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APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 1 APG 10 – Meu fígado não passou no teste 1) COMPREENDER ETIOLOGIA, EPIDEMIOLOGIA, FATORES DE RISCO, FISIOPATOLOGIA, MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, COMPLICAÇÕES, DIAGNÓSTICO (MARCADORES SOROLÓGICOS), PREVENÇÃO E TRATAMENTO DAS HEPATITES A hepatite refere-se à inflamação do fígado, a qual pode ser causada por vírus hepatotrópicos (têm uma afinidade específica para o fígado) que afetam primariamente as células hepáticas (hepatócitos), mecanismos autoimunes, reações a fármacos e toxinas, ou outros distúrbios sistêmicos. Os vírus hepatotrópicos conhecidos são os seguintes: Vírus da hepatite A (HAV); Vírus da hepatite B (HBV; Vírus da hepatite C (HCV); Vírus delta associado à hepatite B (HDV); Vírus da hepatite E (HEV). Todos esses vírus causam hepatite aguda, porém eles se diferem quanto ao mecanismo de transmissão e ao período de incubação, ao mecanismo, à gravidade e à cronicidade da lesão, bem como à capacidade de evoluir a um estado de portador. MECANISMOS DE LESÃO CELULAR: Aceita-se que a magnitude da lesão celular, nas hepatites agudas, dependa da carga viral e da capacidade de multiplicação do agente viral. A resposta despertada pelo hospedeiro, classificada como: 1) Não específica, dependente da participação do interferon, complemento e linfócito NK; 2) De células killer, como neutrófilos e macrófagos, as quais requerem anticorpos para sua atuação; 3) Especificidade exercida pelos linfócitos T citotóxicos (CTC). Esses mecanismos atuam visando a eliminar o agente viral, precipitando a lise celular. Quando essas respostas se revelam eficientes e precoces, propiciam a cura sorológica e restituição total do parênquima, não facilitando a instalação de estado de portador ou de hepatite crônica. HEPATITE A (HAV) O HAV geralmente é uma infecção benigna autolimitada que não causa hepatite crônica e raramente (0,1% dos casos) produz hepatite fulminante. Tem um período de incubação de 2-6 semanas e em geral, é eliminado pela resposta imunológica do hospedeiro, dessa forma, NÃO estabelece um estado de portador. O vírus A é um vírus RNA, pertencente à família Picornaviridae, tem a forma icosaédrica, com 28 nm de diâmetro, seu genoma é de fita única, comporto de 30% de RNA e 70% de proteínas. A infecção ocorre em todo o mundo e é endêmica em países com condições insatisfatórias de higiene e saneamento = a forma de transmissão é fecal-oral., ou seja, pela ingestão de água e alimentos contaminados e é eliminado nas fezes durante 2 a 3 semanas antes e 1 semana após o início da icterícia. Nos países desenvolvidos, infecções esporádicas podem ser contraídas pelo consumo de mariscos crus ou cozidos no vapor que concentraram o vírus da água do mar contaminada com esgoto humano. As crianças pequenas são assintomáticas, então, elas desempenham um papel importante na disseminação da doença. A fase oral infantil e a inexistência de hábitos higiênicos facilitam a infecção viral entre as crianças que frequentam creches. O período de viremia é curto e transitória, então a transmissão pelo sangue é muito rara. O vírus replica-se no fígado, é excretado na bile e eliminado nas fezes. Na Hepatite A, a lesão do hepatócito provavelmente decorre de citotoxicidade mediada por células imunocompetentes. Uma resposta imune exagerada pode gerar a hepatite fulminantes. As manifestações clínicas, em geral tem início súbito e inclui febre associada com icterícia e sintomas não específicos como fadiga, mal-estar, perda de apetite, desconforto abdominal e urina escura (colúria). O tipo de apresentação clínica depende da idade, ou seja, a gravidade é maior nas faixas etárias mais altas= 70% dos adultos tem icterícia. Os sintomas duram cerca de 2 meses, mas podem estender-se por mais tempo. O diagnóstico etiológico de hepatite A é feito por identificação de anticorpos ou detecção do RNA viral. O RNA viral pode ser detectado no soro, no fígado e nas fezes, nestas, é utilizado ocasionalmente na prática como marcador de persistência de infecção ativa nas formas prolongadas da doença. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 2 Os anticorpos da classe IgM aparecem no início da sintomatologia e declinam após alguns meses. A eliminação do vírus nas fezes termina à medida que os títulos de IgM aumentam. Os anticorpos protetores anti- HAV da classe IgG surgem algumas semanas após a infecção e permanecem indefinidamente (por muitos anos). Reação positiva para IgG e negativa para IgM corresponde a estado imune ao HAV. Não há testes rotineiramente disponíveis para IgG anti- HAV, a presença de IgG anti-HAV é inferida pela diferença entre a IgG total e a IgM anti-HAV. RESUMINDO: IgM anti-HAV indica hepatite A aguda, enquanto IgG anti- HAV simplesmente confirma infecção no passado. A vacina HAV, disponível desde 1992, é eficaz na prevenção da infecção. HEPATITE B (HBV) A hepatite B é causada pelo HBV, um vírus de ácido desoxirribonucleico (DNA) de duplo filamento (bicatenular), pertencente à família Hepadnavirus com vírion completo, também conhecidos como partículas de Dane tendo 42nm, consistem em um envelope externo e um nucleocapsídio interno contendo DNA e DNA polimerase do HBV. Esse vírus participa da patogênese da hepatite D. O desfecho da infecção por HBV varia muito: 1) Hepatite aguda com recuperação e eliminação do vírus; 2) Hepatite crônica não progressiva; 3) Doença crônica progressiva que termina em cirrose; 4) Hepatite fulminante com necrose hepática maciça; 5) Um estado de portador “saudável” assintomático. A doença hepática devido à infecção por HBV é um enorme problema de saúde global. Um terço da população mundial (2 bilhões de indivíduos) já foi infectada com HBV e 400 milhões de pessoas têm infecções crônicas. A hepatite B tem um período de incubação mais longo (2-26 semanas), e em geral, é transmitido por inoculação de sangue ou soro infectado = ao contrário do HAV, o HBV permanece no sangue durante episódios ativos de hepatite aguda e crônica. Entretanto, o antígeno viral pode ser encontrado na maioria das secreções corporais e pode ser disseminado por contato oral ou sexual. O modo de transmissão do HBV também varia de acordo com a localização geográfica. Em regiões do mundo de elevada prevalência, a transmissão perinatal durante o parto representa 90% dos casos. Em áreas com prevalência intermediária, a transmissão horizontal, especialmente na primeira infância, domina = pequenos cortes na pele ou em mucosas após o contato físico com indivíduos infectados. Nas regiões de baixa prevalência, o intercurso sexual desprotegido e o uso de drogas intravenosas (compartilhamento de agulhas e seringas) são os principais modos de propagação. Transmissão por transfusão de sangue ou hemoderivados é hoje menos comum graças ao controle desses produtos nos hemocentros A vacinação induz uma resposta protetora de anticorpos em 95% de bebês, crianças e adolescentes. A resposta imune do hospedeiro é o principal determinante do desfecho da infecção. Os mecanismos imunes inatos protegem o hospedeiro durante as fases iniciais da infecção, e uma forte resposta por células CD4+ e CD8 +, produtoras de interferon- γ vírus-específico, está associada à resolução de infecção aguda. O HBV não costuma ser diretamente hepatotóxico, e a maior parte das lesões de hepatócitos é causada por células T citotóxicas CD8+ que “atacam” as células infectadas. APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 3 No estado de hospedeiro sadio, a resposta imunológica é inadequada e há tolerância ao vírus, sendo que esse estado de tolerância pode ser ultrapassado a qualquer momento, com a emergência de clones de células T reativas levando à inflamação e à necrose; Na hepatite crônica, o mecanismo de lesão depende de linfócitos T citotóxicos que atacam o complexo molecular composto por antígenos virais e HLA dispostos na superfície do hepatócito. A idade do paciente no momento da infecção é o melhor preditor de cronicidade, dessa forma, quanto mais jovem o paciente no momento da infecção, maior a chance de infecção crônica. Nas manifestações clínicas, aproximadamente 70% dos adultos com HBV recentemente adquirida apresentam sintomas discretos ou mesmo ausência de sintomas e não desenvolvem icterícia. Os 30% restantes têm sintomas constitucionais não específicos, como anorexia, febre, icterícia e dor no quadrante superior direito. Na maioria dos casos, a infecção é autolimitada e se resolve sem tratamento, mas a doença crônica se desenvolve em 10% dos indivíduos infectados. A hepatite fulminante é rara, ocorrendo em aproximadamente 0,1% a 0,5% dos indivíduos infectados agudamente. O curso da doença pode ser seguido clinicamente por meio do monitoramento de certos marcadores séricos. O HBsAg aparece antes do início dos sintomas, atinge o pico durante a doença sintomática e, em seguida, geralmente declina até níveis indetectáveis em 12 semanas (pode persistir por até 24 semanas); A persistência por mais de 6 meses indica replicação viral contínua, infecciosidade e risco de desenvolver hepatite crônica. Indica, então, infecção aguda ou crônica. O anticorpo anti-HBs aparece após o fim da doença e geralmente não é detectado durante algumas semanas a vários meses após o desaparecimento do HBsAg. O tempo entre a remoção do HBsAg e o aparecimento de anti-HBs é chamado período de janela. O anti-HBs é um anticorpo protetor contra nova infecção e se forma também após vacinação, quando é o único marcador detectável do VHB. HBeAg e HBV-DNA aparecem no soro logo após o HBsAg e significam replicação viral contínua. HBV-DNA é o próprio DNA viral; A persistência do HBeAg é um indicador de progressão para a hepatite crônica = infecção aguda em atividade. O surgimento de anticorpos anti-HBe indica que uma infecção aguda atingiu o pico e está em declínio = sem replicação = resolução da doença aguda, e é detectável pouco depois do desaparecimento do HBeAg. A IgM anti-HBc torna-se detectável no soro pouco antes do início dos sintomas, simultaneamente ao início da elevação dos níveis de aminotransferase sérica (indicativo de destruição de hepatócitos = lesão no fígado, também conhecida como ALT ou TGP). Durante um período de meses, o anticorpo IgM anti- HBc é substituído por IgG anti-HBc. Como no caso do anti-HAV, não existe um teste direto para a IgG anti-HBc, sua presença é inferida pelo declínio da IgM anti-HBc (infecção recente) em relação ao aumento do anti-HBc total (infecção prévia). Nos casos de hepatite viral com resultados não elucidadores de HBsAg, a pesquisa de DNA do HBV no soro é útil no diagnóstico de infecção aguda pelo HBV porque o DNA do HBV pode ser detectado aproximadamente 21 dias antes do aparecimento típico de HBsAg no soro. O tratamento da hepatite B crônica com inibidores da polimerase viral e interferon pode retardar a progressão da doença, reduzir o dano no fígado e prevenir a cirrose hepática ou câncer de fígado, mas não elimina a infecção. Como resultado, o tratamento eventualmente falha devido ao aparecimento de vírus com mutações que levam à resistência aos medicamentos. A vacina contra hepatite B confere proteção de longa duração contra infecção pelo HBV. O antígeno usado nas vacinas é o HBsAg; APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 4 Recém-nascidos devem receber a 1ª dose nas primeiras 24 horas de vida, preferencialmente nas primeiras 12 horas ou na primeira visita no centro de saúde em até 30 dias. A continuidade do esquema vacinal será garantida com a aplicação da vacina Pentavalente (que protege contra hepatite B, difteria, tétano, coqueluche e Haemophilus influenzae) em três doses, com intervalo de 60 dias entre as doses; Indivíduos a partir dos 5 anos de idade e sem comprovação vacinal, administra-se três doses da vacina hepatite B, com intervalo de um mês (30 dias) entre a primeira e a segunda dose e de seis meses (180 dias) entre a primeira e a terceira dose. HEPATITE C (HCV) O HCV é uma das principais causas de doença hepática, com aproximadamente 170 milhões de indivíduos afetados em todo o mundo. É membro da família Flaviviridae, um vírus pequeno, envelopado, de RNA de cadeia única com um genoma de 9.600 bases. Estima-se que 143 milhões de pessoas (2%) em todo o planeta apresentam hepatite C crônica. Os fatores de risco mais comuns são: Drogas intravenosas; Múltiplos parceiros sexuais; Ferimentos por agulha (tatuagem, acupuntura e piercing); Contatos múltiplos com um individuo infectados pelo HCV; Cuidados com hemoderivados e precaução em ambientes médicos diminuíram a incidência. O HCV é geneticamente instável, o que resulta em vários genótipos e subtipos. Hoje em dia, existem descritos seis genótipos diferentes e mais de 70 subtipos do vírus. O genótipo 1 (1a e 1b) é responsável pela maioria das infecções notificadas nos EUA. É provável que a diversidade ampla de genótipos contribua para a patogênese do vírus, permitindo-lhe escapar das ações dos mecanismos de defesa do hospedeiro e dos fármacos antivirais, além de dificultar o desenvolvimento de uma vacina profilática. O período de incubação da infecção pelo HCV varia de 2 a 26 semanas (em média, 6 a 12 semanas). O mecanismo de lesão celular não é bem compreendido, mas acredita-se que também seja imunológico. Nas manifestações clínicas a maioria das crianças e dos adultos que adquirem a infecção é assintomática. Icterícia não é comum e apenas 10% dos adultos sintomáticos são ictéricos; Em geral, esses sinais e sintomas estendem-se por 2 a 12 semanas. Uma porcentagem pequena dos pacientes recém- infectados pelo HCV consegue erradicar a infecção, mas a maioria (80%) desenvolve hepatite crônica. Entre os fatores aparentemente associados à erradicação espontânea da infecção pelo HCV estão idade baixa, sexo feminino e alguns genes de histocompatibilidade. As consequências mais graves da infecção crônica pelo HCV são fibrose hepática progressiva evoluindo para cirrose, doença hepática termina e câncer hepatocelular. Em contraste com o HBV, a doença crônica ocorre na maioria dos indivíduos infectados pelo HCV (80%-90%), e a cirrose acaba por ocorrer em até um terço dos indivíduos. No diagnóstico existem exames para detectar a infecção pelo HCV por meio de anticorpos e componentes do vírus. O RNA do HCV é detectável no sangue por 1 a 3 semanas, coincidindo com a elevação das transaminases séricas. Na infecção aguda sintomática por HCV, anticorpos anti- HCV são detectados em apenas 50% a 70% dos pacientes, nos pacientes restantes, os anticorpos anti- HCV emergem após 3 a 6 semanas. Na infecção crônica por HCV, o RNA circulante do HCV persiste em 90% dos pacientes, apesar da presença de anticorpos neutralizantes, assim, o teste para RNA do HCV deve ser feito para confirmar o diagnóstico de infecção crônica por HCV.. No tratamento, observaram-se melhoras substanciais da infecção por HCV decorrentes do desenvolvimento de APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 5 fármacos que atacam especificamentea protease viral, a RNA polimerase e a proteína NS5A, todas necessárias para a produção de vírus. O objetivo do tratamento atual é erradicar o RNA do HCV, que é definido pela ausência de RNA do HCV detectável no sangue 6 meses após a interrupção do tratamento e está associado a uma alta probabilidade de cura. HEPATITE D (HDV) Também chamado agente delta, o HDV é um vírus de RNA único que depende do HBV para o seu ciclo de vida, pertence à família Deltaviridae, não é um vírus completo, porque depende do HBV para replicar-se. A infecção por HDV ocorre em todo o mundo e afeta cerca de 15 milhões de indivíduos. Sua prevalência varia, sendo mais elevada na bacia amazônica, África, Oriente Médio e Sul da Itália, e mais baixa no Sudeste Asiático e na China. Pode causar hepatite aguda ou crônica. Os modos de transmissão da hepatite D são semelhantes aos da hepatite B. A infecção com HDV tem duas apresentações: COINFECÇÃO POR HDV E HBV: o HBV deve estar estabelecido primeiro para fornecer o HBsAg, o que é necessário para a produção de vírions de HDV completos. Ocorre simultaneamente com a hepatite B aguda; Está associada a taxas mais elevadas de hepatite aguda grave e de insuficiência hepática fulminante, particularmente em dependentes de drogas intravenosas, e taxas mais elevadas de progressão para infecção crônica. SUPERINFECÇÃO DE UM PORTADOR CRÔNICO DE HBV PELO HDV: a superinfecção se apresenta 30 a 50 dias depois como hepatite aguda grave em um portador de HBV que não havia sido previamente reconhecido ou como uma exacerbação de hepatite B crônica preexistente. Pode ter 2 fases: Fase aguda com replicação ativa de HDV e supressão de HBV com elevados níveis de ALT; Fase crônica em que a replicação de HDV diminui, a replicação de HBV aumenta, os níveis de ALT oscilam e a doença progride para cirrose e carcinoma hepatocelular. A hepatite D é superposta à infecção crônica pelo vírus da hepatite B. As manifestações clínicas podem não estar presentes, mas caso tenha: cansaço, tontura, enjoo e/ou vômitos, febre, dor abdominal, observação de pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras. (igual as outras) O diagnóstico é pela detecção de RNA viral no sangue e no fígado no momento do início da doença sintomática aguda. O nível de IgM anti-HDV é um indicador confiável da exposição recente ao HDV, mas, frequentemente, é de curta duração. A coinfecção aguda por HDV e HBV está associada à presença de IgM contra HDAg e HBcAg (denotando nova infecção com hepatite B). Com a hepatite delta crônica decorrente da superinfecção por HDV, o HBsAg está presente no soro e os anticorpos anti-HDV (IgG e IgM) persistem por meses ou mais. Não tem tratamento específico e, devido à sua dependência do HBV, a infecção por HDV é prevenida pela vacinação contra o HBV. HEPATITE E (HEV) A HEV é uma infecção transmitida por água que, geralmente produz uma doença autolimitante. É um vírus de RNA não envelopado, de cadeia positiva, do gêneno Hepevirus. A HEV é uma doença zoonótica com reservatórios animais que incluem macacos, gatos, porcos e cães. Os vírions são eliminados nas fezes durante a doença aguda. Tipicamente, o vírus infecta adultos jovens e de meia-idade. Foram relatadas epidemias na Ásia e no subcontinente indiano, na África Subsaariana e no México. Uma característica da infecção por HEV é a alta taxa de mortalidade entre mulheres gestantes, chegando a 20%. O período médio de incubação após a exposição é de 4 a 5 semanas. Antes do início da doença clínica, o RNA de HEV e os vírions de HEV podem ser detectados por PCR nas fezes e no soro. O início do aumento das aminotransferases séricas, a doença clínica e a elevação dos títulos de IgM anti-HEV são praticamente simultâneos. Os sintomas (fadiga, mal-estar, febre, dores musculares, enjoo, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia, presença de urina escura e icterícia) se resolvem em 2 a 4 semanas, período durante o qual os títulos de IgM diminuem e os títulos de IgG anti-HEV aumentam. Da mesma forma que a hepatite A, a hepatite E não tem um tratamento específico. O mais importante evitar a automedicação para alívio dos sintomas, vez que, o uso de APG – SOI IV Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/4º Período 6 medicamentos desnecessários ou que são tóxicos ao fígado podem piorar o quadro. A melhor forma de evitar a doença é melhorando as condições de saneamento básico e de higiene. RESUMINDO OS MARCADORES SOROLÓGICOS: HEPATITE VIRAL CRÔNICA É uma reação inflamatória persistente do fígado com duração maior que 3 a 6 meses. Hepatite viral crônica é a causa principal de doença hepática crônica, cirrose e câncer hepatocelular e é a indicação principal para os transplantes de fígado realizados em adultos. A doença caracteriza-se por elevações persistentes nos níveis séricos das aminotransferases e por alterações histológicas típicas na biopsia do fígado. A característica histológica definidora da hepatite viral crônica é a infiltração portal mononuclear. Na hepatite B crônica, os hepatócitos em “vidro fosco” (células com retículo endoplasmático tumefeito pelo HBsAg) são uma característica diagnóstica e a presença de antígeno viral nessas células pode ser confirmada pela imunocoloração. As manifestações clínicas da hepatite viral são muito variáveis e não preveem o prognóstico, sendo as queixas mais comuns: fadiga, mal-estar, perda do apetite e episódios ocasionais de icterícia. Entre os vírus hepatotrópicos, apenas três causam comprovadamente hepatite crônica: HBV, HCV e HDV. A hepatite B tem menos tendência de progredir para infecção crônica que a hepatite C; A hepatite B crônica caracteriza-se pela persistência do DNA viral e, em geral, pelo achado de HBeAg no soro (replicação viral); A hepatite C crônica é responsável pela maioria dos casos de hepatite viral crônica. A infecção pelo HCV torna-se crônica em 60 a 85% dos casos. A infecção crônica causada por esse vírus tem evolução latente ao longo dos anos, destruindo silenciosamente os hepatócitos. A hepatite D crônica depende da coinfecção pelo HBV. Nenhuma abordagem terapêutica simples e eficaz está disponível para tratar hepatite viral crônica. Entre os fármacos usados para tratar infecção crônica pelo HBV estão interferonas (interferonas-2a recombinante e peguinterferona) e antirretrovirais nucleotídicos e análogos nucleotídicos (lamivudina, entecavir e tenofovir). Os pacientes com replicação viral ativa podem ser tratados com peguinterferona (interferonas α2 peguilada). Transplante de fígado é uma opção de tratamento para portadores de doença hepática terminal causada por hepatites virais. O transplante de fígado tem sido mais bem- sucedido nos pacientes com hepatite C do que naqueles com hepatite B. Embora o órgão transplantado geralmente seja reinfectado, a doença parece ter progressão mais lenta. REFERÊNCIAS DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo F. Gastroenterologia Essencial, 4ª edição. Grupo GEN, 2011. NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul; ASTER, Jon. Robbins & Cotran Patologia - Bases Patológicas das Doenças. 9. ed. Rio de Janeiro: Grupo GEN, 2016.
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