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2 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 4 2 EVOLUÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA EM ENFERMAGEM 5 3 IMPORTÂNCIA DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA EM ENFERMAGEM NO PROCESSO DE TRABALHO DO ENFERMEIRO ............................................ 9 4 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS NA IMPLEMENTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA EM ENFERMAGEM ................................ 11 5 TEORIAS DE ENFERMAGEM ....................................................................... 13 5.1 Teoria Ambientalista................................................................................. 13 5.2 Teoria das Necessidades Humanas Básicas ........................................... 14 5.3 Teoria do Autocuidado ............................................................................. 15 5.4 Teoria do Cuidado Transpessoal ............................................................. 16 5.5 Teoria do Cuidado Transcultural .............................................................. 17 6 DEFINIÇÕES E CONCEITOS ........................................................................ 18 7 TEORIA DE WANDA DE AGUIAR HORTA .................................................... 20 8 TEORIA DE DOROTHEA OREN .................................................................... 23 9 TEORIA DE IMÓGENES KING ...................................................................... 25 10 TEORIA DE PEPLAU .................................................................................. 27 11 RELAÇÕES ENTRE OS PASSOS DO PROCESSO DE ENFERMAGEM .. 29 12 INVESTIGAÇÃO E DIAGNÓSTICO SAE .................................................... 32 13 DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO .......................................................... 35 14 PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO .................................................... 37 15 IMPLEMENTAÇÃO E AVALIAÇÃO ............................................................. 39 16 COLETA DE DADOS .................................................................................. 40 3 17 HISTÓRICO DE ENFERMAGEM ................................................................ 42 18 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ............................................... 45 18.1 Entrevista .............................................................................................. 45 18.2 Exame físico ......................................................................................... 47 18.3 Prontuário do paciente .......................................................................... 48 18.4 Métodos de coleta de dados ................................................................. 49 19 DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM ........................................................... 50 20 INSERÇÃO DO DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM NO PROCESSO ASSISTENCIAL ........................................................ Erro! Indicador não definido. 21 ESTABELECIMENTO DO DIAGNÓSTICO, SEGUNDO A TAXONOMIA DA NANDA .................................................................................................................. 51 22 PLANEJAMENTO DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM .......................... 53 23 ESTABELECIMENTO DOS RESULTADOS (NOC) E INTERVENÇÕES (NIC) 54 24 LIGAÇÕES ENTRE NANDA, NOC, NIC ..................................................... 55 25 AVALIAÇÃO DO PLANO DE CUIDADOS ................................................... 56 26 EVOLUÇÃO DE ENFERMAGEM ................................................................ 57 27 ANOTAÇÃO DE ENFERMAGEM ................................................................ 57 28 INFORMATIZAÇÃO .................................................................................... 58 29 PROCESSO PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA EM ENFERMAGEM ...................................................................... 61 30 FASES DO PLANEJAMENTO PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA EM ENFERMAGEM ................................ 63 31 REFERENCIA ............................................................................................. 65 4 1 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 5 2 EVOLUÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA EM ENFERMAGEM A busca de uma identidade profissional para a enfermagem tem início com o trabalho de Florence Nightingale, após a Guerra da Criméia, em 1856. Ela enfocava medidas de conforto e manutenção da higiene, buscando diferenciar a enfermagem da medicina, e estabeleceu as premissas sobre as quais a profissão deveria se basear. (JESUS CAC. 2002). A partir do século 20, a preocupação com a aplicação de princípios científicos que norteassem a prática da enfermagem fez surgir o planejamento da assistência de enfermagem, buscando dessa forma uma postura mais científica e menos intuitiva. (JESUS CAC. 2002). Buscava-se também, com as mudanças na prática da enfermagem, a independência e autonomia da profissão. (GONÇALVES AMP. 2004). No período da Segunda Guerra Mundial começam a aparecer algumas associações de enfermeiras americanas que se juntaram para discutir questões relativas à enfermagem, buscando desenvolver um corpo de conhecimentos específicos, visando estabelecer uma identidade profissional. (GONÇALVES AMP. 2004). Inicialmente, por volta de 1929, a organização do cuidado era descrita através de estudos de caso. Depois surgiram os planos de cuidados para facilitar a comunicação entre os membros da equipe de enfermagem sobre os cuidados a serem prestados aos pacientes. Esses planos, depois de um período de abandono, foram retomados em meados de 1960, mas com objetivos diferentes: visavam à individualização da assistência prestada e a unificação do cuidado. Entretanto, já se identificava também alguma dificuldade na operacionalização dos planos de cuidados: "não eram devidamente executados, não consideravam o cliente como um ser holístico e eram de difícil preenchimento". (JESUS CAC. 2002) Segundo Souza (2004), citado por Gonçalves (2004) as primeiras teorias de enfermagem "direcionando a assistência que deveria ser prestada ao ser 6 humano, com base em um marco conceitual próprio, procurando relacionar fatos e estabelecer as bases de uma ciência de enfermagem, constituindo-se em uma nova fase da evolução histórica da profissão". No Brasil, na segunda metade da década de 60, têm-se o surgimento da teoria das Necessidades Humanas Básicas, elaborada pela Drª Wanda de Aguiar Horta, com a proposta de uma assistência de enfermagem sistematizada. Ela apresentou 6 fases que compunham o processo de enfermagem: histórico de enfermagem, diagnóstico de enfermagem, plano assistencial, plano de cuidados ou prescrição de enfermagem, evolução e o prognóstico de enfermagem. (HORTA WA. 1979). Durante a década de 70, do século passado, a necessidadedo planejamento se fortalece e nas décadas de 80 e 90 ele passou a ter uma nova terminologia - sistematização da assistência de enfermagem - SAE, com ênfase na 2ª etapa do processo, que é a do diagnóstico de enfermagem. (GIL AC. 1994). Em 1982, tem-se a criação da NANDA - North American Nursing Diagnosis Association, cujo principal objetivo é "o estudo dos diagnósticos de enfermagem e a criação de uma taxonomia para estes diagnósticos". (GIL AC. 1994). A cada 2 anos essa associação realiza conferências para discutir e aprovar os diagnósticos e seus componentes que serão integrados à taxonomia. A reunião ocorrida em abril de 2002 aprovou a taxonomia II da NANDA, com um total de 155 diagnósticos de enfermagem. (GIL AC. 1994). É importante salientar também que, atualmente, a SAE é regulamentada pela Resolução COFEN nº 272/2002, (DOENGES ME, 1999) que determina: Art. 1º - Ao Enfermeiro incumbe a implantação, planejamento, organização, execução e avaliação do processo de enfermagem. Art. 2º - A implementação da SAE deve ocorrer em toda instituição de saúde pública ou privada. Art. 3º - A SAE deverá ser registrada formalmente no prontuário do paciente. Segundo Doenges Me, (1999) essa mesma resolução prevê que a SAE deve ser composta pelas seguintes etapas: 7 1) histórico de enfermagem; 2) exame físico; 3) diagnóstico de enfermagem; 4) prescrição da assistência de enfermagem; 5) evolução da assistência de enfermagem; 6) relatório de enfermagem. O histórico de enfermagem irá propiciar ao enfermeiro o conhecimento dos hábitos individuais e biopsicossociais, através de entrevista com o paciente ou familiares, visando à identificação de problemas. (DOENGES ME, 1999) Através do exame físico - que compreende as técnicas de inspeção, ausculta, palpação e percussão - obtêm-se o levantamento de dados sobre o estado de saúde do paciente e anormalidades encontradas, que reforcem as informações obtidas no histórico. (DOENGES ME, 1999) A análise dos dados colhidos nessas duas etapas, irá propiciar ao enfermeiro a identificação dos problemas de enfermagem que através do julgamento clínico possibilita a elaboração de diagnósticos de enfermagem. (DOENGES ME, 1999) Como salienta Doenges e Moorhouse (1999), o diagnóstico de enfermagem proporciona uma linguagem comum para identificação dos problemas do paciente e favorece a escolha das intervenções de enfermagem. As autoras destacam ainda que tal linguagem "oferece um embasamento para médicos, educadores e pesquisadores em relação à documentação, validação e/ou alteração do processo". A partir desses diagnósticos, o enfermeiro irá decidir quais medidas irão direcionar a assistência de enfermagem para prevenção, promoção, proteção, recuperação e manutenção da saúde, ou seja, irá realizar a prescrição de enfermagem. (DOENGES ME, 1999) Finalmente, com a evolução de enfermagem, o profissional irá continuar o acompanhamento do paciente por meio do registro do estado geral do mesmo, verificação dos resultados alcançados e identificação de novos problemas a serem 8 abordados, que constituirão novos diagnósticos de enfermagem. (DOENGES ME, 1999). A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é conceituada como um método de prestação de cuidados para a obtenção de resultados satisfatórios na implementação da assistência, com o objetivo de reduzir as complicações durante o tratamento, de forma a facilitar a adaptação e recuperação do paciente. (DOENGES ME, 1999). O uso do método requer o pensamento crítico do profissional, que deve estar focado nos objetivos e voltado para os resultados, de forma a atender as necessidades do paciente e de sua família; exigindo constante atualização, habilidades e experiência, sendo orientado pela ética e padrões de conduta. Portanto, é um modo de exercer a profissão com autonomia baseada nos conhecimentos técnico-científicos no qual a categoria vem se desenvolvendo nas últi mas décadas. (DOENGES ME, 1999). Para que a implementação da assistência de enfermagem ocorra, faz-se necessário que o enfermeiro tenha identificado com propriedade as necessidades em saúde do paciente, da família, dos grupos sociais e da coletividade (VAUGHANS, 2012). Para isso, o enfermeiro pode utilizar ferramentas de classificação de diagnósticos de enfermagem, como a taxonomia NANDA-I (Associação Norte- Americana de Diagnósticos de Enfermagem, do inglês North American Nursing Diagnosis Association), além da classificação de resultados de enfermagem (NOC, do inglês nursing outcomes classifi cation) (JOHNSON et al., 2013; DIAGNÓSTICOS, 2018). Após a consolidação dessas etapas, a implementação dos cuidados de enfermagem acontecerá na prática dos serviços de saúde. 9 3 IMPORTÂNCIA DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA EM ENFERMAGEM NO PROCESSO DE TRABALHO DO ENFERMEIRO A divisão organizada do trabalho é princípio fundamental para que a atividade profissional seja executada com mais eficiência. Onde organizar significa agrupar, estruturar e integrar os recursos organizacionais. Nesse âmbito, o enfermeiro tem papel fundamental na estrutura organizacional, pois, além de administrar, estabelece a divisão do trabalho da equipe, define os níveis de autoridade e de responsabilidade (LACAVA, 1999; GERK, 2000; FULY, 2008). A estratégia a ser utilizada deve estar adequada a necessidade da clientela ao processo de trabalho da enfermagem, por meio do atendimento clínico individual proporcionado pela consulta de enfermagem. Para isso, foi necessário elaborar protocolo de levantamento de dados, o qual permitirá desenvolver a SAE. A consulta de enfermagem é um exemplo, seu enfoque na educação em saúde, no desenvolvimento de condição de bem-estar pelo autocuidado e no entendimento do indivíduo como um todo (mente, corpo e espírito). Ela identifica situações de saúde/doença e prescreve e implementa medidas de enfermagem que contribuam para a promoção, prevenção e proteção da saúde, recuperação e reabilitação do indivíduo, da família e da comunidade (HERMINDA,2006; ANDRADE, 2007). Atualmente surgem iniciativas de incorporação de novos modelos de gestão dentro de diversas organizações, inclusive daquelas que prestam assistência à saúde, modelos caracterizados por uma participação mais ativa dos diversos atores que fazem parte dessas instituições. Talvez esses novos modelos e tendências de gestão organizacional permitam a enfermagem vislumbrar uma atuação mais efetiva dentro das instituições, o que pode facilitar a implantação da SAE (WILLIG, 2002; PINHO, 2007). Um estudo identificou que a "vontade" da chefia de enfermagem e da instituição em implantar essa proposta deve se converter em viabilização dos recursos necessários à sua implementação e manutenção (SANTOS, 1998). 10 Parecem assim, bastante pertinente que se realize amplas discussões no âmbito institucional acerca da proposta da SAE. Outro estudo realizado com acadêmicos na realização da SAE constatou que (93%) conseguiram determinar das necessidades primárias do paciente através da SAE; (87%) tiveram uma maior interação com da equipe de enfermagem, organização da prática da enfermagem e perceberam a sequência lógica da assistência; (80%) acreditam que a SAE respaldo das práticas do cuidado e (67%) valoriza o enfermeiro (GUEDESSILVA, et. al. 2010). A assistência de enfermagem deve corresponder às metas do serviço de enfermagem e da organização, ou seja, é necessária coerência na filosofia, metas e objetivos da organização, serviço de enfermagem e da unidade. Portanto, se a proposta de implantação da SAE não estiver de alguma forma relacionada à missão, filosofia e objetivos institucionais, pode resultar em dificuldades ou até mesmo no seu fracasso (MARQUIS, 1999; LeFEVRE,2004; VASCONCELOS, 2007). É inegável que a realidade de cada Serviço deEnfermagem tem suas próprias características, portanto, cada serviço deve definir sua própria filosofia e, para que ela de fato se concretize, todas as pessoas envolvidas no processo devem participar da sua elaboração. Alguns autores corroboram que implementar a SAE, pressupõe a existência e divulgação de uma filosofia e de objetivos compatíveis com esse método de trabalho. Além disso, o reconhecimento do real papel da enfermagem pela instituição é fundamental para que a profissão seja reconhecida e possa garantir tanto a implantação como a continuidade da SAE (FUGULIN, 2001; HERMINDA, 2006; TANNURE, 2010; KLETEMBERG, 2010). 11 4 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS NA IMPLEMENTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA EM ENFERMAGEM A promulgação da lei do exercício profissional de 1986 foi decorrente da ação conjunta entre a União, a Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e os Conselhos Regionais de Enfermagem, os quais conseguiram a aprovação de Lei 7.498, de 25 de junho de 1986, que atualizava o exercício profissional da enfermagem, e do Decreto 94.406, de 8 de junho de 1987, que regulamentava esta lei. Muitos de seus artigos foram vetados, outras emendas surgiram, entretanto, a categoria considerou um grande avanço para o desenvolvimento profissional. Com a aprovação da Lei do Exercício Profissional de Enfermagem, que estabeleceu como atribuição privativa do enfermeiro a prescrição de enfermagem, o processo de assistência passou a ser alvo de preocupação para os profissionais brasileiros (BRASIL, 1986). As décadas de 1980 e 1990 caracterizaram-se por impulso na metodologia da assistência de enfermagem, com a elaboração da taxonomia da North American Nurses Diagnosis Association (NANDA) e a Classificação Internacional da Prática de Enfermagem (CIPE), dentre outras. Ressalta-se também, os esforços da ABEn Nacional para o desenvolvimento e a validação da Classificação Internacional da Prática de Enfermagem em saúde Coletiva (CIPESC) por tratar-se de uma taxonomia com contribuição brasileira e, portanto, adequada à realidade do país (KLETEMBERG, 2010). O COFEN considera que há mais organização e qualidade na prestação da assistência quando os cuidados são padronizados. A SAE é privativa e prioritária do enfermeiro, cabendo-lhe elaborar, executar e avaliar os planos da assistência, de forma a individualizar o cuidado conforme as características de cada paciente, 12 administrando e assumindo o papel de líder da equipe de enfermagem (COFEN, 2009). Porém existem desafios para essa busca da assistência integral ao paciente, família e comunidade, que é reestruturar a forma como os distintos estabelecimentos e organizações do setor saúde têm trabalhado até os dias de hoje. A mudança dessas práticas de saúde deve ocorrer em dois níveis. O primeiro é institucional e trata da organização e articulação dos serviços de saúde. O segundo, das práticas dos profissionais de saúde. Uma forma de reorganizar as práticas de Enfermagem vem sendo conduzida por meio da SAE. Nesse contexto, a SAE tem sido objeto de diversos estudos, tanto na formação como nos serviços de saúde, com a finalidade de qualificar o conhecimento científico dos cuidados em enfermagem, assegurar assistência individualizada e garantir autonomia profissional (BACKES, 2005; VASCONCELOS, 2007, COFEN, 2009). Para uma efetiva implantação da SAE, estudos demonstram ser necessários haver primeiro um comprometimento da chefia de enfermagem com a proposta, promovendo reuniões, e elaborando um plano de ação que incluiria: a sensibilização da equipe para a importância dessa metodologia; o desenvolvimento de um estudo aprofundado do tema com o envolvimento de toda a equipe; treinamento dos enfermeiros e a construção coletiva dos meios para viabilizar a execução do processo (HERMINDA, 2004; ANDRADE, 2007; KLETEMBERG, 2010). O Conselho Federal de Enfermagem afirma que a SAE deve ser institucionalizada como prática de um processo de trabalho adequado às necessidades da comunidade e como modelo assistencial a ser aplicado em todas as áreas de assistência à saúde pelo enfermeiro. O Conselho considera que a implantação da SAE constitui, efetivamente, melhora na qualidade da assistência de enfermagem (COFEN, 2009). O reconhecimento da importância do processo está evidenciado em artigos recentes, que advogam que a aplicação de uma assistência de enfermagem 13 sistematizada é a única possibilidade de o enfermeiro atingir sua autonomia profissional e constitui a essência de sua prática profissional (ANDRADE, 2007). 5 TEORIAS DE ENFERMAGEM Para subsidiar a prática, várias teorias de enfermagem foram desenvolvidas a partir do advento da Enfermagem moderna com as contribuições de Florence Nightingale, no século XIX. (MCEWEN; WILLS, 2016). Entre as estudiosas que desenvolveram o arcabouço teórico-prático da Enfermagem, compreendida como Ciência, destacam-se: Florence Nightingale, Virgínia Henderson, Faye G. Abdellah, Dorothea E. Orem, Dorothy Johnson, Betty Neuman, Myra E. Levine, Barbara M. Artinian, Helen C. Erickson, Evelyn M. Tomlin, Mary Ann P. Swain, Imogene M. King, Callista Roy, Jean Watson, Martha E. Rogers, Margaret Newman, Rosemarie Parse e a brasileira Wanda Aguiar Horta As diferentes teorias desenvolvidas por elas são: Teoria Ambientalista, de Florence Nightingale; Teoria das Necessidades Humanas Básicas, de Wanda Aguiar Horta; Teoria do Autocuidado, de Dorothea Orem; Teoria do Cuidado Transpessoal, de Jean Watson; Teoria do Cuidado Transcultural, de Madeleine Leininger. 5.1 Teoria Ambientalista A Teoria Ambientalista, desenvolvida por Florence Nightingale, foi fundamentada, ao longo da segunda metade do século XIX, a partir das observações realizadas por ela durante as suas intervenções nos serviços de saúde por onde transitou, bem como pela sistematização que fez dessas observações, o 14 que lhe permitiu consolidar os resultados e implementar práticas contributivas para melhorar o cuidado em saúde. (MCEWEN; WILLS, 2016). Em detrimento de ainda não se ter total conhecimento científico acerca da concepção unicausal do processo saúde-doença no século XIX, Florence Nightingale, ao adotar medidas sanitaristas no tratamento dos pacientes internados, percebeu que havia algo na realidade que, ao submetê-los às ações de saneamento do ambiente, estas eram mitigadas. (MCEWEN; WILLS, 2016). A Teoria Ambientalista, de Florence Nightingale, é tão importante para as práticas de enfermagem que atualmente muito do que ela descobriu observando a realidade e estudando a partir do conhecimento científico que tinha — em meados do século XIX — e das práticas que implementou está amplamente presente no cotidiano dos serviços de saúde (MCEWEN; WILLS, 2016). Essa teoria compreende o processo de cuidar como processual, sendo ele organizado por meio de atividades a serem realizadas pela equipe de enfermagem, as quais são embasadas a partir da observação e do acompanhamento dos resultados, permitindo, dessa forma, o seu monitoramento e a aplicação contínua na prática. (MCEWEN; WILLS, 2016). 5.2 Teoria das Necessidades Humanas Básicas A Teoria das Necessidades Humanas Básicas foi desenvolvida, na década de 1960, pela enfermeira brasileira Wanda Aguiar Horta (1926–1921). Horta se utilizou da Teoria da Motivação Humana, de Abraham Maslow, que foi adaptada para o processo de trabalho em enfermagem ao considerar que o ser humano tem diferentes necessidades, as quais podem ser hierarquizadas em fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e de autorrealização. (CORREIA et al., 2017). Diante disso, propõe-se que o processo de enfermagem ocorratendo o paciente como um elemento ativo no processo de cuidar, sendo compreendido de 15 forma holística, tendo em vista a sua individualidade e suas singularidades (CORREIA et al., 2017) Essa preocupação de entender o ser humano como único se deve à resposta aos cuidados de enfermagem decorrente de fatores como idade, sexo, cultura, escolaridade, fatores socioeconômicos, história das doenças ou agravos e ambiente, por exemplo (CORREIA et al., 2017). A partir dessa compreensão, o processo de enfermagem foi proposto nas fases de investigação, diagnóstico, intervenção e avaliação, cujo objetivo é identificar as necessidades de saúde, levando em consideração as necessidades fisiológicas, de segurança/emocional, de amor e estiva, de autorrealização e espirituais, para em seguida propor diagnósticos, fatores relacionados, resultados esperados e intervenções. (CORREIA et al., 2017). 5.3 Teoria do Autocuidado A Teoria do Autocuidado foi desenvolvida por Dorothea Orem, enfermeira estadunidense que viveu entre 1939 e 2007. Após uma sólida trajetória profissional como enfermeira e professora de diversas universidades, no início da década de 1970, ela propôs a Teoria do Autocuidado (MCEWEN; WILLS, 2016). Nessa teoria, considera-se que o processo de cuidar ocorre por meio de um sistema integrado, no qual é esperado que o paciente e sua rede de apoio — compreendida como familiares e grupo social — relacionem-se de tal forma que a autonomia individual e coletiva seja preservada. Entretanto, havendo importante incapacidade, a Enfermagem, vista por Orem como uma área do conhecimento altamente especializada na provisão de cuidados, interveio, auxiliando o indivíduo no seu restabelecimento por meio do autocuidado delegado ao próprio paciente e aos familiares/acompanhantes (MCEWEN; WILLS, 2016). O indivíduo é, portanto, compreendido como um ser que está inserido em um contexto familiar, cultural e social, sendo assim, para atingi-lo, o enfermeiro se 16 utiliza de um sistema educativo de apoio, visando a fortalecer as práticas de autocuidado para preservar sua autonomia e a sobrevivência (MCEWEN; WILLS, 2016). 5.4 Teoria do Cuidado Transpessoal A enfermeira Jean Watson tem uma sólida formação, atuação e contribuição na construção da Ciência da Enfermagem. Desde a década de 1970, ela trabalha na Teoria do Cuidado Transpessoal, a qual foi revisada em meados dos anos 2000 (MCEWEN; WILLS, 2016). Essa teoria parte da ideia de que o ser humano transcende o corpo biológico e é formado também por energia cósmica. Isto fez com que ela, pela primeira vez, apontasse a dimensão espiritual do ser humano como objeto a ser considerado no processo de cuidar da enfermagem (MCEWEN; WILLS, 2016). Nesse sentido, Watson defende que há aspectos transpessoais que impactam o resultado do cuidado. Esses aspectos se referem, segundo ela, à fé, à sensibilidade, à confiança, às emoções, etc. Diante desse novo elemento para atuação da equipe de enfermagem, o espaço do cuidado se reconfigura, pois, o poder dos profissionais da saúde deve ser abolido e mecanismos de comunicação assertiva e escuta ativa devem ser utilizados para captar e responder às necessidades de saúde do paciente. Para tanto, em sua prática profissional, o enfermeiro deve desenvolver uma postura profissional composta por comportamentos que Watson chamou de fatores caritativos, os quais compreendem que o enfermeiro deve ter: Sistema de valores humanísticos e altruístas; Fé e esperança; Sensibilidade para si e para os outros; Desenvolvimento de relações de ajuda, confiança e cuidado; Expressão de sentimentos e emoções positivas e negativas; 17 Processo de cuidado criativo e individualizado de solução de problemas; Ensino e aprendizado transpessoais; Ambiente protetor; Assistência às necessidades humanas; Forças existencial-fenomenológicas e espirituais. Em uma última análise, a Teoria Transpessoal oportuniza o resgate da ideia de cuidado, considerando a necessidade da presença de afeto entre o profissional de enfermagem e o paciente, compreendendo que esse inter-relacionamento pessoal proporciona melhores resultados à condição de saúde do indivíduo. (MCEWEN; WILLS, 2016). 5.5 Teoria do Cuidado Transcultural Entre as décadas de 1960 a 1970, a enfermeira estadunidense Madeleine Leininger (1925–2012) desenvolveu a Teoria do Cuidado Transcultural. Nela, defende-se que o enfermeiro deve ter competências para reconhecer e valorizar a diversidade entre as culturas dos diferentes povos na organização do processo de trabalho e nos cuidados de enfermagem (VILELAS; JANEIRO, 2012). Para promover a transculturalidade nos cuidados de enfermagem, Leininger defende a necessidade de o enfermeiro desenvolver competências comportamentais específicas, como empatia, carinho e flexibilidade, visando a realizar uma avaliação cultural colaborativa para oportunizar cuidados que respondam às necessidades de saúde do paciente e de sua rede de apoio. (VILELAS; JANEIRO, 2012). Diante do apresentado, as teorias de enfermagem têm a finalidade de direcionar e amparar a prática profissional, o que reforça a obrigatoriedade de os 18 enfermeiros se apropriarem das diferentes teorias e relacioná-las à realidade dos serviços de saúde. (VILELAS; JANEIRO, 2012). 6 DEFINIÇÕES E CONCEITOS Desde que Florence Nightingale escreveu, em 1858, que a meta da enfermagem era “ colocar o paciente na melhor condição para que a natureza pudesse agir sobre ele”, as lideranças de enfermagem têm descrito esse mister como arte e ciência. Apesar disso, a definição de enfermagem tem tomado um longo tempo. A American Nurses Association (ANA), definiu a enfermagem como o “diagnóstico e tratamento das respostas humanas a saúde e a doença” e fornece a seguinte lista ilustrativa de fenômenos que são o foco do cuidado e da pesquisa em enfermagem. (CLARK J. 2010). As enfermeiras têm a responsabilidade de realizar suas funções, cumprir a lei que regulamenta a pratica profissional da enfermagem e, também, o Código de Ética de Enfermagem do Conselho Internacional de Enfermeiros e da ANA. Compreender as necessidades dos consumidores de atenção à saúde, incluem compreender as forças que afetam ambos, esse sistema e a enfermagem, o que proporciona o fundamento para examinar a oferta de cuidado de enfermagem. (CLARK J. 2010). Os conceitos devem ser construídos por meio do significado das palavras. O estudo dos conceitos é considerado essencial por três razões principais: 1). Os conceitos são usados no desenvolvimento das teorias – as teorias são construídas a partir dos conceitos, assim, a elaboração do significado dos conceitos é vital para a construção das teorias. (CHINN PL, KRAMER MK, 1991). 2). Os conceitos podem ser operacionalizados – a análise de conceito permite ao pesquisador especificar a definição do conceito para posterior aplicação 19 prática, por exemplo, respeito, colaboração, morte digna. (CHINN PL, KRAMER MK, 1991). 3) Aprimoramento da prática – por meio da análise de conceitos os profissionais podem ter uma compreensão mais clara do que certos termos correntes significam. Por exemplo, uma pesquisa que se dedicou a explorar o conceito de dignidade possibilita o aumento da consciência dos enfermeiros sobre a importância desse aspecto, encorajando a apreciação da posição de vulnerabilidade daqueles que estão sob seus cuidados. (CLARK J. 2010). Pode-se entender a análise e o desenvolvimento de conceitos como um impulso para melhorar a prática clínica. Um dos problemas na enfermagem é que muitos dos seus termos centrais, que estão em uso no dia a dia, estão repletos de imprecisões e ambiguidades. Desse modo, palavras como cuidado, respeito e dignidade, que têm um significado especial na enfermagem, devem ser consideradassem ambiguidades ou confusão para que possam alcançar um status semelhante ao de outros termos técnicos. (CLARK J. 2010). 20 7 TEORIA DE WANDA DE AGUIAR HORTA Wanda de Aguiar Horta nasceu em 11 de agosto de 1926. Graduou-se, no ano de 1948, em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da USP, e, em 1953, diplomou-se em História Natural na Faculdade de Fisiologia, Ciências e Letras da Universidade do Paraná. Já em 1962 pós graduou-se em Pedagogia e Didática Aplicada à Enfermagem pela Escola de Enfermagem na Escola Ana Néri, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e, ao longo de sua carreira profissional Wanda Horta exerceu funções didáticas, técnicas e administrativas. (BARROS, 2006). Wanda Horta, em sua teoria, apresenta os três seres da enfermagem, o ser- enfermeiro (é um ser humano com todas as suas dimensões, potencialidades, restrições, alegrias e frustrações, é aberto para o futuro, para a vida e nela se engaja pelo compromisso assumido com a enfermagem, ou seja, ser enfermeiro é gente que cuida de gente), ser paciente (também dito como ser-cliente pode ser o indivíduo, a família ou a comunidade que necessite de cuidados de outros seres humanos em qualquer fase do ciclo vital ou do ciclo saúde enfermidade) e serenfermagem (é um ser que tem como objetivo assistir as necessidades humanas básicas, desencadeadas no ciclo saúde-enfermidade ou em qualquer outra fase do ciclo vital). (HORTA, 1979). Segundo James in Horta (1979), as teorias se classificam em quatro níveis, quais sejam: Nível I - Isolamento de fatores (são estáticas, por exemplo, a zoologia e a botânica), Nível II – Relacionamento de fatores (são estáticas, por exemplo, a anatomia e a fisiologia), Nível III - Relacionam situações, são inibidoras ou reprodutoras (são dinâmicas, por exemplo, as teorias enzimáticas, o fenômeno B só ocorre se o A ocorrer). Nível IV – São prescritivas, produtoras de uma situação (prescreve todos os elementos ou fatores para que a situação ocorra (é dinâmica, por exemplo, a teoria das necessidades humanas básicas). Horta (1979) apresenta a Enfermagem como ciência, calcada nos pressupostos de que os fenômenos que a enfermagem estuda são reais e passíveis 21 de experimentação, as teorias já desenvolvidas exprimem relações necessárias entre os fatos e os atos, e suas conclusões, estão dentre da certeza probabilística que explica não somente as ciências hermenêuticas, como as empírico-formais e até a física, considerada ciência formal e positiva. A Enfermagem sistematiza e organiza seus conhecimentos científicos a partir do ser, do objeto e do ente. O ser, como já mencionado, é o indivíduo a, a família e a comunidade dentro de um ecossistema. O objeto é o conhecimento das teorias de enfermagem, o processo, o cuidado, as síndromes, os níveis de atendimento de enfermagem. As necessidades humanas básicas classificadas por Mohana como psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais (HORTA, 1979). As Teorias das Necessidades Humanas Básicas englobam: Estados de tensões, conscientes ou inconscientes, resultantes dos desequilíbrios homeodinamicos dos fenômenos vitais. [...] Em estados de equilíbrio dinâmico, as necessidades não se manifestam, porém estão latentes e surgem com maior ou menor intensidade, dependendo do desequilíbrio instalado (HORTA, 1979, p.39). O ser humano distingue-se dos demais seres do universo por sua capacidade de reflexão, por ser dotado de poder de imaginação e simbolização e poder de unir presente, passado e futuro, o que permite sua unicidade, autenticidade e individualidade. O ser humano é também agente de mudança no universo dinâmico, no tempo e no espaço, logo, também pode ser causa de equilíbrio e desequilíbrio em seu próprio dinamismo, gerando necessidades que se caracterizam por [...] estados de tensão consciente ou inconsciente que levam a buscar satisfação de tais necessidades para manter seu equilíbrio dinâmico no tempo e no espaço. (HORTA, 1979, p.28). Quando as leis não são atendidas, ou são atendidas inadequadamente trazem desconforto, e se este se prolonga é causa de doenças. Para Horta, estar com saúde é estar em equilíbrio dinâmico no tempo e no espaço. (HORTA, 1979). A enfermagem cuida do ser humano, presta a assistência necessária para o seu bem-estar no ambiente em que se encontra. (HORTA, 1979). 22 Segundo Horta, (1979, p 15), “a enfermagem é o processo de ação, reação, interação e transação entre indivíduos e grupos num sistema social para alcançar objetivos de saúde ou ajustamento aos problemas de saúde”. A enfermagem como ciência é fundamentada por conceitos, proposições e princípios. (HORTA, 1979). Um dos conceitos que a fundamenta é o conceito de si mesma: Enfermagem é a ciência e a arte de assistir o ser humano no atendimento de suas necessidades básicas, torná-lo independente desta assistência, quando possível, pelo ensino do autocuidado, de recuperar, manter e promover a saúde em colaboração com outros profissionais. (HORTA, 1979, p.29). Para Horta (1979, p. 30), assistir em enfermagem: [...] “é fazer pelo ser humano aquilo que ele não pode fazer por si mesmo, ajudar ou auxiliar quando parcialmente impossibilitado de se auto cuidar, orientar ou ensinar, supervisionar e encaminhar a outros profissionais”. 23 8 TEORIA DE DOROTHEA OREN A Teoria do Autocuidado é um dos três construtos ou teorias que formam o arcabouço da Teoria de Enfermagem do Déficit de Autocuidado proposta por Orem. O seu pressuposto é que todos os seres humanos têm potencial para desenvolver suas habilidades intelectuais e práticas, além da motivação essencial para o autocuidado. (DUPAS G, PINTO IC, MENDES MD, BENEDINI Z. 1994) O autocuidado tem como propósito o desempenho ou prática de atividades que os indivíduos realizam em seu benefício para manter a vida, a saúde e seu bem-estar. O modelo propõe que todos os pacientes sejam encorajados a cuidar de si próprios e tenham participação ativa no processo de cuidados. (GEORGE, JB. 2000). Diante da avaliação contextual do cliente, o enfermeiro certifica-se da existência de déficit e encontra seu campo de ação, de forma que sua assistência estará fundamentada no sistema de enfermagem, que, por sua vez, se baseará nas necessidades de autocuidado e nas capacidades do paciente para executá-las. É trabalho e o enfermeiro determinar os déficits e definir as modalidades de suporte. (GEORGE, JB. 2000). Como mostra a literatura, os requisitos de autocuidado podem ser universais, de desenvolvimento e referentes ao desvio de saúde. Os requisitos universais influenciam diretamente a estrutura do ser humano, suas funções e fases de vida, sendo inter-relacionados, e constituem termos comuns para designar as atividades de vida diária. São eles: suprimento adequado de ar, água e alimentos; cuidados referentes à eliminação; equilíbrio entre atividade e repouso; solidão e interação social; perigos da vida; funcionamento humano; bem-estar e desenvolvimento potenciais; e desejo de normalidade. Os de desenvolvimento representam os estágios do ciclo vital, incluindo os fatores e as circunstâncias que influenciam a plena realização do cuidado e condições e situações adversas que afetem o desenvolvimento humano; os de desvios de saúde incluem alterações 24 advindas de problemas de saúde que podem gerar dificuldades na manutenção adequada do cuidado. (OREM DE, 1995). Quanto ao sistema de enfermagem mais adequado, identificam-se os sistemas: totalmente compensatório, onde o indivíduo encontra-se incapacitado desempenhar-se em ações de autocuidado; parcialmente compensatório, situação em que tanto paciente quanto enfermeiro executam ações de autocuidado, e apoio- educação, situação em que o indivíduo consegue executar e pode aprender a executar ações deautocuidado, adquirindo conhecimentos e habilidades através das informações dadas pelo enfermeiro que o auxiliarão em seu autocuidado. (GEORGE, JB. 2000). O autocuidado na teoria de Orem é comparável à saúde holística, pois ambas promovem a responsabilidade do indivíduo pelo cuidado da saúde. Isto é especialmente relevante na atualidade, visto que a alta hospitalar vem sendo antecipada, aumentando a demanda de cuidados em casa e dos serviços ambulatoriais. (FOSTER PC, BENNETT AM. DOROTHEA, 2000). Essa abordagem contempla o processo interpessoal, permitindo a identificação de necessidades e possibilitando traçar planos de intervenção coerentes com as possibilidades do paciente, demonstrando afinidade com os principais propósitos da enfermagem, os quais engloba a assistência ao paciente, à família e comunidade no enfrentamento de seus problemas de saúde. (FOSTER PC, BENNETT AM. DOROTHEA, 2000). A teoria de enfermagem de Orem apresenta um fundamento abrangente para a prática de enfermagem e, no caso das possibilidades de aplicação prática da teoria aos pacientes estomizados, as vantagens que esta proporciona são de grande valia, uma vez que estão diretamente ligadas à assistência com foco no autocuidado. (FOSTER PC, BENNETT AM. DOROTHEA, 2000). Dorothea Orem ao discorrer sobre a enfermagem e propor a Teoria do Autocuidado admite ser este campo um imperativo, uma vez que contempla o ser humano como um indivíduo capaz de assumir responsabilidades em direção à 25 melhoria da qualidade de vida, saúde e bem-estar. (FOSTER PC, BENNETT AM. DOROTHEA, 2000). O autocuidado, quando efetivo, contribui para o desenvolvimento humano e, quando há seu impedimento ou limitação, ocorre o déficit do autocuidado que indica a necessidade de atuação da enfermagem. (FOSTER PC, BENNETT AM. DOROTHEA, 2000). 9 TEORIA DE IMÓGENES KING O Modelo Conceitual de Sistemas Abertos Interatuantes de Imogene King (King, 1981) é a estrutura conceitual básica sobre a qual repousa sua Teoria de Alcance de Metas. São determinados três sistemas interativos: o pessoal, interpessoal e social. O Sistema pessoal, que é compreendido por um indivíduo em um ambiente. Engloba os conceitos de percepção, ego, imagem corporal, crescimento, desenvolvimento, tempo e espaço; o Sistema interpessoal, formado pelo agrupamento de indivíduos em díades, tríades e em grupos. Nesse sistema, são englobados os conceitos: papel, interação, comunicação, transação e estresse; e o Sistema social, que se dá pela reunião de grupos com interesses e necessidades especiais formando organizações e sociedades. Os conceitos deste sistema são: organização, autoridade, poder, status, tomada de decisão e papel. (KING, 1981) King (1981) conceitua enfermagem como percepção, pensamento, relacionamento e ação, lado a lado com o comportamento de indivíduos em uma situação de enfermagem. A autora afirma que as enfermeiras cuidam de indivíduos com doenças crônicas e dos que precisam de reabilitação, ajudando-os a utilizar sua habilidade potencial total. O processo de enfermagem de King (King, 1981) compreende: Interação inicial, que é um contato inicial que induz reação entre enfermeira e paciente; Diagnóstico, que é a detecção das necessidades de cuidado de seres humanos, 26 devendo ser confirmado com o paciente; Estabelecimento de metas comuns à enfermeira e paciente; Exploração e viabilização de meios comuns a ambos, para alcançar as metas traçadas; Evolução, que é a avaliação contínua do alcance de metas e Redefinição das metas, quando necessário. Este processo é permeado de ação e reação. Muitos estudos têm ressaltado pontos fortes e fracos dessa teoria. Dióz e Oliveira (1999) questionam sua aplicação junto a pacientes sem condições de interagir com a enfermeira e o quanto o paciente é responsável por decisões relativas ao tratamento. Frey e Norris (1997) afirmam que essa teoria fornece uma estrutura na qual se apoia o pensamento crítico da enfermeira. Garcia (1996) refere que a estrutura conceitual e a teoria de King são aplicáveis à prática profissional de enfermagem de qualquer cultura e sociedade humana. Para Resende (1998), os conceitos dessa estrutura conceitual proporcionam uma forma atual e válida de compreender o homem. Esse modelo conceitual foi utilizado ainda para compreender o comportamento de não adesão de pacientes com hipertensão arterial (Moreira, 1999) e foi testada a utilização dessa teoria junto a um desses pacientes (MOREIRA E ARAÚJO, 1999). Acredita-se que os modelos conceituais, assim como a teoria, têm bastante aplicação com pacientes crônicos, que apresentam evolução lenta, que pode desestimulá-los com relação ao tratamento, no que o trabalhar com metas pode ser muito útil. (KING, 1981). 27 10 TEORIA DE PEPLAU Hildegard Elizabeth Peplau nasceu em setembro de 1909, em Reading, Pensilvânia, nos Estados Unidos. Em 1931, iniciou sua trajetória na enfermagem ao graduar-se na Escola de Enfermagem da Pensilvânia. (BELCHER JR, FISH LJB. HILDEGARD E. PEPLAU, 2000). Desde então, Peplau trilhou uma carreira com ênfase nas áreas de enfermagem em saúde mental e psiquiatria. No ano de 1943, formou-se em Psicologia Interpessoal no Bennington College, onde teve a oportunidade de estudar com Hary Stack Sullivan, médico psiquiatra proeminente daquela época, o qual desenvolveu a Teoria Interpessoal, marco teórico importante que fundamentou a teoria de Peplau. (VILLELA DVA, ALMEIDA QP, RIBEIRO WFP, 2011). Em 1947, fez mestrado em Enfermagem Psiquiátrica pelo Teachers College, de Nova Iorque, bem como doutorado em Desenvolvimento Curricular, no Columbia University, em 1953. Nesse mesmo período, Peplau exerceu atividades de instrutora e diretora do programa avançado de enfermagem psiquiátrica no Teachers College, introduzindo o conceito de prática avançada em enfermagem. (HOWK C. HILDEGARD E. PEPLAU, 2010). Atuou como docente na Faculdade de Enfermagem de Rutgers durante 20 anos, onde criou o primeiro curso de licenciatura para preparação de especialistas clínicos em enfermagem psiquiátrica. Foi também nesse período em que escreveu seu livro “Interpersonal Relations in Nursing”, publicado em 1953, obra de destaque na área de enfermagem psiquiátrica. (HOWK C. HILDEGARD E. PEPLAU, 2010). Peplau atuou como enfermeira no Hospital de Pottstown e Bennington, compôs também o Corpo de Enfermeiras do Exército norte-americano durante a Segunda Guerra Mundial, chegando a trabalhar em um hospital neuropsiquiátrico na Inglaterra, na condição de enfermeira do Exército. (HOWK C. HILDEGARD E. PEPLAU, 2010). 28 Peplau foi a única enfermeira a ser diretora executiva e vice-presidente da Associação de Enfermeiras Americanas entre os anos de 1969 e 1974. Exerceu também atividades de consultoria em vários países e organizações como a Organização Mundial de Saúde e o National Institute of Mental Health. Atuou como professora visitante em universidades da África, América Latina e Europa. Trabalhou no Conselho Internacional de Enfermagem, bem como no corpo editorial de diversos periódicos como o Nursing, Journal of Psychosocial Nursing e Journal of Psychiatric and Mental Health Nursing. (HOWK C. HILDEGARD E. PEPLAU, 2010). A Teoria das Relações Interpessoais de Hildegard Peplau é uma teoria de médio alcance centrada na relação entre o enfermeiro e o doente. (HOWK C. HILDEGARD E. PEPLAU, 2010). A teoria de médio alcance consiste em uma teoria mais específica comparada às grandes teorias, porém, abstrata o suficiente para apoiar e possibilitar a generalização e operacionalização em diferentes populações. (MCEWEN M, 2009). A teoria de Peplau deriva tanto da prática clínica sustentada por um processo de raciocínio indutivo baseado nas experiências pessoais e profissionais da própria Peplau, como de disciplinas que não sãode Enfermagem, no caso, as teorias comportamentais e psicoanalíticas da disciplina de Psicologia. (MCEWEN M, 2009). Peplau possui influências teóricas de Erick Fromm, Miller, Symonds, Maslow, porém a maior influência, sem dúvida, deriva da Teoria Interpessoal de Harry Stack Sullivan, cuja premissa parte do princípio de que a personalidade e o comportamento do indivíduo se desenvolvem a partir das relações com outras pessoas. Dessa forma, a personalidade pode se modificar em qualquer período da vida devido ao surgimento e estabelecimento de novas relações interpessoais e à maleabilidade do ser humano. (KUHNS M, 2009). 29 11 RELAÇÕES ENTRE OS PASSOS DO PROCESSO DE ENFERMAGEM O processo de enfermagem organiza, de forma sistemática e rigorosa, as intervenções realizadas por meio de cinco etapas: coleta de dados, diagnóstico, planejamento, implementação e avaliação. Na prática profissional, a execução do processo de enfermagem exige do enfermeiro um sólido conhecimento clínico e raciocínio crítico da realidade, além do uso da teoria que melhor responde às necessidades em saúde identificadas — sejam elas em âmbito individual, familiar ou coletivo (DIAGNÓSTICOS..., 2018; VAUGHANS, 2012). A partir da apresentação das etapas do processo de enfermagem, é fundamental compreender que cada uma delas exige competências específicas do enfermeiro. Na etapa de coleta de dados, por exemplo, é imprescindível que o enfermeiro tenha o discernimento de que os dados podem ser de duas naturezas distintas, ou seja, há dados de natureza subjetiva, que majoritariamente são 30 referidos pelo paciente (p. ex., local, duração e intensidade da dor, início dos sintomas, história familiar relacionada à queixa, estilo de vida, entre outros), e há os dados de natureza objetiva, os quais são produto da observação do enfermeiro (p. ex., aferição dos sinais vitais, ausculta pulmonar e cardíaca, avaliação da mucosa oral, interpretação do eletrocardiograma, entre outros) (VAUGHANS, 2012). Independente se a coleta ocorre em relação aos dados subjetivos ou objetivos, o enfermeiro precisa dominar os instrumentos específicos para que a coleta de dados ocorra de forma satisfatória. Esses instrumentos envolvem a análise da história de saúde do paciente, a realização do exame físico, a análise de exames complementares e a investigação de fatores colaborativos à situação de saúde do paciente. Após a aplicação desses instrumentos, os dados coletados devem ser validados e interpretados, o que exige, do enfermeiro, domínio de competências para identificar as necessidades em saúde, as quais devem ser compreendidas a partir da integralidade do cuidado, ou seja, considerando o ser humano como um ser biopsicossocial. Depois de finalizado esse processo, será iniciada a fase do diagnóstico. Nela, haverá um julgamento clínico e crítico a partir dos dados coletados, visando a responder às necessidades em saúde identificadas. Nessa fase, é imprescindível que o enfermeiro consiga identificar um padrão entre os dados subjetivos e objetivos coletados, o que permite que ele eleja o conjunto de diagnósticos com potencial para responder às necessidades identificadas (DIAGNÓSTICOS, 2018; VAUGHANS, 2012). Uma vez escolhidos os diagnósticos de enfermagem com potencial para responder às necessidades em saúde identificadas, o enfermeiro deverá realizar o planejamento de enfermagem, ou seja, propor e prescrever o plano de cuidados a ser executado pela equipe de enfermagem (DIAGNÓSTICOS, 2018). Nesse momento, o enfermeiro deverá eleger os diagnósticos prioritários e, consequentemente, os cuidados para que a condição de saúde do indivíduo, da família, dos grupos sociais ou das coletividades seja restabelecida (VAUGHANS, 2012). 31 Essa preocupação em priorizar as ações no plano de cuidados é de grande relevância, pois, ao identificar as necessidades em saúde, o enfermeiro irá se deparar com um quantitativo de necessidades infinitas frente àquilo que é prioritário no momento em que a pessoa busca auxílio no serviço de saúde. Sendo assim, cabe ao enfermeiro tomar a decisão em relação aos diagnósticos e cuidados prioritários, considerando, por exemplo, o contexto em que o processo de cuidar ocorre, bem como a iminência ou não de morte. Depois de finalizar essa etapa, a implementação do plano de cuidados será iniciada e executada pela equipe de enfermagem. (VAUGHANS, 2012). Ao prescrever os cuidados de enfermagem, o enfermeiro deve considerar que haverá ações em que a equipe de enfermagem irá intervir de forma independente, como, por exemplo, ao propor o monitoramento dos sinais vitais a cada duas horas e comunicar se houver alteração, além de avaliar a ocorrência de dor e proceder com a administração de analgésico conforme prescrição da equipe médica, caso seja necessário. No entanto, há ações em que a equipe de enfermagem poderá atuar de forma dependente ou interdependente dos demais profissionais que compõem a equipe multidisciplinar (composta por médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, etc.) (VAUGHANS, 2012). Junto à implementação do plano de cuidados, é obrigatório realizar o seu monitoramento, visando a analisar se ele está ou não atendendo às necessidades em saúde do paciente e colaborando para desfechos clínicos satisfatórios. Esse monitoramento evidencia a etapa de avaliação, que consiste na proposição e no acompanhamento de indicadores assistenciais para subsidiar o enfermeiro sobre o ajuste do plano de cuidados quanto à inclusão, exclusão ou modificação das ações inicialmente propostas. Essa etapa não deve ser negligenciada pelo enfermeiro, já que ela permite a retroalimentação do processo de trabalho de enfermagem, ou seja, a coleta de novos dados, bem como a identificação de diagnósticos emergentes e reemergentes e a resposta efetiva às necessidades em saúde, que são dinâmicas (DIAGNÓSTICOS..., 2018; VAUGHANS, 2012). 32 12 INVESTIGAÇÃO E DIAGNÓSTICO SAE A investigação em enfermagem roda em torno de duas grandes abordagens: a quantitativa e a qualitativa. A investigação quantitativa é, sem dúvida, a que tem maior peso histórico. No entanto, pela grande ligação da enfermagem às ciências humanas, a investigação qualitativa tem vindo a ganhar peso. Vimos assistindo cada vez mais a um interesse crescente pelas metodologias qualitativas, especialmente nas áreas das ciências humanas. “É como se se tivesse redescoberto a necessidade, ou mesmo a urgência, de pôr em questão o modelo científico clássico que visa a quantificação dos fenómenos sociais” (Roxo, 2004: 199), porque, em inúmeras situações, excessivamente redutor (LESSARD- HÉBERT, GOYETTE E BOUTIN, 1994). Quando se fala de ética na investigação em enfermagem, é comum surgirem de imediato duas ideias profundamente erradas. A primeira é a de essas questões se resumem a um folclore que apenas serve para impor limitações, empatar tempo e complicar a vida ao investigador. A segunda é a de que as questões éticas são pertinentes nos ensaios de medicamentos ou na experimentação de novas técnicas cirúrgicas ou de diagnóstico, mas não na investigação em enfermagem uma vez que é diminuta a possibilidade de surgirem danos para o sujeito investigado em consequência da investigação. Na verdade, na investigação em enfermagem raramente surgem riscos consideráveis para os investigados. Mas isso não pode de forma alguma justificar uma ausência de reflexão ética. (LESSARD-HÉBERT, GOYETTE E BOUTIN, 1994). A realização de um diagnóstico significa que um problema foi identificado e que ele precisa ser resolvido por meio de uma atuação qualificada, a qual é representada por profissionais com competências sólidas e direcionadas para a resolução do problema (TAYLOR et al., 2014; VAUGHANS, 2012). Essa ideia inicial éfundamental, uma vez que reitera a necessidade de o diagnóstico ser realizado por profissionais que tenham propriedade tecno científica, 33 o que denota a condição de que, quando estes não têm a expertise necessária para resolver um problema, eles devem acionar um profissional competente. (TAYLOR et al., 2014; VAUGHANS, 2012). A partir do advento da Enfermagem moderna, no século XIX, as práticas de enfermagem evoluíram e a preocupação com o impacto que estas traziam para os desfechos clínicos progrediram na mesma proporção. Tanto que nas décadas 1950 e 1960 a expressão diagnóstico de enfermagem foi cunhada devido ao aumento da complexidade dos cuidados de saúde, o que exigiu do enfermeiro a apropriação de competências para organizar o seu processo de trabalho, no que tange à coleta de dados e ao agrupamento destes, a fim de auxiliar a sua interpretação, visando a validá-los e, por fim, diagnosticar o problema real e potencial do paciente para que seja possível propor ações que respondam a esses problemas (DIAGNÓSTICOS..., 2018; TAYLOR et al., 2014). Essas ações possibilitaram o fortalecimento da autonomia e o empoderamento profissional da enfermagem ao reconhecer que, a partir do objeto de trabalho da enfermagem — o cuidado —, cabe ao enfermeiro identificar as necessidades de saúde e selecionar diagnósticos de enfermagem para direcionar a sua prática e propor um plano de cuidados potente que resolva os problemas anteriormente identificados (DIAGNÓSTICOS..., 2018; OLEGÁRIO; FERNANDES; MEDEIROS, 2015). Segundo Taylor Et Al., 2014 para realizar o diagnóstico de enfermagem, o enfermeiro precisa ter competências específicas desenvolvidas, as quais são descritas a seguir. 1. Analisar criticamente os dados coletados do paciente: ■ sólido conhecimento tecnocientífico; ■ capacidade de análise e aplicação teórica na prática; ■ raciocínio clínico consistente; ■ encadeamento lógico e discernimento sobre a realidade; ■ propriedade sobre o processo de trabalho em enfermagem. 34 2. Identificar potencialidades e fragilidades na condição de saúde do paciente: ■ sólido conhecimento tecnocientífico; ■ encadeamento lógico e discernimento sobre a realidade; ■ propriedade sobre o processo de trabalho em enfermagem. 3. Formular e validar os diagnósticos de enfermagem escolhidos: ■ conhecimento aprofundado sobre os sistemas classificatórios de diagnósticos de enfermagem; ■ sólido conhecimento tecnocientífico; ■ propriedade sobre o processo de trabalho em enfermagem; ■ encadeamento lógico e discernimento sobre a realidade; ■ senso de organização e priorização da atuação da equipe de enfermagem. 4. Desenvolver uma lista com diagnósticos prioritários: ■ propriedade sobre o processo de trabalho em enfermagem; ■ encadeamento lógico e discernimento sobre a realidade; ■ senso de organização e priorização da atuação da equipe de enfermagem. 5. Detectar e referir sinais e sintomas capazes de indicar um problema que transcende a atuação do enfermeiro: ■ sólido conhecimento tecnocientífico; ■ propriedade sobre o processo de trabalho em enfermagem; ■ capacidade de análise e aplicação teórica na prática; ■ raciocínio clínico consistente; ■ encadeamento lógico e discernimento sobre a realidade; ■ senso de organização e priorização da atuação da equipe de enfermagem; ■ bom inter-relacionamento pessoal e atuação interdisciplinar. 35 13 DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO Em 2018, foi publicada a 11ª edição do Diagnósticos de Enfermagem da NANDA-I, 2018–2020, o qual tem mais de 200 diagnósticos de enfermagem incluídos e agrupados em 13 domínios e 47 classes. Esses 13 domínios se referem às áreas de interesse, enquanto as classes ao agrupamento de diagnósticos de enfermagem com atributos ou características comuns. Para a compreensão do uso do diagnóstico de enfermagem proposto pela taxonomia NANDA-I, é importante entender que ela se organiza a partir de três perspectivas que objetivam atender às necessidades em saúde individuais e coletivas a partir do diagnóstico focado no problema, de risco ou de promoção da saúde. 1. Diagnósticos focados no problema: são aqueles relacionados a uma resposta humana indesejável derivada da condição de saúde individual ou coletiva. 2. Diagnósticos de risco: estão relacionados à suscetibilidade de um indivíduo, uma família, um grupo social ou da coletividade para o desenvolvimento de um problema de saúde. 3. Diagnósticos de promoção da saúde: são os relacionados à motivação para aumentar o bem-estar, o que impõe a pertinência de mobilização de comportamentos salutogênicos. Para selecionar o diagnóstico de enfermagem correto, o enfermeiro precisa conhecer, além do título do diagnóstico, as suas características definidoras, os fatores relacionados, os fatores de risco, as populações de risco e as condições associadas (DIAGNÓSTICOS..., 2018; TAYLOR et al., 2014; VAUGHANS, 2012). É importante ressaltar que não é obrigatório que todos esses elementos estejam presentes em todos os diagnósticos de enfermagem classificados, mas é relevante que apareçam à medida que façam sentido para sistematizar a prática de enfermagem. (VAUGHANS, 2012). A etapa de planejamento, compreendida dentro do processo de trabalho em enfermagem, é concebida de forma atrelada à ideia dos resultados esperados com 36 as intervenções de enfermagem que serão propostas (JOHNSON et al., 2013; TAYLOR et al., 2014; VAUGHANS, 2012). Essa primeira ideia é essencial, uma vez que o planejamento isolado não tem potência para demonstrar a efetividade das ações executadas pela equipe de enfermagem. Assim, considerando que essas ações serão alvo de análise futura, faz-se necessário articulá-las com os resultados que se espera, visando a impactar a condição de saúde individual e/ou coletiva (DIAGNÓSTICOS..., 2018; JOHNSON et al., 2013; MOORHEAD et al., 2016; TAYLOR et al., 2014). Ao propor o planejamento dos resultados esperados, é importante compreender que o aspecto temporal impacta o alcance desses resultados, uma vez que há situações que demandarão planejamento de curto, médio ou longo prazo, e isto exige do enfermeiro uma postura profissional direcionada a propor as ações factíveis longitudinalmente (JOHNSON et al., 2013; MOORHEAD et al., 2016; TAYLOR et al., 2014; VAUGHANS, 2012). A prática profissional do enfermeiro consiste em garantir que os cuidados corretos e oferecidos no momento certo ao paciente ocorram (DIAGNÓSTICOS..., 2018). Para que isso aconteça na realidade dos serviços de saúde, o enfermeiro deve implantar um processo de trabalho que assegure o planejamento dos resultados esperados (JOHNSON et al., 2013; MOORHEAD et al., 2016). Esse processo faz com que o enfermeiro reconheça que os resultados esperados podem ser potencializados por meio de mecanismos de natureza cognitiva, psicomotora e afetiva. (TAYLOR et al., 2014). 37 14 PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO Para que a implementação da assistência de enfermagem ocorra, faz-se necessário que o enfermeiro tenha identificado com propriedade as necessidades em saúde do paciente, da família, dos grupos sociais e da coletividade (VAUGHANS, 2012). Para isso, o enfermeiro pode utilizar ferramentas de classificação de diagnósticos de enfermagem, como a taxonomia NANDA-I (Associação Norte-Americana de Diagnósticos de Enfermagem, do inglês North American Nursing Diagnosis Association), além da classificação de resultados de enfermagem (NOC, do inglês nursing outcomes classification) (JOHNSON et al., 2013; DIAGNÓSTICOS..., 2018). Após a consolidação dessas etapas, a implementação dos cuidados de enfermagem acontecerá na prática dos serviços de saúde. Reconhecendo a enfermagem como uma equipe especializada na provisão de cuidados de alta performance, é fundamentalcompreender que existem intervenções de enfermagem de três tipos: independentes, dependentes e interdependentes. (SÃO PAULO, 2015; VAUGHANS, 2012). 38 39 15 IMPLEMENTAÇÃO E AVALIAÇÃO Para a análise da efetividade da assistência de enfermagem, o enfermeiro realiza o que se chama de avaliação somativa. Esse tipo de avaliação ocorre após a implementação dos cuidados de enfermagem e tem o objetivo de verificar se os cuidados implementados resolveram os problemas diagnosticados (VAUGHANS, 2012). Para que o processo de avaliação dos cuidados implementados ocorra de forma satisfatória, o envolvimento do paciente é mandatório, uma vez que ele é o protagonista do processo de cuidar. Essa perspectiva garante maior assertividade na condução e no manejo dos cuidados prescritos (TAYLOR et al., 2014) O processo de avaliação se configura como uma atividade sistemática e contínua do acompanhamento dos desfechos derivados das ações de enfermagem sobre o paciente, a família, o grupo social ou a coletividade. Esse processo se utiliza das anotações de enfermagem como um instrumento de captação das ações de enfermagem realizadas e do monitoramento delas, juntamente com os indicadores assistenciais que possibilitam a elaboração da evolução de enfermagem. (TAYLOR et al., 2014) A evolução de enfermagem consiste em uma atividade analítico-crítica realizada pelo enfermeiro, que, a partir dos registros de enfermagem e da avaliação somativa, verifica a efetividade dos cuidados prestados e o impacto sobre a condição de saúde do paciente. (SÃO PAULO, 2015; TAYLOR et al., 2014). 40 16 COLETA DE DADOS A primeira fase do processo de trabalho de enfermagem se refere à coleta de dados, a qual tem o objetivo de municiar o enfermeiro para investigar as necessidades em saúde, seja no âmbito individual ou no coletivo (DIAGNÓSTICOS..., 2018; TAYLOR et al., 2014). A coleta de dados deve ocorrer de forma organizada e sistematizada. Para tanto, o enfermeiro se utiliza de instrumentos, como a entrevista com o paciente e/ou família/rede de apoio (anamnese), o exame físico, o prontuário do paciente, os exames complementares, outros profissionais que prestaram assistência ao paciente e a literatura científica. (TAYLOR et al., 2014) Para a coleta de dados, a entrevista, o exame físico e o prontuário do paciente, o enfermeiro deve escolher e direcionar o instrumento para conseguir extrair o máximo de dados para identificar as necessidades em saúde individuais, familiares e grupais. (TAYLOR et al., 2014) 41 Em sua totalidade, após a coleta dos dados, é preciso que estes sejam validados. A validação se refere à certeza que o enfermeiro deve ter em relação ao significado das informações coletadas. Isto se dá por meio, por exemplo, do envolvimento do paciente no processo de investigação ao questioná-lo em relação à medida da sua pressão arterial sistêmica ou sobre o seu peso de rotina (DIAGNÓSTICOS, 2018; TAYLOR et al., 2014). Outra forma de validar os dados coletados acontece quando o enfermeiro se utiliza do conhecimento científico construído acerca do dado coletado (DIAGNÓSTICOS, 2018; TAYLOR et al., 2014). Um exemplo é quando, diante do resultado alterado de um exame de gasometria arterial, o enfermeiro aciona a equipe médica para ajustar a infusão de eletrólitos ou os padrões da ventilação mecânica. O enfermeiro pode se utilizar de diferentes mecanismos para realizar a validação dos dados coletados, cujo objetivo é reforçar ou refutar o resultado alcançado com a entrevista, o exame físico ou a consulta ao prontuário do paciente (DIAGNÓSTICOS, 2018). Essa postura profissional oportuniza a interpretação correta e, consequentemente, a identificação acertada das necessidades em saúde (TAYLOR et al., 2014). É fundamental, porém, ter o discernimento de que, para alcançar esse objetivo, o enfermeiro deve coletar os dados e em seguida agrupá-los de forma coerente, a fim de fortalecer determinado evento que necessite de atenção da equipe de saúde e, em última análise, contribuir para a validação e a identificação das necessidades em saúde e o planejamento do plano de cuidados (DIAGNÓSTICOS, 2018). 42 17 HISTÓRICO DE ENFERMAGEM O histórico de enfermagem constitui-se na “etapa inicial do processo de enfermagem é a coleta sistemática de informações, ou dados, com o objetivo de identificar problemas reais ou potenciais de saúde”. Esta etapa inicia-se com o primeiro contato do enfermeiro com o cliente, devendo ser o contato contínuo durante a hospitalização, ou no acompanhamento domiciliar, ou em consultório de enfermagem. (TIMBY 2001, P. 36). O histórico de enfermagem tem o embasamento científico da teoria de motivação humana de Maslow, que posteriormente, foi enriquecida por João Mohana, e publicada e divulgada por Wanda Horta, em 1979. (GEORGE et al., 2000). No entanto, diversas instituições em nosso país, utilizam a teoria das necessidades humanas básicas (NHB), que foi aprimorada à luz de Maslow para estruturar a primeira etapa do processo de enfermagem. A teoria NHB descreve as necessidades que garante ao indivíduo o equilíbrio saúde-doença, sendo considerada a saúde física e mental. (GEORGE et al., 2000). As NHB são classificadas como psicobiologias, psicossociais e psicoespirituais. Entre as necessidades psicobiologias, destacam-se: a oxigenação; a hidratação; a nutrição; a eliminação; o sono e repouso; o exercício e as atividades físicas; a sexualidade; o abrigo; a mecânica corporal; a motilidade; o cuidado corporal; a integridade cutâneo-mucosa; a integridade física; a regulação térmica; a regulação hormonal; a regulação neurológica; a regulação hidrossalina; a regulação eletrolítica; a regulação imunológica; o crescimento celular; a regulação vascular; a locomoção; a percepção olfativa; a percepção visual; a percepção auditiva; a percepção tátil; a percepção gustativa; a percepção dolorosa; o ambiente; e a terapêutica”. (HORTA, 1979). 43 As necessidades psicossociais são descritas a partir do entendimento de que o homem é essencialmente gregário, e que surge de uma série de atitudes com o fim de satisfazer suas necessidades como ser social, são elas: a segurança, o amor, a liberdade, a comunicação, a criatividade, a aprendizagem – educação à saúde, a gregária, a recreação, o lazer, o espaço, a orientação no tempo e espaço, a aceitação, a auto realização, a autoestima, a participação, a autoimagem e a atenção. (HORTA, 1979). Já as necessidades psicoespirituais estão relacionadas à religiosidade, a fé ou a filosofia de vida, podendo o indivíduo ser também, um incréu. (TAYLOR et al., 2014) A anamnese de enfermagem é entendida como um “... roteiro sistematizado para o levantamento de dados que sejam significativos para o enfermeiro, do paciente, família ou comunidade, a fim de tornar possível a identificação dos seus problemas de modo a, em os analisando adequadamente, chegar ao diagnóstico de enfermagem”. (HORTA apud POSSARI, 2005, p. 92). Para Daniel apud Possari (2005, p. 92) a anamnese “... consiste no levantamento sistemático de informações do paciente, família e comunidade e observações adquiridas através do exame físico do paciente”. E o Conselho Federal de Enfermagem complementa que é “... conhecer hábitos individuais e biopsicossociais visando à adaptação do paciente à unidade de tratamento, assim como a identificação de problemas”. (POSSARI, 2005, p. 92). Portanto, a anamnese de enfermagem é a entrevista que o enfermeiro realiza no momento da admissão do cliente na unidade hospitalar, numa visita domiciliar ou consulta de enfermagemcom a pessoa idosa e/ou acompanhante. Para o sucesso de uma boa anamnese deve-se procurar um local tranquilo, sem interrupções de terceiros e que assegure a privacidade do idoso. Salienta-se que o indivíduo em processo de envelhecimento pode apresentar perdas auditivas e visuais que podem comprometer essa etapa do processo de enfermagem. Portanto, averigue se existe esse declínio sensorial e se o idoso traz com ele próteses que 44 facilitarão a comunicação. (BARROS et al., 2003). Lembre-se de falar pausadamente e em bom tom; evite gritar alto; e chame o indivíduo idoso pelo nome. A entrevista deve ser realizada num local que oportunize a privacidade do cliente, seja numa sala de avaliação clínica, ou a beira do leito de uma enfermaria, desde que utilize um biombo para tentar minimizar as interrupções de outro cliente que está na mesma enfermaria ou quarto. (ANDRIS et al., 2006; BARROS et al., 2003). A anamnese de enfermagem é a coleta de informações por meio do discurso do idoso e/ou acompanhante com o enfermeiro. As perguntas surgem a partir das seguintes informações que necessitam ser questionadas, no que se refere: a identificação da pessoa, de como gostaria de ser chamada, de avaliar documentos e exames, de utilizar um roteiro sistematizado para obter informações sobre: a queixa principal; o motivo da internação, a história da doença atual; a história da doença pregressa da clínica, da cirúrgica e da psiquiátrica; a história de saúde familiar; o consumo de medicamentos, tabaco, álcool e drogas; a imunização; e o relato dos sistemas e aparelhos agregando o comportamento social, tais como: o sono e repouso, a alimentação, a hidratação, as eliminações, entre outros. (BARROS et al., 2004). Salienta-se que para avaliar os sistemas e aparelhos pode ser utilizada a Teoria das Necessidades Humanas Básicas (NHB) de Horta (1979) para melhor organização do roteiro sistematizado. 45 18 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 18.1 Entrevista A entrevista é um instrumento potente para investigar as necessidades em saúde, que não se referem ao diagnóstico médico — o qual se atém a identificar o processo patológico presente —, e propor uma intervenção voltada para a cura ou o manejo da doença (TAYLOR et al., 2014). Quando o enfermeiro se utiliza da entrevista com o paciente, ele busca identificar problemas de saúde reais ou potenciais, pois estes não estão centrados única e exclusivamente no manejo dos agravos biológicos e compreendem uma parte da existência humana. (TAYLOR et al., 2014) A entrevista com o paciente deve ser direcionada a partir do motivo da busca por atendimento em um serviço de saúde (TAYLOR et al., 2014). Essa preocupação é relevante, desde que a entrevista esteja centrada naquilo que faz sentido para o paciente e para o enfermeiro. Com isso, são evitados questionamentos evasivos, perda de tempo e geração de expectativas que não serão atendidas. Veja a seguir algumas perguntas direcionadoras de uma entrevista que se baseia na queixa do paciente. Quais são os seus sintomas? Quando esses sintomas começaram? Você estava fazendo algo diferente quando os sintomas começaram? O que piora esses sintomas? O que melhora esses sintomas? Você está tomando algum medicamento? A entrevista é um instrumento fundamental para concretizar a etapa de coleta de dados, pois visa a identificar as necessidades em saúde do paciente. Porém, ela também pode ser utilizada com os familiares ou rede de apoio do paciente, ou com outros profissionais da saúde que estão envolvidos no processo 46 de cuidar. Isto demonstra a relevância do enfermeiro se apropriar da entrevista e utilizá-la na prática cotidiana dos serviços de saúde (TAYLOR et al., 2014). A entrevista é composta por quatro etapas: preparação, apresentação, realização e finalização (TAYLOR et al., 2014). 1. Etapa de preparação: o enfermeiro se prepara para fazer a entrevista com o paciente, o que consiste em ler o prontuário, analisar os exames complementares realizados, discutir o caso com outros membros da equipe de saúde (caso necessário) e cuidar do ambiente em que a entrevista será realizada, ou seja, ter um cuidado quanto à privacidade, ao conforto e à criação de vínculo com o paciente. 2. Etapa de apresentação: o enfermeiro se aproxima do paciente, faz a sua apresentação e estabelece as regras dessa interação junto a ele. 3. Etapa de realização: o enfermeiro realiza a entrevista e organiza os dados coletados que o subsidiarão para identificar os diagnósticos de enfermagem. 4. Etapa de finalização: o enfermeiro finaliza a entrevista informando isto ao paciente. É nesse momento que se resgata a criação de vínculo. Durante a entrevista, o enfermeiro irá coletar diferentes dados visando a compor a história de enfermagem, que deve conter o perfil do paciente, o motivo, a cultura, os medicamentos em uso, o histórico do paciente, as necessidades específicas e a rede de apoio. (DIAGNÓSTICOS..., 2018; TAYLOR et al., 2014). 47 18.2 Exame físico O exame físico é um instrumento de coleta de dados objetivos. Por meio dele, o enfermeiro analisa a condição clínica do paciente e busca por agravos que demandam intervenções (DIAGNÓSTICOS..., 2018; TAYLOR et al., 2014). Para a realização do exame físico, é mandatório que o enfermeiro tenha antes realizado uma entrevista com o paciente e/ou familiares/acompanhantes. Essa medida busca direcionar a prática investigativa para realizar o exame físico. Para realizar o exame físico, o enfermeiro deve dominar os métodos propedêuticos, que são inspeção, ausculta, percussão e palpação. (TAYLOR et al., 2014) 48 Para que o processo de investigação ocorra de forma satisfatória, o enfermeiro deverá dominar os métodos propedêuticos apresentados junto (se necessário) à investigação pormenorizada de outros segmentos corpóreos, como, por exemplo, quando se realiza uma avaliação neurológica, a qual exige do enfermeiro competências específicas quanto ao uso de técnicas para a sua execução. (TAYLOR et al., 2014) 18.3 Prontuário do paciente O prontuário é outro instrumento potente para a coleta de dados, pois contém todos os registros dos cuidados realizados com esse paciente (DIAGNÓSTICOS..., 2018; TAYLOR et al., 2014). Isto significa que o enfermeiro, ao fazer uso do prontuário, terá acesso às anotações dos demais profissionais e aos resultados de exames complementares, como a dosagem de potássio e de enzimas cardíacas, os fatores de coagulação, os 49 exames de imagem que auxiliam o diagnóstico médico, entre outros. (TAYLOR et al., 2014) No prontuário do paciente, o enfermeiro poderá consultar a história médica, o exame físico, as consultas realizadas e os resultados e os laudos dos exames complementares, bem como as anotações das condutas dos demais profissionais que compõem a equipe multiprofissional. (TAYLOR et al., 2014) 18.4 Métodos de coleta de dados Para a coleta de dados, a entrevista, o exame físico e o prontuário do paciente, o enfermeiro deve escolher e direcionar o instrumento para conseguir extrair o máximo de dados para identificar as necessidades em saúde individuais, familiares e grupais. (TAYLOR et al., 2014) Em sua totalidade, após a coleta dos dados, é preciso que estes sejam validados. A validação se refere à certeza que o enfermeiro deve ter em relação ao significado das informações coletadas. Isto se dá por meio, por exemplo, do envolvimento do paciente no processo de investigação ao questioná-lo em relação à medida da sua pressão arterial sistêmica ou sobre o seu peso de rotina (DIAGNÓSTICOS..., 2018; TAYLOR et al., 2014). Outra forma de validar os dados coletados acontece quando o enfermeiro se utiliza
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