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CONCEITOS-DE-SISTEMATIZAÇÂO-DA-ASSISTÊNCIA-DE-ENFERMAGEM-E-PROCESSO-DE-ENFERMAGEM

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 4 
2 EVOLUÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA EM ENFERMAGEM 5 
3 IMPORTÂNCIA DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA EM ENFERMAGEM 
NO PROCESSO DE TRABALHO DO ENFERMEIRO ............................................ 9 
4 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS NA IMPLEMENTAÇÃO DA 
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA EM ENFERMAGEM ................................ 11 
5 TEORIAS DE ENFERMAGEM ....................................................................... 13 
5.1 Teoria Ambientalista................................................................................. 13 
5.2 Teoria das Necessidades Humanas Básicas ........................................... 14 
5.3 Teoria do Autocuidado ............................................................................. 15 
5.4 Teoria do Cuidado Transpessoal ............................................................. 16 
5.5 Teoria do Cuidado Transcultural .............................................................. 17 
6 DEFINIÇÕES E CONCEITOS ........................................................................ 18 
7 TEORIA DE WANDA DE AGUIAR HORTA .................................................... 20 
8 TEORIA DE DOROTHEA OREN .................................................................... 23 
9 TEORIA DE IMÓGENES KING ...................................................................... 25 
10 TEORIA DE PEPLAU .................................................................................. 27 
11 RELAÇÕES ENTRE OS PASSOS DO PROCESSO DE ENFERMAGEM .. 29 
12 INVESTIGAÇÃO E DIAGNÓSTICO SAE .................................................... 32 
13 DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO .......................................................... 35 
14 PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO .................................................... 37 
15 IMPLEMENTAÇÃO E AVALIAÇÃO ............................................................. 39 
16 COLETA DE DADOS .................................................................................. 40 
 
3 
 
17 HISTÓRICO DE ENFERMAGEM ................................................................ 42 
18 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS ............................................... 45 
18.1 Entrevista .............................................................................................. 45 
18.2 Exame físico ......................................................................................... 47 
18.3 Prontuário do paciente .......................................................................... 48 
18.4 Métodos de coleta de dados ................................................................. 49 
19 DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM ........................................................... 50 
20 INSERÇÃO DO DIAGNÓSTICO DE ENFERMAGEM NO PROCESSO 
ASSISTENCIAL ........................................................ Erro! Indicador não definido. 
21 ESTABELECIMENTO DO DIAGNÓSTICO, SEGUNDO A TAXONOMIA DA 
NANDA .................................................................................................................. 51 
22 PLANEJAMENTO DOS CUIDADOS DE ENFERMAGEM .......................... 53 
23 ESTABELECIMENTO DOS RESULTADOS (NOC) E INTERVENÇÕES (NIC)
 54 
24 LIGAÇÕES ENTRE NANDA, NOC, NIC ..................................................... 55 
25 AVALIAÇÃO DO PLANO DE CUIDADOS ................................................... 56 
26 EVOLUÇÃO DE ENFERMAGEM ................................................................ 57 
27 ANOTAÇÃO DE ENFERMAGEM ................................................................ 57 
28 INFORMATIZAÇÃO .................................................................................... 58 
29 PROCESSO PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA 
ASSISTÊNCIA EM ENFERMAGEM ...................................................................... 61 
30 FASES DO PLANEJAMENTO PARA A IMPLEMENTAÇÃO DA 
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA EM ENFERMAGEM ................................ 63 
31 REFERENCIA ............................................................................................. 65 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é 
semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase 
improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor 
e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. 
O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos 
ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, 
as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão 
respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da 
nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à 
execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da 
semana e a hora que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 EVOLUÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA EM ENFERMAGEM 
A busca de uma identidade profissional para a enfermagem tem início com 
o trabalho de Florence Nightingale, após a Guerra da Criméia, em 1856. Ela 
enfocava medidas de conforto e manutenção da higiene, buscando diferenciar a 
enfermagem da medicina, e estabeleceu as premissas sobre as quais a profissão 
deveria se basear. (JESUS CAC. 2002). 
A partir do século 20, a preocupação com a aplicação de princípios 
científicos que norteassem a prática da enfermagem fez surgir o planejamento da 
assistência de enfermagem, buscando dessa forma uma postura mais científica e 
menos intuitiva. (JESUS CAC. 2002). 
 Buscava-se também, com as mudanças na prática da enfermagem, a 
independência e autonomia da profissão. (GONÇALVES AMP. 2004). 
No período da Segunda Guerra Mundial começam a aparecer algumas 
associações de enfermeiras americanas que se juntaram para discutir questões 
relativas à enfermagem, buscando desenvolver um corpo de conhecimentos 
específicos, visando estabelecer uma identidade profissional. (GONÇALVES AMP. 
2004). 
Inicialmente, por volta de 1929, a organização do cuidado era descrita 
através de estudos de caso. Depois surgiram os planos de cuidados para facilitar a 
comunicação entre os membros da equipe de enfermagem sobre os cuidados a 
serem prestados aos pacientes. Esses planos, depois de um período de abandono, 
foram retomados em meados de 1960, mas com objetivos diferentes: visavam à 
individualização da assistência prestada e a unificação do cuidado. Entretanto, já 
se identificava também alguma dificuldade na operacionalização dos planos de 
cuidados: "não eram devidamente executados, não consideravam o cliente como 
um ser holístico e eram de difícil preenchimento". (JESUS CAC. 2002) 
Segundo Souza (2004), citado por Gonçalves (2004) as primeiras teorias 
de enfermagem "direcionando a assistência que deveria ser prestada ao ser 
 
6 
 
humano, com base em um marco conceitual próprio, procurando relacionar fatos e 
estabelecer as bases de uma ciência de enfermagem, constituindo-se em uma nova 
fase da evolução histórica da profissão". 
No Brasil, na segunda metade da década de 60, têm-se o surgimento da 
teoria das Necessidades Humanas Básicas, elaborada pela Drª Wanda de Aguiar 
Horta, com a proposta de uma assistência de enfermagem sistematizada. Ela 
apresentou 6 fases que compunham o processo de enfermagem: histórico de 
enfermagem, diagnóstico de enfermagem, plano assistencial, plano de cuidados ou 
prescrição de enfermagem, evolução e o prognóstico de enfermagem. (HORTA WA. 
1979). 
Durante a década de 70, do século passado, a necessidadedo 
planejamento se fortalece e nas décadas de 80 e 90 ele passou a ter uma nova 
terminologia - sistematização da assistência de enfermagem - SAE, com ênfase na 
2ª etapa do processo, que é a do diagnóstico de enfermagem. (GIL AC. 1994). 
Em 1982, tem-se a criação da NANDA - North American Nursing Diagnosis 
Association, cujo principal objetivo é "o estudo dos diagnósticos de enfermagem e 
a criação de uma taxonomia para estes diagnósticos". (GIL AC. 1994). 
A cada 2 anos essa associação realiza conferências para discutir e aprovar 
os diagnósticos e seus componentes que serão integrados à taxonomia. A reunião 
ocorrida em abril de 2002 aprovou a taxonomia II da NANDA, com um total de 155 
diagnósticos de enfermagem. (GIL AC. 1994). 
É importante salientar também que, atualmente, a SAE é regulamentada 
pela Resolução COFEN nº 272/2002, (DOENGES ME, 1999) que determina: 
Art. 1º - Ao Enfermeiro incumbe a implantação, planejamento, organização, 
execução e avaliação do processo de enfermagem. 
Art. 2º - A implementação da SAE deve ocorrer em toda instituição de saúde 
pública ou privada. 
Art. 3º - A SAE deverá ser registrada formalmente no prontuário do paciente. 
Segundo Doenges Me, (1999) essa mesma resolução prevê que a SAE 
deve ser composta pelas seguintes etapas: 
 
7 
 
1) histórico de enfermagem; 
2) exame físico; 
3) diagnóstico de enfermagem; 
4) prescrição da assistência de enfermagem; 
5) evolução da assistência de enfermagem; 
6) relatório de enfermagem. 
 
O histórico de enfermagem irá propiciar ao enfermeiro o conhecimento dos 
hábitos individuais e biopsicossociais, através de entrevista com o paciente ou 
familiares, visando à identificação de problemas. (DOENGES ME, 1999) 
Através do exame físico - que compreende as técnicas de inspeção, 
ausculta, palpação e percussão - obtêm-se o levantamento de dados sobre o estado 
de saúde do paciente e anormalidades encontradas, que reforcem as informações 
obtidas no histórico. (DOENGES ME, 1999) 
A análise dos dados colhidos nessas duas etapas, irá propiciar ao 
enfermeiro a identificação dos problemas de enfermagem que através do 
julgamento clínico possibilita a elaboração de diagnósticos de enfermagem. 
(DOENGES ME, 1999) 
Como salienta Doenges e Moorhouse (1999), o diagnóstico de enfermagem 
proporciona uma linguagem comum para identificação dos problemas do paciente 
e favorece a escolha das intervenções de enfermagem. As autoras destacam ainda 
que tal linguagem "oferece um embasamento para médicos, educadores e 
pesquisadores em relação à documentação, validação e/ou alteração do processo". 
A partir desses diagnósticos, o enfermeiro irá decidir quais medidas irão 
direcionar a assistência de enfermagem para prevenção, promoção, proteção, 
recuperação e manutenção da saúde, ou seja, irá realizar a prescrição de 
enfermagem. (DOENGES ME, 1999) 
Finalmente, com a evolução de enfermagem, o profissional irá continuar o 
acompanhamento do paciente por meio do registro do estado geral do mesmo, 
verificação dos resultados alcançados e identificação de novos problemas a serem 
 
8 
 
abordados, que constituirão novos diagnósticos de enfermagem. (DOENGES ME, 
1999). 
A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) é conceituada 
como um método de prestação de cuidados para a obtenção de resultados 
satisfatórios na implementação da assistência, com o objetivo de reduzir as 
complicações durante o tratamento, de forma a facilitar a adaptação e recuperação 
do paciente. (DOENGES ME, 1999). 
O uso do método requer o pensamento crítico do profissional, que deve 
estar focado nos objetivos e voltado para os resultados, de forma a atender as 
necessidades do paciente e de sua família; exigindo constante atualização, 
habilidades e experiência, sendo orientado pela ética e padrões de conduta. 
Portanto, é um modo de exercer a profissão com autonomia baseada nos 
conhecimentos técnico-científicos no qual a categoria vem se desenvolvendo nas 
últi mas décadas. (DOENGES ME, 1999). 
Para que a implementação da assistência de enfermagem ocorra, faz-se 
necessário que o enfermeiro tenha identificado com propriedade as necessidades 
em saúde do paciente, da família, dos grupos sociais e da coletividade 
(VAUGHANS, 2012). 
Para isso, o enfermeiro pode utilizar ferramentas de classificação de 
diagnósticos de enfermagem, como a taxonomia NANDA-I (Associação Norte-
Americana de Diagnósticos de Enfermagem, do inglês North American Nursing 
Diagnosis Association), além da classificação de resultados de enfermagem (NOC, 
do inglês nursing outcomes classifi cation) (JOHNSON et al., 2013; 
DIAGNÓSTICOS, 2018). Após a consolidação dessas etapas, a implementação dos 
cuidados de enfermagem acontecerá na prática dos serviços de saúde. 
 
 
 
 
 
 
9 
 
3 IMPORTÂNCIA DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA EM 
ENFERMAGEM NO PROCESSO DE TRABALHO DO ENFERMEIRO 
A divisão organizada do trabalho é princípio fundamental para que a 
atividade profissional seja executada com mais eficiência. Onde organizar significa 
agrupar, estruturar e integrar os recursos organizacionais. Nesse âmbito, o 
enfermeiro tem papel fundamental na estrutura organizacional, pois, além de 
administrar, estabelece a divisão do trabalho da equipe, define os níveis de 
autoridade e de responsabilidade (LACAVA, 1999; GERK, 2000; FULY, 2008). 
A estratégia a ser utilizada deve estar adequada a necessidade da clientela 
ao processo de trabalho da enfermagem, por meio do atendimento clínico individual 
proporcionado pela consulta de enfermagem. Para isso, foi necessário elaborar 
protocolo de levantamento de dados, o qual permitirá desenvolver a SAE. A consulta 
de enfermagem é um exemplo, seu enfoque na educação em saúde, no 
desenvolvimento de condição de bem-estar pelo autocuidado e no entendimento do 
indivíduo como um todo (mente, corpo e espírito). Ela identifica situações de 
saúde/doença e prescreve e implementa medidas de enfermagem que contribuam 
para a promoção, prevenção e proteção da saúde, recuperação e reabilitação do 
indivíduo, da família e da comunidade (HERMINDA,2006; ANDRADE, 2007). 
Atualmente surgem iniciativas de incorporação de novos modelos de gestão 
dentro de diversas organizações, inclusive daquelas que prestam assistência à 
saúde, modelos caracterizados por uma participação mais ativa dos diversos atores 
que fazem parte dessas instituições. Talvez esses novos modelos e tendências de 
gestão organizacional permitam a enfermagem vislumbrar uma atuação mais 
efetiva dentro das instituições, o que pode facilitar a implantação da SAE (WILLIG, 
2002; PINHO, 2007). 
Um estudo identificou que a "vontade" da chefia de enfermagem e da 
instituição em implantar essa proposta deve se converter em viabilização dos 
recursos necessários à sua implementação e manutenção (SANTOS, 1998). 
 
10 
 
Parecem assim, bastante pertinente que se realize amplas discussões no 
âmbito institucional acerca da proposta da SAE. Outro estudo realizado com 
acadêmicos na realização da SAE constatou que (93%) conseguiram determinar 
das necessidades primárias do paciente através da SAE; (87%) tiveram uma maior 
interação com da equipe de enfermagem, organização da prática da enfermagem e 
perceberam a sequência lógica da assistência; (80%) acreditam que a SAE respaldo 
das práticas do cuidado e (67%) valoriza o enfermeiro (GUEDESSILVA, et. al. 
2010). 
A assistência de enfermagem deve corresponder às metas do serviço de 
enfermagem e da organização, ou seja, é necessária coerência na filosofia, metas 
e objetivos da organização, serviço de enfermagem e da unidade. Portanto, se a 
proposta de implantação da SAE não estiver de alguma forma relacionada à missão, 
filosofia e objetivos institucionais, pode resultar em dificuldades ou até mesmo no 
seu fracasso (MARQUIS, 1999; LeFEVRE,2004; VASCONCELOS, 2007). 
É inegável que a realidade de cada Serviço deEnfermagem tem suas 
próprias características, portanto, cada serviço deve definir sua própria filosofia e, 
para que ela de fato se concretize, todas as pessoas envolvidas no processo devem 
participar da sua elaboração. Alguns autores corroboram que implementar a SAE, 
pressupõe a existência e divulgação de uma filosofia e de objetivos compatíveis 
com esse método de trabalho. Além disso, o reconhecimento do real papel da 
enfermagem pela instituição é fundamental para que a profissão seja reconhecida 
e possa garantir tanto a implantação como a continuidade da SAE (FUGULIN, 2001; 
HERMINDA, 2006; TANNURE, 2010; KLETEMBERG, 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
11 
 
4 ASPECTOS ÉTICOS E LEGAIS NA IMPLEMENTAÇÃO DA 
SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA EM ENFERMAGEM 
A promulgação da lei do exercício profissional de 1986 foi 
decorrente da ação conjunta entre a União, a Associação Brasileira de 
Enfermagem (ABEn), o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e os 
Conselhos Regionais de Enfermagem, os quais conseguiram a aprovação de 
Lei 7.498, de 25 de junho de 1986, que atualizava o exercício profissional 
da enfermagem, e do Decreto 94.406, de 8 de junho de 1987, que 
regulamentava esta lei. Muitos de seus artigos foram vetados, outras emendas 
surgiram, entretanto, a categoria considerou um grande avanço para o 
desenvolvimento profissional. Com a aprovação da Lei do Exercício Profissional de 
Enfermagem, que estabeleceu como atribuição privativa do enfermeiro a prescrição 
de enfermagem, o processo de assistência passou a ser alvo de preocupação para 
os profissionais brasileiros (BRASIL, 1986). 
As décadas de 1980 e 1990 caracterizaram-se por impulso na 
metodologia da assistência de enfermagem, com a elaboração da taxonomia 
da North American Nurses Diagnosis Association (NANDA) e a Classificação 
Internacional da Prática de Enfermagem (CIPE), dentre outras. 
Ressalta-se também, os esforços da ABEn Nacional para o 
desenvolvimento e a validação da Classificação Internacional da Prática de 
Enfermagem em saúde Coletiva (CIPESC) por tratar-se de uma taxonomia com 
contribuição brasileira e, portanto, adequada à realidade do país (KLETEMBERG, 
2010). 
O COFEN considera que há mais organização e qualidade na prestação da 
assistência quando os cuidados são padronizados. A SAE é privativa e prioritária 
do enfermeiro, cabendo-lhe elaborar, executar e avaliar os planos da assistência, 
de forma a individualizar o cuidado conforme as características de cada paciente, 
 
12 
 
administrando e assumindo o papel de líder da equipe de enfermagem (COFEN, 
2009). 
Porém existem desafios para essa busca da assistência integral ao 
paciente, família e comunidade, que é reestruturar a forma como os distintos 
estabelecimentos e organizações do setor saúde têm trabalhado até os dias de hoje. 
A mudança dessas práticas de saúde deve ocorrer em dois níveis. O primeiro é 
institucional e trata da organização e articulação dos serviços de saúde. O segundo, 
das práticas dos profissionais de saúde. Uma forma de reorganizar as práticas de 
Enfermagem vem sendo conduzida por meio da SAE. Nesse contexto, a SAE tem 
sido objeto de diversos estudos, tanto na formação como nos serviços de saúde, 
com a finalidade de qualificar o conhecimento científico dos cuidados em 
enfermagem, assegurar assistência individualizada e garantir autonomia 
profissional (BACKES, 2005; VASCONCELOS, 2007, COFEN, 2009). 
Para uma efetiva implantação da SAE, estudos demonstram ser 
necessários haver primeiro um comprometimento da chefia de enfermagem com a 
proposta, promovendo reuniões, e elaborando um plano de ação que incluiria: a 
sensibilização da equipe para a importância dessa metodologia; o desenvolvimento 
de um estudo aprofundado do tema com o envolvimento de toda a equipe; 
treinamento dos enfermeiros e a construção coletiva dos meios para viabilizar a 
execução do processo (HERMINDA, 2004; ANDRADE, 2007; KLETEMBERG, 
2010). 
O Conselho Federal de Enfermagem afirma que a SAE deve ser 
institucionalizada como prática de um processo de trabalho adequado às 
necessidades da comunidade e como modelo assistencial a ser aplicado em todas 
as áreas de assistência à saúde pelo enfermeiro. O Conselho considera que a 
implantação da SAE constitui, efetivamente, melhora na qualidade da assistência 
de enfermagem (COFEN, 2009). 
O reconhecimento da importância do processo está evidenciado em artigos 
recentes, que advogam que a aplicação de uma assistência de enfermagem 
 
13 
 
sistematizada é a única possibilidade de o enfermeiro atingir sua autonomia 
profissional e constitui a essência de sua prática profissional (ANDRADE, 2007). 
5 TEORIAS DE ENFERMAGEM 
Para subsidiar a prática, várias teorias de enfermagem foram desenvolvidas 
a partir do advento da Enfermagem moderna com as contribuições de Florence 
Nightingale, no século XIX. (MCEWEN; WILLS, 2016). 
Entre as estudiosas que desenvolveram o arcabouço teórico-prático da 
Enfermagem, compreendida como Ciência, destacam-se: Florence Nightingale, 
Virgínia Henderson, Faye G. Abdellah, Dorothea E. Orem, Dorothy Johnson, Betty 
Neuman, Myra E. Levine, Barbara M. Artinian, Helen C. Erickson, Evelyn M. Tomlin, 
Mary Ann P. Swain, Imogene M. King, Callista Roy, Jean Watson, Martha E. Rogers, 
Margaret Newman, Rosemarie Parse e a brasileira Wanda Aguiar Horta 
As diferentes teorias desenvolvidas por elas são: 
 Teoria Ambientalista, de Florence Nightingale; 
 Teoria das Necessidades Humanas Básicas, de Wanda Aguiar Horta; 
 Teoria do Autocuidado, de Dorothea Orem; 
 Teoria do Cuidado Transpessoal, de Jean Watson; 
 Teoria do Cuidado Transcultural, de Madeleine Leininger. 
 
5.1 Teoria Ambientalista 
A Teoria Ambientalista, desenvolvida por Florence Nightingale, foi 
fundamentada, ao longo da segunda metade do século XIX, a partir das 
observações realizadas por ela durante as suas intervenções nos serviços de saúde 
por onde transitou, bem como pela sistematização que fez dessas observações, o 
 
14 
 
que lhe permitiu consolidar os resultados e implementar práticas contributivas para 
melhorar o cuidado em saúde. (MCEWEN; WILLS, 2016). 
Em detrimento de ainda não se ter total conhecimento científico acerca da 
concepção unicausal do processo saúde-doença no século XIX, Florence 
Nightingale, ao adotar medidas sanitaristas no tratamento dos pacientes internados, 
percebeu que havia algo na realidade que, ao submetê-los às ações de saneamento 
do ambiente, estas eram mitigadas. (MCEWEN; WILLS, 2016). 
A Teoria Ambientalista, de Florence Nightingale, é tão importante para as 
práticas de enfermagem que atualmente muito do que ela descobriu observando a 
realidade e estudando a partir do conhecimento científico que tinha — em meados 
do século XIX — e das práticas que implementou está amplamente presente no 
cotidiano dos serviços de saúde (MCEWEN; WILLS, 2016). 
Essa teoria compreende o processo de cuidar como processual, sendo ele 
organizado por meio de atividades a serem realizadas pela equipe de enfermagem, 
as quais são embasadas a partir da observação e do acompanhamento dos 
resultados, permitindo, dessa forma, o seu monitoramento e a aplicação contínua 
na prática. (MCEWEN; WILLS, 2016). 
 
5.2 Teoria das Necessidades Humanas Básicas 
A Teoria das Necessidades Humanas Básicas foi desenvolvida, na década 
de 1960, pela enfermeira brasileira Wanda Aguiar Horta (1926–1921). Horta se 
utilizou da Teoria da Motivação Humana, de Abraham Maslow, que foi adaptada 
para o processo de trabalho em enfermagem ao considerar que o ser humano tem 
diferentes necessidades, as quais podem ser hierarquizadas em fisiológicas, de 
segurança, sociais, de estima e de autorrealização. (CORREIA et al., 2017). 
Diante disso, propõe-se que o processo de enfermagem ocorratendo o 
paciente como um elemento ativo no processo de cuidar, sendo compreendido de 
 
15 
 
forma holística, tendo em vista a sua individualidade e suas singularidades 
(CORREIA et al., 2017) 
Essa preocupação de entender o ser humano como único se deve à 
resposta aos cuidados de enfermagem decorrente de fatores como idade, sexo, 
cultura, escolaridade, fatores socioeconômicos, história das doenças ou agravos e 
ambiente, por exemplo (CORREIA et al., 2017). 
A partir dessa compreensão, o processo de enfermagem foi proposto nas 
fases de investigação, diagnóstico, intervenção e avaliação, cujo objetivo é 
identificar as necessidades de saúde, levando em consideração as necessidades 
fisiológicas, de segurança/emocional, de amor e estiva, de autorrealização e 
espirituais, para em seguida propor diagnósticos, fatores relacionados, resultados 
esperados e intervenções. (CORREIA et al., 2017). 
 
5.3 Teoria do Autocuidado 
A Teoria do Autocuidado foi desenvolvida por Dorothea Orem, enfermeira 
estadunidense que viveu entre 1939 e 2007. Após uma sólida trajetória profissional 
como enfermeira e professora de diversas universidades, no início da década de 
1970, ela propôs a Teoria do Autocuidado (MCEWEN; WILLS, 2016). 
Nessa teoria, considera-se que o processo de cuidar ocorre por meio de um 
sistema integrado, no qual é esperado que o paciente e sua rede de apoio — 
compreendida como familiares e grupo social — relacionem-se de tal forma que a 
autonomia individual e coletiva seja preservada. Entretanto, havendo importante 
incapacidade, a Enfermagem, vista por Orem como uma área do conhecimento 
altamente especializada na provisão de cuidados, interveio, auxiliando o indivíduo 
no seu restabelecimento por meio do autocuidado delegado ao próprio paciente e 
aos familiares/acompanhantes (MCEWEN; WILLS, 2016). 
O indivíduo é, portanto, compreendido como um ser que está inserido em 
um contexto familiar, cultural e social, sendo assim, para atingi-lo, o enfermeiro se 
 
16 
 
utiliza de um sistema educativo de apoio, visando a fortalecer as práticas de 
autocuidado para preservar sua autonomia e a sobrevivência (MCEWEN; WILLS, 
2016). 
5.4 Teoria do Cuidado Transpessoal 
A enfermeira Jean Watson tem uma sólida formação, atuação e contribuição 
na construção da Ciência da Enfermagem. Desde a década de 1970, ela trabalha 
na Teoria do Cuidado Transpessoal, a qual foi revisada em meados dos anos 2000 
(MCEWEN; WILLS, 2016). 
Essa teoria parte da ideia de que o ser humano transcende o corpo biológico 
e é formado também por energia cósmica. Isto fez com que ela, pela primeira vez, 
apontasse a dimensão espiritual do ser humano como objeto a ser considerado no 
processo de cuidar da enfermagem (MCEWEN; WILLS, 2016). 
Nesse sentido, Watson defende que há aspectos transpessoais que 
impactam o resultado do cuidado. Esses aspectos se referem, segundo ela, à fé, à 
sensibilidade, à confiança, às emoções, etc. Diante desse novo elemento para 
atuação da equipe de enfermagem, o espaço do cuidado se reconfigura, pois, o 
poder dos profissionais da saúde deve ser abolido e mecanismos de comunicação 
assertiva e escuta ativa devem ser utilizados para captar e responder às 
necessidades de saúde do paciente. Para tanto, em sua prática profissional, o 
enfermeiro deve desenvolver uma postura profissional composta por 
comportamentos que Watson chamou de fatores caritativos, os quais compreendem 
que o enfermeiro deve ter: 
 Sistema de valores humanísticos e altruístas; 
 Fé e esperança; 
 Sensibilidade para si e para os outros; 
 Desenvolvimento de relações de ajuda, confiança e cuidado; 
 Expressão de sentimentos e emoções positivas e negativas; 
 
17 
 
 Processo de cuidado criativo e individualizado de solução de 
problemas; 
 Ensino e aprendizado transpessoais; 
 Ambiente protetor; 
 Assistência às necessidades humanas; 
 Forças existencial-fenomenológicas e espirituais. 
 
Em uma última análise, a Teoria Transpessoal oportuniza o resgate da ideia 
de cuidado, considerando a necessidade da presença de afeto entre o profissional 
de enfermagem e o paciente, compreendendo que esse inter-relacionamento 
pessoal proporciona melhores resultados à condição de saúde do indivíduo. 
(MCEWEN; WILLS, 2016). 
 
5.5 Teoria do Cuidado Transcultural 
Entre as décadas de 1960 a 1970, a enfermeira estadunidense Madeleine 
Leininger (1925–2012) desenvolveu a Teoria do Cuidado Transcultural. Nela, 
defende-se que o enfermeiro deve ter competências para reconhecer e valorizar a 
diversidade entre as culturas dos diferentes povos na organização do processo de 
trabalho e nos cuidados de enfermagem (VILELAS; JANEIRO, 2012). 
Para promover a transculturalidade nos cuidados de enfermagem, Leininger 
defende a necessidade de o enfermeiro desenvolver competências 
comportamentais específicas, como empatia, carinho e flexibilidade, visando a 
realizar uma avaliação cultural colaborativa para oportunizar cuidados que 
respondam às necessidades de saúde do paciente e de sua rede de apoio. 
(VILELAS; JANEIRO, 2012). 
Diante do apresentado, as teorias de enfermagem têm a finalidade de 
direcionar e amparar a prática profissional, o que reforça a obrigatoriedade de os 
 
18 
 
enfermeiros se apropriarem das diferentes teorias e relacioná-las à realidade dos 
serviços de saúde. (VILELAS; JANEIRO, 2012). 
 
6 DEFINIÇÕES E CONCEITOS 
Desde que Florence Nightingale escreveu, em 1858, que a meta da 
enfermagem era “ colocar o paciente na melhor condição para que a natureza 
pudesse agir sobre ele”, as lideranças de enfermagem têm descrito esse mister 
como arte e ciência. Apesar disso, a definição de enfermagem tem tomado um longo 
tempo. A American Nurses Association (ANA), definiu a enfermagem como o 
“diagnóstico e tratamento das respostas humanas a saúde e a doença” e fornece a 
seguinte lista ilustrativa de fenômenos que são o foco do cuidado e da pesquisa em 
enfermagem. (CLARK J. 2010). 
As enfermeiras têm a responsabilidade de realizar suas funções, cumprir a 
lei que regulamenta a pratica profissional da enfermagem e, também, o Código de 
Ética de Enfermagem do Conselho Internacional de Enfermeiros e da ANA. 
Compreender as necessidades dos consumidores de atenção à saúde, incluem 
compreender as forças que afetam ambos, esse sistema e a enfermagem, o que 
proporciona o fundamento para examinar a oferta de cuidado de enfermagem. 
(CLARK J. 2010). 
Os conceitos devem ser construídos por meio do significado das palavras. 
O estudo dos conceitos é considerado essencial por três razões principais: 
1). Os conceitos são usados no desenvolvimento das teorias – as teorias 
são construídas a partir dos conceitos, assim, a elaboração do significado dos 
conceitos é vital para a construção das teorias. (CHINN PL, KRAMER MK, 1991). 
2). Os conceitos podem ser operacionalizados – a análise de conceito 
permite ao pesquisador especificar a definição do conceito para posterior aplicação 
 
19 
 
prática, por exemplo, respeito, colaboração, morte digna. (CHINN PL, KRAMER MK, 
1991). 
3) Aprimoramento da prática – por meio da análise de conceitos os 
profissionais podem ter uma compreensão mais clara do que certos termos 
correntes significam. Por exemplo, uma pesquisa que se dedicou a explorar o 
conceito de dignidade possibilita o aumento da consciência dos enfermeiros sobre 
a importância desse aspecto, encorajando a apreciação da posição de 
vulnerabilidade daqueles que estão sob seus cuidados. (CLARK J. 2010). 
Pode-se entender a análise e o desenvolvimento de conceitos como um 
impulso para melhorar a prática clínica. Um dos problemas na enfermagem é que 
muitos dos seus termos centrais, que estão em uso no dia a dia, estão repletos de 
imprecisões e ambiguidades. Desse modo, palavras como cuidado, respeito e 
dignidade, que têm um significado especial na enfermagem, devem ser 
consideradassem ambiguidades ou confusão para que possam alcançar um status 
semelhante ao de outros termos técnicos. (CLARK J. 2010). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
7 TEORIA DE WANDA DE AGUIAR HORTA 
Wanda de Aguiar Horta nasceu em 11 de agosto de 1926. Graduou-se, no 
ano de 1948, em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da USP, e, em 1953, 
diplomou-se em História Natural na Faculdade de Fisiologia, Ciências e Letras da 
Universidade do Paraná. Já em 1962 pós graduou-se em Pedagogia e Didática 
Aplicada à Enfermagem pela Escola de Enfermagem na Escola Ana Néri, da 
Universidade Federal do Rio de Janeiro, e, ao longo de sua carreira profissional 
Wanda Horta exerceu funções didáticas, técnicas e administrativas. (BARROS, 
2006). 
Wanda Horta, em sua teoria, apresenta os três seres da enfermagem, o ser-
enfermeiro (é um ser humano com todas as suas dimensões, potencialidades, 
restrições, alegrias e frustrações, é aberto para o futuro, para a vida e nela se engaja 
pelo compromisso assumido com a enfermagem, ou seja, ser enfermeiro é gente 
que cuida de gente), ser paciente (também dito como ser-cliente pode ser o 
indivíduo, a família ou a comunidade que necessite de cuidados de outros seres 
humanos em qualquer fase do ciclo vital ou do ciclo saúde enfermidade) e 
serenfermagem (é um ser que tem como objetivo assistir as necessidades humanas 
básicas, desencadeadas no ciclo saúde-enfermidade ou em qualquer outra fase do 
ciclo vital). (HORTA, 1979). 
Segundo James in Horta (1979), as teorias se classificam em quatro níveis, 
quais sejam: 
Nível I - Isolamento de fatores (são estáticas, por exemplo, a zoologia e a 
botânica), Nível II – Relacionamento de fatores (são estáticas, por 
exemplo, a anatomia e a fisiologia), Nível III - Relacionam situações, são 
inibidoras ou reprodutoras (são dinâmicas, por exemplo, as teorias 
enzimáticas, o fenômeno B só ocorre se o A ocorrer). Nível IV – São 
prescritivas, produtoras de uma situação (prescreve todos os elementos ou 
fatores para que a situação ocorra (é dinâmica, por exemplo, a teoria das 
necessidades humanas básicas). 
Horta (1979) apresenta a Enfermagem como ciência, calcada nos 
pressupostos de que os fenômenos que a enfermagem estuda são reais e passíveis 
 
21 
 
de experimentação, as teorias já desenvolvidas exprimem relações necessárias 
entre os fatos e os atos, e suas conclusões, estão dentre da certeza probabilística 
que explica não somente as ciências hermenêuticas, como as empírico-formais e 
até a física, considerada ciência formal e positiva. 
A Enfermagem sistematiza e organiza seus conhecimentos científicos a 
partir do ser, do objeto e do ente. O ser, como já mencionado, é o indivíduo a, a 
família e a comunidade dentro de um ecossistema. O objeto é o conhecimento das 
teorias de enfermagem, o processo, o cuidado, as síndromes, os níveis de 
atendimento de enfermagem. As necessidades humanas básicas classificadas por 
Mohana como psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais (HORTA, 1979). 
As Teorias das Necessidades Humanas Básicas englobam: 
Estados de tensões, conscientes ou inconscientes, resultantes dos 
desequilíbrios homeodinamicos dos fenômenos vitais. [...] Em estados de 
equilíbrio dinâmico, as necessidades não se manifestam, porém estão 
latentes e surgem com maior ou menor intensidade, dependendo do 
desequilíbrio instalado (HORTA, 1979, p.39). 
O ser humano distingue-se dos demais seres do universo por sua 
capacidade de reflexão, por ser dotado de poder de imaginação e simbolização e 
poder de unir presente, passado e futuro, o que permite sua unicidade, 
autenticidade e individualidade. O ser humano é também agente de mudança no 
universo dinâmico, no tempo e no espaço, logo, também pode ser causa de 
equilíbrio e desequilíbrio em seu próprio dinamismo, gerando necessidades que se 
caracterizam por [...] estados de tensão consciente ou inconsciente que levam a 
buscar satisfação de tais necessidades para manter seu equilíbrio dinâmico no 
tempo e no espaço. (HORTA, 1979, p.28). 
Quando as leis não são atendidas, ou são atendidas inadequadamente 
trazem desconforto, e se este se prolonga é causa de doenças. Para Horta, estar 
com saúde é estar em equilíbrio dinâmico no tempo e no espaço. (HORTA, 1979). 
A enfermagem cuida do ser humano, presta a assistência necessária para 
o seu bem-estar no ambiente em que se encontra. (HORTA, 1979). 
 
22 
 
Segundo Horta, (1979, p 15), “a enfermagem é o processo de ação, reação, 
interação e transação entre indivíduos e grupos num sistema social para alcançar 
objetivos de saúde ou ajustamento aos problemas de saúde”. 
A enfermagem como ciência é fundamentada por conceitos, proposições e 
princípios. (HORTA, 1979). 
Um dos conceitos que a fundamenta é o conceito de si mesma: 
Enfermagem é a ciência e a arte de assistir o ser humano no atendimento 
de suas necessidades básicas, torná-lo independente desta assistência, 
quando possível, pelo ensino do autocuidado, de recuperar, manter e 
promover a saúde em colaboração com outros profissionais. (HORTA, 
1979, p.29). 
Para Horta (1979, p. 30), assistir em enfermagem: [...] “é fazer pelo ser 
humano aquilo que ele não pode fazer por si mesmo, ajudar ou auxiliar quando 
parcialmente impossibilitado de se auto cuidar, orientar ou ensinar, supervisionar e 
encaminhar a outros profissionais”. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
8 TEORIA DE DOROTHEA OREN 
A Teoria do Autocuidado é um dos três construtos ou teorias que formam o 
arcabouço da Teoria de Enfermagem do Déficit de Autocuidado proposta por Orem. 
O seu pressuposto é que todos os seres humanos têm potencial para desenvolver 
suas habilidades intelectuais e práticas, além da motivação essencial para o 
autocuidado. (DUPAS G, PINTO IC, MENDES MD, BENEDINI Z. 1994) 
O autocuidado tem como propósito o desempenho ou prática de atividades 
que os indivíduos realizam em seu benefício para manter a vida, a saúde e seu 
bem-estar. O modelo propõe que todos os pacientes sejam encorajados a cuidar de 
si próprios e tenham participação ativa no processo de cuidados. (GEORGE, JB. 
2000). 
Diante da avaliação contextual do cliente, o enfermeiro certifica-se da 
existência de déficit e encontra seu campo de ação, de forma que sua assistência 
estará fundamentada no sistema de enfermagem, que, por sua vez, se baseará nas 
necessidades de autocuidado e nas capacidades do paciente para executá-las. É 
trabalho e o enfermeiro determinar os déficits e definir as modalidades de suporte. 
(GEORGE, JB. 2000). 
Como mostra a literatura, os requisitos de autocuidado podem ser 
universais, de desenvolvimento e referentes ao desvio de saúde. Os requisitos 
universais influenciam diretamente a estrutura do ser humano, suas funções e fases 
de vida, sendo inter-relacionados, e constituem termos comuns para designar as 
atividades de vida diária. São eles: suprimento adequado de ar, água e alimentos; 
cuidados referentes à eliminação; equilíbrio entre atividade e repouso; solidão e 
interação social; perigos da vida; funcionamento humano; bem-estar e 
desenvolvimento potenciais; e desejo de normalidade. Os de desenvolvimento 
representam os estágios do ciclo vital, incluindo os fatores e as circunstâncias que 
influenciam a plena realização do cuidado e condições e situações adversas que 
afetem o desenvolvimento humano; os de desvios de saúde incluem alterações 
 
24 
 
advindas de problemas de saúde que podem gerar dificuldades na manutenção 
adequada do cuidado. (OREM DE, 1995). 
Quanto ao sistema de enfermagem mais adequado, identificam-se os 
sistemas: totalmente compensatório, onde o indivíduo encontra-se incapacitado 
desempenhar-se em ações de autocuidado; parcialmente compensatório, situação 
em que tanto paciente quanto enfermeiro executam ações de autocuidado, e apoio-
educação, situação em que o indivíduo consegue executar e pode aprender a 
executar ações deautocuidado, adquirindo conhecimentos e habilidades através 
das informações dadas pelo enfermeiro que o auxiliarão em seu autocuidado. 
(GEORGE, JB. 2000). 
O autocuidado na teoria de Orem é comparável à saúde holística, pois 
ambas promovem a responsabilidade do indivíduo pelo cuidado da saúde. Isto é 
especialmente relevante na atualidade, visto que a alta hospitalar vem sendo 
antecipada, aumentando a demanda de cuidados em casa e dos serviços 
ambulatoriais. (FOSTER PC, BENNETT AM. DOROTHEA, 2000). 
Essa abordagem contempla o processo interpessoal, permitindo a 
identificação de necessidades e possibilitando traçar planos de intervenção 
coerentes com as possibilidades do paciente, demonstrando afinidade com os 
principais propósitos da enfermagem, os quais engloba a assistência ao paciente, 
à família e comunidade no enfrentamento de seus problemas de saúde. (FOSTER 
PC, BENNETT AM. DOROTHEA, 2000). 
A teoria de enfermagem de Orem apresenta um fundamento abrangente 
para a prática de enfermagem e, no caso das possibilidades de aplicação prática da 
teoria aos pacientes estomizados, as vantagens que esta proporciona são de 
grande valia, uma vez que estão diretamente ligadas à assistência com foco no 
autocuidado. (FOSTER PC, BENNETT AM. DOROTHEA, 2000). 
Dorothea Orem ao discorrer sobre a enfermagem e propor a Teoria do 
Autocuidado admite ser este campo um imperativo, uma vez que contempla o ser 
humano como um indivíduo capaz de assumir responsabilidades em direção à 
 
25 
 
melhoria da qualidade de vida, saúde e bem-estar. (FOSTER PC, BENNETT AM. 
DOROTHEA, 2000). 
O autocuidado, quando efetivo, contribui para o desenvolvimento humano 
e, quando há seu impedimento ou limitação, ocorre o déficit do autocuidado que 
indica a necessidade de atuação da enfermagem. (FOSTER PC, BENNETT AM. 
DOROTHEA, 2000). 
9 TEORIA DE IMÓGENES KING 
O Modelo Conceitual de Sistemas Abertos Interatuantes de Imogene King 
(King, 1981) é a estrutura conceitual básica sobre a qual repousa sua Teoria de 
Alcance de Metas. 
São determinados três sistemas interativos: o pessoal, interpessoal e social. 
O Sistema pessoal, que é compreendido por um indivíduo em um ambiente. 
Engloba os conceitos de percepção, ego, imagem corporal, crescimento, 
desenvolvimento, tempo e espaço; o Sistema interpessoal, formado pelo 
agrupamento de indivíduos em díades, tríades e em grupos. Nesse sistema, são 
englobados os conceitos: papel, interação, comunicação, transação e estresse; e o 
Sistema social, que se dá pela reunião de grupos com interesses e necessidades 
especiais formando organizações e sociedades. Os conceitos deste sistema são: 
organização, autoridade, poder, status, tomada de decisão e papel. (KING, 1981) 
King (1981) conceitua enfermagem como percepção, pensamento, 
relacionamento e ação, lado a lado com o comportamento de indivíduos em uma 
situação de enfermagem. A autora afirma que as enfermeiras cuidam de indivíduos 
com doenças crônicas e dos que precisam de reabilitação, ajudando-os a utilizar 
sua habilidade potencial total. 
O processo de enfermagem de King (King, 1981) compreende: Interação 
inicial, que é um contato inicial que induz reação entre enfermeira e paciente; 
Diagnóstico, que é a detecção das necessidades de cuidado de seres humanos, 
 
26 
 
devendo ser confirmado com o paciente; Estabelecimento de metas comuns à 
enfermeira e paciente; Exploração e viabilização de meios comuns a ambos, para 
alcançar as metas traçadas; Evolução, que é a avaliação contínua do alcance de 
metas e Redefinição das metas, quando necessário. Este processo é permeado de 
ação e reação. Muitos estudos têm ressaltado pontos fortes e fracos dessa teoria. 
Dióz e Oliveira (1999) questionam sua aplicação junto a pacientes sem 
condições de interagir com a enfermeira e o quanto o paciente é responsável por 
decisões relativas ao tratamento. 
 Frey e Norris (1997) afirmam que essa teoria fornece uma estrutura na qual 
se apoia o pensamento crítico da enfermeira. 
Garcia (1996) refere que a estrutura conceitual e a teoria de King são 
aplicáveis à prática profissional de enfermagem de qualquer cultura e sociedade 
humana. 
Para Resende (1998), os conceitos dessa estrutura conceitual 
proporcionam uma forma atual e válida de compreender o homem. 
Esse modelo conceitual foi utilizado ainda para compreender o 
comportamento de não adesão de pacientes com hipertensão arterial (Moreira, 
1999) e foi testada a utilização dessa teoria junto a um desses pacientes (MOREIRA 
E ARAÚJO, 1999). 
Acredita-se que os modelos conceituais, assim como a teoria, têm bastante 
aplicação com pacientes crônicos, que apresentam evolução lenta, que pode 
desestimulá-los com relação ao tratamento, no que o trabalhar com metas pode ser 
muito útil. (KING, 1981). 
 
 
 
27 
 
10 TEORIA DE PEPLAU 
Hildegard Elizabeth Peplau nasceu em setembro de 1909, em Reading, 
Pensilvânia, nos Estados Unidos. Em 1931, iniciou sua trajetória na enfermagem ao 
graduar-se na Escola de Enfermagem da Pensilvânia. (BELCHER JR, FISH LJB. 
HILDEGARD E. PEPLAU, 2000). 
Desde então, Peplau trilhou uma carreira com ênfase nas áreas de 
enfermagem em saúde mental e psiquiatria. No ano de 1943, formou-se em 
Psicologia Interpessoal no Bennington College, onde teve a oportunidade de 
estudar com Hary Stack Sullivan, médico psiquiatra proeminente daquela época, o 
qual desenvolveu a Teoria Interpessoal, marco teórico importante que fundamentou 
a teoria de Peplau. (VILLELA DVA, ALMEIDA QP, RIBEIRO WFP, 2011). 
Em 1947, fez mestrado em Enfermagem Psiquiátrica pelo Teachers 
College, de Nova Iorque, bem como doutorado em Desenvolvimento Curricular, no 
Columbia University, em 1953. Nesse mesmo período, Peplau exerceu atividades 
de instrutora e diretora do programa avançado de enfermagem psiquiátrica no 
Teachers College, introduzindo o conceito de prática avançada em enfermagem. 
(HOWK C. HILDEGARD E. PEPLAU, 2010). 
Atuou como docente na Faculdade de Enfermagem de Rutgers durante 20 
anos, onde criou o primeiro curso de licenciatura para preparação de especialistas 
clínicos em enfermagem psiquiátrica. Foi também nesse período em que escreveu 
seu livro “Interpersonal Relations in Nursing”, publicado em 1953, obra de destaque 
na área de enfermagem psiquiátrica. (HOWK C. HILDEGARD E. PEPLAU, 2010). 
Peplau atuou como enfermeira no Hospital de Pottstown e Bennington, 
compôs também o Corpo de Enfermeiras do Exército norte-americano durante a 
Segunda Guerra Mundial, chegando a trabalhar em um hospital neuropsiquiátrico 
na Inglaterra, na condição de enfermeira do Exército. (HOWK C. HILDEGARD E. 
PEPLAU, 2010). 
 
28 
 
Peplau foi a única enfermeira a ser diretora executiva e vice-presidente da 
Associação de Enfermeiras Americanas entre os anos de 1969 e 1974. Exerceu 
também atividades de consultoria em vários países e organizações como a 
Organização Mundial de Saúde e o National Institute of Mental Health. Atuou como 
professora visitante em universidades da África, América Latina e Europa. 
Trabalhou no Conselho Internacional de Enfermagem, bem como no corpo editorial 
de diversos periódicos como o Nursing, Journal of Psychosocial Nursing e Journal 
of Psychiatric and Mental Health Nursing. (HOWK C. HILDEGARD E. PEPLAU, 
2010). 
A Teoria das Relações Interpessoais de Hildegard Peplau é uma teoria de 
médio alcance centrada na relação entre o enfermeiro e o doente. (HOWK C. 
HILDEGARD E. PEPLAU, 2010). 
A teoria de médio alcance consiste em uma teoria mais específica 
comparada às grandes teorias, porém, abstrata o suficiente para apoiar e possibilitar 
a generalização e operacionalização em diferentes populações. (MCEWEN M, 
2009). 
A teoria de Peplau deriva tanto da prática clínica sustentada por um 
processo de raciocínio indutivo baseado nas experiências pessoais e profissionais 
da própria Peplau, como de disciplinas que não sãode Enfermagem, no caso, as 
teorias comportamentais e psicoanalíticas da disciplina de Psicologia. (MCEWEN 
M, 2009). 
Peplau possui influências teóricas de Erick Fromm, Miller, Symonds, 
Maslow, porém a maior influência, sem dúvida, deriva da Teoria Interpessoal de 
Harry Stack Sullivan, cuja premissa parte do princípio de que a personalidade e o 
comportamento do indivíduo se desenvolvem a partir das relações com outras 
pessoas. Dessa forma, a personalidade pode se modificar em qualquer período da 
vida devido ao surgimento e estabelecimento de novas relações interpessoais e à 
maleabilidade do ser humano. (KUHNS M, 2009). 
 
 
 
29 
 
11 RELAÇÕES ENTRE OS PASSOS DO PROCESSO DE ENFERMAGEM 
O processo de enfermagem organiza, de forma sistemática e rigorosa, as 
intervenções realizadas por meio de cinco etapas: coleta de dados, diagnóstico, 
planejamento, implementação e avaliação. Na prática profissional, a execução do 
processo de enfermagem exige do enfermeiro um sólido conhecimento clínico e 
raciocínio crítico da realidade, além do uso da teoria que melhor responde às 
necessidades em saúde identificadas — sejam elas em âmbito individual, familiar 
ou coletivo (DIAGNÓSTICOS..., 2018; VAUGHANS, 2012). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A partir da apresentação das etapas do processo de enfermagem, é 
fundamental compreender que cada uma delas exige competências específicas do 
enfermeiro. Na etapa de coleta de dados, por exemplo, é imprescindível que o 
enfermeiro tenha o discernimento de que os dados podem ser de duas naturezas 
distintas, ou seja, há dados de natureza subjetiva, que majoritariamente são 
 
30 
 
referidos pelo paciente (p. ex., local, duração e intensidade da dor, início dos 
sintomas, história familiar relacionada à queixa, estilo de vida, entre outros), e há os 
dados de natureza objetiva, os quais são produto da observação do enfermeiro (p. 
ex., aferição dos sinais vitais, ausculta pulmonar e cardíaca, avaliação da mucosa 
oral, interpretação do eletrocardiograma, entre outros) (VAUGHANS, 2012). 
Independente se a coleta ocorre em relação aos dados subjetivos ou 
objetivos, o enfermeiro precisa dominar os instrumentos específicos para que a 
coleta de dados ocorra de forma satisfatória. Esses instrumentos envolvem a 
análise da história de saúde do paciente, a realização do exame físico, a análise de 
exames complementares e a investigação de fatores colaborativos à situação de 
saúde do paciente. Após a aplicação desses instrumentos, os dados coletados 
devem ser validados e interpretados, o que exige, do enfermeiro, domínio de 
competências para identificar as necessidades em saúde, as quais devem ser 
compreendidas a partir da integralidade do cuidado, ou seja, considerando o ser 
humano como um ser biopsicossocial. Depois de finalizado esse processo, será 
iniciada a fase do diagnóstico. Nela, haverá um julgamento clínico e crítico a partir 
dos dados coletados, visando a responder às necessidades em saúde identificadas. 
Nessa fase, é imprescindível que o enfermeiro consiga identificar um padrão entre 
os dados subjetivos e objetivos coletados, o que permite que ele eleja o conjunto de 
diagnósticos com potencial para responder às necessidades identificadas 
(DIAGNÓSTICOS, 2018; VAUGHANS, 2012). 
Uma vez escolhidos os diagnósticos de enfermagem com potencial para 
responder às necessidades em saúde identificadas, o enfermeiro deverá realizar o 
planejamento de enfermagem, ou seja, propor e prescrever o plano de cuidados a 
ser executado pela equipe de enfermagem (DIAGNÓSTICOS, 2018). 
Nesse momento, o enfermeiro deverá eleger os diagnósticos prioritários e, 
consequentemente, os cuidados para que a condição de saúde do indivíduo, da 
família, dos grupos sociais ou das coletividades seja restabelecida (VAUGHANS, 
2012). 
 
31 
 
Essa preocupação em priorizar as ações no plano de cuidados é de grande 
relevância, pois, ao identificar as necessidades em saúde, o enfermeiro irá se 
deparar com um quantitativo de necessidades infinitas frente àquilo que é prioritário 
no momento em que a pessoa busca auxílio no serviço de saúde. Sendo assim, 
cabe ao enfermeiro tomar a decisão em relação aos diagnósticos e cuidados 
prioritários, considerando, por exemplo, o contexto em que o processo de cuidar 
ocorre, bem como a iminência ou não de morte. Depois de finalizar essa etapa, a 
implementação do plano de cuidados será iniciada e executada pela equipe de 
enfermagem. (VAUGHANS, 2012). 
Ao prescrever os cuidados de enfermagem, o enfermeiro deve considerar 
que haverá ações em que a equipe de enfermagem irá intervir de forma 
independente, como, por exemplo, ao propor o monitoramento dos sinais vitais a 
cada duas horas e comunicar se houver alteração, além de avaliar a ocorrência de 
dor e proceder com a administração de analgésico conforme prescrição da equipe 
médica, caso seja necessário. No entanto, há ações em que a equipe de 
enfermagem poderá atuar de forma dependente ou interdependente dos demais 
profissionais que compõem a equipe multidisciplinar (composta por médicos, 
fisioterapeutas, fonoaudiólogos, nutricionistas, etc.) (VAUGHANS, 2012). 
Junto à implementação do plano de cuidados, é obrigatório realizar o seu 
monitoramento, visando a analisar se ele está ou não atendendo às necessidades 
em saúde do paciente e colaborando para desfechos clínicos satisfatórios. Esse 
monitoramento evidencia a etapa de avaliação, que consiste na proposição e no 
acompanhamento de indicadores assistenciais para subsidiar o enfermeiro sobre o 
ajuste do plano de cuidados quanto à inclusão, exclusão ou modificação das ações 
inicialmente propostas. Essa etapa não deve ser negligenciada pelo enfermeiro, já 
que ela permite a retroalimentação do processo de trabalho de enfermagem, ou 
seja, a coleta de novos dados, bem como a identificação de diagnósticos 
emergentes e reemergentes e a resposta efetiva às necessidades em saúde, que 
são dinâmicas (DIAGNÓSTICOS..., 2018; VAUGHANS, 2012). 
 
 
32 
 
12 INVESTIGAÇÃO E DIAGNÓSTICO SAE 
A investigação em enfermagem roda em torno de duas grandes 
abordagens: a quantitativa e a qualitativa. A investigação quantitativa é, sem dúvida, 
a que tem maior peso histórico. No entanto, pela grande ligação da enfermagem às 
ciências humanas, a investigação qualitativa tem vindo a ganhar peso. Vimos 
assistindo cada vez mais a um interesse crescente pelas metodologias qualitativas, 
especialmente nas áreas das ciências humanas. “É como se se tivesse 
redescoberto a necessidade, ou mesmo a urgência, de pôr em questão o modelo 
científico clássico que visa a quantificação dos fenómenos sociais” (Roxo, 2004: 
199), porque, em inúmeras situações, excessivamente redutor (LESSARD-
HÉBERT, GOYETTE E BOUTIN, 1994). 
Quando se fala de ética na investigação em enfermagem, é comum 
surgirem de imediato duas ideias profundamente erradas. A primeira é a de essas 
questões se resumem a um folclore que apenas serve para impor limitações, 
empatar tempo e complicar a vida ao investigador. A segunda é a de que as 
questões éticas são pertinentes nos ensaios de medicamentos ou na 
experimentação de novas técnicas cirúrgicas ou de diagnóstico, mas não na 
investigação em enfermagem uma vez que é diminuta a possibilidade de surgirem 
danos para o sujeito investigado em consequência da investigação. Na verdade, na 
investigação em enfermagem raramente surgem riscos consideráveis para os 
investigados. Mas isso não pode de forma alguma justificar uma ausência de 
reflexão ética. (LESSARD-HÉBERT, GOYETTE E BOUTIN, 1994). 
A realização de um diagnóstico significa que um problema foi identificado e 
que ele precisa ser resolvido por meio de uma atuação qualificada, a qual é 
representada por profissionais com competências sólidas e direcionadas para a 
resolução do problema (TAYLOR et al., 2014; VAUGHANS, 2012). 
Essa ideia inicial éfundamental, uma vez que reitera a necessidade de o 
diagnóstico ser realizado por profissionais que tenham propriedade tecno científica, 
 
33 
 
o que denota a condição de que, quando estes não têm a expertise necessária para 
resolver um problema, eles devem acionar um profissional competente. (TAYLOR 
et al., 2014; VAUGHANS, 2012). 
A partir do advento da Enfermagem moderna, no século XIX, as práticas de 
enfermagem evoluíram e a preocupação com o impacto que estas traziam para os 
desfechos clínicos progrediram na mesma proporção. Tanto que nas décadas 1950 
e 1960 a expressão diagnóstico de enfermagem foi cunhada devido ao aumento da 
complexidade dos cuidados de saúde, o que exigiu do enfermeiro a apropriação de 
competências para organizar o seu processo de trabalho, no que tange à coleta de 
dados e ao agrupamento destes, a fim de auxiliar a sua interpretação, visando a 
validá-los e, por fim, diagnosticar o problema real e potencial do paciente para que 
seja possível propor ações que respondam a esses problemas (DIAGNÓSTICOS..., 
2018; TAYLOR et al., 2014). 
Essas ações possibilitaram o fortalecimento da autonomia e o 
empoderamento profissional da enfermagem ao reconhecer que, a partir do objeto 
de trabalho da enfermagem — o cuidado —, cabe ao enfermeiro identificar as 
necessidades de saúde e selecionar diagnósticos de enfermagem para direcionar a 
sua prática e propor um plano de cuidados potente que resolva os problemas 
anteriormente identificados (DIAGNÓSTICOS..., 2018; OLEGÁRIO; FERNANDES; 
MEDEIROS, 2015). 
Segundo Taylor Et Al., 2014 para realizar o diagnóstico de enfermagem, o 
enfermeiro precisa ter competências específicas desenvolvidas, as quais são 
descritas a seguir. 
1. Analisar criticamente os dados coletados do paciente: 
■ sólido conhecimento tecnocientífico; 
■ capacidade de análise e aplicação teórica na prática; 
■ raciocínio clínico consistente; 
■ encadeamento lógico e discernimento sobre a realidade; 
■ propriedade sobre o processo de trabalho em enfermagem. 
 
 
34 
 
2. Identificar potencialidades e fragilidades na condição de saúde do 
paciente: 
■ sólido conhecimento tecnocientífico; 
■ encadeamento lógico e discernimento sobre a realidade; 
■ propriedade sobre o processo de trabalho em enfermagem. 
 
3. Formular e validar os diagnósticos de enfermagem escolhidos: 
■ conhecimento aprofundado sobre os sistemas classificatórios de 
diagnósticos de enfermagem; 
■ sólido conhecimento tecnocientífico; 
■ propriedade sobre o processo de trabalho em enfermagem; 
■ encadeamento lógico e discernimento sobre a realidade; 
■ senso de organização e priorização da atuação da equipe de 
enfermagem. 
 
4. Desenvolver uma lista com diagnósticos prioritários: 
■ propriedade sobre o processo de trabalho em enfermagem; 
■ encadeamento lógico e discernimento sobre a realidade; 
■ senso de organização e priorização da atuação da equipe de 
enfermagem. 
5. Detectar e referir sinais e sintomas capazes de indicar um problema que 
transcende a atuação do enfermeiro: 
■ sólido conhecimento tecnocientífico; 
■ propriedade sobre o processo de trabalho em enfermagem; 
■ capacidade de análise e aplicação teórica na prática; 
■ raciocínio clínico consistente; 
■ encadeamento lógico e discernimento sobre a realidade; 
■ senso de organização e priorização da atuação da equipe de 
enfermagem; 
■ bom inter-relacionamento pessoal e atuação interdisciplinar. 
 
35 
 
13 DIAGNÓSTICO E PLANEJAMENTO 
Em 2018, foi publicada a 11ª edição do Diagnósticos de Enfermagem da 
NANDA-I, 2018–2020, o qual tem mais de 200 diagnósticos de enfermagem 
incluídos e agrupados em 13 domínios e 47 classes. Esses 13 domínios se referem 
às áreas de interesse, enquanto as classes ao agrupamento de diagnósticos de 
enfermagem com atributos ou características comuns. Para a compreensão do uso 
do diagnóstico de enfermagem proposto pela taxonomia NANDA-I, é importante 
entender que ela se organiza a partir de três perspectivas que objetivam atender às 
necessidades em saúde individuais e coletivas a partir do diagnóstico focado no 
problema, de risco ou de promoção da saúde. 
1. Diagnósticos focados no problema: são aqueles relacionados a uma 
resposta humana indesejável derivada da condição de saúde individual ou coletiva. 
2. Diagnósticos de risco: estão relacionados à suscetibilidade de um 
indivíduo, uma família, um grupo social ou da coletividade para o desenvolvimento 
de um problema de saúde. 
3. Diagnósticos de promoção da saúde: são os relacionados à motivação 
para aumentar o bem-estar, o que impõe a pertinência de mobilização de 
comportamentos salutogênicos. 
Para selecionar o diagnóstico de enfermagem correto, o enfermeiro precisa 
conhecer, além do título do diagnóstico, as suas características definidoras, os 
fatores relacionados, os fatores de risco, as populações de risco e as condições 
associadas (DIAGNÓSTICOS..., 2018; TAYLOR et al., 2014; VAUGHANS, 2012). 
É importante ressaltar que não é obrigatório que todos esses elementos 
estejam presentes em todos os diagnósticos de enfermagem classificados, mas é 
relevante que apareçam à medida que façam sentido para sistematizar a prática de 
enfermagem. (VAUGHANS, 2012). 
A etapa de planejamento, compreendida dentro do processo de trabalho em 
enfermagem, é concebida de forma atrelada à ideia dos resultados esperados com 
 
36 
 
as intervenções de enfermagem que serão propostas (JOHNSON et al., 2013; 
TAYLOR et al., 2014; VAUGHANS, 2012). 
Essa primeira ideia é essencial, uma vez que o planejamento isolado não 
tem potência para demonstrar a efetividade das ações executadas pela equipe de 
enfermagem. Assim, considerando que essas ações serão alvo de análise futura, 
faz-se necessário articulá-las com os resultados que se espera, visando a impactar 
a condição de saúde individual e/ou coletiva (DIAGNÓSTICOS..., 2018; JOHNSON 
et al., 2013; MOORHEAD et al., 2016; TAYLOR et al., 2014). 
Ao propor o planejamento dos resultados esperados, é importante 
compreender que o aspecto temporal impacta o alcance desses resultados, uma 
vez que há situações que demandarão planejamento de curto, médio ou longo 
prazo, e isto exige do enfermeiro uma postura profissional direcionada a propor as 
ações factíveis longitudinalmente (JOHNSON et al., 2013; MOORHEAD et al., 2016; 
TAYLOR et al., 2014; VAUGHANS, 2012). 
A prática profissional do enfermeiro consiste em garantir que os cuidados 
corretos e oferecidos no momento certo ao paciente ocorram (DIAGNÓSTICOS..., 
2018). 
 Para que isso aconteça na realidade dos serviços de saúde, o enfermeiro 
deve implantar um processo de trabalho que assegure o planejamento dos 
resultados esperados (JOHNSON et al., 2013; MOORHEAD et al., 2016). 
Esse processo faz com que o enfermeiro reconheça que os resultados 
esperados podem ser potencializados por meio de mecanismos de natureza 
cognitiva, psicomotora e afetiva. (TAYLOR et al., 2014). 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
14 PLANEJAMENTO E IMPLEMENTAÇÃO 
Para que a implementação da assistência de enfermagem ocorra, faz-se 
necessário que o enfermeiro tenha identificado com propriedade as necessidades 
em saúde do paciente, da família, dos grupos sociais e da coletividade 
(VAUGHANS, 2012). Para isso, o enfermeiro pode utilizar ferramentas de 
classificação de diagnósticos de enfermagem, como a taxonomia NANDA-I 
(Associação Norte-Americana de Diagnósticos de Enfermagem, do inglês North 
American Nursing Diagnosis Association), além da classificação de resultados de 
enfermagem (NOC, do inglês nursing outcomes classification) (JOHNSON et al., 
2013; DIAGNÓSTICOS..., 2018). Após a consolidação dessas etapas, a 
implementação dos cuidados de enfermagem acontecerá na prática dos serviços 
de saúde. 
Reconhecendo a enfermagem como uma equipe especializada na provisão 
de cuidados de alta performance, é fundamentalcompreender que existem 
intervenções de enfermagem de três tipos: independentes, dependentes e 
interdependentes. (SÃO PAULO, 2015; VAUGHANS, 2012). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
15 IMPLEMENTAÇÃO E AVALIAÇÃO 
Para a análise da efetividade da assistência de enfermagem, o enfermeiro 
realiza o que se chama de avaliação somativa. Esse tipo de avaliação ocorre após 
a implementação dos cuidados de enfermagem e tem o objetivo de verificar se os 
cuidados implementados resolveram os problemas diagnosticados (VAUGHANS, 
2012). 
Para que o processo de avaliação dos cuidados implementados ocorra de 
forma satisfatória, o envolvimento do paciente é mandatório, uma vez que ele é o 
protagonista do processo de cuidar. Essa perspectiva garante maior assertividade 
na condução e no manejo dos cuidados prescritos (TAYLOR et al., 2014) 
O processo de avaliação se configura como uma atividade sistemática e 
contínua do acompanhamento dos desfechos derivados das ações de enfermagem 
sobre o paciente, a família, o grupo social ou a coletividade. Esse processo se utiliza 
das anotações de enfermagem como um instrumento de captação das ações de 
enfermagem realizadas e do monitoramento delas, juntamente com os indicadores 
assistenciais que possibilitam a elaboração da evolução de enfermagem. (TAYLOR 
et al., 2014) 
A evolução de enfermagem consiste em uma atividade analítico-crítica 
realizada pelo enfermeiro, que, a partir dos registros de enfermagem e da avaliação 
somativa, verifica a efetividade dos cuidados prestados e o impacto sobre a 
condição de saúde do paciente. (SÃO PAULO, 2015; TAYLOR et al., 2014). 
 
 
 
40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 COLETA DE DADOS 
A primeira fase do processo de trabalho de enfermagem se refere à coleta 
de dados, a qual tem o objetivo de municiar o enfermeiro para investigar as 
necessidades em saúde, seja no âmbito individual ou no coletivo 
(DIAGNÓSTICOS..., 2018; TAYLOR et al., 2014). 
A coleta de dados deve ocorrer de forma organizada e sistematizada. Para 
tanto, o enfermeiro se utiliza de instrumentos, como a entrevista com o paciente 
e/ou família/rede de apoio (anamnese), o exame físico, o prontuário do paciente, os 
exames complementares, outros profissionais que prestaram assistência ao 
paciente e a literatura científica. (TAYLOR et al., 2014) 
Para a coleta de dados, a entrevista, o exame físico e o prontuário do 
paciente, o enfermeiro deve escolher e direcionar o instrumento para conseguir 
extrair o máximo de dados para identificar as necessidades em saúde individuais, 
familiares e grupais. (TAYLOR et al., 2014) 
 
41 
 
 
Em sua totalidade, após a coleta dos dados, é preciso que estes sejam 
validados. A validação se refere à certeza que o enfermeiro deve ter em relação ao 
significado das informações coletadas. Isto se dá por meio, por exemplo, do 
envolvimento do paciente no processo de investigação ao questioná-lo em relação 
à medida da sua pressão arterial sistêmica ou sobre o seu peso de rotina 
(DIAGNÓSTICOS, 2018; TAYLOR et al., 2014). 
Outra forma de validar os dados coletados acontece quando o enfermeiro 
se utiliza do conhecimento científico construído acerca do dado coletado 
(DIAGNÓSTICOS, 2018; TAYLOR et al., 2014). 
Um exemplo é quando, diante do resultado alterado de um exame de 
gasometria arterial, o enfermeiro aciona a equipe médica para ajustar a infusão de 
eletrólitos ou os padrões da ventilação mecânica. O enfermeiro pode se utilizar de 
diferentes mecanismos para realizar a validação dos dados coletados, cujo objetivo 
é reforçar ou refutar o resultado alcançado com a entrevista, o exame físico ou a 
consulta ao prontuário do paciente (DIAGNÓSTICOS, 2018). 
Essa postura profissional oportuniza a interpretação correta e, 
consequentemente, a identificação acertada das necessidades em saúde (TAYLOR 
et al., 2014). 
É fundamental, porém, ter o discernimento de que, para alcançar esse 
objetivo, o enfermeiro deve coletar os dados e em seguida agrupá-los de forma 
coerente, a fim de fortalecer determinado evento que necessite de atenção da 
equipe de saúde e, em última análise, contribuir para a validação e a identificação 
das necessidades em saúde e o planejamento do plano de cuidados 
(DIAGNÓSTICOS, 2018). 
 
 
42 
 
17 HISTÓRICO DE ENFERMAGEM 
O histórico de enfermagem constitui-se na “etapa inicial do processo de 
enfermagem é a coleta sistemática de informações, ou dados, com o objetivo de 
identificar problemas reais ou potenciais de saúde”. Esta etapa inicia-se com o 
primeiro contato do enfermeiro com o cliente, devendo ser o contato contínuo 
durante a hospitalização, ou no acompanhamento domiciliar, ou em consultório de 
enfermagem. (TIMBY 2001, P. 36). 
O histórico de enfermagem tem o embasamento científico da teoria de 
motivação humana de Maslow, que posteriormente, foi enriquecida por João 
Mohana, e publicada e divulgada por Wanda Horta, em 1979. (GEORGE et al., 
2000). 
 No entanto, diversas instituições em nosso país, utilizam a teoria das 
necessidades humanas básicas (NHB), que foi aprimorada à luz de Maslow para 
estruturar a primeira etapa do processo de enfermagem. A teoria NHB descreve as 
necessidades que garante ao indivíduo o equilíbrio saúde-doença, sendo 
considerada a saúde física e mental. (GEORGE et al., 2000). 
As NHB são classificadas como psicobiologias, psicossociais e 
psicoespirituais. Entre as necessidades psicobiologias, destacam-se: a oxigenação; 
a hidratação; a nutrição; a eliminação; o sono e repouso; o exercício e as atividades 
físicas; a sexualidade; o abrigo; a mecânica corporal; a motilidade; o cuidado 
corporal; a integridade cutâneo-mucosa; a integridade física; a regulação térmica; a 
regulação hormonal; a regulação neurológica; a regulação hidrossalina; a regulação 
eletrolítica; a regulação imunológica; o crescimento celular; a regulação vascular; a 
locomoção; a percepção olfativa; a percepção visual; a percepção auditiva; a 
percepção tátil; a percepção gustativa; a percepção dolorosa; o ambiente; e a 
terapêutica”. (HORTA, 1979). 
 
 
43 
 
 
 As necessidades psicossociais são descritas a partir do entendimento de 
que o homem é essencialmente gregário, e que surge de uma série de atitudes com 
o fim de satisfazer suas necessidades como ser social, são elas: a segurança, o 
amor, a liberdade, a comunicação, a criatividade, a aprendizagem – educação à 
saúde, a gregária, a recreação, o lazer, o espaço, a orientação no tempo e espaço, 
a aceitação, a auto realização, a autoestima, a participação, a autoimagem e a 
atenção. (HORTA, 1979). 
Já as necessidades psicoespirituais estão relacionadas à religiosidade, a fé 
ou a filosofia de vida, podendo o indivíduo ser também, um incréu. (TAYLOR et al., 
2014) 
 A anamnese de enfermagem é entendida como um 
“... roteiro sistematizado para o levantamento de dados que sejam significativos para 
o enfermeiro, do paciente, família ou comunidade, a fim de tornar possível a 
identificação dos seus problemas de modo a, em os analisando adequadamente, 
chegar ao diagnóstico de enfermagem”. (HORTA apud POSSARI, 2005, p. 92). 
 Para Daniel apud Possari (2005, p. 92) a anamnese “... consiste no 
levantamento sistemático de informações do paciente, família e comunidade e 
observações adquiridas através do exame físico do paciente”. E o Conselho Federal 
de Enfermagem complementa que é “... conhecer hábitos individuais e 
biopsicossociais visando à adaptação do paciente à unidade de tratamento, assim 
como a identificação de problemas”. (POSSARI, 2005, p. 92). 
 Portanto, a anamnese de enfermagem é a entrevista que o enfermeiro 
realiza no momento da admissão do cliente na unidade hospitalar, numa visita 
domiciliar ou consulta de enfermagemcom a pessoa idosa e/ou acompanhante. 
Para o sucesso de uma boa anamnese deve-se procurar um local tranquilo, sem 
interrupções de terceiros e que assegure a privacidade do idoso. Salienta-se que o 
indivíduo em processo de envelhecimento pode apresentar perdas auditivas e 
visuais que podem comprometer essa etapa do processo de enfermagem. Portanto, 
averigue se existe esse declínio sensorial e se o idoso traz com ele próteses que 
 
44 
 
facilitarão a comunicação. (BARROS et al., 2003). 
 Lembre-se de falar pausadamente e em bom tom; evite gritar alto; e chame 
o indivíduo idoso pelo nome. A entrevista deve ser realizada num local que 
oportunize a privacidade do cliente, seja numa sala de avaliação clínica, ou a beira 
do leito de uma enfermaria, desde que utilize um biombo para tentar minimizar as 
interrupções de outro cliente que está na mesma enfermaria ou quarto. (ANDRIS et 
al., 2006; BARROS et al., 2003). 
 A anamnese de enfermagem é a coleta de informações por meio do 
discurso do idoso e/ou acompanhante com o enfermeiro. As perguntas surgem a 
partir das seguintes informações que necessitam ser questionadas, no que se 
refere: a identificação da pessoa, de como gostaria de ser chamada, de avaliar 
documentos e exames, de utilizar um roteiro sistematizado para obter informações 
sobre: a queixa principal; o motivo da internação, a história da doença atual; a 
história da doença pregressa da clínica, da cirúrgica e da psiquiátrica; a história de 
saúde familiar; o consumo de medicamentos, tabaco, álcool e drogas; a imunização; 
e o relato dos sistemas e aparelhos agregando o comportamento social, tais como: 
o sono e repouso, a alimentação, a hidratação, as eliminações, entre outros. 
(BARROS et al., 2004). 
Salienta-se que para avaliar os sistemas e aparelhos pode ser utilizada a 
Teoria das Necessidades Humanas Básicas (NHB) de Horta (1979) para melhor 
organização do roteiro sistematizado. 
 
 
 
45 
 
18 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS 
18.1 Entrevista 
A entrevista é um instrumento potente para investigar as necessidades em 
saúde, que não se referem ao diagnóstico médico — o qual se atém a identificar o 
processo patológico presente —, e propor uma intervenção voltada para a cura ou 
o manejo da doença (TAYLOR et al., 2014). 
Quando o enfermeiro se utiliza da entrevista com o paciente, ele busca 
identificar problemas de saúde reais ou potenciais, pois estes não estão centrados 
única e exclusivamente no manejo dos agravos biológicos e compreendem uma 
parte da existência humana. (TAYLOR et al., 2014) 
A entrevista com o paciente deve ser direcionada a partir do motivo da 
busca por atendimento em um serviço de saúde (TAYLOR et al., 2014). 
Essa preocupação é relevante, desde que a entrevista esteja centrada 
naquilo que faz sentido para o paciente e para o enfermeiro. Com isso, são evitados 
questionamentos evasivos, perda de tempo e geração de expectativas que não 
serão atendidas. Veja a seguir algumas perguntas direcionadoras de uma entrevista 
que se baseia na queixa do paciente. 
 Quais são os seus sintomas? 
 Quando esses sintomas começaram? 
 Você estava fazendo algo diferente quando os sintomas começaram? 
 O que piora esses sintomas? 
 O que melhora esses sintomas? 
 Você está tomando algum medicamento? 
A entrevista é um instrumento fundamental para concretizar a etapa de 
coleta de dados, pois visa a identificar as necessidades em saúde do paciente. 
Porém, ela também pode ser utilizada com os familiares ou rede de apoio do 
paciente, ou com outros profissionais da saúde que estão envolvidos no processo 
 
46 
 
de cuidar. Isto demonstra a relevância do enfermeiro se apropriar da entrevista e 
utilizá-la na prática cotidiana dos serviços de saúde (TAYLOR et al., 2014). 
A entrevista é composta por quatro etapas: preparação, apresentação, 
realização e finalização (TAYLOR et al., 2014). 
1. Etapa de preparação: o enfermeiro se prepara para fazer a entrevista 
com o paciente, o que consiste em ler o prontuário, analisar os exames 
complementares realizados, discutir o caso com outros membros da equipe de 
saúde (caso necessário) e cuidar do ambiente em que a entrevista será realizada, 
ou seja, ter um cuidado quanto à privacidade, ao conforto e à criação de vínculo 
com o paciente. 
2. Etapa de apresentação: o enfermeiro se aproxima do paciente, faz a sua 
apresentação e estabelece as regras dessa interação junto a ele. 
3. Etapa de realização: o enfermeiro realiza a entrevista e organiza os dados 
coletados que o subsidiarão para identificar os diagnósticos de enfermagem. 
4. Etapa de finalização: o enfermeiro finaliza a entrevista informando isto ao 
paciente. É nesse momento que se resgata a criação de vínculo. 
Durante a entrevista, o enfermeiro irá coletar diferentes dados visando a 
compor a história de enfermagem, que deve conter o perfil do paciente, o motivo, a 
cultura, os medicamentos em uso, o histórico do paciente, as necessidades 
específicas e a rede de apoio. (DIAGNÓSTICOS..., 2018; TAYLOR et al., 2014). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
47 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18.2 Exame físico 
O exame físico é um instrumento de coleta de dados objetivos. Por meio 
dele, o enfermeiro analisa a condição clínica do paciente e busca por agravos que 
demandam intervenções (DIAGNÓSTICOS..., 2018; TAYLOR et al., 2014). 
Para a realização do exame físico, é mandatório que o enfermeiro tenha 
antes realizado uma entrevista com o paciente e/ou familiares/acompanhantes. 
Essa medida busca direcionar a prática investigativa para realizar o exame físico. 
Para realizar o exame físico, o enfermeiro deve dominar os métodos propedêuticos, 
que são inspeção, ausculta, percussão e palpação. (TAYLOR et al., 2014) 
 
 
 
 
48 
 
 
 
Para que o processo de investigação ocorra de forma satisfatória, o 
enfermeiro deverá dominar os métodos propedêuticos apresentados junto (se 
necessário) à investigação pormenorizada de outros segmentos corpóreos, como, 
por exemplo, quando se realiza uma avaliação neurológica, a qual exige do 
enfermeiro competências específicas quanto ao uso de técnicas para a sua 
execução. (TAYLOR et al., 2014) 
18.3 Prontuário do paciente 
O prontuário é outro instrumento potente para a coleta de dados, pois 
contém todos os registros dos cuidados realizados com esse paciente 
(DIAGNÓSTICOS..., 2018; TAYLOR et al., 2014). 
Isto significa que o enfermeiro, ao fazer uso do prontuário, terá acesso às 
anotações dos demais profissionais e aos resultados de exames complementares, 
como a dosagem de potássio e de enzimas cardíacas, os fatores de coagulação, os 
 
49 
 
exames de imagem que auxiliam o diagnóstico médico, entre outros. (TAYLOR et 
al., 2014) 
No prontuário do paciente, o enfermeiro poderá consultar a história médica, 
o exame físico, as consultas realizadas e os resultados e os laudos dos exames 
complementares, bem como as anotações das condutas dos demais profissionais 
que compõem a equipe multiprofissional. (TAYLOR et al., 2014) 
18.4 Métodos de coleta de dados 
Para a coleta de dados, a entrevista, o exame físico e o prontuário do 
paciente, o enfermeiro deve escolher e direcionar o instrumento para conseguir 
extrair o máximo de dados para identificar as necessidades em saúde individuais, 
familiares e grupais. (TAYLOR et al., 2014) 
Em sua totalidade, após a coleta dos dados, é preciso que estes sejam 
validados. A validação se refere à certeza que o enfermeiro deve ter em relação ao 
significado das informações coletadas. Isto se dá por meio, por exemplo, do 
envolvimento do paciente no processo de investigação ao questioná-lo em relação 
à medida da sua pressão arterial sistêmica ou sobre o seu peso de rotina 
(DIAGNÓSTICOS..., 2018; TAYLOR et al., 2014). 
Outra forma de validar os dados coletados acontece quando o enfermeiro 
se utiliza

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