisão do investimento sobre a 
economia. 
 
A economia interessam os benefícios globais para todos os seus 
agentes (Estado, famílias, empresa) contrapostos aos custos 
globais sobre os mesmos. 
 
A sistemática do cálculo da rendibilidade comporta elementos 
técnicos, económicos e financeiros, tais como: estudo do mercado, 
estudos técnicos do processo, estudo de enquadramento legal e 
institucional, a determinação das alternativas quanto a localização 
do projecto, sua dimensão, etc. 
 
 
 
 
1.2 GESTÃO DE PROJECTOS 
 
No decurso da implementação de projectos há, obviamente, a 
necessidade de utilizar de forma criteriosa os recursos disponíveis, 
tal como numa empresa já existente, com o objectivo central de 
minimizar os custos envolvidos. Resulta, portanto evidente, o 
reconhecimento da importância do papel de gestão no âmbito da 
execução de projectos. 
 
Os critérios de gestão dum projecto assentam, fundamentalmente, em 
três vertentes: o tempo, o custo e a qualidade. Estes critérios 
interdependentes constituem os eixos dum triângulo definidor da 
tripla restrição que se coloca ao gestor do projecto. 
 
 
 
9 
 Qualidade 
 
 
 
 
 
 
 Custo Tempo 
 
 
Em casos frequentes para se satisfazer uma das restrições, 
sacrificam-se as restantes, mas um gestor de projecto de sucesso 
consegue satisfazer simultâneamente as três. 
 
Por exemplo, o critério de Qualidade, ou seja, as especificações do 
projecto nem sempre são cabalmente cumpridas. Uma das razões pode ser 
a má aplicação dos dados do projecto ou simplesmente, aplicação de 
especificações inadequadas, o que resulta em êrros de execução que, 
invariavelmente, acaba afectando a qualidade do objecto final do 
projecto. Normalmente, estes êrros só são descobertos mais tarde, 
quando já se registaram desembolsos para a execução das actividades. 
 
As restrições em relação ao Custo têm a ver com os planos 
orçamentais, os quais limitam os gastos da execucão do projecto a 
aqueles previamente estabelecidos no plano de investimento. No 
entanto, na prática, raras vezes esta restição é cabalmente cumprida, 
essencialmente por causa da prorrogações dos prazos da entrega da 
obra ou por causa da sub-estimação dos reais custos do projecto, o 
que acaba resultando na necessidade de desembolsos adicionais de mais 
capital extra para colmatar estas contingências. 
 
A restrição em relação ao Tempo está ligada com o prazo estabelecido 
para a criação do projecto. Acontence com muita frequência que a 
disponibilização dos recursos não é feita no momento em que são 
requeridos, mas sim, tardiamente. Por vezes, são as próprias 
especificações do projecto que são constantemente alteradas durante a 
fase de implementação, originando atrasos sucessivos de execução. 
 
Um projecto bem sucedido é aquele que é realizado: 
 
• Dentro do tempo previsto para a sua realização. 
• Dentro do plano orçamental (custo) previsto. 
• Com o nível de qualidade especificado. 
• É aceite pelo cliente/utilizador. 
• Quando se verificam alterações mínimas dos objectivos pré-
estabelecidos. 
 
Em relação ao perfil do gestor de projecto existem duas correntes 
antagônicas, uma defendendo o tipo de gestor especialista na área do 
projecto e outra, minoritária, que 
 
 
defende um gestor com amplos conhecimentos na área de gestão. Estas 
duas posições coexistem no universo da gestão de projectos e são 
irreconciliáveis. Verifica-se no entanto, que quanto mais pequeno é o 
 
 
 
10 
projecto tanto mais importante é a função técnica; e quanto mais 
complexo, mais importante é a função de gestão de recursos. 
 
As actividade de gestão de projectos são aquelas desenvolvidas na 
fase da criação e implementação do projecto, como ilustrado na 
figura anterior. 
 
 
1.3 ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DUM PROJECTO INDUSTRIAL 
 
Várias etapas estão envolvidas no desenvolvimento dum projecto 
industrial. A primeira etapa é a origem da ideia básica. Esta ideia 
pode ter a sua origem num trabalho de pesquisa e sondagem do mercado, 
em programas de investigação, ou pelo simples contacto com a 
cliantela, a qual pode demandar, por exemplo, maior diversificação da 
gama de produção. A ideia pode também resultar acidentalmente, como 
por exemplo, verificar que o mercúrio dum termómetro partido durante 
uma experiência, catalisa uma reacção importante, do ponto de vista 
comercial. Se uma avaliação sumária revelar as potencialidades 
económicas da descoberta, da ideia pode surgir um programa de 
investigação que pode culminar com o desenvolvimento dum projecto 
real. 
 
Embora havendo na prática mais passos, as 4 etapas que a seguir se 
descrevem são as impiscindíveis, partindo sempre da etapa inicial que 
é a ideia básica que justifica o desenvolvemento do projceto. Fica 
também claro o carácter multidisciplinar das activides envolvidas no 
desenvolvimento dum projecto industrial. 
 
• A concepção do projecto; ou seja, a sua preparação. 
• A criação (implementação). 
• funcionamento (exploração empresarial do projecto). 
• E a sua liquidação (Término da actividade empresarial). 
 
•• 
• 
 
 
 
 
 
 
 
FASE DE PREPARAÇÃO 
 
FASE DE IMPLEMENTAÇÃO 
FASE DE 
FUNCIONAMENTO 
 
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Avaliação de projectos 
 
Gestão de Projectos 
 
Gestão de empresas 
 
Actividades de Gestão de projectos 
 
 
11 
Em qualquer dos casos, o método de desenvolvimento dum projecto é 
sempre progressivo; isto é, começa-se com uma avaliação rápida e 
sumária das estimativas do potencial do projecto, investimento 
necessário, retorno e também o seu risco. Desta fase passa-se para 
uma estimativa mais detalhada e por fim, para o projecto firme e 
definitivo. O volume de informação e recursos necessários em cada 
fase é sempre crescente, assim como os custos. O critério chave, 
determinante para a prossecução do desenvolvimento dum projecto é a 
análise da viabilidade técnico-económica e o seu risco. 
O diagrama que se segue mostra, esquematicamente, o processo 
iterativo da busca das variáveis óptimas dum projecto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na fase da concepção do projecto os estudos e levantamentos 
necessários situam-se no seguinte: 
 
- Estudos de mercados e localização do projecto. 
- Estudos tecnológicos do processo e sua dimensão. 
- Estudos de enquadramento jurídico e financeiro. 
 
 
 
 
Objectivo 
(especificação 
do projecto) 
Recolha de dados: 
(mercado, capacidade, 
tecnologia, 
financiamento, 
legislação, etc.) 
Geração de 
projectos 
possíveis 
Escolha e 
avaliação 
(optimização) 
Projecto 
final 
 
 
12 
1.3.a) Estudos de mercado. 
 
O estudo do mercado tem por objectivo, determinar o potencial da 
procura pelos consumidores dos bens ou serviços a produzir, tendo em 
conta as condições sócio-económicas (concorrência, preço, hábitos, 
instituições), em evolução nas áreas visadas pelo projecto. O estudo 
comporta: 
 
- A recolha e tratamento de informação quantitativa, destinada a 
enquadrar a actividade do produto a comercializar, baseada em 
dados referentes a um certo período passado, (10-15) anos. Por 
exemplo, o historial preço e demanda 
 
- Recolha e tratamento de informação qualitativa destinada a 
definir tecnicamente o produto, as características de 
acondicionamento e a situação do produto no circuito económico 
(bem de capital, bem intermediário, bem de consumo final), idade 
do produto no mercado, etc. 
 
- Determinação da taxa de crescimento do mercado, da procura 
previsional e da cota a explorar. 
 
- Fixação da capacidade a instalar, tendo como suporte toda a base 
de dados do mercado ja compilada e em particular, o equilibrio 
entre a procura (demanda), oferta e preco. 
 
Para uma dada demanda do mercado o preco praticado varia de acordo 
com o grau de saturacao do mercado; isto é, diminui com a habundacia 
e aumenta com a escassez. Entretanto, se a pressao sobre o sobre o 
mercado aumentar,(D1 para D2, por exemplo), o mercado abre espaco 
para um incremento no preco, o que por sua vez vai motivar ao aumento 
da producao e por conseguinte, o preco irá oscilar ao longo de D2 até 
se estabilizar me F. 
 
 
 
 
13 
1.3.b) Estudos de localização 
 
O estudo da localização tem por objectivo, determinar o local onde se 
torna viável e de menor custo global, a implantação duma unidade 
produtiva. Fazem-se, portanto, as estimativas dos custos de capital e 
do provável retorno do investimento, assim como, a relação completa 
custo/benefício. 
 
A selecção do local da implantação dum projecto é de extrema 
importância, tendo em conta o enorme volume de investimento a 
aplicar, a longo prazo, sob condições de incerteza consideráveis. 
 
Regra geral, para uma produção baseada num processo analítico, a 
unidade fabril poderá situar-se perto da fonte da matéria prima e 
para um processo de síntese, perto do mercado consumidor. 
 
 
 Processo Analítico Processo de Síntese 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Matéria prima Produtos Matérias primas Produto 
 
 
No entanto, a decisão final quanto a localização, deverá resultar 
duma análise global dos vários factores de localização, como os 
seguintes: 
 
a) Matéria-prima 
 
- Fonte da matéria prima. 
- Propriedades físicas e químicas. 
- Processamento prévio. 
- Dimensão dos jazigos. 
- Custos de transporte. 
- Etc. 
 
 
b) Transporte 
 
Selecção do tipo de transporte a utilizar, tanto para a 
matéria prima como para o produto final: transporte 
marítimo, ferroviário, rodoviário e aéreo (para casos de 
emergência em peças sobressalentes vitais). 
 
 
 c) Água para o processo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
A água é industrialmente utilizada tanto como meio de 
refrigeração (arrefecimento), como também na qualidade de 
matéria prima directa. A disponibilidade da água é um 
factor de primeira importância, incluindo os lençóis de 
águas subterrâneas. 
 
O estudo abrange as estimativas detalhadas sobre as 
necessidades presentes e futuras em água e os custos 
derivados das fontes a usar, das instalações de tratamento 
(alcalinidade, dureza, pH, cloretos e a eliminação das 
infecções microbiológicas, matéria orgânica, etc.) 
 
 
c) Eliminação de resíduos e escórias. Poluição sonora e 
ambiental. 
 
 
d) Combustíveis e energia. 
 
Estudo detalhado das necessidades energéticas (energia 
eléctrica, combustíveis, vapor, ar comprimido, geradores 
de emergência, gás natural, etc.). 
 
e) Mão de obra 
 
Estudo sobre a quantidade e qualidade da mão de obra a 
utilizar, sua disponibilidade, custo e estabilidade. 
f) Factores comunitários 
 
Estudo sobre o desenvolvimento histórico da comunidade 
local, sua atitude em relação ao desenvolvimento 
industrial, nível de consumo e rede de serviços 
(hospitalares, comerciais, educacionais, religiosos, 
etc.). 
 
 
g) Incentivos estatais 
 
O estado pode criar incentivos para estimular o 
desenvolvimento industrial em determinadas zonas do país. 
 
 
 
1.3.c) Estudos tecnológicos do processo e sua dimensão 
 
Os estudos técnicos de engenharia constituem a área principal de 
intervenção do engenheiro químico no processo da tomada de decisão 
sobre o investimento. Do realismo dos factos a validade da solução 
técnica, intervém em larga medida a análise económica da 
rendibilidade. Os estudos tecnológicos têm em vista dar uma resposta 
cabal e aprimorada a solicitacao do mercado, através seleccao e 
adequacao da tecnologia de producao mais apropriada para a sua 
satisfacao. 
 
 
 
15 
O desenvolvimento tecnologico nao acontece de forma isolada. A 
tecnologia, a par com o mercado, constituem os dois vectores 
interdependentes que agem como forcas-motrizes para o desenvolvimento 
industrial. Por conseguinte, se por um lado a demanda do mercado 
exerce uma enorme pressao sobre a industria (desenvolvimento 
tecnológico), por outro, o avanco tecnológico impele, por sua vez, o 
mercado para novas necessidades (nova demanda). Portanto, dir-se ia, 
por outras palavras, que o mercado “puxa” e a tecnologia “empurra”, 
mais conhecido por “Push-Pull strategy”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As tarefas predominantes nesta etapa são os estudos preliminares de 
concepção do ante-projecto e projecto técnico, isto é: a pesquisa da 
informação da literatura técnica sobre o tipo de projecto previsto; o 
estudo das alternativas técnicas em relação ao processo produtivo 
(processos contínuos ou descontínuos); a pesquisa sobre a 
disponibilidade das matérias primas; listagem e dimensionamento do 
equipamento, rendimentos do processo, cinética, ciclos de produção,tratamento dos efluentes, normas de higiene e segurança, saúde 
ocupacional, etc. 
 
Na fase preparatória do projecto (fase do ante-projecto), efectuam-se 
as estimativas tão correctas quanto possível, sobre os custos de 
investimento (terrenos, equipamentos, edifícios, etc.), estabelecem-
se as necessidades em factores de produção (matéria prima e 
subsidiária, mão de obra, água e energia) e estimativas dos custos de 
exploração para os níveis de capacidade pretendidos. 
 
O anteprojecto já deverá conter: 
 
 
Technology Push 
R&D – Research & 
Developement 
Production Marketing Need ? 
 
Market Pull 
R&D – Research & 
Developement 
Production Marketing 
Expressed
Market 
Need 
 
 
16 
• Uma planta do terreno e a implantação dos edifícios, com a 
indicação das áreas cobertas e não cobertas, das secções 
principais e auxiliares (Lay out geral). 
 
• Um diagrama geral (flow-sheet) das várias fases do processo de 
produção, com a descrição sucinta de cada etapa. Balanços 
materiais e energéticos. 
 
• Especificações dos equipamentos principais e auxiliares, contendo 
as designações, origem, ano de fabrico, capacidade, material de 
construção, instrumentação de controle e regulação, parâmetros do 
processo, modo operatório, custo de aquisição e montagem, etc. 
 
• Um cronograma do investimento (duração das fases de construção e 
montagem). 
 
 
São ainda compilados dados referentres a: 
 
• Consumo normal de matéria prima, subsidiária, energia, água, 
combustíveis, vapor, ar comprimido, etc., por unidade produzida e 
por escalão de capacidade. 
 
• Quadro de pessoal, tabela salarial, encargos sociais, etc. 
 
• Condições locais de abastecimento e recrutamento (disponibilidade, 
qualidade, preço). 
 
Na base destes dados, são elaborados os quadros da primeira 
alternativa dos valores de investimento e o custo de produção. Os 
quadros sintetisam apenas os aspectos resultantes directamente dos 
estudos técnicos, não contemplando os que derivarão dos estudos 
financeiros, como por exemplo: o valor do investimento em capital 
circulante e o cálculo dos juros assiciados ao investimento. 
 
 
 
 
1.3.d) Estudos da dimensão. 
 
A dimenão dum projecto é condicionada pela grandeza previsível do 
mercado e por factores de ordem técnica que influem na rendibilidade 
da capacidade produtiva. A relação entre a dimensão e a localização 
da unidade produtiva, deriva da necessidade de se saber se para um 
dado mercado, com uma certa taxa de crescimento, é ou não preferível 
localizar uma só unidade maior num ponto, ou várias, menores, em 
pontos diferentes. 
 
O conceito de capacidade é por isso técnico (máximo de produção 
possível para um dado equipamento) e económico (nível de produção que 
minimiza os custos unitários, gerando lucro máximo). Na prática o 
problema da capacidade é abordado da seguinte forma: 
 
1. A dimensão global do mercado é o limite máximo para a capacidade. 
 
 
17 
2. Compilação de dados sobre o mínimo economicamente rendível. 
 
• Se esse mínimo fôr > que mercado previsto, o projecto deve 
ser abandonado. 
 
• Se esse mínimo fôr < que mercado previsto, prossegue-se 
com o estudo, analisando a relação capacidade/cota de 
mercado. 
 
3. Estabelecem-se os custos fixos e variáveis e determina-se o ponto 
crítico da capacidade. 
 
O mínimo economicamente rendível é apresentado através do estudo dos 
perfis dum conjunto de empresas da mesma actividade, abarcando a 
disponibilidade e o custo dos factores de produção e respectiva 
produtividade. 
 
• Uma unidade projectada para capacidades muito inferiores ao 
mínimo económico, apresenta custos de produção não 
competitivos. 
 
• O comportamento do custo unitário médio é estimado através 
de pelo menos, 3 escalas de capacidade. 
 
 
K1 - Investimento necessário para a capacidade de produção 
P1. 
 
K2 - Investimento necessário para a capacidade P2. 
 
x - Expoente de escala (geralmente = 0.6 a 0.7). 
 
Os custos de produção são divididos em fixos e variáveis. Os custos 
fixos não variam com o nível da actividade, quando o equipamento e a 
organização permanecem constantes; isto é, quando a capacidade total 
instalada não é alterada. São em geral custos fixos: A mão de obra 
(de supervisão e administração); guarda e fiscalização; rendas e 
seguros; amortizações, etc. e variáveis: as matérias primas e 
subsidiárias, energia, água, vapor, ar comprimido, mão de obra 
laboral, fornecimentos para as operações, etc. 
 
A importância da classificação dos custos de produção em fixos e 
variáveis reside no facto de proporcionar ao projecto produtivo, um 
critério simples de determinação do limiar de rendibilidade, em 
termos de capacidade ou nível de produção - o chamado ponto crítico 
(break even point). 
 
O ponto crítico é o nível mínimo de capacidade ou volume de produção 
que permite a cobertura pelas receitas dos custos de produção, ou 
seja, o ponto de capacidade a partir do qual o projecto se torna 
lucrativo. 
 
x
P
P
K
K





=
1
2
1
2
 
 
18 
Tomando como premissas que os custos variáveis são todos 
proporcionais a capacidade e que a qualquer nível de produção não há 
alteração do preço unitário da venda (receitas totais proporcionais a 
quantidade vendida) teremos: 
 
 q - quantidade vendida. 
 p - preço unitário da venda. 
 Cf - custos fixos totais de produção 
 Cv - custos totais variáveis de produção. 
 
 
O ponto de equilíbrio corresponde ao momento em que os custos totais 
de produção de (q) se igualam as receitas totais de venda. 
 
 
 
 Receita 
 
 
 
 Custos totais 
 
 Custos fixos 
 
 
 Custos variáveis 
 
 
qc (Break even point) 
 
 
1.3.e) Estudos de enquadramento jurídico financeiro. 
 
Um projecto técnico e economicamente viável pode resultar 
irrealizável a luz dos condicionalismos legais e financeiros. 
 
Aspectos legais: 
 
a) Regime jurídico de exercício da actividade pretendida. 
 
- Quem a pode exercer (Estado ou privados) ? 
iávelunitáriocustov
q
Cv v var−=
totalceitaRqpR tt Re. −=
qvCRC ftt .+==
capacidadedecríticopontoq
vp
C
q c
f
c −
−
=
$ 
/ A
no
 
Toneladas / Ano 
 
 
19 
- Critérios a considerar (autorização prévia). 
 
 
b) Regime jurídico de exploração da actividade pretendida (Código 
Comercial). 
 
- Disposições legais sobre a higiene, segurança, 
salubridade das instalações, seguros. 
- Disposições legais sobre o trabalho (contractos, 
acordos, portarias). 
 
- Disposições legais sobre os preços e subsídeos das 
produções a realizar. 
 
- Disposições legais sobre a comercialização interna e 
externa, com destaque para a legislação aduaneira 
(Direitos e taxas de importação de matérias primas. Por 
exemplo). 
 
- Legislação fiscal (impostos, direitos aduaneiros, 
isenções, zonas francas, etc.) 
 
 
c) Formalidades legais da constituição da empresa que explorará o 
projecto. 
 
Se o projecto dá virtualmente origem a uma nova empresa, haverá 
que iniciar os procedimentos legais para a sua constituição, 
envolvendo, nomeadamente: 
 
- A escolha e o registo oficial da denominação social. 
 
- A elaboração do pacto social. 
 
- A realização da escritura pública de constituição da 
sociedade. 
 
- A subscrição do capital social e sua realização total 
ou parcialmente, pelos sócios. 
 
- etc. 
 
 
Aspectos financeiros. 
 
O financiamento dos projectos de investimento pode ser realizado 
através de: 
 
- Autofinanciamento (projectos inseridos no âmbito da própria 
empresa). 
 
- Capital social de constituição. 
 
- Capital alheio. 
 
 
20 
O mercado financeiro é o mercado de capitais a prazo. A informação ao 
nível do projecto sobre os aspectos financeiros deve contemplar: 
 
a) Linhas de rédito existentes. 
 
- crédito ao investimento 
 
- crédito a produção. 
 
- crédito a comercialização. 
 
b) Incentivos de créditos: 
 
Para além das linhas habituais de crédito poderá existir um 
conjuntode incentivos (desde taxas bonificadas de juros, a 
comparticipação e subsídeos, próprios para o investimento). 
 
 
c) Procedimentos para o pedido de financiamento. 
 
As instituições financeiras especializadas no crédito a médio e 
longo prazos (Bancos de investimentos, por exemplo) fazem 
depender a atribuição de crédito a um processo sistemático de 
apreciação que começa pela submissão por parte do proponente de 
um dossier organizado segundo preceitos dessas instituições. 
 
 
1.4 Layout geral da instalação 
 
O layout é uma planta geral da instalação que mostra a forma como os 
equipamentos estão implantados no terreno; as areas cobertas e 
descobertas; as secções principais e auxiliaries, bem como a 
disposição relativa entre os equipamentos. 
 
 
 
 
 
21 
O layout tem que dar uma indicação clara da função dos diferentes 
espaços do terreno e por isso tem que ser cuidadosamente desenhado. O 
layout é elaborado tendo em conta vários factores, tais como o acesso 
aos equipamentos para manutenção e substituição e as prováveis 
alterações no futuro. 
 
A escala de ¼ in = 1 ft e os desenhos tridimensionais são 
frequentemente usados na elaboração do layout. Os desenhos 
isométricos incluindo as quotas de elevação são considerados, pois 
ajudam a melhorar a compreensão sobre a disposição do diverso 
equipamento e sua interligação, sobretudo no que diz respeito a 
tubagem e o seu percurso. 
 
A figura mostra um modelo típico duma instalação industrial, a três 
dimensões. A grande vantagem deste tipo de modelos é que permitem 
identificar rapidamente qualquer êrro de concepção do layout que 
possa ter escapado das plantas bidimensionais, pois é uma réplica da 
instalação real, em pequena escala. 
 
Os factores mais importantes a ter conta na elaboração dum layout 
são os seguintes: 
 
• Tipo e quantidade do produto a ser fabricado. 
• Possíveis alterações no futuro. 
• Espaço requerido e espaço disponível. 
• Planta geral do terreno. 
• Áreas cobertas e não cobertas. 
• Secções principais e auxiliaries. 
• Equipamento principal e auxiliar. 
• Equipamento de controlo e dispositivos de segurança. 
• Infraestruturas de tratamento de resíduos. 
• Acesso ao equipamento para a reparação, manutenção e 
inspensão. 
• Etc. 
 
 
1.5 Saúde ocupacional e segurança 
 
Os acidentes de trabalho e a saúde ocupacional dos trabalhadores são 
factores extremamente importantes a ter em conta durante o 
desenvolvimento dum projecto. Estes factores estão directamente 
ligados com os riscos típicos, associados actividade industrial. Tais 
riscos podem resultar do manuseamento de produtos tóxicos e 
corrosivos, explosões, quedas, electrocuções e funcionamento do 
equipamento mecânico. O engenheiro de projecto tem que estar 
consciente do potencial destes riscos e tomar medidas adequadas para 
minimizar o seu impacto sobre os trabalhadores. 
 
Grande parte dos acidentes com produtos químicos está associado com a 
sua capacidade de destruição dos tecidos orgãnicos da pele, quer por 
queimaduras, digestão, desidratação ou oxidação. A vista e 
especialmente a membrana mucuosa do aparelho respiratório são 
particularmente sensíveis ao efeito corrosivo de certos gases, 
 
 
22 
vapores e poeiras, para além de que alguns têm, adicionalmente, um 
efeito tóxico bastante acentuado, ou ainda são altamente inflamáveis. 
 
O equipamento mecânico é também outra fonte de acidentes de tarbalho, 
por isso, tem que ser projectado de acordo com as especificações ou 
códigos de autoridades reconhecidas, tais como “American Standards 
Association, American Petroleum Institute, American Society for 
Testing Materials”, etc. Os equipamentos que vão funcionar sob 
pressão têm que ser previamente testados com pressões 1,5 a 2 vezes 
superiores aquelas nominais previstas pelo projecto, para cumprir com 
os requisitos de segurança da API e ASME. Se necessário, munir esses 
equipamentos de dispositivos de segurança apropriados, como as 
válvulas ou discos de roptura. 
 
Medidas internas de proibição do uso de materiais incandescentes, 
como sejam velas, maçaricos, fósforos, electricidade estática, 
produtos de combustão espontânea, material ou equipamento propenso a 
curtos circuitos, podem reduzir consideravelmente os riscos de 
incêndios. A instalação de alarmes de incêndio, alarmes de 
temperatura, equipamento de combate aos incêndios e extintores, têm 
que ser especificados no projecto. 
 
A instalação de postos para os primeros socorros, a delimitição e 
protecção das vias de acesso dentro da zona fabril, o resguardo do 
equipamento mecânico, etc. devem ser medidas complementares no 
esforço da redução dos acidentes de trabalho. 
 
 
1.6 Tratamento dos efluentes industriais. 
 
Se nos tempos longícuos o tratamento dos efluentes industriais não 
era uma preocupação dominante, o cenário muda radicalmente nos dias 
de hoje, pois as autoridades governamentais e organizações civis 
impõem condições cada vez mais severas no que diz respeito as 
descargas industriais. Hoje, a viabilidade dum projectos não é 
somente analisada do ponto de vista tecnico e económico, mas 
sobretudo, ambiental. Por conseguinte a elaboração dum projecto 
industrial novo deve integrar também a componente ambiental, 
traduzida por dum plano de gestao ambiental que preconize as formas 
como manusear, tartar e descartar os efluentes perigosos para o meio 
ambiente. 
 
Os diversos efluentes produzidos pela indústria podem ser 
classificados genericamente em sólidos, líquidos e gasosos. Embora a 
poluição do solo, da água e ar sejam consideradas separadamente, o 
efeito combinado e interdependente destes 3 efeitos de poluição é, 
efectivamente, reconhecido. 
 
A indústria é o principal responsável pela poluição do meio ambiente, 
pois, os seus efluentes são na maioria dos casos lançados para a rede 
de esgostos urbanos, sem nenhum tratamento prévio. No caso particular 
da água os problemas causados por estes efluentes são, dum modo 
geral, devidos a uma combinação de factores, nomeadamente: 
 
• BOD (Biochemical Oxygen Demand) elevado. 
 
 
23 
• Presença de sólidos suspensos. 
• E presença de produtos tóxicos. 
 
O BOD é a quantidade de oxigénio necessário para os microorganismos 
metabolizarem a matéria orgânica, sendo menor que COD (Chemical 
Oxygen Demand) que é a demanda do oxigénio quimicamente necessário 
para a oxidação completa de toda a matéria orgânica em água e dióxido 
de carbono (incluindo a fracção que só é degradada por agente 
químicos oxidantes – o KMnO4 e o K2Cr2O7). 
 
Assim, a medida do BOD dá uma ideia da carga poluente que uma 
determinada água possui em termos de presença de matéria orgânica. 
Significa isto, por outras palavras, que uma descarga dum efluente 
carregado de matéria orgânica num rio, no mar ou num lago, vai 
implicar necessariamente um desfalque em oxigénio dissolvido no ponto 
da descarga. As implicações desta situação são óbvias: as espécies 
aquáticas irão migrar para zonas onde possam encontrar oxigénio 
suficiente e as mais sensíveis irão morrer. 
 
 
 
As águas residuais das indústrias como: açucareiras, fábricas de 
papel, fábricas de processamento de alimentos, etc. contêm um BOD 
bastante elevado. Ao serem lançadas no curso das águas receptoras, 
provocam uma redução do nível de oxigénio dissolvido, devido a 
proliferação de microorganismos que encontram na matéria orgânica o 
substracto ideal para a sua multiplicação e consequentemente 
exercendo uma competição com as espécies aquáticas no consumo do 
oxigénio. Tal situação é agravada quando se trata águas opacas 
(negras, com pigmentos, etc.) que impedem a penetração da luz solar 
para realizar a fotosíntese das plantas submersas (a fotosíntese 
produz oxigénio). 
 
Os problemas da pela depressão da curva de oxigénio agravam-se quando 
várias indústrias estão situados ao longo do mesmo curso de água, a 
 
 
24 
distâncias tais que o sistema não consiga recuperar entre descargas 
sucessivas. 
 
 
 
 
 
 
 
As tabelas que se seguem mostramas características que a água deve 
obedecer para três diferentes utilizações. 
 
 
 
 
 
25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26 
 
 
 
	UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
	DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
	PROJECTO DO CURSO
	Manual de apoio
	Por: Borges Chambal
	Maputo, 2005.
	PROJECTO DE INSTALAÇÕES QUÍMICAS
	ÍNDICE
	INTRODUÇÃO
	ANEXOS
	PROJECTO
	CLASSIFICAÇÃO DOS PROJECTOS
	RENDIBILIDADE
	Toneladas / Ano

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