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Aula 7 Nevîîm II Os profetas e a profecia

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Disciplina: Introdução ao Antigo Testamento
Aula 7: Nevî’îm II – Os profetas e a profecia
Apresentação
O profetismo é muito importante para compreendermos o Antigo Testamento.
Ainda que houvesse manifestações proféticas no contexto do Antigo Oriente Próximo,
os profetas de Israel fundaram um movimento político-religioso de denúncia da
injustiça, dos desvios da religião, e dos desmandos da monarquia e dos povos
estrangeiros que se relacionavam com os hebreus.
Nesta aula, estudaremos os profetas do norte, das crises assíria e babilônica, do
exílio e, por fim, aqueles pós-exílicos.
Objetivos
Identificar os profetas e o período de sua mensagem;
Explicar a mensagem dos profetas do norte, e as crises assíria e babilônica, a
partir de sua atuação nessas regiões geográficas;
Analisar a mensagem dos profetas do exílio.
Profetas e profecias: formas e
características
Há várias personalidades do período remoto da história de Israel que a Bíblia
chama de profetas. Entre elas estão:
Samuel (1 Samuel 1-25).
Natã (2 Samuel 7; 12; 1 Reis 1).
Gade, “o vidente de Davi” (1 Samuel 22, 5; 2 Samuel 24. 11-12).
Aiás, de Siló (1 Reis 12).
Mica, filho de Jimlá, (1 Reis 22).
Elias, especialmente, que atuou entre 875-850 a.C. (1 Reis 17-2 Reis 2).
Eliseu, sucessor de Elias, que atuou por volta de 850-790 a.C. (2 Reis 2-13).
Após esse período mais primitivo do profetismo israelita, o movimento
profético passou por transições importantes. Alguns profetas dos tempos
posteriores tiveram seus nomes citados em livros dedicados a eles, que
uniram, de algum modo, sua mensagem.
Vamos conhecer a época determinada em que cada profeta atuou:
Século VIII (entre 780 a 700 a.C.)
Nos tempos de Jeroboão II (rei de Israel), atuaram Amós e, depois,
Oseias – ambos no reino do norte. Em Judá, atuou Isaías.
Século VII (entre 650 e 585 a.C.)
No tempo de Josias e de seus filhos, Jerusalém estava em direção à
catástrofe. Sofonias, Naum e Habacuque, mas, sobretudo, Jeremias,
guiaram o povo durante esses trágicos anos.
Século VI (entre 597 e 537 a.C.)
Neste período do exílio na Babilônia, a fé dos exilados foi sustentada por
um autor desconhecido do Deutero-Isaías.
Meados do século V
Neste período, atuaram os profetas pós-exílicos Ageu e Zacarias, os
quais acompanharam os primeiros esforços da reconstrução do templo.
Um terceiro (Trito-Isaías) profetizou sobre a vida da comunidade recém-
instalada de Jerusalém. Em seguida, atuaram Malaquias, Obadias, Joel e
Deutero-Zacarias.
Finalmente, a profecia bíblica desapareceu nos moldes desse movimento de
quase cinco séculos.
Os nomes mais comuns dados para mediadores proféticos no Antigo
Testamento são:
1
Vidente (em hebraico, ro’eh)
Característico de tradições anteriores ao exílio, este vocábulo é usado 11
vezes.
2
Visionário (em hebraico, hozeh)
Este vocábulo aparece em 16 ocasiões: 10 vezes em Crônicas.
3
Homem de Deus (îsh elohîm)
Expressão muito frequente na Bíblia Hebraica: surge 76 vezes – 55 delas
apenas no livro de 1 e 2 Reis. Aplica-se, geralmente, a personagens
conhecidos, tais como: Eliseu (29 vezes); Elias (7 vezes); Moisés (6 vezes);
Samuel (4 vezes); Davi (3 vezes); Semeías (2 vezes); Ben-Joanã (1 vez).
4
Profeta (em hebraico, nabî’)
Termo muito frequente na literatura bíblica. Este título clássico aparece 315
vezes.
Profetas do norte
Amós
O livro de Amós está enraizado na obra deste profeta, comumente datada de
meados do século VIII a.C. (talvez cerca de 752 a.C.), no meio do próspero
reino do norte, de Jeroboão II, combinado com o reino do sul, igualmente
afortunado, de Uzias (Amós 1.1).1
Na perspectiva profética, ficou claro que essa imensa prosperidade era
desfrutada em ambos os reinos e se baseava na ação dos ricos contra os
pobres. O profeta afirmava a ilegitimidade de tal prática social e antecipava o
julgamento vindouro de Yahweh, que ocorreu na forma da devastação assíria.
 Manuscrito iluminado da Bíblia de Souvigny
(século XII d.C.). Abertura do livro do profeta
Amós. (Fonte: https://goo.gl/gr2DF1
<https://www.gettyimages.com/detail/news-
photo/the-letter-v-depicting-the-prophet-
amos-miniature-from-the-news-
photo/164080990?
esource=SEO_GIS_CDN_Redirect#/the-letter-
v-depicting-the-prophet-amos-miniature-
from-the-bible-of-picture-id164080990> )
Amós denunciava aqueles que usufruíam de uma vida de luxo despreocupado,
daqueles que eram ricos, mas permaneciam, ao mesmo tempo, inconscientes
da violência e da opressão em que se baseavam.
Como havia perdido a direção certa para a sociedade (Amós 3.9-10), a elite
acumulava violência e opressão (Amós 3.10-11). O núcleo da mensagem de
Amós atestava, então, que, devido a essas faltas, Deus destruiria a sociedade.
A finalidade desse desastre e sua inevitável concretização eram temas
persistentes levantados pelo profeta.
Assim, Amós – aparentemente de Judá – atuou no reino do norte (Amós 7.12)
e articulou uma poderosa crítica social, enraizada em um vigoroso sentido
javista. O julgamento que, certamente, viria era expresso como o Dia do
Senhor .
Oseias
O livro de Oseias foi o primeiro na ordem canônica dos Profetas Menores (ou
Doze Profetas). Ele anunciou a acusação e a sentença devido ao crime de
Israel: a quebra da aliança .
Esse livro está enraizado na vida e nas palavras do profeta do norte, que
viveu no século VIII a.C. Embora sua data não seja exata, a obra está
claramente relacionada à ascensão do poder assírio e à ameaça permanente
deste contra o reino do norte.
Wilson (2006, p. 82) situou Oseias entre os
profetas desse reino que trataram das tradições
da aliança e que apelaram à volta para Moisés:
um prenúncio da tradição deuteronomista.
O tema do pacto quebrado fez com que o profeta falasse, particularmente,
oráculos, que eram processos proféticos .
É convencional dividir o livro de Oseias em duas partes desiguais: a primeira
seção abrange os capítulos 1 a 3, e a segunda , os capítulos 4 a 14.
Profetas da crise babilônica
Jeremias I
O livro de Jeremias é uma meditação multifacetada da fé em Deus em meio à
crise por causa da destruição de Jerusalém, em 587 a.C., e às crises de
deportação e perda subsequentes.
2
3
4
5 6
É cheio de sentimentos profundos, principalmente de luto, mas também
manifesta a esperança para o futuro. Além disso, é extremamente complicado
e repleto de multicamadas, reunidas por meio de um processo redacional
complexo.
 Profeta Jeremias. Pintura de Michelangelo –
Teto da Capela Sistina (Fonte:
https://goo.gl/cJiXuY <> )
As bases históricas do livro estão fundamentadas na proclamação de Jeremias
em Jerusalém, no final do século VII a.C. (talvez até 626 a.C. ou até 609
a.C.). Não há dúvida de que contém, especialmente nos capítulos 1-20, as
declarações poéticas do profeta histórico.
É evidente que essas expressões foram moldadas, embora de maneira
bastante imaginativa, como podemos ver nos discursos de julgamento usados
para acusar Jerusalém de sua desobediência à Torah de Yahweh, o que
culminou na condenação da cidade a castigos.
Vejamos como o livro é dividido:
1
Primeiro material
Em particular, a vocação de Jeremias (1.4-10) parece ser um material
deuteronomista. Se assim é, então, o objetivo é afirmar os temas de 1.10 – a
função do profeta é: “Arrancar e derrubar” (exílio); “Construir e plantar” (pós-
exílio).
2
Segundo material
Texto de Jeremias 7.1-8.3, comumente denominado Sermão do Templo. Esta
seção coloca o profeta em um lugar público, de onde convocou Judá para
mudar seus caminhos de acordo com os requisitos da Torah (versos 3-7).
3
Terceiro material
O destaque na primeira parte de Jeremias é a narrativa do capítulo 11. O
profeta é apresentado como um vigoroso defensor público da aliança da Torah
da tradição deuteronômica (v. 2).
A longa seção poética da primeira parte de Jeremias mostra duas modalidades
de textos. São elas:
Entre os capítulos 4 a 6
Há uma série de poemas que preveem o assalto de Jerusalém por um oculto
invasor e estrangeiro (sem nome no texto).
Capítulo 7
Um oráculo sobre o templo anunciaque o lugar de culto não preservará Judá
do juízo de Yahweh. Ao não nomear o invasor, a articulação poética da
ameaça sustenta um tom ainda mais assustador (Jeremias I 5.15-17; 6.22-
23).
Habacuque
Habacuque marcou o início do período babilônico na história de Jerusalém.
Este livro mobiliza uma rica variedade de tradições litúrgicas em uma
declaração de fé coerente, que apresenta um apelo à necessidade de resolver
o problema da ameaça babilônica, em última instância, mediante o entoar de
um hino de triunfo: a declaração de confiança em Yahweh diante do quadro
hostil. Esse hino encerra o livro.
 Pesher (Comentário) de Habacuque (1QpHab). Manuscritos do Mar Morto (Fonte:
https://goo.gl/KV5QaE <https://goo.gl/KV5QaE> )
O início de Habacuque é marcado pelo intercâmbio dialógico entre o lamento e
a resposta divina – uma característica da interação litúrgica, um traço familiar
do livro dos Salmos.
Há duas queixas em Habacuque. São elas:
1ª queixa (Habacuque 1.2-4)
Esta queixa inicial levanta a questão aguda da teodiceia :
Por que os ímpios prosperam à custa dos justos?
Na resposta divina de 1.5-11, a crucialidade da Babilônia (os caldeus) sugere
que os assírios é que devem receber o juízo divino. O retorno de tais
versículos apresenta um exército estrangeiro invasor, cuja retórica não é
7
diferente da poesia de guerra de Jeremias 4-6.
2ª queixa (Habacuque 1.2-4)
Esta segunda queixa descreve para Yahweh em detalhes a arrogância abusiva
da força dos invasores. Em Habacuque 2.1-4, a segunda resposta divina
afirma a importância decisiva do profeta, que levanta as questões e recebe
retorno do próprio Yahweh (2.1).
Essa resposta indica que os fiéis devem aguardar um futuro, pois nele, a
fidelidade será cumprida por Yahweh. No devido tempo, em um momento
certo, “os arrogantes não permanecerão” (2.5), isto é, o arrogante e o
perverso (assírio ou babilônico) serão derrotados.
Em seguida, são emitidas advertências contra os comportamentos
autossuficientes:
Às aquisições de bens (Habacuque 2.6-7).
Aos bens mal-adquiridos (Habacuque 2.9-10).
À exploração definida como “derramamento de sangue” (Habacuque 2.12).
À desestabilização dos vizinhos pela bebida forte (Habacuque 2.15).
Ao apelo aos ídolos mortos (Habacuque 2.19).
Cada um dos oráculos de Habacuque é uma acusação profética contra os que
atuam junto à comunidade da Torah.
O livro termina no capítulo 3 com um hino prolongado que mostra tormento
diante dos problemas. Contudo, é concluído com total confiança no triunfo
final de Yahweh. No versículo 16, o autor reconhece as dificuldades atuais,
mas, depois, declara sua prontidão para “esperar em silêncio”.
Obadias
O breve livro profético de Obadias apresenta a antipatia pos-exílica de Judá
contra seu vizinho Edom.
No século V a.C., quando Judá era uma fraca colônia política da Pérsia, os
edomitas ao leste e ao sul colidiram com o território judeu de maneira hostil e
agressiva. Tal ação evocou o ressentimento e a hostilidade que ficam
evidentes no livro de Obadias.
O profeta articula o julgamento de Yahweh
contra uma nação e, então, de forma
proporcional, antecipa o bem em favor de Israel,
quando o inimigo é derrotado por Yahweh.
Nos versículos 1-14, o oráculo contra Edom identifica o orgulho e a arrogância
dos inimigos que se manifestaram em políticas agressivas e em saques (v. 5-
6). Em resposta, o oráculo profético antecipa o Dia do Senhor: um dia de
julgamento contra Edom, que será tratado com dureza (v. 8).
O oráculo reitera o Dia do Senhor no versículo 15, quando a preocupação com
Edom é ampliada até se tornar um pronunciamento genérico contra todas as
nações inimigas de Yahweh e de seu povo.
Em seguida, o poema vacila entre uma referência contínua a Edom e uma
genérica a todas as nações. Edom, portanto, é uma entidade que representa o
poder impío do mundo que ameaça o povo de Deus – um exemplo do que
está por vir para o mundo pagão.
 Página da Bíblia King James (1911). Final do
livro de Amós e início do livro de Obadias (Fonte:
https://goo.gl/9t6Sdr
<https://goo.gl/9t6Sdr> )
Profetas do exílio
Jeremias II
O livro de Jeremias é um texto profético que evolui, após 20.1-6, à temática
da invasão babilônica. Relata, de maneira concreta, o propósito severo de
Yahweh no mundo real das nações, estabelecendo uma conexão entre esse
objetivo e o poder mundano por meio de uma expressão poética.
Entre os capítulos 11 e 20, há uma série de textos (11.18-12.6; 15.10-21;
17.14-18; 18.18-23; 20.7-13,14-18) em que o poeta trata as orações a
Yahweh como uma troca íntima e combativa.
Tais poemas são modelados por lamentos convencionais, conhecidos no livro
dos Salmos, mas parecem especialmente comoventes na circunstância do
profeta. Além disso, podem ser entendidos como articulações pessoais de fé,
resultados da descoberta do profeta de que sua tarefa era maior do que aquilo
que ele era capaz de suportar.
Apesar de serem tão pessoais e estarem em 1ª pessoa, essas lamentações
são utilizadas para expressar o sofrimento descomunal de Judá diante da
ameaça histórica. De qualquer forma, tais poemas são pronunciações
profundas e cheias de tristeza.

Comentário
Essa coleção de poesias estabeleceu a identidade de Jeremias como
aquele que lamenta – uma identificação que levou tardiamente à tradição
de que ele é o autor do livro das Lamentações. Os poemas nos capítulos
11-20 são popularmente chamados de Lamentações de Jeremias.
Isaías e Deutero-Isaías
No consenso crítico, há muito, julgou-se que a literatura relativa a Isaías do
século VIII a.C. (chamado de Primeiro Isaías) é limitada a Isaías 1-39,
porque, depois do capítulo 39, existe uma imensa ruptura literária, histórica e
teológica.
Em suma, esses capítulos – enraizados no profeta – estão preocupados com
as crises da Jerusalém pré-exílica no período de 742-701 a.C. Ainda assim, o
material de Isaías 1-39 é bem mais complexo do que essa conexão histórica,
pois tais capítulos contêm muitos outros assuntos que não estão relacionados
ao século VIII a.C.
O primeiro livro de Isaías contém seis unidades textuais bastante distintas,
das quais apenas três estão diretamente conectadas ao “Primeiro Isaías”:
capítulos 1-12; 28-31; e 36-39.
Os materiais mais importantes do profeta do século VIII a.C. são encontrados
nos capítulos 1-12, que antecipam duramente o julgamento de Yahweh sobre
Jerusalém devido à desobediência da Torah (Isaías 1.2-6; 2.6-22; 3.1-4.1;
5.1-7, 8-30).
 Parte do rolo de Isaías pertencente aos
Manuscritos do Mar Morto (1QIsab). Isaías 57.17 a
59.9 (Fonte: https://goo.gl/o7fcxB
<https://goo.gl/o7fcxB> )
O “Segundo Isaías” – também denominado “Deutero-Isaías” – é a porção
central do livro de Isaías, situada nos capítulos 40 a 55. Ele está preocupado
com a queda de Babilônia (Isaías 46-47) e a ascensão de Ciro, o persa (Isaías
44.28; 45.1), e difere na visão teológica da primeira parte de Isaías.
 Profeta Isaías. Pintura de Rafael (Fonte:
https://goo.gl/fKUGdF
<https://goo.gl/fKUGdF> )
A poesia de Isaías 40 a 55 foi concebida para dar uma articulação lírica,
passível de se crer, à determinação de Yahweh de promover a restauração de
Israel e o bem-estar de Jerusalém.
O esforço cumulativo dessa poesia estabelece Yahweh como poderoso e
compassivo em relação a Israel, expondo os outros deuses como impotentes e
irrelevantes.
8
A boa notícia é a reafirmação do governo de Yahweh, que tira Israel do
desamparo e do desespero. Nessa poesia, Israel é nomeado e considerado
servo de Yahweh: aquele que está em aliança com Deus.
Quatro poemas denominados Canções do servo usam esse termo para
designar o povo (Isaías 42.1-9; 49.1-6; 50.4-9; 52.13-53.12), mas não
devem ser separados do resto da poesia, e sim tratados como parte de seu
contexto. Aqui, o servo não é outro senão Israel.
Profetas pós-exílicos
Ageu
 Profeta Ageu. Xilogravura pertencente às
Crônicas de Nuremberg (1492) (Fonte:
https://goo.gl/nFJG9P
<https://goo.gl/nFJG9P> )
Com o livro de Ageu , a cronologia dos Doze Profetas entra no Período Persa.
APérsia (Irã moderno) derrubou o poder babilônico em 540 a.C. e
começou a expansão imperial para o oeste.
Na época do profeta Ageu, Judá era um pequeno estado-cliente dos persas.
Ageu e Zacarias podem ser datados no início do Período Persa (520-516 a.C.),
e Malaquias, logo depois.
O livro de Ageu tem quatro unidades: cada uma pode ser datada no tempo de
Dario . O material, criado entre 520 e 516 a.C., revela o primeiro esforço
sustentado de restauração de Jerusalém após o desastre de 587 a.C.
9
10
11
Ageu está situado em uma matriz sacerdotal, de modo que todas as ações
indicadas nos oráculos são dessa natureza. Vejamos o que afirmam seus três
oráculos:
1º oráculo
Bastante extenso, diz respeito à reconstrução do templo 
(Ageu 1.1-15).
2º oráculo
Ainda refere-se à reconstrução do templo e, novamente, menciona os dois
líderes e a comunidade remanescente (Ageu 2.1-9).
3º oráculo
Reflete mais sobre o significado do templo (Ageu 2.10-19).
Juntos, eles demonstram que o templo é uma condição sine qua
non para o bem-estar, a prosperidade e a bênção dos moradores
de Jerusalém.
Zacarias
O livro de Zacarias é comumente dividido em duas partes bastante distintas.
A primeira parte (entre os capítulos 1 e 8) está voltada para o contexto e as
preocupações do livro de Ageu: o retorno dos exilados a Jerusalém e a
reconstrução do templo da cidade.
Zacarias 1.1-6
Reflete as cadências do Deuteronômio e parece claramente relacionado a
Jeremias 18.1-11, com ênfase no arrependimento.
Zacarias 7.1-8.23
Contempla uma série de afirmações oraculares que oferecem temas
tradicionais e apropriados para um contexto pós-exílico.
Zacarias 7.8-14
Apresenta uma sequência profética que convoca à obediência e ecoa o
Deuteronômio (versos 9-10). O relatório sobre a desobediência a esses
imperativos (versos 11-12a) e o consequente julgamento divino que justifica a
dispersão de Israel no exílio (versos 12b-14) encerram a sequência.

Saiba mais
O texto desses capítulos está vinculado ao reinado de Dario (520-516
a.C.). Para saber mais sobre o assunto, leia Zacarias 1.1; 7.1.
A segunda parte do livro de Zacarias – chamada, às vezes, de “Segundo
Zacarias” – diz respeito aos materiais dos capítulos 9 a 14, que, geralmente,
são divididos em duas subunidades. Vejamos:
1ª subunidade (Zacarias 9 a 11)
Estes capítulos começam com temas proféticos bastante comuns, incluindo
oráculos contra as nações (Zacarias 9.1-8), justapostos para prometer a
restauração de Judá (Zacarias 9.9-10.12).
2ª subunidade (Zacarias 12 a 14)
Estes capítulos formam uma unidade com seu próprio título (“Um Oráculo”). O
texto é dominado pela repetição da fórmula “naquele dia” (12.3, 4, 6, 8, 9,
11; 13.1, 2; 14.6, 8, 13), assegurando o foco sobre um futuro a ser
promulgado e imposto unicamente por Yahweh.
Trito-Isaías
A terceira seção do livro de Isaías compreende os capítulos 56-66, que, por
razões óbvias, é chamada pelos estudiosos de “Terceiro Isaías” ou “Trito-
Isaías”. Esse material reflete uma comunidade ocupada com assuntos muito
diferentes daqueles presentes nos capítulos 40-55.
O contexto aparente de tal literatura é a vida após o retorno e a restauração
previstos no Deutero-Isaías:
Um contexto em que a comunidade teve de
resolver questões internas da vida social e
religiosa.

Comentário
É comum localizar essa obra em algum lugar entre a construção do
Segundo Templo (520-516 a.C.), na qual observamos Ageu e Zacarias, e
a restauração de Esdras e Neemias após 450 a.C. A maioria dos
especialistas prefere uma data depois de 520 a.C.
 Profeta Isaías. Pintura de Giovanni di Piamonte
(1456 e 1466). (Fonte: https://goo.gl/p75v4M
<https://goo.gl/p75v4M> )
O Trito-Isaías demonstra uma preocupação com a vida comunitária. No
capítulo 56, por exemplo, há uma disputa sobre a inclusão e a exclusão na
comunidade. Já no capítulo 58, existe um debate sobre o que constitui a
prática adequada do jejum religioso.
A comunidade refletida no Trito-Isaías teve de lidar com as frustrações e os
desapontamentos que tão fortemente contrastavam com as anteriores
expectativas líricas presentes no Deutero-Isaías.
Ainda assim, os capítulos 60-62 de Isaías expressam um poder lírico – recurso
utilizado para destacar o bem-estar futuro de Israel.
A promessa lírica de Isaías 65.17-25 exprime a expectativa mais radical da
“nova era”, quando o governo de Yahweh será totalmente estabelecido. Esta é
a base de Apocalipse 21.
O ponto culminante do livro, com a “nova Jerusalém”, encerra-o (Isaías
65.17-25).

Saiba mais
Para saber mais sobre o assunto, leia Isaías 66.10-13.
Joel
Segundo livro dos Doze Profetas, Joel é profundamente enigmático. Não se
sabe nada desse profeta ou do contexto histórico do livro.
Embora cite textos mais antigos e seja convencionalmente considerado tão
tardio quanto o Período Persa, qualquer julgamento histórico-crítico a respeito
do material não passa de especulação.
 Profeta Joel. Placa síria ou palestina (século VII
d.C.) - Museu do Louvre. (Fonte:
https://goo.gl/RxBnYz
<https://goo.gl/RxBnYz> )
O livro divide-se em duas partes:
Capítulos 1-2 (poéticos)
A primeira parte trata de uma profunda crise histórica ou natural,
representada por uma praga de gafanhotos, que põe em perigo a comunidade
agrícola. Essa praga – que pode ter sido real – é o terreno a partir do qual o
poeta constrói uma hipérbole: há uma grande ameaça militar sobre a
comunidade.
O poema de Joel justapõe uma reflexão sobre uma suposta crise (Joel 1.2-
2.27) à antecipação visionária que ultrapassa o contexto histórico. Ele trata da
bondade de Yahweh em relação a Israel (Joel 2.28-3.21).
Capítulos 2 e 3 (apocalípticos)
A segunda parte do livro retrata Yahweh como um guerreiro essencial para o
resgate de Israel das nações.
Malaquias
O livro de Malaquias conclui a coleção dos Doze Profetas, mas fornece
poucas pistas sobre seu autor, público ou contexto.
Ele é comumente relacionado a Ageu e Zacarias, e com eles, forma uma
tríade de livros proféticos do Período Persa. Essa conexão é reforçada pela
frase inicial de Malaquias 1.1 – sua profecia é um “oráculo” –, o que sugere
um paralelo com Zacarias 9.1 e 12.1.
A estrutura principal do livro de Malaquias apresenta uma série de análises.
Cada uma faz uma pergunta, cita os que não conseguem respondê-la e move-
se para um oráculo de resposta divina.
Os assuntos dessas disputas variam um pouco, mas, em sua maioria, dizem
respeito à falta de zelo com as exigências cultuais. A atenção dirige-se à
responsabilidade que os levitas devem ter em relação à Torah (Malaquias 2.5-
7) e à correspondente fé de Judá (Malaquias 2.14).
O capítulo 3 trata da esperança escatológica em relação à chegada da
Yahweh no “Dia” (do julgamento) – tema continuado no capítulo 4. A
conclusão do livro em 4.1-3, coerente com 3.16-18, faz uma distinção
importante entre os “malfeitores”, que serão destruídos, e os “justos”.
Jonas
18
13
O livro de Jonas é único entre os Doze Profestas, pois é escrito em forma de
narrartiva. O personagem principal (Jonas) parece ser o mesmo citado em 2
Reis 14.25.
Ainda assim, o livro pode ser considerado profético, tanto porque esse
personagem enviado por Yahweh é um profeta, quanto porque o próprio
material parece ter uma mensagem profética, dada não pelo personagem
Jonas, mas pelo narrador.
A questão inicial da interpretação do livro diz respeito ao gênero da narrativa.
 Jonas e a Baleia. Pintura de Pieter Lastman (1621). (Fonte: https://goo.gl/w9Q1Ri
<https://goo.gl/w9Q1Ri> )
A erudição crítica já renunciou a qualquer ideia de que a história de Jonas seja
histórica. Ela é definida como uma criação artística e imaginativa, projetada
para transmitir uma mensagem entregue de forma artística, evitando, assim,
que seja excessivamente didática.
A narrativa de Jonas é oferecida como uma
parábola, uma fábula ou uma novela didática,
embora nenhum desses rótulos seja muita
preciso.
No livro, Jonas está no mesmo plano dos pagãos: ele recebe a misericórdia
divina do mesmo jeito que os ninivitas.Mas sua recusa em se arrepender e
mudar de ideia sobre a destruição de Nínive motiva a pergunta de Yahweh à
Jonas.

[...] Será razoável esse teu ressentimento?
Jonas 4.4
Yahweh espera que Jonas confesse o erro em sua predileção por limitar a
misericórdia e a salvação divina às pessoas como ele (judeus). Entretanto,
Jonas não compreende o propósito da ação de Yahweh.
Atividade
Leia um trecho do livro História do futuro: dos profetas à
prospectiva <galeria/aula7/anexo/a07_doc1.pdf> .
Em seguida, responda:
Por que um profeta não pode ser considerado adivinho?
Notas
Uzias 
Em 2 Reis 14.23-29 e 15.1-7, Uzias é citado por seu outro nome (Azarias).
Dia do Senhor 
Dia em que o domínio de Yahweh seria completa e duramente decretado (Amós 5.18-
20).
Quebra da aliança 
Tema desenvolvido nos demais livros da coleção dos Doze Profetas.
Processos proféticos 
Acusações contra Israel que anunciavam o juízo divino contra o povo (WESTERMANN,
1967, p. 57).
Primeira seção 
A primeira parte trata do divórcio e do novo casamento, isto é, da infidelidade e da
fidelidade, da crise provocada pela aliança quebrada e da renovação da aliança.
O capítulo 1 é um relatório sobre a experiência pessoal do profeta, e o capítulo 3, um
testemunho em primeira pessoa.
O texto assegura, claramente, a articulação teológica e ousada de Oseias,
profundamente baseada em uma experiência pessoal de relacionamento quebrado e
restaurado que o profeta relatou para revelar o caráter e a intencionalidade divina.
Segunda seção 
A segunda seção maior é preenchida com processos proféticos.
Teodiceia 
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7
Conjunto de argumentos que, em face da presença do mal no mundo, procuram
defender e justificar a crença na onipotência e suprema bondade do Deus criador,
contra aqueles que, em vista de tal dificuldade, duvidam de sua existência ou
perfeição.
 Fonte: Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa.
Poesia de Isaías 
Em Isaías 40.9 e 52.7, a poesia usa o termo basar (= boas novas), que a
Septuaginta traduziu por um vocábulo grego, relacionado à palavra-chave do Novo
Testamento: Evangelho.
Ageu 
O mesmo que meu festival. Este nome representa uma celebração cultual.
Pérsia 
Poder recém-emergente ao leste dos antigos poderes semíticos da Assíria e da
Babilônia.
Dario 
Terceiro líder persa, sucessor de Ciro e Cambises.
Malaquias 
No Período Persa, Malaquias é convencionalmente datado um pouco mais tarde do
que Ageu e Zacarias, mais perto do movimento de reforma de Esdras, quando o zelo
inicial de restauração e reconstrução refletido nos livros citados (Ageu e Zacarias)
cresceu.
Escatológica 
Relativa à escatologia: doutrina que trata do destino final do homem e do mundo, e
que pode se apresentar em discurso profético ou em contexto apocalíptico.
 Fonte: Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa.
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Referências
ALTER, R.; KERMODE, F. Guia literário da Bíblia. São Paulo: UNESP, 1997.
HILL, A. E.; WALTON, J. H. Panorama do Antigo Testamento. São Paulo: Vida
Acadêmica, 2006.
SCHMIDT, W. H. Introdução ao Antigo Testamento. 5. ed. São Leopoldo: Sinodal,
2013.
SICRE DÍAZ, J. L. Profetismo em Israel. 1. ed. Petrópolis: Vozes, 1996.
Próximos Passos
Literatura pós-exílica;
Reorganização pós-exílica: Esdras e Neemias;
Salmos e culto no segundo templo;
Sabedoria de Israel: Provérbios, Jó e Eclesiastes;
Quatro livros dos megillot: Rute, Lamentações, Cântico dos Cânticos e Ester.
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