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DESENHO DE OBSERVAÇÃO Aulas 1 ao 6

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DESENHO DE OBSERVAÇÃO 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof Péricles Varella Gomes 
 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Com certeza uma da maneiras mais importantes de comunicação humana 
é o desenho de observação. Esta disciplina vai permitir ao estudante aprender a 
desenhar, a partir da observação objetiva do mundo concreto à nossa volta. 
Habilidade essencial para a carreira do designer (designar = desenhar), 
saber se expressar visualmente é fator determinante no sucesso desta 
fascinante carreira. Esta disciplina tem o propósito de dismistificar essa 
importante habilidade, por meio de uma abordagem prática, objetiva e inovadora. 
Nesta aula, vamos contextualizar o desenho de observação e demonstrar 
que todos podem desenhar, com o devido investimento em tempo e disciplina, 
bem como apresentar os materiais mínimos necessários para tal. Vamos iniciar 
as atividades práticas… rabiscando! Nada mais divertido do que rabiscar sem 
medo de errar, até porque um rabisco é apenas um rabisco, certo? 
Além disso, vamos falar um pouco sobre a percepção visual (o olhar) e 
também comparar nosso olho humano com uma máquina fotográfica e entender 
como fotografar e desenhar são habilidades muito parecidas. 
Seja muito bem-vindo à nossa disciplina de desenho de observação. 
CONTEXTUALIZANDO 
Desde as cavernas de Lascaux na pré-história, os seres humanos 
demonstravam a necessidade de se expressar visualmente em imagens 
bidimensionais. O desenvolvimento da humanidade está diretamente conectado 
ao desenvolvimento da sua capacidade simbólica e, portanto, da capacidade de 
desenharmos de maneira objetiva as nossas ideias e projetos. O ditado “uma 
imagem vale mais do que mil palavras” indica a importância do desenho quando 
se quer comunicar uma ideia criativa. 
 
 
 
 
Figura 1 – Desenhos rupestres pré-históricos 
 
Crédito: Thipjang/Shutterstock. 
O desenho como forma de expressão de ideias concretas e abstratas está 
presente em todas as civilizações humanas, mas é a partir do Renascimento que 
essa habilidade fica mais sofisticada, com o aparecimento da perspectiva. Nossa 
disciplina de desenho de observação vai focar no aspecto objetivo dessa 
habilidade: o ato concreto de materializar numa folha de papel em duas 
dimensões o mundo real que nos cerca! 
Portanto, não vamos abordar o desenho ARTÍSTICO (este mais subjetivo e 
complexo) nesta disciplina. Essa distinção é fundamental para entender que a 
habilidade do desenho a ser desenvolvida é comparável ao ato de escrever. 
Todos que ingressam num curso superior sabem ler e escrever (ainda que não 
sejam poetas e romancistas). Vale o mesmo raciocínio para o desenho de 
observação. TODOS nós somos capazes de desenhar, se soubermos observar 
de VERDADE aquilo que desejamos desenhar. Simples assim! 
Nesta aula vamos iniciar esta incrível aventura de olhar… e desenhar. 
TEMA 1 – TODOS PODEMOS DESENHAR 
Você provavelmente não se lembra mais. Mas aprender a caminhar aos 
2 ou 3 anos de idade foi um grande desafio. Para todos nós foi, e, no entanto, 
você hoje não só caminha muito bem, mas corre, anda de bicicleta, e faz isso 
com a maior naturalidade, nem pensa mais. Várias habilidades que adquirimos 
no nosso desenvolvimento motor e/ou cognitivo são assim. Parecem muito 
difíceis, mas depois a gente nem se lembra mais do processo e do esforço que 
foi para aprendê-los. 
 
 
 
E desenhar é exatamente a mesma coisa. E o melhor de tudo é que você 
não vai correr nenhum risco de se machucar! Mais seguro do que tirar selfies 
com o seu telefone celular. 
O importante nesse processo é estar motivado e disposto a arriscar, e 
começar logo a rabiscar! Você precisa estar também confiante que pode 
desenhar. Só um pequeno detalhe: desde que tenha o tempo e a disciplina para 
tal. 
Então, por favor, pense assim: “Eu não sei desenhar, mas estou com 
muita vontade de aprender”. Vamos começar? 
1.1 Você consegue desenhar! Use seu lado direito do cérebro! 
Agora que já estamos motivamos para aprender a desenhar, vamos 
entender um pouco de como o cérebro humano funciona, naquilo que diz 
respeito à percepção visual. Betty Edwards, em seu livro Desenhando com o 
lado direito do cérebro (leitura imprescindível para quem quer aproveitar esta 
disciplina), assim descreve o processo de aprender a desenhar: 
Você tem dois “cérebros”: um esquerdo e um direito. Os estudiosos do 
cérebro atualmente sabem que o cérebro esquerdo é o verbal e 
racional; ele pensa em série e reduz o raciocínio a números, letras e 
palavras. O seu cérebro direito é não verbal e intuitivo; ele pensa em 
padrões, ou imagens, compostas de “coisas inteiras”, e não 
compreende reduções, sejam números, letras ou palavras. 
Assim sendo, o grande desafio será desligar” o lado esquerdo do cérebro 
e “ligar” o seu lado direto. Alguns conseguem fazer essa troca rapidamente e 
começam a desenhar de maneira surpreendente. 
Na verdade, precisamos que você “veja com outros olhos” aquilo que você 
sempre viu. De agora em diante, precisamos que você comece a PERCEBER de 
verdade. OBSERVAR atentamente. De preferência, pare de falar, para de teclar 
ao telefone, pare, até mesmo, de escutar música por um momento. OLHE de 
verdade e se concentre, por exemplo, numa cadeira à sua frente. Fique olhando 
por cerca de 3 minutos! Pronto, talvez você já esteja usando o lado direito do 
cérebro. O resto é fácil, basta agora aprender a rabiscar. 
Veja os exemplos a seguir de desenhos de uma cadeira. A Figura 2 
representa alguém desenhando com o lado esquerdo do cérebro. A Figura 3 
seria de alguém desenhando como lado direito do cérebro. Qual a diferença 
entre os dois? 
 
 
 
 
 
 
Figura 2 – Cadeira geométrica 
 
Crédito: Attaphong/Shutterstock. 
Figura 3 – Cadeira artística 
 
Crédito: Les Perysty/Shutterstock. 
O primeiro desenho é um desenho milimetricamente racional, com régua, 
um desenho técnico, demorado e com forte apelo matemático (cérebro 
esquerdo). 
O segundo desenho é um croqui, rabiscado, feito à mão livre, respeitando 
aquilo que o olho humano de fato enxerga quando alguém está desenhando uma 
cadeira ao vivo (cérebro direito). 
 
 
 
 O nosso objetivo nesta disciplina é que você consiga desenhar à mão 
LIVRE, buscando em poucos minutos rabiscar uma cadeira como a do lado 
DIREITO, demonstrado acima. 
1.2 Você não precisa ser um artista! Mas dê férias para o seu cérebro 
esquerdo! 
Vamos fazer agora um importante esclarecimento: não queremos fazer 
de você um artista nesta disciplina. Já falamos no início desta aula que todos 
podemos ler e escrever, ainda que não sejamos poetas ou escritores. 
Então, pretendemos ajudar você aprender a desenhar, da mesma 
maneira que alguém ajudou você aprender a escrever na sua infância. Só que 
faremos isso em poucas semanas. Basta você querer aprender. Por que é 
importante essa distinção? Porque não vamos tratar de aspectos subjetivos do 
desenho, apenas regras bem simples e objetivas. Até porque você está 
matriculado num curso superior de Design. E uma definição de design seria 
resolver problemas. 
Voltemos ao exemplo da cadeira acima. Van Gogh (que não vendeu um 
quadro sequer em vida) pintou uma cadeira, que ficou famosa. Veja o quadro a 
seguir. Trata-se de uma pintura a óleo. Com certeza você já viu esta imagem. 
Nela Van Gogh quis exprimir suas contradições artísticas e talvez seus 
problemas mentais. Hoje este quadro vale uma fortuna, mas o artista morreu 
pobre. Não queremos você pintando quadros. Queremos você apenas fazendo 
croquis muito bons, e que sirvam para comunicar simplesmente uma ideia 
projetual sua. 
 
 
 
Figura 4 – Van Gogh: cadeira e cachimbo, óleo sobre tela 
 
Crédito: GOGH, V. Cadeira de Van Gogh,1888. 
Assim sendo, vamos concentrar nossas energias nestas semanas em 
desenhar a lápis, em papel, aprender o A, B, C básico do desenho de 
observação, simplificando nossa trajetória, e mais importante,dismistificando 
que artistas nascem sabendo desenhar, e que apenas alguns poucos iluminados 
têm talento para o desenho de observação. Se você consegue ler (e escrever) 
você também consegue observar e desenhar. 
Uma última observação ainda o respeito do desenho. Alguns croquis 
acabam indo parar em museus, por serem de pessoas famosas que 
desenhavam para projetar (prédios, cadeiras, quadros, cidades ou carros). 
Querem alguns nomes? Leonardo da Vinci, Michelangelo, Oscar Niemeyer, 
Elgson Gomes, Poty, Le Corbusier, Sergio Rodrigues, e muitos outros. Nos 
croquis de Oscar Niemeyer para o projeto da catedral de Brasília ele rabiscou 
várias versões, sem se preocupar em mostrar detalhes. Trata-se de um 
pensamento visual, feito com o lado direito do cérebro! 
 
 
 
 
Figura 5 – Croquis de Leonardo da Vinci 
 
Crédito: Kwirry/Shutterstock. 
TEMA 2 – OLHAR DE VERDADE 
Olhar parece ser tão fácil que todos olhamos o tempo todo, para tudo, 
desde o momento em que nascemos. À medida que crescemos, vamos 
aprendendo a olhar e a entender o mundo. O olhar sem dúvida domina as nossas 
percepções sensoriais, e por meio do olhar entendemos o mundo. 
Antes de ir para a escola, crianças adoram desenhar livremente, e sem 
medo de errar, tudo o que veem. Desenhos de crianças de 3 a 5 anos são, sem 
dúvida, maravilhosos (principalmente aos olhos dos pais…). Quando entramos 
na escola, na esmagadora maioria das vezes, iniciamos um processo de 
DESAPRENDER a olhar. As nossas professoras nos incentivam a desenhar um 
vocabulário visual “infantil”, que na verdade estraga a nossa percepção. 
Raramente, enquanto crianças têm bons professores de arte-educação. 
 
 
 
 
Figura 6 – Desenho infantil 
Fonte: o autor. 
À medida que avançamos no ensino médio, cada vez mais nossa 
habilidade para desenhar vai sendo corroída e deixada de lado. Aprendemos a 
ler, escrever, fazer contas, tabuada. Desenhar passa a ser um talento menor. E 
então, entramos na universidade… 
Pois é, agora estamos na universidade, e ainda desenhamos como 
crianças de 7 anos de idade. O que aconteceu nesse período? Tiramos fotografia 
o tempo todo, portanto, sabemos olhar. Mas não sabemos desenhar. O que 
aconteceu, afinal? 
Neste bloco vamos entender melhor como reverter esse importante 
fenômeno educacional. Alguns gostam de acreditar que as pessoas que sabem 
desenhar já nascem com esse talento. Pensam que não adianta tentar adquiri-
lo, pois se você não nasceu com ele, jamais poderá desenvolvê-lo. Tudo isso se 
trata de um grande equivoco, acredite! 
2.1 Você olha com as mãos? 
Essa frase todos já ouvimos várias vezes, com conotação negativa. Na 
verdade a gente olha, sim, com as mãos! Quando alguém que sabe desenhar 
de verdade faz um desenho incrível, está olhando com as mãos. A mão com o 
lápis deve SEMPRE estar conectada com o olho que observa. Uma técnica 
 
 
 
bastante comum em aulas práticas consiste em fazer estudantes desenhar SEM 
olhar para o papel, olhando tão somente para o objeto à sua frente. 
Uma frase sintetiza este conceito: Você não desenha o desenho, você 
desenha o objeto! Portanto, de agora em diante, quando for desenhar algo, 
passe 80% do tempo olhando o objeto e apenas 20% do tempo olhando o papel. 
Você vai se surpreender com a mudança na qualidade dos seus desenhos. 
Figura 7 – Exemplo de desenho feito apenas olhando para o objeto 
 
Fonte: o autor. 
No desenho acima, você percebe a diferença na qualidade de um 
desenho usando a técnica descrita. É fundamental você iniciar imediatamente 
esse processo de ver com as mãos. Talvez você queira colocar um pano 
cobrindo a sua mão e o papel, para não cair na tentação de “colar”. 
Alunos de artes plásticas que aprendem escultura compreendem bem 
esta ideia. Mas designers também gostam de fazer maquetes e protótipos. 
Então, de agora em diante, não se sinta mais constrangido em olhar com as 
mãos. 
TEMA 3 – MATERIAIS PARA DESENHO 
 Por um lado, a boa notícia é que vamos gastar muito pouco dinheiro em 
material de desenho. Além do bloco de papel, você vai precisar apenas comprar 
dois lápis e uma borracha. O mais interessante nessa habilidade é o quão 
simples será manusear essas ferramentas e materiais. 
 Não vamos usar lápis de cor, aquarela, computador, tinta acrílica. Vamos 
usar papel, lápis, uma borracha e uma caneta (qualquer caneta). 
 
 
 
 Por outro lado, a má notícia é que seu esforço e sua dedicação, bem como 
o tempo dedicado, serão os fatores determinantes na sua aprendizagem. 
Desenhar não é complicado nem caro. Então, vamos aos materiais de desenho 
que você precisa providenciar. 
3.1 O papel 
Como já definimos anteriormente, desenhar seria o ato de representar o 
mundo 3D em uma superfície 2D, no caso, uma folha de papel. Vamos então 
falar sobre o suporte do desenho por excelência, ou seja, o papel. Claro que 
podemos desenhar nas paredes (coisa que toda criança adora fazer), podemos 
desenhar em tecido, em lixa, mas 99% das vezes faremos isso em papel. 
Figura 8 – Exemplo de papel com desenho a lápis mole 
Fonte: o autor. 
Essencialmente, são dois aspectos que importam nesse quesito. O 
tamanho a folha e a textura do papel. A textura você sente ao tatear uma folha. 
O papel pode ser liso ou áspero, e, claro, existem variações entre esses dois 
extremos. Para o desenho de observação que vamos desenvolver aqui, quase 
sempre a lápis de desenho artístico, vamos optar por papel de textura 
intermediária. 
 Quando o papel é muito liso, o atrito entre o grafite e a superfície fica 
insuficiente para um traço de qualidade, natural. Quando o papel é muito áspero, 
você vai gastar a ponta do lápis muito rapidamente e terá de apontá-lo o tempo 
todo. Portanto, um papel de textura intermediária seria o ideal. As papelarias 
vendem papel Canson para desenho artístico. Compre um bloco de gramatura 
média (120 g a 160 g), tamanho A3, de papel Canson. Não é um papel caro. Mas 
 
 
 
seria importante que a folha fosse espessa o suficiente para não ter nenhuma 
transparência, o que vai permitir você desenhar em ambos os lados dela. 
O outro aspecto seria o tamanho do papel. Resumidamente, papel é 
vendido em tamanhos que variam de A0 até A6. Veja a figura a seguir. Vamos 
trabalhar com papel A3. Para ter uma referência, o A4 seria o papel de carta. 
Portanto, o formato A3 tem o dobro do tamanho do A4. 
Figura 9 – Tamanhos de papel 
 
3.2 Lápis – E talvez uma borracha 
 Agora que já sabemos onde vamos desenhar, resta saber com o que se 
desenha. O lápis será a nossa ferramenta de trabalho. Vamos usar basicamente 
um tipo apenas de lápis. Lápis preto 4B, ou mais alto 5B, 6B, etc. 
Figura 10 – Tipos de lápis 
 
Crédito: Ekaterina_Minaeva/Shutterstock. 
Para entender qual a diferença entre essas categorias, pense assim: 
quanto mais alto o B, mais grafite e mais mole o lápis fica. Para nosso curso, não 
queremos lápis HB, H, ou outros. Precisamos de lápis que sejam bons em deixar 
 
 
 
um traço sem ter que apertar a mão, e também fácil de fazer sombras. Não 
usaremos lapiseira de desenho técnico. Eventualmente, vamos usar caneta, mas 
qualquer caneta serve, até dessas que você ganha de brinde. 
Além do lápis, você vai precisar de uma borracha mole para desenho 
artístico – uma borracha vai ser suficiente, porque vamos tentar evitar apagar o 
desenho ao máximo. No final do curso, você poderá jogar até fora a sua 
borracha. Essencialmente, seria como fotografar. Quando você fotografa, você 
não fica apagando a sua foto. Se você não gosta, faz outra foto. Use o mesmo 
raciocínio para os seus desenhos. Não gostou? Então faz outro, e outro e outro, 
até ficar bom. 
TEMA 4 – RABISCANDO SEM MEDO 
Chegou a hora de começar a desenhar. Vamos, primeiramente, apenas 
entender melhor a relação entre o lápis e o papel. Apenas rabiscar, sem 
nenhuma pretensão de representar nada. A sua mão deve estar totalmente livre 
e descontraída. 
A ideiaaqui seria basicamente se permitir “gastar” papel para entender 
melhor como acontece o traço, elemento básico de qualquer desenho. 
Queremos que você rabisque uma folha em branco, pode até telefonar para 
alguém e ficar rabiscando enquanto fala! Assim, não vai se preocupar tanto em 
errar ou acertar. Até porque não há nada a perder. Apenas uma folha de papel. 
Aposto que você já fez isso muitas vezes – falar ao telefone longamente e 
rabiscar sem pretensão. 
Então vamos lá. Vamos sentir o lápis atritando o papel. Não pense muito 
no que vai desenhar. Aliás, não pense nada. Apenas rabisque, de todas as 
formas possíveis e imagináveis. Não tente fazer uma linha reta. Nem tente fazer 
um círculo perfeito. Mas preencha esta folha de papel plenamente. Se quiser, 
use outra folha de papel. Ou o outro lado da mesma folha, tanto faz. Gaste cerca 
de 15 minutos nesta atividade. Veja a figura abaixo, mas não a copie. Apenas se 
inspire nela. Mas por favor, não apague nada. 
 
 
 
 
Figura 11 – Rabiscos aleatórios 
Fonte: o autor. 
4.1 Traçando… o traço, sem medo de errar 
Agora que você já iniciou a aventura de rabiscar livremente a lápis, 
gostaríamos de fazer uma comparação lúdica, mas que vai ajudar você entender 
como o desenho JÁ faz parte da sua vida, sem você perceber. 
Figura 12 – Desenho em areia na praia de Péricles Gomes, 2019 
 
Fonte: o autor. 
Esse desenho foi feito em menos de 1 minuto na areia da praia, com um 
pedaço de bambu. Perceba que você reconhece uma bandeira! A areia da praia 
 
 
 
seria o papel e o bambu seria o lápis. Nada foi apagado, e, no entanto, ficou 
muito bem desenhado, não acha? Claro que logo que eu tirei a foto o mar veio e 
apagou o desenho. Mas eu fui mais rápido que a “borracha do Oceano Atlântico”. 
Confesso que não estava trabalhando neste momento, estava vindo de 
uma festa no domingo, às 6 horas da manhã, e resolvi desenhar na areia. Veja 
que eu “errei” o retângulo, e então eu rabisquei por cima para melhorar. Tudo 
não passou de um croqui efêmero que o meu celular imortalizou para vocês 
poderem aprender a não ter medo de rabiscar. 
4.2 Os tipos de traço e à mão livre! 
Podemos classificar os traços em algumas categorias principais. Mas 
antes vale alertar que o maior perigo para o principiante seria a tentação de usar 
regra para desenhar, já que não confia na sua habilidade. Por favor, não caia 
nesta tentação. Ninguém nasce sabendo desenhar. A régua e esquadros não 
são seus amigos neste curso. Eles são seus piores inimigos. Seriam como 
muletas ou mesmo aquelas rodas auxiliares que as crianças usam para aprender 
a andar de bicicleta. 
Figura 13 – Tipos de traço 
Fonte: o autor. 
 
 
 
Os traços podem ser divididos nas seguintes categorias, de maneira bem 
simplificada: 
• Traços contínuos retos (vertical horizontal ou oblíquo). 
• Traços circulares (círculos, elipses e afins). 
• Traços irregulars. 
• Traços intermitentes. 
• Traços sobrepostos (texturas ou hachuras). 
Cada estudante vai desenvolver durante a sua carreira de designer o seu 
próprio traço. Isso leva certo tempo. Mas, no decorrer dos estudos universitários, 
você vai cada vez mais ter a sua própria identidade nos seus traços, nos seus 
desenhos, nos seus croquis. Seria como a sua caligrafia, sua assinatura. Veja 
que algumas pessoas assinam “rabiscando”. Por que assinamos documentos? 
Porque sua assinatura é um traço único, só seu, e, portanto, bastante difícil de 
falsificar. 
Pense nisso de maneira criativa e abrangente. Analise a sua assinatura. 
Talvez você queira fazer um redesign dela. Rabisque a sua assinatura várias 
vezes numa folha de papel e crie novas versões. Você estará praticando 
desenho e estará também já criando um novo design. O design de sua 
assinatura: um rabisco com muito estilo e classe. 
Figura 14 – Assinatura de Pericles Gomes 
 
Fonte: o autor. 
TEMA 5 – O DESENHAR E O FOTOGRAFAR 
Vamos tratar agora de duas atividades muito parecidas e muito diferentes. 
Uma delas tornou-se tão corriqueira, que a cada dia que passa você cria várias 
 
 
 
imagens, sem nenhum esforço: Fotografar! Grafar com fótons! A outra seria 
desenhar com lápis. Seria então, digamos, grafitar com átomos? Quando você 
fotografa com o seu celular, você na maioria das vezes nem pensa no que está 
fazendo. Nem olha. Apenas aperta o botão e PRONTO! 
“Então, para que aprender a desenhar, se eu já sei fotografar?”, pensou 
vocêê neste momento. Cuidado com esse pragmatismo enganoso. Primeiro, 
porque talvez você não saiba fotografar. Você apenas sabe fazer selfies… 
Segundo, porque saber desenhar é como saber escrever. Tão importante 
quanto. E, por último, você também precisa aprender a FOTOGRAFAR. 
Desenhar vai ensinar você de fato observar, não apenas olhar. O ato de 
observar cuidadosamente uma cena ou objeto e transmitir para uma folha de 
papel vai exigir de você um esforço concentrado e criterioso de entender o que 
está na sua frente. Quando você desenha, você precisa criticamente estabelecer 
relações de tamanho, de quantidade de luz e sombra e de espaços entre as 
partes que compõem a cena. Você tem de escolher quais detalhes são 
importantes e quais são supérfluos no seu croqui. Lembre-se de que um croqui 
não deve levar mais do que 10 a 15 minutos para ser feito. Você não está 
fotografando, está apenas desenhando… Assim como quando o “clic” da 
máquina fotográfica acontece, seu croqui deve ser um instantâneo no tempo. 
Uma importantíssima diferença entre desenho e fotografia, no entanto, é 
que no desenho você tem que decidir o que entra e o que fica fora dele. Na 
fotografia o seu celular faz essa redução dos detalhes por você. Portanto, você 
tem mais poder de decisão ao desenhar. 
Um último conselho: não desenhe a partir de fotos, pois, se assim o fizer, 
nunca vai aprender a observar o mundo que você precisa desenhar. Simples 
mas complicado, não acha? 
5.1 Fotografar você já sabe… ou não sabe? 
Tudo começa no olho. No seu olho, melhor dizendo. Você tem dois olhos 
para melhor ver. Sua visão, mesmo que com óculos, é extraordinária. Agora, só 
falta você olhar de verdade, antes de apertar o gatilho da sua máquina fotográfica 
(ou celular). Mais importante do que ter uma Nikon profissional ou o iPhone mais 
recente é sua capacidade de olhar e pensar antes de disparar. 
 
 
 
Antes da fotografia digital, fotografar com filme era relativamente caro, e 
não dava para ver a foto antes de mandar o filme para revelar. Então, era preciso 
caprichar ainda mais e observar com critério, para não gastar filme. Isso mudou 
completamente na era do telefone celular, não é mesmo? 
Antes de dar algumas dicas sobre como fazer melhores croquis, vamos 
falar brevemente sobre a história da fotografia. Ela nasceu no século XV, no 
Renascimento italiano (a parte física), foi aperfeiçoada no século XIX na França 
(a parte química), e no século XXI (a partir dos EUA) ela invadiu tudo e todos (a 
parte digital). Quem fotografa bem já tem meio caminho andado na direção de 
desenhar bem. Cartier-Bresson, um dos maiores fotógrafos que já existiu, no 
final da sua vida, parou de fotografar para apenas desenhar. 
Figura 15 – Exposição de fotos de Cartier-Bresson em Milão, 2007 
 
Crédito: ©CC-20/Maurizio Zanetti. 
A fotografia reinventou a pintura e depois da Segunda Guerra Mundial 
virou arte (ainda mais na versão em preto e branco). Aliás, seria ótimo pensar 
fotografia no nosso contexto, somente em tons de cinza, já que só vamos 
desenhar com lápis preto. A essência do desenho é cinza. A cor para o iniciante 
só atrapalha. Ao experimentar fotografar para a nossa disciplina, aconselhamos 
você pensar em preto e branco ou transformar suas fotos em preto e branco, 
quando elas forem coloridas. 
Tudo começa e termina na luz. Sem luz (e sombra) não existe fotografia. 
Qualquer tipo de luz serve. Mas você precisa começar a prestar atenção nas 
fontes de luz quandofor fotografar. Além da luz, temos outros pontos que são 
fundamentais na arte de fotografar: 
 
 
 
• Luz e Sombra: cuide da luz para sua foto ter mais qualidade e 
profundidade. Lembre que o flash não é o seu melhor recurso, e deve ser 
poupado. 
• Enquadramento: observe e decida o que você deixa de fora e o que você 
considera importante incluir no campo visual. 
• Equilíbrio: tente equilibrar a composição, sem exagerar na simetria 
visual. Uma fotografia equilibrada leva em conta o peso visual dos 
elementos que a compõem. 
• Proporção e regra dos terços: imagine um grid de 3X3 e enquadre os 
pontos mais importantes da sua imagem usando esse grid. Você vai se 
surpreender. 
• Forma e Fundo: cuidado com fundos muito congestionados. Sempre que 
possível, busque um fundo neutro ou desfocado para melhorar o objeto 
principal. 
• Perspectiva: boas fotos levam em consideração a profundidade do 
espaço e a perspectiva da cena em questão. Tente achar a linha do 
horizonte como referência. 
• Simplicidade: em arte, design e arquitetura, menos é mais. Simplifique 
ao máximo a sua composição fotográfica. 
Em essência, comece agora a praticar a fazer fotos mais elaboradas, pois 
isto fará você começar a olhar o mundo com o seu lado direito do cérebro, o 
que vai ajudar você na aprendizagem do desenho. 
5.2 Desenhar você não sabe… mas vai aprender! 
Agora que você compreendeu que fazer selfies e fotografar são 
habilidades bem distintas, vamos discutir um pouco sobre a sua capacidade de 
aprender a desenhar. Seria importante você reconhecer que ainda NÃO SABE 
desenhar, mas QUER APRENDER. 
Sua motivação será o fator mais importante de agora em diante. Você 
escolheu estudar DESIGN, portanto, precisa estar motivado a aprender a 
desenhar. Caso contrário, não conseguira se estabelecer como um profissional 
neste ramo. 
Mas o ato de desenhar deve ser de agora em diante algo divertido e 
empolgante, uma verdadeira aventura visual, na qual você vai se sair muito bem. 
 
 
 
Pense em rabiscar sempre que possível. Se tiver qualquer tempinho sobrando, 
use seu bloco de desenho para captar as coisas que você observa. Pense que 
você está montando seu portfólio visual de aprendizagem. 
Gostaríamos que você fizesse um diário, no qual todo dia você fará ao 
menos três desenhos, qualquer desenho, de cenas do seu cotidiano. Pode ser 
objetos, pessoas, plantas, roupas, casas, carros, mas tudo SEMPRE olhando, 
nada de desenhar de memória ou de imaginação. 
Não critique seus desenhos. Permita-se rabiscar à vontade, não apague 
nada, mas desenhe tudo. Tente desenhar da mesma maneira que você se 
alimenta. Assim, o desenho vai entrar na sua vida e nunca mais vai sair dela. 
Se você conseguir isso, em poucos meses você estará desenhando bem 
o suficiente para se tornar um bom designer, nosso principal objetivo nesta 
disciplina. Desenhar é fácil, e você vai aprender. 
TROCANDO IDEIAS 
O desafio é rabiscar alguns objetos fáceis de desenhar que você tenha 
em sua casa ou utiliza em seu dia a dia. Compartilhe esses rabiscos no fórum 
com seus colegas. 
NA PRÁTICA 
Acompanhe as orientações a seguir para realizar a atividade. 
1. Leia o texto da aula. 
2. Leia a explicação a seguir. 
3. Realize a atividade solicitada. Bons rabiscos e bom trabalho! 
A atividade consiste em você imprimir o dado abaixo, montar o objeto 
(pode usar uma tesoura para recortar e cola ou fita adesiva para colar). Tempo 
médio de execução do protótipo: 15 minutos. Uma vez pronto o dado, você vai 
realizar três croquis desse dado, observando-o (não tente desenhar de 
memória). 
Você deverá desenhar três versões do objeto, a saber: 
1. Desenho de 10 minutos olhando livremente o objeto e o papel. 
2. Desenho de 6 minutos olhando 80% do tempo o objeto. 
 
 
 
3. Desenho de 2 minutos sem olhar o papel (com um pano encima da sua 
mão) 
Finalmente, compare a qualidade dos três desenhos. Verifique as 
diferenças e perceba como você pode mudar a maneira de ver o mundo. 
Figura 16 – Cubo planificado para montar e desenhar 
Fonte: o autor. 
FINALIZANDO 
Nesta aula foram apresentados os princípios, os conceitos e as 
ferramentas do desenho de observação. Estas, se corretamente aplicadas, 
podem trazer benefícios aos estudantes de design, no sentido de poder 
representar visualmente ideias projetuais e criativas e, portanto, formar uma 
sólida base da profissão em questão. 
Foram apresentados os conceitos de desenho e fotografia, de maneira 
bem simples, para propiciar um entendimento cognitivo das técnicas básicas de 
representação bidimensional. Os princípios do rabiscar, base de qualquer 
desenho à mao livre, foi devidamente explicado. 
 
 
 
Foi apresentada também a diferença entre o desenhar e o fotografar, 
sendo que uma faz parte da outra. Ambas começam no seu olho e acabam numa 
folha de papel ou numa imagem digital. 
Conclui-se que as técnicas e as habilidades apresentadas impactam 
positivamente para a carreira do designer, contribuindo, assim, para o 
desenvolvimento da sua habilidade em observar e representar o mundo em seu 
entorno. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
BIRCH, H. Desenhar, truques, técnicas e recursos para a inspiração visual. 
Londres: Gustavo Gili, 2015 
CERVER, F. Desenho para principiantes. Londres: Konneman, 2010. 
CLARKE, L. 40 Tips to take better Photos. PetaPixel. Disponível em: 
<https://petapixel.com/2014/01/24/40-tips-take-better-photos/>. Acesso em: 14 
fev. 2019. 
EDWARDS, B. Desenhando com o lado direito do cérebro. 4. ed. New York: 
Tarcher/Penguin, 2012. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESENHO DE OBSERVAÇÃO 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Péricles Varella Gomes 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Como visto anteriormente, o desenho tem sido uma ferramenta 
poderosa para a expressão do homem ao longo do tempo. Todos podem 
desenhar suas ideias, pois esta forma de expressão é um meio muito 
democrático de comunicação. Parsons (1992) argumenta este papel da arte 
como meio de demonstrar o interior do ser humano: “A arte não se limita a ser 
um conjunto de objetos bonitos, constituindo antes uma das formas de que 
dispomos para articular a nossa vida interior [...] que a arte exprime mais do 
que aquilo que um indivíduo tem em mente num determinado momento”. 
O começo do curso de desenho pode carregar incertezas quanto à 
capacidade artística de cada um, mas o importante é não desistir e praticar 
todas as técnicas e exercícios aqui propostos. 
O desenho de observação (DO) é estabelecido por quatro conceitos 
básicos – enquadramento, volumetria, perspectiva e proporções, e é 
considerado um meio para aquisição do domínio sobre os fundamentos do 
desenho, sobre a percepção visual e sobre o espaço no qual se desenvolve, 
seja bidimensional, seja tridimensional. 
Nesta aula vamos avançar nos exercícios de desenvoltura dos traços. 
Praticando retas em direções e posições variadas, conhecendo alguns artistas 
e seus famosos traços, exercitando a técnica do desenho de círculos e ovais e, 
por fim, um exercício. 
Vale lembrar que a interação entre os colegas de curso também será 
necessária para a evolução individual e coletiva nesta disciplina. 
CONTEXTUALIZANDO 
Para chegarmos a um traço de precisão e valor artístico aceitável, e para 
seu aprimoramento e entendimento, é necessária a prática constante. Cada 
artista ou designer possui seu próprio traço, com suas características e 
peculiaridades. Esses fatores são desenvolvidos com o tempo e com muito 
treino. 
O traçado à mão livre, ou seja, sem réguas, compassos ou outros 
materiais que auxiliem em seu desenho, é uma técnica importante para o 
desenho de observação. Com ela você pode desenhar em qualquer lugar e 
expressar suas ideias. O desenho é uma linguagem universal. 
 
 
3 
O DO consiste em desenhar o que vemos. Segundo Molliere (2017), as 
pessoas têm dificuldade em separar o que pensam e o que veem: 
Você sabe,por exemplo, que as folhas do pinheiro têm a forma de 
agulhas quando essa conífera está longe e quando ela está perto. Na 
realidade, porém, a partir de certa distância você não consegue 
enxergar agulhas, apenas uma massa verde. Outro exemplo muito 
comum: você desenha os vidros de uma janela de perfil mesmo 
quando está num lugar onde não pode vê-los. 
Desta forma ficaremos atentos aos exercícios da aula e suas 
características. Agora vamos descobrir qual o seu nível no desenho, e para isto 
vamos precisar de: 
• Papel; 
• Lápis preto número 2; 
• Borracha; 
• Local firme para desenhar, como uma mesa ou prancheta; 
• Um copo para observação ao final da aula. 
Com estes materiais poderemos iniciar a prática. Você não deve ter 
medo do resultado, até porque se não ficar bom, você pode tentar outras 
vezes. Fazer esta aula é fundamental, mas devemos ter consciência da 
importância do treino diário. Volte sempre aos exercícios anteriores, aulas e 
temas. Mesmo após o término do curso você sempre deve procurar revisar o 
conteúdo. Vamos começar? 
TEMA 1 – EXERCÍCIOS INICIAIS 
Os exercícios iniciais consistem em aprender as técnicas usadas ao 
longo da aula. Treinar vários tipos de traços e ter controle sobre seus estilos e 
formas é imprescindível para obter resultados satisfatórios em seus desenhos. 
Figura 1 – Começando seu desenho 
 
Crédito: Andrej Sevkovskij/Shutterstock. 
 
 
4 
Para o aquecimento, antes de começar a desenhar é importante fazer 
desenhos aleatórios, de modo que você tenha noção de espaço e de sua 
fluidez. Estudar traços rápidos é importante para sua desenvoltura na hora de 
desenhar. Eles auxiliarão o seu entendimento da visão em relação à sua mão e 
o lápis. 
Após realizar os primeiros traços livres, tente copiá-los para você 
perceber a diferença entre o desenho livre e o desenho por cópia. 
Figuras 2 e 3 – Tipos de exercícios 
 
Crédito: Profartshop/Shutterstock; Adelart/Shutterstock. 
É importante ficar atento ao seu desenvolvimento durante o desenho. No 
primeiro momento você está apenas desenhando uma linha imaginária, com 
desenhos rápidos e fluidos. Ao longo do curso você verá que estaremos 
observando objetos e as linhas devem sair naturalmente. 
1.1 Texturas 
É possível observar na Figura 3 a formação de padrões e texturas por 
causa dos traços rápidos e próximos. Mais para frente iremos estudá-los mais 
aprofundadamente e entender a importância de dominar o traçado com 
eficiência. 
TEMA 2 – PRATICANDO RETAS SEM RÉGUA 
Podemos começar este tema indagando: o que é uma linha reta? A linha 
reta é a união de pontos, sem curvas ou ângulos. 
O desenho de observação tem como característica principal a sua 
fluidez e espontaneidade. Deste modo o seu processo de criação é artístico e 
sem muitos instrumentos, mantendo a característica humana do traço à mão 
 
 
5 
livre. Ao longo do curso será exercitado o potencial do aluno sem o uso de 
ferramentas como o esquadro, réguas ou compassos. 
Para desenhar uma linha reta sem régua é necessário manusear de 
maneira correta o lápis, de forma que haja espontaneidade. A Figura 4 mostra 
a maneira correta de manuseio. 
Figura 4 – Posição 
 
Crédito: Irina Zholudeva/Shutterstock. 
Em uma folha, estabeleça pontos guia para servirem de referência. A 
margem da folha pode ser um exemplo. Tente desenhar de maneira contínua 
linhas horizontais, verticais e diagonais. Por exemplo: 
Figuras 5, 6, 7 e 8 – Linhas 
 
 
Créditos: Magnia/Shutterstock; Magnia/Shutterstock; Fire_Fly/Shutterstock. 
 
 
6 
As linhas nunca são iguais no desenho à mão livre. Há diversos tipos de 
traços: linhas suaves, em gradação, com pressão, oscilantes e pesadas. E 
podemos diferenciar no traçado do lápis: com movimentos suaves, deslizando 
e parando bruscamente, ziguezague, girando e deslizando, e assim por diante. 
TEMA 3 – EXEMPLOS DE TRAÇOS 
Com estudo e prática, os artistas, designers e arquitetos desenvolvem 
suas identidades por meio de seus desenhos. Neste tema veremos alguns 
exemplos famosos de personalidades que perpetuaram sua arte em seus 
traços característicos. 
3.1 Candido Portinari 
No Brasil temos como exemplo Candido Portinari, nascido em 1903 em 
Minas Gerais. Ele retratava em sua arte o Brasil da época, a história dos 
trabalhadores e a fauna brasileira (Figura 9). Suas técnicas variavam entre 
pintura, gravura e murais. 
Esta característica de Portinari é universal em todo tipo de arte – a 
expressão de um povo, de uma cultura e suas ideias – como esclarece Lara 
(2011) a respeito da temática carnavalesca de Portinari: 
As telas de Portinari apresentam tons de brincadeira, 
espontaneidade, permissividade, que revelam sentidos da festa. Daí 
ter sido nosso foco nessa investigação. Embora o Brasil não possa 
ser delineado apenas como país do futebol, do carnaval (samba) e da 
mulata, porque tais categorias, em si, não são suficientes para 
descrever um país tão diverso e múltiplo, não há como desconsiderar 
que essa temática mobiliza muitas pessoas em ações coletivas para 
que alcancem os objetivos que elegem para si e para o grupo (Lara, 
2011, p. 500) 
A Figura 9 mostra um desenho de Portinari retratando um morador de 
Brodowski, cidade onde nasceu. 
 
 
7 
Figura 9 – Menino de Brodowski, de Candido Portinari 
 
Crédito: Rook76/Shutterstock. 
3.2 Leonardo da Vinci 
Leonardo da Vinci nasceu em 1452, perto de Florença, na Itália. Foi um 
pintor, cientista, matemático, engenheiro, inventor, anatomista, escultor, 
arquiteto, botânico, poeta e músico. Foi um dos maiores nomes do 
Renascimento e um dos maiores artistas que já existiu. Sua arte transcende 
gerações e estilos, sempre uma referência universal para toda a humanidade. 
Figura 10 – Leonardo da Vinci 
 
Crédito: Kwirry/Shutterstock. 
 
 
8 
Para expressar suas criações, Da Vinci recorre ao esboço, com 
desenhos rápidos, denominados croquis. Ele observava a natureza e suas 
formas para mimetizar suas criações técnicas. Os artistas do Renascimento 
retratavam o espaço de uma forma realista, e usavam a perspectiva e a 
geometria para se aproximarem da profundidade e da realidade. 
O Renascimento foi um dos movimentos que mais influenciaram o 
período, não só na arte moderna como em áreas científicas, filosóficas, 
literárias, urbanas, além do comércio. 
Com a descoberta e sistematização da perspectiva, o desenho passou a 
ser visto como uma forma de ciência, sendo tratado como tal por muitos 
artistas e arquitetos desde então. 
Simon Worrall (2018) um pesquisador da vida e obra de Da Vinci 
descreve uma característica importante do artista e que deve ser seguida por 
todos que querem aprender o desenho de observação: “Nas ruas de Florença e 
de Milão, Da Vinci carregava o seu caderno para todo lado. Esboçava as 
expressões das pessoas com que se deparava, tentando capturar-lhes as 
emoções e o que lhes ia no espírito. Isso está bem patente, por exemplo na ‘A 
Última Ceia’”. 
Da Vinci foi um exemplo de como o desenho de observação pode ser 
usado para representação em vários níveis de dificuldade e necessidade. Na 
Figura 10 podemos ver um de seus desenhos mais famosos, o Homem 
Vitruviano, que estabelece proporções do corpo humano masculino ideal. 
3.3 Pablo Picasso 
O próximo exemplo é o espanhol Pablo Picasso. Nascido em 1881 em 
Málaga, foi um dos criadores do Cubismo, um movimento artístico 
mundialmente famoso por suas obras geométricas e abstratas de caráter 
moderno. Apesar do nome, este estilo artístico se alimentava da observação do 
artista. Rocha (1981) descreve o movimento e suas características estéticas: 
O cubismo consistia em representar pessoas e figuras em formatos 
de triângulos, cubos e quadrados e buscava a geometria dos motivos 
representados. Tudo se reduzia a formas geométricas. Picasso monta 
a imagem em facetas múltiplas e deforma a realidade tal qual a 
conhecemos, criando figuras que causam estranhamento, comoa 
representação de uma face, por exemplo, uma metade frontal e outra 
metade de lado. Tenta-se representar no plano uma figura em três 
dimensões. 
 
 
9 
Seus desenhos representavam o dia a dia da vida espanhola. Suas 
obras mais famosas são os quadros Guernica, de caráter político, Les 
Demoiselles d’Avignon, e Pomba da Paz (Figura 11). 
Figura 11 – A Pomba da Paz, de Picasso 
 
Crédito: Eli_Oz/Shutterstock. 
3.4 Michelangelo 
Michelangelo nasceu em 1475, na Itália, e assim como Da Vinci, foi um 
dos expoentes do Renascimento italiano. Seus desenhos são reconhecidos 
mundialmente. 
Figura 12 – Desenho de Michelangelo 
 
Crédito: Aleisha/Shutterstock. 
 
 
10 
Neste momento importante da arte mundial, o Renascimento e 
Michelangelo retratam com perfeição em suas pinturas, esculturas e obras 
arquitetônicas as características principais que foram um divisor de águas na 
arte. Prêto (2016) enfatiza o surgimento da perspectiva como parte principal 
das obras: 
Na arte foi criado um sistema de proporções ideais para a arquitetura 
e para a representação do corpo, e se cristalizou o sistema da 
perspectiva para a definição da representação bidimensional. O 
Renascimento associou ainda o idealismo clássico com um intenso 
interesse pelo estudo científico do mundo natural, produzindo uma 
arte que era uma generalização universal mal capaz de se deter no 
particular para descrever caracteres individuais. Ao mesmo tempo, 
era uma arte de índole ética, pois se considerava possuir uma função 
social da qual não podia escapar, e almejava, sobretudo, a cura das 
almas e a instrução do público para a condução da vida pelos 
caminhos da virtude. 
Michelangelo foi pintor, arquiteto e escultor. Dentre suas obras principais 
está “A Criação de Adão”. A Figura 12 retrata um estudo de uma parte da obra, 
a qual demorou quarenta anos para ser concluída; este detalhe faz parte do 
afresco Juízo Final, no altar da Capela Sistina. 
3.5 Vincent Van Gogh 
Vincent Van Gogh nasceu na Holanda em 1853, e foi um pintor pós-
impressionista com temáticas ligadas à natureza e às pessoas. 
É possível perceber que o desenho de observação faz parte constante 
da obra de Van Gogh. A alma do pintor e sua perspicácia de captar o momento 
sempre estão expressas em sua obra de uma maneira lúdica e ao mesmo 
tempo profunda. Aur (2017) descreve que o artista e seu grupo exercitavam 
práticas importantes para um desenho mais preciso; além da observação e da 
troca de ideias em relação ao trabalho realizado: “Ele e seus amigos pintores 
posavam uns para os outros em vez de contratar modelos, com a finalidade de 
economizar despesas. Van Gogh conversava muito e trocava ideias sobre arte 
e suas obras com outros pintores”. 
 
 
11 
Figura 14 – Girassóis de Van Gogh 
 
 
Crédito: Shirley Ren/Shutterstock. 
Mais adiante nesta aula vamos praticar a transferência de ideias entre 
colegas do curso e exercitar o espirito crítico. Ao longo das aulas da disciplina 
estas atividades vão acontecer de forma recorrente. 
TEMA 4 – PRATICANDO CÍRCULOS E OVAIS 
Quando vamos desenhar figuras geométricas, geralmente recorremos a 
esquadros, compassos e réguas. Os círculos e ovais são as figuras que 
possuímos mais insegurança na hora de desenhar à mão livre. Isto é natural, 
pois o percurso da mão deve seguir uma harmonia para chegarmos ao ponto 
de encontro para fazer curvas corretamente. 
Devemos lembrar que sem a prática nunca chegaremos ao resultado 
esperado, por isso vale a pena persistir e não desistir logo nos primeiros 
desenhos. Evidentemente você não vai usar nenhuma destas ferramentas no 
nosso curso de DO. 
4.1 Desenhando curvas 
Para praticar círculos e ovais comece desenhando de uma forma livre e 
despretensiosa, sempre buscando o entendimento do movimento de sua mão. 
 
 
12 
Figuras 15 e 16 – Tipos de ovais e círculos 
 
Crédito: Lazerko Art/Shutterstock; Mayrisio/Shutterstock. 
Não se cobre muito para atingir um desenho perfeito logo nas primeiras 
tentativas. Você deverá ter paciência e estar consciente de que suas 
habilidades no desenho serão aprimoradas ao longo do tempo. 
Figura 17 – Direção de traço 
 
Crédito: Rolandtopor/Shutterstock. 
Divida uma circunferência em quatro partes e faça com atenção cada 
divisão. Este exercício ajudará seu entendimento das dimensões do círculo. 
 
 
 
 
 
 
13 
Figura 18 – Divisão para desenhar 
 
TEMA 5 – DESENHANDO UM COPO 
Como vimos anteriormente, o desenho à mão livre tem como 
característica ser rápido e solto. Gildo Montenegro (2007) descreve esta 
linguagem da seguinte maneira: 
A liberdade de traço, a linha solta e rápida, é [sic] essencial e 
depende fundamentalmente de prática, de muita prática. 
Recomendamos que o leitor esboce tudo aquilo que está na sua 
frente: outra pessoa, uma garrafa, um copo, uma cadeira, tudo. A 
mão livre deve ter também assunto livre. Em qualquer lugar, com 
qualquer coisa que risque: caneta esferográfica, lápis, um pedaço de 
carvão, batom etc... 
Levando em consideração as dicas do autor, faremos o nosso primeiro 
desenho de observação da aula. Neste exercício colocaremos em prática as 
técnicas vistas até o momento. 
5.1 Desenhando 
Observe as linhas que constituem o desenho do copo: a perspectiva do 
ponto de vista em que estamos fazem os círculos se transformarem em ovais, 
e as linhas retas verticais também ficam inclinadas. 
A perspectiva nada mais é do que um modo tridimensional de 
representação. Ela cria uma ilusão de profundidade bidimensional que, neste 
caso, é o papel. Vamos explicar isso mais aprofundadamente em breve. Vamos 
começar: 
• Passo 1: Desenhe de forma despretensiosa e solta as linhas-base do 
copo que você está observando. Elas o auxiliarão em todo o processo. E 
 
 
14 
não as apague: lembre-se de não fazer linhas muito fortes no começo, 
pois elas são apenas linhas-base. 
• Passo 2: Veja se a proporção está aproximadamente parecida com o 
que você está observando. Sem usar a borracha você pode redesenhar 
as linhas que estão fugindo da harmonia do desenho. É um desenho 
rápido e com movimentos de linha; chamamos isso de caráter de croqui. 
• Passo 3: Tente fazer a textura do copo acompanhando sua geometria. 
Você já pode começar a treinar as sombras também. 
Figura 19 – Copos e taças 
 
Crédito: Rolandtopor/Shutterstock. 
• Passo 4: Observe de onde vem a luz e, portanto, a direção da sombra. 
Uma dica é sempre identificar a fonte principal da luz no ambiente. 
Com esses quatro passos você deu início ao seu estudo de desenho 
figurativo e verá que desenhar não é um “bicho de sete cabeças”. Não se 
esqueça de praticar sempre – todos os dias se possível. 
TROCANDO IDEIAS 
O desafio desta seção nesta aula é fazer uma pesquisa sobre os traços 
de dois artistas. Atenção, não devem ser os mesmos artistas sobre os quais 
tratamos no Tema 3 desta aula. 
 
 
15 
Após a pesquisa deve haver a troca de informações no fórum da 
matéria. Tente analisar o traço dos artistas e ser crítico em relação ao tema. 
Se quiser, avalie a perspectiva e o ponto de observação do artista ao realizar o 
quadro, suas linhas e formas. Não comente sobre as cores. 
O fato de você ser um estudante analisando um artista experiente 
mostrará os pontos aos quais você deve ficar atento quando for buscar 
desenvolver a sua técnica. Comece a escolher os seus “heróis” do desenho. 
Espirito crítico, repertório e autoconhecimento são importantes na arte. 
O texto deve conter no mínimo 200 e no máximo 300 palavras por artista 
estudado, e tenha em vista a análise dos pontos principais vistos nesta aula. 
Saiba mais 
Aqui vão alguns sites confiáveis e ótimos como fontes de referência. 
Use-os sempre que você estiver pesquisando ou melhorando seu repertório. 
O Urban Sketchers é um site do movimento que acontece em cidades do 
mundo inteiro no qual pessoas com estilos, idades e formações diferentes se 
reúnem para desenharo espaço urbano e suas peculiaridades. Disponível em: 
<http://brasil.urbansketchers.org/>. 
Outra fonte muito democrática e rica em informações é o Google Art & 
Culture, com diversos temas e notícias sobre o mundo das artes. Possui acervo 
de obras do mundo todo em alta resolução. Disponível em: 
<https://artsandculture.google.com/>. 
NA PRÁTICA 
Após o exercício de troca de ideias sobre os artistas, você e seus 
colegas deverão compartilhar os desenhos feitos nos exercícios durante a aula 
no fórum. A prática consiste na interação e percepção de traços diferentes e 
comentários construtivos. Parsons (1992) ressalta que a arte é formadora de 
espírito crítico e tem papel fundamental na construção da comunicação entre 
os seres humanos: 
Constatamos, assim, que a arte é necessária para desenvolver o 
raciocínio visual e perceptivo, para nos referenciar como seres 
humanos capazes de compreender códigos diferentes de linguagem 
para além do conceito de beleza. De forma atemporal, a arte 
comunica, expressa visões díspares e se constitui em área de 
conhecimento, passível de ser ensinada e apreendida. 
 
 
16 
Deste modo vamos aumentando o nosso repertório sempre indagando 
os estilos de todas as artes e extraindo os pontos positivos para o próprio estilo 
de desenhar. 
FINALIZANDO 
Agora você já possui um panorama básico sobre o desenho de 
observação. Você deve juntar as informações da aula e começar a perceber 
seu estilo. Com a pesquisa proposta aqui você terá uma base de qualidade 
para tal. Montenegro (2017) explica este conceito da referência nos desenhos: 
Nada se cria do nada. Veja, leia sobre todos os assuntos; bagagem 
cultural faz a diferença nesta hora. É possível amplificar pelo 
subconsciente uma coisa que você propôs através do consciente. Mas 
a resposta não é imediata; você precisará se alimentar de dados 
(pesquisas) o consciente. Em algum momento imprevisto, a resposta 
virá. E não adianta procurar obsessivamente a solução, pois isto 
perturba o trabalho da intuição. 
Pesquisando você ficará mais seguro do que está fazendo em seus 
desenhos e terá uma referência sobre outros artistas, arquitetos e designers. 
Nesta aula revisamos os pontos principais para você iniciar seus estudos no 
desenho de observação. Com dedicação e atenção você será capaz de: 
• Desenhar traços mais precisos; 
• Entender retas e círculos; 
• Ter resultados mais satisfatórios em suas criações; 
• Avançar nas próximas etapas do curso. 
 
 
17 
REFERÊNCIAS 
AUR, D. Van Gogh: a biografia resumida e as principais obras. Green Me, 26 
out. 2017. Disponível em: <https://www.greenme.com.br/viver/arte-e-
cultura/5981-van-gogh-biografia-principais-obras>. Acesso em: 26 jul. 2019. 
FRASÃO, D. Leonardo da Vinci. E-biografia, 11 jun. 2019. Disponível em: 
<https://www.ebiografia.com/leonardo_vinci/>. Acesso em: 26 jul. 2019. 
_____. Pablo Picasso. E-biografia, 25 jul 2019. Disponível em: 
<https://www.ebiografia.com/pablo_picasso/>. Acesso em: 26 jul. 2019. 
_____. Michelangelo: Pintor e escultor italiano. E-biografia, 11 jun. 2019. 
Disponível em: <https://www.ebiografia.com/michelangelo/>. Acesso em: 26 jul. 
2019. 
_____. Caravaggio: Pintor e escultor italiano. E-biografia, 29 abr. 2019. 
Disponível em: <https://www.ebiografia.com/caravaggio/>. Acesso em: 26 jul. 
2019. 
LARA, L. M. et al. Iconografia das festas populares em Cândido Portinari: 
sentidos/significados das expressões carnavalescas. Motriz: Revista de 
Educação Física, vol. 17, n. 3, Rio Claro, jul./set. 2011. Disponível em: 
<http://www.scielo.br/scielo.php?frbrVersion=2&script=sci_arttext&pid=S1980-
65742011000300013&lng=en&tlng=en>. Acesso em: 26 jul. 2019. 
MOLLIERE, B. A perspectiva em urban skerching: truques e técnicas para 
desenhistas. 1. ed. São Paulo: Gustavo Gili, 2017. 
MONTENEGRO, G. Desenho de projetos. São Paulo: Blucher, 2007. 
PORTAL PORTINARI. Disponível em: <http://www.portinari.org.br/>. Acesso 
em: 26 jul. 2019. 
PRÊTO, A. A obra de Michelangelo. Estúdio Anilton Prêto, 16 jan. 2016. 
Disponível em: <https://aniltonpreto.com.br/blog/11-historia-da-arte/44-a-obra-
de-michelangelo.html>. Acesso em: 26 jul. 2019. 
ROCHA, A. do A. Pablo Picasso. UOL Educação. Disponível em: 
<https://educacao.uol.com.br/biografias/pablo-picasso.htm>. Acesso em: 26 jul. 
2019. 
 
 
18 
WORRALL, S. O que faz de Leonardo Da Vinci um génio? National 
Geographic, 21 nov. 2017. Disponível em: 
<https://www.natgeo.pt/historia/2017/11/o-que-faz-de-leonardo-da-vinci-um-
genio>. Acesso em: 26 jul. 2019. 
ZYLBERKAN, M. Caravaggio e sua arte de contrastes. Veja, 22 maio 2012. 
Disponível em: <https://veja.abril.com.br/entretenimento/caravaggio-e-sua-arte-
de-contrastes/>. Acesso em: 26 jul. 2019. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESENHO DE OBSERVAÇÃO 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Péricles Varella Gomes 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Para o mundo da arte, do design e da arquitetura, o estilo é importante, 
afinal, tudo pode ser arte; depende do artista, seu estilo, seu traço e o valor que 
as pessoas darão para a sua obra. Mas, para isso, é possível destacar artifícios 
que simplificam a identificação de um desenho como expressivo e criativo, ou 
feio e sem valor. 
Nesta aula vamos falar sobre luz e sombra, claro e escuro, e como o 
domínio destas técnicas nos guiam para um desenho mais expressivo e com 
tridimensionalidade. 
A luz e a sombra vão complementar os seus desenhos quando você 
precisar expressar maior realismo, seja em uma perspectiva de arquitetura para 
apresentar a um cliente, um objeto inovador de design de produto ou desenho 
de corpo humano. 
Domingues (2011) descreve o poder da luz e sombra como um fator não 
só estético, mas igualmente espacial: “Seria importante entender quão relevante 
pode chegar a ser a luz na definição de um espaço ou de um objeto. A 
quantidade de luz que chega sobre a superfície será encarregada de dar 
profundidade e/ou relevo de dito plano”. 
Vamos observar uma das obras mais conhecidas de Leonardo da Vinci, 
A Última Ceia (1498): 
Figura 1 – Luz e sombra no Renascimento 
 
Crédito: Renata Sedmakova/Shutterstock. 
 
 
3 
Podemos perceber que a luz destaca o primeiro plano, dando impressão 
de profundidade em contraste com a sombra na parte posterior do ambiente. A 
perspectiva é uma técnica muito usada e aprimorada com o surgimento do 
Renascentismo. 
Buchan (2014) descreve o uso desta técnica nas obras de Da Vinci: 
O chiaroscuro – “luz e sombra” ou, mais literalmente, claro-escuro” – é 
uma técnica inovadora de pintura do artista Leonardo da Vinci, pintor 
renascentista do século XV, juntamente com o sfumato. O claro-escuro 
se define pelo contraste entre luz e sombra na representação de um 
objeto. Também chamado de perspectiva tonal. A técnica exige um 
conhecimento de perspectiva, do efeito físico da luz em superfícies, e 
das sombras, da tinta e de sua matização. 
CONTEXTUALIZANDO 
Agora vamos nos aprofundar neste assunto tão importante para o nosso 
aprimoramento na técnica do desenho à mão livre. 
O que é a luz e sombra? Qual o seu papel no desenho de observação? 
O nosso olho percebe fundamentalmente a luz, e, por consequência, as 
sombras que a luz projeta. Sendo assim, luz e sombra, ou claro-escuro, são 
fundamentais para a beleza e volumetria desejada no desenho. 
Figura 2 – Luz e sombra nas faces 
 
Crédito: Pericles Varella Gomes. 
A nossa capacidade de observar e traduzir para o papel o que estamos 
vendo é a parte mais importante deste artifício. Conheça os tipos de traçado para 
fazer o efeito de luz e sombra: 
Figura 3 – Sombreamento plano 
 
 
4 
 
Crédito: phloxii/Shutterstock. 
Figura 4 – Sombreamento de linha 
 
Crédito: Irmun/Shutterstock. 
Figura 5 – Sombreamento por trama 
 
Crédito: Alena Nikifarava/Shutterstock. 
Ao longo da aula vamos entender melhor o conceito do chiaroscuro, 
estudar texturas, fazer exercícios e aumentar o seu repertórioartístico. 
TEMA 1 – CLARO-ESCURO NA ARTE E NA FÍSICA 
O claro-escuro ou chiaroscuro, em italiano, define a técnica do contraste 
em um desenho; contrastes de luz e sombra representados por tons de uma cor 
que vão do mais escuro para o mais claro, demonstrando a posição e dimensão 
no papel do objeto. 
https://www.shutterstock.com/pt/g/phloxii
 
 
5 
Domingues (2011) faz uma descrição breve do que representa o claro-
escuro: 
Quando se fala em claro-escuro o definimos como as relações de luz e 
sombra que podem existir no plano, em um objeto ou em um espaço. 
Busca-se precisamente o contraste do claro-escuro, para dar 
tridimensionalidade, ou melhor dito dar a ilusão de volume, à 
representação de um espaço qualquer: a passagem gradual da luz e a 
sombra será a encarregada de potenciar essa terceira dimensão, dar 
profundidade ao que se vê como plano e lhe outorgar uma particular 
qualidade espacial. 
Figura 6 – A luz e sombra nas faces 
 
Crédito: MarinaSM/Shutterstock. 
Há diversos pontos a se atentar nesta técnica. Não basta olhar apenas 
para os pontos mais escuros; deve-se perceber o brilho, ou seja, a área que não 
será pintada, representando maior concentração da luz, meio-tom, sombra, luz 
refletida e sombra projetada, e assim você terá um ponto de referência. 
Vamos usar um exemplo real para você entender a importância da luz e 
sombra em nossas vidas. Veja a fotografia da Lua a seguir e tente perceber como 
a luz solar e as sombras são vitais na percepção de sua esfericidade. 
 
 
 
6 
Figura 7 – A Lua e suas sombras 
 
Crédito: djsknat/Shutterstock. 
 Vamos entrar um pouco mais em detalhes nos elementos que compõem 
o claro escuro. Você deve analisar atentamente a próxima figura e perceber as 
diferentes luzes e sombras que existem na cena. 
Figura 8 – Demonstração prática de luzes e sombra numa esfera 
 
1.1 Treinando os olhos 
Para você dominar a representação da luz e sombra, não é necessário 
apenas saber desenhar. É fundamental conseguir observar a fonte da luz 
incidente nas faces, ou de nada adiantará um traço correto. 
Nogueira (2018) descreve a percepção da sombra ao se observar o 
ambiente como técnica para criar uma ilusão de terceira dimensão, ressaltando 
a importância de saber olhar: 
A luz e sombra é a parte do acabamento mais importante, não dá para 
você imaginar um objeto finalizado se este não tiver luz e sombra. Antes 
de desenhar a luz e as sombras que você vê, você precisa treinar seus 
olhos para ver como um artista. Os valores são os diferentes tons de 
 
 
7 
cinza entre o branco e o preto. Os artistas usam valores para traduzir a 
luz e as sombras que veem em sombreamento, criando assim a ilusão 
de uma terceira dimensão. 
Você deve observar como os diferentes tons estão contrastando em um 
objeto, para que tenha sempre a referência de um para o outro. Desenhar é 
sempre um apoio da referência que você identifica. Seja na proporção, texturas 
ou sombras, cada camada e setor do desenho exige um pensamento diferente. 
TEMA 2 – EXERCÍCIO DOS 7 TONS DE CINZA 
Existem inúmeros meios de começar a exercitar a prática da luz e sombra. 
Um dos primeiros exercícios é o que ilustra nuances tonais e conduz ao 
entendimento da intensidade que deve ser aplicada para chegar ao resultado 
almejado ou o material mais correto. 
No exercício “7 tons de cinza”, vamos dividir uma folha em 3 linhas 
horizontais e 3 linhas verticais: 
Figura 9 – Divisão para o exercício 
 
 
 Na figura você pode ver como dividir a folha e ter uma noção da separação 
que irá se transformar em tons iguais e diferentes gradativamente. 
Aqui estaremos exercitando a luz e sombra sem observar nada ao nosso 
redor. Vamos entender a lógica desta técnica: 
 
 
 
8 
Figura 10 – 7 tons de cinza 
 
Crédito: Pericles Varella Gomes. 
Começando pelo retângulo número 1, que será o mais claro (deixe-o em 
branco), observa-se que ele será nosso ponto de referência para o próximo, e 
assim por diante. Este exercício mostra como você pode diferenciar os tons: 
apertando com mais força o lápis contra o papel, com mais ou menos velocidade, 
e o número de vezes em que você passa o lápis em cima do mesmo quadrante 
ou usando lápis diferentes (4B, 6B etc.). 
Figura 11 – Exemplo de “7 tons de cinza” finalizado 
 
 Na Figura 11 temos o exemplo do exercício realizado por um aluno de 
Desenho de Observação. É possível perceber os locais em que foi aplicada mais 
força e a preocupação do estudante em manter a mesma tonalidade dos 
retângulos transversais e diferenciar o seguinte. 
TEMA 3 – ANALISANDO UM RENASCENTISTA 
O Renascimento foi um período na história que desenvolveu produções 
em diferentes dimensões na sociedade humana. Foi um movimento cultural, 
 
 
9 
intelectual e artístico, que surgiu na Itália no século XIV, quando o homem se 
desvencilhava do “divino”, tendo uma visão mais antropocêntrica. 
As artes foram desenvolvidas e muito do que consumimos hoje é 
consequência dos avanços do Renascimento. 
Buchan (2014) nos conta um pouco da peculiaridade deste período: 
O Renascimento foi repleto de inovações técnicas no campo artístico. 
A observação direta da realidade é uma delas. Assim, os artistas 
costumavam desenhar exaustivamente para melhor representarem em 
suas pinturas e esculturas aquilo que estava diante deles. Outras 
invenções importantes foram a pintura de cavalete (com a utilização de 
uma tela colocada sobre esse suporte), e o aprimoramento e uso 
popularizado da tinta a óleo (mistura de pigmentos com óleos 
vegetais), pois permitiram tanto o deslocamento e comercialização das 
obras quanto uma maior vivacidade nas cores e efeitos mais realistas 
nas pinturas. Além disso, os artistas, antes anônimos, passaram a ser 
valorizados pela sociedade. Com isso, teve início a prática do 
autorretrato, que podemos comparar, em menores proporções, com as 
atuais selfies. 
3.1 Exercício de análise de luz e sombra em Veermer 
 Vamos agora analisar uma obra clássica para entender melhor como 
estes conceitos de luz e sombra foram utilizados pelos grandes mestres da 
pintura. O quadro a óleo de Vermeer ilustra bem as dinâmicas importantes que 
luz e sombra imprimem quando se busca realismo e profundidade: 
Figura 12 – Claro-escuro na obra de Vermeer 
 
Crédito: Johannes Vermeer (1632–1675)/CC-PD. 
Perceba no rosto da jovem retratada que a luz vem da esquerda para a 
direita, quase horizontalmente, dando-lhe um caráter dramático. 
As sombras resultantes valorizam a volumetria e a beleza do rosto e das 
cores. Olhando com mais cuidado, vemos que o nariz e a testa são as partes 
mais iluminadas. O nariz tem sombras próprias, sem as quais não seria tão 
 
 
10 
perceptível a sua beleza. Veja também que o queixo passa a ter um volume bem 
definido graças ao efeito da luz e sombra. 
O brinco da jovem está na parte escura do rosto, e ficou bastante realçado 
pelas sombras deste lado. Existe um reflexo (uma contraluz) que imprime um 
volume sutil no rosto em volta do brinco. 
O pano azul da cabeça também se beneficia das luzes e sombras para 
obter uma volumetria muito expressiva. Os olhos são particularmente 
expressivos, em grande parte pela volumetria dos globos oculares, graças à luz 
e sombra. 
Finalmente, o fundo preto do quadro valoriza tremendamente a 
composição da cena, completando-a de forma magistral. 
De agora em diante, observe, desenhe e também fotografe sempre 
tentando valorizar estes aspectos de luz e sombra. Você se surpreenderá como 
suas imagens começarão a ter vida própria. 
TEMA 4 – TEXTURAS NA TEORIA E NA PRÁTICA 
O desenho exige um tratamento gráfico de superfície e planos. A textura 
deve ser trabalhada para tornar o desenho mais elegante, enfatizar a perspectiva 
e definir os materiais que compõem o objeto sendo desenhado. As texturas 
representam superfícies, porque todo objeto, plano ou face possui uma textura, 
seja um tijolo, pedra, madeira, concreto,vidro ou mármore. 
Usamos as texturas para dar efeitos de: 
• Iluminação; 
• Reflexão; 
• Curvatura e arestas; 
• Escala e proporção; 
• Especificar madeira, plástico, metal, pedra etc. 
A textura é mais um meio de identificar melhor os elementos em um 
desenho. Os artistas usam este artifício para expressar planos e meios diferentes 
dando mais personalidade ao desenho e maior entendimento ao observador de 
sua arte. Domingues (2011) relata que a textura bem-feita potencializa o valor 
artístico da obra, sendo um meio de comunicação complementar, nunca estando 
sozinho: 
 
 
11 
É claro que essas variáveis instrumentais não devem se confundir com 
a expressão formal do desenho, senão que devem ser utilizadas como 
intenção da mensagem de materialização que o desenhista pretende 
transmitir através do seu croqui; tais texturas e efeitos possuem 
características da máquina: não são avaliadas em si mesmas e sim a 
partir de sua aplicação estimada como valor acrescentando ao 
desenho. 
Figura 13 – Texturas 
 
Crédito: jumpingsack/Shutterstock. 
A textura dá características reais a um desenho, e faz com que possam 
ser identificados os vários planos. O croqui tem a função de transferir ideias, 
traduzir pensamentos e expressar inúmeras coisas, e a textura levará o artista a 
atingir este objetivo com mais facilidade. Inclusive a ausência de textura pode 
significar algo que o artista quer transmitir. 
Mas quais são os tipos de textura? Existem infinitos estilos, mas vamos 
separar alguns que ajudam na percepção visual do desenho: 
• Rugosos ou lisos; 
• Duros ou macios; 
• Leves ou pesados; 
• Brilhante ou foscos; 
• Transparentes ou opacos; 
• Homogêneos ou heterogêneos; 
• Toscos ou sutis. 
 
 
 
 
 
 
12 
4.1 Desenhando texturas 
Agora que você já sabe a importância e o valor da textura, vamos fazer 
exercícios simples: em uma folha de papel separe alguns quadrantes para 
desenhar. 
Figura 14 – Texturas 
 
Crédito: Haryadi CH /Shutterstock. 
Olhe ao seu redor e transfira para o papel as texturas que estão no 
entorno. Tente fazer isso olhando para as faces de objetos. Perceba como cada 
um possui texturas diferentes e a luz e a sombra também influenciam de maneira 
diferente. 
Você pode também pegar a folha em que está desenhando e colocar em 
cima de uma face com textura protuberante e pintar por cima. Você verá como o 
desenho resultante traduz a real textura. 
TEMA 5 – PRIMEIRO TRABALHO ARTÍSTICO 
Como vimos, a luz e a sombra atribuem valor gráfico ao desenho, e, 
portanto, enriquecem a percepção e aumentam a ideia de tridimensionalidade. 
Neste exercício vamos olhar para a seguinte figura: 
 
 
 
 
 
 
13 
Figura 13 – Volumes 
 
Crédito: Pericles Varella Gomes. 
5.1 Desenhando sombras e texturas 
Olhando a figura acima, descubra qual a direção da fonte de luz que incide 
nas faces dos volumes. Perceba que há uma fonte principal que proporciona um 
contraste bem definido. 
Aqui vai um checklist: 
• Direção da luz; 
• Comece fazendo o esboço das formas (lembre-se de quando vimos 
círculos, ovais e retas); 
• Após o esboço, lembre-se das texturas; 
• Sempre faça contornos leves e sem força; a luz e sombras são feitas 
gradativamente com a repetição em cima do que já está desenhado. 
Você verá que seu desenho tomará forma. Não hesite em fazer mais de 
uma vez se achar que não ficou bom. Tente fazer uma versão igual à foto 
(objetos lisos de gesso). Depois, tente fazer cada objeto de um material diferente 
(madeira, plástico, metal, tecido etc.). 
NA PRÁTICA 
Agora você deverá escolher um objeto qualquer de sua casa. Pode ser 
uma maçã, um vaso, um móvel ou a sua própria mão. 
Desenhe este objeto utilizando o que aprendeu nesta aula. Apague ou 
acenda luzes diferentes no ambiente em que você estiver desenhando. Use uma 
 
 
14 
janela como luz principal. Deixe o objeto parado e faça mais de um desenho com 
fontes de luzes diferentes. 
Assim você aprenderá como a luz e as sombras podem mudar a sua 
percepção do desenho. 
TROCANDO IDEIAS 
Após o exercício anterior, compartilhe seu desenho com os colegas no 
fórum. Compartilhe também suas experiências e dúvidas; você verá que todos 
possuem dificuldades em comum e a prática da crítica saudável ajuda a 
desenvolver a sua autocrítica. 
Não se compare com os outros, todos possuímos velocidades diferentes 
de aprendizagem, mas com foco e dedicação, os resultados serão 
surpreendentes. 
FINALIZANDO 
Após ter realizado esta aula com atenção e ter feito todos os exercícios, 
você estará pronto(a) para aperfeiçoar suas técnicas de desenho de observação, 
mas não deixe de continuar estudando e treinando esses exercícios ao longo do 
curso. 
Em breve você perceberá o quanto a luz e a sombra aumentam a 
qualidade artística de seus desenhos, trazendo um resultado muito mais 
satisfatório. Não deixe de pesquisar e observar grandes artistas e suas obras, 
percebendo como eles aplicam os artifícios que você está aprendendo neste 
curso. 
 
 
15 
REFERÊNCIAS 
BUCHAN, S. Claro e escuro (chiaroscuro). Disponível em: 
<https://www.fotografia-dg.com/claro-e-escuro-chiaroscuro/>. Acesso em: 6 
maio 2019. 
DOMINGUES, F. Croquis e perspectivas. Porto Alegre: Nobuko, 2011. 
GOMES, P. V. Os dez mandamentos na avaliação do desenho de 
observação. Disponível em: <http://designunibrasila.blogspot.com/2010/03/os-
dez-mandamentos-na-avaliacao-do.html>. Acesso em: 6 maio 2019. 
MOLLIERE, B. A perspectiva em urban skerching: truques e técnicas para 
desenhistas. 1. ed. São Paulo: Gustavo Gili, 2017. 
MONTENEGRO, G. Desenho de projetos. São Paulo: Blucher, 2007. 
NOGUEIRA, L. Luz e sombra. Disponível em: <https://desenhetudo.blogspot.c
om/p/luz-e-sombra.html>. Acesso em: 6 maio 2019. 
OLEQUES, L. C. Renascimento. Disponível em: <https://www.infoescola.com/
movimentos-culturais/renascimento/>. Acesso em: 6 maio 2019. 
ZAGONEL, B; DORIA, L.; DIAZ, M. Metodologia do ensino em artes. Curitiba: 
InterSaberes, 2014. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DESENHO DE OBSERVAÇÃO 
AULA 4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Péricles Varella Gomes 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
A capacidade de representar objetos e cenas tridimensionais numa folha 
de papel parece magia para muitos. Ao dominar a técnica da perspectiva, você 
poderá fazer desenhos muito realistas e rápidos que podem comunicar de forma 
significativa aquilo que enxerga e também suas novas ideias. 
Antes de iniciarmos o estudo da perspectiva, observe a fotografia a seguir 
e perceba como ela transmite uma ilusão de profundidade e de realismo. 
Figura 1 – Exemplo de profundidade 
 
Fonte: Acervo do autor. 
Nesta imagem, os elementos que se repetem (postes e faixas no meio) 
estão posicionados de tal forma que você consegue ser o motorista da cena. O 
ponto de observação, portanto, é um aspecto fundamental no desenho em 
perspectiva; é o mesmo que tirar uma foto da cabina de um carro, olhando para 
a estrada em direção ao infinito. 
Nesta aula, vamos apresentar a teoria e a prática do desenho em 
perspectiva, entendendo linha do horizonte, pontos de fuga e como distintos 
pontos de observação geram diferentes pontos de fuga, criando uma sensação 
 
 
3 
de profundidade em desenhos. Vamos também estudar as diferenças entre os 
tipos de perspectiva disponíveis ao desenhista. 
CONTEXTUALIZANDO 
Com certeza você já ouviu falar de objetividade e subjetividade na vida. O 
mesmo ocorre quando falamos de perspectiva. Essencialmente, podemos 
desenhar uma cadeira, por exemplo, usando métodos precisos, até recorrendo 
a uma régua para marcar as medidas em escala. Esse desenho é totalmente 
objetivo, na medida em que serve como projeto para quem quiser construir a 
cadeira. 
Uma segunda forma de representar a cadeira é desenhá-la como o olho 
humano a enxerga. Nosso olho percebe o mundo em três dimensões, como se 
fosse uma câmera fotográfica, e assimdeforma a imagem, fazendo com que 
coisas idênticas pareçam menores à medida que se afastam do ponto de 
observação. Os postes da estrada da Figura 1 provam isso: quanto mais longe 
estão, menores eles aparecem. 
As figuras 2 e 3, a seguir, comparam os dois tipos de perspectiva. Confira 
e acompanhe os comentários na sequência. 
Figura 2 – Cadeira geométrica – objetivo (em escala) 
 
Crédito: Attaphong / Shutterstock. 
 
 
 
4 
Figura 3 – Cadeira artística – subjetivo (olhar humano) 
 
Fonte: Les Perysty / Shutterstock. 
Veja como a cadeira da Figura 2 tem objetividade, mantendo o paralelismo 
entre os elementos que a compõem. Já a da Figura 3 revela um caráter mais 
artístico e, portanto, mais subjetivo. 
A cadeira geométrica usa a perspectiva axonométrica cilíndrica 
isométrica, já a cadeira artística possui uma perspectiva cônica ou linear (com 
pontos de fuga e linha do horizonte). Vamos estudar nesta aula essa modalidade 
de desenhar, ou seja, desenhar aquilo que de fato enxergamos a olho nu. 
Você percebe algumas diferenças, talvez sutis, entre os dois tipos de 
perspectiva. O desenho expresso pela Figura 2 (feito sem pontos de fuga e linha 
do horizonte) possui um caráter técnico e pode ser usado para medir os 
tamanhos no próprio desenho; no entanto, não enxergamos a cadeira dessa 
forma. O desenho da Figura 3, feito sem régua, representa a forma como de fato 
vemos tal objeto. 
Tente perceber as diferenças entre as duas maneiras de representação. 
Para facilitar esse exercício, vamos analisar duas imagens diferentes de um 
mesmo projeto, usando as formas de perspectiva mencionadas. 
Você percebe na Figura 4 que todas as linhas apresentam paralelismo em 
três direções distintas; não existe nenhuma deformação, mesmo nas linhas 
verticais. Isso é bastante utilizado em jogos digitais, tais como os Sims, ou para 
representar móveis e casas. 
 
 
 
5 
 
Figura 4 – Perspectiva axonométrica e paramétrica 
 
Trata-se de um modo interessante de representar espaços e objetos, e 
pode ser feito com esquadros ou também à mão livre. Mas não vamos usar essa 
técnica em nossa aula. 
Já na Figura 5 você consegue perceber como as deformações agora 
aparecem nesse tipo de perspectiva? As arestas que estão mais longe ficam 
menores, portanto as linhas parecem convergir para algum lugar. 
Figura 5 – Perspectiva cônica (com pontos de fuga) 
 
Esses pontos no infinito (na maioria das vezes, na linha do horizonte) 
são os pontos de fuga. 
TEMA 1 – TEORIA E PRÁTICA DA PERSPECTIVA 
Você provavelmente já visitou museus ou já teve algum contato com 
desenhos incríveis de paisagens urbanas, automóveis e mobiliários que 
 
 
6 
parecem reais, ainda que sejam feitos à mão livre. Quando um desenho possui 
qualidade de croquis, o desenhista usou a técnica da perspectiva cônica, com 
pontos de fuga e linha do horizonte (Figura 6). Esta será nossa principal atividade 
nesta aula: saber desenhar de forma rápida, usando de forma intuitiva o nosso 
olho, tentando se concentrar ao máximo na cena que se apresenta. 
Figura 6 – Croquis de paisagem com dois pontos de fuga 
 
Você deverá criar desenhos que representam de forma eficaz e elegante 
a cena em questão. A teoria e a prática do desenho em perspectiva não são 
difíceis, e, com um mínimo de esforço, qualquer pessoa pode desenhar bem, 
desde que use dois princípios do desenho de observação: linha do horizonte e 
ponto de fuga. 
Agora vamos marcar a linha do horizonte e o ponto e fuga numa imagem 
– a Figura 7 será útil para fazermos esse exercício. Note que a fotografia foi feita 
quase no topo do hotel em Las Vegas. Perceba que a linha do horizonte 
(marcada em amarelo) está bem aparente. 
Observe também que a imagem tem apenas um ponto de fuga. As linhas 
em vermelho convergem para o ponto de fuga, que está situado na linha do 
horizonte (LH). 
 
 
 
7 
 
Figura 7 – Linha do horizonte, em amarelo, e um ponto de fuga, em vermelho 
(linhas convergem para o horizonte) 
 
Fonte: Acervo do autor. 
Pronto! Com esses dois princípios, fica fácil desenhar bem a cena em 
questão. Vamos, então, explicar cada um deles separadamente. 
TEMA 2 – LINHA DO HORIZONTE 
A linha do horizonte é muito fácil de ver e de fotografar. Veja na Figura 8 
uma vista panorâmica da cidade de São Paulo que, observada do alto, tem um 
caráter de imensidão. E a linha do horizonte está presente, ao longe, definindo 
basicamente o fim da terra e o inicio do céu. Quanto maior for a altura de quem 
vê, mais terra ele avista. Perceba na foto que a linha do horizonte é meio irregular 
– pois há montanhas no horizonte –, mas mesmo assim ela está lá. 
A partir de agora, você terá que marcar essa linha quando for desenhar 
qualquer coisa: uma cidade, uma praia, uma cadeira ou uma casa. Mas por quê? 
Por razões simples: ela define o enquadramento do desenho no papel, 
estabelece um ponto de partida para o croqui e facilita a vida no sentido de 
depois fazermos os pontos de fuga e tudo o mais que irá compor o desenho. De 
agora em diante, linha do horizonte em primeiro lugar! 
 
 
 
 
 
8 
 
Figura 8 – Linha do horizonte e o Edifício Itália, em São Paulo 
 
Fonte: Acervo do autor. 
Quando viajamos, gostamos muito de fotografar as paisagens que 
visitamos. Nessas fotos, a linha do horizonte sempre está presente, mesmo que 
não demos conta dela. Ao irmos à praia, ela também está lá: fica onde o céu se 
encontra com o mar (Figura 9). A mais fácil definição de linha do horizonte, 
portanto, é: 
LH: onde o céu encontra a terra (ou o mar). 
A linha do horizonte está presente em tudo. Quando olhamos da janela de 
um avião, pode até parecer uma linha curva (depende da altitude); já quando 
estamos numa cena urbana, ela fica meio enrustida. Mas lembre-se da definição 
oficial da LH: é sempre a altura do olho do observador. 
 
 
 
9 
Figura 9 – Horizonte é sempre a altura do olho do observador 
 
Fonte: Acervo do autor. 
Vejamos o último exemplo de linha do horizonte para reforçar o 
entendimento. Na Figura 10, temos uma típica cena de rua, em que a linha do 
horizonte está bem escondida, daí a importância de a definição estar bem 
memorizada na mente do artista para não se perder no início do processo de 
estruturação da cena. 
Figura 10 – Cena urbana 
 
Fonte: Acervo do autor. 
 
 
10 
TEMA 3 – PONTOS DE FUGA 
 Agora, vamos aprender a usar os pontos de fuga, que são muito 
importantes para estruturar os croquis. Eles podem ser definidos como: linhas 
paralelas no mundo real convergem para pontos de fugas. 
 O conceito pode parecer complicado, mas na prática e de forma intuitiva 
você já sabe disso. Numa rua com árvores e postes iguais, à medida que estes 
se afastam de você, parecem ficar menores, ainda que sejam do mesmo 
tamanho. Portanto, a impressão é a de que estão “fugindo de você”, 
metaforicamente falando. Esse efeito acontece sempre que em um desenho 
elementos iguais se repetem na cena: janelas iguais em um prédio, cadeiras 
iguais em uma sala de aula, e assim por diante. 
Vamos ilustrar esse conceito com um exemplo bem eloquente. A Figura 
11 apresenta elementos iguais, mas que, fotografados, parecem que vão 
diminuindo na imagem. 
Figura 11 – Elementos iguais parecem convergir para um ponto (de fuga) 
 
Crédito: Hanna Alandi / Shutterstock. 
3.1 Desenho com apenas um ponto de fuga… no horizonte! 
Como já sabemos o que seja um ponto de fuga, vamos agora ver um 
desenho esquemático que usa tal conceito na prática. A seguir você pode 
perceber esse princípio com mais precisão (Figura 12), usado para representar 
um espaço externo. A linha do horizonte está marcada em azul e define a 
localização do ponto de fuga. 
 
 
11 
 
Figura 12 – Exemplo de desenho com apenas um ponto de fuga 
 
Lembre-se de que arestas paralelas entre si no espaço tridimensional 
parecem convergir para um mesmo ponto. Veja também que as janelas iguais,

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