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cosmetico e sanificantes

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1 Introdução à cosmetologia
De acordo com Rito et	 al. (2012), produtos	 cosméticos podem ser de�inidos
como preparações compostas por substâncias sintéticas ou naturais de uso externo, aplicáveis a
diversas partes do corpo	humano, incluindo pele, sistema capilar, lábios, unhas, órgãos genitais externos,
dentes e mucosas da cavidade oral. Podem ser utilizados para limpar, perfumar, proteger, promover
alterações na aparência, reduzir odores corporais excessivos, entre outras aplicações. Os cosméticos são
geralmente misturas	complexas de produtos quı́micos, formulados a �im de proporcionar benefı́cios e
fornecer proteção contra desa�ios ambientais, como a radiação ultravioleta proveniente do sol (SALVADOR;
CHISVERT, 2018).
Segundo Ribeiro (2010), a cosmetologia pode ser de�inida como a área da ciência que estuda
os cosméticos, desde a concepção até a aplicação �inal em produtos	elaborados. Engloba pesquisas de
novas matérias-primas, tecnologias empregadas, desenvolvimento de formulações, produção em larga
escala, comercialização, controle de qualidade, toxicologia, e�icácia e inspeção. A cosmetologia não tem
como �inalidade a terapêutica, sendo mais focada na prevenção e melhorias, incluindo alterações
inestéticas no cabelo e na pele. Trata-se de uma área multidisciplinar, envolvendo conhecimentos de
quı́mica, biologia, fı́sica e farmacêutica.
1.1 Classificação dos cosméticos
No Brasil, os cosméticos são normalmente tratados dentro de uma classe ampla,
denominada produtos	 para	 a	 higiene	 e	 cuidado	 pessoal. Cosméticos são percebidos de
diferentes maneiras em diferentes paı́ses. A distinção	precisa entre os diferentes cosméticos para
diferentes aplicações é di�ícil: alguns visam ao embelezamento temporário, como as maquiagens,
outros são destinados para o cuidado pessoal, enquanto alguns apresentam propriedades
especı́�icas, como redução na formação de rugas (GALEMBECK; CSORDAS, 2009).
Clique abaixo e saiba mais sobre a classi�icação dos cosméticos.
Os cosméticos também podem ser subdivididos em segmentos premium e
de produção	em	massa, de acordo com o prestı́gio da marca, o preço e os canais de
distribuição utilizados. Em uma visão global, o segmento de massa representou 72% do
total de vendas em 2010, enquanto o segmento premium representou os 28% restantes.
A maioria das vendas globais de cosméticos premium concentra-se nos mercados
desenvolvidos, principalmente nos Estados unidos, Japão e França (LOPACIUK;
LOBODA, 2013).
1.2 Cosméticos ecologicamente amigáveis
As atuais preocupações com as mudanças	 climáticas têm impactado um grande número de
campos da ciência e tecnologia. A investigação e aplicação dos princı́pios da química
verde levaram a um alto nı́vel de mudança na fabricação e design de produtos quı́micos, com o
desenvolvimento de processos mais limpos e benignos, conforme a demanda de segurança
humana e ambiental. A indústria de cosméticos também foi in�luenciada	por essas mudanças, e
a produção de cosméticos e dos produtos de cuidado pessoal precisaram tomar medidas para
melhorar as credenciais	ecológicas de seus produtos (SALVADOR; CHISVERT, 2018).
Tem-se observado o desenvolvimento de tecnologias voltadas a meios mais e�icientes, visando
minimizar ao máximo o impacto na integridade da fauna e da �lora. O consumo desse tipo de
produto tem apresentado crescimento	signi�icativo. O consumidor de produtos ecologicamente
amigáveis apresenta conscientização ambiental, acreditando que suas	ações	podem mudar o meio
ambiente, sendo assim, esse per�il de consumidor procura por produtos que não agridam a
natureza, veri�icando-os desde a sua fabricação	 até a sua embalagem. Os cosméticos
ecologicamente amigáveis podem ser divididos em três	 categorias, de acordo com
sua composição, sendo eles os cosméticos	 orgânicos, cosméticos	 naturais	 e	 veganos. Esse
termo não	é	 regulamentado pela legislação brasileira, mas os produtos que se enquadram nele
passam por diretrizes rigorosas realizadas por agências	 certi�icadoras antes da sua
comercialização (PEREIRA, LUBI, 2017).
De acordo com Salvador e Chisvert (2018), uma tendência atual no campo dos cosméticos
ecologicamente amigáveis busca realizar procedimentos sem	solventes, utilizando radiação por
micro-ondas e outras metodologias, sendo consideradas tecnologias	 emergentes, de grande
utilidade e inovadoras. Algumas dessas metodologias têm sido aplicadas com sucesso em reações
orgânicas convencionais, como esteri�icação, condensação de Knoevenagel, alquilação e
cetalização para a sı́ntese de novos potenciais ingredientes	cosméticos.
A exposição solar excessiva e sem proteção tem representado um dos maiores riscos
para a ocorrência do câncer de pele, fotoenvelhecimento e alterações imunológicas.
Nascimento et	al. (2009) sugerem a utilização de matérias-primas de origem natural,
como agentes fotoprotetores, descrevendo a aplicação de extrato de própolis com
atividade antissolar, aplicados para intensi�icação do fator de proteção solar.
2 Mercado de cosméticos
Segundo Galembeck e Csordas (2009), a indústria dos cosméticos tem desempenhado um papel de
grande importância	 econômica em grande parte dos paı́ses desenvolvidos e em	 desenvolvimento,
contribuindo para a geração	 de	 empregos, fortalecimento de economias locais e na redução de
desigualdades regionais, através da exploração sustentável de vários produtos provenientes do bioma
local. As novas tendências por tecnologias de produção	 limpas, econômicas e ambientalmente
corretas têm re�letido na busca de ingredientes diferenciados, naturais e competitivos e de processos de
formulação inovadores.
Os processos de pesquisa, desenvolvimento, produção e comercialização de cosméticos
oferecem perspectivas	promissoras de carreira	para pro�issionais com formação variada, que incluem
quı́micos, engenheiros de várias modalidades, bioquı́micos, farmacêuticos, gestores de vários tipos,
publicitários e comunicadores. Esse setor possibilita relações interdisciplinares e trabalhos conjuntos com
médicos, como cirurgiões e dermatologistas, pois além da sua contribuição à higiene e à estética, alguns
produtos também incluem propriedades	terapêuticas (GALEMBECK; CSORDAS, 2009).
Clique nas abas abaixo para conhecer o panorama dos cosméticos em contexto brasileiro e global.
3 Pele e seus anexos
Segundo Câmara (2009), a pele é um	órgão	 complexo formado por diversos tecidos, tipos celulares e
estruturas especializadas. E� o maior órgão do corpo humano; representa cerca de 15% do peso corpóreo e
apresenta variações	 estruturais signi�icativas ao longo de sua extensão. A pele, mais que um simples
invólucro que recobre o nosso corpo, constitui a interface do corpo humano com o meio externo,
exercendo funções	 essenciais, como por exemplo a termorregulação, vigilância imunológica,
sensibilidade, proteção aos raios ultravioleta e contra diferentes formas de agressões exógenas, de natureza
fı́sica, quı́mica e biológica, além de atuar contra a perda de água e de proteı́nas para o exterior.
Segundo Wilkinson e Moore (1990), a pele controla a regulação de importantes �luidos �isiológicos, evita
a penetração de substâncias estranhas e nocivas, atuando também como amortecedor contra choques
mecânicos. Além disso, fornece sinais	sexuais e sociais considerando sua cor, textura e cheiro, que podem
ser �isiologicamente aprimorados pela ciência cosmética. Luca et	al. (2013) enfatiza que a pele apresenta
uma complexa estrutura que é permanentemente	renovada.
O conhecimento da estrutura	 e	 função da pele é essencial, pois fornece importantes ferramentas para
melhorar a pele farmacologicamente e prevenir lesões. Existem dois tipos principais de pele, com
pelos e sem	pelos. Clique abaixo para saber detalhes.
Com	pelos
Sem	pelos
3.1 Anatomia e histologia da pele
De acordo com Câmara (2009), a pele é composta por três	 camadas interdependentes,
nomeadamente: a epiderme, queé a mais externa; a derme, que é intermediária; e a hipoderme,
sobre a qual repousam as camadas citadas anteriormente, permitindo que a pele se movimente
sobre as estruturas mais profundas do corpo. A �igura 1 a seguir apresenta a anatomia da pele e
alguns de seus constituintes.
Panorama global
Panorama brasileiro
#PraCegoVer: A imagem é uma ilustração anatômica da estrutura da pele. Podem ser observadas as
principais camadas da pele e alguns dos seus componentes.
Clique nas abas abaixo e saiba detalhes sobre as camadas da pele.
Figura 1 - Anatomia da pele
Fonte: MicroOne, Shuttershock, 2020
Epiderme
Junção dermo-epidérmica
Derme
Hipoderme
A epiderme é a camada mais	 super�icial e também uma das mais importantes da
pele. De acordo com Cestari (2012), a epiderme é constituı́da por um epitélio
pavimentoso estrati�icado e queratinizado. Apresenta espessura irregular, variando
conforme a região do corpo, sendo mais �ina nas pálpebras e mais espessa nas palmas.
E� constituı́da por cinco camadas distintas, nomeadamente a camada basal, a camada
espinhosa, a camada granulosa, o estrato lúcido e a camada córnea. As células dessas
camadas, os queratinócitos, derivam da camada basal. As células da camada basal
multiplicam-se de maneira contı́nua; ao se aproximarem da superfı́cie, se diferenciam,
tornando-se achatadas e passando a fabricar e a acumular em seu interior quantidades
crescentes de	 queratina. Segundo Galembeck e Csordas (2009), a queratina é uma
proteı́na �ibrosa secundária constituı́da por 15 aminoácidos. As macromoléculas de
queratina possuem uma estrutura tridimensional complexa que lhes
conferem resistência e elasticidade. A epiderme é recoberta por uma �ina camada
de gordura que impermeabiliza a pele contra a entrada de água e mantém seu pH entre
3.5 e 5.0, protegendo-a do ataque	de	microrganismos.
3.2 Fisiologia da pele
A �isiologia	 de um tecido envolve um grande número de funções e parâmetros, com cada
componente desempenhando uma função. Nos últimos anos, os oligoelementos têm sido objeto de
interesse especial de muitos pesquisadores, pois �ica claro que em muitos casos eles trabalham
como mensageiros secundários ou substâncias reguladoras. No contexto da diferenciação
epidérmica, estudos envolvendo o elemento cálcio indicaram que esse ı́on é uma substância
sinalizadora de grande	importância em uma grande variedade de sistemas celulares, incluindo a
pele. Os ı́ons cálcio desempenham um papel importante na apoptose, morte celular programada,
que atualmente é um assunto de grande interesse, uma vez que a etapa �inal de diferenciação entre o
nı́vel do estrato granulosum e o estrato córneo representa um aspecto particular da morte	celular
programada. A importância do equilı́brio entre apoptose de cálcio	 e	 zinco foi claramente
demonstrada em vários sistemas celulares (FORSLIND et	al., 1997).
De acordo com Câmara (2009), dentre as várias estruturas da pele que exercem funções
primordiais, podem ser citadas as abaixo.
O estrato córneo, que atua como barreira para a perda de água das camadas
epidérmicas internas, impedindo a entrada de agentes tóxicos e
microrganismos.
Os melanócitos exercem proteção contra os efeitos indesejáveis da radiação
solar por meio da melanina, que absorve a radiação.
Os nervos dérmicos desempenham a função de percepção do meio.
As �ibras colágenas e elásticas da derme conferem à pele propriedades
viscoelásticas e de resistência que a protegem contra as forças de cisalhamento.
A termorregulação ocorre através dá extensa rede vascular cutânea, pelo
controle do �luxo sanguı́neo e pela ação de glândulas sudorı́paras écrinas, cuja
secreção proporciona o resfriamento por evaporação a partir da superfı́cie da
pele.
A proteção imunológica do organismo se deve à célula de Langerhans, que
participa de várias reações imunológicas, que incluem interações entre
linfócitos T e B.
A função endócrina é observada pela ação da radiação ultravioleta sobre o 7-
deidrocolesterol nos ceratinócitos, formando a vitamina D3, que estimula a
absorção de cálcio e fosfato no intestino.
4 Pesquisa e desenvolvimento de produtos cosméticos
As formulações	 de	 cosméticos são geralmente complexas e utilizam vários tipos de matérias-primas.
Cada cosmético deve apresentar propriedades simultaneamente ajustadas para as aplicações	desejadas.
Os materiais empregados nas formulações de cosméticos apresentam classi�icação, função e aplicação
bem de�inidas (GALEMBECK; CSORDAS, 2009).
Uma formulação	 cosmética, incluindo os princı́pios ativos, é projetada para diferentes �inalidades,
como por exemplo proteger a pele contra agentes nocivos exógenos ou endógenos e equilibrar os lipı́dios
da homeostase dérmica alterados pela dermatose e pelo envelhecimento. A grande maioria dos cosméticos
é caracterizada por uma composição	lipídica próxima ao sebo humano. Assim, o tratamento das camadas
mais externas da epiderme com uma quantidade relativamente alta de fosfolipídios	consiste em uma �ina
camada monomolecular aplicada à pele, permitindo a hidratação natural. A composição	 química dos
fosfolipı́dios fornece proteção antioxidante, bloqueio solar, moléculas anti-in�lamatórias e antirradicais
livres (ABURJAI; NATSHEH, 2003).
De acordo com Miguel (2011), os avanços das pesquisas em biotecnologia e as mudanças recentes no
per�il de consumo propiciaram novas	oportunidades para diferentes segmentos. Uma das inovações mais
representativas da atualidade está associada ao desenvolvimento de produtos cosméticos derivados
de ativos	naturais. Sob essa perspectiva, algumas empresas internacionais têm se destacado no mercado
mundial, principalmente empresas	 francesas, que se destacam pelo pioneirismo e liderança
nessa categoria de negócio.
4.1 Aplicação de nanotecnologia aos cosméticos
Segundo Mu e Sprando (2010), de um modo geral, a nanotecnologia pode ser de�inida como a
aplicação dos princı́pios cientı́�icos e de engenharia para produzir e utilizar partı́culas com
dimensões muito	pequenas. A pesquisa em nanotecnologia tem impactado uma grande variedade
de setores econômicos, tanto na comunidade cientı́�ica quanto no mercado global. A nanotecnologia
tem sido aplicada com sucesso nos campos biomédicos, ópticos, eletrônicos, mecânicos e
quı́micos, bem como em bens de consumo, como alimentos e cosméticos. A nanotecnologia está
mesclando tecnologia da informação, biologia e ciências sociais, e espera-se
que revigore descobertas e inovações em muitas áreas da ciência.
Vários produtos cosméticos modernos contêm componentes na escala nano, como hidratantes,
produtos para o cabelo e maquiagem. Por exemplo, formulações
tópicas antienvelhecimento baseadas em lipossomos, como cremes, loções, géis e hidrogéis foram
formuladas no mercado de cosméticos desde 1986 por L´Oreal na forma de niossomas, e por
Christian Dior na forma de lipossomas. Os ossomas labiais são utilizados em aplicações
cosméticas ou para entrega transdérmica, com a expectativa de que seu uso resulte em aumento da
concentração de agentes ativos, como por exemplo as vitaminas A e E na epiderme sem toxicidade.
Os fulerenos exibem potentes capacidades de eliminação contra espécies radicais de oxigênio,
sendo empregados nas formulações cosméticas para rejuvenescimento da pele; porém, ainda há
controvérsia em relação à sua segurança. Os nanocristais podem ser formulados para uso dérmico
(MU; SPRANDO, 2010).
4.2 Cosméticos à base de plantas
Têm sido obtidos ingredientes	 bioativos de diferentes fontes	 naturais, os quais incluem
vitaminas, minerais, antioxidantes, enzimas, hormônios e uma in�inidade de produtos de origem
natural. O uso das plantas é tão antigo	 quanto a humanidade; segundo os especialistas, os
próximos anos devem ser marcados pela descoberta e obtenção	de muitos produtos que contêm
óleos e princı́pios ativos de ervas	naturais. As plantas	já foram a principal fonte de produçãode
muitos cosméticos, mesmo antes que métodos fossem descobertos para sintetizar substâncias com
propriedades semelhantes. A indústria	 farmacêutica tem utilizado uma grande variedade de
plantas para produzir medicamentos. O uso de extratos de plantas em formulações cosméticas
está aumentando, principalmente por causa da má imagem que os extratos de origem
animal adquiriram nos últimos anos. Moléculas naturais derivadas de extratos de plantas
apresentam um grande	potencial para futuras pesquisas (ABURJAI; NATSHEH, 2003).
De acordo com Aburjai e Natsheh (2003), os ingredientes	 naturais estão
ganhando popularidade	continuamente, e o uso de extratos de plantas em formulações cosméticas
é considerado promissor. Os produtos cosméticos que apresentam princı́pios ativos de origem
natural têm sido utilizados em inúmeras aplicações, como proteção, cuidados com os cabelos e
corantes. Os óleos	 essenciais conferem um aroma agradável, especialmente em perfumes, e
garantem mais brilho ou condicionamento a um produto capilar. Acredita-se que, graças às novas
técnicas de isolamento	e	puri�icação de compostos derivados de plantas, novos produtos serão
desenvolvidos e aplicados na indústria dos cosméticos.
5 Toxicidade dos cosméticos
De acordo com Chorilli et	al. (2007), apesar de ser indesejável, a utilização de produtos cosméticos pode
ocasionar alguns efeitos	 adversos ao usuário. Esses efeitos podem ser decorrentes de
fatores individuais ou pelo uso	inadequado. As reações adversas incluem reações irritativas, imediatas
ou acumulativas, reações alérgicas ou sensibilizantes, dermatites e reações sistêmicas. Uma vez que o
produto cosmético é de livre acesso ao consumidor, é importante que seu uso seja seguro nas condições
normais ou razoavelmente previsíveis. Historicamente, os testes de avaliação de segurança eram
realizados com	animais, in	vivo,	no entanto, alguns centros de pesquisa tem pesquisado extensivamente
novas alternativas in	 vitro,	 que visam à substituição dos testes com animais. De qualquer forma, é de
grande importância a realização de ensaios	de	toxicidade para produtos de higiene pessoal, cosméticos e
perfumes, visando	à avaliação de segurança	desses produtos.
5.1 Vias de exposição
A principal via	 de	 exposição das substâncias quı́micas presentes em cosméticos ocorre por
contato direto na pele, mucosa e seus anexos. No entanto, outras vias de exposição são possı́veis,
como a inalação e via	oral. A intoxicação via	cutânea ocorre quando as moléculas se movem pelo
estrato córneo por difusão passiva. Aquelas que possuem natureza polar se difundem pelas
superfı́cies externas de �ilamentos proteicos do estrato	córneo hidratado, enquanto as apolares se
difundem na matriz	lipídica. Dentre os principais fatores que in�luenciam na cinética dos agentes
tóxicos através da pele, estão os enumerados abaixo.
Na via inalatória, os agentes	tóxicos geralmente são os pós, gases, vapores de lı́quidos voláteis e
aerossóis (LACRIMANTE; NETO, 2014).
1
2
3
4
5
6
5.2 Testes de toxicidade de cosméticos
A determinação do potencial	tóxico deve ser o primeiro procedimento na análise	de	risco de um
produto. Esse procedimento consiste em uma série de estudos	 de	 toxicidade, incluindo os
ensaios de toxicidade aguda dérmica, toxicidade oral e percutânea, irritação e sensibilização
cutânea, irritação ocular primária, inalação, toxicidade sub-aguda, potencial mutagênico,
carcinogênico, teratogênico, acneigênese e fotossensibilidade e fototoxicidade em casos de
cosméticos com fotoatividade. Em alguns casos, são necessários estudos que visem à determinação
da margem	de	segurança, já que os ingredientes devem ser incorporados na fórmula do produto
cosmético num nı́vel de concentração que apresente margem de segurança adequada. A margem de
segurança pode ser de�inida como a relação entre a dose experimental mais elevada, que não produz
qualquer efeito sistêmico adverso depois de um mı́nimo de 28 dias de ingestão oral em espécie
animal, e a dose diária absorvida, à qual o consumidor pode ser exposto (CHORILLI et	al., 2007).
De acordo com Chorilli et	al. (2007), o documento	de	referência para avaliação de segurança de
produtos cosméticos orienta como estudos básicos úteis para cosméticos os listados abaixo.
Além disso, o documento orienta como estudos	complementares úteis em situações particulares:
o estudo do risco sistêmico potencial, toxicidade subaguda, estudo do efeito na reprodução, estudos
sobre fotomutagenicidade, estudo do risco irritativo potencial, irritação por efeito cumulativo e
avaliação de riscos particulares, como teratogenicidade, carcinogenicidade e genotoxicidade.
Tem-se observado um esforço enorme para reduzir ou até mesmo extinguir testes de produtos
cosméticos em	animais. Um grande número de pesquisadores tem dedicado seu tempo e esforço
para desenvolver métodos alternativos in	vitro visando à substituição total de testes em animais.
Espera-se que num futuro esse tipo de prática seja extinto (ADLER et	al., 2011).
É ISSO AÍ!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
conhecer as principais características de produtos cosméticos, enfatizando sua aplicação e
classificação;
aprender sobre novas tecnologias empregadas na elaboração de produtos cosméticos, como
as nanopartículas.
identificar os principais componentes da pele, em termos de sua anatomia, histologia e
fisiologia;
discutir os aspectos do mercado dos produtos cosméticos a nível global e nacional;
conhecer as principais técnicas utilizadas para avaliar a toxicidade de cosméticos.
REFERÊNCIAS
ABIHPEC. Panorama	 do	 Setor. Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e
Cosméticos. 2019. Disponı́vel em: https://abihpec.org.br/publicacao/panorama-do-setor-2019/. Acesso
em: 06 mar. 2020.
ABURJAI, T.; NATSHEH, F. M. Plants used in cosmetics. Phytotherapy	Research: An International Journal
Devoted to Pharmacological and Toxicological Evaluation of Natural Product Derivatives, v. 17, n. 9, p. 987-
1000, 2003.
ADLER, S. et	al. Alternative (non-animal) methods for cosmetics testing: current status and future prospects
—2010. Archives	of	toxicology, v. 85, n. 5, p. 367-485, 2011.
BARIL, M. B. et	al. Nanotecnologia aplicada aos cosméticos. Visão	Acadêmica, v. 13, n. 1, 2012.
BILAL, M.; IQBAL, H. M. N. An insight into toxicity and human-health-related adverse consequences of
cosmeceuticals—a review. Science	of	the	total	environment, v. 670, p. 555-568, 2019.
CA� MARA, V. L. Anatomia e Fisiologia da Pele. Medicinanet, 2009. Disponı́vel em:
http://www.medicinanet.com.br/conteudos/revisoes/2054/anatomia_e_�isiologia_da_pele.htm. Acesso
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CESTARI, S. C. P. Dermatologia	pediátrica. 1 ed. São Paulo: Atheneu, 2012.
CHORILLI, M. et	al. Toxicologia dos cosméticos. Latin	American	Journal	of	Pharmacy, v. 26, n. 1, p. 144,
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FORSLIND, B. et	 al. Aspects on the physiology of human skin: studies using particle probe
analysis. Microscopy	research	and	technique, v. 38, n. 4, p. 373-386, 1997.
GALEMBECK, F.; CSORDAS, Y. Cosméticos: a quı́mica da beleza. Coordenação Central de Educação a
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LACRIMANTE, C. A.; NETO, L. M. R. Aspectos toxicológicos em cosmetologia. III	 Simpósio	de	Ciências
Farmacêuticas. Centro Universitário São Camilo, São Paulo, 2014.