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Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 91928 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.9, p. 91928-91941 sep. 2021 Metodologias ativas no ensino remoto emergencial: O atendimento educacional especializado com aluno com deficiência Intelectual- DI Active methodologies in emergency remote teaching: Specialized educational care for students with intellectual Disabilities- DI DOI:10.34117/bjdv7n9-383 Recebimento dos originais: 07/08/2021 Aceitação para publicação: 23/09/2021 Francismara Janaina Cordeiro de Oliveira Pós graduação em Educação Especial com ênfase em Deficiência Auditiva Prefeitura Municipal de Paranaguá Rua dos Cravos, 28. Conjunto Nilson Neves. E-mail: Francismara21@gmail.com Marili Moreira Lopes Pós graduação em Gestão de Processos em Educação Inclusiva Escola Municipal Nazira Borges Rodolpho Schawazabach, 437 - Parque São João E-mail: mare72lopes@gmail.com RESUMO O presente estudo aborda o uso das Metodologias Ativas na Pandemia do Covid-19 onde os alunos das escolas públicas passaram a participar de um processo de ensino emergencial, o ensino remoto. O professor do Atendimento Educacional Especializado, o PAEE, teve que se reinventar e buscar em pesquisas que tratam do uso das Metodologias Ativas conhecimentos para ressignificar suas práticas pedagógicas. Com objetivo geral de investigar a prática pedagógica PAEE, tem como objetivos específicos: debater sobre as mudanças nas práticas pedagógicas necessárias para atender alunos com Deficiência Intelectual no ensino emergencial remoto, enumerar as práticas pedagógicas que podem ser desenvolvidas com alunos com DI, e descrever as práticas pedagógicas utilizando-se Metodologias Ativas nas intervenções com alunos com DI no ensino remoto emergencial. A metodologia desenvolvida é a bibliográfica com consulta a autores da área de educação que escrevem sobre o uso de Metodologias Ativas e das Tecnologias da Informação. Autores e documentos como a Constituição de 1988 que traz a educação como direito, Sassaki (2005) que escreve sobre a inclusão, Martins (2006) que fala sobre a importância da formação continuada do professor, Valente (2014) que escreve sobre as Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação, Morán (2015) que aborda as Metodologias Ativas na educação, dentre outros autores e autoras. O professor de Atendimento Educacional Especializado é aquele que encaminha o aluno às aprendizagens a partir de elementos e práticas que estejam a seu alcance, ou seja, que viabilizem e fomentem seu desenvolvimento cognitivo e intelectual. Palavras-chave: Aprendizagens, Ensino Emergencial, Metodologias Ativas. Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 91929 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.9, p. 91928-91941 sep. 2021 ABSTRACT The present study addresses the use of Active Methodologies in the Covid-19 Pandemic where public school students started to participate in an emergency teaching process, the remote teaching. The Specialized Education Assistance teacher, the PAEE, had to reinvent himself and seek in researches that deal with the use of Active Methodologies knowledge to give new meaning to his pedagogical practices. With the general objective of investigating the PAEE's pedagogical practice, it has as specific objectives: to discuss the changes in pedagogical practices necessary to assist students with Intellectual Disabilities in remote emergency education, to enumerate the pedagogical practices that can be developed with students with ID, and to describe the pedagogical practices using Active Methodologies in the interventions with students with ID in remote emergency education. The methodology developed is bibliographic with consultation to authors in the area of education who write about the use of Active Methodologies and Information Technology. Authors and documents such as the 1988 Constitution that brings education as a right, Sassaki (2005) who writes about inclusion, Martins (2006) who talks about the importance of continuous teacher training, Valente (2014) who writes about Digital Information and Communication Technologies, Morán (2015) who discusses Active Methodologies in education, among other authors. The Specialized Educational Assistance teacher is the one who guides the student to learning based on elements and practices that are within his reach, i.e., that enable and foster his cognitive and intellectual development. Keywords: Learning, Emergency Teaching, Active Methodologies. 1 INTRODUÇÃO As Metodologias Ativas no Ensino Emergencial Remoto, estão diretamente relacionadas à importância do atendimento do PAEE aos alunos com DI no período chamado “quarentena”, que se caracteriza pelo distanciamento social e pelas aulas não presenciais, ou seja, o aluno estuda em casa mediante o uso de materiais impressos e orientações online dos professores. Junto a esses elementos, vídeo aulas, slides, músicas, joguinhos online, histórias contadas, encenadas e etc. É preciso unir esforços entre comunidade escolar e famílias para que o aluno incluso não fique sem atendimento na quarentena e possa participar, assim como os demais alunos regulares, no processo de ensino escolar. Entretanto, o Atendimento Educacional Especializado também passou a ser feito de forma remota para garantir a saúde de professores e alunos, o que exigiu esforço por parte dos professores que tiveram que buscar formação e novos conhecimentos referentes ao uso das tecnologias e nova metodologias de ensino, afinal, passou a ser um desafio atender alunos com DI à distância. Junto a isso, investimentos em equipamentos para atender os alunos foram feitos pelos professores. Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 91930 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.9, p. 91928-91941 sep. 2021 Como objetivo geral propôs-se investigar a prática pedagógica do PAEE. E quanto aos objetivos específicos definiu-se debater sobre as mudanças nas práticas pedagógicas necessárias para atender alunos com DI no ensino emergencial remoto, enumerar as práticas pedagógicas que podem ser desenvolvidas com alunos com DI e descrever as práticas pedagógicas utilizando Metodologias Ativas nas intervenções com alunos com DI no ensino remoto emergencial. O processo de ensino aprendizagem na Pandemia do Covid-19 exigiu de professores e educadores novos conhecimentos para garantir aos alunos a continuidade do processo escolar mesmo fora da escola. Nesta vertente, foi preciso buscar formação quanto ao uso de Metodologias Ativas que contribuíssem com as práticas pedagógicas desenvolvidas. Diante do exposto, levantou-se a seguinte questão norteadora: Como as Metodologias Ativas utilizadas no Ensino Remoto Emergencial podem contribuir com a prática pedagógica do PAEE? A fundamentação teórica em autores da área foi essencial para o desenvolvimento das análises. Também foram consultadas as Leis que garantem o direito à educação de alunos com DI. A prática pedagógica do professor, principalmente no Ensino Remoto Emergencial precisa estar em constante processo de avaliação para que se efetivem aprendizagens no Atendimento Educacional Especializado. Contudo, a escola precisa dar condições para que esse professor desenvolva seu trabalho. O uso de tecnologias requer instrumentos para que se realize. Portanto, políticas públicas que estejam voltadas para a melhoria da educação inclusiva e formação continuada de professores são bases para a efetiva aprendizagem de alunos DI no Ensino Remoto Emergencial. As Metodologias Ativas, segundo Morán, (2018, p. 3) caracterizam-se por requerer “espaços de prática frequentes (aprender fazendo) e de ambiente ricos em oportunidades”. São as Metodologias Ativas responsáveis por “estratégias, abordagens e técnicasconcretas, específicas e diferenciadas” (MORAN, 2018, p. 4) para que o processo de ensino com os alunos com DI seja efetivo. O presente estudo está organizado em tópicos que abordarão a Educação Especial e Inclusiva, a formação do professor para atuar com alunos com DI no Ensino Remoto Emergencial, o uso de Metodologias Ativas no AEE (Atendimento Educacional Especializado), as práticas pedagógicas que podem ser desenvolvidas junto às Metodologias Ativas de ensino escolar. Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 91931 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.9, p. 91928-91941 sep. 2021 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 A EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei nº 4.024/61, instituiu a Educação Especial em âmbito educacional brasileiro. Nesta lei, o direito à educação dos “excepcionais”, termo este substituído para garantir que a pessoa com deficiência não sofresse nenhum tipo de discriminação em seus ambientes de vivência ou aonde possa vir a viver. Com o decorrer do tempo novas políticas educacionais se fizeram necessárias na Educação Especial haja vista sua complexidade e demanda tanto educacional quanto social para a inserção e adequação das estruturas junto a um currículo adaptado para os alunos na escola. Na Constituição de 1988, a educação como direito é expressa da seguinte forma: Art. 205 – A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988). A partir deste artigo da Constituição, abre-se um leque de possibilidades para que o movimento pela inclusão ganhasse força e mais tarde conquistasse direitos. O Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990 contribui ainda mais com esse processo, vide artigo 54 do Capítulo IV deste Estatuto. Da mesma forma, Sassaki escreve que: Educação inclusiva é o conjunto de princípios e procedimentos implementados pelos sistemas de ensino para adequar a realidade das escolas à realidade do alunado que, por sua vez, deve representar toda a diversidade humana. Nenhum tipo de aluno poderá ser rejeitado pelas escolas. As escolas passam a ser chamadas inclusivas no momento em que decidem aprender com os alunos o que deve ser eliminado, modificado, substituído ou acrescentado nas seis áreas de acessibilidade, a fim de que cada aluno possa aprender pelo seu estilo de aprendizagem e com o uso de todas as suas múltiplas inteligências (SASSAKI, 2003. p. 15). Desta forma, a Educação Especial e Inclusiva toma corpo para atender uma demanda de pessoas com deficiências para ter acesso à educação e desta forma, inserir- se em sociedade, antes elitizada para os ditos “normais”, fechado para a pessoa com deficiência. A nomenclatura “excepcionais” foi substituída por “pessoa com necessidades educacionais especiais” e na atualidade, por “pessoa com deficiência”. (MAZOTA, 2005, p. 11). Se antes as “necessidades especiais” não expressavam o real, a nova nomenclatura “com deficiência”, busca não generalizar a condição, mas sim levar a entender que todos Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 91932 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.9, p. 91928-91941 sep. 2021 nós temos limitações e também capacidades/potencialidades que podem ser desenvolvidas. A Deficiência Intelectual também é conhecida como Deficiência Mental. Segundo o Ministério da Educação, [...] A deficiência mental é um quadro psicopatológico que diz respeito, especificamente, às funções cognitivas. Todavia, tanto os outros aspectos estruturais quanto os aspectos instrumentais também podem estar alterados. Porém, o que caracteriza a deficiência mental são defasagens e alterações nas estruturas mentais para o conhecimento. (BRASIL, 2005, p. 12). Segundo o documento, a Deficiência Intelectual diz respeito às funções cognitivas e também atingem aspectos estruturais e instrumentais. A dificuldade se acentua, portanto, na estrutura mental para o desenvolvimento de aprendizagens, da sistematização, internalização dos conhecimentos. Portanto, faz-se necessário práticas pedagógicas e intervenções docentes direcionadas conforme as especificidades de cada aluno com DI. A inclusão, a partir de 2001 deu-se fundamentada oficialmente desta forma: “Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizarem-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais” (BRASIL, 2001). Logicamente que essa “adequação” não se deu do dia para a noite. Foi necessário um tempo para que as instituições de ensino se organizassem e até mesmo os professores buscassem formação para atuar na modalidade de educação inclusiva. A formação, a partir da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) de 1996, exigiria do professor o curso de especialização em Educação Especial e Inclusiva para atuar com esses alunos. Posteriormente, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva que contemplou a inclusão escolar em sua integralidade, ou seja, especificou as deficiências que a escola passa a atender a partir da inclusão. Dentre elas, “[...] alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação”. (BRASIL, 2008) 2.2 METODOLOGIAS ATIVAS E A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DO ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO O Professor de Atendimento Educacional Especializado tanto atende alunos com deficiências quanto pode orientar outros professores para que desenvolvam atividades Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 91933 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.9, p. 91928-91941 sep. 2021 adaptadas para os alunos com deficiência, especialmente tratado aqui, a Deficiência Intelectual no ensino remoto emergencial. O PAEE é o professor que cria possibilidades de aprendizagens para o aluno com DI. Dessa forma, é ele que encaminha, a partir de técnicas específicas, com materiais adaptados, instrumentos que facilitem as aprendizagens e elementos que levem o aluno a se apropriar dos conhecimentos escolares, já que nesse processo é necessário utilizar de diferentes abordagens e elementos para sua efetividade. No Estado do Paraná, a Superintendência da Educação delibera que o PAEE ou mesmo o professor com habilitação e formação em Educação Especial e Inclusiva tem como atribuições: Professor de apoio permanente em sala de aula: professor habilitado ou especializado em educação especial que presta atendimento educacional ao aluno que necessite de apoios intensos e contínuos, no contexto de ensino regular, auxiliando o professor regente e a equipe técnico pedagógica da escola. Com este profissional pressupõe-se um atendimento mais individualizado, subsidiado com recursos técnicos, tecnológicos e/ou materiais, além de códigos e linguagens mais adequadas às diferentes situações de aprendizagem (PARANÁ, 2003, p. 20). Portanto, a partir da operacionalização do processo de ensino, com retomadas de conteúdo, com abordagens diferenciadas e utilizando-se de diferentes instrumentos é que se pode alcançar as aprendizagens do aluno com Deficiência Intelectual no processo de escolarização. Para além de atividades impressas e mecânicas, o PAEE e principalmente no ensino remoto emergencial é o agente que facilita as aprendizagens do aluno com DI como escreve Fuck (1999, p. 14-15) que é preciso acreditar no educando, “na sua capacidade de aprender, descobrir, criar soluções, desafiar, enfrentar, propor, escolher e assumir as consequências de sua escolha”. Segundo Rondini; Pedro; Duarte (2020, p.8) “O intuito do ensino remoto não é estruturar um ecossistema educacional robusto, masofertar acesso temporário aos conteúdos curriculares que seriam desenvolvidos presencialmente”. Esse acesso temporário já perdura por cerca de um ano e meio e esse fator interferiu diretamente no Atendimento Educacional Especializado, pois o ensino à distância com aluno com DI requer-se de um aparato de tecnologias muitas vezes não presentes na realidade vivida tanto de alunos quanto de professores. Os anos de 2020 e 2021 estão sendo atípicos para a educação. A pandemia causada pelo “novo Corona vírus” exigiu adaptações tanto dos docentes como dos discentes para que uma nova forma de interagir se instalasse para as trocas de conhecimentos e de Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 91934 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.9, p. 91928-91941 sep. 2021 comunicação entre professores e alunos. Tanto o planejamento docente, o calendário escolar, a prática pedagógica como a forma de abordar os conteúdos e foram reestruturados e repensados pelos profissionais da educação, principalmente dos PAEE. Segundo o Ministério da Saúde, a Covid-19 pode ser explicada da seguinte forma: Os coronavírus são uma grande família de vírus comuns em muitas espécies diferentes de animais, incluindo camelos, gado, gatos e morcegos. Raramente, os coronavírus que infectam animais podem infectar pessoas, como exemplo do MERS-CoV e SARS-CoV. Recentemente, em dezembro de 2019, houve a transmissão de um novo coronavírus (SARS-CoV-2), o qual foi identificado em Wuhan na China e causou a COVID-19, sendo em seguida disseminada e transmitida pessoa a pessoa. (BRASIL, 2020) Com a necessidade de isolamento social a Escola buscou diferentes ferramentas para que a Educação não parasse e o processo de aprendizagem não fosse interrompido. Foi uma intensa busca para que o professor de sala de aula se reinventasse: num primeiro momento aceitando o grande desafio e depois buscando conhecimentos. O apoio do poder público ainda se espera. Mas a família, mesmo com parcos recursos, incentivou o desempenho do aluno como era possível. Embora a falta de estrutura permeie o cotidiano da escola pública, há esforço de professores para garantir que seus alunos tenham acesso às aulas na pandemia. Dentre muitas ações, podemos citar a comunicação entre professores e alunos a partir de mensagens via celular para o desenvolvimento de projetos escolares. Moran destaca sobre o ensino tradicional (atividades impressas que priorizam exercícios mecânicos) e o ensino interdisciplinar desenvolvido a partir de projetos: As instituições educacionais atentas às mudanças escolhem fundamentalmente dois caminhos, um mais suave - mudanças progressivas - e outro mais amplo, com mudanças profundas. No caminho mais suave, elas mantêm o modelo curricular predominante – disciplinar – mas priorizam o envolvimento maior do aluno, com metodologias ativas como o ensino por projetos de forma mais interdisciplinar, o ensino híbrido ou blended e a sala de aula invertida. (MORAN, 2015, p. 17) As Metodologias Ativas em tempos de Pandemia podem ser utilizadas no atendimento ao aluno com deficiência para garantir que o processo de ensino e aprendizagem se efetive. Além de projetos que utilizem de conhecimentos referentes ao seu cotidiano, ainda se pode desenvolver o atendimento a esses alunos mantendo todos os protocolos de segurança (distanciamento social, uso de álcool em gel, uso de máscaras) na escola alternando os dias em que o aluno terá aula presencial. Nos encontros presenciais, o professor encaminha o aluno, orienta para o desenvolvimento dos projetos. Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 91935 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.9, p. 91928-91941 sep. 2021 “Em campo”, o aluno participa dos processos do cotidiano e passa a perceber que tudo tem um porquê e uma razão. Desta forma aprende, como escreve Moran (2015, p. 17) que “a melhor forma de aprender é combinando equilibradamente atividades, desafios e informação contextualizada”. Mesmo depois que a escola passar a atender os alunos presencialmente, ainda é possível, conforme a demanda, atender o aluno com deficiência alternando entre o ambiente escolar e sua casa, com a ajuda da família. O processo pode ser benéfico, já que um longo período vivido no isolamento proporcionou experiências que podem ser levadas para as práticas escolares. “Quanto mais aprendamos próximos da vida, melhor. As metodologias ativas são pontos de partida para avançar para processos mais avançados de reflexão, de integração cognitiva, de generalização, de reelaboração de novas práticas” (MORAN, 2015, p. 18). Neste viés, Moran aponta que as Metodologias Ativas são modelos inovadores que podem ser acatados por instituições de ensino: Outras instituições propõem modelos mais inovadores, disruptivos, sem disciplinas, que redesenham o projeto, os espaços físicos, as metodologias, baseadas em atividades, desafios, problemas, jogos e onde cada aluno aprende no seu próprio ritmo e necessidade e também aprende com os outros em grupos e projetos, com supervisão de professores orientadores. (MORAN, 2015, p. 17) Os encaminhamentos docentes refletem-se na prática pedagógica do professor que ao utilizar, por exemplo de Metodologias Ativas, enfatiza o protagonismo do aluno em participar ativamente na construção de seu conhecimento, como escreve Morán (2018, p. 4) que essas Metodologias “[...] dão ênfase ao papel de protagonista do aluno, ao seu envolvimento direto, participativo e reflexivo em todas as etapas do processo”. O uso dessas Metodologias, no ensino remoto emergencial, mostrou-se um tanto quanto desafiadoras para o professor do AEE. O caminho encontrado foi o do protagonismo do aluno em seus conhecimentos, ou seja, trabalhar com o que o aluno já sabe, valorizando as suas experiências, mas também aproveitando do seu ambiente familiar e seu acesso a recursos domésticos, para desenvolver práticas objetivando o desenvolvimento cognitivo e intelectual. Moran (2015, p. 18) descreve os componentes necessários para o desenvolvimento das aprendizagens: Alguns componentes são fundamentais para o sucesso da aprendizagem: a criação de desafios, atividades, jogos que realmente trazem as competências necessárias para cada etapa, que solicitam informações pertinentes, que oferecem recompensas estimulantes, que combinam percursos pessoais com Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 91936 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.9, p. 91928-91941 sep. 2021 participação significativa em grupos, que se inserem em plataformas adaptativas, que reconhecem cada aluno e ao mesmo tempo aprendem com a interação, tudo isso utilizando as tecnologias adequadas. O uso de tecnologias adequadas citadas pelo referido autor, dão suporte para o desenvolvimento das Metodologias Ativas. Interdisciplinarmente, o PAEE pode desenvolver intervenções onde o aluno seja estimulado a perceber em seu entorno canais de aprendizagens. O uso do celular para as aprendizagens, por exemplo, é um instrumento importante no que se refere ao acesso à links disponibilizados pelo professor para complementar as aulas e os conteúdos abordados. Junto aos vídeos, livros que podem ser baixados gratuitamente e que impresso não haveria possibilidade de acesso. A interação do professor com o aluno mesmo distante, em tempo real a partir de ligações de vídeo. O distanciamento social necessário na pandemia é superado com o uso das tecnologias que aproximam alunos e professores e promovem a continuidade do processo de ensino escolar com o uso desses instrumentos. Essa forma de intervir no seu próprio cotidiano faz parte de uma formação cidadã que além de estar nos ambientes, percebe nele uma dinamicidade sem parâmetros com inúmeras possibilidades de intervenções. Dessa forma, oensino remoto emergencial para além das Metodologias Ativas, ainda se utiliza do cotidiano integralmente, já que o aluno com DI está em sua casa e a partir dos encaminhamentos docentes, passa a perceber a dinamicidade das relações que o circundam e exercem influência sobre suas aprendizagens e sua formação. A capacidade que o aluno traz de aprender está diretamente ligada à necessidade do professor do AEE levantar suas aptidões, ou seja, perceber a partir de um processo de avaliação contínuo das aprendizagens e mesmo dificuldades de aprendizagens do aluno com DI, onde é necessário atuar efetivamente para que ele se desenvolva. Contudo, é preciso que a escola dialogue com as aprendizagens e experiências que o aluno traz de seu meio de vivência. Luckesi (2000) diz que: A educação, nos seus diversos aspectos, não formal e formal, tem a possibilidade de medir uma construção sadia da vida. Na medida em que grande parte da população mundial passa por ela, é imenso o poder que tem a educação de interferir numa direção sadia dada à vida. Essa direção sadia dada à vida pode ser a inserção do aluno e o desenvolvimento de suas percepções e atenção ao que antes não lhe despertavam interesses. O cotidiano familiar guarda relações que quando apontadas pedagogicamente podem interferir na Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 91937 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.9, p. 91928-91941 sep. 2021 forma com que o aluno com DI vê, sente e se relaciona. Portanto, a qualidade da educação destinada ao aluno com Deficiência Intelectual é essencialmente, além de um direito na pandemia, uma metodologia que garante a continuidade das aprendizagens de forma interdisciplinar, ou seja, une os saberes de mundo aos saberes escolares de forma integral, propulsora de conhecimentos que fazem parte do cotidiano de forma contextualizada. A escola pode ser a propulsora e mediadora do processo de ensino. Moran traz um exemplo de projeto onde o aluno estuda em casa. A escola faz a ponte que sistematiza o conhecimento e debate os projetos em profundidade, a saber: O aluno escolhe um problema real de sua comunidade ou região para trabalhar os temas daquele período.” As aulas expositivas também foram abolidas. Agora, os alunos estudam os conteúdos em casa, ou onde preferirem. São disponibilizados em uma plataforma on-line vídeos, textos e um conjunto de atividades às quais os estudantes devem se dedicar antes de ir para a aula. Essas atividades são de dois tipos: um primeiro de fixação e garantia de compreensão do conteúdo, e outro de problematização, que estimula a pesquisa e a transposição do conhecimento para problemas reais. Com isso, o tempo em sala de aula é usado para que os temas sejam debatidos mais profundamente e também para a realização dos projetos do semestre. (MORAN, 2015, p. 21) Os encontros presenciais, neste modelo adotado podem ser desenvolvidos no ensino remoto emergencial. Mesmo que o encontro presencial para debater projetos e orientar os alunos não possam ocorrer, é possível fazê-los a partir do uso de canais de comunicação como vídeo chamada, mensagens de voz e texto. São infinitas as possibilidades que a tecnologia proporciona para o desenvolvimento desse tipo de Metodologia Ativa. Móran (2018, p. 3), escreve que “A aprendizagem mais profunda requer espaços de prática frequentes (aprender fazendo) e de ambiente ricos em oportunidades”. Na Pandemia do Covid-19 e na vigência do isolamento social com o ensino escolar remoto, essas oportunidades que o referido autor cita, podem ser o ambiente de convivência familiar em sua diversidade de elementos problematizados pelo professor do Atendimento Educacional Especializado para transformar-se em eixos norteadores de múltiplas aprendizagens na Pandemia. As aprendizagens que utilizam de conhecimentos e dinâmicas vividas pelo aluno, podem se mostrar eficazes para o processo de desenvolvimento escolar. Para tanto, o enfoque no “aluno ativo e não passivo, envolvimento profundo e não burocrático, professor orientador e não transmissor” (MORAN, 2015, p. 22) são fundamentais para a efetividade das Metodologias Ativas. Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 91938 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.9, p. 91928-91941 sep. 2021 A aula invertida, uma opção que pode ser utilizada na Pandemia e também quando as aulas voltarem para o modelo presencial, também é importante e pode ser desenvolvida. Sobre este modelo, Moran descreve que: Um dos modelos mais interessantes de ensinar hoje é o de concentrar no ambiente virtual o que é informação básica e deixar para a sala de aula as atividades mais criativas e supervisionadas. É o que se chama de aula invertida. A combinação de aprendizagem por desafios, problemas reais, jogos, com a aula invertida é muito importante para que os alunos aprendam fazendo, aprendam juntos e aprendam, também, no seu próprio ritmo. Os jogos e as aulas roteirizadas com a linguagem de jogos cada vez estão mais presentes no cotidiano escolar. Para gerações acostumadas a jogar, a de desafios, recompensas, de competição e cooperação é atraente e fácil de perceber. (MORAN, 2015, p. 23) O uso de diferentes estratégias para ensinar e aprender, podem contar com as tecnologias por mais escassas que se apresentem. A escola, em tempos de Pandemia precisou se reinventar. Para Fernandes; Oliveira; Costa (2020, p. 55), a aula invertida no Ensino Remoto “pode acontecer com êxito, tendo em vista que o professor pode formar um grupo, no WhatsApp, por exemplo, para que os alunos estudem previamente e colocado em prática na aula remota”. Para isso, o uso do Google Meet, ligações via WhatsApp em grupo de alunos, etc. Os professores necessitaram buscar formação e informações referentes a novos encaminhamentos e procedimentos que pudessem auxiliar o aluno com deficiência a não perder afinidade com as dinâmicas escolares e para isso, múltiplas formas de intervenção foram desenvolvidas à luz de teorias e práticas já aplicadas. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS As Metodologias Ativas utilizadas no Ensino Remoto Emergencial podem contribuir com a prática pedagógica do Professor do Atendimento Educacional Especializado, pois, além de protagonizar o aluno como centro do processo de ensino, ainda prevê que o desenvolvimento de suas capacidades se dá a partir do trato com sua realidade. Ao levar em conta seus saberes, o professor media o conhecimento de forma a tornar o aluno um pesquisador dos fatos, ações e conhecimentos que interferem em suas vivencias e em seu cotidiano. Desta forma, todo o aparato de condições estruturais à sua volta, são revertidos em sistematizações feitas e desenvolvidas pelo professor para que o aluno seja participante ativo nesse processo. Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 91939 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.9, p. 91928-91941 sep. 2021 Dentre muitos encaminhamentos que podem ser desenvolvidos no Ensino Remoto Emergencial para conduzir os alunos inclusos com Deficiência Intelectual- DI, é investigar seu entorno social para desenvolver projetos que estejam atrelados às suas vivências. Atrelar a teoria com a prática é uma forma de desenvolver o interesse pelos conhecimentos escolares e na Pandemia ainda mais. Desta forma, ao abordar problemas encontrados, projetos podem ser desenvolvidos onde o aluno levará os conhecimentos que já possui sobre o assunto e o mesmo será instigado a aprofundar seus conhecimentos e posteriormente, interferir para provocar mudanças em seu entorno social. Um exemplo seria o tratamento do lixo, a destinação e etc. É um problema social que pode ser desenvolvido e tratado junto aos conteúdos de Ciências, de Língua Portuguesa, de Arte apoiados pela comunidade escolar. Essas mediações auxiliamno processo de desenvolvimento do aluno ao mesmo tempo em que lhe conferem experiências práticas e ativas. Outro fator a ser destacado é a falta de recursos tecnológicos para o desenvolvimento de aulas não presenciais. Porém, no diálogo com autores percebeu-se que, por mais escassos que sejam, é possível potencializar o que se tem. Portanto, se o professor consegue mediar os conhecimentos a partir de um aplicativo de WhatsApp, por exemplo, ele pode aproveitar ao máximo esse recurso de comunicação. A partir dele, pode-se desenvolver aulas dinâmicas, com comunicação ao vivo ou gravada, utilizar-se de joguinhos educativos que potencializem o espírito competitivo, a criatividade e etc. A prática pedagógica do Professor do Atendimento Educacional Especializado pode estar em consonância com os saberes cotidianos dos alunos. Isto porque é preciso atrelar a teoria com a prática, mas também encaminhar o aluno às aprendizagens significativamente, ou seja, é preciso utilizar fatos do cotidiano, situações problemas vivenciadas para que o conhecimento não esteja análogo aos acontecimentos vividos às experiências que o meio proporciona. As mudanças ocorridas no atendimento de aluno com DI, inicialmente, apontaram que novas formas de intervir sobre o processo de ensino seriam necessárias. Com o atendimento totalmente remoto, sem encontros presenciais, a evidência e a emergência de práticas pedagógicas que utilizassem de interesses dos alunos se fizeram emergentes. Assim, tanto os professores AEE quanto o aluno com DI, passaram por uma adaptação e depois por usufruir das Metodologias Ativas em prol de suas aprendizagens. A prática pedagógica do Professor de Atendimento Educacional Especializado pode ser efetivada a partir do compromisso do professor em fomentar ações que levem Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 91940 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.9, p. 91928-91941 sep. 2021 em conta as especificidades do aluno e interesses junto a um processo contínuo de avaliação das suas aprendizagens. Avaliar as aprendizagens no desenvolvimento de um projeto, por exemplo, pode ter como critério o desenvolvimento dos interesses quanto ao objeto pesquisado. As intervenções decorrentes da aprendizagem, na prática, podem ser efetivadas a partir de intervenções do próprio aluno em seu entorno. Assim, um projeto onde aborde o uso da água em períodos de seca, por exemplo, promove a conscientização quanto ao uso adequado da água tanto do aluno que participou do projeto como das pessoas de seu entorno. O processo histórico da inclusão permitiu que o movimento da Educação Especial e Inclusiva alcançasse direitos com o acesso no ensino regular e a inserção tanto educacional quanto social. A partir da Constituição de 1988 onde tem-se a educação como direito, abriu-se um leque de oportunidades como inserção em áreas antes não flexíveis para a atuação da pessoa com deficiência e também do acesso com as condições estruturais para que possam se locomover e inserir-se, assim como outras medidas contempladas no direito a ter direito. As práticas pedagógicas que podem ser desenvolvidas com aluno com Deficiência Intelectual necessitam ser constantemente avaliadas e também trabalhadas conforme as especificidades de cada aluno. Dessa forma, ao desenvolver uma prática, é preciso avaliar o aluno em todas as suas dimensões atendo-se a sua capacidade de análise e aos encaminhamentos e procedimentos propostos. Da mesma forma, os materiais também devem estar de acordo com a dificuldade enfatizando sempre os avanços num processo de desenvolvimento e envolvimento integral. Esses materiais podem ser pedagógicos impressos, virtuais (jogos, vídeos, musicas) e também concretos como materiais didáticos específicos para atingir o desenvolvimento de uma habilidade, como por exemplo, os blocos lógicos (que tem como objetivo desenvolver o raciocínio lógico matemático do aluno). Os benefícios de uma prática pedagógica voltada para atender as dificuldades de aprendizagem do aluno com DI são de inserção escolar além de fomentar a inclusão e promover o desenvolvimento intelectual e cognitivo do aluno. Portanto, a inclusão se dá a partir da garantia da inserção do aluno, das condições de aprendizagens e da garantia de sua permanência na escola. Compete à prática pedagógica proporcionar esses vários elementos para efetivação deste processo. Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761 91941 Brazilian Journal of Development, Curitiba, v.7, n.9, p. 91928-91941 sep. 2021 REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição Federal 1988. Brasília: Senado, 1988 BRASIL. LDB 9.394/1996. Leis de Diretrizes e Bases. Lei nº 9.394. Brasília, 1996. BRASIL. Ministério da Educação/Secretaria de Educação Especial. Documento Subsidiário à Política da Inclusão. Brasília: MEC/SEESP, 2005. BRASIL. Lei Federal n. 8069, de 13 de julho de 1990. ECA _ Estatuto da Criança e do Adolescente. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília, DF: MEC/SEESP, 2008. 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