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169 
Anuário da Produção 
Acadêmica Docente 
Vol. 4, Nº. 9, Ano 2010 
Márcio Gomes da Costa 
Faculdade Anhanguera de Taubaté 
enfmgc@hotmail.com 
 
AVALIAÇÃO DAS RESPOSTAS DE ENFERMEIROS 
SOBRE AS FASES DA SISTEMATIZAÇÃO DA 
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM 
RESUMO 
Pesquisa constituída de três sujeitos, com graduação em enfermagem, 
concorrendo a um cargo de enfermeiro supervisor de Pronto Socorro. A 
base do estudo foi a comparação entre os conceitos das fases da 
Sistematização da Assistência de enfermagem descrito na resolução 
COFEN 272/2002 e as respostas dos sujeitos, com o interesse de avaliar 
o grau de coerência dessas respostas. As analises foram realizadas em 
forma de tabelas. As tabelas foram organizadas de forma a fornecer 
completa interpretação dos resultados, identificando os candidatos com 
números e iniciais e demonstram os conceitos de histórico de 
enfermagem, exame físico, diagnóstico de enfermagem, prescrição de 
enfermagem, evolução de enfermagem de acordo com a resolução 
COFEN 272/2002 além de conter a avaliação das respostas dos sujeitos. 
Concluí-se definindo os resultados em forma de menção baseando-se na 
porcentagem de acertos. 
Palavras-Chave: processo de enfermagem; sistematização. 
ABSTRACT 
This is an exploratory, descriptive study that evaluated the knowledge 
of three subjects with a degree in nursing on the phases of the 
Systematization of Nursing Care in an emergency department of a 
general hospital in the national health system, in the Vale of Paraiba 
and Sao Paulo. Whose goal was to determine whether the responses 
given by subjects correctly defined the concepts described in the 
resolution COFEN 272/2002. After analyzing the responses of subjects 
can be seen that none of the subjects possessed the necessary knowledge 
to describe the phases of NCS 
Keywords: NSC , Nursing, COFEN, resolution. 
Anhanguera Educacional Ltda. 
Correspondência/Contato 
Alameda Maria Tereza, 4266 
Valinhos, São Paulo 
CEP 13.278-181 
rc.ipade@anhanguera.com 
Coordenação 
Instituto de Pesquisas Aplicadas e 
Desenvolvimento Educacional - IPADE 
Artigo Original 
Recebido em: 17/06/2010 
Avaliado em: 25/02/2011 
Publicação: 22 de outubro de 2012 
170 Avaliação das respostas de enfermeiros sobre as fases da sistematização da assistência de enfermagem 
Anuário da Produção Acadêmica Docente  Vol. 4, Nº. 9, Ano 2010  p. 169-180 
1. INTRODUÇÃO 
A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), entrou em vigor a partir da sua 
publicação pelo COFEN em 27 de agosto de 2002, objetivando a implantação de um 
processo de enfermagem que sendo privativo do enfermeiro, possuía estratégias de 
trabalho científico, favorecendo a identificação de problemas relacionados a saúde e a 
doença, sendo dessa forma uma ferramenta capaz de contribuir em todo o processo vital, 
podendo essa ser utilizada na promoção, prevenção, recuperação e reabilitação de 
pacientes, além de contribuir na intervenção de problemas coletivos na família e 
coletividade.(COFEN,2002). Para Garcia e Nóbrega (2000) citando Mc Guire (1991) o 
processo de enfermagem não é um conceito novo e remonta da metade séc.XIX, quando 
Florence Nigthingale enfatizou a necessidade de ensinar as enfermeiras a realizarem 
julgamentos sobre as observações feitas durante o serviço de enfermagem. Jesus (2002) 
apud Tannure (2008, p.17) descreve que o processo de enfermagem teve inicio a partir de 
1929 sendo descrito como estudos de casos e que posteriormente em 1945 foram estes 
estudos de caso substituídos por planos de cuidados, ficando assim conhecidos como as 
primeiras expressões do processo de enfermagem, “Processo de enfermagem é um 
método utilizado para se implantar, na prática profissional, uma teoria de enfermagem” 
(TANNURE, 2008, p.17). Entretanto segundo Oliveira, Paula e Freitas (2007) o processo de 
enfermagem, iniciou-se após a década de 1950, onde enfermeiros passaram a desenvolver 
uma enfermagem mais preocupada em aplicação de um processo de enfermagem, 
baseados em teorias e sistematização que visavam descrever, explicar, predizer os 
fenômenos, que tornasse a enfermagem mais científica. Horta (1979) Descreve que a partir 
de 1960 foram desenvolvidas diversas teorias de enfermagem, objetivando explicar a 
enfermagem como ciência, entre elas a Teoria homeostásica de Wanda Mc Dowell(1961), 
Teoria Olistica de Myra E. Levine (1967), Teoria de Imogenes King (1971), Teoria 
Sinergistica de Dagmar E. Brodt (1969), Teoria da Adaptação (1970), Teoria Martha 
Rogers (1983). Para Paim (2007) foi em 1965, na disciplina de fundamentos de 
enfermagem, que Horta introduziu um roteiro de observação sistematizada para 
pacientes internados e denominou histórico de enfermagem. Segundo a história este 
roteiro teve seu inicio de aplicação em 1969 através de um estudo piloto e somente em 
1971 este roteiro foi oficialmente aplicado em mais de 500 pacientes internados, sendo o 
livro Processo de Enfermagem publicado no ano de 1979. Dessa forma foi na década de 
1970, com as teorias das necessidades humanas básicas de Wanda de Aguiar Horta(1979) 
que a enfermagem brasileira assumiu um perfil sistematizado, onde a SAE aparece como 
um marco teórico legitimando a prática da enfermagem. “Desde então, os enfermeiros 
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têm utilizado o processo de enfermagem como método de trabalho no âmbito 
individual/coletivo, ambulatorial/hospitalar, no ensino e na pesquisa.”( SALOMÃO, 
AZEREDO, 2009). Devido a sua importância “o processo de enfermagem é considerado a 
metodologia de trabalho mais conhecida e aceita no mundo, facilitando a troca de 
informações entre enfermeiros de várias instituições” (ANDRADE, 2007). “O processo de 
enfermagem desde a sua introdução no Brasil em 1970, por Wanda A. Horta, até nossos 
dias tem sido amplamente utilizada como instrumento de ensino para a aplicação da 
assistência de enfermagem” (PATINE, BARBOZA, MARIA, 2004). A operacionalização 
do processo em etapas (ou fases, ou componentes), varia de acordo com cada autor, 
entretanto a Resolução 272/2002, artigo 1º do COFEN determina que a partir da consulta 
de enfermagem se inicie um processo de investigação, que envolva todas as fases da SAE. 
“A Consulta de Enfermagem: compreende o histórico (entrevista e anamnese), exame 
físico, diagnóstico, prescrição e evolução de enfermagem”. 
Apesar da implantação da SAE ter sido regulamentada pelo COFEN, não está 
sendo realizada adequadamente, pelo fato de os enfermeiros encontrarem barreiras que 
dificultam a sua realização. Em um estudo sobre a identificação das dificuldades da 
implementação da SAE, realizado por Hermida (2004) com artigos da Revista Gaúcha de 
Enfermagem, Acta Paulista de Enfermagem, Latino-Americana de Enfermagem, Baiana 
de Enfermagem e Nursing, comprova-se através dessa revisão bibliográfica que são 
diversos os fatores que interferem no processo de realização da SAE. A autora descreveu 
17 itens de dificuldades, entre eles a necessidade de aprofundamento teórico e falta de 
prática e não saber realizar o processo de enfermagem; além de fatores pessoais e 
profissionais que interferem prejudicando a implementação da SAE; merecendo destaque 
“ o preparo inadequado na graduação e despreparo do pessoal”. Muitos dos fatores que 
interferem no desenvolvimento do processo de enfermagem são de causas externas, 
fazendo parte dos fatores organizacionais que interferem prejudicando a implementação 
da SAE , sendo descritas em um número total de 11, onde vemos destaque na “carência 
de pessoal de enfermagem e enfermeiros” e “atividades administrativas concomitantes 
com as assistenciais”. Um estudo sobre o ensino do exame físico em escolas de graduação, 
onde foram investigados 39 professores demonstrou que os docentes não estão 
completamente preparados para o ensino desta matéria (SOUZA,1998). Diante de tantas 
dificuldadesque interferem para o desenvolvimento da SAE, cabe ressaltar os fatores que 
dependem exclusivamente do enfermeiro que é “a necessidade de aprofundamento 
teórico” e “falta de prática e não saber realizar o processo de enfermagem”, por que afeta 
diretamente a qualidade das intervenções prescritas, que faz parte das funções privativas 
deste profissional. Por ser óbvio as dificuldades que os enfermeiros apresentam na 
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realização da SAE, o presente estudo visa construir investigando o conhecimento dos 
enfermeiros sobre as definições das fases da SAE. São essas definições o ponto de partida 
para todo o desenvolvimento do processo de enfermagem, erros conceituais podem se 
tornar uma das dificuldades na implementação da Sistematização. 
2. METODOLOGIA 
Na pesquisa bibliográfica encontramos fundamentos para demonstrar que a SAE vem 
sendo desenvolvida a muitos anos e que a sua implementação vem acontecendo a partir 
de uma construção histórica, que dado a sua complexidade, como o próprio nome declara 
“sistematização” tem encontrado dificuldades para sua implantação. Neste artigo 
utilizamos um estudo descritivo, exploratório. O local de estudo foi um pronto socorro do 
Sistema Único de Saúde (SUS) do Vale do Paraíba, São Paulo. O objeto da pesquisa foram 
três questionários respondidos por sujeitos de ambos os sexos, com curso superior em 
enfermagem obtidas de uma prova teórica de processo seletivo, extraída de arquivos. As 
perguntas foram abertas, relacionadas aos conceitos das fases da SAE sobre histórico, 
exame físico, diagnóstico, prescrição e evolução de enfermagem. Foram selecionadas 
provas do período de fevereiro e março de 2010. A análise foi baseada nas respostas dos 
sujeitos e realizada Ipsis verbis – que segundo o pequeno dicionário de latin jurídico 
significa “Sem tirar nem pôr; com as mesmas palavras; com as próprias palavras” onde as 
palavras dos sujeitos foram confrontadas com a escrita fiel da resolução COFEN 
272/2002. Foram realizados 4 perguntas: 
1. Conceitue Histórico de Enfermagem 
2. Conceitue Prescrição de Enfermagem 
3. Conceitue Diagnóstico de Enfermagem 
4. Conceitue Evolução de Enfermagem. 
Os sujeitos foram identificados com iniciais para manutenção de sigilo pessoal. 
Sobre conceito de Histórico de Enfermagem, descrevem os sujeitos: 
Sujeito nº 1 ALHC: 
“Constitui a primeira parte do SAE onde levantamos o histórico do paciente 
através da entrevista c/o mesmo e/ou familiar e também dados de exames e do 
prontuário multidisciplinar” 
Sujeito nº2 RFV: 
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Coletar dados sobre cliente/paciente sobre sua vida, patologias, problemas de 
saúde recentes e antigas, medicações em uso. Todas as informações possíveis sobre o 
cliente. 
Sujeito nº3 SRLR: 
Estar levantando a história do paciente, ou seja, diagnóstico, história familiar, 
doenças de base, levando em consideração habitação e alimentação. 
Conceito de Histórico de enfermagem segundo a Resolução Cofen 272/2002 
“Conhecer hábitos individuais e biopsicossociais visando a adaptação do 
paciente à unidade de tratamento, assim como a identificação de problemas”. 
A coleta e o levantamento de dados foram identificados como a primeira parte 
do processo de enfermagem. Esta é uma teoria de como os enfermeiros organizam o 
atendimento de pessoas, famílias e comunidades” (LUNNEY , 2010, p.29) e contem dados 
do paciente, como nome, endereço, idade, sexo e objetiva conhecer hábitos individuais e 
biopsicossociais visando a adaptação do paciente à unidade de tratamento, assim como a 
identificação de problemas (RESOLUÇÃO 272/2002). Faz parte do histórico a anamnese 
que se caracteriza por uma entrevista que complementa o histórico, a partir de coleta de 
dados atuais sobre a história da patologia do paciente, e para Porto (2008, p.27) anamnese 
significa trazer de volta a memória os fatos coletados relacionados com a doença e com o 
paciente. Não significa apenas registrar uma conversa entre profissional e paciente, 
significa o resultado de uma conversação com objetivos claros de busca de informações 
para elaboração de uma história clinica. É através da anamnese que as relações paciente / 
profissional se aprofundam, sendo essa relação realizada de várias formas: no aspecto 
psicológico, se desenvolve um elo de confiança, sendo este considerado um aspecto 
importante no processo de investigação e os hábitos de vida e condições sócio econômicas 
e culturais. 
Conclusões do autor a partir da análise das respostas do sujeito sobre histórico 
de enfermagem confrontadas com a resolução COFEN 272/2002 contextualizada e 
fundamentada em revisão bibliográfica: 
Sujeito nº 1 ALHC : O candidato conceitua de uma forma simplista e generalista, 
deixando uma vaga idéia do conceito de histórico. Por não se referir a importância da 
identificação dos hábitos, possibilidades de adaptação e identificação de problemas, 
poderia realizar uma coleta de dados superficiais e não atingir aos objetivos propostos. 
Sujeito nº2 RFV: Apesar do sujeito não deixar explicito a descrição de hábitos e 
adaptação, percebe-se que o mesmo entende o conceito de histórico de enfermagem. 
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Sujeito nº3 SRLR: O sujeito descreve o conceito de histórico de enfermagem de 
acordo com a resolução, entretanto deixando de enfatizar aos aspectos biopsicossociais, 
fato que poderia trazer dificuldades de adaptação do paciente em relação a internação. 
Sobre conceito de Exame físico, descrevem os sujeitos: 
Sujeito nº 1 ALHC : Dentro do SAE o exame físico é executado para encontrar 
alterações fisiológicas ou anatômicas se utilizando da Inspeção, Palpação, Ausculta e 
Percussão 
Sujeito nº2 RFV: Será feito uma inspeção completa do cliente céfalo caudal, para 
buscar alterações e anormalidades. 
Sujeito nº3 SRLR: Realização criteriosa (avaliação) céfalo caudal do paciente, 
observando higiene, anomalias, deficiência, grau de dependência. 
Conceito de Exame Físico segundo a Resolução Cofen 272/2002 
O Enfermeiro deverá realizar as seguintes técnicas: inspeção, ausculta, palpação 
e percussão, de forma criteriosa, efetuando o levantamento de dados sobre o estado de 
saúde do paciente e anotação das anormalidades encontradas para validar as informações 
obtidas no histórico. 
Para Porto (2008, p.24) o exame clínico é o traço de união, o elo de ligação entre a 
arte e a ciência médica. Ou melhor, é no exame clinico que se pode fazer a fusão da 
ciência e da arte. Para realização do exame clinico o profissional realiza inspeção, 
ausculta, percussão e palpação, utilizando sentidos da Visão, audição, olfato e tato como 
auxiliadores no desenvolvimento do método clinico, utilizado no levantamento dos 
problemas de enfermagem. “Exame é uma observação ou investigação minuciosa e atenta 
(MURTA, 2007.p.341). 
O exame minucioso e sistemático do doente é de grande importância na 
complementação da observação clínica, deduzida por si só, ao diagnóstico. O profissional 
deve tornar-se capaz de reconhecer os sinais clínicos, apurando seus sentidos e sua 
técnica de exame, sempre de acordo com os princípios gerais da semiologia através da 
inspeção, palpação, percussão e ausculta”.(MARCONDES et al. 1988) apud (SOUSA, 
V.D.de; BARROS, A.L.B.de. 1998) 
Conclusões do autor a partir da análise das respostas do sujeito sobre Exame 
Físico confrontadas com a resolução COFEN 272/2002 contextualizada e fundamentada 
em revisão bibliográfica: 
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Sujeito nº 1 ALHC: O candidato conhece métodos propedêuticos, entretanto, não 
descreve a importância do exame como um levantamento de dados para validar as 
informações obtidas no histórico. 
Sujeito nº2 RFV: Percebe-se que o sujeito apresenta um conhecimento 
fragmentado sobre exame físico de enfermagem, descrevendo de uma forma dissociada a 
estrutura conceitual, desestruturando o processo metodológico do exame físico, o que 
deixará grandes lacunas e comprometendo a coleta de dados. 
Sujeito nº3 SRLR: O sujeito descreve de uma maneira generalista como deve ser 
realizado o exame físico, dando ênfase a importância de ser realizado de forma criteriosa, 
entretanto não faz referencias ao uso das técnicas propedêuticas, o que não deixa claro se 
desenvolveria com competência todas as fases desse exame. 
Sobre conceito de Diagnóstico de Enfermagem, descrevem os sujeitos: 
Sujeito nº 1 ALHC: O diagnóstico de enfermagem é determinado a partir dos 
problemas encontrados no histórico de enfermagem e no exame físico e para isto 
podemos utilizar a taxonomia da NANDA ou CIPE. 
Sujeito nº2 RFV: O enfermeiro irá diagnosticar o problema que está afetando o 
cliente, tanto patológico como (clinico) digo físico. 
Sujeito nº3 SRLR: O diagnóstico de enfermagem é dado baseado nos sinais e 
sintomas que o paciente apresenta + o diagnóstico médico. 
Conceito de Diagnóstico de Enfermagem segundo a Resolução Cofen 272/2002 
O Enfermeiro após ter analisado os dados colhidos no histórico e exame físico, 
identificará os problemas de enfermagem, as necessidades básicas afetadas e grau de 
dependência, fazendo julgamento clínico sobre as respostas do indivíduo, da família e 
comunidade, aos problemas, processos de vida vigentes ou potenciais. 
A capacidade de o enfermeiro fazer um diagnóstico de enfermagem e prescrever 
as ações pertinentes que resultarão em respostas específicas do cliente é crucial para o 
desenvolvimento da ciência da enfermagem. Esse diagnóstico consiste na determinação 
da natureza e da extensão dos problemas de enfermagem apresentados pelo cliente ou 
pela família (CARPENITO-MOYET, 2005) citada por (MINCOFF, CONTE e 
NAKAMURA, 2007). Para Lunney (2010, p.31) o melhor uso dos diagnósticos de 
enfermagem está em uma parceria com os pacientes e as famílias (...) duas preposições 
formam base para o desenvolvimento de competências diagnósticas: 
1. O diagnóstico na enfermagem exige competências nos domínios intelectual, interpessoal 
e técnico. 
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2. O diagnóstico de enfermagem requer o desenvolvimento de elementos pessoais fortes 
de tolerância à ambiguidade e uso da prática na reflexão. 
Para Horta (1979) os problemas de enfermagem ou diagnóstico de enfermagem é 
a identificação das necessidades do se humano (básica) grau de dependência (nível de 
limitação do paciente) que após analisado, colabora para um julgamento clinico que 
culminará na prescrição de enfermagem. 
Conclusões do autor a partir da análise das respostas do sujeito sobre 
Diagnóstico de Enfermagem confrontadas com a resolução COFEN 272/2002 
contextualizada e fundamentada em revisão bibliográfica: 
Sujeito nº 1 ALHC: O candidato compreende o conceito de diagnóstico de 
enfermagem e utilização de taxonomias da para fundamentação da prescrição de 
enfermagem. Subtende-se que realizará uma prescrição com base científica, apesar de não 
deixar explicito que poderá utilizar o levantamento de problemas para realização de um 
julgamento clinico. 
Sujeito nº2 RFV: O sujeito conceitua de uma forma superficial o diagnóstico de 
enfermagem, não apresentando fundamentação teórica que comprove o seu 
conhecimento, sendo assim comprometerá a qualidade da prescrição de enfermagem. 
Sujeito nº3 SRLR: O sujeito compreende parte do processo da identificação de um 
diagnóstico de enfermagem, que é o levantamento de problemas, entretanto não descreve 
informações a respeito do julgamento clínico, dado principal para chegar-se a decisão 
sobre a denominação de um diagnóstico de enfermagem. 
Sobre conceito de Prescrição de enfermagem, descrevem os sujeitos: 
Sujeito nº 1 ALHC: A prescrição de enfermagem é realizada a partir dos 
diagnósticos de enfermagem determinados, ou seja, podemos ter mais de uma prescrição 
de enfermagem para cada diagnóstico de enfermagem. As ações de rotinas não 
necessariamente precisam ser prescritas. 
Sujeito nº2 RFV: Onde é realizada (prescrito) a ação (conduta) a serem realizadas 
para o cliente, para sua melhora, condutas a serem tomadas. 
Sujeito nº3 SRLR: É individual para cada paciente, serve como um 
direcionamento para a equipe de enfermagem na realização dos cuidados de 
enfermagem. 
Conceito de Prescrição de Enfermagem segundo a Resolução Cofen 272/2002 
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É o conjunto de medidas decididas pelo Enfermeiro, que direciona e coordena a 
assistência de Enfermagem ao paciente de forma individualizada e contínua, objetivando 
a prevenção, promoção, proteção, recuperação e manutenção da saúde. 
A prescrição de enfermagem é individual para cada paciente onde são descritos 
os diversos cuidados que ele necessita e que necessitam ser realizados pela equipe de 
enfermagem. “É o conjunto de medidas decididas pelo Enfermeiro, que direciona e 
coordena a assistência de Enfermagem ao paciente de forma individualizada e contínua, 
objetivando a prevenção, promoção, proteção, recuperação e manutenção da saúde” 
(Resolução 272/2004). 
Desse modo, pode-se considerar que a prescrição de enfermagem é um método de 
comunicação de informações importantes sobre o paciente/cliente, concebida para 
promover cuidados de qualidade, através da facilitação do cuidado individualizado e da 
continuidade desse mesmo cuidado, constituindo-se, além disso, num mecanismo para a 
avaliação da assistência prestada. (FILHO; LUNARDI; PAULITSCH, 1997) 
Para Horta (2007, p.66) a prescrição de enfermagem é um roteiro diário, escrito, 
que tem a função de coordenar a ação da equipe de enfermagem, para atendimento das 
necessidades básicas e próprias do ser humano. As prescrições de enfermagem baseiam-
se no fator relacionado e nas características definidoras identificados no enunciado do 
diagnóstico de enfermagem (TANNURE, GONÇALVES, 2008. P.77). 
Conclusões do autor a partir da análise das respostas do sujeito sobre Prescrição 
de Enfermagem confrontadas com a resolução COFEN 272/2002 contextualizada e 
fundamentada em revisão bibliográfica: 
Sujeito nº 1 ALHC: Apesar de haver coerência em boa parte do conceito do 
sujeito, o objetivo principal da prescrição de enfermagem que é Prevenção, promoção, 
proteção, recuperação e manutenção da saúde, não foram enfatizados, o que poderá 
comprometer o objetivo da SAE. 
Sujeito nº2 RFV: A definição de prescrição de enfermagem não possui nenhuma 
relação de coerência com a resolução COFEN. 
Sujeito nº3 SRLR: O Sujeito conhece superficialmente o conceito de prescrição de 
enfermagem, deixando lacunas de interpretação que poderão comprometer uma correta 
prescrição de enfermagem. 
Sobre conceito Evolução de Enfermagem, descrevem os sujeitos: 
Sujeito nº 1 ALHC: Na evolução de enfermagem registramos os dados 
pertinentes ao estado do paciente, ou seja, dados que demonstrem se o quadro do 
paciente evoluiu ou involuiu, esses dados devem ser sintetizados e relevantes, diferente 
da anotação de enfermagem cf. resolução do COREN. 
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Sujeito nº2 RFV: O enfermeiro irá escrever no prontuário do cliente, 
anormalidades e como o pacientese encontra no momento. 
Sujeito nº3 SRLR: É específica do enfermeiro onde relata a evolução do paciente 
se melhorou, piorou, se os sinais e sintomas que o paciente apresentava não apresenta 
mais, exames específicos que foram realizados. 
Conceito de Evolução de Enfermagem segundo a Resolução Cofen 272/2002 
É o registro feito pelo Enfermeiro após a avaliação do estado geral do paciente. 
Desse registro constam os problemas novos identificados, um resumo sucinto dos 
resultados dos cuidados prescritos e os problemas a serem abordados nas 24 horas 
subsequentes. 
Segundo Daniel (1981) apud Zaramela, Cassol e Cifro (2006) do conteúdo da 
evolução de enfermagem devem constar: dados referentes às necessidades humanas 
básicas no decorrer do plantão (nutrição, hidratação, sono, repouso, locomoção e 
mobilidade, eliminações, higiene, conforto, oxigenação, sinais vitais, comunicação, 
integridade cutâneo-mucosa, terapêutica); registro das condições gerais do paciente 
(estado mental, sinais e sintomas, condições de drenos, cateteres e curativos); recebimento 
de visita; saídas e retornos; transferências; alta; óbito (sempre com horário). É o relato 
diário ou periódico das mudanças sucessivas que ocorrem no ser humano enquanto 
estiver sob assistência profissional. (...)Se for identificado um problema novo de 
enfermagem, avaliar se é sintoma das necessidades já identificadas ou surgimento de uma 
nova necessidade a ser diagnosticada (HORTA,1979.p.67). 
Conclusões do autor a partir da análise das respostas do sujeito sobre Evolução 
de Enfermagem confrontadas com a resolução COFEN 272/2002 contextualizada e 
fundamentada em revisão bibliográfica: 
Sujeito nº 1 ALHC: O sujeito compreende e interpreta bem o conceito de 
evolução de enfermagem, apesar de não deixar explicito a sua preocupação com o período 
de 24 horas, fato fundamental para conclusão do processo da SAE. 
Sujeito nº2 RFV: O sujeito tem conhecimento sobre evolução de enfermagem, 
entretanto tem um olhar limitado, não conseguindo descrever o conceito em sua 
totalidade, o que poderia restringir as informações necessárias para uma evolução de 
enfermagem completa. 
Sujeito nº3 SRLR: O sujeito demonstra um conhecimento superficial sobre a 
evolução de enfermagem, essa superficialidade deixa abertas lacunas que não serão 
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completadas durante o registro, o que comprometerá todo conceito de evolução de 
enfermagem. 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Segundo Tannure e Gonçalves, (2008.p.13), “para sistematizar a assistência de 
enfermagem é necessário haver um marco conceitual que fundamente a organização do 
serviço que se almeja alcançar”; o mesmo autor cintando Ferreira (1975) “descreve que 
sistematizar é tornar coerente com determinada linha de pensamento” Horta (1979) 
descreve na sua teoria que” as necessidades não atendidas ou atendidas 
inadequadamente trazem desconforto, e se este se prolonga é causa de doença (...) as 
funções da enfermeira(o), quando específica assiste ao ser humano no atendimento de 
suas necessidades básicas e ensina o autocuidado. Na interdependência, mantém 
promove e recupera a saúde e na área social, ensina, pesquisa, administra serviço, tem 
responsabilidade legal e participa de associações de classe. ”. Profissionais com tantas 
lacunas relacionadas ao conhecimento da estrutura conceitual da SAE ao desenvolverem 
suas atividades poderão não corresponder aos objetivos da profissão. Por outro lado 
poderão empenhar-se e trabalharem para desenvolverem a enfermagem como ciência 
própria, ou estarão fadados a fazerem da enfermagem uma profissão de assistente-
médico. (HORTA, 1979). O estudo demonstrou que em todas as respostas dos sujeitos 
investigados, existiam diferenças de interpretação que afetavam o sentido real dos 
conceitos; o que difere do pensamento de vários autores citados e da própria resolução, 
com relação a importância do conhecimento da teoria para desenvolvimento de uma 
práxis de enfermagem. 
REFERÊNCIAS 
ANDRADE, Andréia de Carvalho. A enfermagem não é mais uma profissão submissa. Rev. bras. 
enferm., Brasília, v. 60, n. 1, fev. 2007. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-
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71672007000100018. 
ALENCAR, S.R. Indicadores de desempenho no gerenciamento de projeto. Disponível em 
<http://www.100porcento.srv.br/conhecimento/entrevistas/Ralenca1.htm>. Acesso em: 13 abr. 
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