RECURSO INOMINADO

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AO DOUTO JUÍZO DA 16ª VSJE DE SALVADOR/BA
Auto do Processo nº 0000000-00.0000.0.00.0000
CLODOALDO ARMENTANO, já qualificado na ação de OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C DANOS MORAIS que litiga em face de TRATADOS COMÉRCIO DE ACESSÓRIOS LTDA, também já qualificada, inconformado com a r. sentença, vem por meio do seu advogado que abaixo assina, interpor RECURSO INOMINADO, com fulcro no artigo 41 da Lei 9.099/95, pelas razões de fato e de direito anexas. 
Requer que seja recebido o presente recurso no efeito devolutivo. Requer ainda a intimação da parte recorrida para apresentar contrarrazões no prazo de 10 dias úteis, e após, sejam remetidos os autos com as razões anexas à Egrégia Turma Recursal de Salvador/BA para regular processamento.
Nestes termos, pede deferimento.
Salvador/BA, 25/09/2022
ÍTALO DE CASTRO NOVAES
OAB/BA nº (XXXXX)
 
RAZÕES DE RECURSO INOMINADO
Processo nº: 0000000-00.0000.0.00.0000
Origem: 16ª Vara Cível do Juizado Especial de Salvador/BA
Recorrente: Clodoaldo Armentano
Recorrido: Tratados e Comércios LTDA
COLENDA TURMA RECURSAL
A sentença do juízo a quo merece parcial reforma, uma vez que viola norma legal pertinente ao tema, além de jurisprudências dos Tribunais de Justiça.
DA TEMPESTIVIDADE E DO CABIMENTO
A sentença prolatada foi publicada em 15/09/2022 ocasião que o recorrente foi devidamente intimado de forma eletrônica.
A parte recorrente tem o prazo de 10 dias para interpor recurso nos termos do art. 42 da lei 9.099/95.
Interposto o recurso na presente data, constata-se a tempestividade.
DOS FATOS
Clodoaldo Armentano intentou ação de obrigação de fazer c/c indenização por danos morais em face de Tratados e comércios ltda.
Relatou que adquiriu um relógio de ouro avaliado em R$ 999,90 (novecentos e noventa e nove e noventa centavos) na data 08/08/2022, parcelados em 10 vezes pois, o mesmo não possui ganhos que o possibilitaria efetuar a compra à vista.
Expos que, o relógio é confeccionado e vendido pela requerida, o mesmo começou a apresentar vícios em 14 dias, retornou à loja da requerida para apresentar o produto e obter a reparação, após, foi direcionado ao gerente presente que o fez acreditar com a falsa promessa que em 04 dias uteis, poderia retornar as dependências da loja para receber o relógio. 
Pleiteou a obrigação de fazer, sendo esta reparação do relógio e a indenização por dano moral no importe de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), pois, não pode usufruir daquilo que era o seu maior sonho e nem tão pouco ao buscar a devida reparação a mesma não foi de fato obtida.
Defesa apresentada, posteriormente marcada e realizada audiência de conciliação datada em 12/09/2022, sobreveio sentença julgando parcialmente improcedente os pedidos iniciais, denegando a gratuidade de justiça e os danos morais pleiteada pelo recorrente.
Diante desse cenário, restou necessário o ingresso do presente recurso.
DO MÉRITO 
A r. sentença está equivocada denegando ao recorrente a gratuidade de justiça e o dano moral. Diante dos fatos narrados a cima, o produto adquirido era um sonho para o mesmo e ao se encontrar em situação financeira frágil, pois, o mesmo está com o nome junto ao SPC/SERASA por inadimplementos anteriores, comprometeu-se ao pagamento em inúmeras parcelas, para que a realização de um sonho, aquilo que seria uma conquista pode tornar-se um pesadelo.
Pasme excelência, como uma pessoa que necessitou de diversas parcelas para a realização de uma conquista pessoal, pode ter o seu direito a gratuidade de justiça não reconhecida, sendo necessário o apelo postergado para que, posteriormente não necessite arca com custas de um processo judicial. 
O Requerente não possui condições de pagar as custas e despesas do processo sem prejuízo próprio ou de sua família, conforme declaração de hipossuficiência anexa, com fulcro no Artigo 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal, que dispõe:
 LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
Além do Artigo 98 do Código de Processo Civil que estabelece: 
A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.”. Desse modo, o Autor faz jus à concessão da gratuidade de Justiça.
Destarte mui respeitosamente faz jus ao estabelecimento da gratuidade de justiça, pois com os problemas que vem passando desde a compra até a presente data, não há narrativa que impeça a busca por esse Direito. 
Acerca da narrativa contidas nos fatos da presente ação, o requerente foi induzido a acreditar que a reparação seria feita, observando-se que a requerida além de distribuidora do produto é quem o confecciona, se faz ainda mais forte acreditar que a previsão datada pelo gerente que lá estava, seria de fato a da conclusão do ocorrido.
O requerente, em seu Direito legal postula os danos morais, com a prerrogativa que não conseguiu usufruir daquilo que era seu sonho em tempo mínimo, se vendo desolado, buscou aquele que poderia lhe assistir, lhe foi vendida a ilusão de ter em tempo hábil a reparação feita e após a data, nada foi resolvido, todos os contatos foram com negativas a cerca da reparação de seu bem, o deposito de confiança na relação de consumo foi quebrada e segue o mesmo sem o seu bem e desamparado a busca de justiça.
Ficando evidente o ato ilícito provocado pela parte hiper suficiente, a má prestação de serviço ocasionou uma situação de mal estar, tristeza e angustia, além de revolta por tamanho descaso, o que configura dano moral vivenciado pelo Autor, que em nenhum momento agiu de forma negativa, estando em busca apenas de seus direitos. 
Diante da situação mencionada, na qual o comprador acabou se deparando com um produto de qualidade inferior àquela esperada, e inutilizável já que até o momento não houve solução, resta ao consumidor o enquadramento do produto ao pensamento da doutrinadora Maria Helena Diniz:
“Dano moral vem a ser a lesão de interesses não patrimoniais de pessoa física ou jurídica, provocada pelo fato lesivo. (…). O dano moral, no sentido jurídico, não é a dor, a angústia, ou qualquer outro sentimento negativo experimentado por uma pessoa, mas sim uma lesão que legitima a vítima e os interessados reclamarem uma indenização pecuniária, no sentido de atenuar, em parte, as consequências da lesão jurídica por eles sofridos.”
É necessário não perder de vista a posição que a jurisprudência pátria vem assumindo diante da matéria sub examine, conforme se depreende da ementa abaixo transcrita:
APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS – RELÓGIO QUE VEIO A APRESENTAR DEFEITO – ENVIADO PARA CONSERTO - DEMORA DE 4 MESES – DANO MORAL COMPROVADO – RECURSO PROVIDO. 1. É possível a caracterização de dano moral indenizável pela demora injustificada e exagerada no conserto do produto. 2. O valor indenizatório deve ser fixado em patamar elevado o suficiente para impor sanção ao ato ilícito e desestimular a reincidência da conduta lesiva, devendo também ser considerada a capacidade financeira do agente e a da vítima, para que o valor indenizatório não implique enriquecimento ilícito.
(TJ-MT - AC: XXXXX20158110041 MT, Relator: JOAO FERREIRA FILHO, Data de Julgamento: 18/12/2018, Primeira Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 22/01/2019)
Diante do exposto, espera o provimento ao presente recurso conhecido, no sentido de ter reformada a sentença recorrida em relação ao pedido de danos morais e gratuidade de justiça, em seu favor, nos termos da exordial, condenando a Recorrida ao pagamento de indenização a título de danos morais, em caráter punitivo-pedagógico, tendo em vista os transtornos ocasionados ao Recorrente.
DOS PEDIDOS
PELO EXPOSTO, requer o recorrente se dignem Vossas Excelências a:
a) Deferir a Gratuidade de Justiça em favor do Recorrente;
b) Receber o presente recurso, para que seja julgado procedente o pedido do pagamento de indenização a título de danos morais, em caráterpunitivo-pedagógico, pois somente assim os R. julgadores estabelecerão a sã, costumeira e soberana JUSTIÇA.
Nestes termos,
Pede Deferimento.
ÍTALO DE CASTRO NOVAES
OAB/BA nº (XXXXX)